O documento discute a natureza do princípio Shiva-Shakti no hinduísmo, que representa a consciência e o poder cósmicos. Explica que esses princípios dualistas derivam da unidade do Absoluto e permitem a manifestação do universo. Também compara esses princípios divinos à vontade e poder humanos e como o estudo desses reflexos pode ajudar a compreender a realidade superior.
1. O Homem, Deus e o Universo
3 - CONSCIÊNCIA E PODER CÓSMICOS
(O Shiva-Shakti Tattva)
2. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
O Princípio Último, a Realidade, que é
incompreensível e está oculta no interior do
universo e no interior de cada Mônada
individual constitui-se do Absoluto, o núcleo
do Não-Manifesto, e também de um Princípio
dual imediatamente inferior conhecido na
filosofia hindu como Shiva-Shakti-Tattva.
Se a Realidade Suprema ou Absoluto deve ser
diferenciada, esta primeira diferenciação será
de dois opostos polares que permitam a
manutenção do equilíbrio, da neutralidade e
do vazio do Absoluto.
3. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Um relacionamento polar possui algumas
características gerais
Os dois componentes derivam de uma unidade e,
em condições favoráveis, podem desaparecer
voltando à unidade;
Os dois polos estão, de certa forma, ligados um ao
outro e são interdependentes;
Relacionam-se entre si como iguais e opostos;
Eles podem juntar-se cada vez mais e distanciar-
se cada vez mais com a alteração das tensões
entre eles. Tais tensões podem ter os elementos
tanto da atração como da repulsão;
Os dois polos aparecem e desaparecem juntos e
não é possível termos um sem o outro.
4. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Os Princípios Shiva-Shakti, ou Pai-Mãe,
podem ser mencionados como
Consciência e Poder, termos esses
tomados em seus significados
transcendentais e não nos usuais. Raiz da
Consciência e Raiz do Poder seriam
termos mais adequados. Se mantivermos
isso em mente, podemos simplesmente
falar de Consciência e Poder.
5. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A vontade e o poder dos seres humanos
estão intimamente relacionados à Shiva
e Shakti respectivamente. São, de fato,
reflexos pálidos ou expressões
degradadas desses dois Princípios
Polares.
Estudando e compreendendo os reflexos
ou expressões inferiores, podemos ter
um vislumbre da natureza das realidades
que elas imperfeitamente refletem.
6. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A vontade fixa o objetivo e adota a atitude ou
determinação que torna quase certa a
realização do objetivo. Na própria vontade
não há a indicação de como a coisa será
realizada. É pura determinação sem referência
aos meios e modos. Essa característica
peculiar da vontade, a ausência de método
pré-determinado e fixado para a realização do
objetivo, cria uma flexibilidade que aumenta
sua eficácia e a certeza da consecução do
objetivo por um meio ou outro.
7. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A Vontade é a concentração extrema de
propósito até a consecução do objetivo
almejado. É pálida reflexo do aspecto da
Consciência Divina denominada Sat, com sua
fonte no Não-Manifesto, no Princípio Shiva-
Tattva.
É a Vontade Divina, Shiva, que está por trás do
Plano Divino para qualquer sistema manifesto
e que conduz tudo finalmente para o objetivo
estabelecido. Por ser infinita, está capacitada
para qualquer finalidade finita. Por ter um
potencial ilimitado, vence qualquer resistência
e obstáculo.
8. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
O Plano Divino não progride mecanicamente e
nossa vida não possui um destino inexorável.
Há bastante espaço para enganos e
aprendizados. O Plano Divino é
suficientemente flexível e caminhos
alternativos são tomados pelas forças que
dirigem a evolução para compensar
deficiências e negligências humanas e para
tornar real o fim colimado, conforme está
sugerido nos Yoga-Sūtras (IV-12):
9. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
“O passado e o futuro existem
em sua própria (verdadeira)
forma. A diferença de
Dharmas (ou qualidades)
decorre da diferença de
caminhos”
10. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Vejamos agora o Poder Cósmico representado
por Shakti.
Mais uma vez, o prévio exame da natureza de
seu reflexo na vida humana nos ajudará a
compreender o Princípio Divino.
Vimos que a vontade meramente determina e
se concentra na realização do objetivo. É o
poder que provê os meios necessários para
isto. A vontade se ocupa da finalidade e o
poder dos meios para se atingi-la. E de nada
adianta um sem o outro.
11. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Shiva-Shakti Tattva, no nível do Não-
Manifesto, ainda que princípios infinitos,
existem apenas em estado potencial, já que
não há sistema manifesto para a atuação da
Vontade Cósmica e nem uma infinita
variedade de energias e várias formas para a
operação de um Plano Divino.
Somente com o aparecimento da Mente e a
criação de um sistema manifesto (universo,
galáxia ou sistema solar) é que podem atuar
Shiva e Shakti Tattvas.
12. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A energia requerida para colocar em
funcionamento a máquina do universo, visível
e invisível, vem de Shiva-Shakti Tattva.
O Absoluto como Consciência e Poder Cósmicos
13. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Consciência Cósmica
Inicia o movimento de perturbação do
equilíbrio. Cria o poder necessário à
manifestação, pois é um potencial ilimitado
que é direcionado aos diversos logos.
A Polaridade primária cria uma tremenda
energia potencial (tal qual um elástico
esticado). Daqui infere-se que todo elemento
lançado na manifestação tende
obrigatoriamente à voltar ao estado de
unidade (e sempre aos pares).
14. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Vemos o desenvolvimento dessa união polar
nos diversos reinos:
Reino Expressão da Necessidade
de União
Mineral Atração química
Vegetal Reprodução sexuada
Animal Reprodução
Vida em pares
Vida em coletividade
Hominal Reprodução
Vida em casal
Vida em sociedade
Homem no Caminho União com o Todo
15. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
“A percepção de nossa
unidade é a base do
amor e a satisfação do
amor é a base da
verdadeira felicidade”
16. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Onde a reunião implica em associação de matéria
ou mente, devido à nossa identificação com o
nosso corpo ou nossa mente, temos simples
prazer ou felicidade baseada na posse, na paixão
ou na sensação. Onde, devido à não-associação
com a mente e com o corpo, há pura percepção
da unidade sem as complicações que
acompanham a associação com a mente e com a
matéria, temos a verdadeira paz e Ânanda dos
planos espirituais mais elevados ( a fonte
suprema de toda felicidade, transitórias ou
permanentes, é a Realidade que denominamos
Shiva, em seu aspecto Ânanda).
17. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Chegamos agora a outro aspecto de Shiva-
Shakti-Tattva fundamentalmente diferente do
que até agora consideramos.
Após a diferenciação primária, onde o centro
se separa em dois pólos, há outra espécie de
diferenciação que é a base da manifestação.
É como um impulso para o exterior da
Consciência que projeta um sistema
manifestado para fora de si mesmo e
estabelece uma relação entre o Eu e o Não-Eu,
no interior do Shiva-Shakti-Tattva.
18. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Este impulso para o exterior é a sua natureza
íntima fundamental (Sat) e, entretanto, está
dentro do reino de Sua própria Consciência,
que é a base da Ideação Cósmica e lança a
fundação espiritual dos universos que vêm à
existência, um depois do outro, na eterna
alternância de Shristi e Pralaya.
Esta segunda diferenciação é a base da mente
(relação entre Eu e Não-Eu). Toda Ideação
Cósmica é mais sutil que a Ideação Divina dos
Logoi Manifestos.
19. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
O poder que reside em Shiva-Shakti-
Tattva se torna ativo somente quando o
tríplice Logos vem a existir e o utiliza
para o seu trabalho no sistema
manifesto.
A Consciência de Shiva serve como
receptáculo em que o universo repousa
durante o período de Pralaya. Na
verdade, o universo está sempre na Sua
Consciência.
20. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
As mudanças de Shristi e Pralaya podem ser
consideradas como afetando apenas a
superfície ou periferia de Sua Consciência
(como as ondas do oceano que afetam apenas
as camadas mais externas do oceano cujo
interior permanece sempre no mais completo
repouso, o mesmo repouso ou paz (shanti)
que existe em nosso interior e que pode ser
acessado pelo contato do Eu Superior com o
eu inferior.