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RESUMO ANALÍTICO SOBRE A ENCÍCLICA “VERITATIS SPLENDOR” DO
SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II A TODOS OS BISPOS DA IGREJA
CATÓLICA SOBRE ALGUMAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS DO
ENSINAMENTO MORAL DA IGREJA
Virna Salgado Barra1
Faculdade Católica de Belém – Disciplina de Moral Fundamental –
Profº. Pe. Glaucon Oliveira Feitosa
1. O ESPLENDOR DA VERDADE: UMA BREVE INTRODUÇÃO AOS TRÊS
CAPÍTULOS DA ENCÍCLICA.
O primeiro capítulo da Encíclica tem por finalidade apontar Jesus Cristo como
uma resposta para a questão moral, uma vez que Ele é a “imagem do Deus invisível”
(Cl 1, 15). Partindo dessa premissa de que à luz da Revelação, ou seja, da Encarnação
do Verbo aquilo que era incompreensível torna-se compreensível, pode-se dizer que a
verdade sobre o homem se esclarece, de modo que ele pelo seu juízo não pode construir
uma moral segundo o seu arbítrio, mas segundo a Revelação. Na pergunta que o jovem
faz no evangelho e que o Santo Padre retoma neste documento “Mestre que devo fazer
de bom para entrar na vida eterna? Jesus responde: Cumpre os mandamentos.” (Mt 19,
16), percebe-se que a liberdade integral do homem está no fato de que a verdadeira
realização da lei moral se encontra em Deus. Para que o homem possa chegar a sua
autorrealização faz-se necessário vivenciar os mandamentos, não como norma, mas
como uma placa que aponta para o destino de chegada, a verdade.
No capítulo segundo, o Santo Padre chama a atenção para algumas tendências
atuais no campo da teologia moral, que trazem consequências dramáticas para a
sociedade. Não se pode esquecer que a reflexão moral sempre é realizada à luz do Cristo
e não na negação do transcendente como algumas teorias éticas, chegando a negar, por
1
Licenciada e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG). Pesquisadora
no Grupo de Pesquisa (CNPq) “Tradição da Lei Natural” vinculado ao ICJ-UFPA. Aluna Especial do
Curso de Teologia da Faculdade Católica de Belém-PA.), e-mail: virnoka@hotmail.com
2
exemplo, a doutrina tradicional sobre a lei natural, a universalidade e a validade dos
preceitos, deixando de lado os ensinamentos morais da Igreja. O que é necessário
resgatar é que o homem permanece em si mesmo um grande mistério, um enigma que
não é possível ser decifrado, com isso, compreende-se que ele não é livre
verdadeiramente a tal ponto que tenha uma consciência clara e possa viver de modo
arbitrário, desvinculado dos mandamentos. O homem necessita ser guiado segundo a
Verdade para que possa encontrar o sentido último de sua vida humana, por isso o
Sumo Pontífice João Paulo II, por meio do documento oferece uma doutrina clara, às
questões que visem esclarecer os pontos atinentes da situação moral da
contemporaneidade que passa por uma crise.
Por fim, o terceiro capítulo, destaca-se pela aplicabilidade do bem moral na
Igreja e no mundo, que de modo todo peculiar a partir do mistério de Jesus crucificado,
o homem pode encontrar o sentido pleno de sua liberdade, pois na cruz é que Jesus vive
de modo autêntico e livre. O cristão encontra no martírio a total liberdade, pois rejeita e
abstém de tudo aquilo que é exterior para abraçar de modo total e pleno a cruz. Foi em
grande número de homens e mulheres que preferiram toda perseguição, morte,
violência, do que dar um testemunho contra essa verdade moral. Por isso, a Igreja
defende de modo irrevogável essa verdade, para que o homem possa chegar até ela.
Portanto, à luz da Revelação que os pastores que são arautos do evangelho devem
conduzir os novos discípulos, para que os valores fundamentais relacionados com a
dignidade da pessoa e com a verdade dos atos, não sejam postos de lado, por nenhuma
ditadura do relativismo, nem por teólogos, mas que a autoridade derive sempre do
Espírito Santo e na comunhão cum Petro et sub Petro.
3
2. ENCÍCLICA VERITAIS SPLENDOR - RESUMO DO CAPÍTULO I
No capítulo I, a encíclica estuda a passagem evangélica conhecida como do
“jovem rico” (Mt 19, 16-21). A perícope é abordada como uma pista válida para a
resposta de Jesus Cristo à questão moral.
O “jovem” representa cada homem que se aproxima de Jesus e lhe coloca a
questão moral: “Mestre, o que farei de bom para ter a vida eterna?”. Mais do que
inquirir sobre “normas a observar”, trata-se da questão sobre a plenitude da vida,
impulso último, profundo, inquieto e aspiração que move a liberdade: é o apelo ao bem
absoluto que nos atrai, eco da vocação de Deus, origem e fim da vida do homem e único
modo de saciar seu coração.
Para possibilitar esse “encontro com Cristo” é que existe a Igreja, sendo esta sua
única finalidade!
A pergunta do jovem rico é a um só tempo essencial e irresistível, que diz
respeito ao bem moral a praticar e à vida eterna, intuindo que há um nexo entre ambas.
No caso concreto, talvez não se trate, por parte do jovem, de um desconhecimento da lei
nem deste nexo, mas o fascínio de Jesus, que fez nascer nele novas interrogações acerca
do bem moral, perante o anúncio que faz Jesus sobre a proximidade do Reino.
Também o homem de hoje precisa voltar-se novamente para o Cristo e obter
dele a resposta sobre o bem e o mal. Ele, mestre presente, desvenda aos fiéis as
escrituras e revela a vontade do Pai. Para compreender-se integralmente, o homem deve
aproximar-se de Cristo, levando suas inquietudes, incertezas, fraquezas e
pecaminosidade. Somente mergulhando no mistério da encarnação e redenção o homem
produzirá frutos de adoração a Deus e maravilha perante si próprio.
A nossa tarefa, portanto, é procurar o sentido da pergunta do jovem rico e
deixar-nos guiar docemente pela resposta de Jesus.
“Um só é bom”, diz Jesus, em resposta à questão do bem. Jesus quer que o
jovem se esclareça sobre o motivo pelo qual interroga. Indica ao interlocutor que essa
questão só pode ser respondida dirigindo o coração e a mente para o único “bom”. Só
Deus pode responder a questão sobre o bem, porque Ele é o Bem. Jesus mostra que a
pergunta é, no fundo, religiosa. A bondade é deus, único digno de ser amado
plenamente, fonte de felicidade para o homem. Jesus reconduz a ação moralmente boa
4
ao seu fundo religioso: o reconhecimento de Deus como única bondade, plenitude da
vida, termo último do agir humano e felicidade perfeita.
A Igreja, instruída por seu Mestre, crê que o homem vive para que, redimido e
santificado por Cristo, cada uma das suas ações irradie o esplendor divino. Conhecer a
si mesmo, neste contexto, é conhecer e purificar a imagem de Deus. O que o homem é e
deve fazer manifesta-se no momento em que Deus revela a si próprio. As “dez palavras”
são a revelação que deus faz de si mesmo, como aquele que é o único bom, e que segue
sendo o modelo, apesar do pecado do homem. Trata-se do restabelecimento da
harmonia original.
Assim, a vida moral do homem é uma resposta devida à iniciativa gratuita de
Deus em favor dos homens. Resposta de amor ao Amor. A vida moral, implicada no
amor de Deus, é chamada a refletir Sua glória; trata-se de agradar a quem se ama. A
maior recompensa de amar é o amor. A caridade provém de Deus de um modo tal que o
próprio deus é caridade.
O primeiro mandamento já nos aponta que um só é bom, só Deus é o Senhor. É
o coração da lei, do qual decorrem os preceitos particulares. E daí decorre que nem a
observância rigorosa de Lei a cumpre plenamente. Mesmo cumprindo rigorosamente a
Lei, o homem jamais é bom em si mesmo. O cumprimento, a satisfação da lei é um
dom, oferta de participação na bondade divina presente em Jesus: vem e segue-me!
A primeira resposta de Jesus é : “Se queres entrar para a Vida, guarda os
mandamentos”. Ao criar o homem, e ordená-lo com amor e sabedoria ao bem como fim,
Deus responde à questão do bem: Ele próprio é o Bem. Inscreveu a “lei natural” no
coração do homem, na forma da luz da inteligência em nós infundida.
Também nos deu o decálogo no Sinai, fundando o Povo da Aliança. O dom do
Decálogo é promessa e sinal da nova aliança,. Quando a lei for nova e definitivamente
inscrita no coração do homem, substituindo a lei do pecado que se tinha instalado ali.
Haverá um coração novo, um “espírito novo”, o Espírito de Deus (cf. Ezequiel).
Há, portanto, uma relação estreita entre a salvação e a obediência aos
mandamentos, sublinhada, nesta passagem, por Jesus. Ele entrega, como um novo
Moisés, os mandamentos. Mas a terra prometida agora é o Reino dos Céus. Confira-se o
Sermão da Montanha.
A realidade mesma do Reino refere-se à expressão “vida eterna” , ou seja,
participação na vida de deus após a morte, luz da verdade e fonte de sentido, ainda em
5
vida: quem abandonar os próprios interesses mundanos para seguir Jesus receberá muito
mais e terá por herança a vida eterna (Mt 19, 29).
O Jovem insiste, e quer saber quais mandamentos seguir. Jesus lhe aponta os
mandamentos que dizem respeito ao próximo. Não se trata de esgotar os mandamentos,
mas de chamar a atenção para a centralidade dos mandamentos, fundamentados na
noção de que foram dados por aquele que é “o Senhor teu Deus”.
Os mandamentos citados por Jesus nesta passagem são majoritariamente aqueles
da chamada “segunda tábua”, fundamentadas no amor ao próximo. Exprimem a
dignidade singular da pessoa humana, única criatura querida por Deus por si mesma.
Protegem o bem da pessoa, pela proteção dos seus bens materiais e espirituais: a vida, a
família, a propriedade, a veracidade e a boa fama.
Os mandamentos são retomados como condição básica para o amor ao próximo
e sua confirmação. São a primeira etapa necessária no caminho para a liberdade: não ter
faltas é o início da liberdade, dizia Santo Agostinho, mas ainda não a liberdade perfeita.
Não se trata de separar o amor de Deus e o amor ao próximo. Ao doutor da lei
que o interpela, Jesus alerta que os mandamentos resumem-se a dois: amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. A parábola do bom samaritano é
contada exatamente em resposta ao questionamento do Doutor da Lei, sobre quem é o
próximo.
Os dois mandamentos estão indivisivelmente unidos entre si, como Jesus
demonstra por palavras e atos. São sinais indistintos do amor ao Pai. Sem o amor ao
próximo, o amor a Deus não é autêntico. Sem o amor a deus, o amor ao próximo é mera
filantropia.
No Sermão da Montanha, Jesus a um só tempo ratifica a lei e apresenta-se como
a sua chave. Ele é o elo vivo entre o antigo e o novo Testamento. Jesus é o fim, não
como carência, mas como plenitude. O que no antigo era figura, torna-se verdade,
realiza-se no novo por Jesus.
Jesus leva a lei à plenitude, interiorizando e radicalizando os mandamentos. A
atitude do cristão deve nascer de um coração que ama, que está disposto a viver as
exigências mais radicais. Os mandamentos não são limite mínimo a não ultrapassar,
mas estrada aberta para o amor. Por exemplo, a ordem “não matarás” traz o apelo a um
amor solícito que resgata e dignifica o outro. O mandamento contra o adultério vira um
convite ao olhar puro.
6
Jesus é o cumprimento vivo da lei, torna-se ele mesmo a lei viva e pessoal, e seu
seguimento dá, mediante o dom do Espírito, a graça de partilhar na vida e amar e
testemunhar nas opções e nas obras!
“Tenho cumprido tudo isto. Que me falta ainda?” é o questionamento do jovem
a Jesus. Não é fácil afirmar isto, quando se pensa no verdadeiro alcance das exigências
da lei. Mesmo que eventualmente pudesse fazê-lo, o jovem rico sabe que ainda está
longe da meta.
Valendo-se da “nostalgia de plenitude” que supera as interpretações legalistas,
Jesus convida-o á perfeição, “se queres ser perfeito, vende o que tem, dá aos pobres e
terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me.”
No contexto evangélico, a fala de Jesus remete à bem-aventurança da pobreza.
As bem-aventuranças dizem respeito, mais do que a condutas, a “atitudes” e
“disposições de fundo” e por isso não coincidem perfeitamente com os mandamentos.
Mas não há oposição ou separação entre eles. Ambos referem-se ao bem e à vida eterna.
O Sermão da Montanha começa com as bem-aventuranças, mas refere-se aos
mandamentos, orientando-os à perfeição em Jesus. As bem-aventuranças são promessas
com indicações normativas indiretas para a vida moral. São um auto-retrato do Cristo,
convite ao seu seguimento e á comunhão de vida com ele.
Terá o jovem compreendido a profundidade das exigências dos mandamentos?
O certo é que o compromisso com os mandamentos é o terreno fértil onde a graça
germinará e amadurecerá o desejo de perfeição. Sobre tal fundamento (o cumprimento
dos mandamentos) o convite ao livre seguimento pede uma resposta amparada pela
graça. Neste contexto, a perfeição é a maturidade no dom de si, como resposta livre ao
chamado de Cristo. O cumprimento aos mandamentos é, nesse contexto, o pressuposto
para a vida eterna.
O abandono te tudo é a proposta de perfeição que Jesus faz ao jovem. Trata-se
da dinâmica da liberdade em direção à maturidade. Da relação entre liberdade e lei
divina. Não a liberdade como “pretexto para servir a carne” de que trata São paulo, mas
como cumprimento dos preceitos por amor.
O cumprimento dos preceitos é a primeira e imperfeita liberdade. Sente-se a
influência da “outra lei” mencionada por São Paulo, a lei da carne, nos membros, em
contraste com a lei da razão. O ser humano é assim, na sua peregrinação terrestre:
liberdade parcial, parcial escravidão.
7
A liberdade só será completa na eternidade. Conservamos em parte a fraqueza,
em parte alcançamos já a liberdade. Os pecados foram destruídos no batismo, mas não a
fraqueza, senão já não haveria pecado entre os cristãos. É esta fraqueza que nos mantém
escravos.
Para quem vive “segundo a carne”, a lei de Deus é peso, negação ou restrição.
Para quem vive “segundo o Espírito”, é caminho para a prática do amor, livre e
consciente. Não se detém nas exigências mínimas da lei, mas vive-a em plenitude. É
caminho incerto e frágil na terra, só possível pela graça que nos faz filhos de Deus.
O chamado à perfeição não é uma vocação restrita a um círculo estreito de
pessoas, mas dirige-se a todos, como radicalização do mandamento de amor ao
próximo. O “vem e segue-me” é a forma concreta do mandamento do amor de Deus. É
uma única e indivisa caridade que tende à perfeição, cuja medida é só Deus, o perfeito e
misericordioso.
O caminho e o conteúdo dessa perfeição é o seguimento de Jesus, depois de ter
renunciado aos próprios bens e a si mesmo. A profundidade de tal convite só será
compreendida depois da essurreição de Jesus e da vinda do espírito.
Jesus sempre toma a iniciativa, chamando para o seu seguimento. Chama
aqueles em quem confia, os que envia, os apóstolos, mas todo aquele que crê recebe o
chamado, pois o seguimento de Jesus é o fundamento essencial e original da moral
cristã. Antes, o povo no deserto seguia Deus. Agora, os cristãos seguem Jesus, atraídos
pelo Pai.
Mais do que obedecer mandamentos ou seguir ensinamentos, ser cristão é aderir
à pessoa do cristo, tornar-se discípulo de Deus. Imitar o Filho para imitar o Pai. Seguir
no caminho do amor, doar-se plenamente ao irmão por amor a Deus. Amar o outro
como Jesus amou, eis a medida, expressada no lava-pés. As ações e palavras, e
principalmente a Paixão, morte e ressurreição, são revelação viva de seu amor pelo pai e
pelos homens.
O “como” de “como vos amei” é a medida do amor que os discípulos de Jesus se
devem. Amar como Jesus, até o fim, dando a vida por seus amigos.
A proposta de Jesus ao jovem rico é a de amar totalmente, “até o fim”, renegar-
se, tomar sua cruz e segui-lo (Mt 16, 24). Não como uma imitação exterior, mas um
“conformar-se” profundamente a ele, pela graça. Tornar-se membro do seu corpo, que é
a Igreja, pelo batismo, que nos conforma, nos reveste de Cristo. O batizado torna-se
8
Cristo. Morto para o pecado, recebe a vida nova. A participação na eucaristia é o ápice
dessa configuração.
“A Deus tudo é possível”. O jovem rico, e com ele muitas pessoas, assustam-se
com o nível de exigência do seguimento de Jesus. Tais exigências superam a condição
humana. “Quem poderá se salvar?”, perguntam os discípulos. O que aos homens é
impossível, a Deus é possível, diz Jesus.
Ao examinar a lei mosaica, Jesus rejeita o direito ao divórcio com base num
“princípio” mais original e autêntico que a lei de Moisés. Esta chamada principiológica
assusta os discípulos. Ao homem, não é possível imitar por suas próprias forças o amor
de Jesus. Somente por dom, o dom do Espírito, essa caminhada é possível. Santo
Agostinho diz que é o amor que faz cumprir os mandamentos, e não o cumprimento dos
mandamentos que faz surgir o amor.
A lei do Espírito de vida de Jesus Cristo nos livra da lei do pecado e da morte. A
relação entre a lei e a graça cumpre-se em Jesus. A lei tem papel pedagógico. Mostra a
fraqueza e a deficiência do pecador, para que ele invoque e acolha a graça. Só em Cristo
Jesus somos justificados. “A lei foi dada para que se invoque a graça; a graça, para que
se observe a lei”. O amor e a vida segundo o evangelho não podem ser pensados em
termos de preceitos, porque o que pedem supera as forças do homeme. Somente são
possíveis como frutos de um dom de Deus, que cura e restaura o homem na graça. O
mandamento do amor e da perfeição somente é uma possibilidade aberta ao homem pela
raça, pelo amor de Deus como dom. A consciência de ter recebido tal dom gera e
sustenta a resposta responsável de um amor total a Deus e entre os irmãos, como
insistentemente lembra o apóstolo João na primeira carta: amar a Deus, que não se vê,
no irmão que se vê. Só quem ama conhece a Deus, que é amor. A conexão indivisível
entre a graça de Deus e a liberdade expressa-se de modo muito claro na frase de Santo
Agostinho: “dá-me o que me mandas e manda o que quiseres”.
O dom reforça a exigência moral do amor. Só se pode permanecer no amor
quando se guardam os mandamentos. Os Padres, em especial Santo Agostinho, dizem
que a “nova lei é a lei da graça do Espírito Santo dada pela fé em Cristo”. Os preceitos
externos da lei dispõem o coração para a graça e a prolongam. A nova lei diz o que
fazer e dá também a força para tanto. A nova lei não veio do monte como tábua de
pedra, mas com o Espírito Santo nos corações, tornados pela sua graça uma lei viva, um
livro com vida.
9
“Eu estarei sempre convosco, até o fim do mundo” (Mt 28,20), é a promessa de
Jesus. O diálogo com Jesus se atualiza cada homem faz a ele a mesma indagação do
jovem rico, e só ele pode dar a resposta plena. A contemporaneidade do Cristo ao
homem de cada época somente se realiza no seu Corpo místico, que é a Igreja. O
Espírito Santo foi prometido por ele para “lembrar” e fazer compreender os
mandamentos, sendo “princípio fontal de uma nova vida no mundo”.
As prescrições morais reveladas por Deus no AT e cumpridas por Cristo no NT
devem ser fielmente conservadas e permanentemente atualizadas na cultura e na
história. Isso cabe aos apóstolos e sucessores, com a especial assistência do Espírito
Santo.
Os apóstolos, em sua catequese moral, legaram-nos um ensinamento ético com
normas precisas de comportamento. Desde o início vigiaram sobre a retidão de conduta
dos cristãos, sobre a pureza da fé e sobre a transmissão dos dons divinos pelos
sacramentos. Os primeiros cristãos diferenciavam-se pela fé e pela liturgia, mas também
pela conduta moral. Havia uma comunhão entre fé e vida.
A Igreja luta contra a dilaceração da harmonia entre fé e vida, recusando
rupturas propostas pelos que desconhecem ou alteram as obrigações a que leva a fé
evangélica.
Promover e guardar a fé e a vida moral na unidade da Igreja é tarefa dos
apóstolos, confiada por Jesus. A Tradição viva, sob a assistência do Espírito Santo,
acolhe e transmite as Escrituras, confessa pelos Padres e Doutores a verdade do Verbo
encarnado, pratica os preceitos e a caridade nos santos e santas, mártires ou não, celebra
a esperança na liturgia; a voz do evangelho ressoa na Tradição como expressão fiel da
sabedoria e vontade divinas.
A interpretação autêntica desenvolve-se sob a assistência do Espírito Santo,
garantindo que os ensinamentos de Jesus sejam santamente conservados, fielmente
expostos e corretamente aplicados nos tempos e circunstâncias. Compreender, à luz da
fé, as novas circunstâncias históricas e culturais. Mas a Igreja não pode deixar de
confirmar a validade da Revelação perene.
A Igreja é a única encarregada de interpretação autêntica, como coluna e
sustentáculo da verdade, inclusive quanto ao agir moral. A ela compete anunciar os
princípios morais relacionados à ordem social ou a qualquer realidade humana, na
medida em que o exijam a salvação das almas e a dignidade da pessoa humana. Ajudar
o homem a discernir os caminhos da verdade.
10
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos tempos hodiernos em que vivemos, encontramo-nos, em uma sociedade que
ignora o sentido último de uma verdade que seja clara e objetiva a todos. Percebe-se que
há um subjetivismo muito grande com relação à verdade, pois cada ser humano
estabelece o seu conceito de verdade de modo arbitrário, fazendo, com isso, que a
verdade perca o seu sentido de ser única e objetiva.
O homem é chamado à obediência da verdade, claro que tal cumprimento
nem sempre é realizável, pois o homem continuamente é tentado a desviar-se do sentido
último de sua vida, trocando a verdade pela mentira. Assim, na sociedade atual,
percebe-se o quanto o homem tem se desviado da verdade, abandonando-se no
subjetivismo e no relativismo, porquanto vive a procura de sua liberdade que acaba por
ser ilusória.
O apelo da Encíclica que não é de uma leitura fácil, mas bastante
desafiadora nos três capítulos que são apresentados, embora o segundo capítulo seja
mais denso, quer levar o homem a encontrar-se com essa verdade, num tempo em que
cada vez mais a busca pela autonomia diante das escolhas da vida, já não seguem os
preceitos morais tradicionais e da Igreja, ou até mesmo de uma lei natural, mas o que se
deseja é chegar a uma libertinagem, exemplo disso, é o que se nota com relação a união
de homossexuais, a descriminalização do aborto, e entre outros.
Neste sentido o documento oferece as bases imprescindíveis para um
ensinamento correto acerca da moral da Igreja Católica, mostrando os pontos
fundamentais e doutrinários, uma vez que tais fundamentos correm riscos de serem
deteriorados ou até mesmo negados, por teorias éticas contemporâneas, algumas delas
com tendências subjetivistas, ameaçando, assim, a compreensão da moral Católica.
Portanto, a Encíclica pretende ser uma luz a conduzir as consciências
para a Verdade que é o próprio Cristo. A Igreja quando ensina questões morais não tem
por intuito ferir a liberdade humana, mas apresentar às consciências verdades que não
são estranhas ao coração do homem, por que são sempre realizadas a partir da
Revelação.
11
4. REFERÊNCIAS
JOÃO PAULO II, Carta Encíclica, Veritatis Splendor, dia 6 dagosto de 1993, n. 35:
AAS 85 (1993) pp. 1161-1162; Homilia no Camden Yards, dia 9 de octubre de 1995, n.
7: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XVII, 2 (1995), Livreria Editrice Vaticana, 1998,
p. 788.

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Virna Salgado Barra - A ENCÍCLICA “VERITATIS SPLENDOR” (2017)

  • 1. 1 RESUMO ANALÍTICO SOBRE A ENCÍCLICA “VERITATIS SPLENDOR” DO SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II A TODOS OS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA SOBRE ALGUMAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS DO ENSINAMENTO MORAL DA IGREJA Virna Salgado Barra1 Faculdade Católica de Belém – Disciplina de Moral Fundamental – Profº. Pe. Glaucon Oliveira Feitosa 1. O ESPLENDOR DA VERDADE: UMA BREVE INTRODUÇÃO AOS TRÊS CAPÍTULOS DA ENCÍCLICA. O primeiro capítulo da Encíclica tem por finalidade apontar Jesus Cristo como uma resposta para a questão moral, uma vez que Ele é a “imagem do Deus invisível” (Cl 1, 15). Partindo dessa premissa de que à luz da Revelação, ou seja, da Encarnação do Verbo aquilo que era incompreensível torna-se compreensível, pode-se dizer que a verdade sobre o homem se esclarece, de modo que ele pelo seu juízo não pode construir uma moral segundo o seu arbítrio, mas segundo a Revelação. Na pergunta que o jovem faz no evangelho e que o Santo Padre retoma neste documento “Mestre que devo fazer de bom para entrar na vida eterna? Jesus responde: Cumpre os mandamentos.” (Mt 19, 16), percebe-se que a liberdade integral do homem está no fato de que a verdadeira realização da lei moral se encontra em Deus. Para que o homem possa chegar a sua autorrealização faz-se necessário vivenciar os mandamentos, não como norma, mas como uma placa que aponta para o destino de chegada, a verdade. No capítulo segundo, o Santo Padre chama a atenção para algumas tendências atuais no campo da teologia moral, que trazem consequências dramáticas para a sociedade. Não se pode esquecer que a reflexão moral sempre é realizada à luz do Cristo e não na negação do transcendente como algumas teorias éticas, chegando a negar, por 1 Licenciada e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG). Pesquisadora no Grupo de Pesquisa (CNPq) “Tradição da Lei Natural” vinculado ao ICJ-UFPA. Aluna Especial do Curso de Teologia da Faculdade Católica de Belém-PA.), e-mail: virnoka@hotmail.com
  • 2. 2 exemplo, a doutrina tradicional sobre a lei natural, a universalidade e a validade dos preceitos, deixando de lado os ensinamentos morais da Igreja. O que é necessário resgatar é que o homem permanece em si mesmo um grande mistério, um enigma que não é possível ser decifrado, com isso, compreende-se que ele não é livre verdadeiramente a tal ponto que tenha uma consciência clara e possa viver de modo arbitrário, desvinculado dos mandamentos. O homem necessita ser guiado segundo a Verdade para que possa encontrar o sentido último de sua vida humana, por isso o Sumo Pontífice João Paulo II, por meio do documento oferece uma doutrina clara, às questões que visem esclarecer os pontos atinentes da situação moral da contemporaneidade que passa por uma crise. Por fim, o terceiro capítulo, destaca-se pela aplicabilidade do bem moral na Igreja e no mundo, que de modo todo peculiar a partir do mistério de Jesus crucificado, o homem pode encontrar o sentido pleno de sua liberdade, pois na cruz é que Jesus vive de modo autêntico e livre. O cristão encontra no martírio a total liberdade, pois rejeita e abstém de tudo aquilo que é exterior para abraçar de modo total e pleno a cruz. Foi em grande número de homens e mulheres que preferiram toda perseguição, morte, violência, do que dar um testemunho contra essa verdade moral. Por isso, a Igreja defende de modo irrevogável essa verdade, para que o homem possa chegar até ela. Portanto, à luz da Revelação que os pastores que são arautos do evangelho devem conduzir os novos discípulos, para que os valores fundamentais relacionados com a dignidade da pessoa e com a verdade dos atos, não sejam postos de lado, por nenhuma ditadura do relativismo, nem por teólogos, mas que a autoridade derive sempre do Espírito Santo e na comunhão cum Petro et sub Petro.
  • 3. 3 2. ENCÍCLICA VERITAIS SPLENDOR - RESUMO DO CAPÍTULO I No capítulo I, a encíclica estuda a passagem evangélica conhecida como do “jovem rico” (Mt 19, 16-21). A perícope é abordada como uma pista válida para a resposta de Jesus Cristo à questão moral. O “jovem” representa cada homem que se aproxima de Jesus e lhe coloca a questão moral: “Mestre, o que farei de bom para ter a vida eterna?”. Mais do que inquirir sobre “normas a observar”, trata-se da questão sobre a plenitude da vida, impulso último, profundo, inquieto e aspiração que move a liberdade: é o apelo ao bem absoluto que nos atrai, eco da vocação de Deus, origem e fim da vida do homem e único modo de saciar seu coração. Para possibilitar esse “encontro com Cristo” é que existe a Igreja, sendo esta sua única finalidade! A pergunta do jovem rico é a um só tempo essencial e irresistível, que diz respeito ao bem moral a praticar e à vida eterna, intuindo que há um nexo entre ambas. No caso concreto, talvez não se trate, por parte do jovem, de um desconhecimento da lei nem deste nexo, mas o fascínio de Jesus, que fez nascer nele novas interrogações acerca do bem moral, perante o anúncio que faz Jesus sobre a proximidade do Reino. Também o homem de hoje precisa voltar-se novamente para o Cristo e obter dele a resposta sobre o bem e o mal. Ele, mestre presente, desvenda aos fiéis as escrituras e revela a vontade do Pai. Para compreender-se integralmente, o homem deve aproximar-se de Cristo, levando suas inquietudes, incertezas, fraquezas e pecaminosidade. Somente mergulhando no mistério da encarnação e redenção o homem produzirá frutos de adoração a Deus e maravilha perante si próprio. A nossa tarefa, portanto, é procurar o sentido da pergunta do jovem rico e deixar-nos guiar docemente pela resposta de Jesus. “Um só é bom”, diz Jesus, em resposta à questão do bem. Jesus quer que o jovem se esclareça sobre o motivo pelo qual interroga. Indica ao interlocutor que essa questão só pode ser respondida dirigindo o coração e a mente para o único “bom”. Só Deus pode responder a questão sobre o bem, porque Ele é o Bem. Jesus mostra que a pergunta é, no fundo, religiosa. A bondade é deus, único digno de ser amado plenamente, fonte de felicidade para o homem. Jesus reconduz a ação moralmente boa
  • 4. 4 ao seu fundo religioso: o reconhecimento de Deus como única bondade, plenitude da vida, termo último do agir humano e felicidade perfeita. A Igreja, instruída por seu Mestre, crê que o homem vive para que, redimido e santificado por Cristo, cada uma das suas ações irradie o esplendor divino. Conhecer a si mesmo, neste contexto, é conhecer e purificar a imagem de Deus. O que o homem é e deve fazer manifesta-se no momento em que Deus revela a si próprio. As “dez palavras” são a revelação que deus faz de si mesmo, como aquele que é o único bom, e que segue sendo o modelo, apesar do pecado do homem. Trata-se do restabelecimento da harmonia original. Assim, a vida moral do homem é uma resposta devida à iniciativa gratuita de Deus em favor dos homens. Resposta de amor ao Amor. A vida moral, implicada no amor de Deus, é chamada a refletir Sua glória; trata-se de agradar a quem se ama. A maior recompensa de amar é o amor. A caridade provém de Deus de um modo tal que o próprio deus é caridade. O primeiro mandamento já nos aponta que um só é bom, só Deus é o Senhor. É o coração da lei, do qual decorrem os preceitos particulares. E daí decorre que nem a observância rigorosa de Lei a cumpre plenamente. Mesmo cumprindo rigorosamente a Lei, o homem jamais é bom em si mesmo. O cumprimento, a satisfação da lei é um dom, oferta de participação na bondade divina presente em Jesus: vem e segue-me! A primeira resposta de Jesus é : “Se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos”. Ao criar o homem, e ordená-lo com amor e sabedoria ao bem como fim, Deus responde à questão do bem: Ele próprio é o Bem. Inscreveu a “lei natural” no coração do homem, na forma da luz da inteligência em nós infundida. Também nos deu o decálogo no Sinai, fundando o Povo da Aliança. O dom do Decálogo é promessa e sinal da nova aliança,. Quando a lei for nova e definitivamente inscrita no coração do homem, substituindo a lei do pecado que se tinha instalado ali. Haverá um coração novo, um “espírito novo”, o Espírito de Deus (cf. Ezequiel). Há, portanto, uma relação estreita entre a salvação e a obediência aos mandamentos, sublinhada, nesta passagem, por Jesus. Ele entrega, como um novo Moisés, os mandamentos. Mas a terra prometida agora é o Reino dos Céus. Confira-se o Sermão da Montanha. A realidade mesma do Reino refere-se à expressão “vida eterna” , ou seja, participação na vida de deus após a morte, luz da verdade e fonte de sentido, ainda em
  • 5. 5 vida: quem abandonar os próprios interesses mundanos para seguir Jesus receberá muito mais e terá por herança a vida eterna (Mt 19, 29). O Jovem insiste, e quer saber quais mandamentos seguir. Jesus lhe aponta os mandamentos que dizem respeito ao próximo. Não se trata de esgotar os mandamentos, mas de chamar a atenção para a centralidade dos mandamentos, fundamentados na noção de que foram dados por aquele que é “o Senhor teu Deus”. Os mandamentos citados por Jesus nesta passagem são majoritariamente aqueles da chamada “segunda tábua”, fundamentadas no amor ao próximo. Exprimem a dignidade singular da pessoa humana, única criatura querida por Deus por si mesma. Protegem o bem da pessoa, pela proteção dos seus bens materiais e espirituais: a vida, a família, a propriedade, a veracidade e a boa fama. Os mandamentos são retomados como condição básica para o amor ao próximo e sua confirmação. São a primeira etapa necessária no caminho para a liberdade: não ter faltas é o início da liberdade, dizia Santo Agostinho, mas ainda não a liberdade perfeita. Não se trata de separar o amor de Deus e o amor ao próximo. Ao doutor da lei que o interpela, Jesus alerta que os mandamentos resumem-se a dois: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. A parábola do bom samaritano é contada exatamente em resposta ao questionamento do Doutor da Lei, sobre quem é o próximo. Os dois mandamentos estão indivisivelmente unidos entre si, como Jesus demonstra por palavras e atos. São sinais indistintos do amor ao Pai. Sem o amor ao próximo, o amor a Deus não é autêntico. Sem o amor a deus, o amor ao próximo é mera filantropia. No Sermão da Montanha, Jesus a um só tempo ratifica a lei e apresenta-se como a sua chave. Ele é o elo vivo entre o antigo e o novo Testamento. Jesus é o fim, não como carência, mas como plenitude. O que no antigo era figura, torna-se verdade, realiza-se no novo por Jesus. Jesus leva a lei à plenitude, interiorizando e radicalizando os mandamentos. A atitude do cristão deve nascer de um coração que ama, que está disposto a viver as exigências mais radicais. Os mandamentos não são limite mínimo a não ultrapassar, mas estrada aberta para o amor. Por exemplo, a ordem “não matarás” traz o apelo a um amor solícito que resgata e dignifica o outro. O mandamento contra o adultério vira um convite ao olhar puro.
  • 6. 6 Jesus é o cumprimento vivo da lei, torna-se ele mesmo a lei viva e pessoal, e seu seguimento dá, mediante o dom do Espírito, a graça de partilhar na vida e amar e testemunhar nas opções e nas obras! “Tenho cumprido tudo isto. Que me falta ainda?” é o questionamento do jovem a Jesus. Não é fácil afirmar isto, quando se pensa no verdadeiro alcance das exigências da lei. Mesmo que eventualmente pudesse fazê-lo, o jovem rico sabe que ainda está longe da meta. Valendo-se da “nostalgia de plenitude” que supera as interpretações legalistas, Jesus convida-o á perfeição, “se queres ser perfeito, vende o que tem, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me.” No contexto evangélico, a fala de Jesus remete à bem-aventurança da pobreza. As bem-aventuranças dizem respeito, mais do que a condutas, a “atitudes” e “disposições de fundo” e por isso não coincidem perfeitamente com os mandamentos. Mas não há oposição ou separação entre eles. Ambos referem-se ao bem e à vida eterna. O Sermão da Montanha começa com as bem-aventuranças, mas refere-se aos mandamentos, orientando-os à perfeição em Jesus. As bem-aventuranças são promessas com indicações normativas indiretas para a vida moral. São um auto-retrato do Cristo, convite ao seu seguimento e á comunhão de vida com ele. Terá o jovem compreendido a profundidade das exigências dos mandamentos? O certo é que o compromisso com os mandamentos é o terreno fértil onde a graça germinará e amadurecerá o desejo de perfeição. Sobre tal fundamento (o cumprimento dos mandamentos) o convite ao livre seguimento pede uma resposta amparada pela graça. Neste contexto, a perfeição é a maturidade no dom de si, como resposta livre ao chamado de Cristo. O cumprimento aos mandamentos é, nesse contexto, o pressuposto para a vida eterna. O abandono te tudo é a proposta de perfeição que Jesus faz ao jovem. Trata-se da dinâmica da liberdade em direção à maturidade. Da relação entre liberdade e lei divina. Não a liberdade como “pretexto para servir a carne” de que trata São paulo, mas como cumprimento dos preceitos por amor. O cumprimento dos preceitos é a primeira e imperfeita liberdade. Sente-se a influência da “outra lei” mencionada por São Paulo, a lei da carne, nos membros, em contraste com a lei da razão. O ser humano é assim, na sua peregrinação terrestre: liberdade parcial, parcial escravidão.
  • 7. 7 A liberdade só será completa na eternidade. Conservamos em parte a fraqueza, em parte alcançamos já a liberdade. Os pecados foram destruídos no batismo, mas não a fraqueza, senão já não haveria pecado entre os cristãos. É esta fraqueza que nos mantém escravos. Para quem vive “segundo a carne”, a lei de Deus é peso, negação ou restrição. Para quem vive “segundo o Espírito”, é caminho para a prática do amor, livre e consciente. Não se detém nas exigências mínimas da lei, mas vive-a em plenitude. É caminho incerto e frágil na terra, só possível pela graça que nos faz filhos de Deus. O chamado à perfeição não é uma vocação restrita a um círculo estreito de pessoas, mas dirige-se a todos, como radicalização do mandamento de amor ao próximo. O “vem e segue-me” é a forma concreta do mandamento do amor de Deus. É uma única e indivisa caridade que tende à perfeição, cuja medida é só Deus, o perfeito e misericordioso. O caminho e o conteúdo dessa perfeição é o seguimento de Jesus, depois de ter renunciado aos próprios bens e a si mesmo. A profundidade de tal convite só será compreendida depois da essurreição de Jesus e da vinda do espírito. Jesus sempre toma a iniciativa, chamando para o seu seguimento. Chama aqueles em quem confia, os que envia, os apóstolos, mas todo aquele que crê recebe o chamado, pois o seguimento de Jesus é o fundamento essencial e original da moral cristã. Antes, o povo no deserto seguia Deus. Agora, os cristãos seguem Jesus, atraídos pelo Pai. Mais do que obedecer mandamentos ou seguir ensinamentos, ser cristão é aderir à pessoa do cristo, tornar-se discípulo de Deus. Imitar o Filho para imitar o Pai. Seguir no caminho do amor, doar-se plenamente ao irmão por amor a Deus. Amar o outro como Jesus amou, eis a medida, expressada no lava-pés. As ações e palavras, e principalmente a Paixão, morte e ressurreição, são revelação viva de seu amor pelo pai e pelos homens. O “como” de “como vos amei” é a medida do amor que os discípulos de Jesus se devem. Amar como Jesus, até o fim, dando a vida por seus amigos. A proposta de Jesus ao jovem rico é a de amar totalmente, “até o fim”, renegar- se, tomar sua cruz e segui-lo (Mt 16, 24). Não como uma imitação exterior, mas um “conformar-se” profundamente a ele, pela graça. Tornar-se membro do seu corpo, que é a Igreja, pelo batismo, que nos conforma, nos reveste de Cristo. O batizado torna-se
  • 8. 8 Cristo. Morto para o pecado, recebe a vida nova. A participação na eucaristia é o ápice dessa configuração. “A Deus tudo é possível”. O jovem rico, e com ele muitas pessoas, assustam-se com o nível de exigência do seguimento de Jesus. Tais exigências superam a condição humana. “Quem poderá se salvar?”, perguntam os discípulos. O que aos homens é impossível, a Deus é possível, diz Jesus. Ao examinar a lei mosaica, Jesus rejeita o direito ao divórcio com base num “princípio” mais original e autêntico que a lei de Moisés. Esta chamada principiológica assusta os discípulos. Ao homem, não é possível imitar por suas próprias forças o amor de Jesus. Somente por dom, o dom do Espírito, essa caminhada é possível. Santo Agostinho diz que é o amor que faz cumprir os mandamentos, e não o cumprimento dos mandamentos que faz surgir o amor. A lei do Espírito de vida de Jesus Cristo nos livra da lei do pecado e da morte. A relação entre a lei e a graça cumpre-se em Jesus. A lei tem papel pedagógico. Mostra a fraqueza e a deficiência do pecador, para que ele invoque e acolha a graça. Só em Cristo Jesus somos justificados. “A lei foi dada para que se invoque a graça; a graça, para que se observe a lei”. O amor e a vida segundo o evangelho não podem ser pensados em termos de preceitos, porque o que pedem supera as forças do homeme. Somente são possíveis como frutos de um dom de Deus, que cura e restaura o homem na graça. O mandamento do amor e da perfeição somente é uma possibilidade aberta ao homem pela raça, pelo amor de Deus como dom. A consciência de ter recebido tal dom gera e sustenta a resposta responsável de um amor total a Deus e entre os irmãos, como insistentemente lembra o apóstolo João na primeira carta: amar a Deus, que não se vê, no irmão que se vê. Só quem ama conhece a Deus, que é amor. A conexão indivisível entre a graça de Deus e a liberdade expressa-se de modo muito claro na frase de Santo Agostinho: “dá-me o que me mandas e manda o que quiseres”. O dom reforça a exigência moral do amor. Só se pode permanecer no amor quando se guardam os mandamentos. Os Padres, em especial Santo Agostinho, dizem que a “nova lei é a lei da graça do Espírito Santo dada pela fé em Cristo”. Os preceitos externos da lei dispõem o coração para a graça e a prolongam. A nova lei diz o que fazer e dá também a força para tanto. A nova lei não veio do monte como tábua de pedra, mas com o Espírito Santo nos corações, tornados pela sua graça uma lei viva, um livro com vida.
  • 9. 9 “Eu estarei sempre convosco, até o fim do mundo” (Mt 28,20), é a promessa de Jesus. O diálogo com Jesus se atualiza cada homem faz a ele a mesma indagação do jovem rico, e só ele pode dar a resposta plena. A contemporaneidade do Cristo ao homem de cada época somente se realiza no seu Corpo místico, que é a Igreja. O Espírito Santo foi prometido por ele para “lembrar” e fazer compreender os mandamentos, sendo “princípio fontal de uma nova vida no mundo”. As prescrições morais reveladas por Deus no AT e cumpridas por Cristo no NT devem ser fielmente conservadas e permanentemente atualizadas na cultura e na história. Isso cabe aos apóstolos e sucessores, com a especial assistência do Espírito Santo. Os apóstolos, em sua catequese moral, legaram-nos um ensinamento ético com normas precisas de comportamento. Desde o início vigiaram sobre a retidão de conduta dos cristãos, sobre a pureza da fé e sobre a transmissão dos dons divinos pelos sacramentos. Os primeiros cristãos diferenciavam-se pela fé e pela liturgia, mas também pela conduta moral. Havia uma comunhão entre fé e vida. A Igreja luta contra a dilaceração da harmonia entre fé e vida, recusando rupturas propostas pelos que desconhecem ou alteram as obrigações a que leva a fé evangélica. Promover e guardar a fé e a vida moral na unidade da Igreja é tarefa dos apóstolos, confiada por Jesus. A Tradição viva, sob a assistência do Espírito Santo, acolhe e transmite as Escrituras, confessa pelos Padres e Doutores a verdade do Verbo encarnado, pratica os preceitos e a caridade nos santos e santas, mártires ou não, celebra a esperança na liturgia; a voz do evangelho ressoa na Tradição como expressão fiel da sabedoria e vontade divinas. A interpretação autêntica desenvolve-se sob a assistência do Espírito Santo, garantindo que os ensinamentos de Jesus sejam santamente conservados, fielmente expostos e corretamente aplicados nos tempos e circunstâncias. Compreender, à luz da fé, as novas circunstâncias históricas e culturais. Mas a Igreja não pode deixar de confirmar a validade da Revelação perene. A Igreja é a única encarregada de interpretação autêntica, como coluna e sustentáculo da verdade, inclusive quanto ao agir moral. A ela compete anunciar os princípios morais relacionados à ordem social ou a qualquer realidade humana, na medida em que o exijam a salvação das almas e a dignidade da pessoa humana. Ajudar o homem a discernir os caminhos da verdade.
  • 10. 10 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos tempos hodiernos em que vivemos, encontramo-nos, em uma sociedade que ignora o sentido último de uma verdade que seja clara e objetiva a todos. Percebe-se que há um subjetivismo muito grande com relação à verdade, pois cada ser humano estabelece o seu conceito de verdade de modo arbitrário, fazendo, com isso, que a verdade perca o seu sentido de ser única e objetiva. O homem é chamado à obediência da verdade, claro que tal cumprimento nem sempre é realizável, pois o homem continuamente é tentado a desviar-se do sentido último de sua vida, trocando a verdade pela mentira. Assim, na sociedade atual, percebe-se o quanto o homem tem se desviado da verdade, abandonando-se no subjetivismo e no relativismo, porquanto vive a procura de sua liberdade que acaba por ser ilusória. O apelo da Encíclica que não é de uma leitura fácil, mas bastante desafiadora nos três capítulos que são apresentados, embora o segundo capítulo seja mais denso, quer levar o homem a encontrar-se com essa verdade, num tempo em que cada vez mais a busca pela autonomia diante das escolhas da vida, já não seguem os preceitos morais tradicionais e da Igreja, ou até mesmo de uma lei natural, mas o que se deseja é chegar a uma libertinagem, exemplo disso, é o que se nota com relação a união de homossexuais, a descriminalização do aborto, e entre outros. Neste sentido o documento oferece as bases imprescindíveis para um ensinamento correto acerca da moral da Igreja Católica, mostrando os pontos fundamentais e doutrinários, uma vez que tais fundamentos correm riscos de serem deteriorados ou até mesmo negados, por teorias éticas contemporâneas, algumas delas com tendências subjetivistas, ameaçando, assim, a compreensão da moral Católica. Portanto, a Encíclica pretende ser uma luz a conduzir as consciências para a Verdade que é o próprio Cristo. A Igreja quando ensina questões morais não tem por intuito ferir a liberdade humana, mas apresentar às consciências verdades que não são estranhas ao coração do homem, por que são sempre realizadas a partir da Revelação.
  • 11. 11 4. REFERÊNCIAS JOÃO PAULO II, Carta Encíclica, Veritatis Splendor, dia 6 dagosto de 1993, n. 35: AAS 85 (1993) pp. 1161-1162; Homilia no Camden Yards, dia 9 de octubre de 1995, n. 7: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XVII, 2 (1995), Livreria Editrice Vaticana, 1998, p. 788.