O documento descreve as principais características da arte barroca em suas vertentes arquitetônica, escultórica e pictórica. A arte barroca surgiu na Itália no final do século XVI com o objetivo de cativar os fiéis através de imagens dramáticas e expressivas. Rapidamente se espalhou pela Europa como forma de contrarreforma, destacando-se pela busca do movimento, emoção e dinamismo em oposição à simetria e estática renascentistas.
2. Nascida em Roma, nos finais do séc. XVI, rapidamente se espalhou pelo resto
do mundo.
A partir do Concílio de Trento, a Igreja apercebeu-se de que era necessário
cativar os fiéis. Assim, nasceu a necessidade de decorar as igrejas com imagens
dramáticas e muito expressivas que despertassem a piedade e a admiração dos
crentes.
A ARTE BARROCA
3. Este estilo apresenta, assim, uma dupla função:
• Fascinar os fiéis pelos sentidos, despertando a sensação em vez da
razão.
• Passar uma mensagem ideológica: religiosa e política.
Reencontro do corpo de S. marcos – as figuras não
estão dispostas de maneira clara, apresentam
algum mistério.
4. Expande-se rapidamente para os países da dominados pelo movimento da
Contrarreforma e mesmo para a Europa do Norte, países dominados pela
Reforma Protestante. É ainda visível nas zonas coloniais como o Brasil e o
México.
Em Portugal o exemplo mais conseguido ocorre no tempo de D. João V, com
o esplendor do Real Edifício de Mafra – Caso Prático (pág. 38).
A ARQUITETURA BARROCA
5. Mantém-se o uso das ordens
clássicas (dórica, jónica, coríntia,
compósita, às quais se adicionou a
coluna torsa.
A gramática formal destas
construções passa pelo uso das
colunas, dos entablamentos e dos
frontões.
Como regras construtivas
segue-se a máxima das proporções
à “medida do Homem”.
Igreja de San Borromeo, em Noto, Sicília.
6. • Com o Barroco, verifica-se o
fim da estática e da simetria
renascentistas.
• Há uma verdadeira busca
pelo movimento e pela
fantasia.
• A arquitetura alia-se à
pintura, a escultura, à
construção e decoração dos
jardins…
A nova linguagem decorativa
7. A ARQUITETURA RELIGIOSA
• Conceção do edifício como um todo.
• Criam-se efeitos ilusórios de espaço e movimento
com a conjugação da pintura, escultura, jogos de
água ou jardins.
• Possui um forte efeito cénico, possibilitado pela
combinação de linhas opostas umas às outras ou
pelo uso jogos de claro-escuro (através da
construção de massas salientes).
Principais artistas:
Borromini
Bernini
Nicolau Nasoni
Ludovice (Mafra)
André Soares
8. • As igrejas são adaptadas à necessidade de corresponder às novas liturgias.
• Sendo a igreja a imagem de Deus na terra, deverá ser luxuosa e imponente:
exemplo, a Basílica de São Pedro em Roma.
• Destaca-se aqui a preocupação com a ornamentação do espaço: nas
fachadas os elementos estruturais são usados como decoração. Ex., as
colunas torsas.
9. • A planta destes espaços é variada, podendo ser oval, curva, elíptica…, mas
sempre com nave única de duas tipologias: retangular alongada ou elíptica
(transversal ou longitudinal).
10.
11. • Interiores sempre muito decorados, com
linhas, formas onduladas e curvas.
• Paredes ondulantes, côncavas e
convexas, cobertas por estuques, pinturas
e retábulos.
• A decoração interior é feita para aumentar
a noção de movimento e espaço.
• A luz celestial é conseguida através do
uso de janelões e cúpulas com lanternim.
• Cobrem-se de pinturas serpenteadas; em
trompe l’oil; uso da talha dourada,
esculturas (ex., querubins, anjos…)…
Retábulo de Nossa Senhora do Rosário, Igreja
de S. Domingos, Viana do Castelo.
12. Cúpula da Igreja de Sant’Andrea della Valle, em Roma de Giovani Lanfranco.
14. • As fachadas seguem o esquema renascentista e maneirista, com o corpo
central rematado por um frontão, o que garante a verticalidade do edifício.
• Habitualmente, as igrejas são construídas de forma irregular, em dois
andares sobrepostos, com formas onduladas.
• Os exteriores possuem nichos com conchas e grinaldas e sempre com
formas onduladas.
•O portal principal tem também um grande ênfase, graças à sua
ornamentação.
• As torres sineiras reforçam o aspeto vertical dos edifícios.
• As igrejas têm como cobertura as cúpulas colossais e abobadas
estruturadas, sustentadas por contrafortes decorados com volutas.
Igreja de Santo André do Quirinal,
Bernini
15. A ARQUITETURA CIVIL
• Restringe-se à construção de palácios
e villae, expressando um poder
absolutista e já capitalista.
• A planta é em U ou mesmo duplo U
articulado com o meio envolvente e
enquadrado em praças ou rodeado de
jardins.
• A fachada era a parte mais importante
do palácio: pilastras ligavam o rés do
chão aos restantes andares.
Oratório dos Filipinos, Borromini
16. • A porta e o corpo central do
edifício eram ricamente decoradas.
• No interior, a zona nobre (primeiro
andar) possuía um grande salão e
estava ligada às outras zonas por
grandes galerias ou escadarias.
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Palácio Barberini
18. • As villae seguiam a ligação com a natureza e os jardins tornam-se mais
estruturados: bosques, grutas artificiais, labirintos…
• A arquitetura era geometrizada, organizada seguindo um eixo que partia do
edifício principal.
Villa Doria Pamphili
19. A ESCULTURA BARROCA
• Foi a arte mais difundida e praticada nesta época.
• Utilizada quer nos interiores, quer nos exteriores dos edifícios, permitia a
execução dos grandes objetivos desta arte: a função simbólica e
simultaneamente didática.
Principais artistas:
Bernini
Machado de Castro
Pietá – escultura castelhana
20. A escultura permite:
• aos Reis:
• manifestar publicamente o seu poder;
• divulgar a ideologia da época;
• à Igreja:
• transmitir aos fiéis a os dogmas e princípios de fé;
• reforçar a mensagem espiritual da eucaristia.
• às grandes famílias, manifestar a sua riqueza e o bom gosto, no fundo, o
seu individualismo.
21. • Grande atividade, expressividade e
movimento,
• Modelação de volumes, o que lhe dava
um realismo inigualável.
• Recurso a novos materiais como, por
ex. mármores, estuque e gesso,
• Uso de cores quentes nas coloração
das suas obras,
• Permanece como tema principal a figura
humana.
Bernini, David, pormenor
22. • Rigor na execução técnica;
• Realismo formal: naturalismo, perfeição
das formas. Usam-se os cânones do
Renascimento, mas com novas
proporções.
• Há uma rutura da composição em bloco
único. As composições juntam pelas
obtidas a partir de diferentes blocos.
Bernini, O rapto de Perséfone
23. • Maior expressividade e dramatismo das peças, principalmente ao nível do
rosto.
• Forte sentido cénico nas obras, conseguido pela teatralidade dos gestos e
pela preocupação no enquadramento das obras.
Obras de Bernini
24. • As peças são feitas em variados materiais:
• Pedra (mármore);
• Bronze;
• Ouro;
• Prata;
• Marfim;
• Estuques;
• Madeiras;
• Cartão…
trono de S. Pedro – Caso prático (pág. 39).
25. • A escultura ornamental procura decorar e completar a arquitetura. Assim, tem
como objetivos:
Rematar as
construções
Esconder ligações
Preencher espaços
vazios
Interligar os espaços
Reforçar o aspeto
estético
Decorar
26. • Subdivide-se em:
Relevos
Função decorativa
(gramática formal
típica). Decoração
exuberante.
Função descritiva
(cenas de conteúdo
narrativo).
Esculturas de
vulto redondo
Nos nichos, consolas,
nas fachadas dos
edifícios
Filas horizontais sobre
os edifícios,
escadarias…
Estátuas colunas e
monumentos
escultóricos
(retábulos,
baldaquinos
27. • A escultura independente possui um caráter honorífico, comemorativo.
• Tem uma função urbanística.
• Pode ser de vários tipos:
• Monumentos comemorativos;
• Figuras alegóricas;
• Retratos;
• Túmulos;
• Fontes…
30. A PINTURA BARROCA
• Nasce em Itália e tem como expoente
máximo Caravaggio.
• Tem como objetivo o deslumbramento, a
surpresa, a encenação e a luz de forma a
possibilitar um espetáculo total.
• Conjugam-se, nos mesmos espaços, a
arquitetura com a pintura e a escultura.
Principais artistas:
Caravaggio
Bernini
Rubens
Velasquez
El Greco
Vieira Lusitano
O Enterro de Cristo, Caravaggio
31. • Uso de cores quentes, na busca da emoção e da exuberância.
• Jogos de luz e sombra, para obter a ideia de contraste.
• Movimento e sentimentos fortes.
• Novas técnicas como o desenho de figuras desproporcionais e
intencionalmente assimétricos (técnica herdada do maneirismo).
Judite e Holofernes
32. • É uma pintura realista, que abrange todas as camadas sociais.
• A escolha de cenas respeita o momento de maior intensidade dramática.
• A luz aparece projetada para guiar o olhar do observador até o
acontecimento principal da obra (é comum o uso de velas na obra).
• A linha do horizonte está desenhada abaixo do normal, para destacar as
figuras representadas.
Rubens
Georges La Tour
33. • A composição é elaborada de dentro para fora, sobrepondo as imagens para
assim obter a sensação de profundidade e unidade do espaço.
• As formas são dinâmicas e sinuosas.
• Combinam-se com formas geométricas como os círculos ou estruturas
poligonais (ex. quadrado).
Rubens, Rapto das filhas de Leucipo
Assunção da virgem, Carracci
34. • Caravaggio é um dos expoentes da pintura barroca: procurou a realidade
concreta, escolhendo os homens comuns como modelos para a sua arte.
• Cultivou o realismo, sem se preocupar em mostrar a fealdade.
• Utilizou uma luz rasante e descontínua, típica do Barroco, iluminando com
alguns pormenores ou personagens importantes na cena e deixando o resto
da composição em semipenumbra. Esta técnica, denominada de
chiaroscuro, é designada de tenebrismo.
A Ceia de Emaús
35.
36. • A pintura mural foi também fundamental nesta época:
• Técnica de tromple ´oil;
• Soto in su (vista de baixo para cima, nas paredes e tetos);
• Quadri riportati (representação na parede e tetos dos quados de tela e
cavalete).
37. A MÚSICA BARROCA
• Tendência para a imponência e para o decorativo;
• Surge o estilo concertante: diálogo entre o vocal e o instrumental.
• Já no séc. XVIII estabelece-se um estilo clássico;
• Típica desta corrente é a Ópera.
Principais artistas:
Bach
Handel
Monteverdi
Carlos Seixas
Haendel
Bach