O documento discute o movimento literário Romantismo na Europa no século 18 e 19, incluindo características, autores e obras importantes. Aborda a Irmandade Pré-Rafaelita e a pintura "Ofélia Morta" de John Everett Millais.
16. Millais passou quatro meses a pintar a vegetação que vemos em segundo plano, no mesmo local, em Surrey, Inglaterra. Criou densas e elaboradas superficies pictóricas baseadas na integração dos elementos naturalistas. Este procedimento foi descrito como uma espécie de «ecosistema pictórico». Depois regressou a Londres para pintar a sua modelo Elizabeth Siddal , na altura com 19 anos, que pousou numa banheira cheia de água, tal era a determinação do pintor em captar a imagem com autenticidade. Ou seja, a Ofélia foi modelada com uma atenção esmerada a um corpo verdadeiro na água, rodeada de uma profusão encantadora de flores selvagens genuínas. O resultado é estranhamente deslocado, como se o cenário, a rapariga e as flores não pertencessem uns aos outros, conservassem a sua própria realidade e ignorassem a dos outros.
17. Alheia ao que a cerca, o seu semblante melancólico não esboça qualquer reacção. O artista procura imprimir uma visão imaterial da mulher, cuja textura do rosto, em tom de mármore, assemelha-se às madonas renascentistas. O corpo e principalmente os rosto emanam luz, conferindo-lhe intensa carga simbólica. A pose de Ofélia remete-nos aos tradicionais retratos de santos e mártires, contudo também já foi interpretada como erótica. As mãos abertas encontram-se pousadas sob a água enquanto ela flutua pela água. Abertas, mas acolhendo nada. Existe um certo vazio. Nós sabemos que ela já partiu…
32. Elizabeth Siddal poeta, modelo, pintora… Foi talvez a modelo mais importante para a sociedade pré – rafaelita. Para além de pousar também começou a pintar segundo este movimento. Possuía o papel de musa inspiradora de vários pré – rafaelitas mas principalmente de Rossetti que a retratou em vários quadros e que por fim se casou com ela. Enquanto pousava para a Ofélia de Millais, Siddal havia flutuado numa banheira cheia de água ilustrando o afogamento. Ele punha lamparinas debaixo da banheira para aquecer a água contudo numa ocasião as lamparinas apagaram-se e a água foi-se tornando cada vez mais gélida. Millais que estava completamente absorvido na sua pintura não se apercebeu disto. Ela não se queixou. Apôs esta sessão ela adoeceu padecendo de uma gravíssima gripe ou pneumonia. O seu pai culpou Millais e obrigou-o a pagar as contas médicas.
33. Beata Beatrix de Rossetti Beata Beatrix é provavelmente uma das mais famosas imagens de Elizabeth Siddal, logo ao pé da Ofélia de Millais. Rossetti pintou Beata Beatrix após a morte de Siddal, causada por overdose de Laudanum . Contudo alguns estudos foram feitos antes dessa tragédia, a obra é considerada um tributo à memória da falecida mulher. B.B é considerada a obra prima do pintor e está cheia de simbolismos. Rossetti sempre se identificou com Dante, logo, era perfeitamente natural usar Siddal como o amor de Dante, Beatrice. Como de costume a sua visão de Siddal foi sempre uma extensão da sua própria experiência. Dante foi a sua constante obssessão, por isso Siddal tinha que ser a sua Beatrice. Esta foi a segunda vez que Siddal foi representada morta ou perto da morte. No fundo podemos observar as figuras do Amor e da Morte. Também vemos a sombra do número 9. Numa versão tardia do mesmo quadro Rossetti detalhou mais as figuras e mudou a expressão de Beatrice. E mudou a cor da pomba de vermelho para branco enquanto que as papoilas passaram de vermelhas para brancas.