5. 1. O Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia
adormecido uma vez mais durante Sete Eternidades.
2. O Tempo não existia, porque dormia no Seio Infinito da Duração.
3. A Mente Universal não existia, porque não havia Ah-hi para contê-la.
4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam. As Grandes Causas da
Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que as produzisse e
fosse por elas aprisionado.
5. Só as trevas enchiam o Todo Sem Limites, porque Pai, Mãe e Filho eram
novamente Um, e o Filho ainda não havia despertado para a Nova Roda e a
Peregrinação por ela.
6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser; e o
Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna, para
ser expirado por aquele que é e todavia não é. Nada existia.
7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas; o Visível, que foi, e o
Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o Único Ser.
ESTÂNCIA I
6. 8. A Forma Una de Existência, sem limites, infinita, sem causa, permanecia
sozinha, em um Sono sem Sonhos; e a Vida pulsava inconsciente no
Espaço Universal, em toda a extensão daquela Onipresença que o Olho
Aberto de Dangma percebe.
9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo se encontrava
em Paramârtha, e a Grande Roda era Anupâdaka?
ESTÂNCIA I (Cont.)
7. 1. O Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia
adormecido uma vez mais durante Sete Eternidades.
O "Pai", o Espaço, é a Causa eterna, onipresente, a
incompreensível divindade, cujas "Invisíveis Vestes" são a
Raiz mística de toda Matéria e do Universo.
O Espaço é a única coisa eterna que somos capazes de
imaginar, imutável em sua abstração, e que não é
influenciado nem pela presença nem pela ausência de um
Universo objetivo. Não tem dimensões, seja em que sentido
for, e existe por si mesmo. O Espírito é a primeira
diferenciação de "Aquilo“ — a Causa sem Causa do Espírito
e da Matéria. o "vazio sem limites" e a "plenitude
condicionada", simultaneamente. Foi, é e sempre será.
8. 1. O Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia
adormecido uma vez mais durante Sete Eternidades.
As "Vestes" representam o númeno da Matéria cósmica não
diferenciada, da matéria abstrata como essência espiritual
da matéria que conhecemos, coeterna e una com o Espaço.
A Natureza-Raiz é também a fonte das propriedades sutis e
invisíveis da matéria visível. É, a Alma do Espírito Único e
Infinito. Os hindus a chamam Mûlaprakriti, e dizem que é a
Substância Primordial, que constitui a base do Upâdhi ou
Veículo de todos os fenômenos, sejam físicos, psíquicos ou
mentais. É a fonte de onde se irradia o Âkâsha.
9. 1. O Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia
adormecido uma vez mais durante Sete Eternidades.
As "Sete eternidades" significam períodos.. As Sete
Eternidades significam os sete períodos de um
Manvantara, ou um espaço de tempo correspondente à sua
duração; e abrangem toda a extensão de um Mahâkalpa ou
"Grande Idade" (100 anos de Brahmâ), perfazendo um total
de 311.040.000.000.000 anos.
Cada Ano de Brahmâ se compõe de 360 Dias e de igual
número de Noites de Brahmâ (computando-se pelo
Chandrâyama ou ano lunar); e um Dia de Brahmâ
corresponde a 4.320.000.000 anos comuns. Estas
Eternidades se relacionam com cálculos os mais secretos.
10. 2. O Tempo não existia, porque dormia no Seio infinito da
Duração.
O "Tempo" é uma ilusão ocasionada pela sucessão dos
nossos estados de consciência, à medida que viajamos
através da Duração Eterna; e deixa de existir quando a
consciência em que tal ilusão se produz já não exista;
então, ele "jaz adormecido“;
O Presente não é senão uma linha matemática que separa
aquela parte da Duração Eterna, que chamamos Futuro,
daquela outra a que damos o nome de Passado. Nada há
sobre a Terra que tenha uma duração real, pois nada
permanece sem mutação, ou no mesmo estado, durante um
bilionésimo de segundo.
11. 2. O Tempo não existia, porque dormia no Seio infinito da
Duração.
A sensação que temos da realidade desta divisão do Tempo,
conhecida como o Presente, advém da impressão momentânea
ou das impressões sucessivas que as coisas comunicam aos
nossos sentidos, à medida que passam da região do ideal, que
denominamos Futuro, à região da memória, que chamamos
Passado.
O que sucede com as pessoas e as coisas que, caindo do "será" no
"foi", isto é, do Futuro no Passado, apresentam ocasionalmente
aos nossos sentidos como que uma seção transversal do seu
todo à medida que vão passando através do Tempo e do Espaço
(como Matéria) em seu caminho de uma eternidade para outra;
e estas duas eternidades constituem aquela Duração, na qual, e
somente na qual, há algo que tem existência real
12. 3. A Mente Universal não existia, porque não havia Ah-hi para
contê-la
"Mente" é o nome dado à totalidade dos Estados de
consciência compreendidos sob as denominações de
Pensamento, Vontade e Sentimento;
Um númeno não pode chegar a ser fenômeno em qualquer
plano de existência sem que se manifeste nesse plano por
meio de uma casa ou veículo apropriado; e durante a longa
Noite de repouso chamada Pralaya, quando todas as
Existências são dissolvidas, a "Mente Universal" permanece
como uma possibilidade de ação mental, ou como aquele
Pensamento abstrato e absoluto do qual a Mente é a
manifestação concreta e relativa.
13. 3. A Mente Universal não existia, porque não havia Ah-hi para
contê-la
Os Ah-hi (Dhyân Chohans) são as Legiões de Seres
espirituais que constituem o Veículo para a manifestação
do Pensamento e da Vontade Divina ou Universal. São as
Forças Inteligentes que elaboram as "Leis" da Natureza e as
fazem executar, cumprindo, por sua vez, e ao mesmo
tempo, as leis que lhes são analogamente ditadas por
Poderes ainda mais elevados;
14. 3. A Mente Universal não existia, porque não havia Ah-hi para
contê-la
Esta Hierarquia de Seres espirituais, por cujo intermédio
atua a Mente Universal, assemelha-se a um exército — uma
verdadeira legião — pelo qual se manifesta o poder militar
de uma nação, e que se compõe de corpos de tropa,
divisões, brigadas, regimentos etc., cada qual com sua
individualidade ou vida distinta, sua liberdade de ação e
sua responsabilidade limitadas; estando cada unidade
contida em uma individualidade superior, à qual ficam
subordinados seus próprios interesses, e encerrando em si,
ao mesmo passo, individualidades inferiores.
15. 4. Os Sete Caminhos da Felicidade (Nirvana) não existiam (a). As
Grandes Causas da Desgraça (Nidâna e Mâyâ) não existiam,
porque não havia ninguém que as produzisse e fosse por elas
aprisionado (b).
(a)
Há "Sete Caminhos" ou "Vias" que conduzem à "Felicidade"
da Não- Existência, que é o absoluto Ser, Existência e
Consciência. Não existiam, porque o Universo até então se
achava vazio, só existindo no Pensamento Divino.
16. 4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes
Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que
as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).
(b)
Cada uma das Doze Nidânas é o efeito da Causa
antecedente, e, por seu turno, a causa da que lhe sucede,
estando a soma total das Nidânas baseada nas Quatro
Verdades, doutrina especialmente característica do
Sistema Hînayâna;
Pertencem elas à teoria de que todas as coisas seguem o
curso da lei, a lei inevitável que produz o mérito e o
demérito, e que finalmente faz sentir a força do Carma em
toda a sua plenitude;
17. 4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes
Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que
as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).
(b)
O sistema Hînayâna é fundado na grande verdade de que a
reencarnação infunde temor, porque a existência neste mundo
só traz ao homem sofrimento, desgraça e dor; sendo a própria
morte incapaz de dar ao homem a sua libertação, porque a
morte não é mais que a porta pela qual ele passa de uma para
outra vida na terra, após um breve repouso no Devachan;
O homem pode escapar às tribulações dos renascimentos, e até à
ilusória felicidade do Devachan, por meio da obtenção da
Sabedoria e do Conhecimento, os únicos que podem dissipar os
frutos da Ilusão e da Ignorância.
18. 4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes
Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que
as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).
(b)
Mâyâ, ou Ilusão, é um elemento que participa de todas as coisas
finitas, porque tudo quanto existe possui tão só um valor
relativo, e não absoluto, tendo em vista que a aparência
assumida pelo númeno perante o observador depende do poder
de cognição deste último;
Nada é permanente, a não ser a Existência Una, absoluta e
oculta, que contém em si mesma os númenos de todas as
realidades. As existências pertencentes a cada plano do ser,
incluindo os Dhyan Chohâns mais elevados, são comparáveis às
sombras projetadas por uma lanterna mágica em uma superfície
branca.
19. 4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes
Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que
as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).
(b)
No entanto, todas as coisas são relativamente reais, porque
o conhecedor é também um reflexo, e por isso as coisas
conhecidas lhe parecem tão reais quanto ele próprio;
Seja qual for o plano em que possa estar atuando a nossa
consciência, tanto nós como as coisas pertencentes ao
mesmo plano somos as únicas realidades do momento;
20. 4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam (a). As Grandes
Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que
as produzisse e fosse por elas aprisionado (b).
(b)
À medida, porém, que nos vamos elevando na escala do
desenvolvimento, percebemos que, nos estádios já
percorridos, havíamos tomado sombras como realidades, e
que o progresso ascendente do Ego é um contínuo e
sucessivo despertar, cada passo à frente levando consigo a
idéia de que então alcançamos a "realidade". Mas só
quando houvermos atingido a Consciência absoluta, e com
ela operarmos a fusão da nossa, é que viremos a libertar-
nos das ilusões de Mâyâ.
21. 5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai,
Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia
despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação
por ela (b):
(a)
As "Trevas são Pai-Mãe; a Luz é o seu Filho“. Não podemos
conceber a luz senão considerando-a como proveniente de
alguma fonte que lhe seja a causa; e, como no caso da Luz
Primordial essa fonte é desconhecida — conquanto a reclamem
a razão e a lógica — nós a chamamos "Trevas", do ponto de vista
intelectual;
As Trevas são a Matriz Eterna, na qual as Origens da Luz
aparecem e desaparecem. Cientificamente a luz é tão-somente
um modo das trevas, e vice-versa
22. 5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai,
Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia
despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação
por ela (b):
(a)
Quando todo o Universo jazia imerso no sono, isto é,
quando havia regressado ao seu elemento primordial, não
existia ali nem centro de luminosidade nem olho para
perceber a Luz; e as trevas enchiam necessariamente o
"Todo Sem Limites".
23. 5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai,
Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia
despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação
por ela (b):
(b)
O "Pai e a Mãe" são os princípios masculino e feminino na
Natureza-Raiz, os polos opostos que se manifestam em todas as
coisas, em cada plano do Cosmos; ou o Espírito e a Substância,
em um aspecto menos alegórico, e cuja resultante é o Universo,
ou o "Filho“;
Eles são "novamente Um", quando, na noite de Brahmâ, durante
o Pralaya, tudo no Universo objetivo retorna à sua causa única,
eterna e primária, para ressurgir na Aurora seguinte, como
acontece periodicamente
24. 5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai,
Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia
despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação
por ela (b):
(b)
"Kârana" — a Causa Eterna — estava só. Kârana
permanece só durante as Noites de Brahmâ. O anterior
Universo objetivo dissolveu-se em sua Causa única, eterna
e primária, e mantém-se como que em dissolução no
espaço, para diferenciar-se outra vez e cristalizar-se de
novo na seguinte Aurora Manvantárica, que será o começo
de um novo Dia ou de uma nova atividade de Brahmâ,
símbolo de um Universo.
25. 5. Só as Trevas enchiam o Todo Sem Limites (a), porque Pai,
Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia
despertado para a nova Roda (mundo ou globo) e a Peregrinação
por ela (b):
(b)
Brahmâ é o Pai-Mãe-Filho, ou Espírito, Alma e Corpo a um
só tempo, sendo cada personagem o símbolo de um
atributo e cada atributo ou qualidade um eflúvio graduado
do Sopro Divino em suas diferenciações cíclicas, involutivas
e evolutivas.
26. 6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado
de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado
em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado
por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).
(a)
Os "Sete Senhores Sublimes" são os Sete Espíritos Criadores,
os Dhyân Chohans;
Os Dhyânis velam, sucessivamente, sobre uma das Rondas
e sobre as grandes Raças-Raízes de nossa Cadeia
Planetária. Eles enviam seus Bodhisattvas à Terra, como
representantes humanos dos Dhyâni-Buddhas, durante
cada Ronda e cada Raça.
27. 6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado
de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado
em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado
por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).
(a)
Das "Sete Verdades" e Revelações, ou melhor, segredos
revelados, só quatro nos foram dadas a conhecer; pois
estamos ainda na Quarta Ronda, e por isso não teve o
mundo, até agora, senão quatro Buddhas. Até hoje "existem
somente Quatro Verdades e Quatro Vedas" — dizem os
Hindus e os Budistas.
28. 6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado
de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado
em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado
por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).
(b)
A Doutrina Secreta ensina o progressivo desenvolvimento de
todas as coisas, tanto dos mundos como dos átomos. Não é
possível conceber o princípio desse maravilhoso
desenvolvimento, nem tampouco imaginar-lhe o fim. O nosso
"Universo" não passa de uma unidade em um número infinito
de Universos, todos eles "Filhos da Necessidade", elos da
Grande Cadeia Cósmica de Universos, cada qual em relação de
efeito com o que o precedeu, e de causa com o que lhe sucede.
29. 6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado
de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado
em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado
por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).
(b)
O aparecimento e o desaparecimento do Universo são
como expiração e inspiração do Grande Sopro, que é eterno
e que, sendo Movimento, é um dos três aspectos do
Absoluto; os outros dois são o Espaço Abstrato e a Duração.
30. 6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado
de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado
em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado
por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).
(b)
Quando o Grande Sopro expira, é chamado o Sopro Divino e
considerado como a respiração da Divindade Incognoscível
— a Existência Una —, emitindo esta, por assim dizer, um
pensamento, que vem a ser o Cosmos. De igual modo,
quando o Sopro Divino é inspirado, o Universo desaparece
no seio da Grande Mãe, que então dorme "envolta em suas
Sempre Invisíveis Vestes".
31. 6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado
de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado
em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado
por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).
(c)
Por "aquele que é, e todavia não é", entende-se aquele
Grande Sopro, do qual só podemos dizer que é a Existência
Absoluta, sem que nos seja dado representá-lo em nossa
imaginação como uma forma qualquer de Existência que
possamos distinguir da Não-Existência.
32. 6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado
de ser (a); e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado
em Paranishpanna (a perfeição absoluta) (b), para ser expirado
por aquele que é, e todavia não é. Nada existia(c).
(c)
Nossas idéias quanto à duração do tempo são todas
derivadas de nossas sensações, de acordo com as leis de
associação. Enlaçadas de modo inextricável com a
relatividade do conhecimento humano, essas idéias não
podem, contudo, ter existência alguma fora da experiência
do eu individual, e perecem quando sua marcha evolutiva
dissipa o Mâyâ da existência fenomenal
33. 7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível,
que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o
Único Ser (b).
(a)
"As Causas da Existência" significam não somente as causas
físicas conhecidas pela ciência, mas também as causas
metafísicas, a principal das quais é o desejo de existir, uma
resultante de Nidâna e de Mâyâ. Este desejo de uma vida
senciente manifesta-se por si mesmo em todas as coisas,
desde o átomo ao sol, é um reflexo do Pensamento Divino
projetado na existência objetiva sob a forma de uma lei que
manda o Universo existir.
34. 7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível,
que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o
Único Ser (b).
(a)
Segundo o ensinamento esotérico, a causa real daquele
suposto e de toda existência permanece sempre oculta, e suas
primeiras emanações representam as mais elevadas
abstrações que a mente humana pode conceber. Temos que
admitir tais abstrações como a causa deste Universo material
que se apresenta aos sentidos e à inteligência; e são elas
necessariamente o fundamento dos poderes secundários e
subordinados à Natureza, que têm sido antropomorfizados e
adorados como "Deus" e como "deuses" pelas multidões de
todas as épocas.
35. 7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível,
que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o
Único Ser (b).
(a)
As abstrações tornam-se cada vez mais concretas à medida
que se aproximam do nosso plano de existência, até que
por fim se cristalizam em fenomenais, sob a forma de
Universo material, por um processo de conversão do
metafísico em físico
36. 7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível,
que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o
Único Ser (b).
(b)
A idéia do "Eterno Não-Ser" que é o "Único Ser" aparece como
um paradoxo a quem quer que não se dê conta de que nós
limitamos nossas idéias sobre o Ser à nossa presente
consciência da Existência, dando a este termo um sentido
específico, em vez de genérico;
O Ser Uno é o númeno de todos os númenos, que sabemos
devem existir por trás de todos os fenômenos, dando-lhes a
sombra do quê de realidade que possuem; mas que não
podemos atualmente conhecer por nos faltarem os sentidos e
a inteligência indispensáveis à sua percepção.
37. 7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas (a); o Visível,
que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o
Único Ser (b).
(b)
O mortal comum não pode ter noção da realidade das
coisas fora do Mâyâ que as vela e oculta. Só o Iniciado,
enriquecido pelo conhecimento adquirido através de
inúmeras gerações de seus predecessores, dirige o "Olho de
Dangma", para a essência das coisas, em que Mâyâ não
pode ter nenhuma influência.
38. 8. A forma Una de Existência (a), sem limites, infinita, sem
causa, permanecia sozinha, em um Sono sem Sonhos (b); e a
Vida pulsava inconsciente no Espaço Universal, em toda a
extensão daquela Onipresença que o Olho aberto de Dangma
percebe.
(a)
A Doutrina Secreta apresenta o postulado de uma "Forma
Única de Existência" como base e fonte de todas as coisas,
antes Plano do que Forma, "de onde tudo sai e para onde
tudo retorna";
39. 8. A forma Una de Existência (a), sem limites, infinita, sem
causa, permanecia sozinha, em um Sono sem Sonhos (b); e a
Vida pulsava inconsciente no Espaço Universal, em toda a
extensão daquela Onipresença que o Olho aberto de Dangma
percebe
(a)
Os comentaristas purânicos a interpretam como Karâna,
"Causa"; mas a Filosofia Esotérica a considera o espírito ideal
daquela Causa. Em seu estado secundário, é o Svabhâvat do
filósofo budista, a Eterna Causa-e-Efeito, onipresente e
contudo abstrata, a Essência plástica existente por si mesma,
e a Raiz de todas as coisas, vista em seu duplo sentido, da
mesma forma como o vedantino considera o seu
Parabrahman e Mûlaprakriti, o Uno sob dois aspectos.
40. 8. A forma Una de Existência (a), sem limites, infinita, sem
causa, permanecia sozinha, em um Sono sem Sonhos (b); e a
Vida pulsava inconsciente no Espaço Universal, em toda a
extensão daquela Onipresença que o Olho aberto de Dangma
percebe.
(b)
O "Sono sem Sonhos" é um dos sete estados de consciência
conhecidos no esoterismo oriental. Em cada um destes
estados entra em ação uma parte distinta da mente; ou,
como diria um vedantino, o indivíduo é consciente em um
plano diferente do seu ser
41. 9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo
(Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o
Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em
Anupâdaka? (b)
(a)
Alaya é a Alma do Mundo, Anima Mundi, a Superalma de
Emerson, que muda periodicamente de natureza. Alaya,
apesar de eterna e imutável em sua essência interna, nos
planos fora do alcance dos homens ou mesmo dos deuses
cósmicos (Dhyâni-Buddhas), altera-se durante o período de
vida ativa que diz respeito aos planos inferiores, inclusive o
nosso. Durante esse tempo, não só os Dhyâni Buddhas são
unos com Alaya em Alma e Essência, mas até o homem que
realizou a Ioga é capaz de fundir sua alma nela.
42. 9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo
(Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o
Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em
Anupâdaka? (b)
(a)
Ensina a Filosofia Esotérica que tudo vive e é consciente.
Nós consideramos a vida como a única forma de existência
manifestando-se no que chamamos Matéria, ou naquilo
que, no homem, chamamos Espírito, Alma e Matéria. A
Matéria é o Veículo para a manifestação da Alma neste
plano de existência, e a Alma é o Veículo em um plano mais
elevado para a manifestação do Espírito; e os três formam
uma Trindade sintetizada pela Vida, que os interpenetra a
todos.
43. 9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo
(Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o
Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em
Anupâdaka? (b)
(a)
Alaya tem uma dupla significação, e até mesmo tríplice. No
sistema Yogachârya da escola contemplativa Mahâyâna, Alaya é,
ao mesmo tempo, a Alma Universal, Anima Mundi, e o Eu de um
Adepto adiantado;
"Alaya possui uma existência eterna e absoluta". Em certo
sentido, é Pradhâna, que o Vishnu Parâna define como "a causa
não evolucionada, a base original, na denominação enfática dos
sábios, o Prakriti sutil, ou seja, o eterno e o que ao mesmo tempo é
(ou encerra em si) o que é o que não é, ou é mera evolução”
(Vishnu Purana).
44. 9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo
(Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o
Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em
Anupâdaka? (b)
(a)
“A causa contínua, que é uniforme, que é ao mesmo tempo causa e
efeito, chamada Pradhâna e Prakriti por aqueles que conhecem os
primeiros princípios, é o incognoscível Brahma, que era anterior a
tudo” (Vishnu Purana);
Quer dizer, Brahma não cria nem mesmo produz a evolução, mas
unicamente revela vários aspectos de si próprio, um dos quais é
Prakriti, aspecto de Pradhâna. "Prakriti", no entanto, não é uma
palavra adequada, e Alaya o explicaria melhor, visto que Prakriti
não é o "incognoscível Brahma".
45. 9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo
(Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o
Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em
Anupâdaka? (b)
(b)
A palavra "Anupâdaka", sem pais ou sem progenitores, é uma
designação mística que tem várias significações em nossa
filosofia. É o nome que se costuma dar aos Seres Celestes como
os Dhyân Chohans ou os Dhyâni Buddhas. Estes últimos
correspondem misticamente aos Buddhas e Bodhisattvas
humanos, conhecidos por Mânushi (humanos) Buddhas e
chamados mais tarde Anupâdaka, quando operada a fusão de
sua personalidade com os seus Princípios Sexto e Sétimo
combinados, ou Âtmâ-Buddhi, convertendo-se nas "Almas de
Diamante" (Vajrasattvas) ou Mahâtmâs completos.
46. 9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo
(Alma como base do mundo) se encontrava em Paramârtha (a) (o
Ser Absoluto e a Consciência Absoluta) e a Grande Roda em
Anupâdaka? (b)
(b)
O "Senhor Oculto" , "o que está imerso no Absoluto", não pode ter
pais, porque é existente por Si Mesmo, e Uno com O Espírito
Universal (Svayambhu) o Svabhâvat em seu mais elevado
aspecto. Grande é o mistério da hierarquia dos Anupâdaka; o seu
vértice é o Espírito-Alma Universal e a sua base os Mânushi
Buddhas; e cada homem dotado de Alma é um Anupâdaka em
estado latente. Daí o emprego da expressão: "a Grande Roda (o
Universo) era Anupâdaka", quando se alude ao Universo em seu
estado sem forma, eterno e absoluto, antes de ser formado pelos
"Construtores".