A Prof. Dra. Maria Lucia Zaidan Dagli apresentou ao Supernova, no dia 22 de setembro de 2014, os testes pré-clínicos que são exigidos pelas agências regulatórias para registro de produtos químicos e biológicos.
Apresentação Prof. Dra. Maria Lucia Dagli: testes pré-clínicos e agências regulatórias
1. QUAIS TESTES PRÉ-CLÍNICOS SÃO
EXIGIDOS PELAS AGÊNCIAS
REGULATÓRIAS
PARA REGISTRO DE PRODUTOS
QUÍMICOS E BIOLÓGICOS?
Maria Lucia Zaidan Dagli
22 set 2014
SUPERNOVA
2. Sequência de produção de fármacos e
medicamentos
• Fase química: isolar novas substâncias a partir de produtos naturais, síntese
química ou processos biotecnológicos;
• Fase biológica: verificar o potencial terapêutico para submetê-la a testes
farmacológicos, toxicológicos, bioquímicos e microbiológicos;
• Fase clínica: o novo fármaco é testado e se verifica sua eficácia e efeitos colaterais.
Nesta fase (varia de 9 a 12 anos), em média são testadas 10.000 moléculas para
originar um único medicamento tecnicamente viável; fase galênica: análise das
características da substância em termos de composição, pureza, estabilidade ao
longo do tempo, quando químicos e engenheiros constroem planta piloto com
requisitos técnicos e de ordem econômica, como a minimização do custo.
Nos dois primeiros estágios está o núcleo do conhecimento tecno-científico de
natureza químico-farmacêutica, concentrando a maior parte das dificuldades da
produção de um medicamento. Os dois últimos estágios compreendem atividades
estritamente farmacêuticas. O terceiro estágio, de produção de especialidades,
lida essencialmente com processos físicos, não químicos e sua tecnologia é
relativamente simples e difundida.
3.
4. QUAIS AGÊNCIAS?
• ANVISA – produtos alimentícios, cosméticos, fármacos,
domissanitários, vacinas, etc, para uso humano
• MAPA - órgão responsável pela avaliação e registro de
Produtos Veterinários no Brasil
• As normas da ANVISA não têm validade para o registro
de produtos veterinários, no entanto podem ser
utilizadas como referências.
• Os produtos registrados na ANVISA não podem ser
destinados a animais, bem como os registrados no
MAPA não podem ser destinados a humanos.
5. Como conseguir o registro na ANVISA?
• No Brasil, todo e qualquer produto alimentício, farmacêutico ou
correlatos, só pode ser comercializado quando devidamente registrados
na ANVISA.
• O registro garante que o produto tenha qualidade tal que não venha
comprometer a saúde da população.
• Hoje o registro de um produto custa cerca de R$ 8 mil e de uma família de
produtos até R$ 12mil. (Isso pode variar de acordo com o porte da
empresa. )
• Para se fazer o registro, é necessário o envio de toda a documentação da
empresa e do produto à ANVISA bem como as indicações de uso, o projeto
gráfico dos rótulos, as informações técnicas entre outras.
• É importante lembrar que antes do registro, as empresas devem estar
regularizadas e com todas as licenças e autorizações sanitárias em dia.
Para informações mais completas e saber a documentação necessária para
o registro, visite a página da ANVISA
http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home
6. Como conseguir o registro na ANVISA
• O registro de produtos na ANVISA é um
processo complexo que absorve tempo e
dinheiro da empresa.
• EM CONSEQUÊNCIA – DIVERSAS EMPRESAS
FAZEM ESTE TRABALHO.
7.
8. Critérios para nortear o
desenvolvimento de fármacos e
medicamentos
• Qualidade
• Segurança
• Eficácia
9. Segurança
• Consumidor
• Ocupacional
• Ambiental
• Terapêutica ou espécie alvo (paciente).
11. Que são testes pré-clínicos
• Os testes pré-clínicos avaliam os parâmetros de
segurança e eficácia dos compostos candidatos a
fármacos, através de estudos de toxicidade e de
atividade in vitro e in vivo. É nesta fase que são
realizadas pesquisas com animais de laboratório.
Farmacocinética não favorável, toxicidade do
composto, eficácia não comprovada,
aparecimento de efeitos adversos - esses são os
principais problemas detectadas nos testes pré-clínicos,
responsáveis pelo insucesso no
desenvolvimento de medicamentos.
12. Gerência de Avaliação de
Segurança e
Eficácia – GESEF
Gerência de Medicamentos
Novos, Pesquisa e ensaios
Clínicos – GEPEC
http://portal.anvisa.gov.br/wp
s/content/Anvisa+Portal/Anvis
a/Inicio/Medicamentos/Assun
to+de+Interesse/Medicament
os+novos/Consultores+ad+hoc
+e+a+avaliacao+de+eficacia+e
+seguranca+de+medicamento
s
13.
14. Boas práticas de laboratório
• Os estudos propostos devem ser conduzidos de acordo com as
Boas Práticas de Laboratório (BPL) - OECD Principles of Good
Laboratory Practice; HANDBOOK: GOOD LABORATORY PRACTICE
(GLP) /WHO (Quality practices for regulated non-clinical research
and development), quando aplicável, e os animais a serem
utilizados deverão ser saudáveis, preferencialmente livres de
patógenos (SPF – Specific Pathogen Free), e de origem conhecida,
além de possuir peso e idade adequados ao experimento. Em caso
de fármacos com novo mecanismo de ação, recomendamos que
seja previamente avaliado se a espécie animal indicada para a
realização dos estudos de segurança é considerada a mais
apropriada para a extrapolação de dados para humanos. Para novos
excipientes devem ser conduzidos estudos não clínicos de
segurança, caso não haja informações sobre sua toxicidade.
15.
16.
17.
18. Principais testes Pré-Clínicos
• Toxicidade aguda, subaguda e crônica (?)
• Genotoxicidade
• Carcinogenicidade
• Efeitos trato reprodutor e desenvolvimento
• Tolerância Local
19. Principais testes Pré-Clínicos
• Toxicidade aguda
• Toxicidade subcrônica – repeat dose– 28 dias
• Toxicidade subcrônica – repeat dose– 90 dias
• Obs . Importantes para determinar o perigo
(Hazard) e o risco (NOEL, NOAEL) e também a
Margem de Segurança ou Margem de Exposição.
20. Principais testes Pré-Clínicos
• Genotoxicidade – ALERTAS ESTRUTURAIS
– Opção 1: Bateria de testes:
• 1- Um teste para mutação gênica em bactéria,
• 2- Um teste citogenético para avaliação de dano cromossômico (teste
de aberrações
• cromossômicas in vitro ou teste de micronúcleo in vitro) ou um teste in
vitro de
• mutação gênica em células tk de linfoma de camundongo,
• 3- Um teste in vivo para genotoxicidade, geralmente um teste de dano
cromossômico emcélulas hematopoiéticas de roedores, podendo ser
micronúcleos ou aberrações cromossômicas.
– Opção 2: Bateria de testes:
• 1- Um teste para mutação gênica em bactéria,
• 2- Uma avaliação de genotoxicidade in vivo em dois tecidos,
geralmente um teste demicronúcleo em células hematopoiéticas de
roedores e um segundo ensaio in vivo.
21. Principais testes Pré-Clínicos
• Carcinogenicidade
– Modelos de curta e média duração (em roedores
in vivo, que podem incluir modelos de
iniciação/promoção em roedores, ou modelos de
carcinogenicidade usando transgênicos ou
roedores neonatais.)
– Modelos de longa duração em uma segunda
espécie de roedor – estudos de 24 meses em ratos
e no minimo 18 meses em camundongos. (OECD
451)
22. Quando o teste de carcinogenicidade é
necessário?
• Necessidade da Realização de Ensaios de Carcinogenicidade
• - Casos de eventual necessidade de avaliação de potencial carcinogênico:
• (1) Estudos de carcinogenicidade devem ser realizados para quaisquer fármacos pretendidos para uso
clínico contínuo de pelo menos 6 meses. Espera-se que muitos fármacos indicados para tratamento
inferiores a 6 meses sejam utilizados de maneira contínua e intermitente. Em tais casos, como por
exemplo, em terapias para rinite, depressão e ansiedade, há uma preocupação quanto ao potencial
carcinogênico de tais fármacos.
• (2) Produtos da mesma classe de um fármaco cujo potencial carcinogênico foi demonstrado
anteriormente.
• (3) Relação estrutura-atividade sugerindo potencial carcinogênico.
• (4) Evidência de lesões pré-neoplásicas em estudos de toxicidade em doses repetidas.
• (5) Retenção do composto ou seus metabólitos nos tecidos resultando em reações locais
• ou outras alterações patofisiológicas.
• (6) Quando houver preocupação com o potencial fotocarcinogênico, ensaios com
• aplicação dérmica (geralmente em camundongos) podem ser necessários.
23. Casos onde ensaios de
carcinogenicidade podem não ser
necessários:
• (1) Quando a expectativa de vida da população-alvo for curta (menor que 2 a 3 anos).
• (2) Substâncias utilizadas topicamente (ex. via dérmica ou ocular) podem necessitar de
• ensaios de carcinogenicidade. Entretanto, fármacos que demonstrem pouca exposição
• sistêmica proveniente de uso tópico (dérmica ou ocular) em humanos podem não
• necessitar de ensaios orais para avaliar o potencial carcinogênico a órgãos internos.
• (3) Compostos comprovadamente genotóxicos, na ausência de outros dados, são
• presumidamente carcinógenos a seres humanos e não necessitam de estudos de longo
• prazo de carcinogenicidade. Entretanto, se o uso pretendido de tal fármaco for para
• terapias crônicas, um ensaio de toxicidade crônica (de até 1 ano) pode ser necessário
• para detectar lesões tumorais iniciais.
• (4) Substâncias endógenas administradas essencialmente como terapias repositórias (isto
• é, níveis fisiológicos) particularmente se houver experiência clínica com produtos similares
• (por exemplo, insulinas animais, hormônio do crescimento derivado da pituitária e
• calcitonina).
• (5) Substâncias utilizadas por um período curto de exposição ou de maneira infreqüente
• (exemplo, anestésicos ou contrastes e agentes diagnósticos radio-marcados).
24. Principais testes Pré-Clínicos
• Efeitos trato reprodutor e desenvolvimento
– A. Fertilidade e desenvolvimento embrionário
inicial,
– B. Desenvolvimento pré e pós-natal, incluindo
função materna,
– C. Desenvolvimento embrio-fetal.
25. Estudos de Tolerância Local
• A avaliação de tolerância local deve ser realizada em testes
de laboratório antes da exposição humana ao produto. O
objetivo destes estudos é saber se as substâncias(princípios
ativos e excipientes) são toleradas em locais do corpo que
poderão entrar em contato com o produto em
conseqüência da sua administração na prática clínica. Os
testes deverão avaliar quaisquer efeitos mecânicos da
administração ou ações meramente físico-químicas do
produto que podem ser distinguidas de efeitostoxicológicos
ou farmacodinâmicos. É preferível avaliar a tolerância local
pela via terapêutica pretendida como parte dos estudos de
toxicidade geral; estudos autônomos geralmente não são
recomendados.
26. Estudos de Tolerância Local
• A. Testes de Tolerância no Local de
Administração
• B. Teste de Toxicidade Sistêmica
• C. Testes de Tolerância para Vias Específicas de
Administração
• D. Potencial de Sensibilidade
27. Produtos biológicos - ANVISA
• ● Alérgenos: são substâncias, geralmente de origem proteica, existentes em animais ou vegetais
que podem induzir uma resposta IgE e/ou uma reação alérgica do tipo I;
● Anticorpos monoclonais: são imunoglobulinas derivadas de um mesmo clone de linfócito B, cuja
clonagem e propagação efetuam-se em linhas de células contínuas;
● Biomedicamentos: são medicamentos obtidos a partir de fluidos biológicos ou de tecidos de
origem animal ou medicamentos obtidos por procedimentos biotecnológicos;
● Hemoderivados: são produtos farmacêuticos obtidos a partir do plasma humano, submetidos a
processos de industrialização e normatização que lhes conferem qualidade, estabilidade, atividade
e especificidade;
● Probióticos: são preparações ou que contêm microrganismos definidos e viáveis em quantidade
suficiente para alterar a microbiota, por implantação ou colonização, de um compartimento do
hospedeiro e, assim, exercer efeito benéfico sobre a saúde desse hospedeiro;
● Vacinas: são medicamentos imunobiológicos que contêm uma ou mais substâncias antigênicas
que, quando inoculadas, são capazes de induzir imunidade específica ativa a fim de proteger
contra, reduzir a severidade ou combater a(s) doença (s) causada(s) pelo agente que originou o(s)
antígeno(s).
• http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Medicamentos/Assunto+de+I
nteresse/Produtos+Biologicos
28. • Seção II - Informação Não-clínica e Clínica
• Art. 44. No ato do protocolo do pedido de registro de um produto biológico, a empresa
• solicitante deverá apresentar os relatórios completos dos estudos não-clínicos.
• Parágrafo único.
• Os estudos devem ser comparativos e desenhados para detectar diferenças
• significativas entre o produto biológico e o produto biológico comparador.
• Art. 45. No ato do protocolo do pedido de registro de um produto biológico, a empresa
• solicitante deverá apresentar os relatórios dos seguintes estudos não-clínicos in-vivo:
• I.estudos de farmacodinâmica relevantes para as indicações terapêuticas pretendidas; e
• II.estudos de toxicidade cumulativa (dose-repetida), incluindo a caracterização dos
• parâmetros da cinética de toxicidade, conduzidos em espécie(s) relevante(s).
• Art. 46. No ato do protocolo do pedido de registro de um produto biológico, a empresa
• solicitante deverá apresentar os protocolos e relatórios dos seguintes estudos clínicos:
• I.estudos de farmacocinética;
• II.estudos de farmacodinâmica; e
• III. estudo(s) pivotal(is) de segurança e eficácia clínica.
29. Segurança de Agentes Antineoplásicos
Paoloni M. and Khanna C. Translation of
new cancer treatments from pet dogs to
humans. Nature Reviews on Cancer 8:
147-156, 2008
30. Alguns laboratórios que realizam
estudos pré-clínicos em BPL
• Bioagri – Mérieux – acreditações CGCRE/
INMETRO, REBLAS/ANVISA, MAPA – Ministério
da Agricultura e do Abastecimento e OECD –
Organization for Economic Cooperation and
Development.
• Bioxen – produtos veterinários
• Cyallix
• TECAM
• Centro de Referência em Farmacologia Pré-Clínica