1) O documento discute a natureza da Mônada (Âtmâ ou Purusha), comparando-a ao Logos e explicando sua natureza tríplice e relação com os planos inferiores da manifestação.
2) A Mônada possui sete veículos funcionando em grupos de três, assim como a Individualidade e a Personalidade, que são expressões limitadas da Mônada.
3) A liberação ocorre para a Mônada, não para a personalidade ou o ego, embora essas expressões também participem dos frutos da lib
1. O Homem, Deus e o Universo
8 – A MÔNADA
(Âtmâ ou Purusha)
2. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A relação entre a Mônada e o Logos só pode ser
conhecida através da real percepção interior, com
a Mônada estabelecida em sua verdadeira
natureza que é, em essência, igual à do Logos
Vamos considerar a Mônada como um centro de
consciência e vida Divina nos três aspectos do
corpo, mente e consciência e tentemos obter um
vislumbre de sua verdadeira natureza e de suas
expressões nos planos inferiores da manifestação.
3. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A Mônada é tríplice em sua natureza, assim como
o Logos. E sua triplicidade se reflete em suas
expressões nos planos inferiores da manifestação.
Esse aspecto tríplice é parte da natureza
microcósmica que a Mônada herdou de seus Pais
Divinos.
A relação de um macrocosmo com um
microcosmo é muito interessante e esclarece
inúmeros fenômenos e processos naturais. O
conhecimento adquirido através do Ocultismo
lança luz sobre as forças interiores que
impulsionam, dirigem e fundamentam todos os
fenômenos e processos naturais.
4. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Um macrocosmo é uma manifestação de qualquer
espécie, envolvendo uma estrutura definida, uma
estrutura vitalizada e ativada por leis que operam,
uniforme e invariavelmente, em todas as suas esferas e
aspectos. Todo o mecanismo vivo é guiado e controlado
por uma única unidade de vida ou consciência, seguindo
um padrão uniforme e predeterminado em seu
crescimento e modos de expressão.
Um microcosmo é uma unidade menor da mesma
espécie, em estado não-desenvolvido, mas que contém
todos os poderes e capacidades que podem ser
desenvolvidos por um processo de evolução, num
ambiente que dê as necessárias condições de
crescimento.
5. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
O relacionamento existente entre o microcosmo
e o macrocosmo é o princípio fundamental da
vida corporificada na forma externa, que se
reflete no microcosmo; e essa estrutura exterior
pode ou não mostrar pontos de semelhança num
determinado caso, ainda que isso aconteça
frequentemente. Se passarmos para trás das
estruturas exteriores e examinarmos os
princípios, potencialidades e tendências inerentes
à forma externa, poderemos sempre ver uma
forte semelhança entre as funções e os modos de
expressão do macrocosmo e do microcosmo.
6. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
O ser humano, por exemplo, é uma
representação microcósmica de um sistema solar
do ponto de vista funcional. Ambos possuem um
centro de consciência atuando através de
diferentes veículos.
7. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A Mônada e o Logos possuem também um
relacionamento microcosmo-macrocosmo, pois
em ambos há um centro de consciência atuando
através de sete veículos. Em ambos os casos os
veículos estão funcionando dentro dos planos
mais amplos e mais sutis – planos cósmicos para
o Logos e solares no caso da Mônada. Em ambos
os casos os veículos inferiores sofrem uma
alternância mais frequente de manifestação e
dissolução do que os mais elevados.
8. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A Mônada mostra natureza tríplice como o Logos
e suas expressões limitadas, a individualidade e a
personalidade, também revelam essa natureza
tríplice e funcionam como microcosmo em
relação à Mônada.
Apesar da multiplicidade de veículos e na grande
diferença das manifestações por seu intermédio,
a consciência que neles opera é uma e sempre a
mesma e à medida que vamos da periferia para o
centro, os veículos tornam-se gradativamente
menos materiais e complexos, e a consciência
progressivamente preponderante e abrangente.
9. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A Mônada, a Individualidade e a Personalidade.
10. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Os veículos da Mônada, ainda que estando em
diferentes planos, funcionam em grupos de três e
a consciência que opera em cada grupo é uma
unidade, ainda que subordinada a uma unidade
maior – a manifestação imediatamente superior –
e nela esteja contida, como se pode ver pela
figura anterior.
A personalidade é a parte da consciência humana
mais limitada e atua através dos corpos físico,
astral e mental inferior.
A Individualidade, Ego ou Eu Superior opera
através dos veículos Causal, Búdico e Átmico. É o
elemento espiritual e imortal do homem.
11. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
No interior da Individualidade reside a Mônada, o
Purusha da filosofia Sâmkhya, o núcleo de nosso
ser, a única realidade eterna, una em essência com
o Logos Solar, tendo suas raízes no Plano Âdi e seu
centro de consciência no Plano Anupâdaka de onde
protege e influencia a Individualidade no Plano
Átmico.
O que aparece como evolução e desenvolvimento
nos planos inferiores está, de uma maneira
misteriosa, eternamente presente na Mônada.
O destino da Mônada é tornar-se um Logos Solar e
mesmo nesse estado sua consciência continua a se
expandir nos planos cósmicos de maneira
incompreensível.
12. O Homem, Deus e o Universo
Introdução“A gota do orvalho desliza para o mar fulgurante”,
ou seja, a consciência do ser liberado funde-se
com a Realidade Suprema, ao atingir o Nirvana.
Mas estaria a unicidade individual para sempre
perdida?
Todos os fatos revelados na doutrina ocultista
afirmam a eterna continuidade da
individualidade com sua unicidade.
13. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Segundo a filosofia oculta, na época do
mahâpralaya, todos os logoi e Mônadas são
reabsorvidos no Não-Manifesto e novamente se
destacam quando tem lugar a manifestação de
um novo cosmo. Assim, parece óbvio que as
Mônadas retêm sua unicidade individual no Não-
Manifesto. Assim, a doutrina da completa fusão
da individualidade, de onde não pode haver volta
ao mundo da manifestação, é insustentável.
Com então reconciliar a continuação da
individualidade com sua unicidade e a destruição
da consciência do “Eu” que parece condição
necessária para a Auto-Realização?
14. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
O paradoxo pode ser compreendido aceitando-se
que a individualidade, como tudo o mais, pode
existir em infinitos graus de sutileza. À medida
que se dá o desenvolvimento da consciência, as
formas mais grosseiras da individualidade são
repelidas, uma após outra, e as formas mais sutis
aparecem com a expansão da consciência e a
ampliação do circulo que limita nossa vida e
nosso amor. Esse processo pode continuar ad-
infinitum, como ilustrado até certo ponto pelo
diagrama a seguir.
15. O Homem,
Deus e o
Universo
Introdu
ção
O Enfraquecimento Progressivo da Consciência do “Eu”
ABSOLUTO
O
A espessura da
linha radial entre
os círculos
representa a
rudeza da
individualidade, a
qual diminui à
medida que a
linha se aproxima
do centro,
tendendo à linha
ideal (sem
espessura)
16. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
É possível imaginar que as porções ideais de todas as
linhas radiais que representam as diversas Mônadas
estão presentes no Não-Manifesto e que todas essas
linhas ideais, continuações das verdadeiras linhas da
manifestação, encontram-se no centro ideal que
representa o Absoluto. Visto ser possível uma linha
ideal sem espessura, deve ser possível uma
individualidade sem egoísmo ou qualquer de suas
formas mais sutis nos planos mais elevados. Por
conseguinte, a unicidade individual e a completa
ausência de “eu” são compatíveis e não é necessário
aceitar-se a completa destruição da individualidade a
fim de atingir um estado em que a consciência tudo
abrange num sistema manifesto.
17. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Não são as linhas radiais que impõem a limitação
num centro, pois deixam o centro livre para se
expandir ad infinitum. É a circunferência que
impõe limite ao centro. Essa circunferência pode
ser considerada como tornando-se cada vez
maior, à medida que a linha radial representando
a individualidade da Mônada, aproxima-se do
limite ideal de espessura igual a zero.
Quando a circunferência se expande ao infinito, a
linha se torna uma linha ideal no reino do Não-
Manifesto.
18. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Assim, por esta simples análise matemática
simbólica, é possível resolver o paradoxo da
coexistência da unidade individual com uma
constante expansão da consciência que acaba por
abranger todo o cosmo em seu último estágio.
Um símbolo e a análise matemática de mesma
espécie esclarecerão também o problema da
coexistência da Unicidade e Multiplicidade da
Consciência Divina. Imaginemos um centro do
qual divergem inúmeras linhas radiais, como
mostrado na figura a seguir.
19. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
O Um e os Muitos
20. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
O centro indica o Um. Quanto mais nos
distanciamos do centro mais as linhas radiais
divergem, indicando a separação cada vez maior
da consciência. E há uma Unicidade ainda mais
sutil que a do centro, a Unicidade Global que
inclui o centro e as linhas radiais como um todo,
representando a Realidade Una.
Um aspecto interessante é a fusão de numerosas
linhas radiais no centro, até mesmo um número
infinito delas. Como no centro temos um ponto e
um ponto possui zero dimensões, ele pode
acomodar qualquer quantidade de linhas.
21. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Assim, o Absoluto não é apenas a síntese
harmônica de todos os princípios, tattvas, etc.
mas também uma integração misteriosa e
harmônica de todas as Mônadas, com sua infinita
variedade de unicidade individual.
Daí a máxima:
“Na verdade, tudo é Brahman”
22. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Outra questão que requer consideração
cuidadosa é a doutrina da filosofia Sânkhya em
que o Purusha ou Mônada não passa de
testemunha ou expectador do drama
representado por Prakriti para sua instrução. Este
é um dos pontos fracos dessa filosofia, pois já
vimos que desde os estágios mais primitivos, as
funções ativa e passiva desenvolvem-se lado a
lado.
Temos assim os Jñânendrias e karmendrias como
instrumentos das funções cognitivas e conativas
da consciência.
23. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Mais tarde, quando a consciência é transferida para
os planos espirituais como resultado das práticas
iogues, os dois poderes simultaneamente
desenvolvidos nos estágios avançados da prática são
Pratibhâ e Vikarana-bhâva, percepção não
instrumental e ação não instrumental. Em estágio
ainda mais elevado, quando Purusha atinge Kaivalya,
aparecem como resultado dessa realização a
Onisciência e a Onipotência.
Ainda mais adiante no caminho do desenvolvimento
da consciência, quando a Mônada se torna um Logos
Solar, ela não somente é o Sarva-sâkshi ou a
testemunha de tudo o que penetra do Sistema Solar,
mas também o ativo Dirigente ou Ishvâra do sistema
solar.
24. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Onde então, nesta série de desenvolvimentos
progressivos em que as funções ativas e passivas
sempre andam lado a lado há lugar para a doutrina
do Sânkhya de que o Purusha não passa de uma
testemunha dos acontecimentos ao seu redor?
Outra questão interessante: quem é Liberado?
Não é a personalidade quando atinge Jivanmukti.
Não é o Ego (Átma-Buddhi-Manas) que, ainda que
num estágio muito distante, também deverá
desaparecer.
25. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A liberação existe para a Mônada que foi
envolvida na manifestação e que deverá se liberar
de suas sutilíssimas ilusões. A liberação de um tal
ser tão elevado ocorre de fato com a parte
envolvida na manifestação, a qual passa a
perceber então sua verdadeira natureza, pode
exercer os poderes que daí lhe advém e unifica-se
com a parte que sempre foi livre e consciente de
sua natureza divina. (Já vimos, no Cap. V, que um
Princípio envolvido num estado inferior de
manifestação, somente o é em parte, uma vez
que o restante permanece livre.
26. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
A personalidade e a Individualidade associadas
com a Mônada não são entidades independentes,
mas apenas expressões parciais da Mônada nos
planos inferiores, projeção de sua consciência
nesses planos.
Quando ocorre a Auto-realização, fundem-se
esses três elementos numa unidade de
consciência, de modo que podemos dizer que a
personalidade e a Individualidade também
participam dos frutos da Liberação, durante suas
existências.
27. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
Quem produz a Liberação também é a Mônada. A
personalidade tão limitada nos planos inferiores
não pode produzir a Liberação por seus próprios
esforços. Tudo que lhe é possível fazer é aspirar
ao progresso e atrair forças e direção que
conduzam à Liberação. A personalidade pode
cooperar com o trabalho ou causar embaraço,
mas não muito e nem por um longo tempo, pois,
quando chegar a época apropriada e a Mônada
desejar ser liberada, não será a insignificante
personalidade quem a contrariará.
28. O Homem, Deus e o Universo
Introdução
As mesmas observações aplicam-se ao Ego, ainda
que num sentido diferente, já que, não estando
envolvido em limitações e ilusões grosseiras, não
oferece resistência séria à vontade da Mônada.