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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
Patologia Clínica Veterinária GMV 024.
MORFOFISIOLOGIA RENAL E INTERPRETAÇÃO DO EXAME
DE URINA
Prof. Dr. Antonio Vicente Mundim.
Uberlândia - MG
2010
1
I MORFOFISIOLOGIA RENAL
Os rins são os principais órgãos responsáveis pela regulação do meio interno do
corpo, sendo a urina o produto final desta atividade reguladora.
Os rins são responsáveis pela:
1) Eliminação do excesso de água formada no corpo ou nele introduzida;
2) Eliminação dos elementos inorgânicos, de acordo com as necessidades do
organismo;
3) Eliminação de subprodutos terminais não voláteis decorrentes da atividade
metabólica;
4) Retenção no interior do corpo, das substâncias necessárias às funções vitais como
aminoácidos, hormônios, vitaminas, proteínas, glicose e outros;
5) Eliminação de substâncias tóxicas exógenas;
6) Formação e excreção de substâncias como ions hidrogênio e amônia;
7) Eliminação de medicamentos e drogas ingeridas.
Os rins desempenham um significativo papel na homeostase corporal, ajudando
a manter a integridade fisiológica do volume de líquido extracelular, na remoção dos
produtos resultantes do catabolismo e de certas substâncias tóxicas.
Normalmente a morte ocorre, uma semana após cessadas as funções renais,
quando as perdas são parciais, ocorrem desvios variados na fisiologia normal,
dependendo da quantidade de tecido funcional remanescente.
Importantes substâncias endócrinas são secretadas pelos rins, entre elas a
eritropoietina, uma glicoproteina produzida pelas células intersticiais e/ou endoteliais
dos capilares peritubulares, importante na regulação da hematopoiese normal. Sendo
também produzida no fígado em outras espécies animais que não a canina.
Outra glicoproteina, a renina, é produzida pelas células do aparelho
justaglomerular, a qual está envolvida na regulação da pressão sanguínea a nível
glomerular, e na secreção de aldosterona pelo córtex da adrenal, responsável pela
reabsorção de sódio e consequentemente água.
Responsável pela hidroxilação da vitamina D para sua forma ativa, convertendo
o 25-hidroxicolecalciferol de origem hepática em 1,25-diidroxicolecalciferol, importante
na absorção intestinal de cálcio.
Secreção de prostaglandinas pelas células do interstício dos ductos coletores e
da parede das artérias renais, importante nos períodos de hipotensão.
Os rins respondem também pela ativação e inativação de vários hormônios,
incluindo o hormônio antidiurético (ADH), paratormônio (PTH), aldosterona e
hormônios do crescimento, prolactina, gastrina, calcitonina e tireotrofinas. Esta função
torna-se importante, uma vez que em casos de insuficiência renal, a retenção
hormonal pode ocasionar ou exacerbar crises urêmicas. A integração das funções
renais endócrinas e excretoras se dá através da inter-relação com o sistema nervoso
central e endócrino.
Os rins dos animais têm a forma de feijão, possuindo uma depressão na
margem côncava, que é o hilo renal, onde penetram vasos e nervos e saem os
ureteres, linfáticos e vasos.
2
1) NÉFRON
Unidade morfo-funcional do rim, sendo formado pelo glomérulo, cápsula
glomerular, túbulos contorcidos, alça de Henle e ductos coletores ou de Bellini que
levam a urina já formada até a pelve renal, interstício e vasos.
Os rins dos mamíferos possuem dois tipos de néfrons:
1. Néfrons de alça longa - originam nas camadas justamedular e médio cortical, suas
alças atingem a camada medular interna e externa.
2. Néfrons de alça curta - originam-se na camada cortical superficial, suas alças não
atingem a camada medular, são portanto curtos.
Os néfrons originários da camada médio-cortical podem ser de alça longa ou curta.
A maioria das espécies animais tem os dois tipos de néfrons. O castor e o rato
possuem somente néfrons curtos, já o cão e o gato possuem apenas néfrons longos.
1.1) PRINCIPAIS COMPONENTES DO NÉFRON
1.1.1 - Glomérulo
Unidade filtrante, composto de uma rede de capilares enovelados,
localizados na terminação da arteríola aferente e que se acha envolta pela cápsula
glomerular, de onde se originam os túbulos contorcidos proximais. Sua função é a de
filtração de parte do plasma que passa pelos rins (aproximadamente 1/5 do plasma
que chega ao glomérulo). Como resultado da filtração surge-se um ultrafiltrado com
composição, osmolaridade, semelhante a do plasma. Todos os glomérulos se originam
na camada cortical.
1.1.2 - Cápsula glomerular
Também denominada cápsula de Bowman, é um fundo cego distendido do
túbulo proximal que se evagina ao redor do glomérulo, quase o circundando por inteiro.
Ele tem a função de armazenar o filtrado glomerular e encaminhá-lo aos túbulos
contorcidos proximais.
1.1.3 - Aparelho justaglomerular
É um grupo de células mioepiteliais com algumas características de músculo
liso que circundam as arteríolas. Responsável pela produção de renina, a qual é
secretada na circulação quando a pressão sanguínea na arteríola aferente cai. No
sangue, ela atua na globulina angiotensinogênica, produzindo angiotensina que atua
como vasoconstrictor, aumentando a pressão sanguínea a nível glomerular. Estimula a
secreção de aldosterona, pelo córtex da adrenal que atuará na reabsorção de água e
sódio e na secreção do potássio nos túbulos renais.
3
1.1.4 - Túbulos renais
Os túbulos renais são responsáveis pela reabsorção de substâncias necessárias ao
organismo, filtradas a nível glomerular, e pela excreção das substâncias indesejáveis,
em excesso ou não necessárias fisiologicamente.
Os túbulos renais são divididos nos seguintes segmentos:
a) Túbulos contorcidos proximais
É a mais longa e sinuosa porção do néfron. As células que o revestem são
colunares e cúbicas, apresentando uma zona estriada “borda de escova” na sua
superfície lisa, elevado metabolismo, exibindo grande número de mitocondrias. Sua
função é coletar o ultrafiltrado glomerular da cápsula de Bowman, promovendo a
reabsorção passiva das substâncias úteis ao organismo como a água (75%),
eletrólitos, aminoácidos, vitaminas e glicose. O sódio, potássio e magnésio são
absorvidos ativamente. Quando estas substâncias existem em concentrações elevadas
no plasma, não serão reabsorvidas tubularmente, sendo eliminadas na urina, devido
ao limiar renal para sua reabsorção.
b) Alça de Henle
É a parte interposta entre os túbulos proximais e os distais. Tubo em forma de
U, apresentando a porção descendente e a ascendente. A porção descendente é
delgada e revestida por células epiteliais escamosas simples, já a porção ascendente é
espessa revestida por células cubóides com bordas em escova bem desenvolvidas. A
urina encontrada na alça de Henle é a mais concentrada, sendo a concentração maior
na parte mais baixa da alça, devido ao mecanismo de contracorrente.
A parte descendente é altamente permeável a água e moderadamente
permeável para a uréia, sódio e a maioria de outros ions. Comparativamente a porção
ascendente é impermeável à água e solutos como a uréia e ions.
c) Túbulos contorcidos distais
São menores, menos retorcidos que os proximais. Eles se estendem desde a
terminação da porção ascendente da alça de Henle até os ductos coletores. O papel
dos túbulos distais é principalmente o de reabsorção de sódio, potássio, cloro e ions
divalentes. A permeabilidade à água somente é possível na presença do hormônio
antidiurético (ADH).
d) Ductos coletores
O curso dos ductos coletores vai desde o córtex através da medular e
desembocam na pelve renal. Além de conduzir o fluído de vários néfrons até a pelve,
exerce um papel vital no controle do equilíbrio ácido-básico e na homeostase
potássica, sendo o local primário de ação do hormônio ADH. Seu epitélio é
4
ligeiramente permeável à uréia. Tem uma grande capacidade de secretar ions
hidrogênio.
2) FILTRAÇÃO GLOMERULAR
Fase inicial de formação da urina consiste na produção de grandes quantidades
de ultrafiltrado plasmático, contendo pequena quantidade de proteínas, sendo acelular.
Chegando ao glomérulo pela arteríola aferente, o plasma atravessa a parede
dos capilares glomerulares através de seus poros, cai no espaço envolto pela cápsula
glomerular formando o filtrado glomerular, o qual tem praticamente a mesma
composição química do plasma sanguíneo, exceto pela ausência de proteínas e
células. A arteríola eferente oferece considerável resistência ao fluxo sanguíneo.
Devido à alta pressão no glomérulo, ocorre passagem constante de plasma para o
interior da cápsula glomerular, fenômeno conhecido como filtração glomerular. A
velocidade de filtração glomerular, ou índice de filtração glomerular (IFG) depende do
fluxo sanguíneo a nivel renal.
Apesar da filtração glomerular ter a função de reter substâncias vitais, algumas
delas podem ser eliminadas no filtrado, sendo posteriormente reabsorvidas nos túbulos
proximais.
3) REABSORÇÃO TUBULAR
Mecanismo selecionador das substâncias que escaparam no filtrado glomerular,
aproveitáveis ou não pelo organismo. Logo que o filtrado passa para o túbulo
contorcido proximal, as substâncias úteis ao organismo como a água, os eletrólitos, a
glicose, vitaminas, aminoácidos, deixam o espaço tubular, atravessam o endotélio
tubular e caem na circulação peritubular. Este retorno é chamado reabsorção tubular.
A reabsorção vai depender da concentração plasmática da substância, por isso,
quando elas excedem a quantidade normal no plasma apenas a fração normal é
reabsorvida, com o restante sendo excretado na urina. As substâncias não
reabsorvidas ou reabsorvidas em pequenas quantidades são chamadas substâncias
de baixo limiar (ex. uréia, creatinina). As substâncias necessárias ao organismo são
reabsorvidas em grandes quantidades e são denominadas substâncias de elevado
limiar (ex. água, aminoácidos e glicose).
4) SECREÇÃO TUBULAR
O néfron dispõe de outro mecanismo para eliminar do plasma substâncias e
ions. Consiste na passagem destes elementos, presentes no sangue, dos vasos
peritubulares para o interior dos túbulos, para serem carreadas pelo fluxo, sendo muito
importante na manutenção do equilíbrio ácido-básico, uma vez que controla a secreção
de ions de hidrogênio e participa da reabsorção seletiva de cátions e ânions.
5
II. INTERPRETAÇÃO DO EXAME DE URINA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
O exame de urina de rotina é um procedimento diagnóstico importante na
Medicina Veterinária. Embora não seja tão utilizado na clínica de grandes animais
como o é em pequenos animais, ele é de grande valor no diagnóstico de afecções no
trato urinário, distúrbios metabólicos e afecções em outros órgãos.
Como a urina é um fluído de fácil obtenção na maioria das espécies animais, a
urinálise pode ser facilmente executada como método auxiliar no diagnóstico.
Embora seja de grande valor, seu uso indiscriminadamente na clínica, sem
referência ao problema encarado, com interpretações incorretas, tem levado a uma
depreciação no seu real valor.
Por ser a urina o produto final de um complicado processo fisiológico e
delicadamente equilibrado, muitos mecanismos normais e patológicos podem
influenciar nos resultados. Além de que, inúmeras substâncias tóxicas e hormônios
possam ser detectados na urina através de exames específicos.
Quando pedir um exame de urina:
a) Na presença de sinais clínicos de doença renal ou doença em órgãos urinários;
b) Na suspeita de doenças generalizadas com envolvimento de outros órgãos ou
sistemas;
c) Como exame de triagem nos internamentos, principalmente pós-cirúrgicos;
d) Para acompanhamento clínico do paciente, para estabelecer um prognóstico e para
avaliação de terapias.
1) COLHEITA
Uma colheita adequada é um dos fatores importantes a ser considerado na
interpretação dos resultados finais, bem como o processo de conservação e o período
entre a colheita e a realização do exame, visto que inúmeras alterações ocorrem na
urina com o passar do tempo. O material utilizado para a colheita deve estar limpo,
seco, sem resíduos de detergentes e os catéteres devem estar esterilizados. O volume
de urina necessário para o exame de rotina completo deve ser no mínimo 10 mL. A
colheita deve ser executada pelo menos três vezes ao dia (manhã, meio dia e à tarde),
como isto é difícil, devemos dar preferência para as amostras colhidas pela manhã, por
ser uma amostra mais significativa.
Os principais métodos de colheita utilizados nos animais domésticos são:
a) Durante a micção normal: de fácil execução em bovinos estabulados ou semi-
estabulados. Procurar desprezar os primeiros jatos, visto que estes podem apresentar
maior número de contaminantes.
b) Cateterismo da bexiga: um dos métodos mais utilizados. Usar sondas de material
flexível para os machos e metálica para as fêmeas, de número 4 a 8 de acordo com o
porte do animal. Para equídeos machos com uma sonda flexível mais comprida, tipo
nasogástrica humana, para o cão macho sondas mais finas devido à presença do osso
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peniano. Na vaca, porca, ovelha e cabra estar atento com o divertículo sub-uretral.
Nos ruminantes machos e varrão o cateterismo é impraticável. Deve desprezar os
primeiros jatos, pois estes contêm um grande número de células de debris e
contaminantes da uretra.
c) Massagem na região pré-pubiana e óstio prepucial: utilizada nos grandes
animais, devendo ser desprezado também os primeiros jatos, por serem muito
contaminado.
d) Cistocentese: a punção direta da bexiga é o melhor método para a colheita de
urina em cães e gatos, obtendo assim uma amostra sem contaminação e sem
interferência de fatores externos. Método ideal para colheita de amostras para
urocultura. Utilizar seringas e agulhas normais, estéreis. A punção deve ser
executada após certificar-se de que a bexiga contenha um bom volume de urina
armazenado. Introduzir a agulha mais próximo ao colo da bexiga.
e) Compressão manual da bexiga: utilizado em animais de pequeno porte (cães de
raça pequena e gatos). Aplicamos uma pressão firme e constante com os dedos sobre
a bexiga até que o esfíncter da bexiga se relaxe e a urina seja liberada. Ter cuidado
para evitar ruptura de bexigas muito distendidas e nos casos de obstrução. Obtêm-se
melhores resultados com esta técnica de colheita nas fêmeas, devido à facilidade de
superarmos a resistência e a tensão abdominal do animal.
f) Colheita de urina de 24 horas: este tipo de colheita é utilizado quando
necessitamos de exames mais específicos como a dosagem de determinas
substâncias, ou para avaliar a função renal, como o clearance da uréia, creatinina e
testes de concentração urinária. Nestes casos devem ser utilizadas caixas de colheita
nos pequenos animais e bolsas amarradas ao corpo nos grandes animais, alternativa
são as gaiolas metabólicas. Não esquecer de colocar um conservante adequado no
recipiente de colheita.
Sempre antes da colheita por qualquer método deve ser realizada assepsia
adequada dos órgãos genitais, o material deve ser coletado em frasco limpo e seco,
sem resíduos de detergente e os catéteres devem estar esterilizados.
2) CONSERVAÇÃO
O exame de urina deve ser realizado o mais rapidamente após a colheita,
visto que alterações físicas, químicas e na sedimentoscopia podem ocorrer com o
passar do tempo, principalmente se a amostra for mantida a temperatura ambiente.
Existem algumas determinações que só são fidedignas em amostras de urina recém
colhidas, como a glicose e urobilinogênio. Caso não seja possível a execução do
exame no máximo 30 minutos após a colheita, optar por um dos métodos de
conservação abaixo.
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2.1) Refrigeração (0 a 4º C) é um bom conservante, embora possa causar um ligeiro
aumento da densidade urinária. O congelamento altera totalmente a sedimentoscopia.
A amostra deve ser refrigerada até 30’ após a colheita e pode permanecer na geladeira
até 6 horas. A amostra só deve ser processada após retornar à temperatura ambiente,
pois os aparelhos são calibrados para esta temperatura e a fita reagente demora
desenvolver a coloração em urinas em baixas temperaturas.
2.2) Toluol (tolueno): bom conservante, porém pode interferir nos elementos
anormais.
2.3) Cristais de timol: altera quimicamente a amostra e pode dar albuminúria falso
positivo quando utilizadas técnicas com o ácido nítrico nitroso.
2.4) Formol a 40%: usar l gota/ 25 mL de urina. Ele preserva bem os elementos do
sedimento, embora altere a composição química da amostra, além de interferir com o
resultado de alguns elementos anormais (ex: a glicose).
2.5) INCONVENIENTES DO ARMAZENAMENTO
O armazenamento da urina com ou sem conservantes, pode causar as
seguintes alterações na amostra de urina:
a) Alterações químicas e citológicas;
b) Precipitação dos solutos e sais em suspensão com formação de cristais
(cristalúria);
c) Acelerada multiplicação bacteriana, uma vez que esta é um bom meio de cultura;
d) Alcalinização da urina, quando presentes na urina bactérias produtoras de urease;
e) Autólise de algumas células;
f) Desaparecimento dos cilindros quando a urina estiver alcalina;
g) Desaparecimento da glicose e oxidação do urobilinogênio.
3) URINÁLISE (Uroanálise)
O exame de urina é dividido em três etapas:
a) Exame físico
b) Exame químico qualitativo ou elementos anormais
c) Exame microscópico do sedimento (sedimentoscopia).
3.1) EXAME FÍSICO
1) Volume: o volume varia com a alimentação, clima, ingestão de água,
suplementação de sal, exercício, moléstias sistêmicas e administração de
medicamentos. O volume só tem valor clínico quando colhida durante o período de
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24 horas, como na rotina isto não é fácil, o volume de urina não tem valor
diagnóstico.
Tabela 1 – Volume de urina de 24 nas principais espécies animais (litros/dia)
Espécie animal Oscilação normal Média
Equídeos 2,0 - 11,0 4,7
Bovinos 8,8 - 22,6 14,2
Ovinos e caprinos 0,5 - 2,0 1,0
Suínos 2,0 - 6,0 4,0
Caninos 0,5 - 2,0 1,0
Felinos 0,1 - 0,2 0,15
Causas de poliúria
• Fisiológicas ou transitórias: => terapia diurética;
=> aumento da ingestão de fluídos ou líquidos;
=> após administração de corticóides ou ACTH.
• Patológicas : => nefrite aguda ou crônica;
=> diabetes mellitus, diabete insípidus;
=> fase diurética da nefrose tóxica;
=> glicosúria renal primária,
=> piometra, amiloidose renal avançada;
=> hiperadrenocorticismo, pielonefrite generalizada;
=> hepatopatias graves com polidipsia;
=> Síndrome de Fanconi e feocromocitoma.
Causas de oligúria:
• Fisiológicas: => reduzi da ingestão de líquidos,
=> exercícios físicos intensos, com sudorese intensa,
=> temperatura ambiente elevada;
=> hiperventilação pulmonar (cão).
• Patológicas: => associada a desidratações nos episódios de vômitos, diarréia;
=> nefrites agudas (queda acentuada da pressão sanguínea no
glomérulo);
=> febres prolongadas, disfunção circulatória, edemas;
=> nas enfermidades renais terminais (prognóstico desfavorável);
=> cólica equina, sudorese intensa.
Causas de anúria: bloqueio renal agudo e obstrução da uretra.
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2) Cor: a cor da urina depende da concentração de urocromos, geralmente varia da
amarela claro ao amarelo âmbar. Normalmente é amarela ao ser eliminada, mas nos
herbívoros ela tende a escurecer com o passar do tempo após a colheita,
principalmente nos equídeos, sendo este escurecimento devido à oxidação da
pirocatequina. Equídeos velhos com retenção urinária apresentam a urina de cor
branca leitosa, devido à precipitação de sais de carbonato de cálcio na bexiga e nos
casos de presença de melanina na urina a sua cor pode variar do marron escuro ao
preto.
As principais variações na cor da urina são:
amarelo claro ou incolor visto nas poliúrias;
amarelo escuro ou amarelo âmbar ocorre nas oligúrias;
marron escuro ou castanho visto nas hemoglobinúrias e mioglobinúrias;
amarelo acastanhado ou esverdeada devido à presença de pigmentos biliares
(bilirrubina ou biliverdina), indicando colestase;
vermelho claro indicativo de hemorragias no trato genito urinário;
vermelho escuro ou vermelho vinho indicativo de hematúria;
rosa com fluorescência alaranjada ocorre na porfiria congênita.
Existem alguns medicamentos que quando administrados ao animal, transferem
sua cor para a urina, como o azul de metileno que torna a urina azul-esverdeada e os
fenotiazínicos avermelhada.
3) Odor: o odor da urina se deve à presença dos ácidos orgânicos voláteis nela
presentes, normalmente o odor da urina normal é suigeneris (característico, peculiar).
Nos herbívoros apresenta um odor aromático, nos carnívoros picante. pronunciado e
característico nos machos das espécies caprina, suína e felina.
Odor de acetona é observado na acetonemia, toxemia gravídica e diabetes
mellitus.
Odor amoniacal ocorre nos casos de fermentação patológica na bexiga.
Odor pútrido quando há decomposição ou necrose tecidual no trato genito
urinário.
Alguns medicamentos administrados ao animal transferem seu odor para a
urina.
4) Aspecto: pode ser límpido, turvo ou floculento.
Nos casos normais ela é límpida ou transparente logo após a micção, exceto nos
equídeos onde ela apresenta-se turva devido à grande quantidade de sais de
carbonato de cálcio, podendo inclusive Ter uma consistência viscosa, devido à grande
quantidade de mucina secretada pelas glândulas mucosas da pelve renal e parte
superior dos ureteres, principalmente nas fêmeas. Nos caninos e bovinos ela é límpida
quando eliminada, podendo tornar-se turva com o passar do tempo pela precipitação
dos sais em suspensão.
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Causas de turbidez: aumento das células epiteliais, hemácias, leucócitos, bactérias,
muco, gorduras, cristais e cilindros na urina.
5) Densidade: é definida como sendo o peso da urina em relação à água destilada.
Ela nos irá informar sobre a capacidade dos túbulos renais em concentrar a urina. A
faixa normal de variação da densidade da urina nas espécies animais encontra-se na
Tabela 2.
Isostenúria: urina com densidade entre 1007 a 1015, onde a concentração de solutos
é igual à do filtrado glomerular (< de 300 mOsm/kg).
Hipostenúria: urina com densidade inferior a1007.
Barúria ou normostenúria: urina com densidade superior a 1015 (>300 mOsm/kg).
Causas de aumento da densidade: nefrite aguda, cistite (restos celulares), diabetes
mellitus, redução da ingestão de líquidos, desidratação, vômitos e diarréia prolongada,
processos febris, choque hipovolêmico, queimaduras, insuficiências cardíacas
congestivas e isquemia renal.
Causas de diminuição da densidade: nefrite intersticial crônica, fase diurética da
nefrose tóxica, diabete insípidus, uremia avançada, piometra com polidipsia, ingestão
excessiva de líquidos, fluidoterapia, corticoterapia e uso de diuréticos.
3.2) EXAME QUÍMICO QUALITATIVO OU ELEMENTOS ANORMAIS
No exame químico da urina avaliam-se os elementos abaixo relacionados.
1. Reação (pH): o pH urinário está relacionado com a alimentação e com a capacidade
dos rins em eliminar álcalis e ácidos não voláteis. Nos carnívoros, nos animais
lactentes ou naqueles com dieta rica em grãos de cereais, a urina tem pH ácido devido
à presença de fosfatos ácidos de cálcio e sódio. Nas dietas ricas em carbohidratos,
nos herbívoros a urina é normalmente alcalina devido à presença de carbonato de
cálcio solúvel.
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Tabela 2. Faixa normal de variação do pH e densidade específica da urina nas
principais espécies animais.
Espécie animal Reação (pH) Densidade específica
Equina 7,0 - 8,0 1020 a 1050
Bovina 7,4 - 8,4 1025 a 1045
Ovina e caprina 7,0 - 8,0 1015 a 1045
Suína 5,5 - 8,5 1010 a 1030
Canina 5,5 - 7,5 1014 a 1045
Felina 6,0 - 7,5 1020 a 1040
Homem 4,8 - 7,5 1010 a 1030
Urina ácida: normal nos carnívoros, bezerros e potros lactentes, jejuns prolongados,
dieta com excesso de proteínas, inanição, febre, cetose bovina, acidose metabólica e
respiratória, atividade muscular intensa, doenças caquetizantes, enterites infecciosas,
nefrites, pielonefrites, terapia acidificante com fosfato ácido de cálcio, cloreto de sódio,
metionina e cloreto de cálcio.
Urina alcalina: normal nos herbívoros, dietas vegetais, cistites, retenção urinária,
absorção de transudatos, alcalose respiratória e metabólica, terapia alcalina
(bicarbonato de sódio, lactato de sódio, citrato de sódio, carbonato de cálcio solúvel).
2) Proteínas: as proteínas, principalmente a albumina normalmente não atravessam a
membrana glomerular. Uma pequena quantidade que atravessa é logo em seguida
reabsorvida nos túbulos renais. A quantidade que consegue escapar junto com a urina
é tão pequena que não é detectada pelas provas laboratoriais de rotina. Nos tumores
como o mieloma das células plasmáticas (ou plasmocitoma), ocorre o escape de uma
proteína de baixo peso molecular através do glomérulo, denominada proteína de
Bence Jones (é uma paraproteína). A proteinúria deve ser sempre avaliada com
relação a outros achados como cilindrúria, piúria e hematúria. Proteinúria com
cilindrúria sugere perda protéica glomerular como nefropatias, já a proteinúria sem
cilindrúria com bacteriúria e piúria sugere inflamação pós-renal.
a) Proteinúria fisiológica: devido a um aumento temporário da permeabilidade
glomerular devido a estresse, convulsões, emoção, atividade muscular intensa, dieta
com excesso de proteínas, processos febris, durante o estro e nos animais recém-
nascidos.
b) Proteinúria patológica renal: nefrite aguda, nefrite crônica, nefroses, pielonefrites,
amiloidose renal, estase renal, anemia infecciosa equina, intoxicações por arsênico,
fósforo, chumbo, mercúrio, éter e sulfas.
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c) Proteinúria patológica pós-renal: pielites, ureterites, cistites, urolitíases,
prostatites, abscessos prostáticos, uretrites, vaginites e contaminação da urina por
descargas uterinas, vaginais e prepuciais.
3) Acetona: a presença de corpos cetônicos na urina é denominada cetonúria. Ela é
observada nos cães e gatos acometidos por diabetes mellitus, febre, inanição e jejuns
prolongados, submetidos a dietas ricas em gorduras. Nos bovinos e equínos ocorre
além das condições citadas acima na atonia rumenal, cetose dos bovinos (bovinos de
leite), ingestão de pasto com grande quantidade de palha e pobre em carbohidratos
digeríveis, febre vitular, hipoglicemia (vaca), parto gemelar em ovelhas e toxemia
gravídica.
4) Glicose: a glicose não é normalmente encontrada na urina dos animais de grande
porte, a não ser nos casos em que a glicemia ultrapasse o limiar renal, que nos
ruminantes é de 100 a 140 mg/dL e nos equídeos de 160 a 180 mg/dL e nos caninos e
felinos 180 mg/dL. A glicosúria pode ser metabólica, quando associada a uma
hiperglicemia e renal quando associada à normoglicemia.
a) Causas de glicosúria fisiológica ou passageira: dietas ricas em glicides,
exercícios intensos, excitação, choque, convulsões, anestesia geral, asfixia, terapia
com corticóides, adrenalina, soluções glicosadas e glicosúria da gravidez.
b) Causas de glicosúria patológica: diabetes mellitus, necrose pancreática,
hipertireoidismo, afecções crônicas do fígado, hiperadrenocorticismo,
hiperpituitarismo, raiva, encefalopatias, traumas cranianos, nefrites crônicas com
lesão tubular e feocromocitoma, glicosúria iatrogênica.
c) Causas de glicosúria falsa ou acidental: devido à presença na urina de drogas
que reagem com o reativo dando reações falso positivas como: lactose,
antibióticos, ácido ascórbico, morfina, pentoses, hidrato de coral, formaldeido e
salicilatos.
5) Sangue oculto: a pesquisa de sangue oculto na urina pode detectar a presença de
hematúria, mioglobinúria e hemoglobinúria.
a) Causas de hematúria: nefrites hemorrágicas, nefroses, enfartes renais, neoplasias,
cálculos uretrais, vesicais, pielites, pielonefrites hemorrágicas, traumatismo por
cateterismo, uretrites, cistites hemorrágicas, hematúria enzootica dos bovinos,
ação de agentes químicos (Cu, Hg, sulfas), intoxicação por warfarina nos
equídeos, veneno de cobra, coagulopatias (CID, warfarina, dicumarínicos,
trombocitopenias) e parasitoses renais.
b) Causas de hemoglobinúria: hemoglobinúria pós-parto nos bovinos,
hemoglobinúria bacilar, leptospirose, hematozoários, isoeritrólise neonatal,
13
fotossensibilização, intoxicação por cobre, mercúrio, mamona, azevém,
incompatibilidade sanguínea e veneno de cobra.
c) Causas de mioglobinúria: lesão muscular, exercícios prolongados, rabdomioses e
azotúria nos equídeos.
As hemácias podem romper-se em urinas muito diluídas, ou em urina mantida à
temperatura ambiente por um longo período antes da análise dando hemoglobinúria in
vitro.
Uma maneira simples de diferenciar laboratorialmente a mioglobinúria da
hemoglobinúria é através da precipitação da mioglobina em solução saturada de
sulfato de amônia a 80%, o que não ocorre com a hemoglobina.
Reações falso positivas para sangue oculto pode ocorrer se presente na urina,
contaminantes oxidativos ou peroxidases bacterianas que reduzem o reativo.
6) Bilirrubina (Pigmentos biliares): formada (os) a partir da hemoglobina, resultante
da destruição dos eritrócitos. A colibirrubina é eliminada em pequena quantidade via
renal devido ao limiar renal para a bilirrubina.
HEMOGLOBINA
globina
Reutilização HEME
ferro ←←←← heme oxigenase
BILIVERDINA
←←←← bilirrubina redutase
BILIRRUBINA
←←←← glucuronil-transferase
DIGLUCURONIL - BILIRRUBINA
Ciclo BILE
Entero
Hepático UROBILINOGÊNIO URINA
e
ESTERCOBILINOGÊNIO FEZES
Fig. 1. Esquema de metabolismo, formação e excreção da bilirrubina e
urobilinogênio.
14
Causas de bilirrubinúria: doenças hemolíticas causadas por hemoparasitos, tóxicos,
isoeritrólise neonatal, insuficiência hepática colestática, distúrbios venosos portos
sistêmicos, colangio-hepatite, colelitíase e obstrução intestinal.
7) Urobilinogênio e urobilina: o urobilinogênio é formado pela ação das bactérias
intestinais sobre a colibirrubina, sendo parte excretada nas fezes e parte reabsorvida, a
qual será retirada da circulação porta pelo fígado e excretada na urina. Cães e gatos
apresentam até 1/32 de urobilinogênio na urina. O urobilinogênio após excretado na
urina em contato com o ar oxida-se dando origem a urobilina.
a) Causas de aumento do urobilinogênio na urina: hepatites, cirrose hepática,
doenças hemolíticas, distúrbios venosos porto sistêmico (Shunt venoso porto cava).
b) Causas de diminuição ou ausência do urobilinogênio urinário: obstrução dos
ductos biliares, redução da hemocaterese, uso de antibióticos principalmente por via
oral, diarréias e nefrites crônicas.
8) Indican: deriva-se do indol que é um produto da putrefação protéica no organismo
(instestino). O indol origina-se da putrefação e decomposição de proteínas organismo
(intestinos), é absorvido pela circulação, vai ao fígado onde é oxidado formando o
indoxil que após combinar com sulfato de potássio da origem ao indoxil sulfato de
potássio ou indican que é a forma eliminada na urina.
A indicanúria tem valor diagnóstico questionável por alguns autores,
principalmente para herbívoros, onde sua eliminação é maior, enquanto que nos
carnívoros, sua eliminção ocorre em pequenas quantidades ou mesmo nem ocorre nos
animais saudáveis. Sua detecção na urina é feita pelo reativo de Obermayer.
HCl + INDOL + H2O2 índigo azul (Indican).
Causas de indicanúria: constipação intestinal, obstrução intestinal, indigestão,
gastrites, enterites, redução do fluxo biliar (colestases), dieta rica em proteína,
decomposição protéica em outros locais como nos grandes abscessos, empiemas,
peritonites e gangrenas.
9) Sais biliares: na bile normalmente são excretados sais sódicos dos ácidos
glicocólico e taurocólico, resultantes da combinação do ácido cólico com a glicina e
taurina respectivamente.
Condições em que encontramos sais biliares na urina: nas icterícias tanto a
hemolítica como a obstrutiva, hepatopatias e distúrbios venosos portos sistêmicos.
15
3.2) EXAME MICROSCÓPICO DO SEDIMENTO (SEDIMENTOSCOPIA)
O sedimento urinário é constituído dos elementos sólidos existentes na amostra
de urina, que se depositam no fundo do tubo após a centrifugação da amostra. É
geralmente examinado a fresco, embora possa ser utilizada alguma técnica rápida de
coloração para facilitar a visualização e identificação das estruturas. A amostra de
urina para a sedimentoscopia deve ser recente, visto que a demora (mais de duas
horas) para examiná-la causa fragmentação de certos elementos, principalmente nas
urinas alcalinas, nas urinas muito diluídas com densidade muito baixa, pode ocorrer
lise de muitas células presentes na urina.
Os elementos observados microscopicamente no exame do sedimento urinário
podem ser divididos em duas categorias:
• os elementos organizados
• os elementos inorganizados.
3.3.1) Elementos organizados
3.3.1.1) Células epiteliais
a) Células epiteliais escamosas são grandes, bordos angulosos e irregulares,
núcleos pequenos. Originam do epitélio vaginal, mucosa prepucial e uretra distal.
b) Células epiteliais de transição são menores que as epiteliais escamosas e
maiores que as do epitélio renal. Tem a forma oval, de fuso, de raquete ou de pêra.
Originam-se da uretra proximal, bexiga, ureteres, bacinetes e pelve renal. Podem
apresentar agrupadas em amostras colhidas através de cateterismo, tem pouco valor
diagnóstico.
c) Células do epitélio dos túbulos renais são pequenas, arredondadas,
citoplasma granuloso, pouco maior que os leucócitos. Gealmente apresentam
degeneradas e são de difícil identificação. Originam-se do epitélio dos túbulos renais,
indicando uma descamação tubular. Podem ser confundidas com leucócitos.
CAUSAS DA PRESENÇA DE CÉLULAS EPITELIAIS NA URINA
renais : degeneração tubular aguda
intoxicação renal
isquemia renal
processo inflamatório
pelve pielite, pielonefrite
vesicais cistite, cateterização agressiva
uretrais uretrite, cateterização agressiva
tumorais diagnóstico por morfologia citológica do sedimento
16
3.3.1.2) Eritrócitos: são redondos e refrateis internamente, assemelham-se a gotas de
gorduras. Sua forma no sedimento depende da densidade urinária, e do pH. Nas
densidades entre 1015 a 1035 aprecem na forma de disco bicôncavo, nas urinas muito
diluídas (densidade < 1010), podem sofrer lise ou tornar-se vazias e túrgidas (em
forma de anel), já nas urinas muito concentradas (>1035) podem estar crenadas. Nas
urinas muito alcalinas elas podem sofrer lise. Mais de 4 a 5 hemácias por c.g.a
(objetiva de 40) indica hemorragia.
3.3.1.3) Leucócitos: são redondos e com o citoplasma granular, maiores que os
eritrócitos e menores que as células renais. Degeneram na urina envelhecida e são
difíceis de serem preservados. Mais de 5 a 8 leucócitos por c.g.a indica piúria e
inflamação das vias geniturinárias.
CAUSAS DE LEUCOCITÚRIA
Inflamações renais como nefrite, glomérulo-nefrite, pielonefrite
Inflamações do trato urinário baixo como uretrite, cistite
Inflamações do trato genital como vaginite, prostatite, metrite
3.3.1.4) Cilindros
São moldes protéicos dos túbulos uriníferos, formados a partir da proteína que
atravessa a membrana glomerular. São constituídos primariamente de uma matriz
protéica ou mucoprotéica, associada a produtos da degeneração tubular ou celular que
são incorporados à matriz. Sua presença na urina é indicativa de néfrons inativos,
embora apenas a presença destes não seja indicativa de enfermidade renal. Sua
formação é mais frequente nos ramos descendentes da alça de Henle e túbulos
contorcidos distais, pois nestas porções a urina atinge densidades e acidez máximas,
favorecendo sua formação. Podem também ser formados nos tubulos coletores,
indicando neste caso uma lesão mais avançada de prognóstico geralmente
desfavorável (são os chamados cilindros largos).
Uma grande quantidade de cilindros é observada na urina de animais que
tiveram seus rins afuncionais, tão logo suas funções retornarem ao normal, é a
chamada fase de lavagem dos túbulos.
Os principais tipos de cilindros que podemos observar no exame do sedimento
urinário estão abaixo relacionados.
a) Hialinos: são formados exclusivamente de uma proteína geralmente a albumina e
de uma mucoproteína, são incolores, homogêneos e semitransparentes, são solúveis
em urina alcalina, não sendo comum na urina dos herbívoros. Não valor diagnóstico,
sua presença indica uma irritação renal, podendo ser encontrado em pequeno número
na urina normal, sendo também encontrados em casos de albuminúria fisiológica,
irritação renal, nefrites crônicas e processos febris.
b) Epiteliais: são os cilindros hialinos contendo no seu interior células do epitélio
tubular íntegras. O número de células no seu interior é variável. Ocorrem nas nefrites
17
agudas, nefroses, nas degenerações do epitélio tubular. A gravidade do processo é
proporcional ao número de cilindros por campo e ao número de células no seu interior.
c) Granulosos: são cilindros contendo no seu interior grânulos de tamanhos variados.
Grânulos estes oriundos da desintegração das células epitelias, dos eritrócitos e dos
leucócitos. Ocorre nas nefrites agudas, nefrites subagudas, nefroses por isquemia ou
nefrotoxicoses, nas nefrites crônicas são menos abundantes.
d) Céreos ou cerosos: são formações largas, homogêneas, opacas, constituídas de
substância amorfa, fosca semelhante à cera. Apresentam as extremidades fraturadas
ou rombas. Sua presença indica cronicidade, estados renais graves, amiloidose renal
e degeneração renal. São os cilindros granulosos envelhecidos e degenerados.
e) Gordurosos: são cilindros que contêm no seu interior numerosas gotículas de
gordura altamente refrigentes. Ocorre nas doenças degenerativas do epitélio dos
túbulos renais como metamorfose gordurosa tubular, envenenamento por fósforo e
arsênico, lipidose tubular, nefropatias em gatos e diabetes mellitus no cão.
f) Hemáticos (hemorrágicos ou eritrocíticos): são cilindros contendo no seu interior
grande número de hemácias integras. Ocorre nas nefrites agudas hemorrágicas e nas
hemorragias nos túbulos renais.
g) Leucocitários ou purulentos: são cilindros contendo no seu interior um grande
número de leucócitos ou piócitos. Sua presença indica uma nefrite supurada,
pielonefrite supurada e abscessos renais.
Não confundi-los com os chamados cilindróides de pus, que são massas
alongadas de muco ou proteína com leucócitos aderidos à sua superfície.
h) Cilindros largos: são os cilindros formados nos tubulos coletores maiores,
indicando um maior número de néfrons afuncionais. Aparecem nos estágios mais
avançados ou terminais das doenças renais, sendo considerados os cilindros da
falência renal. Eles podem ser hialinos, granulosos, cerosos, etc.
i) Cilindróides: são estruturas que aparecem na urina mimetizando grosseiramente os
cilindros. Assemelham-se aos cilindros hialinos, porém são mais curtos com uma das
extremidades terminando em filamento. São formados na maioria das vezes por muco,
embora possa conter fibrina. Não tem valor diagnóstico.
e(3.3.1.5) Muco
Pode aparecer na forma de fitas (a mais comum) ou de filamentos estreitos e
retorcidos de aparência homogênea. È normal na urina dos eqüídeos principalmente
das fêmeas, nas demais espécies quando em grande quantidade indica irritação na
uretra, bexiga ou contaminação da urina com secreções dos órgãos do sistema genital.
18
3.3.1.6) Espermatozóides
Podem ser encontrados normalmente na urina do cão. Nas demais espécies é
indicativo de espermatorréia. Não tem valor diagnóstico.
3.3.1.7) Bactérias
Observadas na forma de pequenos cocos ou bastão, com movimentos próprios
ou se movimentando pelo movimento browniano. Pode ser devido a uma infecção ou
mais comumente devido à contaminação. Se devido à infecção ocorre associada a
uma piúria ou a um grande número de leucócitos no sedimento urinário.
3.3.1.8) Leveduras (fungos)
São estruturas arredondadas ou ovóides, de paredes duplamente refráteis,
maiores que as bactérias e menores que os eritrócitos. Quando encontradas são
devido na maioria das vezes à contaminação, raramente causam infecções.
3.3.1.9) Protozoários
São raras as infecções urinárias causadas por protozoários. Geralmente são
contaminantes, oriundas das fezes ou de secreções do trato genital (Trichomonas).
3.3.1.10) Parasitas
Podemos encontrar no sedimento urinário, ovos de alguns parasitas como:
Capillaria plica parasita da bexiga do cão, gato e raposa;
Stephanurus dentatus parasita renal de suíno;
Dioctophyme renale parasita renal do cão, lobo e visão.
Outros ovos podem ser encontrados no sedimento urinário, porém devido
contaminação da urina com fezes.
3.3.2) Elementos inorganizados
3.3.2.1) Cristais
Os cristais são formados pela precipitação dos sais em suspensão na urina.
Podem ser formados no trato urinário (in vivo) ou no recipiente após a colheita (in
vitro), geralmente é um achado inespecífico, raramente tendo valor diagnóstico. A
precipitação dos sais depende do pH urinário e da solubilidade dos cristalóides. A
identificação microscópica dos cristais às vezes é difícil, porque eles podem Ter
morfologia semelhante, podem modificar com as alterações no pH urinário e com o
passar do tempo. Quando da presença de urolitíase os tipos de cristais encontrados na
urina podem auxiliar na identificação da natureza mineral do cálculo. Alguns
medicamentos podem causar cristalúria com as sulfas, aspirina e ácido ascórbico.
19
Tabela 3. Tipos de cristais observados com frequência no sedimento urinário
dos animais domésticos
Tipo de cristal pH da urina Significado
Ácido úrico ácido Comum nos dálmatas, urolitíases.
Ácido hipúrico ácido Envenenamento por etilenoglicol
Uratos de amônia ácido Hepatopatias, shunt venoso porto-cava.
Biuratos de amônia ácido Hepatopatias, shunt venoso porto-cava.
Cistina ácido Distúrbio no metabolismo protéico, cistinúria
congênita e cálculos de cistina no cão.
Bilirrubina ácido Insuficiência hepática, colestase, distúrbio
venoso porto-sistêmico.
Oxalato de cálcio ácido Urolitíases.
Leucina e tirosina ácido Nefropatias agudas, hepatopatias e intox. por
fósforo, clorofórmio e tetracloreto de carbono.
Colesterina ácido Raros, ocorre nas quilúrias.
Carbonato de
cálcio
alcalino Comum nos equídeos, urolitíases.
Fosfatos amorfos alcalino Urolitíases.
Fosfatos triplos
(estruvita)
alcalino Cistite e retenção urinária.
3.3.2.2) Gorduras: podem ser observadas no sedimento urinário gotas de gordura, de
formas arredondadas, de vários tamanhos e altamente refringentes. Coram pelo sudan
III em vermelho ou laranja.
Causas de lipúria: lubrificação do catéter;
metamorfose gordurosa das células dos túbulos renais (gatos);
obesidade;
normal no gato (lipúria fisiológica);
dietas ricas em gorduras, hipotireoidismo;
diabetes mellitus.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CARLSON, G.P. Testes de química clínica. In: SMITH, B.P. (ed.) Tratado de medicina
interna de grandes animais. São Paulo: Manole, 1993. V. 1, p. 395-427.
COLES, E.H. Patologia clínica veterinária. 3 ed. São Paulo: Manole Ltda., 1984. 566
p.
DUNCAN, J. R., PRASSE, K. W. Patologia clinica veterinária. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1982. 217p.
20
FERREIRA NETO, J. M., VIANA, E. S., MAGALHÃES, L. M. Patologia clinica
veterinária. Belo Horizonte: Rabelo Ltda, 1982. 279p.
FINCO, D.R. Kidney function. In: KANEKO, J.J. (ed) Clinical biochemistry of
domestic animals. 4 ed. San Diego: Academic Press, Inc., 1989. p. 496-537.
GANS, J.H., MERCER, P.F. Rins. In: DUKES, H.H. Fisiologia dos animais
domésticos. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. p. 445-468.
GARCIA-NAVARRO, C.E.K. Manual de urinálise veterinária. São Paulo: Varela Ltda.,
1996. 95 p.
RUCKEBUSCH, Y., PHANEUF, L.P. DUNLOP, R. Physiology of small and large
animals. Philadelphia: B.C. Decker Inc., 1991. 911 p.
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Morfologia renal e interpretação da urina

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA Patologia Clínica Veterinária GMV 024. MORFOFISIOLOGIA RENAL E INTERPRETAÇÃO DO EXAME DE URINA Prof. Dr. Antonio Vicente Mundim. Uberlândia - MG 2010
  • 2. 1 I MORFOFISIOLOGIA RENAL Os rins são os principais órgãos responsáveis pela regulação do meio interno do corpo, sendo a urina o produto final desta atividade reguladora. Os rins são responsáveis pela: 1) Eliminação do excesso de água formada no corpo ou nele introduzida; 2) Eliminação dos elementos inorgânicos, de acordo com as necessidades do organismo; 3) Eliminação de subprodutos terminais não voláteis decorrentes da atividade metabólica; 4) Retenção no interior do corpo, das substâncias necessárias às funções vitais como aminoácidos, hormônios, vitaminas, proteínas, glicose e outros; 5) Eliminação de substâncias tóxicas exógenas; 6) Formação e excreção de substâncias como ions hidrogênio e amônia; 7) Eliminação de medicamentos e drogas ingeridas. Os rins desempenham um significativo papel na homeostase corporal, ajudando a manter a integridade fisiológica do volume de líquido extracelular, na remoção dos produtos resultantes do catabolismo e de certas substâncias tóxicas. Normalmente a morte ocorre, uma semana após cessadas as funções renais, quando as perdas são parciais, ocorrem desvios variados na fisiologia normal, dependendo da quantidade de tecido funcional remanescente. Importantes substâncias endócrinas são secretadas pelos rins, entre elas a eritropoietina, uma glicoproteina produzida pelas células intersticiais e/ou endoteliais dos capilares peritubulares, importante na regulação da hematopoiese normal. Sendo também produzida no fígado em outras espécies animais que não a canina. Outra glicoproteina, a renina, é produzida pelas células do aparelho justaglomerular, a qual está envolvida na regulação da pressão sanguínea a nível glomerular, e na secreção de aldosterona pelo córtex da adrenal, responsável pela reabsorção de sódio e consequentemente água. Responsável pela hidroxilação da vitamina D para sua forma ativa, convertendo o 25-hidroxicolecalciferol de origem hepática em 1,25-diidroxicolecalciferol, importante na absorção intestinal de cálcio. Secreção de prostaglandinas pelas células do interstício dos ductos coletores e da parede das artérias renais, importante nos períodos de hipotensão. Os rins respondem também pela ativação e inativação de vários hormônios, incluindo o hormônio antidiurético (ADH), paratormônio (PTH), aldosterona e hormônios do crescimento, prolactina, gastrina, calcitonina e tireotrofinas. Esta função torna-se importante, uma vez que em casos de insuficiência renal, a retenção hormonal pode ocasionar ou exacerbar crises urêmicas. A integração das funções renais endócrinas e excretoras se dá através da inter-relação com o sistema nervoso central e endócrino. Os rins dos animais têm a forma de feijão, possuindo uma depressão na margem côncava, que é o hilo renal, onde penetram vasos e nervos e saem os ureteres, linfáticos e vasos.
  • 3. 2 1) NÉFRON Unidade morfo-funcional do rim, sendo formado pelo glomérulo, cápsula glomerular, túbulos contorcidos, alça de Henle e ductos coletores ou de Bellini que levam a urina já formada até a pelve renal, interstício e vasos. Os rins dos mamíferos possuem dois tipos de néfrons: 1. Néfrons de alça longa - originam nas camadas justamedular e médio cortical, suas alças atingem a camada medular interna e externa. 2. Néfrons de alça curta - originam-se na camada cortical superficial, suas alças não atingem a camada medular, são portanto curtos. Os néfrons originários da camada médio-cortical podem ser de alça longa ou curta. A maioria das espécies animais tem os dois tipos de néfrons. O castor e o rato possuem somente néfrons curtos, já o cão e o gato possuem apenas néfrons longos. 1.1) PRINCIPAIS COMPONENTES DO NÉFRON 1.1.1 - Glomérulo Unidade filtrante, composto de uma rede de capilares enovelados, localizados na terminação da arteríola aferente e que se acha envolta pela cápsula glomerular, de onde se originam os túbulos contorcidos proximais. Sua função é a de filtração de parte do plasma que passa pelos rins (aproximadamente 1/5 do plasma que chega ao glomérulo). Como resultado da filtração surge-se um ultrafiltrado com composição, osmolaridade, semelhante a do plasma. Todos os glomérulos se originam na camada cortical. 1.1.2 - Cápsula glomerular Também denominada cápsula de Bowman, é um fundo cego distendido do túbulo proximal que se evagina ao redor do glomérulo, quase o circundando por inteiro. Ele tem a função de armazenar o filtrado glomerular e encaminhá-lo aos túbulos contorcidos proximais. 1.1.3 - Aparelho justaglomerular É um grupo de células mioepiteliais com algumas características de músculo liso que circundam as arteríolas. Responsável pela produção de renina, a qual é secretada na circulação quando a pressão sanguínea na arteríola aferente cai. No sangue, ela atua na globulina angiotensinogênica, produzindo angiotensina que atua como vasoconstrictor, aumentando a pressão sanguínea a nível glomerular. Estimula a secreção de aldosterona, pelo córtex da adrenal que atuará na reabsorção de água e sódio e na secreção do potássio nos túbulos renais.
  • 4. 3 1.1.4 - Túbulos renais Os túbulos renais são responsáveis pela reabsorção de substâncias necessárias ao organismo, filtradas a nível glomerular, e pela excreção das substâncias indesejáveis, em excesso ou não necessárias fisiologicamente. Os túbulos renais são divididos nos seguintes segmentos: a) Túbulos contorcidos proximais É a mais longa e sinuosa porção do néfron. As células que o revestem são colunares e cúbicas, apresentando uma zona estriada “borda de escova” na sua superfície lisa, elevado metabolismo, exibindo grande número de mitocondrias. Sua função é coletar o ultrafiltrado glomerular da cápsula de Bowman, promovendo a reabsorção passiva das substâncias úteis ao organismo como a água (75%), eletrólitos, aminoácidos, vitaminas e glicose. O sódio, potássio e magnésio são absorvidos ativamente. Quando estas substâncias existem em concentrações elevadas no plasma, não serão reabsorvidas tubularmente, sendo eliminadas na urina, devido ao limiar renal para sua reabsorção. b) Alça de Henle É a parte interposta entre os túbulos proximais e os distais. Tubo em forma de U, apresentando a porção descendente e a ascendente. A porção descendente é delgada e revestida por células epiteliais escamosas simples, já a porção ascendente é espessa revestida por células cubóides com bordas em escova bem desenvolvidas. A urina encontrada na alça de Henle é a mais concentrada, sendo a concentração maior na parte mais baixa da alça, devido ao mecanismo de contracorrente. A parte descendente é altamente permeável a água e moderadamente permeável para a uréia, sódio e a maioria de outros ions. Comparativamente a porção ascendente é impermeável à água e solutos como a uréia e ions. c) Túbulos contorcidos distais São menores, menos retorcidos que os proximais. Eles se estendem desde a terminação da porção ascendente da alça de Henle até os ductos coletores. O papel dos túbulos distais é principalmente o de reabsorção de sódio, potássio, cloro e ions divalentes. A permeabilidade à água somente é possível na presença do hormônio antidiurético (ADH). d) Ductos coletores O curso dos ductos coletores vai desde o córtex através da medular e desembocam na pelve renal. Além de conduzir o fluído de vários néfrons até a pelve, exerce um papel vital no controle do equilíbrio ácido-básico e na homeostase potássica, sendo o local primário de ação do hormônio ADH. Seu epitélio é
  • 5. 4 ligeiramente permeável à uréia. Tem uma grande capacidade de secretar ions hidrogênio. 2) FILTRAÇÃO GLOMERULAR Fase inicial de formação da urina consiste na produção de grandes quantidades de ultrafiltrado plasmático, contendo pequena quantidade de proteínas, sendo acelular. Chegando ao glomérulo pela arteríola aferente, o plasma atravessa a parede dos capilares glomerulares através de seus poros, cai no espaço envolto pela cápsula glomerular formando o filtrado glomerular, o qual tem praticamente a mesma composição química do plasma sanguíneo, exceto pela ausência de proteínas e células. A arteríola eferente oferece considerável resistência ao fluxo sanguíneo. Devido à alta pressão no glomérulo, ocorre passagem constante de plasma para o interior da cápsula glomerular, fenômeno conhecido como filtração glomerular. A velocidade de filtração glomerular, ou índice de filtração glomerular (IFG) depende do fluxo sanguíneo a nivel renal. Apesar da filtração glomerular ter a função de reter substâncias vitais, algumas delas podem ser eliminadas no filtrado, sendo posteriormente reabsorvidas nos túbulos proximais. 3) REABSORÇÃO TUBULAR Mecanismo selecionador das substâncias que escaparam no filtrado glomerular, aproveitáveis ou não pelo organismo. Logo que o filtrado passa para o túbulo contorcido proximal, as substâncias úteis ao organismo como a água, os eletrólitos, a glicose, vitaminas, aminoácidos, deixam o espaço tubular, atravessam o endotélio tubular e caem na circulação peritubular. Este retorno é chamado reabsorção tubular. A reabsorção vai depender da concentração plasmática da substância, por isso, quando elas excedem a quantidade normal no plasma apenas a fração normal é reabsorvida, com o restante sendo excretado na urina. As substâncias não reabsorvidas ou reabsorvidas em pequenas quantidades são chamadas substâncias de baixo limiar (ex. uréia, creatinina). As substâncias necessárias ao organismo são reabsorvidas em grandes quantidades e são denominadas substâncias de elevado limiar (ex. água, aminoácidos e glicose). 4) SECREÇÃO TUBULAR O néfron dispõe de outro mecanismo para eliminar do plasma substâncias e ions. Consiste na passagem destes elementos, presentes no sangue, dos vasos peritubulares para o interior dos túbulos, para serem carreadas pelo fluxo, sendo muito importante na manutenção do equilíbrio ácido-básico, uma vez que controla a secreção de ions de hidrogênio e participa da reabsorção seletiva de cátions e ânions.
  • 6. 5 II. INTERPRETAÇÃO DO EXAME DE URINA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS O exame de urina de rotina é um procedimento diagnóstico importante na Medicina Veterinária. Embora não seja tão utilizado na clínica de grandes animais como o é em pequenos animais, ele é de grande valor no diagnóstico de afecções no trato urinário, distúrbios metabólicos e afecções em outros órgãos. Como a urina é um fluído de fácil obtenção na maioria das espécies animais, a urinálise pode ser facilmente executada como método auxiliar no diagnóstico. Embora seja de grande valor, seu uso indiscriminadamente na clínica, sem referência ao problema encarado, com interpretações incorretas, tem levado a uma depreciação no seu real valor. Por ser a urina o produto final de um complicado processo fisiológico e delicadamente equilibrado, muitos mecanismos normais e patológicos podem influenciar nos resultados. Além de que, inúmeras substâncias tóxicas e hormônios possam ser detectados na urina através de exames específicos. Quando pedir um exame de urina: a) Na presença de sinais clínicos de doença renal ou doença em órgãos urinários; b) Na suspeita de doenças generalizadas com envolvimento de outros órgãos ou sistemas; c) Como exame de triagem nos internamentos, principalmente pós-cirúrgicos; d) Para acompanhamento clínico do paciente, para estabelecer um prognóstico e para avaliação de terapias. 1) COLHEITA Uma colheita adequada é um dos fatores importantes a ser considerado na interpretação dos resultados finais, bem como o processo de conservação e o período entre a colheita e a realização do exame, visto que inúmeras alterações ocorrem na urina com o passar do tempo. O material utilizado para a colheita deve estar limpo, seco, sem resíduos de detergentes e os catéteres devem estar esterilizados. O volume de urina necessário para o exame de rotina completo deve ser no mínimo 10 mL. A colheita deve ser executada pelo menos três vezes ao dia (manhã, meio dia e à tarde), como isto é difícil, devemos dar preferência para as amostras colhidas pela manhã, por ser uma amostra mais significativa. Os principais métodos de colheita utilizados nos animais domésticos são: a) Durante a micção normal: de fácil execução em bovinos estabulados ou semi- estabulados. Procurar desprezar os primeiros jatos, visto que estes podem apresentar maior número de contaminantes. b) Cateterismo da bexiga: um dos métodos mais utilizados. Usar sondas de material flexível para os machos e metálica para as fêmeas, de número 4 a 8 de acordo com o porte do animal. Para equídeos machos com uma sonda flexível mais comprida, tipo nasogástrica humana, para o cão macho sondas mais finas devido à presença do osso
  • 7. 6 peniano. Na vaca, porca, ovelha e cabra estar atento com o divertículo sub-uretral. Nos ruminantes machos e varrão o cateterismo é impraticável. Deve desprezar os primeiros jatos, pois estes contêm um grande número de células de debris e contaminantes da uretra. c) Massagem na região pré-pubiana e óstio prepucial: utilizada nos grandes animais, devendo ser desprezado também os primeiros jatos, por serem muito contaminado. d) Cistocentese: a punção direta da bexiga é o melhor método para a colheita de urina em cães e gatos, obtendo assim uma amostra sem contaminação e sem interferência de fatores externos. Método ideal para colheita de amostras para urocultura. Utilizar seringas e agulhas normais, estéreis. A punção deve ser executada após certificar-se de que a bexiga contenha um bom volume de urina armazenado. Introduzir a agulha mais próximo ao colo da bexiga. e) Compressão manual da bexiga: utilizado em animais de pequeno porte (cães de raça pequena e gatos). Aplicamos uma pressão firme e constante com os dedos sobre a bexiga até que o esfíncter da bexiga se relaxe e a urina seja liberada. Ter cuidado para evitar ruptura de bexigas muito distendidas e nos casos de obstrução. Obtêm-se melhores resultados com esta técnica de colheita nas fêmeas, devido à facilidade de superarmos a resistência e a tensão abdominal do animal. f) Colheita de urina de 24 horas: este tipo de colheita é utilizado quando necessitamos de exames mais específicos como a dosagem de determinas substâncias, ou para avaliar a função renal, como o clearance da uréia, creatinina e testes de concentração urinária. Nestes casos devem ser utilizadas caixas de colheita nos pequenos animais e bolsas amarradas ao corpo nos grandes animais, alternativa são as gaiolas metabólicas. Não esquecer de colocar um conservante adequado no recipiente de colheita. Sempre antes da colheita por qualquer método deve ser realizada assepsia adequada dos órgãos genitais, o material deve ser coletado em frasco limpo e seco, sem resíduos de detergente e os catéteres devem estar esterilizados. 2) CONSERVAÇÃO O exame de urina deve ser realizado o mais rapidamente após a colheita, visto que alterações físicas, químicas e na sedimentoscopia podem ocorrer com o passar do tempo, principalmente se a amostra for mantida a temperatura ambiente. Existem algumas determinações que só são fidedignas em amostras de urina recém colhidas, como a glicose e urobilinogênio. Caso não seja possível a execução do exame no máximo 30 minutos após a colheita, optar por um dos métodos de conservação abaixo.
  • 8. 7 2.1) Refrigeração (0 a 4º C) é um bom conservante, embora possa causar um ligeiro aumento da densidade urinária. O congelamento altera totalmente a sedimentoscopia. A amostra deve ser refrigerada até 30’ após a colheita e pode permanecer na geladeira até 6 horas. A amostra só deve ser processada após retornar à temperatura ambiente, pois os aparelhos são calibrados para esta temperatura e a fita reagente demora desenvolver a coloração em urinas em baixas temperaturas. 2.2) Toluol (tolueno): bom conservante, porém pode interferir nos elementos anormais. 2.3) Cristais de timol: altera quimicamente a amostra e pode dar albuminúria falso positivo quando utilizadas técnicas com o ácido nítrico nitroso. 2.4) Formol a 40%: usar l gota/ 25 mL de urina. Ele preserva bem os elementos do sedimento, embora altere a composição química da amostra, além de interferir com o resultado de alguns elementos anormais (ex: a glicose). 2.5) INCONVENIENTES DO ARMAZENAMENTO O armazenamento da urina com ou sem conservantes, pode causar as seguintes alterações na amostra de urina: a) Alterações químicas e citológicas; b) Precipitação dos solutos e sais em suspensão com formação de cristais (cristalúria); c) Acelerada multiplicação bacteriana, uma vez que esta é um bom meio de cultura; d) Alcalinização da urina, quando presentes na urina bactérias produtoras de urease; e) Autólise de algumas células; f) Desaparecimento dos cilindros quando a urina estiver alcalina; g) Desaparecimento da glicose e oxidação do urobilinogênio. 3) URINÁLISE (Uroanálise) O exame de urina é dividido em três etapas: a) Exame físico b) Exame químico qualitativo ou elementos anormais c) Exame microscópico do sedimento (sedimentoscopia). 3.1) EXAME FÍSICO 1) Volume: o volume varia com a alimentação, clima, ingestão de água, suplementação de sal, exercício, moléstias sistêmicas e administração de medicamentos. O volume só tem valor clínico quando colhida durante o período de
  • 9. 8 24 horas, como na rotina isto não é fácil, o volume de urina não tem valor diagnóstico. Tabela 1 – Volume de urina de 24 nas principais espécies animais (litros/dia) Espécie animal Oscilação normal Média Equídeos 2,0 - 11,0 4,7 Bovinos 8,8 - 22,6 14,2 Ovinos e caprinos 0,5 - 2,0 1,0 Suínos 2,0 - 6,0 4,0 Caninos 0,5 - 2,0 1,0 Felinos 0,1 - 0,2 0,15 Causas de poliúria • Fisiológicas ou transitórias: => terapia diurética; => aumento da ingestão de fluídos ou líquidos; => após administração de corticóides ou ACTH. • Patológicas : => nefrite aguda ou crônica; => diabetes mellitus, diabete insípidus; => fase diurética da nefrose tóxica; => glicosúria renal primária, => piometra, amiloidose renal avançada; => hiperadrenocorticismo, pielonefrite generalizada; => hepatopatias graves com polidipsia; => Síndrome de Fanconi e feocromocitoma. Causas de oligúria: • Fisiológicas: => reduzi da ingestão de líquidos, => exercícios físicos intensos, com sudorese intensa, => temperatura ambiente elevada; => hiperventilação pulmonar (cão). • Patológicas: => associada a desidratações nos episódios de vômitos, diarréia; => nefrites agudas (queda acentuada da pressão sanguínea no glomérulo); => febres prolongadas, disfunção circulatória, edemas; => nas enfermidades renais terminais (prognóstico desfavorável); => cólica equina, sudorese intensa. Causas de anúria: bloqueio renal agudo e obstrução da uretra.
  • 10. 9 2) Cor: a cor da urina depende da concentração de urocromos, geralmente varia da amarela claro ao amarelo âmbar. Normalmente é amarela ao ser eliminada, mas nos herbívoros ela tende a escurecer com o passar do tempo após a colheita, principalmente nos equídeos, sendo este escurecimento devido à oxidação da pirocatequina. Equídeos velhos com retenção urinária apresentam a urina de cor branca leitosa, devido à precipitação de sais de carbonato de cálcio na bexiga e nos casos de presença de melanina na urina a sua cor pode variar do marron escuro ao preto. As principais variações na cor da urina são: amarelo claro ou incolor visto nas poliúrias; amarelo escuro ou amarelo âmbar ocorre nas oligúrias; marron escuro ou castanho visto nas hemoglobinúrias e mioglobinúrias; amarelo acastanhado ou esverdeada devido à presença de pigmentos biliares (bilirrubina ou biliverdina), indicando colestase; vermelho claro indicativo de hemorragias no trato genito urinário; vermelho escuro ou vermelho vinho indicativo de hematúria; rosa com fluorescência alaranjada ocorre na porfiria congênita. Existem alguns medicamentos que quando administrados ao animal, transferem sua cor para a urina, como o azul de metileno que torna a urina azul-esverdeada e os fenotiazínicos avermelhada. 3) Odor: o odor da urina se deve à presença dos ácidos orgânicos voláteis nela presentes, normalmente o odor da urina normal é suigeneris (característico, peculiar). Nos herbívoros apresenta um odor aromático, nos carnívoros picante. pronunciado e característico nos machos das espécies caprina, suína e felina. Odor de acetona é observado na acetonemia, toxemia gravídica e diabetes mellitus. Odor amoniacal ocorre nos casos de fermentação patológica na bexiga. Odor pútrido quando há decomposição ou necrose tecidual no trato genito urinário. Alguns medicamentos administrados ao animal transferem seu odor para a urina. 4) Aspecto: pode ser límpido, turvo ou floculento. Nos casos normais ela é límpida ou transparente logo após a micção, exceto nos equídeos onde ela apresenta-se turva devido à grande quantidade de sais de carbonato de cálcio, podendo inclusive Ter uma consistência viscosa, devido à grande quantidade de mucina secretada pelas glândulas mucosas da pelve renal e parte superior dos ureteres, principalmente nas fêmeas. Nos caninos e bovinos ela é límpida quando eliminada, podendo tornar-se turva com o passar do tempo pela precipitação dos sais em suspensão.
  • 11. 10 Causas de turbidez: aumento das células epiteliais, hemácias, leucócitos, bactérias, muco, gorduras, cristais e cilindros na urina. 5) Densidade: é definida como sendo o peso da urina em relação à água destilada. Ela nos irá informar sobre a capacidade dos túbulos renais em concentrar a urina. A faixa normal de variação da densidade da urina nas espécies animais encontra-se na Tabela 2. Isostenúria: urina com densidade entre 1007 a 1015, onde a concentração de solutos é igual à do filtrado glomerular (< de 300 mOsm/kg). Hipostenúria: urina com densidade inferior a1007. Barúria ou normostenúria: urina com densidade superior a 1015 (>300 mOsm/kg). Causas de aumento da densidade: nefrite aguda, cistite (restos celulares), diabetes mellitus, redução da ingestão de líquidos, desidratação, vômitos e diarréia prolongada, processos febris, choque hipovolêmico, queimaduras, insuficiências cardíacas congestivas e isquemia renal. Causas de diminuição da densidade: nefrite intersticial crônica, fase diurética da nefrose tóxica, diabete insípidus, uremia avançada, piometra com polidipsia, ingestão excessiva de líquidos, fluidoterapia, corticoterapia e uso de diuréticos. 3.2) EXAME QUÍMICO QUALITATIVO OU ELEMENTOS ANORMAIS No exame químico da urina avaliam-se os elementos abaixo relacionados. 1. Reação (pH): o pH urinário está relacionado com a alimentação e com a capacidade dos rins em eliminar álcalis e ácidos não voláteis. Nos carnívoros, nos animais lactentes ou naqueles com dieta rica em grãos de cereais, a urina tem pH ácido devido à presença de fosfatos ácidos de cálcio e sódio. Nas dietas ricas em carbohidratos, nos herbívoros a urina é normalmente alcalina devido à presença de carbonato de cálcio solúvel.
  • 12. 11 Tabela 2. Faixa normal de variação do pH e densidade específica da urina nas principais espécies animais. Espécie animal Reação (pH) Densidade específica Equina 7,0 - 8,0 1020 a 1050 Bovina 7,4 - 8,4 1025 a 1045 Ovina e caprina 7,0 - 8,0 1015 a 1045 Suína 5,5 - 8,5 1010 a 1030 Canina 5,5 - 7,5 1014 a 1045 Felina 6,0 - 7,5 1020 a 1040 Homem 4,8 - 7,5 1010 a 1030 Urina ácida: normal nos carnívoros, bezerros e potros lactentes, jejuns prolongados, dieta com excesso de proteínas, inanição, febre, cetose bovina, acidose metabólica e respiratória, atividade muscular intensa, doenças caquetizantes, enterites infecciosas, nefrites, pielonefrites, terapia acidificante com fosfato ácido de cálcio, cloreto de sódio, metionina e cloreto de cálcio. Urina alcalina: normal nos herbívoros, dietas vegetais, cistites, retenção urinária, absorção de transudatos, alcalose respiratória e metabólica, terapia alcalina (bicarbonato de sódio, lactato de sódio, citrato de sódio, carbonato de cálcio solúvel). 2) Proteínas: as proteínas, principalmente a albumina normalmente não atravessam a membrana glomerular. Uma pequena quantidade que atravessa é logo em seguida reabsorvida nos túbulos renais. A quantidade que consegue escapar junto com a urina é tão pequena que não é detectada pelas provas laboratoriais de rotina. Nos tumores como o mieloma das células plasmáticas (ou plasmocitoma), ocorre o escape de uma proteína de baixo peso molecular através do glomérulo, denominada proteína de Bence Jones (é uma paraproteína). A proteinúria deve ser sempre avaliada com relação a outros achados como cilindrúria, piúria e hematúria. Proteinúria com cilindrúria sugere perda protéica glomerular como nefropatias, já a proteinúria sem cilindrúria com bacteriúria e piúria sugere inflamação pós-renal. a) Proteinúria fisiológica: devido a um aumento temporário da permeabilidade glomerular devido a estresse, convulsões, emoção, atividade muscular intensa, dieta com excesso de proteínas, processos febris, durante o estro e nos animais recém- nascidos. b) Proteinúria patológica renal: nefrite aguda, nefrite crônica, nefroses, pielonefrites, amiloidose renal, estase renal, anemia infecciosa equina, intoxicações por arsênico, fósforo, chumbo, mercúrio, éter e sulfas.
  • 13. 12 c) Proteinúria patológica pós-renal: pielites, ureterites, cistites, urolitíases, prostatites, abscessos prostáticos, uretrites, vaginites e contaminação da urina por descargas uterinas, vaginais e prepuciais. 3) Acetona: a presença de corpos cetônicos na urina é denominada cetonúria. Ela é observada nos cães e gatos acometidos por diabetes mellitus, febre, inanição e jejuns prolongados, submetidos a dietas ricas em gorduras. Nos bovinos e equínos ocorre além das condições citadas acima na atonia rumenal, cetose dos bovinos (bovinos de leite), ingestão de pasto com grande quantidade de palha e pobre em carbohidratos digeríveis, febre vitular, hipoglicemia (vaca), parto gemelar em ovelhas e toxemia gravídica. 4) Glicose: a glicose não é normalmente encontrada na urina dos animais de grande porte, a não ser nos casos em que a glicemia ultrapasse o limiar renal, que nos ruminantes é de 100 a 140 mg/dL e nos equídeos de 160 a 180 mg/dL e nos caninos e felinos 180 mg/dL. A glicosúria pode ser metabólica, quando associada a uma hiperglicemia e renal quando associada à normoglicemia. a) Causas de glicosúria fisiológica ou passageira: dietas ricas em glicides, exercícios intensos, excitação, choque, convulsões, anestesia geral, asfixia, terapia com corticóides, adrenalina, soluções glicosadas e glicosúria da gravidez. b) Causas de glicosúria patológica: diabetes mellitus, necrose pancreática, hipertireoidismo, afecções crônicas do fígado, hiperadrenocorticismo, hiperpituitarismo, raiva, encefalopatias, traumas cranianos, nefrites crônicas com lesão tubular e feocromocitoma, glicosúria iatrogênica. c) Causas de glicosúria falsa ou acidental: devido à presença na urina de drogas que reagem com o reativo dando reações falso positivas como: lactose, antibióticos, ácido ascórbico, morfina, pentoses, hidrato de coral, formaldeido e salicilatos. 5) Sangue oculto: a pesquisa de sangue oculto na urina pode detectar a presença de hematúria, mioglobinúria e hemoglobinúria. a) Causas de hematúria: nefrites hemorrágicas, nefroses, enfartes renais, neoplasias, cálculos uretrais, vesicais, pielites, pielonefrites hemorrágicas, traumatismo por cateterismo, uretrites, cistites hemorrágicas, hematúria enzootica dos bovinos, ação de agentes químicos (Cu, Hg, sulfas), intoxicação por warfarina nos equídeos, veneno de cobra, coagulopatias (CID, warfarina, dicumarínicos, trombocitopenias) e parasitoses renais. b) Causas de hemoglobinúria: hemoglobinúria pós-parto nos bovinos, hemoglobinúria bacilar, leptospirose, hematozoários, isoeritrólise neonatal,
  • 14. 13 fotossensibilização, intoxicação por cobre, mercúrio, mamona, azevém, incompatibilidade sanguínea e veneno de cobra. c) Causas de mioglobinúria: lesão muscular, exercícios prolongados, rabdomioses e azotúria nos equídeos. As hemácias podem romper-se em urinas muito diluídas, ou em urina mantida à temperatura ambiente por um longo período antes da análise dando hemoglobinúria in vitro. Uma maneira simples de diferenciar laboratorialmente a mioglobinúria da hemoglobinúria é através da precipitação da mioglobina em solução saturada de sulfato de amônia a 80%, o que não ocorre com a hemoglobina. Reações falso positivas para sangue oculto pode ocorrer se presente na urina, contaminantes oxidativos ou peroxidases bacterianas que reduzem o reativo. 6) Bilirrubina (Pigmentos biliares): formada (os) a partir da hemoglobina, resultante da destruição dos eritrócitos. A colibirrubina é eliminada em pequena quantidade via renal devido ao limiar renal para a bilirrubina. HEMOGLOBINA globina Reutilização HEME ferro ←←←← heme oxigenase BILIVERDINA ←←←← bilirrubina redutase BILIRRUBINA ←←←← glucuronil-transferase DIGLUCURONIL - BILIRRUBINA Ciclo BILE Entero Hepático UROBILINOGÊNIO URINA e ESTERCOBILINOGÊNIO FEZES Fig. 1. Esquema de metabolismo, formação e excreção da bilirrubina e urobilinogênio.
  • 15. 14 Causas de bilirrubinúria: doenças hemolíticas causadas por hemoparasitos, tóxicos, isoeritrólise neonatal, insuficiência hepática colestática, distúrbios venosos portos sistêmicos, colangio-hepatite, colelitíase e obstrução intestinal. 7) Urobilinogênio e urobilina: o urobilinogênio é formado pela ação das bactérias intestinais sobre a colibirrubina, sendo parte excretada nas fezes e parte reabsorvida, a qual será retirada da circulação porta pelo fígado e excretada na urina. Cães e gatos apresentam até 1/32 de urobilinogênio na urina. O urobilinogênio após excretado na urina em contato com o ar oxida-se dando origem a urobilina. a) Causas de aumento do urobilinogênio na urina: hepatites, cirrose hepática, doenças hemolíticas, distúrbios venosos porto sistêmico (Shunt venoso porto cava). b) Causas de diminuição ou ausência do urobilinogênio urinário: obstrução dos ductos biliares, redução da hemocaterese, uso de antibióticos principalmente por via oral, diarréias e nefrites crônicas. 8) Indican: deriva-se do indol que é um produto da putrefação protéica no organismo (instestino). O indol origina-se da putrefação e decomposição de proteínas organismo (intestinos), é absorvido pela circulação, vai ao fígado onde é oxidado formando o indoxil que após combinar com sulfato de potássio da origem ao indoxil sulfato de potássio ou indican que é a forma eliminada na urina. A indicanúria tem valor diagnóstico questionável por alguns autores, principalmente para herbívoros, onde sua eliminação é maior, enquanto que nos carnívoros, sua eliminção ocorre em pequenas quantidades ou mesmo nem ocorre nos animais saudáveis. Sua detecção na urina é feita pelo reativo de Obermayer. HCl + INDOL + H2O2 índigo azul (Indican). Causas de indicanúria: constipação intestinal, obstrução intestinal, indigestão, gastrites, enterites, redução do fluxo biliar (colestases), dieta rica em proteína, decomposição protéica em outros locais como nos grandes abscessos, empiemas, peritonites e gangrenas. 9) Sais biliares: na bile normalmente são excretados sais sódicos dos ácidos glicocólico e taurocólico, resultantes da combinação do ácido cólico com a glicina e taurina respectivamente. Condições em que encontramos sais biliares na urina: nas icterícias tanto a hemolítica como a obstrutiva, hepatopatias e distúrbios venosos portos sistêmicos.
  • 16. 15 3.2) EXAME MICROSCÓPICO DO SEDIMENTO (SEDIMENTOSCOPIA) O sedimento urinário é constituído dos elementos sólidos existentes na amostra de urina, que se depositam no fundo do tubo após a centrifugação da amostra. É geralmente examinado a fresco, embora possa ser utilizada alguma técnica rápida de coloração para facilitar a visualização e identificação das estruturas. A amostra de urina para a sedimentoscopia deve ser recente, visto que a demora (mais de duas horas) para examiná-la causa fragmentação de certos elementos, principalmente nas urinas alcalinas, nas urinas muito diluídas com densidade muito baixa, pode ocorrer lise de muitas células presentes na urina. Os elementos observados microscopicamente no exame do sedimento urinário podem ser divididos em duas categorias: • os elementos organizados • os elementos inorganizados. 3.3.1) Elementos organizados 3.3.1.1) Células epiteliais a) Células epiteliais escamosas são grandes, bordos angulosos e irregulares, núcleos pequenos. Originam do epitélio vaginal, mucosa prepucial e uretra distal. b) Células epiteliais de transição são menores que as epiteliais escamosas e maiores que as do epitélio renal. Tem a forma oval, de fuso, de raquete ou de pêra. Originam-se da uretra proximal, bexiga, ureteres, bacinetes e pelve renal. Podem apresentar agrupadas em amostras colhidas através de cateterismo, tem pouco valor diagnóstico. c) Células do epitélio dos túbulos renais são pequenas, arredondadas, citoplasma granuloso, pouco maior que os leucócitos. Gealmente apresentam degeneradas e são de difícil identificação. Originam-se do epitélio dos túbulos renais, indicando uma descamação tubular. Podem ser confundidas com leucócitos. CAUSAS DA PRESENÇA DE CÉLULAS EPITELIAIS NA URINA renais : degeneração tubular aguda intoxicação renal isquemia renal processo inflamatório pelve pielite, pielonefrite vesicais cistite, cateterização agressiva uretrais uretrite, cateterização agressiva tumorais diagnóstico por morfologia citológica do sedimento
  • 17. 16 3.3.1.2) Eritrócitos: são redondos e refrateis internamente, assemelham-se a gotas de gorduras. Sua forma no sedimento depende da densidade urinária, e do pH. Nas densidades entre 1015 a 1035 aprecem na forma de disco bicôncavo, nas urinas muito diluídas (densidade < 1010), podem sofrer lise ou tornar-se vazias e túrgidas (em forma de anel), já nas urinas muito concentradas (>1035) podem estar crenadas. Nas urinas muito alcalinas elas podem sofrer lise. Mais de 4 a 5 hemácias por c.g.a (objetiva de 40) indica hemorragia. 3.3.1.3) Leucócitos: são redondos e com o citoplasma granular, maiores que os eritrócitos e menores que as células renais. Degeneram na urina envelhecida e são difíceis de serem preservados. Mais de 5 a 8 leucócitos por c.g.a indica piúria e inflamação das vias geniturinárias. CAUSAS DE LEUCOCITÚRIA Inflamações renais como nefrite, glomérulo-nefrite, pielonefrite Inflamações do trato urinário baixo como uretrite, cistite Inflamações do trato genital como vaginite, prostatite, metrite 3.3.1.4) Cilindros São moldes protéicos dos túbulos uriníferos, formados a partir da proteína que atravessa a membrana glomerular. São constituídos primariamente de uma matriz protéica ou mucoprotéica, associada a produtos da degeneração tubular ou celular que são incorporados à matriz. Sua presença na urina é indicativa de néfrons inativos, embora apenas a presença destes não seja indicativa de enfermidade renal. Sua formação é mais frequente nos ramos descendentes da alça de Henle e túbulos contorcidos distais, pois nestas porções a urina atinge densidades e acidez máximas, favorecendo sua formação. Podem também ser formados nos tubulos coletores, indicando neste caso uma lesão mais avançada de prognóstico geralmente desfavorável (são os chamados cilindros largos). Uma grande quantidade de cilindros é observada na urina de animais que tiveram seus rins afuncionais, tão logo suas funções retornarem ao normal, é a chamada fase de lavagem dos túbulos. Os principais tipos de cilindros que podemos observar no exame do sedimento urinário estão abaixo relacionados. a) Hialinos: são formados exclusivamente de uma proteína geralmente a albumina e de uma mucoproteína, são incolores, homogêneos e semitransparentes, são solúveis em urina alcalina, não sendo comum na urina dos herbívoros. Não valor diagnóstico, sua presença indica uma irritação renal, podendo ser encontrado em pequeno número na urina normal, sendo também encontrados em casos de albuminúria fisiológica, irritação renal, nefrites crônicas e processos febris. b) Epiteliais: são os cilindros hialinos contendo no seu interior células do epitélio tubular íntegras. O número de células no seu interior é variável. Ocorrem nas nefrites
  • 18. 17 agudas, nefroses, nas degenerações do epitélio tubular. A gravidade do processo é proporcional ao número de cilindros por campo e ao número de células no seu interior. c) Granulosos: são cilindros contendo no seu interior grânulos de tamanhos variados. Grânulos estes oriundos da desintegração das células epitelias, dos eritrócitos e dos leucócitos. Ocorre nas nefrites agudas, nefrites subagudas, nefroses por isquemia ou nefrotoxicoses, nas nefrites crônicas são menos abundantes. d) Céreos ou cerosos: são formações largas, homogêneas, opacas, constituídas de substância amorfa, fosca semelhante à cera. Apresentam as extremidades fraturadas ou rombas. Sua presença indica cronicidade, estados renais graves, amiloidose renal e degeneração renal. São os cilindros granulosos envelhecidos e degenerados. e) Gordurosos: são cilindros que contêm no seu interior numerosas gotículas de gordura altamente refrigentes. Ocorre nas doenças degenerativas do epitélio dos túbulos renais como metamorfose gordurosa tubular, envenenamento por fósforo e arsênico, lipidose tubular, nefropatias em gatos e diabetes mellitus no cão. f) Hemáticos (hemorrágicos ou eritrocíticos): são cilindros contendo no seu interior grande número de hemácias integras. Ocorre nas nefrites agudas hemorrágicas e nas hemorragias nos túbulos renais. g) Leucocitários ou purulentos: são cilindros contendo no seu interior um grande número de leucócitos ou piócitos. Sua presença indica uma nefrite supurada, pielonefrite supurada e abscessos renais. Não confundi-los com os chamados cilindróides de pus, que são massas alongadas de muco ou proteína com leucócitos aderidos à sua superfície. h) Cilindros largos: são os cilindros formados nos tubulos coletores maiores, indicando um maior número de néfrons afuncionais. Aparecem nos estágios mais avançados ou terminais das doenças renais, sendo considerados os cilindros da falência renal. Eles podem ser hialinos, granulosos, cerosos, etc. i) Cilindróides: são estruturas que aparecem na urina mimetizando grosseiramente os cilindros. Assemelham-se aos cilindros hialinos, porém são mais curtos com uma das extremidades terminando em filamento. São formados na maioria das vezes por muco, embora possa conter fibrina. Não tem valor diagnóstico. e(3.3.1.5) Muco Pode aparecer na forma de fitas (a mais comum) ou de filamentos estreitos e retorcidos de aparência homogênea. È normal na urina dos eqüídeos principalmente das fêmeas, nas demais espécies quando em grande quantidade indica irritação na uretra, bexiga ou contaminação da urina com secreções dos órgãos do sistema genital.
  • 19. 18 3.3.1.6) Espermatozóides Podem ser encontrados normalmente na urina do cão. Nas demais espécies é indicativo de espermatorréia. Não tem valor diagnóstico. 3.3.1.7) Bactérias Observadas na forma de pequenos cocos ou bastão, com movimentos próprios ou se movimentando pelo movimento browniano. Pode ser devido a uma infecção ou mais comumente devido à contaminação. Se devido à infecção ocorre associada a uma piúria ou a um grande número de leucócitos no sedimento urinário. 3.3.1.8) Leveduras (fungos) São estruturas arredondadas ou ovóides, de paredes duplamente refráteis, maiores que as bactérias e menores que os eritrócitos. Quando encontradas são devido na maioria das vezes à contaminação, raramente causam infecções. 3.3.1.9) Protozoários São raras as infecções urinárias causadas por protozoários. Geralmente são contaminantes, oriundas das fezes ou de secreções do trato genital (Trichomonas). 3.3.1.10) Parasitas Podemos encontrar no sedimento urinário, ovos de alguns parasitas como: Capillaria plica parasita da bexiga do cão, gato e raposa; Stephanurus dentatus parasita renal de suíno; Dioctophyme renale parasita renal do cão, lobo e visão. Outros ovos podem ser encontrados no sedimento urinário, porém devido contaminação da urina com fezes. 3.3.2) Elementos inorganizados 3.3.2.1) Cristais Os cristais são formados pela precipitação dos sais em suspensão na urina. Podem ser formados no trato urinário (in vivo) ou no recipiente após a colheita (in vitro), geralmente é um achado inespecífico, raramente tendo valor diagnóstico. A precipitação dos sais depende do pH urinário e da solubilidade dos cristalóides. A identificação microscópica dos cristais às vezes é difícil, porque eles podem Ter morfologia semelhante, podem modificar com as alterações no pH urinário e com o passar do tempo. Quando da presença de urolitíase os tipos de cristais encontrados na urina podem auxiliar na identificação da natureza mineral do cálculo. Alguns medicamentos podem causar cristalúria com as sulfas, aspirina e ácido ascórbico.
  • 20. 19 Tabela 3. Tipos de cristais observados com frequência no sedimento urinário dos animais domésticos Tipo de cristal pH da urina Significado Ácido úrico ácido Comum nos dálmatas, urolitíases. Ácido hipúrico ácido Envenenamento por etilenoglicol Uratos de amônia ácido Hepatopatias, shunt venoso porto-cava. Biuratos de amônia ácido Hepatopatias, shunt venoso porto-cava. Cistina ácido Distúrbio no metabolismo protéico, cistinúria congênita e cálculos de cistina no cão. Bilirrubina ácido Insuficiência hepática, colestase, distúrbio venoso porto-sistêmico. Oxalato de cálcio ácido Urolitíases. Leucina e tirosina ácido Nefropatias agudas, hepatopatias e intox. por fósforo, clorofórmio e tetracloreto de carbono. Colesterina ácido Raros, ocorre nas quilúrias. Carbonato de cálcio alcalino Comum nos equídeos, urolitíases. Fosfatos amorfos alcalino Urolitíases. Fosfatos triplos (estruvita) alcalino Cistite e retenção urinária. 3.3.2.2) Gorduras: podem ser observadas no sedimento urinário gotas de gordura, de formas arredondadas, de vários tamanhos e altamente refringentes. Coram pelo sudan III em vermelho ou laranja. Causas de lipúria: lubrificação do catéter; metamorfose gordurosa das células dos túbulos renais (gatos); obesidade; normal no gato (lipúria fisiológica); dietas ricas em gorduras, hipotireoidismo; diabetes mellitus. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CARLSON, G.P. Testes de química clínica. In: SMITH, B.P. (ed.) Tratado de medicina interna de grandes animais. São Paulo: Manole, 1993. V. 1, p. 395-427. COLES, E.H. Patologia clínica veterinária. 3 ed. São Paulo: Manole Ltda., 1984. 566 p. DUNCAN, J. R., PRASSE, K. W. Patologia clinica veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982. 217p.
  • 21. 20 FERREIRA NETO, J. M., VIANA, E. S., MAGALHÃES, L. M. Patologia clinica veterinária. Belo Horizonte: Rabelo Ltda, 1982. 279p. FINCO, D.R. Kidney function. In: KANEKO, J.J. (ed) Clinical biochemistry of domestic animals. 4 ed. San Diego: Academic Press, Inc., 1989. p. 496-537. GANS, J.H., MERCER, P.F. Rins. In: DUKES, H.H. Fisiologia dos animais domésticos. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. p. 445-468. GARCIA-NAVARRO, C.E.K. Manual de urinálise veterinária. São Paulo: Varela Ltda., 1996. 95 p. RUCKEBUSCH, Y., PHANEUF, L.P. DUNLOP, R. Physiology of small and large animals. Philadelphia: B.C. Decker Inc., 1991. 911 p. .x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x. avm