Safári de Estratégia – Escola de Posicionamento - Mintzberg, Ahlstrand e Lampel
Histórico-longitudinal: desafios e aplicação em estudos de administração
1. 1
Desvendando a “Black Box”:
Utilização da Perspectiva Histórico-Longitudinal
em Pesquisas na Administração
Josué da Luz Dias
Grace Vieira Becker
Setembro, 2010
2. 2
Objetivo do Artigo
Apresentar a abordagem histórico-
longitudinal como uma alternativa
metodológica viável de ser aplicada em
estudos de administração, listando os
principais desafios e caminhos
indicados por diversos autores para
superá-los.
Apresentar a abordagem histórico-
longitudinal como uma alternativa
metodológica viável de ser aplicada em
estudos de administração, listando os
principais desafios e caminhos
indicados por diversos autores para
superá-los.
3. 3
1. Introdução
2. A abordagem histórico-longitudinal
3. Desafios no uso e aplicação da abordagem
histórico-longitudinal
4. Conclusões
1. Introdução
2. A abordagem histórico-longitudinal
3. Desafios no uso e aplicação da abordagem
histórico-longitudinal
4. Conclusões
Agenda
4. 4
Introdução
Mudança de foco: de explicar a vantagem competitiva pela
análise do ambiente para uma análise voltada à
mobilização de recursos e capacidades internas das
organizações.
Desempenho = 10
Setor 1
Desempenho = 15
Setor 2
Desempenho = 28
5. 5
Introdução
A análise da indústria parece não mais contribuir para o
entendimento dos fatores-chave da vantagem competitiva (ROSE;
DAELLEMBACH, 1999; BARNEY, 1986; HOSKINSSON et al., 1999).
O estudo de caso vem “tornando-se a modalidade preferida daqueles
que procuram saber ‘como’ e ‘por que’ certos fenômenos acontecem”
(NEVES, 1996, p. 3).
Estudos de caso mostram-se mais adequados à VBR pois fornecem
uma riqueza de informações que não pode ser explicitada por
pesquisas quantitativas (HOSKINSSON et al., 1999).
Desempenho Superior
Competências
Organizacionais
7. 7
Olhar somente para o momento atual da empresa pode levar a
conclusões incorretas sobre os motivos que levaram uma organização a
alcançar a vantagem competitiva, pois a competitividade é alavancada
por competências que são construídas ao longo da trajetória da
empresa (BECKER et al., 2008).
Ações e decisões passadas exercem forte influência naquilo que a
empresa é hoje e continuará influenciando naquilo que a empresa se
tornará no futuro (Teece et al, 1997).
A VBR vem impondo desafios aos métodos qualitativos, justamente
pela natureza intangível de alguns recursos organizacionais, exigindo
dos pesquisadores estudos de caso longitudinais, entre outros
métodos, de forma a comprovar suas hipóteses (HOSKINSSON et al.,
1999).
Olhar somente para o momento atual da empresa pode levar a
conclusões incorretas sobre os motivos que levaram uma organização a
alcançar a vantagem competitiva, pois a competitividade é alavancada
por competências que são construídas ao longo da trajetória da
empresa (BECKER et al., 2008).
Ações e decisões passadas exercem forte influência naquilo que a
empresa é hoje e continuará influenciando naquilo que a empresa se
tornará no futuro (Teece et al, 1997).
A VBR vem impondo desafios aos métodos qualitativos, justamente
pela natureza intangível de alguns recursos organizacionais, exigindo
dos pesquisadores estudos de caso longitudinais, entre outros
métodos, de forma a comprovar suas hipóteses (HOSKINSSON et al.,
1999).
A abordagem histórico-longitudinal
8. 8
1. Como resgatar o histórico da organização?
2. Como tratar de um grande volume de informações?
3. Como definir os marcos históricos e relacioná-los
com os dados coletados?
4. Como combinar dados históricos com dados atuais?
5. Pode-se confiar somente na memória dos
entrevistados?
6. O que fazer quando documentos oficiais fornecem
dados imprecisos?
7. O que fazer quando as fontes de dados apontam
diferentes versões para a trajetória da organização
estudada?
8. Como proceder com a transcrição das entrevistas?
1. Como resgatar o histórico da organização?
2. Como tratar de um grande volume de informações?
3. Como definir os marcos históricos e relacioná-los
com os dados coletados?
4. Como combinar dados históricos com dados atuais?
5. Pode-se confiar somente na memória dos
entrevistados?
6. O que fazer quando documentos oficiais fornecem
dados imprecisos?
7. O que fazer quando as fontes de dados apontam
diferentes versões para a trajetória da organização
estudada?
8. Como proceder com a transcrição das entrevistas?
Desafios no uso e aplicação da abordagem
histórico-longitudinal
9. 9
1. Como resgatar o histórico da organização?
Construir uma narrativa cronológica da trajetória
organizacional, evitando reduções e apresentando os diferentes
pontos de vista.
Solicitar a opinião dos participantes fazendo-os reportarem-se
às diversas etapas da trajetória organizacional.
Usar questões ‘por que’ e ‘como’ sobre a relação dos eventos
ao longo do tempo.
Identificar padrões de comportamento, ações e decisões que
sejam o reflexo das diferentes estratégias adotadas pela
organização nos diferentes períodos da sua trajetória.
Construir uma narrativa cronológica da trajetória
organizacional, evitando reduções e apresentando os diferentes
pontos de vista.
Solicitar a opinião dos participantes fazendo-os reportarem-se
às diversas etapas da trajetória organizacional.
Usar questões ‘por que’ e ‘como’ sobre a relação dos eventos
ao longo do tempo.
Identificar padrões de comportamento, ações e decisões que
sejam o reflexo das diferentes estratégias adotadas pela
organização nos diferentes períodos da sua trajetória.
10. 10
2. Grande volume de informações a tratar
Evitar um mergulho em uma massa disforme de
dados. Recomenda-se converter dados
disformes em um modelo entendível e
reutilizável por outros.
Concentrar-se nas pessoas, depoimentos,
documentos e situações mais representativos,
que trazem maior contribuição para a pesquisa.
Focar nas pessoas que ocupam cargos
estratégicos.
Selecionar o que é relevante para cada período
– Eliminar vieses dos depoimentos.
Decidir o que vai para a lata do lixo.
Evitar um mergulho em uma massa disforme de
dados. Recomenda-se converter dados
disformes em um modelo entendível e
reutilizável por outros.
Concentrar-se nas pessoas, depoimentos,
documentos e situações mais representativos,
que trazem maior contribuição para a pesquisa.
Focar nas pessoas que ocupam cargos
estratégicos.
Selecionar o que é relevante para cada período
– Eliminar vieses dos depoimentos.
Decidir o que vai para a lata do lixo.
11. 11
3. Definir os marcos históricos e relacioná-los
com os dados coletados
# $ % *
A2 C2 B3
# $ % *
A1 A2 B3
# $ % *
A1 A3 B1
Período 1 Período 2 Período Atual
Depoimentos
Períodos
Históricos
A1 A3B1 A2
B3C2
Buscar elementos que permitam identificar os marcos históricos - Qual
evento delimita a passagem de um período para outro?
Construir uma lista de eventos que influenciaram decisivamente na
formação da estratégia organizacional ao longo de sua trajetória.
Identificar categorias que reduzam a complexidade dos dados.
12. 12
4. Como combinar dados históricos com dados
atuais?
O pesquisador tem que estar atento às informações fornecidas,
pois o resgate do passado é feito no momento atual.
Dados passados são mais sintéticos e concentrados nos
eventos marcantes. Dados presentes são mais ricos em
detalhes e podem conter ruído. O pesquisador deve ter
habilidade para descartar o que não é útil para a pesquisa.
O pesquisador tem que estar atento às informações fornecidas,
pois o resgate do passado é feito no momento atual.
Dados passados são mais sintéticos e concentrados nos
eventos marcantes. Dados presentes são mais ricos em
detalhes e podem conter ruído. O pesquisador deve ter
habilidade para descartar o que não é útil para a pesquisa.
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5. Confiar somente na memória dos
entrevistados?
Triangulação de dados com
informações documentais
para corrigir distorções e
falhas de memória
identificadas nas entrevistas.
Entrevistas devem ser
tratadas como qualquer
documento histórico,
submetidas a contraprovas
e análises.
Discernir entre narração e
imaginação, cercando-se de
fatos comprovados.
Triangulação de dados com
informações documentais
para corrigir distorções e
falhas de memória
identificadas nas entrevistas.
Entrevistas devem ser
tratadas como qualquer
documento histórico,
submetidas a contraprovas
e análises.
Discernir entre narração e
imaginação, cercando-se de
fatos comprovados.
Entrevistas:
Executivos,
Fundador,
Clientes,
Fornecedores e
Parceiros
Documentos Observação
Validação de dados e
fatos contemporâneos
Validação de dados e
fatos históricos
14. 14
6. O que fazer quando documentos oficiais
fornecem dados imprecisos?
Interpretar criticamente todas as narrativas e documentos que tiver
acesso, sob pena de se deixar levar pela memória dita oficial,
freqüentemente carregada de vieses político-ideológicos. Investigar
as diferenças entre a memória oficial e a memória coletiva, focando nas
contradições entre depoimentos e documentos.
Fazer triangulação de informação documental não só da empresa
estudada, mas de periódicos especializados que evidenciem as
estratégias adotadas pelas empresas do segmento ao longo do tempo e
relatórios financeiros oficiais que evidenciem os impactos dessas
estratégias na performance da empresa estudada e do setor.
Interpretar criticamente todas as narrativas e documentos que tiver
acesso, sob pena de se deixar levar pela memória dita oficial,
freqüentemente carregada de vieses político-ideológicos. Investigar
as diferenças entre a memória oficial e a memória coletiva, focando nas
contradições entre depoimentos e documentos.
Fazer triangulação de informação documental não só da empresa
estudada, mas de periódicos especializados que evidenciem as
estratégias adotadas pelas empresas do segmento ao longo do tempo e
relatórios financeiros oficiais que evidenciem os impactos dessas
estratégias na performance da empresa estudada e do setor.
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7. As fontes de dados apontam diferentes
versões para a trajetória da organização
Fatos e versões andam juntos. É tarefa do pesquisador a
confrontação crítica das narrações e entender as
representações. Ouvir mais de uma testemunha da
situação.
Uma entrevista é sempre uma versão da realidade. É
preciso compreender os significados que os indivíduos
e grupos sociais conferem às experiências que têm.
Negligenciar essa dimensão é revelar-se ingênuo e
positivista.
Reconhecer que nem todas as versões são verdadeiras,
livres de manipulação, inexatidão ou erro. Elaborar um
mosaico que forme um todo coerente, a menos que as
diferenças entre elas sejam irreconciliáveis.
Fatos e versões andam juntos. É tarefa do pesquisador a
confrontação crítica das narrações e entender as
representações. Ouvir mais de uma testemunha da
situação.
Uma entrevista é sempre uma versão da realidade. É
preciso compreender os significados que os indivíduos
e grupos sociais conferem às experiências que têm.
Negligenciar essa dimensão é revelar-se ingênuo e
positivista.
Reconhecer que nem todas as versões são verdadeiras,
livres de manipulação, inexatidão ou erro. Elaborar um
mosaico que forme um todo coerente, a menos que as
diferenças entre elas sejam irreconciliáveis.
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8. Como proceder com a transcrição das
entrevistas?
Transcrições impecavelmente neutras podem ser ilegíveis ou
inúteis.
Se a entrevista é rica em símbolos e sentidos, transcrever
exatamente o que foi dito, inclusive “o entrevistado tosse”, mas
sem dizer se aquela tosse significa ironia, hesitação ou
nervosismo produz um resultado carente de significado e que
não necessariamente se traduz em fidelidade e credibilidade
à pesquisa.
Transcrições impecavelmente neutras podem ser ilegíveis ou
inúteis.
Se a entrevista é rica em símbolos e sentidos, transcrever
exatamente o que foi dito, inclusive “o entrevistado tosse”, mas
sem dizer se aquela tosse significa ironia, hesitação ou
nervosismo produz um resultado carente de significado e que
não necessariamente se traduz em fidelidade e credibilidade
à pesquisa.
17. 17
A análise do ambiente organizacional sob uma perspectiva
temporal é muito mais sofisticado do que avaliar
simplesmente o momento atual.
A perspectiva histórico-longitudinal possibilita aprofundar o
entendimento sobre a realidade interna das organizações.
Estudos qualitativos priorizam o contato direto e
prolongado do investigador com o campo, para facilitar a
percepção sobre os significados e a realidade da
empresa estudada (PATTON, 1986; PETTIGREW, 1990).
A análise do ambiente organizacional sob uma perspectiva
temporal é muito mais sofisticado do que avaliar
simplesmente o momento atual.
A perspectiva histórico-longitudinal possibilita aprofundar o
entendimento sobre a realidade interna das organizações.
Estudos qualitativos priorizam o contato direto e
prolongado do investigador com o campo, para facilitar a
percepção sobre os significados e a realidade da
empresa estudada (PATTON, 1986; PETTIGREW, 1990).
Conclusões