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(George Orwell – 1937)
O caminho para Wigan Píer é um livro
com duas partes distintas. A primeira
parte, de natureza descritiva, foca de
perto a extrema pobreza da classe
trabalhadora inglesa, na linha do que
hoje chamaríamos de novo jornalismo
americano que surgiu quase três
décadas depois, na segunda temos um
ensaio agudo, virulento e a seu modo
divertido sobre a sociedade de classes
na Inglaterra e, por extensão, em todo
o mundo capitalista.
A parte jornalística é fruto de uma
visita de dois meses que o, então, fu-
turo autor do clássico 1984 fez às
áreas de mineração de carvão em Lancashire e YorkSjhire, no norte
da ilha britânica. Ali Orwell entrou em contato direto com o drama
dos mineradores paupérrimos, submetidos a duras e desumanas
condições de trabalho e de habitação, sob salários de fome, quando
empregados, ou enfrentando as sucessivas ondas de desemprego
em massa que punham em risco sua sobrevivência e a de suas
famílias.
Orwell ficou profundamente impressionado com o que viu, e suas
descrições das misérias, cheiros pestilentos e angústias que
cercavam a vida daquelas pessoas não admitem meios-tons, fato
que chocou não pouca gente na época da publicação do livro e
choca até hoje. Mesmo escrito sob encomenda de seu editor
esquerdista, Wigan Píer é um dos livros mais pessoais de Orwell,
um testemunho vivido do submundo infernal da grande sociedade
industrial inglesa, numa época em que o carvão regia a quase
totalidade da vida cotidiana, "desde tomar um sorvete até
atravessar o Atlântico, desde assar um filão de pão até escrever um
romance", como descreve o autor.
Na segunda parte do livro, Orwell, em tom confessional e não raro
mordaz, analisa a estrutura social e os preconceitos de classe
britânicos, sem poupar críticas azedas aos políticos de filiação
socialista e aos simpatizantes esquerdistas de classe média, que ele
vê como incapazes de verdadeira empatia física com os
trabalhadores.
Em plena posse da prosa límpida e potente que o celebrizou, Orwell
começa esmiuçando sua própria classe social, que ele, não sem boa
dose de ironia, chamava de "lower-upper-middle-class" — ou seja,
a faixa inferior da classe média alta, às vezes obrigada a partilhar
bairros com a desprezada classe trabalhadora, sem, porém, perder
um ridículo senso de superioridade mantido quase que somente às
custas do sotaque aristocrático.
O caminho para Wigan Píer é um exemplo acabado do imenso
poder narrativo e ensaístico de George Orwell, num grafismo
implacável, descrições agudas da injustiça social, das moradias
precárias, das condições perigosas e desumanas do trabalho
insalubre das minas de carvão.
O autor: Eric Arthur Blair (George
Orwell) nasceu em 1903, na Índia,
onde seu pai era funcionário
público. A família mudou-se para a
Inglaterra em 1907, e em 1917
Orwell ingressou na escola de elite
em Eton, onde foi bolsista. Lá,
contribuiu regularmente para várias
publicações. De 1922 a 1927,
serviu na Força Policial Imperial In-
diana, na Birmânia (atual
Mianmar), teve experiência que
inspirou seu primeiro romance,
Dias na Birmânia, de 1934.
Seguiram-se vários anos de
pobreza. Viveu em Paris dois anos até voltar à Inglaterra, onde
trabalhou sucessivamente como professor particular, mestre-escola
e vendedor de livraria, contribuindo também com resenhas e
artigos para diversos periódicos. Em 1936 recebeu do editor
esquerdista Victor Gollancz a incumbência de visitar áreas que
sofriam de desemprego em massa, nos condados de Lancashire e
Yorkshire. O caminho para Wigan Píer (1937) é uma
impressionante descrição da penúria que Orwell testemunhou
nessas regiões da Inglaterra. No fim de 1936, decidiu ir à Espanha
lutar ao lado dos republicanos, e ali foi ferido. Homenagem à
Catalunha é o seu relato da Guerra Civil Espanhola. Em 1938 foi
hospitalizado em um sanatório para tuberculosos e nunca mais
recuperou plenamente a saúde. Passou seis meses no Marrocos,
onde escreveu “Um pouco de ar, por favor”. Durante a Segunda
Guerra Mundial serviu na Guarda Nacional Britânica, e de 1941 a
1943 trabalhou na BBC, no serviço de transmissões para o Oriente.
Como editor literário do Tribune, colaborava regularmente com
comentários políticos e literários; também escreveu para o
Observer e depois para o Manchester Evening News. Sua alegoria
política “A revolução dos bichos” foi publicada em 1945. Foi esse
livro, juntamente com 1984 (de 1949), que lhe trouxe fama
mundial. Orwell morreu em Londres, em janeiro de 1950. Alguns
dias antes, Desmond MacCarthy lhe enviara uma mensagem de
saudações, na qual dizia: "Você deixou uma marca indelével na
literatura inglesa [...]. Você é dos poucos escritores memoráveis da
sua geração".
"No sistema capitalista, para que a Inglaterra possa viver em relativo conforto,
100 milhões de indianos têm que viver à beira da inanição – um estado de
coisas perverso, mas você consente com tudo isso cada vez que entra num
táxi ou come morangos com creme."
É dessa forma, unindo a pegada do inconformista com a mordacidade do
literato, que George Orwell pinta as relações entre a metrópole imperial
britânica e suas colônias na Ásia, na segunda parte de O caminho para Wigan
Pier, publicado originalmente em 1937. É na primeira parte, porém, que ele dá
conta, com seu costumeiro estilo límpido ("de vidraça", como ele dizia), direto
e vigoroso, de sua visita às áreas de mineração de carvão em Lancashire e
Yorkshire, no norte da ilha britânica. A pobreza e o sofrimento atroz dos
mineiros são retratados ali com um grafismo brutal, desde as condições
esquálidas de moradia ao medo das frequentes ondas de desemprego que
assolavam a região, colocando em risco extremo a sobrevivência física dos
trabalhadores e de suas famílias.
Orwell já havia mergulhado a fundo na experiência da pobreza quase absoluta,
nos dois anos que viveu perambulando como mendigo e trabalhador
desqualificado pela França e pela própria Inglaterra – experiência narrada em
seu primeiro livro, Na pior em Paris e Londres. A isso, somou-se o impacto
desses dias passados lado a lado com os mineiros de carvão, o que resultou
não só na pioneira peça de new journalism (expressão que só apareceria a
partir dos anos 1960, nos Estados Unidos) da primeira parte de Wigan Pier,
como também na análise amarga e muitas vezes sardônica da estrutura social,
dos preconceitos de classe britânicos e das fragilidades e inconsistências da
esquerda intelectual bem-nascida que lemos na segunda parte da obra.
Neste livro, vemos o futuro e celebrado autor de clássicos universais já em
plena florescência de seu projeto literário e existencial, que o levou a
abandonar os privilégios de sua classe, a execrar qualquer forma de
imperialismo e a mergulhar de corpo e alma na vida dos trabalhadores pobres
e dos excluídos sociais.
Fonte: Editora Companhia das Letras – edição 2010.

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O caminho para Wigan Pier

  • 1. (George Orwell – 1937) O caminho para Wigan Píer é um livro com duas partes distintas. A primeira parte, de natureza descritiva, foca de perto a extrema pobreza da classe trabalhadora inglesa, na linha do que hoje chamaríamos de novo jornalismo americano que surgiu quase três décadas depois, na segunda temos um ensaio agudo, virulento e a seu modo divertido sobre a sociedade de classes na Inglaterra e, por extensão, em todo o mundo capitalista. A parte jornalística é fruto de uma visita de dois meses que o, então, fu- turo autor do clássico 1984 fez às áreas de mineração de carvão em Lancashire e YorkSjhire, no norte da ilha britânica. Ali Orwell entrou em contato direto com o drama dos mineradores paupérrimos, submetidos a duras e desumanas condições de trabalho e de habitação, sob salários de fome, quando empregados, ou enfrentando as sucessivas ondas de desemprego em massa que punham em risco sua sobrevivência e a de suas famílias. Orwell ficou profundamente impressionado com o que viu, e suas descrições das misérias, cheiros pestilentos e angústias que cercavam a vida daquelas pessoas não admitem meios-tons, fato que chocou não pouca gente na época da publicação do livro e choca até hoje. Mesmo escrito sob encomenda de seu editor esquerdista, Wigan Píer é um dos livros mais pessoais de Orwell, um testemunho vivido do submundo infernal da grande sociedade industrial inglesa, numa época em que o carvão regia a quase totalidade da vida cotidiana, "desde tomar um sorvete até atravessar o Atlântico, desde assar um filão de pão até escrever um romance", como descreve o autor. Na segunda parte do livro, Orwell, em tom confessional e não raro mordaz, analisa a estrutura social e os preconceitos de classe britânicos, sem poupar críticas azedas aos políticos de filiação socialista e aos simpatizantes esquerdistas de classe média, que ele vê como incapazes de verdadeira empatia física com os trabalhadores.
  • 2. Em plena posse da prosa límpida e potente que o celebrizou, Orwell começa esmiuçando sua própria classe social, que ele, não sem boa dose de ironia, chamava de "lower-upper-middle-class" — ou seja, a faixa inferior da classe média alta, às vezes obrigada a partilhar bairros com a desprezada classe trabalhadora, sem, porém, perder um ridículo senso de superioridade mantido quase que somente às custas do sotaque aristocrático. O caminho para Wigan Píer é um exemplo acabado do imenso poder narrativo e ensaístico de George Orwell, num grafismo implacável, descrições agudas da injustiça social, das moradias precárias, das condições perigosas e desumanas do trabalho insalubre das minas de carvão. O autor: Eric Arthur Blair (George Orwell) nasceu em 1903, na Índia, onde seu pai era funcionário público. A família mudou-se para a Inglaterra em 1907, e em 1917 Orwell ingressou na escola de elite em Eton, onde foi bolsista. Lá, contribuiu regularmente para várias publicações. De 1922 a 1927, serviu na Força Policial Imperial In- diana, na Birmânia (atual Mianmar), teve experiência que inspirou seu primeiro romance, Dias na Birmânia, de 1934. Seguiram-se vários anos de pobreza. Viveu em Paris dois anos até voltar à Inglaterra, onde trabalhou sucessivamente como professor particular, mestre-escola e vendedor de livraria, contribuindo também com resenhas e artigos para diversos periódicos. Em 1936 recebeu do editor esquerdista Victor Gollancz a incumbência de visitar áreas que sofriam de desemprego em massa, nos condados de Lancashire e Yorkshire. O caminho para Wigan Píer (1937) é uma impressionante descrição da penúria que Orwell testemunhou nessas regiões da Inglaterra. No fim de 1936, decidiu ir à Espanha lutar ao lado dos republicanos, e ali foi ferido. Homenagem à Catalunha é o seu relato da Guerra Civil Espanhola. Em 1938 foi hospitalizado em um sanatório para tuberculosos e nunca mais recuperou plenamente a saúde. Passou seis meses no Marrocos, onde escreveu “Um pouco de ar, por favor”. Durante a Segunda Guerra Mundial serviu na Guarda Nacional Britânica, e de 1941 a
  • 3. 1943 trabalhou na BBC, no serviço de transmissões para o Oriente. Como editor literário do Tribune, colaborava regularmente com comentários políticos e literários; também escreveu para o Observer e depois para o Manchester Evening News. Sua alegoria política “A revolução dos bichos” foi publicada em 1945. Foi esse livro, juntamente com 1984 (de 1949), que lhe trouxe fama mundial. Orwell morreu em Londres, em janeiro de 1950. Alguns dias antes, Desmond MacCarthy lhe enviara uma mensagem de saudações, na qual dizia: "Você deixou uma marca indelével na literatura inglesa [...]. Você é dos poucos escritores memoráveis da sua geração". "No sistema capitalista, para que a Inglaterra possa viver em relativo conforto, 100 milhões de indianos têm que viver à beira da inanição – um estado de coisas perverso, mas você consente com tudo isso cada vez que entra num táxi ou come morangos com creme." É dessa forma, unindo a pegada do inconformista com a mordacidade do literato, que George Orwell pinta as relações entre a metrópole imperial britânica e suas colônias na Ásia, na segunda parte de O caminho para Wigan Pier, publicado originalmente em 1937. É na primeira parte, porém, que ele dá conta, com seu costumeiro estilo límpido ("de vidraça", como ele dizia), direto e vigoroso, de sua visita às áreas de mineração de carvão em Lancashire e Yorkshire, no norte da ilha britânica. A pobreza e o sofrimento atroz dos mineiros são retratados ali com um grafismo brutal, desde as condições esquálidas de moradia ao medo das frequentes ondas de desemprego que assolavam a região, colocando em risco extremo a sobrevivência física dos trabalhadores e de suas famílias. Orwell já havia mergulhado a fundo na experiência da pobreza quase absoluta, nos dois anos que viveu perambulando como mendigo e trabalhador desqualificado pela França e pela própria Inglaterra – experiência narrada em seu primeiro livro, Na pior em Paris e Londres. A isso, somou-se o impacto desses dias passados lado a lado com os mineiros de carvão, o que resultou não só na pioneira peça de new journalism (expressão que só apareceria a partir dos anos 1960, nos Estados Unidos) da primeira parte de Wigan Pier, como também na análise amarga e muitas vezes sardônica da estrutura social, dos preconceitos de classe britânicos e das fragilidades e inconsistências da esquerda intelectual bem-nascida que lemos na segunda parte da obra. Neste livro, vemos o futuro e celebrado autor de clássicos universais já em plena florescência de seu projeto literário e existencial, que o levou a abandonar os privilégios de sua classe, a execrar qualquer forma de imperialismo e a mergulhar de corpo e alma na vida dos trabalhadores pobres e dos excluídos sociais. Fonte: Editora Companhia das Letras – edição 2010.