Apresentadora: Lisiane Ribeiro Raupp – lisiraupp@yahoo.com.br (UNISINOS)
Este trabalho, de caráter qualitativo-interpretativista, propõe-se, à luz do Interacionismo Sócio-Discursivo (ISD) (BRONCKART, 2009), identificar as representações dos professores nos seus discursos e práticas docentes, sobre a atividade de reescrita de textos em sala de aula, com o propósito de promover maior conhecimento sobre o processo de reescrita textual.
VI SINAL – FAPA 2013 – Reescrever ou passar a limpo?
1. REESCREVER OU
PASSAR A LIMPO?
Lisiane Ribeiro Raupp
Mestra emLinguística Aplicada/Unisinos
Profª de Língua Portuguesa da rede municipal de Gravataí/RS
Trabalho baseado na dissertação de Mestrado “(Re)pensando a reescrita como forma de
interação entre professore alunos – Nossa sina é se ensinar”
2. Contexto da pesquisa:
“Por uma formação continuada
cooperativa: para o desenvolvimento
do processo educativo de leitura e
produção textual escrita no Ensino
Fundamental”, do Programa
Observatório da Educação/Capes,
Coordenação: Ana Maria Mattos
Guimarães, do PPGLA Unisinos.
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3. Formação semanal com os
professores bolsistas e atividades
EAD;
Formação EAD com os outros
professores participantes do projeto
e um encontro presencial por mês;
Construção do conceito de PDG e de
Projetos Didáticos de Gênero.
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4. Projeto Didático de Gênero (PDG):Projeto Didático de Gênero (PDG):
Amplia o modelo de sequência didática
da Escola de Genebra (Schneuwly e
Dolz, 2004) e alia-se aos estudos de
letramento, que compreendem a
leitura e a escrita como práticas
sociais, e necessárias para agir no
mundo.
Escrita de um ou mais gêneros +
Leitura de um ou mais gêneros +
prática social real (ou simulada).
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5. Prática social- Interação linguística
real, destino do texto final;
Tema- Necessidades dos alunos;
Gênero(s)- Pertinentes ao tema;
Produção inicial- Diagnóstica;
Atividades- Relacionadas à estrutura
do gênero, à análise linguística e
produção escrita;
Produção final- Voltada à prática
social, avaliada por meio de uma grade
de critérios e passa por pelo menos
uma reescrita;
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6. Reescrita:Reescrita:
“(...)consiste numa atividade de
reflexão sobre a escrita, que incide
sobre as necessidades de
aprendizagem dos alunos evidenciadas
nos textos, de modo que esses
sujeitos reconheçam suas dificuldades
e atuem sobre elas”. (LEITE e
PEREIRA, 2010, p. 5).
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7. Conceitos-base:
Linguagem como interação;
Gêneros textuais;
Leitura como resposta ativa;
Letramento e práticas sociais;
Concepção vygotskyana de
desenvolvimento.
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8. Objetivos deste trabalho:
Identificar qual a importância dada ao
processo de reescrita como atividade
reflexiva, nas representações das
professoras participantes da formação
continuada.
Analisar como articulam as ideias
desenvolvidas nos encontros de formação
à sua prática de sala de aula no processo
de reescrita textual.
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9. Metodologia:Metodologia:
Produção colaborativa de projetos didáticos
de gêneros com as professoras participantes
da formação continuada;
Entrevistas semi-padronizadas e
observações participantes, gravados em
áudio.
São analisados os discursos de quatro
professoras, em entrevistas feitas antes e/ou
depois da aplicação desses projetos,
elaborados durante a formação continuada
de que as atoras fizeram parte.
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10. Limitações da entrevista:
As concepções trazidas pelas
professoras podem estar
idealizadas.
As professoras podem se auto-
representar e avaliar sua própria
prática, sabendo-se avaliadas
coletivamente.
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11. Análise dos dados:Análise dos dados:
Concepções sobre reescrita:
Para três professoras o conceito
de reescrita está voltado à prática
tradicional de ‘passar a limpo’;
Reescrita é relacionada a dar
nota ao aluno, com ênfase na
correção para higienização.
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12. O que os termos usados refletem das
concepções e práticas de reescrita:
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Os termos ‘reescrita’, ‘correção’ e ‘avaliação’ podem
ter sido usados com a intenção de mascarar o
sentido de termos como ‘passar a limpo’ e ‘indicar
erros’ (com a função de higienização), ações típicas
do ensino tradicional.
Independente do número de ocorrências dos
termos relacionados a ‘corrigir/correção’, esses
termos são, em sua maioria, mesmo depois da
aplicação do PDG, utilizados no sentido de
higienização.
13. A reescrita na aplicação do PDG:
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Reescrita como cumprimento das orientações do
PDG e como forma de colocar em prática o que as
professoras afirmaram que já realizavam antes
desse projeto: não há ainda convicção na concepção
de reescrita trabalhada no Projeto do Observatório.
O uso da grade de critérios foi diferente do
proposto nas formações continuadas, com a
representação de que a capacidade crítica do
aluno ainda não é suficiente para que ele
participe da reflexão sobre o que vai ser
avaliado nas suas produções textuais.
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A prática de reescrita como
processo crítico de aprendizagem da língua é
ainda uma realidade a ser alcançada
no cotidiano docente, o que acreditamos que
acontecerá quando entendermos que nosso
papel de mediadores na aprendizagem dos
alunos exige que deixemos que eles cheguem a
algumas conclusões que os levarão a realmente
aprender e não só memorizar.
15. Algumas considerações:
o De acordo com as (pré)concepções que os
professores têm, o processo de reescrita é feito,
somente acrescentando algumas características a
mais do PDG, desenvolvidas na formação
continuada, como no caso da grade de critérios.
o Nesta pesquisa, é possível perceber que, para que
os professores encaminhem o processo de reescrita
textual de forma reflexiva, efetivando o uso de uma
grade de critérios sobre os aspectos linguísticos
estudados para o gênero proposto, temos ainda um
caminho a percorrer.
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Práticas anteriores à aplicação do PDG:
as professoras consideram necessária a
realização de produções textuais em
grande quantidade, o que não privilegia
uma prática de reescrita reflexiva;
Atividades voltadas a uma reescrita
reflexiva: exigem tempo de preparação e
aplicação.
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As dificuldades dos alunos devem ser trabalhadas nas
atividades preparatórias para a produção final e repensadas
na reescrita, a partir de critérios construídos para a escrita
do gênero em questão, o que se torna mais consistente se
for feito através de uma grade de critérios.
(Em alguns casos não há correção específica do professor,
muitas vezes, tanto a primeira quanto a segunda versão são
realizadas em casa, pelos alunos.)
Reescrita no agir
comunicativo das professoras
passar
a
limpo
menos tempo de preparação reflexão
18. Em suma, as professoras envolvidas nesta
pesquisa apresentam a representação de
reescrita voltada à revisão do texto e
adequação da linguagem para a prática
social, em que todos os textos precisam
ser reescritos, constituindo-se um
processo, voltado à avaliação do aluno, no
entanto, essas concepções estão distantes
da prática de sala de aula.
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19. Referências:
o BAKHTIN, Mikail. (VOLOSHINOV, Valentin). Marxismo e Filosofia da Linguagem. 7ª
Edição, São Paulo, Hucitec, 1995.
o BULEA, Ecaterina. Linguagem e efeitos desenvolvimentais na interpretação da
atividade. Campinas, SP, Mercado de Letras, 2010.
o CRESSWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e
misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
o LEITE, Evandro Gonçalves. A REESCRITURA DO ALUNO SOB A ORIENTAÇÃO DO
PROFESSOR. Dissertação (Mestrado em Linguística) Universidade Federal Da
Paraíba, João Pessoa, PB, 2009.
SCHNEWULY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos: estudo e ensino,
Campinas: Mercado das Letras, 2004.
KERSCH, Dorotea Frank; GUIMARÃES, Ana Maria Mattos. Por uma formação
continuada cooperativa: o desenvolvimento do processo educativo de leitura e
produção textual escrita no ensino fundamental no contexto de um município
brasileiro. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS DOS GÊNEROS TEXTUAIS -
SIGET, 6., 2011, Natal. Anais... Natal: UFRN, 2011. Disponível em: <
http://www.cchla.ufrn.br/visiget/pgs/pt/anais/Artigos/Dorotea%20Frank%20Kersch
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%C3%A3es%20%E2%80%93%20UNISINOS.pdf >. Acesso em: 20 dez. 2011.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. O professor pesquisador: introdução à pesquisa
qualitativa. São Paulo, Parábola, 2008.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
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