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ANÁLISE DOS MÉTODOS DE PESQUISA APLICADOS NA PRODUÇÃO
CIENTÍFICA EM ADMINISTRAÇÃO RELACIONADAS AO TEMA GESTÃO DE
COMPETÊNCIAS
Josué da Luz Dias | Luciana Dalfollo Ferreira
Marcelo de Souza Barradas | Pâmela Siqueira Telechea
RESUMO
Gestão de Competências é um tema que vem continuamente ganhando
espaço e interesse não só no meio acadêmico como no meio empresarial. Este
artigo é resultado de uma pesquisa exploratória que teve como objetivo analisar os
métodos de pesquisa empregados em 33 artigos publicados em periódicos nacionais
entre 2005 e 2008, que abordam o tema gestão de competências.
Além da enumeração dos métodos e técnicas mais utilizadas, este artigo
analisa em detalhe o método de pesquisa mais empregado: estudo de caso.
Como resultado, identificou-se importantes lacunas na aplicação dos métodos
de pesquisa no que se refere à documentação do planejamento e do procedimento
de execução das pesquisas. Este trabalho revela os pontos específicos onde há
oportunidades de melhoria, servindo assim de uma espécie de guia metodológico
para futuras produções científicas na área de gestão de competências.
Palavras-chave: Gestão de Competências. Método de Pesquisa.
1 INTRODUÇÃO
O tema Gestão de Competências vem continuamente ganhando espaço e
interesse não só no meio acadêmico como no meio empresarial. Obviamente pela
necessidade de melhor conceituar o que é competência e entender quais os
elementos que a compõe, mas também pela necessidade de compreender o
processo de formação e desenvolvimento dessas competências. Em se tratando de
competências, os autores têm “navegado em águas” bastante distintas, desde a
investigação de mecanismos de avaliação e desenvolvimento de competências
2
individuais associados à remuneração variável, até a análise do processo de
formação e desenvolvimento das competências organizacionais que contribuem
para a competitividade. Essa heterogeneidade é explorada recentemente por RUAS
(2008), o qual explora a noção de competência encontrada na pesquisa científica
brasileira sobre administração.
Sendo assim, a questão central que motivou a elaboração do presente artigo
foi: “Como o método de pesquisa está sendo aplicado na produção científica
brasileira em administração relacionada ao tema gestão de competências?”. Ou
seja, independentemente dos objetivos específicos das pesquisas científicas
realizadas até o momento é latente a necessidade de compreender como vem
sendo conduzidas essas pesquisas, principalmente no que diz respeito à aplicação
dos métodos. Mais, para aqueles pesquisadores que planejam explorar o tema, seria
de grande valia a existência de um referencial teórico que apresente quais métodos
vem sendo utilizados, quais as técnicas de coleta de dados empregadas e de que
forma a aplicação desses instrumentos vem contribuindo para a geração dos
resultados já alcançados. Vislumbrando essa oportunidade, o presente artigo vem
contribuir, mesmo que de forma singela, para o direcionamento, ou
redirecionamento, de pesquisas futuras.
Na seção seguinte, é apresentado um referencial teórico do tema gestão de
competências, seu histórico evolutivo, contribuições dos principais autores, e as três
principais ramificações de interesse: competências organizacionais, competências
de grupo e competências individuais. O objetivo desta seção é contextualizar a
noção de competência adotada por essa pesquisa.
Em uma seção imediatamente posterior, são apresentados de forma sucinta
os principais métodos de pesquisa utilizados na atualidade, cujo intuito é fornecer
subsídios para que o leitor compreenda os elementos básicos utilizados na análise.
A partir desses elementos básicos construiu-se uma matriz, em forma de check-list,
que foi utilizada como ferramenta básica para analisar o método de pesquisa
utilizado em cada um dos artigos e ao mesmo tempo registrar constatações do tipo:
O método utilizado está alinhado com o objetivo da pesquisa? O método foi utilizado
na íntegra? As técnicas de coleta de dados adotadas estão coerentes com o método
empregado? Constatações estas que embasaram a análise dos resultados deste
artigo. E por fim, analisou-se de forma aprofundada o método de pesquisa mais
3
utilizado nas produções científicas brasileiras sobre o tema gestão de competências:
o estudo de caso.
2 SOBRE A GESTÃO DE COMPETÊNCIAS
O conceito de competência tem sido elaborado desde o ano de 1973 quando
David McClelland publicou um artigo que caracterizava a competência de uma
pessoa como o desempenho acima do conhecido até um determinado momento, em
uma determinada tarefa ou situação. Na década de 80, Richard Boyatzis (1982)
através de um estudo de revisão dos resultados obtidos por estudos anteriores
acerca do conceito de competência, identificou um conjunto de características
capazes de identificar o desempenho superior, determinado por McClenlland. Este
conjunto de características se baseou nas tarefas que o indivíduo deve cumprir no
seu cargo ou posição e levando em consideração sua inteligência e personalidade,
identificando assim conhecimentos, habilidades e atitudes para cada cargo ou tarefa.
A missão de definir um estoque de recursos individuais, como proposto por
Boyatzis (1982) e nomeado desta forma por Fleury e Fleury (2008), não tem sido
uma tarefa simples diante das freqüentes mudanças vividas dentro do cenário
organizacional nas últimas décadas. Esta é uma atividade para ser reavaliada
freqüentemente de acordo com as novas perspectivas da organização e, levando em
consideração, outras condições capazes de melhor qualificar as competências
associadas aos cargos ou posições.
Tomando esta variável em consideração, autores como Le Boterf (1994) e
Zarifian (1996) vão além da capacidade das pessoas em desempenhar certas
tarefas e agregam a capacidade do indivíduo de se entregar aos cargos e
desempenhar funções além daquelas estabelecidas. Sob esta definição, Zarifian
(1996) indica que as pessoas devem estar preparadas para eventos imprevistos. Já
Le Boterf (1994) para explicar melhor o conceito de competência, diz que
competência abrange o saber agir, saber mobilizar recursos e transferir
conhecimentos em um ambiente profissional determinado.
Atualmente, já existe um consenso em dizer que a soma das duas linhas de
pensamento acerca das competências individuais podem resultar maior valor
econômico para a organização (McLagan, 1997; Parry, 1996). Em outras palavras, o
4
conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes necessárias, somados à
capacidade de entrega da pessoa são consideradas complementares para gerar
maior valor econômico.
Mas o que seria “agregação de valor econômico”? Dutra (2004) explica a
agregação de valor como algo que a pessoa entrega para a organização e esta
permanece com a capacidade de gerar resultados positivos, mesmo após a pessoa
não participar mais da organização. Ou seja, agregar valor não é simplesmente o
fato de a pessoa atingir metas e objetivos, mas sim, melhorar os processos e tarefas
que ela desempenha ou introduzir novas técnicas que tragam resultados positivos à
função que ela desempenha na organização. Sendo assim, as pessoas, através da
competência individual da entrega, adicionam valor ao arcabouço de conhecimentos
da empresa, o que pode ser transformado em aprendizado organizacional, conforme
explica Fleury e Fleury (2008).
No ano de 2000 Maria Tereza Fleury integra a gestão de pessoas ao
ambiente organizacional, indicando a necessidade de uma visão estratégica dentro
da definição de competências.
Fleury (2000) e Ruas (2002) denominam competências organizacionais
àquelas que estabelecem vantagens competitivas para a organização, considerando
o ambiente em que está inserida. Diante disso, Dutra (2004) acrescenta que há dois
lados para a conceituação, de um lado estão as competências organizacionais, uma
espécie de ativo fixo que enriquece e prepara as pessoas, e do outro estão as
competências individuais que são aproveitadas pela organização de forma a
acumular valor econômico.
Conceituando mais especificamente o termo competência organizacional,
pode-se dizer que ele nasce dos recursos da empresas que estão distribuídos em
estrutura física, financeiro, bens intangíveis, bens organizacionais e recursos
humanos, como foram determinados por Fleury (2000). Drejer (2000) construiu
categorias de elementos para a definição de competências organizacionais, que
estão divididos entre (1) Inovação e tecnologia, (2) Pessoas, (3) Estrutura e
processos e (4) Cultura. Porém, essas categorias não são encontradas nos
discursos dos mais diversos autores, relacionando-os com as competências e ainda,
aparecem como algo estático e não dinâmico, como deveria, segundo a teoria de
5
Drejer (2000). Isso indica a desarmonia encontrada na literatura acerca do assunto.
Autores como Hamel e Prahalad (1990), Wickham (2003) enfatizam o elemento (1)
tecnologia, Birchall e Tovstiga (2005) usam o elemento (1) inovação, já os autores
Dutra (2004), Zarifian (2001) e Bitencurt (2004) se referem ao elemento (2) pessoas.
Além dos autores aqui mencionados, há outros ainda, que identificam outras
categorias, como é o caso, por exemplo, de Penrose (1959) que estabelece três
elementos principais: físicos, pessoas e organizacionais.
Phahalad e Hamel (1990) complementam o conceito de competências,
destacando que as organizações possuem não apenas competências
organizacionais – necessárias a cada área interna – mas também competências
essenciais, as quais garantem a manutenção da organização em um ambiente
competitivo. Em outras palavras, as competências essenciais são elementos
centrais para a formulação da estratégia. Os mesmos autores utilizam uma metáfora
para melhor explicar o conceito de competência organizacional, comparando
competências da organização com as raízes de uma árvore, que têm a função de
alimentá-la, sustentá-la e estabilizá-la.
Competências essenciais, chamadas de core competences por Prahalad e
Hamel (1990), resumem-se na capacidade de transformar recursos em produtos e
serviços. Por outro lado, a competitividade de uma organização, base para as
competências essências, significa a interrelação entre as competências
organizacionais e a estratégia competitiva de posicionamento no mercado (Porter,
1980). No entanto é necessário entender a distinção entre recursos e competências,
que foram classificadas por Mills et al (2002) e Javidan (1998) como sendo uma
soma de recursos da própria organização que causam impacto para sua natureza.
Sendo assim, algumas delas são essenciais, pois geram vantagens competitivas, e
outras são apenas competências internas, mas ainda assim importantes para a
organização.
Alguns autores colocam em discussão uma nova categoria de competências
denominada competência coletiva, que segundo Le Boterf (2003), nada mais é do
que a articulação e a sinergia entre as competências individuais, ou seja, a junção
das competências de vários indivíduos que se completam em busca de um único
resultado (Hansson, 2003). Esse último autor afirma que a pré-condição para uma
competência coletiva está associada à ação intencional do grupo e o seu bom
6
desempenho, pressupõe um entendimento entre os membros dos grupos e um
símbolo que serve como guia para as ações.
Sejam elas competências organizacionais, individuais, coletivas ou sinônimos
para cada um dos tipos de competências, este estudo abarca artigos brasileiros que
contemplem quaisquer abordagens sobre o conceito de competências.
3 SOBRE MÉTODOS DE PESQUISA
Vem ocorrendo um constante crescimento da pesquisa acadêmica brasileira
em área da administração desde a final da década de 80, surgindo assim a
oportunidade de verificar-se a consistência dos métodos utilizados, oportunidade
esta explorada por este artigo.
Em se tratando de estruturar uma pesquisa científica, a decisão inicial do
pesquisador deve ser sempre a escolha do enfoque que será dado em sua
pesquisa, ou seja, que abordagem norteará a construção do conhecimento. Existem
duas linhas básicas para organização desse conhecimento: a positivista e a
fenomenológica. A linha positivista enxerga a realidade como uma estrutura
concreta, sendo assim, procura os fatos e as causas de fenômenos sociais
utilizando, segundo Collis (2006), o raciocínio lógico com precisão, objetividade e
rigor. O pesquisador não pode ter relação com o objeto pesquisado. Em
contraponto, a abordagem fenomenológica, ou interpretativa como alguns autores
abordam, encara a realidade como uma projeção da imaginação humana,
defendendo a idéia de que é impossível negar essa interrelação. O fenômeno
assume o papel principal da pesquisa, que busca o significado dos aspectos
subjetivos da ação humana.
Não podemos relacionar diretamente esses paradigmas com os métodos
quantitativos e qualitativos, porém há uma tendência da utilização de métodos
quantitativos na visão positivista e métodos qualitativos na visão fenomenológica. O
método quantitativo busca respostas para a questão de pesquisa através da
mensuração dos dados, pois acredita que somente o que se pode medir é válido
como conhecimento, sendo os mesmos generalizáveis. Já os resultados dos
estudos qualitativos não são generalizáveis, pois são derivados de uma situação
específica de pesquisa. Os estudos qualitativos podem gerar hipóteses, porém são
7
os estudos quantitativos que irão testá-las. Em uma mesma pesquisa acadêmica
pode-se utilizar mais de uma abordagem.
A pesquisa acadêmica, independente de utilizar o método quantitativo ou
qualitativo, poderá ter sua natureza exploratória, descritiva ou explicativa. Quanto à
delimitação de tempo, a pesquisa será de corte transversal (aborda apenas o
momento pesquisado, sendo uma espécie de fotografia do momentum) ou corte
longitudinal (mostrando a evolução de uma determinada situação através de mais de
uma coleta de dados ao longo do tempo).
A coleta de dados vale-se de técnicas tais como entrevista, questionário,
grupo focal, observação, análise de documentos, entre outros. A análise de
resultados será predominantemente de conteúdo ou estatística.
A triangulação é considerada uma ferramenta importante e que contribui para
elevar o grau de confiabilidade dos resultados de uma pesquisa, a qual consiste no
cruzamento de informações obtidas através de duas ou mais técnicas de coleta.
A seguir é apresentado de forma sucinta a metodologia quantitativa mais
utilizada: survey. Além disso, as seguintes metodologias qualitativas: pesquisa-ação,
grupo focal e etnográfica. O estudo de caso é apresentado por último.
A survey tem como objetivo testar hipóteses sobre ações, opiniões ou
características de uma população através do levantamento de dados via
questionário. Os questionários são aplicados em uma amostra dessa população que
pode ser definida através de técnicas probabilísticas ou não probabilísticas, como a
amostragem por conveniência. Sua principal vantagem é o levantamento de dados
em um curto espaço de tempo e sua principal desvantagem é que esses dados
estão restritos às percepções dos entrevistados.
O grupo focal busca a resposta da questão de pesquisa através da interação
de um grupo. É através da discussão das percepções dos participantes que as
respostas emergem. A riqueza das informações derivadas dessa interação é a sua
vantagem e a ligação direta dos dados à percepção dos participantes, assim como
na survey, é a sua desvantagem. Também é utilizado como técnica de coleta de
dados em outros métodos de pesquisa.
A pesquisa-ação foca em uma ação ou resolução de um problema para
desenvolver o estudo. Para Collis (2006), o principal objetivo da pesquisa-ação é
8
penetrar em uma situação, provocar uma mudança e monitorar os resultados. O
relacionamento, comunicação e inserção do pesquisador são essenciais no
andamento da pesquisa. Sua vantagem é a profundidade e riqueza dos resultados
obtidos e a desvantagem é falta da possibilidade de aplicação em outra situação.
A pesquisa etnográfica, fortemente enraizada na antropologia, analisa suas
proposições através da imersão total do pesquisador na realidade. Segundo Collis
(2006), o principal método de coleta de dados é a observação do participante, na
qual o pesquisador se transforma em um membro ativo do grupo que está sendo
estudado. Seu objetivo é entender um fenômeno social através das ações
individuais dos participantes desse grupo. É uma metodologia contestada por muitos
pesquisadores.
O estudo de caso é uma análise extensiva e profunda de um fenômeno
contemporâneo de interesse. Pode ser único, se o objeto de pesquisa for crítico,
típico, extremo, revelador, longitudinal ou múltiplo. Tem como objetivo verificar na
prática o que uma teoria comporta em determinado contexto. Sua unidade de
análise pode ser uma organização, um grupo ou o indivíduo, podendo ser holístico
quando utiliza apenas uma unidade de análise em cada caso ou incorporado quando
há subunidades da unidade de análise em cada caso. Yin (2005) define o estudo de
caso como um método que abrange tudo, tratando da lógica de planejamento, das
técnicas de coleta de dados e das abordagens específicas a análise dos mesmos.
Como não possui fórmula de rotina, o método de estudo de caso requer habilidades
prévias do pesquisador, como flexibilidade, imparcialidade, ser bom ouvinte, entre
outras.
Seu desenvolvimento é embasado no protocolo de pesquisa desenvolvido
pelo pesquisador que antecede a coleta de dados. Quando múltiplo, pode se fazer
necessário um estudo de caso piloto para verificar se o protocolo e demais
instrumentos de pesquisa atingirão os objetivos propostos.
No estudo de caso a triangulação das informações, com várias fontes de
evidência, é de extrema importância. Para Yin (2006) são seis fontes distintas que
podem ser utilizadas: documentos, registros em arquivos, entrevistas, observação
direta, observação participante e artefatos físicos.
9
Uma das técnicas de coletas de dados mais utilizada em estudo de caso é a
entrevista em profundidade que deve ter seu conteúdo previamente validado e
testado. A técnica de análise dos dados mais utilizada é a análise de conteúdo.
4 MÉTODO DE PESQUISA
Esta seção detalha os critérios utilizados na seleção dos artigos considerados
no escopo desta pesquisa, de natureza eminentemente exploratória, bem como o
procedimento de análise empregado
4.1 Definição da Amostra
De forma a manter o foco da pesquisa na produção científica brasileira em
administração associada ao tema gestão de competências, adotu-se o seguinte
procedimento: 1) Partiu-se da lista total de 395 periódicos listados pela CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para a área 27
(Administração, Ciências Contábeis e Turismo); 2) Como a relação completa contém
produção científica estrangeira ou com foco em áreas de interesse distintas da
administração, surgiu a necessidade de selecionar periódicos com resultados de
pesquisas eminentemente nacionais e como foco em administração. Esse critério
permitiu reduzir o escopo de 395 para apenas 36 periódicos; 3) O terceiro e último
passo para seleção da fonte da pesquisa foi garantir representatividade e qualidade
da produção científica a ser analisada. Para tanto, foram selecionados os periódicos
classificados pelo critério QUALIS como A1, A2, B1 ou B2, chegando ao número
final de 12 periódicos conforme explicitado na Tabela 1.
Critérios adotados para seleção da produção científica
Número de
periódicos
encontrados
1
Periódicos da área 27 (ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E
TURISMO) da Qualis
395
2
Periódicos brasileiros contendo a palavra "administração", "gestão",
"estratégia", "competitividade" ou "competência" no título
36
3 Periódicos classificados pela Qualis como A1, A2, B1 ou B2 12
Tabela 1 – Critérios adotados para seleção da produção científica
10
A Tabela 2 apresenta os doze periódicos selecionados como fontes desta
pesquisa. Os critérios adotados para selecionar os artigos produzidos por essas
fontes foram: 1) Artigos publicados entre Janeiro de 2005 e Dezembro de 2008; 2)
Relação com o tema “competência”, ou seja, a palavra “competência” deveria estar
presente no título, resumo ou palavras-chave dos artigos. Nesta etapa foram pré-
selecionados 41 artigos conforme exibido na Coluna A da Tabela 2.
QUALIS
Periódicos
Selecionados
Sigla Descrição
Artigos que
mencionam a
palavra
"competência"
(Coluna A)
Artigos
efetivamente
associados ao
tema
"competência"
(Coluna B)
A1
Nenhum
periódico
selecionad
o
- - - -
A2 2 BAR BAR. Brazilian Administration Review 1 1
UFSCar Gestão e Produção (UFSCar) 2 2
B1 6 RAC
RAC. Revista de Administração
Contemporânea 8 5
RACe
RAC. Revista de Administração
Contemporânea - Eletrônica 7 7
RAE
RAE. Revista de Administração de
Empresas 5 4
RAEe
RAE. Revista de Administração de
Empresas - Eletrônica 6 5
RAP
RAP. Revista Brasileira de
Administração Pública 5 3
RGTSI
Revista de gestão da tecnologia e
sistemas de informação - -
B2 4 ESAL
Cadernos de Administração Rural
(ESAL) - -
RAM
RAM. Revista de Administração
Mackenzie - -
RAUSP RAUSP. Revista de Administração 3 3
REAd
REAd. Revista Eletrônica de
Administração 4 3
Total 12 41 33
Tabela 2 – Critérios adotados para seleção dos artigos
Após um primeiro contato com os 41 artigos pré-selecionados constatou-se
que alguns deles, apesar de conter a palavra “competência” em seu conteúdo, na
verdade abordam temas distantes da área de interesse desta pesquisa. Por
exemplo, em um desses artigos a palavra “competência” foi utilizada para descrever
responsabilidades funcionais associadas a cargos em uma empresa pública. Foi
neste momento que se tomou a decisão de aprofundar as leituras e excluir aqueles
11
artigos que, embora contivessem a palavra “competência”, estão claramente fora da
área de interesse desta pesquisa.
A amostra final é composta de 33 artigos científicos nacionais, publicados
entre 2005 e 2008, distribuídos em 12 diferentes periódicos classificados pelo critério
QUALIS como A1, A2, B1 ou B2, conforme exibido na Coluna B da Tabela 2.
4.2 Procedimento de Análise
Os 33 artigos da amostra foram divididos em 3 grupos de 11 e distribuídos
entre 3 de um grupo de 4 pesquisadores. De posse do check-list, cada pesquisador
apontou seus comentários, os quais foram revisados por um segundo pesquisador
que não esteve envolvido na primeira análise. Ao final, as observações acerca dos
33 artigos foram concentradas em uma única tabela onde observações com mesmo
significado foram codificadas para facilitar a leitura e elaboração das impressões e
resultados finais por um quarto pesquisador que se manteve apartado e isento de
todo o processo.
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Seguindo a metodologia descrita na seção anterior, chegou-se nos resultados
descritos nas tabelas 3 e 4. A Tabela 3 indica a freqüência de foco de pesquisa
(competências individuais, grupo ou organizacionais), bem como a freqüência de
métodos utilizados.
Metodologia Individuais Grupo Organizacional/
Essencial
TOTAL
Estudo de
caso
4 - 10 14
Survey 5 1 3 9
Empírica 4 - 1 5
Teórica 1 - 3 4
Etnografia 1 - - 1
TOTAL 15 1 17 33
Tabela 3 – Classificação dos artigos quanto ao método e ao tipo de competência abordada
Analisando a Tabela 3 é possível verificar que 14 artigos utilizaram a
metodologia de estudo de caso, 9 artigos usaram a metodologia survey, 5
analisaram o objeto de estudo através da metodologia empírica, 4 utilizaram a
metodologia teórica e apenas 1 foi classificado como etnográfico.
12
Do total de 33 artigos analisados, 15 deles trataram de competências
individuais, 17 focaram em competências organizacionais ou essenciais e apenas 1
tratou de competências de grupo.
Observa-se que, dentre os 33 artigos científicos analisados, a maioria utiliza o
método de estudo de caso. A partir deste momento, decidiu-se aprofundar os
trabalhos de análise, considerando apenas o método de pesquisa estudo de caso.
Com a intenção de classificar os 14 artigos que utilizaram estudo de caso no
que se refere à noção de competência abordada, se individual ou organizacional, e
se foram casos múltiplos ou únicos, construiu-se a Tabela 4.
Competências Único Múltiplo TOTAL
Individual 3 1 4
Organizacional 6 4 10
TOTAL 9 5 14
Tabela 4 – Classificação dos artigos que utilizam o método estudo de caso
Verificou-se que 9 artigos adotaram o estudo de caso único. Desses, apenas
3 analisaram as competências individuais e os 6 restantes trataram de competências
organizacionais. Dos outros 5 artigos que utilizaram estudo de caso múltiplo, apenas
1 deles abordou competências individuais e os outros 4 abordam as competências
organizacionais.
As seções a seguir estão organizadas de forma a elucidar como os 14 artigos
analisados abordaram questões-chave inerentes à metodologia de estudo de caso,
indicar aspectos que deveriam ter sido abordados mas não foram encontrados, bem
como apontar as principais dificuldades enfrentadas durante o processo de análise.
5.1 Constatações Quanto ao Uso do Método Estudo de Caso
O objetivo desta seção é descrever o resultado da análise dos 14 artigos
selecionados, registrando informações sobre a forma de aplicação do método estudo
de caso considerando-se aspectos como: unidade de análise, natureza do estudo,
duração do estudo, se único ou múltiplo e por que, técnica de coleta de dados
empregada, técnica para análise dos dados, protocolo de pesquisa e uso, ou não, de
triangulação.
13
Treze dos 14 artigos analisados utilizaram a organização como unidade de
análise e apenas um destacou o indivíduo como unidade de análise. Quanto à
natureza do estudo, 5 artigos foram definidos de natureza exploratória, 3 artigos de
natureza descritiva e 1 foi definido como explanatório. Quanto a duração do estudo,
todos os 14 artigos foram caracterizados como corte transversal.
A justificativa quanto ao estudo de caso único foi identificada em apenas 2
artigos, sendo que a técnica de coleta de dados foi mencionada em todos os 14
artigos analisados. A técnica de coleta do tipo entrevista foi utilizada nos 14 artigos,
sendo que 3 especificaram o uso de entrevistas individuais. Sete dos 14 artigos
menciona o número de entrevistados variando entre 7 e 21 pessoas. Dos 14 artigos,
5 utilizaram entrevistas semi-estruturadas e 1 utilizou instrumento estruturado. Um
artigo utilizou a técnica de survey como etapa exploratória para a definição da
amostra. A técnica de observação como coleta de dados foi utilizada por 8 artigos,
onde apenas 3 artigos mencionam ter realizado observação em ambiente natural e 3
artigos afirmaram que o observador foi o próprio pesquisador. Um total de 12 artigos
adotou a análise de documentos como técnica de coleta de dados complementar e
apenas 1 artigo utilizou workshop.
Sobre análise estatística de dados, a técnica de freqüência foi empregada por
2 artigos e apenas 1 artigo analisou os dados através da técnica fatorial e de
regressão. Quanto ao protocolo de pesquisa, apenas 4 artigos o apresentaram de
forma completa, 3 deles de forma descrita e apenas 1 através de um quadro
explicativo. Já a triangulação, foi mencionada em apenas 2 artigos dos 14 avaliados
por este estudo.
5.2 Informações não Encontradas nos Artigos Quanto ao Método Estudo de
Caso
Estão registradas nesta seção as informações não encontradas, ou que não
puderam ser interpretadas pelos pesquisadores, relacionadas à aplicação da
metodologia de estudo de caso em se tratando de natureza do estudo, se único ou
múltiplo e porquê, realização do estudo piloto, técnica de coleta de dados, técnica de
análise dos dados, triangulação e protocolo de pesquisa.
Dos 14 artigos analisados, 5 não definiram a natureza do estudo, se
descritivo, exploratório ou explanatório. Quanto à escolha entre estudo de caso
14
único ou múltiplo, apenas 2 dos 9 artigos definidos como estudo de caso único,
justificaram a sua escolha e nenhum dos 5 estudos de caso múltiplos mencionaram
o porquê desta escolha e nem mesmo se realizaram o caso piloto.
Considerando a entrevista como técnica de coleta de dados, dos 14 artigos
que utilizaram esta técnica 11 deles não descreveu de que forma ela foi feita, se
individual ou em grupo, 3 artigos não mencionam quem foram os entrevistados, 7
deles não citam quantas entrevistas foram feitas e 8 artigos não definem se foram
aplicadas entrevistas semi-estruturadas ou estruturadas.
Quanto à observação como técnica de coleta dados, nenhum dos 8 artigos
que utilizaram essa técnica relatou qual foi o comportamento observado, 5 deles não
identificou o ambiente em que foi empregada a técnica e nem se houve participação
do observador.
Em se tratando da técnica de coleta de dados através da análise de
documentos, utilizada em 12 artigos, 7 deles simplesmente não especifica quais
foram os documentos analisados.
O protocolo de pesquisa não foi apresentado em 5 artigos da amostra e
outros 5 o apresentam apenas parcialmente.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Retornado à questão de pesquisa, conclui-se que a aplicação dos métodos de
pesquisa na produção científica brasileira relacionada ao tema gestão de
competências apresenta lacunas. Não nos compete julgar se os métodos foram bem
ou mal utilizados, mas apenas relatar que a produção científica analisada
apresentou carência de detalhes sobre o planejamento e procedimento de execução
de pesquisa.
Uma constatação importante foi que a maioria dos 33 artigos relacionados ao
tema gestão de competências apresentaram alinhamento entre os métodos de
pesquisa empregados vis-a-vis os objetivos de pesquisa, exceto por 3 artigos, onde:
o primeiro utilizou extensas análises estatísticas geradas a partir de sete entrevistas;
o segundo promete utilizar análise de conteúdo clássica, mas na seção de análise
acaba tomando o rumo de análise estatística; o terceiro menciona ter realizado uma
15
pesquisa exploratória, mas ao final verifica-se que se trata de um estudo descritivo,
pois apenas relata o fenômeno.
Vale lembrar que esta pesquisa adotou a premissa de não interpretar, ou seja,
apenas identificar a presença ou ausência de elementos-chave na descrição dos
métodos e procedimentos de pesquisa nos artigos. Sendo assim, é relevante
registrar o esforço desprendido para identificar esses elementos na amostra final de
14 artigos, onde em 10 não havia uma seção descrevendo o protocolo de pesquisa,
ou se havia estava descrito apenas parcialmente, sendo necessária a leitura integral
do material para coletar, de forma fragmentada, informações que revelassem os
procedimentos de pesquisa adotados.
Neste parágrafo estão condensadas informações extraídas da seção de
análise, sobre as quais chamamos a atenção do leitor: os 14 artigos da amostra final
utilizam corte transversal e técnica de entrevista; 12 utilizaram análise de
documentos, onde 7 não citam que documentos foram utilizados; 9 foram estudo de
caso único onde apenas 2 justificaram a escolha do método; os outros 5 estudos de
caso múltiplo também não justificaram a escolha e não mencionam a realização de
caso piloto; 8 dos 12 artigos utilizaram a técnica de observação sem relatar que
comportamentos foram observados ou como essas informações foram processadas
de forma a gerar os resultados; e, finalmente, apenas 1 dos 14 artigos descreveu o
protocolo de pesquisa de forma completa e passível de reprodução.
Assume-se que essa falta de riqueza de detalhes descrita no parágrafo acima
seja conseqüência da limitação imposta à extensão do material a ser publicado.
Entretanto, não se pode refutar a possibilidade de, nesses 14 artigos analisados em
profundidade, ter havido falta de atenção dos autores em descrever o método de
forma tal que possa ser reproduzido por outros pesquisadores. Afinal, este é um
princípio básico da pesquisa científica. Outro fato observado é um certo fascínio dos
pesquisadores da área por caso único, entrevistas e análise de documentos, mesmo
sem a preocupação de justificar a abordagem, validar instrumentos ou pelo menos
mencionar que tipos de documentos foram utilizados, trazendo assim maior
confiabilidade aos resultados apresentados. Fechando esse bloco, existe ainda uma
reflexão a ser feita: Haveria necessidade de revisitar o processo de formação de
pesquisadores no que tange ao uso adequado das metodologias de pesquisa
disponíveis?
16
Quanto ao tema gestão de competências, verifica-se que tem sido defendido
o conceito de path-dependence onde as competências formadas e desenvolvidas
por uma organização simplesmente não servem para outras, ou seja, há a
necessidade clara de criação de um modelo de referência generalizável. A adoção
do estudo de caso para a maioria das produções científicas nesta área não contribui
em nada para modificar esse cenário. Se existe a necessidade de criar-se um
modelo generalizável, por que não empregar a metodologia de focus group
promovendo o debate e a interação entre executivos de diferentes segmentos com o
objetivo de identificar em que pontos afinal há dificuldade para se generalizar um
modelo de competências? Outra metodologia que se verificou não ser utilizada pela
produção científica na área de gestão de competências é a pesquisa-ação, a qual
seria de grande valia para a resolução de problemas e acompanhamento de
resultados concretos.
Como mensagem final, é importante registrar o desejo de que futuras
produções científicas na área sejam não apenas relevantes, contemporâneas e
aplicáveis, mas também fortemente sustentadas por métodos de pesquisa com
procedimentos bem documentados, reproduzíveis, alinhados com seus objetivos de
pesquisa e cujo planejamento e resultados estejam corretamente registrados.
7 REFERÊNCIAS
BIRCHALL, D.; TOVSTIGA, G. Capabilities for strategic advantage. NY:
Macmillan, 2005.
BITENCOURT, C. Gestão contemporânea de pessoas. Porto Alegre: Bookman,
2004.
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DUTRA, J. S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de
pessoas na empresa moderna. São Paulo: Atlas 2004.
Express, v. 7, n. 4, p. 206-220, 2000.
17
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Competências: um quebra-cabeça caleidoscópio da indústria brasileira. São
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FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências. São
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1959.
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organizações. Documento preliminar preparado como material de apoio aos Cursos
de Extensão do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da
UFRGS, 2002.
RUAS, R.; GHEDINE, T.; DUTRA, J. S.; BECKER, G. V.; DIAS, G. B. Revisando a
noção de competência na produção científica em administração: avanços e
limites. In: DUTRA, Joel Souza; FLEURY, Maria Tereza Leme; RUAS, Roberto
Lima. (Org.). Competências: Conceitos, métodos e experiências. 1 ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
WICKHAM, J. Understanding technological and organizational change.
Cheltenham, 2003.
Yin, Robert K. Estudo de caso : planejamento e métodos. 3. ed. Porto
Alegre : Bookman, 2006.
18
ZARIFIAN, P. A gestão da e pela competência. Material de apoio ao Seminário
Internacional Educação Profissional, Trabalho e Competência. Rio de Janeiro: Ciet,
1996.

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Análise dos métodos de pesquisa aplicados na produção científica sobre gestão de competências

  • 1. 1 ANÁLISE DOS MÉTODOS DE PESQUISA APLICADOS NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM ADMINISTRAÇÃO RELACIONADAS AO TEMA GESTÃO DE COMPETÊNCIAS Josué da Luz Dias | Luciana Dalfollo Ferreira Marcelo de Souza Barradas | Pâmela Siqueira Telechea RESUMO Gestão de Competências é um tema que vem continuamente ganhando espaço e interesse não só no meio acadêmico como no meio empresarial. Este artigo é resultado de uma pesquisa exploratória que teve como objetivo analisar os métodos de pesquisa empregados em 33 artigos publicados em periódicos nacionais entre 2005 e 2008, que abordam o tema gestão de competências. Além da enumeração dos métodos e técnicas mais utilizadas, este artigo analisa em detalhe o método de pesquisa mais empregado: estudo de caso. Como resultado, identificou-se importantes lacunas na aplicação dos métodos de pesquisa no que se refere à documentação do planejamento e do procedimento de execução das pesquisas. Este trabalho revela os pontos específicos onde há oportunidades de melhoria, servindo assim de uma espécie de guia metodológico para futuras produções científicas na área de gestão de competências. Palavras-chave: Gestão de Competências. Método de Pesquisa. 1 INTRODUÇÃO O tema Gestão de Competências vem continuamente ganhando espaço e interesse não só no meio acadêmico como no meio empresarial. Obviamente pela necessidade de melhor conceituar o que é competência e entender quais os elementos que a compõe, mas também pela necessidade de compreender o processo de formação e desenvolvimento dessas competências. Em se tratando de competências, os autores têm “navegado em águas” bastante distintas, desde a investigação de mecanismos de avaliação e desenvolvimento de competências
  • 2. 2 individuais associados à remuneração variável, até a análise do processo de formação e desenvolvimento das competências organizacionais que contribuem para a competitividade. Essa heterogeneidade é explorada recentemente por RUAS (2008), o qual explora a noção de competência encontrada na pesquisa científica brasileira sobre administração. Sendo assim, a questão central que motivou a elaboração do presente artigo foi: “Como o método de pesquisa está sendo aplicado na produção científica brasileira em administração relacionada ao tema gestão de competências?”. Ou seja, independentemente dos objetivos específicos das pesquisas científicas realizadas até o momento é latente a necessidade de compreender como vem sendo conduzidas essas pesquisas, principalmente no que diz respeito à aplicação dos métodos. Mais, para aqueles pesquisadores que planejam explorar o tema, seria de grande valia a existência de um referencial teórico que apresente quais métodos vem sendo utilizados, quais as técnicas de coleta de dados empregadas e de que forma a aplicação desses instrumentos vem contribuindo para a geração dos resultados já alcançados. Vislumbrando essa oportunidade, o presente artigo vem contribuir, mesmo que de forma singela, para o direcionamento, ou redirecionamento, de pesquisas futuras. Na seção seguinte, é apresentado um referencial teórico do tema gestão de competências, seu histórico evolutivo, contribuições dos principais autores, e as três principais ramificações de interesse: competências organizacionais, competências de grupo e competências individuais. O objetivo desta seção é contextualizar a noção de competência adotada por essa pesquisa. Em uma seção imediatamente posterior, são apresentados de forma sucinta os principais métodos de pesquisa utilizados na atualidade, cujo intuito é fornecer subsídios para que o leitor compreenda os elementos básicos utilizados na análise. A partir desses elementos básicos construiu-se uma matriz, em forma de check-list, que foi utilizada como ferramenta básica para analisar o método de pesquisa utilizado em cada um dos artigos e ao mesmo tempo registrar constatações do tipo: O método utilizado está alinhado com o objetivo da pesquisa? O método foi utilizado na íntegra? As técnicas de coleta de dados adotadas estão coerentes com o método empregado? Constatações estas que embasaram a análise dos resultados deste artigo. E por fim, analisou-se de forma aprofundada o método de pesquisa mais
  • 3. 3 utilizado nas produções científicas brasileiras sobre o tema gestão de competências: o estudo de caso. 2 SOBRE A GESTÃO DE COMPETÊNCIAS O conceito de competência tem sido elaborado desde o ano de 1973 quando David McClelland publicou um artigo que caracterizava a competência de uma pessoa como o desempenho acima do conhecido até um determinado momento, em uma determinada tarefa ou situação. Na década de 80, Richard Boyatzis (1982) através de um estudo de revisão dos resultados obtidos por estudos anteriores acerca do conceito de competência, identificou um conjunto de características capazes de identificar o desempenho superior, determinado por McClenlland. Este conjunto de características se baseou nas tarefas que o indivíduo deve cumprir no seu cargo ou posição e levando em consideração sua inteligência e personalidade, identificando assim conhecimentos, habilidades e atitudes para cada cargo ou tarefa. A missão de definir um estoque de recursos individuais, como proposto por Boyatzis (1982) e nomeado desta forma por Fleury e Fleury (2008), não tem sido uma tarefa simples diante das freqüentes mudanças vividas dentro do cenário organizacional nas últimas décadas. Esta é uma atividade para ser reavaliada freqüentemente de acordo com as novas perspectivas da organização e, levando em consideração, outras condições capazes de melhor qualificar as competências associadas aos cargos ou posições. Tomando esta variável em consideração, autores como Le Boterf (1994) e Zarifian (1996) vão além da capacidade das pessoas em desempenhar certas tarefas e agregam a capacidade do indivíduo de se entregar aos cargos e desempenhar funções além daquelas estabelecidas. Sob esta definição, Zarifian (1996) indica que as pessoas devem estar preparadas para eventos imprevistos. Já Le Boterf (1994) para explicar melhor o conceito de competência, diz que competência abrange o saber agir, saber mobilizar recursos e transferir conhecimentos em um ambiente profissional determinado. Atualmente, já existe um consenso em dizer que a soma das duas linhas de pensamento acerca das competências individuais podem resultar maior valor econômico para a organização (McLagan, 1997; Parry, 1996). Em outras palavras, o
  • 4. 4 conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes necessárias, somados à capacidade de entrega da pessoa são consideradas complementares para gerar maior valor econômico. Mas o que seria “agregação de valor econômico”? Dutra (2004) explica a agregação de valor como algo que a pessoa entrega para a organização e esta permanece com a capacidade de gerar resultados positivos, mesmo após a pessoa não participar mais da organização. Ou seja, agregar valor não é simplesmente o fato de a pessoa atingir metas e objetivos, mas sim, melhorar os processos e tarefas que ela desempenha ou introduzir novas técnicas que tragam resultados positivos à função que ela desempenha na organização. Sendo assim, as pessoas, através da competência individual da entrega, adicionam valor ao arcabouço de conhecimentos da empresa, o que pode ser transformado em aprendizado organizacional, conforme explica Fleury e Fleury (2008). No ano de 2000 Maria Tereza Fleury integra a gestão de pessoas ao ambiente organizacional, indicando a necessidade de uma visão estratégica dentro da definição de competências. Fleury (2000) e Ruas (2002) denominam competências organizacionais àquelas que estabelecem vantagens competitivas para a organização, considerando o ambiente em que está inserida. Diante disso, Dutra (2004) acrescenta que há dois lados para a conceituação, de um lado estão as competências organizacionais, uma espécie de ativo fixo que enriquece e prepara as pessoas, e do outro estão as competências individuais que são aproveitadas pela organização de forma a acumular valor econômico. Conceituando mais especificamente o termo competência organizacional, pode-se dizer que ele nasce dos recursos da empresas que estão distribuídos em estrutura física, financeiro, bens intangíveis, bens organizacionais e recursos humanos, como foram determinados por Fleury (2000). Drejer (2000) construiu categorias de elementos para a definição de competências organizacionais, que estão divididos entre (1) Inovação e tecnologia, (2) Pessoas, (3) Estrutura e processos e (4) Cultura. Porém, essas categorias não são encontradas nos discursos dos mais diversos autores, relacionando-os com as competências e ainda, aparecem como algo estático e não dinâmico, como deveria, segundo a teoria de
  • 5. 5 Drejer (2000). Isso indica a desarmonia encontrada na literatura acerca do assunto. Autores como Hamel e Prahalad (1990), Wickham (2003) enfatizam o elemento (1) tecnologia, Birchall e Tovstiga (2005) usam o elemento (1) inovação, já os autores Dutra (2004), Zarifian (2001) e Bitencurt (2004) se referem ao elemento (2) pessoas. Além dos autores aqui mencionados, há outros ainda, que identificam outras categorias, como é o caso, por exemplo, de Penrose (1959) que estabelece três elementos principais: físicos, pessoas e organizacionais. Phahalad e Hamel (1990) complementam o conceito de competências, destacando que as organizações possuem não apenas competências organizacionais – necessárias a cada área interna – mas também competências essenciais, as quais garantem a manutenção da organização em um ambiente competitivo. Em outras palavras, as competências essenciais são elementos centrais para a formulação da estratégia. Os mesmos autores utilizam uma metáfora para melhor explicar o conceito de competência organizacional, comparando competências da organização com as raízes de uma árvore, que têm a função de alimentá-la, sustentá-la e estabilizá-la. Competências essenciais, chamadas de core competences por Prahalad e Hamel (1990), resumem-se na capacidade de transformar recursos em produtos e serviços. Por outro lado, a competitividade de uma organização, base para as competências essências, significa a interrelação entre as competências organizacionais e a estratégia competitiva de posicionamento no mercado (Porter, 1980). No entanto é necessário entender a distinção entre recursos e competências, que foram classificadas por Mills et al (2002) e Javidan (1998) como sendo uma soma de recursos da própria organização que causam impacto para sua natureza. Sendo assim, algumas delas são essenciais, pois geram vantagens competitivas, e outras são apenas competências internas, mas ainda assim importantes para a organização. Alguns autores colocam em discussão uma nova categoria de competências denominada competência coletiva, que segundo Le Boterf (2003), nada mais é do que a articulação e a sinergia entre as competências individuais, ou seja, a junção das competências de vários indivíduos que se completam em busca de um único resultado (Hansson, 2003). Esse último autor afirma que a pré-condição para uma competência coletiva está associada à ação intencional do grupo e o seu bom
  • 6. 6 desempenho, pressupõe um entendimento entre os membros dos grupos e um símbolo que serve como guia para as ações. Sejam elas competências organizacionais, individuais, coletivas ou sinônimos para cada um dos tipos de competências, este estudo abarca artigos brasileiros que contemplem quaisquer abordagens sobre o conceito de competências. 3 SOBRE MÉTODOS DE PESQUISA Vem ocorrendo um constante crescimento da pesquisa acadêmica brasileira em área da administração desde a final da década de 80, surgindo assim a oportunidade de verificar-se a consistência dos métodos utilizados, oportunidade esta explorada por este artigo. Em se tratando de estruturar uma pesquisa científica, a decisão inicial do pesquisador deve ser sempre a escolha do enfoque que será dado em sua pesquisa, ou seja, que abordagem norteará a construção do conhecimento. Existem duas linhas básicas para organização desse conhecimento: a positivista e a fenomenológica. A linha positivista enxerga a realidade como uma estrutura concreta, sendo assim, procura os fatos e as causas de fenômenos sociais utilizando, segundo Collis (2006), o raciocínio lógico com precisão, objetividade e rigor. O pesquisador não pode ter relação com o objeto pesquisado. Em contraponto, a abordagem fenomenológica, ou interpretativa como alguns autores abordam, encara a realidade como uma projeção da imaginação humana, defendendo a idéia de que é impossível negar essa interrelação. O fenômeno assume o papel principal da pesquisa, que busca o significado dos aspectos subjetivos da ação humana. Não podemos relacionar diretamente esses paradigmas com os métodos quantitativos e qualitativos, porém há uma tendência da utilização de métodos quantitativos na visão positivista e métodos qualitativos na visão fenomenológica. O método quantitativo busca respostas para a questão de pesquisa através da mensuração dos dados, pois acredita que somente o que se pode medir é válido como conhecimento, sendo os mesmos generalizáveis. Já os resultados dos estudos qualitativos não são generalizáveis, pois são derivados de uma situação específica de pesquisa. Os estudos qualitativos podem gerar hipóteses, porém são
  • 7. 7 os estudos quantitativos que irão testá-las. Em uma mesma pesquisa acadêmica pode-se utilizar mais de uma abordagem. A pesquisa acadêmica, independente de utilizar o método quantitativo ou qualitativo, poderá ter sua natureza exploratória, descritiva ou explicativa. Quanto à delimitação de tempo, a pesquisa será de corte transversal (aborda apenas o momento pesquisado, sendo uma espécie de fotografia do momentum) ou corte longitudinal (mostrando a evolução de uma determinada situação através de mais de uma coleta de dados ao longo do tempo). A coleta de dados vale-se de técnicas tais como entrevista, questionário, grupo focal, observação, análise de documentos, entre outros. A análise de resultados será predominantemente de conteúdo ou estatística. A triangulação é considerada uma ferramenta importante e que contribui para elevar o grau de confiabilidade dos resultados de uma pesquisa, a qual consiste no cruzamento de informações obtidas através de duas ou mais técnicas de coleta. A seguir é apresentado de forma sucinta a metodologia quantitativa mais utilizada: survey. Além disso, as seguintes metodologias qualitativas: pesquisa-ação, grupo focal e etnográfica. O estudo de caso é apresentado por último. A survey tem como objetivo testar hipóteses sobre ações, opiniões ou características de uma população através do levantamento de dados via questionário. Os questionários são aplicados em uma amostra dessa população que pode ser definida através de técnicas probabilísticas ou não probabilísticas, como a amostragem por conveniência. Sua principal vantagem é o levantamento de dados em um curto espaço de tempo e sua principal desvantagem é que esses dados estão restritos às percepções dos entrevistados. O grupo focal busca a resposta da questão de pesquisa através da interação de um grupo. É através da discussão das percepções dos participantes que as respostas emergem. A riqueza das informações derivadas dessa interação é a sua vantagem e a ligação direta dos dados à percepção dos participantes, assim como na survey, é a sua desvantagem. Também é utilizado como técnica de coleta de dados em outros métodos de pesquisa. A pesquisa-ação foca em uma ação ou resolução de um problema para desenvolver o estudo. Para Collis (2006), o principal objetivo da pesquisa-ação é
  • 8. 8 penetrar em uma situação, provocar uma mudança e monitorar os resultados. O relacionamento, comunicação e inserção do pesquisador são essenciais no andamento da pesquisa. Sua vantagem é a profundidade e riqueza dos resultados obtidos e a desvantagem é falta da possibilidade de aplicação em outra situação. A pesquisa etnográfica, fortemente enraizada na antropologia, analisa suas proposições através da imersão total do pesquisador na realidade. Segundo Collis (2006), o principal método de coleta de dados é a observação do participante, na qual o pesquisador se transforma em um membro ativo do grupo que está sendo estudado. Seu objetivo é entender um fenômeno social através das ações individuais dos participantes desse grupo. É uma metodologia contestada por muitos pesquisadores. O estudo de caso é uma análise extensiva e profunda de um fenômeno contemporâneo de interesse. Pode ser único, se o objeto de pesquisa for crítico, típico, extremo, revelador, longitudinal ou múltiplo. Tem como objetivo verificar na prática o que uma teoria comporta em determinado contexto. Sua unidade de análise pode ser uma organização, um grupo ou o indivíduo, podendo ser holístico quando utiliza apenas uma unidade de análise em cada caso ou incorporado quando há subunidades da unidade de análise em cada caso. Yin (2005) define o estudo de caso como um método que abrange tudo, tratando da lógica de planejamento, das técnicas de coleta de dados e das abordagens específicas a análise dos mesmos. Como não possui fórmula de rotina, o método de estudo de caso requer habilidades prévias do pesquisador, como flexibilidade, imparcialidade, ser bom ouvinte, entre outras. Seu desenvolvimento é embasado no protocolo de pesquisa desenvolvido pelo pesquisador que antecede a coleta de dados. Quando múltiplo, pode se fazer necessário um estudo de caso piloto para verificar se o protocolo e demais instrumentos de pesquisa atingirão os objetivos propostos. No estudo de caso a triangulação das informações, com várias fontes de evidência, é de extrema importância. Para Yin (2006) são seis fontes distintas que podem ser utilizadas: documentos, registros em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos.
  • 9. 9 Uma das técnicas de coletas de dados mais utilizada em estudo de caso é a entrevista em profundidade que deve ter seu conteúdo previamente validado e testado. A técnica de análise dos dados mais utilizada é a análise de conteúdo. 4 MÉTODO DE PESQUISA Esta seção detalha os critérios utilizados na seleção dos artigos considerados no escopo desta pesquisa, de natureza eminentemente exploratória, bem como o procedimento de análise empregado 4.1 Definição da Amostra De forma a manter o foco da pesquisa na produção científica brasileira em administração associada ao tema gestão de competências, adotu-se o seguinte procedimento: 1) Partiu-se da lista total de 395 periódicos listados pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para a área 27 (Administração, Ciências Contábeis e Turismo); 2) Como a relação completa contém produção científica estrangeira ou com foco em áreas de interesse distintas da administração, surgiu a necessidade de selecionar periódicos com resultados de pesquisas eminentemente nacionais e como foco em administração. Esse critério permitiu reduzir o escopo de 395 para apenas 36 periódicos; 3) O terceiro e último passo para seleção da fonte da pesquisa foi garantir representatividade e qualidade da produção científica a ser analisada. Para tanto, foram selecionados os periódicos classificados pelo critério QUALIS como A1, A2, B1 ou B2, chegando ao número final de 12 periódicos conforme explicitado na Tabela 1. Critérios adotados para seleção da produção científica Número de periódicos encontrados 1 Periódicos da área 27 (ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO) da Qualis 395 2 Periódicos brasileiros contendo a palavra "administração", "gestão", "estratégia", "competitividade" ou "competência" no título 36 3 Periódicos classificados pela Qualis como A1, A2, B1 ou B2 12 Tabela 1 – Critérios adotados para seleção da produção científica
  • 10. 10 A Tabela 2 apresenta os doze periódicos selecionados como fontes desta pesquisa. Os critérios adotados para selecionar os artigos produzidos por essas fontes foram: 1) Artigos publicados entre Janeiro de 2005 e Dezembro de 2008; 2) Relação com o tema “competência”, ou seja, a palavra “competência” deveria estar presente no título, resumo ou palavras-chave dos artigos. Nesta etapa foram pré- selecionados 41 artigos conforme exibido na Coluna A da Tabela 2. QUALIS Periódicos Selecionados Sigla Descrição Artigos que mencionam a palavra "competência" (Coluna A) Artigos efetivamente associados ao tema "competência" (Coluna B) A1 Nenhum periódico selecionad o - - - - A2 2 BAR BAR. Brazilian Administration Review 1 1 UFSCar Gestão e Produção (UFSCar) 2 2 B1 6 RAC RAC. Revista de Administração Contemporânea 8 5 RACe RAC. Revista de Administração Contemporânea - Eletrônica 7 7 RAE RAE. Revista de Administração de Empresas 5 4 RAEe RAE. Revista de Administração de Empresas - Eletrônica 6 5 RAP RAP. Revista Brasileira de Administração Pública 5 3 RGTSI Revista de gestão da tecnologia e sistemas de informação - - B2 4 ESAL Cadernos de Administração Rural (ESAL) - - RAM RAM. Revista de Administração Mackenzie - - RAUSP RAUSP. Revista de Administração 3 3 REAd REAd. Revista Eletrônica de Administração 4 3 Total 12 41 33 Tabela 2 – Critérios adotados para seleção dos artigos Após um primeiro contato com os 41 artigos pré-selecionados constatou-se que alguns deles, apesar de conter a palavra “competência” em seu conteúdo, na verdade abordam temas distantes da área de interesse desta pesquisa. Por exemplo, em um desses artigos a palavra “competência” foi utilizada para descrever responsabilidades funcionais associadas a cargos em uma empresa pública. Foi neste momento que se tomou a decisão de aprofundar as leituras e excluir aqueles
  • 11. 11 artigos que, embora contivessem a palavra “competência”, estão claramente fora da área de interesse desta pesquisa. A amostra final é composta de 33 artigos científicos nacionais, publicados entre 2005 e 2008, distribuídos em 12 diferentes periódicos classificados pelo critério QUALIS como A1, A2, B1 ou B2, conforme exibido na Coluna B da Tabela 2. 4.2 Procedimento de Análise Os 33 artigos da amostra foram divididos em 3 grupos de 11 e distribuídos entre 3 de um grupo de 4 pesquisadores. De posse do check-list, cada pesquisador apontou seus comentários, os quais foram revisados por um segundo pesquisador que não esteve envolvido na primeira análise. Ao final, as observações acerca dos 33 artigos foram concentradas em uma única tabela onde observações com mesmo significado foram codificadas para facilitar a leitura e elaboração das impressões e resultados finais por um quarto pesquisador que se manteve apartado e isento de todo o processo. 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS Seguindo a metodologia descrita na seção anterior, chegou-se nos resultados descritos nas tabelas 3 e 4. A Tabela 3 indica a freqüência de foco de pesquisa (competências individuais, grupo ou organizacionais), bem como a freqüência de métodos utilizados. Metodologia Individuais Grupo Organizacional/ Essencial TOTAL Estudo de caso 4 - 10 14 Survey 5 1 3 9 Empírica 4 - 1 5 Teórica 1 - 3 4 Etnografia 1 - - 1 TOTAL 15 1 17 33 Tabela 3 – Classificação dos artigos quanto ao método e ao tipo de competência abordada Analisando a Tabela 3 é possível verificar que 14 artigos utilizaram a metodologia de estudo de caso, 9 artigos usaram a metodologia survey, 5 analisaram o objeto de estudo através da metodologia empírica, 4 utilizaram a metodologia teórica e apenas 1 foi classificado como etnográfico.
  • 12. 12 Do total de 33 artigos analisados, 15 deles trataram de competências individuais, 17 focaram em competências organizacionais ou essenciais e apenas 1 tratou de competências de grupo. Observa-se que, dentre os 33 artigos científicos analisados, a maioria utiliza o método de estudo de caso. A partir deste momento, decidiu-se aprofundar os trabalhos de análise, considerando apenas o método de pesquisa estudo de caso. Com a intenção de classificar os 14 artigos que utilizaram estudo de caso no que se refere à noção de competência abordada, se individual ou organizacional, e se foram casos múltiplos ou únicos, construiu-se a Tabela 4. Competências Único Múltiplo TOTAL Individual 3 1 4 Organizacional 6 4 10 TOTAL 9 5 14 Tabela 4 – Classificação dos artigos que utilizam o método estudo de caso Verificou-se que 9 artigos adotaram o estudo de caso único. Desses, apenas 3 analisaram as competências individuais e os 6 restantes trataram de competências organizacionais. Dos outros 5 artigos que utilizaram estudo de caso múltiplo, apenas 1 deles abordou competências individuais e os outros 4 abordam as competências organizacionais. As seções a seguir estão organizadas de forma a elucidar como os 14 artigos analisados abordaram questões-chave inerentes à metodologia de estudo de caso, indicar aspectos que deveriam ter sido abordados mas não foram encontrados, bem como apontar as principais dificuldades enfrentadas durante o processo de análise. 5.1 Constatações Quanto ao Uso do Método Estudo de Caso O objetivo desta seção é descrever o resultado da análise dos 14 artigos selecionados, registrando informações sobre a forma de aplicação do método estudo de caso considerando-se aspectos como: unidade de análise, natureza do estudo, duração do estudo, se único ou múltiplo e por que, técnica de coleta de dados empregada, técnica para análise dos dados, protocolo de pesquisa e uso, ou não, de triangulação.
  • 13. 13 Treze dos 14 artigos analisados utilizaram a organização como unidade de análise e apenas um destacou o indivíduo como unidade de análise. Quanto à natureza do estudo, 5 artigos foram definidos de natureza exploratória, 3 artigos de natureza descritiva e 1 foi definido como explanatório. Quanto a duração do estudo, todos os 14 artigos foram caracterizados como corte transversal. A justificativa quanto ao estudo de caso único foi identificada em apenas 2 artigos, sendo que a técnica de coleta de dados foi mencionada em todos os 14 artigos analisados. A técnica de coleta do tipo entrevista foi utilizada nos 14 artigos, sendo que 3 especificaram o uso de entrevistas individuais. Sete dos 14 artigos menciona o número de entrevistados variando entre 7 e 21 pessoas. Dos 14 artigos, 5 utilizaram entrevistas semi-estruturadas e 1 utilizou instrumento estruturado. Um artigo utilizou a técnica de survey como etapa exploratória para a definição da amostra. A técnica de observação como coleta de dados foi utilizada por 8 artigos, onde apenas 3 artigos mencionam ter realizado observação em ambiente natural e 3 artigos afirmaram que o observador foi o próprio pesquisador. Um total de 12 artigos adotou a análise de documentos como técnica de coleta de dados complementar e apenas 1 artigo utilizou workshop. Sobre análise estatística de dados, a técnica de freqüência foi empregada por 2 artigos e apenas 1 artigo analisou os dados através da técnica fatorial e de regressão. Quanto ao protocolo de pesquisa, apenas 4 artigos o apresentaram de forma completa, 3 deles de forma descrita e apenas 1 através de um quadro explicativo. Já a triangulação, foi mencionada em apenas 2 artigos dos 14 avaliados por este estudo. 5.2 Informações não Encontradas nos Artigos Quanto ao Método Estudo de Caso Estão registradas nesta seção as informações não encontradas, ou que não puderam ser interpretadas pelos pesquisadores, relacionadas à aplicação da metodologia de estudo de caso em se tratando de natureza do estudo, se único ou múltiplo e porquê, realização do estudo piloto, técnica de coleta de dados, técnica de análise dos dados, triangulação e protocolo de pesquisa. Dos 14 artigos analisados, 5 não definiram a natureza do estudo, se descritivo, exploratório ou explanatório. Quanto à escolha entre estudo de caso
  • 14. 14 único ou múltiplo, apenas 2 dos 9 artigos definidos como estudo de caso único, justificaram a sua escolha e nenhum dos 5 estudos de caso múltiplos mencionaram o porquê desta escolha e nem mesmo se realizaram o caso piloto. Considerando a entrevista como técnica de coleta de dados, dos 14 artigos que utilizaram esta técnica 11 deles não descreveu de que forma ela foi feita, se individual ou em grupo, 3 artigos não mencionam quem foram os entrevistados, 7 deles não citam quantas entrevistas foram feitas e 8 artigos não definem se foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas ou estruturadas. Quanto à observação como técnica de coleta dados, nenhum dos 8 artigos que utilizaram essa técnica relatou qual foi o comportamento observado, 5 deles não identificou o ambiente em que foi empregada a técnica e nem se houve participação do observador. Em se tratando da técnica de coleta de dados através da análise de documentos, utilizada em 12 artigos, 7 deles simplesmente não especifica quais foram os documentos analisados. O protocolo de pesquisa não foi apresentado em 5 artigos da amostra e outros 5 o apresentam apenas parcialmente. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Retornado à questão de pesquisa, conclui-se que a aplicação dos métodos de pesquisa na produção científica brasileira relacionada ao tema gestão de competências apresenta lacunas. Não nos compete julgar se os métodos foram bem ou mal utilizados, mas apenas relatar que a produção científica analisada apresentou carência de detalhes sobre o planejamento e procedimento de execução de pesquisa. Uma constatação importante foi que a maioria dos 33 artigos relacionados ao tema gestão de competências apresentaram alinhamento entre os métodos de pesquisa empregados vis-a-vis os objetivos de pesquisa, exceto por 3 artigos, onde: o primeiro utilizou extensas análises estatísticas geradas a partir de sete entrevistas; o segundo promete utilizar análise de conteúdo clássica, mas na seção de análise acaba tomando o rumo de análise estatística; o terceiro menciona ter realizado uma
  • 15. 15 pesquisa exploratória, mas ao final verifica-se que se trata de um estudo descritivo, pois apenas relata o fenômeno. Vale lembrar que esta pesquisa adotou a premissa de não interpretar, ou seja, apenas identificar a presença ou ausência de elementos-chave na descrição dos métodos e procedimentos de pesquisa nos artigos. Sendo assim, é relevante registrar o esforço desprendido para identificar esses elementos na amostra final de 14 artigos, onde em 10 não havia uma seção descrevendo o protocolo de pesquisa, ou se havia estava descrito apenas parcialmente, sendo necessária a leitura integral do material para coletar, de forma fragmentada, informações que revelassem os procedimentos de pesquisa adotados. Neste parágrafo estão condensadas informações extraídas da seção de análise, sobre as quais chamamos a atenção do leitor: os 14 artigos da amostra final utilizam corte transversal e técnica de entrevista; 12 utilizaram análise de documentos, onde 7 não citam que documentos foram utilizados; 9 foram estudo de caso único onde apenas 2 justificaram a escolha do método; os outros 5 estudos de caso múltiplo também não justificaram a escolha e não mencionam a realização de caso piloto; 8 dos 12 artigos utilizaram a técnica de observação sem relatar que comportamentos foram observados ou como essas informações foram processadas de forma a gerar os resultados; e, finalmente, apenas 1 dos 14 artigos descreveu o protocolo de pesquisa de forma completa e passível de reprodução. Assume-se que essa falta de riqueza de detalhes descrita no parágrafo acima seja conseqüência da limitação imposta à extensão do material a ser publicado. Entretanto, não se pode refutar a possibilidade de, nesses 14 artigos analisados em profundidade, ter havido falta de atenção dos autores em descrever o método de forma tal que possa ser reproduzido por outros pesquisadores. Afinal, este é um princípio básico da pesquisa científica. Outro fato observado é um certo fascínio dos pesquisadores da área por caso único, entrevistas e análise de documentos, mesmo sem a preocupação de justificar a abordagem, validar instrumentos ou pelo menos mencionar que tipos de documentos foram utilizados, trazendo assim maior confiabilidade aos resultados apresentados. Fechando esse bloco, existe ainda uma reflexão a ser feita: Haveria necessidade de revisitar o processo de formação de pesquisadores no que tange ao uso adequado das metodologias de pesquisa disponíveis?
  • 16. 16 Quanto ao tema gestão de competências, verifica-se que tem sido defendido o conceito de path-dependence onde as competências formadas e desenvolvidas por uma organização simplesmente não servem para outras, ou seja, há a necessidade clara de criação de um modelo de referência generalizável. A adoção do estudo de caso para a maioria das produções científicas nesta área não contribui em nada para modificar esse cenário. Se existe a necessidade de criar-se um modelo generalizável, por que não empregar a metodologia de focus group promovendo o debate e a interação entre executivos de diferentes segmentos com o objetivo de identificar em que pontos afinal há dificuldade para se generalizar um modelo de competências? Outra metodologia que se verificou não ser utilizada pela produção científica na área de gestão de competências é a pesquisa-ação, a qual seria de grande valia para a resolução de problemas e acompanhamento de resultados concretos. Como mensagem final, é importante registrar o desejo de que futuras produções científicas na área sejam não apenas relevantes, contemporâneas e aplicáveis, mas também fortemente sustentadas por métodos de pesquisa com procedimentos bem documentados, reproduzíveis, alinhados com seus objetivos de pesquisa e cujo planejamento e resultados estejam corretamente registrados. 7 REFERÊNCIAS BIRCHALL, D.; TOVSTIGA, G. Capabilities for strategic advantage. NY: Macmillan, 2005. BITENCOURT, C. Gestão contemporânea de pessoas. Porto Alegre: Bookman, 2004. BOYATZIS, Richard E. The competent management: a model for effective performance. New York: John Wiley, 1982. COLLIS, Jill. Pesquisa em administração : um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre : Bookman, 2006. DREJER, A. Organizational learning and competence development. MCB University DUTRA, J. S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. São Paulo: Atlas 2004. Express, v. 7, n. 4, p. 206-220, 2000.
  • 17. 17 FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Estratégias Empresariais e Formação de Competências: um quebra-cabeça caleidoscópio da indústria brasileira. São Paulo: Atlas, 2008. FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências. São Paulo: Atlas, 2000. HAMEL,G.;PRAHALD,C.K. The core competence of the corporation. HBR, EUA, n.31, 1990. HANSSON, Henrik. Kolektiv Kompetens: Doctorate Thesis Summary. Götemborg University, Sweden, 2003. JAVIDAN, M. More competence: what does it mean in practice? Long Range Planning, v. 31, nº 1, 1998. LE BOTERF, G. De la compétence: essai sur um attracteur étrange. Paris: Édtions d`Organisation, 1994. MCCLELLAND, David C. Testing for competence rather than intelligence. American Psycologist, p. 1-14, Jan. 1973. MCLAGAN, P. Competencies: the next generation. Training and Development, p. 40-47, May 1997. MILLS, J.; PLATTS, K.; BOURNE, M.; RICHARDS, H. Strategy and performance: competing through competences. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. PARRY, S. B. The quest for competencies. Training, p. 48-54, July 1996. PENROSE, E.T. The theory of the growth of the firm. Oxford: Brasil Blackwell, 1959. PORTER, M. E. Competitive strategy. New York: Free Press, 1980. RUAS, R. Gestão das competências gerenciais e a aprendizagem nas organizações. Documento preliminar preparado como material de apoio aos Cursos de Extensão do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da UFRGS, 2002. RUAS, R.; GHEDINE, T.; DUTRA, J. S.; BECKER, G. V.; DIAS, G. B. Revisando a noção de competência na produção científica em administração: avanços e limites. In: DUTRA, Joel Souza; FLEURY, Maria Tereza Leme; RUAS, Roberto Lima. (Org.). Competências: Conceitos, métodos e experiências. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2008. WICKHAM, J. Understanding technological and organizational change. Cheltenham, 2003. Yin, Robert K. Estudo de caso : planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre : Bookman, 2006.
  • 18. 18 ZARIFIAN, P. A gestão da e pela competência. Material de apoio ao Seminário Internacional Educação Profissional, Trabalho e Competência. Rio de Janeiro: Ciet, 1996.