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ÉTICA EM PESQUISAS

ENVOLVENDO SERES HUMANOS
POR QUE SE FALA

      EM

   ÉTICA EM

  PESQUISA?
ÉTICA EM PESQUISAS COM SERES
                            HUMANOS



• História da pesquisa envolvendo seres humanos;

• Regulamentação das pesquisas;

• A proteção do sujeito de pesquisa;

• Casos dilemáticos;
QUE PAÍS É ESSE?


    “DIRETRIZES PARA NOVAS TERAPÊUTICAS E PESQUISAS

                       EM SERES HUMANOS”


•   balanço risco / benefício

•   realização de testes prévios em animais, se possível

•   especial consideração em casos que envolvam menores

•   consentimento após o fornecimento de informações adequadas

•   publicação com respeito à dignidade dos pacientes
ALEMANHA
ALEMANHA, 1939-1945


• Como explicar a existência dessa norma antes mesmo do
  massacre ocorrido durante a segunda guerra mundial?



• Nem todos são pessoas.
• Nem todos tem direitos.
• Legislação prevê os que devem
    ser respeitados.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

•   Experimentações    com    prisioneiros   de
    guerra (1939 - 1945);
•   Exposição a temperaturas muito baixas
    por períodos prolongados; infectar internos
    com tifo, malária, e outras doenças para
    testar drogas e vacinas; esterilização;
    administrar venenos para estudar seus
    efeitos letais; testes aplicando corantes
    químicos em olhos de presos na tentativa
                                                  Prisioneiro judeu em tanque
    de mudar suas cores, experiências com
                                                  de água gelada era cobaia de
    gêmeos, entre outros.                         estudo alemão.
TRIBUNAL DE NUREMBERG

• Em 1947, médicos do regime
  nazista são julgados pelos
  crimes cometidos.

• Elabora-se   o   Código    de
  Nuremberg, primeiro sistema
  normativo        internacional
  regulador dos padrões de
  pesquisas clínicas.
A PROTEÇÃO DA PESSOA HUMANA


• Dignidade humana

• Valor da pessoa (raça, credo, orientação sexual)

• “O homem é um fim em si mesmo” - Kant

• A pessoa não pode ser ‘meio’ de pesquisa.

• Cobaias - sujeito e não objeto da pesquisa

• Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948);
TRIBUNAL DE NUREMBERG
CÓDIGO DE NUREMBERG

1.   O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente

     essencial.

•    Possibilidade de decidir se quer ou não participar;

•    “livre direito de escolha”

•    Direito de ser informado para tomar a decisão.

9. O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar

     no decorrer do experimento;
CÓDIGO DE NUREMBERG


7. Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o

    participante do experimento de qualquer possibilidade de dano,

    invalidez ou morte, mesmo que remota.

No mesmo sentido: 3, 4, 5, 10

•   Proteção da pessoa
HISTÓRICO DA REGULAMENTAÇÃO

• Código de Nuremberg (1947)

• Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)

• Declaração de Helsinque (1964, 1975, 1983, 1989, 1996, 2000)

• Relatório Belmont (1978)

• Diretrizes éticas internacionais para a investigação biomédica

  envolvendo seres humanos - OMS / CIOMS (1982, 1993, 2002)

• Resolução 196/1996 (CNS / MS)
A DECLARAÇÃO DE HELSINQUE

•   1964: Associação Médica Mundial (18ª Assembléia Médica Mundial)
•   1975: Tóquio (primeira proposição internacional de criação de CEP)
•   1983: Veneza
•   1989: Hong Kong
•   1996: África do Sul
•   2000: Edimburgo
•   2002: Washington (nota de esclarecimento)
•   2004: Helsinque (nota de esclarecimento)
A DECLARAÇÃO DE HELSINQUE


•   Proteção da pessoa (sujeito e não objeto de pesquisa);

•   O interesse da sociedade ou da ciência não pode ter precedência

    sobre o bem-estar das pessoas;

•   Máximo de benefícios e mínimo de riscos;

•   Consentimento livre e esclarecido por escrito;

•   Vulnerabilidade (capacidade de autodeterminação reduzida).
AS DENÚNCIAS DE BEECHER

•   1966: artigo publicado no New England Journal of Medicine

•   Beecher revela estudo realizado durante dez anos, em que relata 22 exemplos
    de pesquisas antiéticas;

•   Apenas duas pesquisas apresentavam consentimento dos sujeitos;

•   Células cancerosas vivas foram injetadas em 22 pessoas idosas para testar a
    sua imunidade ao câncer (Hospital Judaico para Doenças Crônicas);

•   Ausência de tratamento de hepatite em crianças com deficiência mental, e
    outras infectadas deliberadamente com o vírus.
EUA


• Código de Nuremberg para os ‘criminosos nazistas’;

• Proteção do indivíduo > interesse da sociedade?

• Declaração universal dos direitos do homem: “Todas as pessoas

  nascem livres e iguais em dignidade e direitos.”

• Alguns são mais iguais que outros? Sujeitos de segunda classe?

• Condição sócio-econômica, questões raciais
O CASO TUSKEGEE

•   Alabama,    1932     a    1972:    estudo
    conduzido pelo Serviço de Saúde
    Pública dos Estados Unidos;



•   “Estudo Tuskegee de Sífilis Não-
    Tratada em Homens Negros”;



•   400 pessoas negras foram deixadas
    sem    tratamento,       no   intuito   de
    identificar a história natural da doença
    (Penicilina já descoberta);
O CASO TUSKEGEE

•   Nenhum deles foi informado sobre o verdadeiro propósito do estudo
    (foram induzidos a acreditar que estavam recebendo tratamento
    adequado);

•   O estudo só foi interrompido em 1972, por pressão da sociedade,
    após divulgação na imprensa leiga.

•   Após 40 anos de acompanhamento, ao término do projeto, haviam
    apenas 74 sobreviventes, sendo que 28 morreram diretamente de
    sífilis e 100 pessoas de complicações decorrentes da doença. Ao
    longo do estudo 40 esposas e 19 recém-nascidos se contaminaram.
O RELATÓRIO BELMONT E O
                         NASCIMENTO DA BIOÉTICA

•   1974, EUA: Comissão Nacional para Proteção de Sujeitos Humanos
    nas Pesquisas Biomédicas e Comportamentais;

•   Definição de princípios éticos norteadores para a condução de
    pesquisas envolvendo seres humanos;

•   1978: Publicação do Relatório Belmont

•   Princípios: respeito pelas pessoas (consentimento livre e esclarecido),
    beneficência   (avaliação   da   relação   custo-benefício)   e   justiça
    (igualdade de acesso à participação nos estudos e distribuição dos
    resultados).
A PESQUISA COM SERES HUMANOS
                                      NO BRASIL

•   Código de Ética Médica (1988)

•   Resolução 01/88 (Conselho Nacional de Saúde do Ministério da
    Saúde): Norma de Pesquisa em Saúde

•   Artigo 5º: “indivíduo objeto da pesquisa”

•   Proposta de criação de Comitês de Ética em Pesquisa em todas as
    instituições que realizassem pesquisa na área da saúde;

•   Pouca repercussão nas instituições e entre os pesquisadores.
A RESOLUÇÃO 196/96

• 1995: Grupo Executivo de Trabalho pra a revisão da Resolução
  01/88;

• Participaram: pesquisadores, representantes dos Ministérios da
  Saúde e da Ciência e Tecnologia, CFM, OAB, CNBB,
  representantes dos usuários do SUS e ONGs;

• 1996: publicação da resolução 196/96: Diretrizes e Normas
  Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo Seres Humanos;
A RESOLUÇÃO 196/96

• REFERENCIAIS ÉTICOS

     • Autonomia (decisão sobre a participação na pesquisa pelo
       próprio sujeito - TCLE);

     • Beneficência ( ‘máximo de benefícios e mínimo de riscos’);

     • Não-maleficência (danos previsíveis devem ser evitados);

     • Justiça (acesso aos resultados e participação não apenas de
       grupos vulneráveis).
A RESOLUÇÃO 196/96

•   CONEP (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa): coordenadora do
    processo de estruturação de um sistema para acompanhamento das
    pesquisas;

•   CEP (Comitê de Ética em Pesquisa)

•   Caráter multiprofissional; representantes dos usuários; instâncias
    independentes do pesquisador ou instituição; defesa dos interesses
    do sujeito de pesquisa;

•   Caráter voluntário;
A RESOLUÇÃO 196/96

•   PESQUISA: “Todo procedimento envolvendo o ser humano, cuja
    aceitação não esteja ainda consagrada na literatura científica.”

•   “Natureza       instrumental,   ambiental,   educacional,   sociológica,
    econômica, física, psíquica ou biológica, sejam eles farmacológicos,
    clínicos ou cirúrgicos e de finalidade preventiva, diagnóstica ou
    terapêutica.”

•   TCLE (Termo de Consentimento livre e esclarecido);

•   Preservação da privacidade;
RESOLUÇÕES DO CNS / MS

                                              •   196/96
                                              •   240/97
                                              •   251/97
       Conselho Nacional de Saúde
                                              •   292/99
http://conselho.saude.gov.br/comissao/conep   •   301/00
                                              •   303/00
                                              •   304/00
                                              •   340/04
                                              •   346/05

                                              •   347/05
TEMAS POLÊMICOS
                         FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO

•   196/96: “Assegurar aos sujeitos da pesquisa os benefícios resultantes do projeto, seja
    em termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da
    pesquisa;”

•   Declaração de Helsinque (1996): “Em qualquer pesquisa médica, todo paciente,
    inclusive os pertencentes a um grupo controle, caso haja, deve ter a garantia de receber
    o melhor método diagnóstico e terapêutico comprovado.”

•   Proposta de alteração: “.... que teria disponível fora do contexto da pesquisa.”

•   Declaração de Helsinque (2000): “Na conclusão do estudo, todo sujeito colocado no
    estudo deve ter o acesso assegurado aos melhores métodos profiláticos, diagnósticos e
    terapêuticos comprovados, identificados pelo estudo.”
TEMAS POLÊMICOS


• A utilização de placebo;



• O pagamento ao sujeito de pesquisa;



• A burocratização da CONEP e a capacitação dos CEPs;



• A compreensão, pelo sujeito da pesquisa, do TCLE.

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  • 2. POR QUE SE FALA EM ÉTICA EM PESQUISA?
  • 3. ÉTICA EM PESQUISAS COM SERES HUMANOS • História da pesquisa envolvendo seres humanos; • Regulamentação das pesquisas; • A proteção do sujeito de pesquisa; • Casos dilemáticos;
  • 4. QUE PAÍS É ESSE? “DIRETRIZES PARA NOVAS TERAPÊUTICAS E PESQUISAS EM SERES HUMANOS” • balanço risco / benefício • realização de testes prévios em animais, se possível • especial consideração em casos que envolvam menores • consentimento após o fornecimento de informações adequadas • publicação com respeito à dignidade dos pacientes
  • 6. ALEMANHA, 1939-1945 • Como explicar a existência dessa norma antes mesmo do massacre ocorrido durante a segunda guerra mundial? • Nem todos são pessoas. • Nem todos tem direitos. • Legislação prevê os que devem ser respeitados.
  • 7. SEGUNDA GUERRA MUNDIAL • Experimentações com prisioneiros de guerra (1939 - 1945); • Exposição a temperaturas muito baixas por períodos prolongados; infectar internos com tifo, malária, e outras doenças para testar drogas e vacinas; esterilização; administrar venenos para estudar seus efeitos letais; testes aplicando corantes químicos em olhos de presos na tentativa Prisioneiro judeu em tanque de mudar suas cores, experiências com de água gelada era cobaia de gêmeos, entre outros. estudo alemão.
  • 8. TRIBUNAL DE NUREMBERG • Em 1947, médicos do regime nazista são julgados pelos crimes cometidos. • Elabora-se o Código de Nuremberg, primeiro sistema normativo internacional regulador dos padrões de pesquisas clínicas.
  • 9. A PROTEÇÃO DA PESSOA HUMANA • Dignidade humana • Valor da pessoa (raça, credo, orientação sexual) • “O homem é um fim em si mesmo” - Kant • A pessoa não pode ser ‘meio’ de pesquisa. • Cobaias - sujeito e não objeto da pesquisa • Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948);
  • 11. CÓDIGO DE NUREMBERG 1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial. • Possibilidade de decidir se quer ou não participar; • “livre direito de escolha” • Direito de ser informado para tomar a decisão. 9. O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar no decorrer do experimento;
  • 12. CÓDIGO DE NUREMBERG 7. Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante do experimento de qualquer possibilidade de dano, invalidez ou morte, mesmo que remota. No mesmo sentido: 3, 4, 5, 10 • Proteção da pessoa
  • 13. HISTÓRICO DA REGULAMENTAÇÃO • Código de Nuremberg (1947) • Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) • Declaração de Helsinque (1964, 1975, 1983, 1989, 1996, 2000) • Relatório Belmont (1978) • Diretrizes éticas internacionais para a investigação biomédica envolvendo seres humanos - OMS / CIOMS (1982, 1993, 2002) • Resolução 196/1996 (CNS / MS)
  • 14. A DECLARAÇÃO DE HELSINQUE • 1964: Associação Médica Mundial (18ª Assembléia Médica Mundial) • 1975: Tóquio (primeira proposição internacional de criação de CEP) • 1983: Veneza • 1989: Hong Kong • 1996: África do Sul • 2000: Edimburgo • 2002: Washington (nota de esclarecimento) • 2004: Helsinque (nota de esclarecimento)
  • 15. A DECLARAÇÃO DE HELSINQUE • Proteção da pessoa (sujeito e não objeto de pesquisa); • O interesse da sociedade ou da ciência não pode ter precedência sobre o bem-estar das pessoas; • Máximo de benefícios e mínimo de riscos; • Consentimento livre e esclarecido por escrito; • Vulnerabilidade (capacidade de autodeterminação reduzida).
  • 16. AS DENÚNCIAS DE BEECHER • 1966: artigo publicado no New England Journal of Medicine • Beecher revela estudo realizado durante dez anos, em que relata 22 exemplos de pesquisas antiéticas; • Apenas duas pesquisas apresentavam consentimento dos sujeitos; • Células cancerosas vivas foram injetadas em 22 pessoas idosas para testar a sua imunidade ao câncer (Hospital Judaico para Doenças Crônicas); • Ausência de tratamento de hepatite em crianças com deficiência mental, e outras infectadas deliberadamente com o vírus.
  • 17. EUA • Código de Nuremberg para os ‘criminosos nazistas’; • Proteção do indivíduo > interesse da sociedade? • Declaração universal dos direitos do homem: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.” • Alguns são mais iguais que outros? Sujeitos de segunda classe? • Condição sócio-econômica, questões raciais
  • 18. O CASO TUSKEGEE • Alabama, 1932 a 1972: estudo conduzido pelo Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos; • “Estudo Tuskegee de Sífilis Não- Tratada em Homens Negros”; • 400 pessoas negras foram deixadas sem tratamento, no intuito de identificar a história natural da doença (Penicilina já descoberta);
  • 19. O CASO TUSKEGEE • Nenhum deles foi informado sobre o verdadeiro propósito do estudo (foram induzidos a acreditar que estavam recebendo tratamento adequado); • O estudo só foi interrompido em 1972, por pressão da sociedade, após divulgação na imprensa leiga. • Após 40 anos de acompanhamento, ao término do projeto, haviam apenas 74 sobreviventes, sendo que 28 morreram diretamente de sífilis e 100 pessoas de complicações decorrentes da doença. Ao longo do estudo 40 esposas e 19 recém-nascidos se contaminaram.
  • 20. O RELATÓRIO BELMONT E O NASCIMENTO DA BIOÉTICA • 1974, EUA: Comissão Nacional para Proteção de Sujeitos Humanos nas Pesquisas Biomédicas e Comportamentais; • Definição de princípios éticos norteadores para a condução de pesquisas envolvendo seres humanos; • 1978: Publicação do Relatório Belmont • Princípios: respeito pelas pessoas (consentimento livre e esclarecido), beneficência (avaliação da relação custo-benefício) e justiça (igualdade de acesso à participação nos estudos e distribuição dos resultados).
  • 21.
  • 22. A PESQUISA COM SERES HUMANOS NO BRASIL • Código de Ética Médica (1988) • Resolução 01/88 (Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde): Norma de Pesquisa em Saúde • Artigo 5º: “indivíduo objeto da pesquisa” • Proposta de criação de Comitês de Ética em Pesquisa em todas as instituições que realizassem pesquisa na área da saúde; • Pouca repercussão nas instituições e entre os pesquisadores.
  • 23. A RESOLUÇÃO 196/96 • 1995: Grupo Executivo de Trabalho pra a revisão da Resolução 01/88; • Participaram: pesquisadores, representantes dos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, CFM, OAB, CNBB, representantes dos usuários do SUS e ONGs; • 1996: publicação da resolução 196/96: Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo Seres Humanos;
  • 24. A RESOLUÇÃO 196/96 • REFERENCIAIS ÉTICOS • Autonomia (decisão sobre a participação na pesquisa pelo próprio sujeito - TCLE); • Beneficência ( ‘máximo de benefícios e mínimo de riscos’); • Não-maleficência (danos previsíveis devem ser evitados); • Justiça (acesso aos resultados e participação não apenas de grupos vulneráveis).
  • 25. A RESOLUÇÃO 196/96 • CONEP (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa): coordenadora do processo de estruturação de um sistema para acompanhamento das pesquisas; • CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) • Caráter multiprofissional; representantes dos usuários; instâncias independentes do pesquisador ou instituição; defesa dos interesses do sujeito de pesquisa; • Caráter voluntário;
  • 26. A RESOLUÇÃO 196/96 • PESQUISA: “Todo procedimento envolvendo o ser humano, cuja aceitação não esteja ainda consagrada na literatura científica.” • “Natureza instrumental, ambiental, educacional, sociológica, econômica, física, psíquica ou biológica, sejam eles farmacológicos, clínicos ou cirúrgicos e de finalidade preventiva, diagnóstica ou terapêutica.” • TCLE (Termo de Consentimento livre e esclarecido); • Preservação da privacidade;
  • 27. RESOLUÇÕES DO CNS / MS • 196/96 • 240/97 • 251/97 Conselho Nacional de Saúde • 292/99 http://conselho.saude.gov.br/comissao/conep • 301/00 • 303/00 • 304/00 • 340/04 • 346/05 • 347/05
  • 28. TEMAS POLÊMICOS FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO • 196/96: “Assegurar aos sujeitos da pesquisa os benefícios resultantes do projeto, seja em termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa;” • Declaração de Helsinque (1996): “Em qualquer pesquisa médica, todo paciente, inclusive os pertencentes a um grupo controle, caso haja, deve ter a garantia de receber o melhor método diagnóstico e terapêutico comprovado.” • Proposta de alteração: “.... que teria disponível fora do contexto da pesquisa.” • Declaração de Helsinque (2000): “Na conclusão do estudo, todo sujeito colocado no estudo deve ter o acesso assegurado aos melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos comprovados, identificados pelo estudo.”
  • 29. TEMAS POLÊMICOS • A utilização de placebo; • O pagamento ao sujeito de pesquisa; • A burocratização da CONEP e a capacitação dos CEPs; • A compreensão, pelo sujeito da pesquisa, do TCLE.