O documento descreve o processo de correção da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Cada redação é avaliada por dois corretores em cinco competências e recebe uma nota de 0 a 200 pontos em cada competência. A nota final é a média das notas dos dois corretores, exceto quando há grande discrepância entre as notas, caso em que um terceiro corretor avalia.
2. cada uma das redações são avaliadas por dois
corretores entre os mais de 4 mil contratados para isso. Os
avaliadores têm a função de atribuir uma nota de 0 a 200
pontos em cada uma das cinco competências abaixo:
1)Domínio da norma padrão da língua portuguesa;
2) Compreensão da proposta de redação;
3) Seleção e organização das informações;
4) Demonstração de conhecimento da língua necessária
para argumentação do texto
5) Elaboração de uma proposta de solução para os
problemas abordados, respeitando os valores e
considerando as diversidades socioculturais.
3. A nota final da redação do Enem é a média
aritmética da pontuação total dada pelos dois
corretores, exceto em casos em que há
discrepância entre as duas notas.
Se em uma ou mais competências a diferença
entre as notas dos dois avaliadores for maior que
80 pontos, um terceiro corretor dá a nota daquela
competência. Esse terceiro avaliador também é
acionado se a diferença da soma total das cinco
competências for superior a 100 pontos. Nesse
último caso, a nota final do participante será a
média aritmética entre as duas notas totais que
mais se aproximarem.
4. Se o terceiro corretor não chegar a um acordo com os
outros dois avaliadores, a redação será corrigida por
uma banca composta por três corretores, presidida por
um doutor. Essa banca também é acionada para examinar
as redações com nota máxima (1.000).
O Edital do Enem prevê seis situações em que
a redação do participante pode ser zerada ou
anulada. São elas:
1) Fuga total ao tema;
2) Não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa;
3) Texto com até 7 linhas;
4) Impropérios, desenhos e outras formas propositais de
anulação ou parte do texto deliberadamente desconectada
do tema proposto;
5) Desrespeito aos direitos humanos;
6) Redação em branco, mesmo com texto em rascunho.
5. Desde o Enem 2012 o MEC disponibiliza o
espelho da correção das redações. No entanto, o
participante ainda não pode solicitar revisão da nota.
Vale lembrar que a maioria das universidades
também não aceita revisão da nota das redações
em seus vestibulares. Apesar das reclamações, o
critério de correção das redações do Enem é mais
rigoroso do que qualquer vestibular do Brasil.
6. Introdução e desenvolvimento
de uma redação
A Introdução deve ser estruturada de duas
formas:
Extrinsecamente: ESTÉTICA
Intrinsecamente : LÓGICA ESTRUTURAL -
A Estética trata da aparência:
a) Parágrafos bem feitos;
b) Respeito às margens do papel;
c) Acentuação;
d) Formação de períodos frasais.
7. FATORES DE COERÊNCIA
Há um conjunto de fatores que colaboram para dar uma
certa lógica ao desenvolvimento do raciocínio do autor.
São eles:
a) Elementos Lingüísticos – as palavras usadas no
texto, além de acionar conhecimentos arquivados na
memória do leitor, funcionam como pistas da língua que
ajudam o leitor a pescar o sentido pretendido pelo autor, a
sua linha argumentativa e as conclusões às quais gostaria
que chegasse. Assim, artifícios lingüísticos como: o uso de
palavras do mesmo campo semântico e a posição delas
no enunciado podem gerar interpretações curiosas.
E2: Tramita na câmara um projeto sobre preconceito
da boa deputada (boa) Rita Camata.
(posições do adjetivo)
(mesmo campo semântico: Tramita, câmara, projeto,
deputada)
8. b) Conhecimento de Mundo – todas as experiências vividas são
guardadas na nossa memória, de maneira que, quando lemos um
texto, só conseguimos entendê-lo inteiramente, se reconhecermos
as informações ali acionadas e estabelecermos uma relação com o
que já sabemos sobre o tema. Em geral, é difícil para um
camponês, por exemplo, entender um artigo científico de
antropologia, cuja temática seja “as raízes da discriminação racial,
social e sexual no Brasil colonial”.
E4: “O repúdio aos bárbaros, bem como o escárnio aos mouros
‘infiéis’ são a gênese dos sentimentos que hoje explodem em
‘skinheads’...”
bárbaros – não romanos, incivilizados
mouros – sem fé cristã
skinheads – grupo de neonazistas
Esses termos destacados devem fazer parte do conhecimento de
mundo do leitor (medianamente escolarizado e/ou relativamente
informado pelos meios de comunicação) ao qual se dirige uma
dissertação argumentativa.
9. c) Conhecimento Partilhado – cada indivíduo constrói a sua
própria enciclopédia de conhecimentos ao longo da vida, mais ou
menos igual à daqueles que vivem em um mesmo ambiente social,
político, econômico e cultural. Para que haja compreensão entre
dois interlocutores, por meio de um texto, é necessário que ambos
partilhem de alguns desses conhecimentos.
◦ É importante o autor saber equilibrar as informações
partilhadas com as informações novas, a fim de evitar que o texto
se torne repetitivo e circular ou, até mesmo, incompreensível.
As palavras destacadas em E4 não são explicadas pelo autor, logo
ele pressupõe já serem conhecidas ou partilhadas pelo seu suposto
leitor por causa do tema, do contexto e do seu provável nível
cultural. Contudo, se as mesmas palavras de E4 fossem dirigidas a
crianças ou a camponeses que nunca freqüentaram escola ou
nunca tiveram acesso aos meios de comunicação, seria muito difícil
entenderem o sentido do enunciado e do Texto Pré-conceito inteiro,
já que possuem outras preocupações fundamentais na vida.
10. InferênciasInferências – é um processo de raciocínio através do qual
se estabelece uma relação não explícita entre dois enunciados e
deles se chega a uma conclusão. É um dos tipos de raciocínio mais
utilizados no processo de interpretação, já que o texto , por ser um
mecanismo de economia lingüística, não pode nem deve dizer
tudo. Como disse o escritor italiano Umberto Eco, o texto é uma
“máquina preguiçosa” e, por isso, sempre há lacunas a serem
preenchidas pelos leitores com seu conhecimento de mundo e sua
capacidade de inferir.
E5: Apesar das severas leis brasileiras contra manifestações de
preconceito, ele continua ocorrendo de forma velada.
◦ Inferências:Inferências:
Há preconceito no Brasil.
Há leis brasileiras que punem manifestações de preconceito.
As leis não são suficientes para acabar com o preconceito velado.
Para eliminar totalmente com o preconceito, devem-se criar
maneiras de punir também o preconceito velado. (inferência
possível, mas não necessária)
11. ****ESQUEMA DE REDAÇÃO
DISSERTATIVA ESCOLAR****
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
Normalmente apresenta a idéia central que vai ser
discutida. É o ponto de partida do escritor para encaminhar
o seu texto, fazendo-o não perder o “fio da meada”.
Procure ser expressivo já no início da produção textual,
para isso, utilize recursos que despertem a atenção do
leitor: lance uma interrogação; dados estatísticos, uma
frase de efeito; uma afirmação surpreendente. As
fundamentações e respostas para essas colocações
introdutórias serão respondidas ao longo da dissertação.
Vale salientar que essa primeira parte deve se articular
harmoniosamente com o reto do texto.
12. DESENVOLVIMENTO
Corresponde ao desdobramento da idéia central. É aqui
que o escritor fundamente, justifica, argumenta, ilustra,
convence ou responde às questões propostas, sempre de
forma organizada, gradual e progressiva. É o momento de
sustentar os pontos de vista. Faz-se mister lembrar os
cuidados, no corpo do texto, com as contradições,
incoerências, prolixidades e com a falta de profundidade
do assunto em questão, demonstrando uma visão
simplista dele.
Convém mencionar ainda, a preocupação que se deve ter
com a repetição de idéias.
13. CONCLUSÃO
“Amarra” o texto; pode funcionar como uma
confirmação da tese inicial, resumindo tudo que já
foi dito. É importante que o escritor não deixe
nada “suspenso” no fechamento do seu discurso,
necessitando de fundamentação. Além desse
resumo, a conclusão pode lançar sugestões para
os problemas discutidos ao longo do texto, a fim
de que a visão do autor não seja pessimista.
14. ******Análise do Texto
dissertativo********
ELABORAÇÃO DE UMA DISSERTAÇÃO
ASSUNTO: desemprego
DELIMITAÇÕES: O desemprego na sociedade
globalizada
O desemprego no Brasil
O desemprego no Nordeste
O desemprego no Brasil: causas e
conseqüências.
DELIMITAÇÃO DO ASSUNTO: Desemprego no
Brasil: causas e conseqüências.
FIXAÇÃO DO OBJETIVO: apresentar as causas
do desenvolvimento no Brasil e suas conseqüências
sociais.
15. PLANEJAMENTO TEXTUAL
Introdução:
1º parágrafo – Situação do desemprego no Brasil. Tal situação teve
suas causas e traz conseqüências devastadoras.
Desenvolvimento
2º parágrafo – Causas do desemprego: neoliberalismo e sua base
operacional, ou seja, a globalização. Redução da produtividade
aumento de importações e substituição da mão-de-obra humana pelo
uso da máquina.
3º parágrafo – Conseqüências do desemprego: acentuação das
diferenças entre classes; marginalização da classe popular
desempregada; crescimento da violência e da miséria.
Conclusão
4º parágrafo – Problema do desemprego. Possíveis soluções:
superação do sistema político-econômico neoliberal e investimento
no setor social.
16.
17.
18. Quando o tema-título contiver
abstrações
Considerando por muito bastante complexo, o tema abstrato
normalmente vem através de:
Palavra: A paz
Frase: Para sempre o tempo da razão e que seja infinita a
emoção (UPE 97)
Nestes casos, não há motivo para receio algum. O procedimento
não muda: o escritor defenderá o ponto e vista dele; definirá o
objetivo do texto; levantará argumentos e transformá-los-á em
parágrafos coesos e convincentes.
A(s) Palavra(s)-chave
O primeiro passo para desenvolver um tema subjetivo é
destacar a(s) palavra(s)-chave.
Exemplo:
“Necessidade de paz: desejo da humanidade”.
19. A paz seria o elemento nuclear do período. Depois
disso, o escritor levantaria comparações e reflexões
concernentes à paz: Por que a humanidade deseja e
necessita de paz? Observe o as frases a seguir:
- A ambição desmedida cede terreno para as
divergências?
- Como está o mundo?
- O progresso comprometeu a concórdia entre as nações?
- Os países desenvolvidos vivem em paz?
- A serenidade do homem é um reflexo de seu ambiente
familiar?
- Os indivíduos tranqüilos produzem melhor?
- Por que existem guerras?
- De onde vem a violência?
- O dinheiro proporciona paz?
20. Como pôde ser observado, as reflexões explicitadas
acordam idéias dormentes e inquietam o aluno, uma vez
que várias informações vêm à tona. Cabe ao escritor,
entretanto, selecionar o que e mais relevante para
construir o próprio texto.
Cada vestibulando discorre um tema filosófico
conforme seu estilo e seu conhecimento. Para
aqueles que têm mais dificuldades de
estruturação, unidade, coesão, coerência, as
sugestões, ora assinaladas, contribuem para
lhes facilitar a produção. É, pois, um
direcionamento para quem não tem a prática e a
familiaridade com textos metafóricos.
21. Quando o tema é polêmico e suscita debates e divisão de
opiniões, nos quais os pontos-de-vista da sociedade não
chegam a um denominador comum, a abordagem do tema
deve apresentar as vantagens e desvantagens, os
aspectos favoráveis e desfavoráveis, como: a pena de
morte, o aborto, a legalização da maconha, o divórcio, a
doação de órgãos, a energia nuclear.
O autor, além de reunir dados e expô-los com pertinência,
apresentará posicionamentos, apoiados em razões e
evidências.
Aqui se exige, além de conhecimentos razoáveis, uma
outra habilidade: capacidade de persuasão.
A Dissertação Bilateral
22. Estrutura da Dissertação Bilateral
O primeiro ponto fundamental da argumentação é descobrir o
tema principal para justificar o ponto de vista (a favor ou
contra).
Em princípio, não é importante concordar ou não com o tema
proposto. Deve – de modo imparcial – tentar observar quais
os argumentos favoráveis ou contrário ao problema. Dessa
maneira, haverá um visão global do assunto.
Depois de abordar todas as possibilidades, você pode chegar
a alguma conclusão. Caso não haja nenhuma posição
definida, tendo em vista a complexidade do problema, torna-
se difícil chegar a uma conclusão.
Argumente a sua dificuldade de escolha com uma
fundamentação consistente.
23. Relações causais
Elas estabelecem possibilidades e não certezas e
apresentam-se sob dois aspectos:
a) de causa a efeito:
Beber cerveja me dá dor de estômago.
Se beber cerveja, ficarei com dor de estômago.
b) de efeito a causa (procura-se determinar a causa):
O rio Tietê transborda com as chuvas de verão.
Isto acontece porque os trabalhos de esassoreamento não
estão sendo feitos corretamente.