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FELIZMENTE HÁ
LUAR!
PARALELISMO HISTÓRICO
Felizmente Há Luar!
 REGIME POLÍTICO:
ABSOLUTISMO
RÉGIO
 D. João VI, ausente
no Brasil
 Junta de
Governadores
 Influência da Igreja
 REGIME POLÍTICO:
DITADURA FASCISTA
 Américo Tomás,
Presidente da
República (sem poder
efectivo)
 Salazar, Presidente do
Conselho de
Ministros
 Influência da Igreja
TEMPO DA HISTÓRIA
1817
TEMPO DA ESCRITA
1961
Felizmente Há Luar!
Crise Política e Social
 Pós Invasões
Francesas
 Imposição do Poder
Militar Britânico
 Revolta de 1817
Crise Política e
Social
 Tentativas goradas
de Golpes Militares
 Guerra Colonial
TEMPO DA HISTÓRIA
1817
TEMPO DA ESCRITA
1961
Felizmente Há Luar!
General Gomes
Freire d’ Andrade
 Denunciado por
delatores
 Condenado à forca
por traição à Pátria
General Humberto
Delgado
 Candidato da
oposição às
Eleições
Presidenciais
 Perseguido pela
PIDE
 Assassinado em
1965
TEMPO DA HISTÓRIA
1817
TEMPO DA ESCRITA
1961
Felizmente Há Luar!
Vítimas do Regime
Político
 Exílios
 Prisões
 Mortes
Vítimas do Regime
Político
 Exílios
 Prisões
 Mortes
TEMPO DA HISTÓRIA
1817
TEMPO DA ESCRITA
1961
Felizmente Há Luar!
=
 1834, Triunfo do
Liberalismo
=
 1974, Triunfo da
Democracia
TEMPO DA HISTÓRIA
1817
TEMPO DA ESCRITA
1961
O TÍTULO
(elemento paratextual)
D. Miguel Forjaz -- Lisboa
há-de cheirar toda a noite
a carne assada
Excelência, e o cheiro há-
de-lhes ficar na memória
durante muitos anos...
Sempre que pensarem em
discutir as nossas ordens,
lembrar-se-ão do cheiro...
(Com raiva)
É verdade que a execução se
prolongará pela noite, mas
felizmente há luar...
 Matilde de Melo – (Para o
povo) Olhem bem! Limpem
os olhos no clarão daquela
fogueira e abram as almas
ao que ela nos ensina! Até
a noite foi feita para que a
vísseis até ao fim...
 (Pausa)
 Felizmente –
felizmente há luar!
D. Miguel Matilde de Melo
- o carácter épico da peça -
 Teatro didáctico baseado no efeito da
distanciação, que se opõe ao teatro
tradicional, no qual o espectador funciona
como um observador crítico de um mundo
em permanente devir.
 Opõe-se à premissa aristotélica, segundo a
qual o espectador deveria sentir que aquilo
que se passa em palco se desenrola naquele
local e naquele momento.
- o carácter épico da peça -
 O espectador não deve crer na presença das figuras
que se movimentam em palco, não deve querer
identificar-se com estas, mas, antes, percorrer o
caminho proposto pelos poetas épicos, o que lhe
permite concluir que aquilo que vê em cena é um
conjunto de acontecimentos passados, aos quais
deve assistir com um desprendimento crítico.
 O teatro épico consiste no efeito da distanciação, o
que pressupõe que o que é apresentado é uma
demonstração do comportamento humano, pelo que
deve ser analisado numa perspectiva científica e
não como uma imitação do real.
- o carácter épico da peça -
 O teatro é encarado como uma forma de análise
das transformações sociais que ocorrem ao
longo dos tempos e, simultaneamente, como
um elemento de construção da sociedade.

 O drama já não se destina a criar o terror e a
piedade, isto é, já não é a função catártica,
purificadora, realizada através das emoções, que
está em causa, pela identificação do espectador
com o herói da peça, mas a capacidade crítica e
analítica de quem observa. Brecht pretendia
substituir sentir por pensar.
- o carácter épico da peça -
 Os acontecimentos devem ser apresentados como uma
narração de algo que teve lugar num tempo anterior, num
determinado espaço. E aquilo a que o espectador assiste
deve funcionar como uma lição de vida e motivar a
reflexão. É a vertente histórica que merece relevo
(relembremos que os poemas épicos contavam as histórias,
as aventuras de um herói, peripécias que eram narradas
como eventos passados).
 A concepção e a formulação de personagens assenta na sua
função social e os seus comportamentos realizam-se através
de um conjunto significativo de elementos que os exprimam
e que passam pela palavra, pelos jogos fisionómicos, pela
movimentação, pelos gestos, pela entoação, tradutores da
relação dos indivíduos com o meio social e das relações
sociais das personagens.
- o carácter épico da peça -
 A intenção subjacente ao teatro épico é a
crítica social, pois aquilo a que se assiste é
um retrato objectivo de determinados quadros
que merecem uma intervenção, uma reflexão
por parte do espectador.
As didascálias
 constituem a explicitação ideológica da
peça;
 texto paralelo que integra a construção da
totalidade do enunciado;
 cumprem, muitas vezes, as funções da
descrição, do narrador interventivo, de
uma focalização interna, de um convite à
reflexão, entre outras.
As didascálias
 Explicações do autor: O público tem de
entender, logo de entrada, que tudo o que se vai
passar no palco tem um significado preciso. Mais:
que os gestos, as palavras e o cenário são
apenas elementos duma linguagem a que tem de
adaptar-se.
 Referência à posição das personagens em
cena: Ao dizer isto, a personagem está quase de
costas para os espectadores.
 Indicações aos actores: O desespero de Matilde
perante a atitude dos populares tem de ser
evidente.
As didascálias
 Caracterização do tom de voz das
personagens e suas flexões: Muda de tom à
voz; ...Volta ao seu tom de voz habitual; ...O tom
é irónico; ...Fala com escárneo.
 Indicação das pausas: Pausa.
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Morais Sarmento saem pela esquerda do palco.)
As didascálias
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gesto é lento, deliberadamente sarcástico. (O advérbio de
modo “deliberadamente” permite-nos concluirdo acesso à
interioridade da personagem, traduzindo a sua
intencionalidade.)
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se, ao longe, o ruído de tambores; ...Este silêncio é pesado.
 Ilações que funcionam como informações e como forma
de caracterização das personagens: Fala com entusiasmo.
Vê-se que Gomes Freire é o seu herói:; ...Fala com ironia,
como um homem que, tendo sido aceite num clube de
acesso difícil, se adapta imediatamente à linguagem dos
sócios mais antigos.
As didascálias
 Sugestão do aspecto exterior das personagens: Beresford vem
fardado. A farda, ainda que regulamentar, não é espaventosa e está um
pouco usada.
 Movimentação cénica das personagens: Ao falar da cara, levanta-se,
assumindo a posição dum senador romano.; ... D. Miguel anda, no palco,
dum lado para o outro, com passos decididos.
 Expressão fisionómica dos actores; linguagem gestual a que, por
vezes, se acrescenta a visão do autor: As personagens olham para as
mãos e para os lados.; ...O antigo soldado encolhe os ombros.; ...De
repente olha para os polícias.; ...Abre os braços num gesto que abrange os
presentes, o fundo do palco, a miséria.
 Expressão do estado de espírito das personagens: Irritado., Com
escárneo.; Impaciente.
ASPECTOS SIMBÓLICOS
A SAIA VERDE – o verde está conotado com a
esperança, traduz uma sensação de repouso,
envolvente e refrescante. Oferecida pelo
general a Matilde, como expressão do amor e
da felicidade, Matilde escolhe-a para esperar
o companheiro após a morte, acabando o
verde da saia por simbolizar a esperança de
que o martírio do general dê os seus frutos.
ASPECTOS SIMBÓLICOS
 A NOITE – a noite simboliza o tempo das
gestações, das germinações, das conspirações,
que desabrocharão em pleno dia como
manifestação de vida. A noite apresenta um duplo
aspecto: o das trevas onde fermenta o futuro, e o
da preparação do dia, donde brotará a luz da
vida.
 Há inúmeras referências à noite: “Ontem à
noite entraram mais de dez pessoas em casa
de...”; “Passaram toda a noite a prender gente por
essa cidade...”; “Mas como, Matilde, como é que
se pode lutar contra a noite?”. De facto, é durante
a noite e madrugada que se efectuam as prisões
e as execuções prolongam-se pela noite.
ASPECTOS SIMBÓLICOS
 A LUA – a Lua é o símbolo do conhecimento
indirecto, discursivo, progressivo, frio. Simboliza a
dependência e o princípio do feminino (salvo
excepção), bem como a periodicidade e a
renovação. Sob este aspecto, ela é o símbolo de
transformação e de crescimento.
 Para Matilde, o luar é a luz que permite que todos
observem a injustiça que cometem com a morte
de Gomes Freire e, consequentemente, existirá
uma possibilidade de transformação.
ASPECTOS SIMBÓLICOS
 A FOGUEIRA / O LUME – A fogueira não era
destinada à execução de militares. No entanto,
Gomes Freire, após ser enforcado, foi queimado.
Contudo, aquilo que inicialmente é aviltante
acaba por assumir um carácter redentor. Na
verdade, o fogo simboliza também a purificação,
a morte da “velha ordem” e o ponto de partida
para um mundo novo e diferente. O clarão da
fogueira confirma, cenicamente, o clima
apoteoticamente trágico (e redentor) que o autor
assumidamente deseja para esta peça.
ASPECTOS SIMBÓLICOS
 A MOEDA DE CINCO RÉIS – A moeda de
cinco réis que Matilde pede a Rita assume,
assim, um valor simbólico, teatralmente
simbólico. Assinala o reencontro de
personagens em busca da História, por um
lado, e, por outro, é o penhor de honra que
Matilde, emblematicamente, usará ao peito,
como “uma medalha”.
O TEMPO HISTÓRICO
 A acção representa a história do movimento liberal
oitocentista, no rescaldo das Invasões Francesas e a
“protecção” britânica que se lhe seguiu, revelando as
condições da sociedade portuguesa no início do século XIX e
a acção de resistência dos mais esclarecidos, organizados
frequentemente em sociedades secretas. A conspiração
encabeçada por Gomes Freire de Andrade, manifestava-se
contra a ausência da corte no Brasil, contra o poder
absolutista e tirânico dos governadores e contra a
protecção/presença inglesa personificada pelo generalíssimo
Beresford.
 Manuel – “Vê-se a gente livre dos Franceses, e zás!, cai
na mão dos ingleses!”
O TEMPO HISTÓRICO
 Vicente – Querem saber porque vendo os meus irmãos? Pois
vendo-os por amor a N. S. Jesus Cristo e a El-Rei D. João
VI, que há tantos anos anda pelos Brasis cuidando dos
nossos interesses...”
 Principal Sousa – “Veja, Sr. D. Miguel, como eles
transformaram esta terra de gente pobre mas feliz num
antro de revoltados?”
 D. Miguel – “Sempre a Revolução Francesa...”
 Matilde – “Esta praga lhe rogo eu, Matilde de Melo, mulher
de Gomes Freire de Andrade, hoje 18 de Outubro de 1817.”
TEMPO DA ESCRITA - um texto metáfora
 dois tempos para um só texto;
 a falta de liberdade evidente nos dois tempos;
 a vigilância apertada e a repressão policial;
 a ignorância do povo facilmente manipulável;
 esperança na chegada da liberdade corporizada
na figura de dois generais.
O TEMPO DA ACÇÃO
 As indicações temporais fornecidas pelo
texto permitem-nos verificar que a intriga se
desenrola de forma linear e progressiva,
embora não sejam muito precisas as
indicações sobre a duração da acção.
 Historicamente, sabe-se que o general
Gomes Freire de Andrade foi preso a 25 de
Maio de 1817 e executado a 18 de Outubro
de 1817. Logo a acção decorrerá entre estes
dois marcos temporais.
O TEMPO DA ACÇÃO
 As expressões temporais do Acto I revelam uma duração de,
sensivelmente, dois dias:

 A Rita dorme. A que horas chegou ela?
 Saiba, meu senhor, que a Senhora D. Rita chegou tarde.
 Eram quase cinco horas pelo meu relógio de ouro.
 Temos ordens para te levar, ainda hoje, à presença...
 Excelências: trago comigo um patriota que pode testemunhar
o que ontem contei ao Sr. Marechal.
 Não percam tempo, senhores. O momento é grave e a
causa é justa.
 Ontem à noite entraram mais de dez pessoas em casa de...
 Há dois dias que quase não durmo...
O TEMPO DA ACÇÃO
 O Acto II pressupõe uma duração de 150 dias:
 Esta madrugada prenderam Gomes Freire...
 E eu na descarga das barcaças, todo o dia sem
saber de nada.
 Ao chegar a S. Julião da Barra, meterem-no logo
numa masmorra e aí ficou todo o dia...Só ao fim de
seis dias lhe abonaram dinheiro para comer.
 Esta praga lhe rogo eu (...) hoje dia 18 de Outubro
de 1817.
 É verdade que a execução se prolongará pela noite,
mas felizmente há luar...
O TEMPO DA ACÇÃO
 No Acto I, o tempo parece desenrolar-se muito
rapidamente, contrariamente ao Acto II, em que a
passagem do tempo parece ser muito mais lenta,
intensificando o drama íntimo vivido pelas
diferentes personagens.
 A tortura, degradação e humilhação de Gomes
Freire;
 O desespero e impotência de Matilde a contrastar
com a indiferença dos representantes do poder;
 A desesperança de um povo miserável e sem
perspectivas de futuro é personificada na voz do
antigo soldado que profere, desalentado,
“Prenderam o general... Para nós a noite ainda
ficou mais escura...”
ESPAÇO CÉNICO
A acção desenrola-se em três espaços,
interiores e exteriores, principais:
 A sede do Conselho de Regência
 A casa de Gomes Freire
 O alto da serra (serra de Santo António), de
onde é possível ver-se o Forte de São Julião
da Barra.
ESPAÇO CÉNICO
Outros espaços referenciados nas indicações
didascálicas e nos adereços cénicos ou através
das falas das personagens:
 “No Cais do Sodré há um café, Excelência, onde
se reúnem todos os dias os defensores do
sistema das cortes...”
 “Senhor: há dois dias o meu amigo Morais entrou
no botequim do Marrare ...”
A mudança de espaço é essencialmente
indicada pelo autor, no texto secundário.
O ESPAÇO PSICOLÓGICO
 Caracteriza-se pela relação afectiva que
algumas personagens mantêm com
determinados espaços que, evocados pela
memória, sugerem características
psicológicas das personagens que lhes
fazem referência:
Matilde – Tenho o corpo no Rato e a alma em
São Julião da Barra, mas enquanto houver
vida nestas pernas cansadas... e força nestas
mãos que Deus me deu...
O ESPAÇO SOCIAL
 As indicações didascálicas relativamente ao
guarda-roupa e adereços, atitudes e
movimentação das personagens, as
informações transmitidas pelas
personagens e registo de língua utilizado
são fundamentais para a caracterização do
espaço social.
As personagens - General Gomes Freire
 Personagem central da peça, embora nunca
apareça em cena. A sua presença é construída
através das falas das outras personagens, para
as quais, para o bem e para o mal, se torna uma
obsessão.
 Homem instruído e letrado (“um estrangeirado”),
um militar que sempre lutou em prol da
honestidade e da justiça. É também o símbolo da
modernidade e do progresso, adepto das novas
ideias liberais e, por isso, considerado subversivo
e perigoso para o poder instituído.
As personagens - General Gomes
Freire
 símbolo da luta pela liberdade, da defesa
intransigente dos ideais e daí que a sua presença
se torne incómoda, não só para os “reis do
Rossio”, mas também para os senhores do
regime fascizante dos anos 60.
 A sua morte, duplamente aviltante para um militar
(ele é enforcado e depois queimado, quando a
sentença para um militar seria o fuzilamento),
servirá de lição a todos aqueles que ousem
afrontar o poder político e económico,
representado pela tença que Beresford
As personagens - General Gomes
Freire
 O martírio de Gomes Freire e a sua
lição de coragem constituem os
principais elementos da construção
do carácter épico desta personagem.
As personagens - Matilde
 Companheira de todas as horas, é ela que dá voz à
injustiça sofrida pelo seu homem. As suas falas,
imbuídas de dor e de revolta, constituem uma
denúncia da falsidade e da hipocrisia do Estado e
da Igreja.
 É uma personagem que evolui ao longo da peça,
uma vez que se apresenta inicialmente como uma
mulher que apenas quer salvar o seu homem, nem
que para isso tenha de abdicar de valores que
sempre defendeu, e que quando toma consciência de
toda a trama maquiavélica que envolve o general
acaba por assumir a luta de Gomes Freire, revelando-
se firme e corajosa.
As personagens - Beresford
 Personagem cínica e controversa, aparece
como alguém que, desassombradamente,
assume o processo de Gomes Freire, não
como um imperativo nacional ou militar, mas
apenas motivado por interesses
individuais: a manutenção do seu posto e
da sua tença anual.
As personagens - Beresford
 A sua posição face a toda a trama que
envolve Gomes Freire é nitidamente de
distanciamento crítico e irónico,
acabando por revelar a sua antipatia face
ao catolicismo caduco, que marcam a
realidade portuguesa. e ao exercício
incompetente do poder
As personagens - Beresford
 Será pertinente interpretar o papel de
Beresford como o de uma voz crítica e
mesmo distante em relação à actuação
decadente de D. Miguel e do Principal
Sousa.
As personagens – Principal
Sousa
 Para além da hipocrisia e da falta de
valores éticos que transmite (“Agora me
lembro de que há anos, em Campo de
Ourique, Gomes Freire prejudicou muito a
meu irmão Rodrigo!” – Acto I), simboliza
também o conluio entre a Igreja, enquanto
instituição, e o poder e a demissão da
primeira em relação à denúncia das
verdadeiras injustiças.
As personagens – Principal
Sousa
 Nas palavras do Principal Sousa, é
igualmente possível detectar os
fundamentos da política do
“orgulhosamente sós” dos anos 60:
“Enquanto a Europa se desfaz, o nosso
povo tem de continuar a ver, no céu, a
cruz de Ourique.” – Acto I.
As personagens - D. Miguel
 É o protótipo do pequeno tirano,
inseguro e prepotente, avesso ao
progresso, insensível à injustiça e à
miséria.
As personagens - D. Miguel
 Todo o seu discurso gira em torno de uma lógica
oca e demagógica, construindo verdades falsas
em que talvez acabe mesmo por acreditar. Os
argumentos do “ardor patriótico”, da construção
de “um Portugal próspero e feliz, com um povo
simples, bom e confiante, que viva lavrando e
defendendo a terra, com os olhos postos no
Senhor”, são o eco fiel do discurso político dos
anos 60. D. Miguel, conjuntamente com o
Principal Sousa, são talvez as duas personagens
mais execráveis de todo o texto, pela falsidade e
pela hipocrisia que veiculam.

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Felizmente há luar! o paralelismo histórico (1)

  • 2. Felizmente Há Luar!  REGIME POLÍTICO: ABSOLUTISMO RÉGIO  D. João VI, ausente no Brasil  Junta de Governadores  Influência da Igreja  REGIME POLÍTICO: DITADURA FASCISTA  Américo Tomás, Presidente da República (sem poder efectivo)  Salazar, Presidente do Conselho de Ministros  Influência da Igreja TEMPO DA HISTÓRIA 1817 TEMPO DA ESCRITA 1961
  • 3. Felizmente Há Luar! Crise Política e Social  Pós Invasões Francesas  Imposição do Poder Militar Britânico  Revolta de 1817 Crise Política e Social  Tentativas goradas de Golpes Militares  Guerra Colonial TEMPO DA HISTÓRIA 1817 TEMPO DA ESCRITA 1961
  • 4. Felizmente Há Luar! General Gomes Freire d’ Andrade  Denunciado por delatores  Condenado à forca por traição à Pátria General Humberto Delgado  Candidato da oposição às Eleições Presidenciais  Perseguido pela PIDE  Assassinado em 1965 TEMPO DA HISTÓRIA 1817 TEMPO DA ESCRITA 1961
  • 5. Felizmente Há Luar! Vítimas do Regime Político  Exílios  Prisões  Mortes Vítimas do Regime Político  Exílios  Prisões  Mortes TEMPO DA HISTÓRIA 1817 TEMPO DA ESCRITA 1961
  • 6. Felizmente Há Luar! =  1834, Triunfo do Liberalismo =  1974, Triunfo da Democracia TEMPO DA HISTÓRIA 1817 TEMPO DA ESCRITA 1961
  • 7. O TÍTULO (elemento paratextual) D. Miguel Forjaz -- Lisboa há-de cheirar toda a noite a carne assada Excelência, e o cheiro há- de-lhes ficar na memória durante muitos anos... Sempre que pensarem em discutir as nossas ordens, lembrar-se-ão do cheiro... (Com raiva) É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar...  Matilde de Melo – (Para o povo) Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina! Até a noite foi feita para que a vísseis até ao fim...  (Pausa)  Felizmente – felizmente há luar! D. Miguel Matilde de Melo
  • 8. - o carácter épico da peça -  Teatro didáctico baseado no efeito da distanciação, que se opõe ao teatro tradicional, no qual o espectador funciona como um observador crítico de um mundo em permanente devir.  Opõe-se à premissa aristotélica, segundo a qual o espectador deveria sentir que aquilo que se passa em palco se desenrola naquele local e naquele momento.
  • 9. - o carácter épico da peça -  O espectador não deve crer na presença das figuras que se movimentam em palco, não deve querer identificar-se com estas, mas, antes, percorrer o caminho proposto pelos poetas épicos, o que lhe permite concluir que aquilo que vê em cena é um conjunto de acontecimentos passados, aos quais deve assistir com um desprendimento crítico.  O teatro épico consiste no efeito da distanciação, o que pressupõe que o que é apresentado é uma demonstração do comportamento humano, pelo que deve ser analisado numa perspectiva científica e não como uma imitação do real.
  • 10. - o carácter épico da peça -  O teatro é encarado como uma forma de análise das transformações sociais que ocorrem ao longo dos tempos e, simultaneamente, como um elemento de construção da sociedade.   O drama já não se destina a criar o terror e a piedade, isto é, já não é a função catártica, purificadora, realizada através das emoções, que está em causa, pela identificação do espectador com o herói da peça, mas a capacidade crítica e analítica de quem observa. Brecht pretendia substituir sentir por pensar.
  • 11. - o carácter épico da peça -  Os acontecimentos devem ser apresentados como uma narração de algo que teve lugar num tempo anterior, num determinado espaço. E aquilo a que o espectador assiste deve funcionar como uma lição de vida e motivar a reflexão. É a vertente histórica que merece relevo (relembremos que os poemas épicos contavam as histórias, as aventuras de um herói, peripécias que eram narradas como eventos passados).  A concepção e a formulação de personagens assenta na sua função social e os seus comportamentos realizam-se através de um conjunto significativo de elementos que os exprimam e que passam pela palavra, pelos jogos fisionómicos, pela movimentação, pelos gestos, pela entoação, tradutores da relação dos indivíduos com o meio social e das relações sociais das personagens.
  • 12. - o carácter épico da peça -  A intenção subjacente ao teatro épico é a crítica social, pois aquilo a que se assiste é um retrato objectivo de determinados quadros que merecem uma intervenção, uma reflexão por parte do espectador.
  • 13. As didascálias  constituem a explicitação ideológica da peça;  texto paralelo que integra a construção da totalidade do enunciado;  cumprem, muitas vezes, as funções da descrição, do narrador interventivo, de uma focalização interna, de um convite à reflexão, entre outras.
  • 14. As didascálias  Explicações do autor: O público tem de entender, logo de entrada, que tudo o que se vai passar no palco tem um significado preciso. Mais: que os gestos, as palavras e o cenário são apenas elementos duma linguagem a que tem de adaptar-se.  Referência à posição das personagens em cena: Ao dizer isto, a personagem está quase de costas para os espectadores.  Indicações aos actores: O desespero de Matilde perante a atitude dos populares tem de ser evidente.
  • 15. As didascálias  Caracterização do tom de voz das personagens e suas flexões: Muda de tom à voz; ...Volta ao seu tom de voz habitual; ...O tom é irónico; ...Fala com escárneo.  Indicação das pausas: Pausa.  Saída ou entrada de personagens: (Corvo e Morais Sarmento saem pela esquerda do palco.)
  • 16. As didascálias  Apresentação da dimensão interior das personagens: o gesto é lento, deliberadamente sarcástico. (O advérbio de modo “deliberadamente” permite-nos concluirdo acesso à interioridade da personagem, traduzindo a sua intencionalidade.)  Indicações sonoras ou ausência de som: Começa a ouvir- se, ao longe, o ruído de tambores; ...Este silêncio é pesado.  Ilações que funcionam como informações e como forma de caracterização das personagens: Fala com entusiasmo. Vê-se que Gomes Freire é o seu herói:; ...Fala com ironia, como um homem que, tendo sido aceite num clube de acesso difícil, se adapta imediatamente à linguagem dos sócios mais antigos.
  • 17. As didascálias  Sugestão do aspecto exterior das personagens: Beresford vem fardado. A farda, ainda que regulamentar, não é espaventosa e está um pouco usada.  Movimentação cénica das personagens: Ao falar da cara, levanta-se, assumindo a posição dum senador romano.; ... D. Miguel anda, no palco, dum lado para o outro, com passos decididos.  Expressão fisionómica dos actores; linguagem gestual a que, por vezes, se acrescenta a visão do autor: As personagens olham para as mãos e para os lados.; ...O antigo soldado encolhe os ombros.; ...De repente olha para os polícias.; ...Abre os braços num gesto que abrange os presentes, o fundo do palco, a miséria.  Expressão do estado de espírito das personagens: Irritado., Com escárneo.; Impaciente.
  • 18. ASPECTOS SIMBÓLICOS A SAIA VERDE – o verde está conotado com a esperança, traduz uma sensação de repouso, envolvente e refrescante. Oferecida pelo general a Matilde, como expressão do amor e da felicidade, Matilde escolhe-a para esperar o companheiro após a morte, acabando o verde da saia por simbolizar a esperança de que o martírio do general dê os seus frutos.
  • 19. ASPECTOS SIMBÓLICOS  A NOITE – a noite simboliza o tempo das gestações, das germinações, das conspirações, que desabrocharão em pleno dia como manifestação de vida. A noite apresenta um duplo aspecto: o das trevas onde fermenta o futuro, e o da preparação do dia, donde brotará a luz da vida.  Há inúmeras referências à noite: “Ontem à noite entraram mais de dez pessoas em casa de...”; “Passaram toda a noite a prender gente por essa cidade...”; “Mas como, Matilde, como é que se pode lutar contra a noite?”. De facto, é durante a noite e madrugada que se efectuam as prisões e as execuções prolongam-se pela noite.
  • 20. ASPECTOS SIMBÓLICOS  A LUA – a Lua é o símbolo do conhecimento indirecto, discursivo, progressivo, frio. Simboliza a dependência e o princípio do feminino (salvo excepção), bem como a periodicidade e a renovação. Sob este aspecto, ela é o símbolo de transformação e de crescimento.  Para Matilde, o luar é a luz que permite que todos observem a injustiça que cometem com a morte de Gomes Freire e, consequentemente, existirá uma possibilidade de transformação.
  • 21. ASPECTOS SIMBÓLICOS  A FOGUEIRA / O LUME – A fogueira não era destinada à execução de militares. No entanto, Gomes Freire, após ser enforcado, foi queimado. Contudo, aquilo que inicialmente é aviltante acaba por assumir um carácter redentor. Na verdade, o fogo simboliza também a purificação, a morte da “velha ordem” e o ponto de partida para um mundo novo e diferente. O clarão da fogueira confirma, cenicamente, o clima apoteoticamente trágico (e redentor) que o autor assumidamente deseja para esta peça.
  • 22. ASPECTOS SIMBÓLICOS  A MOEDA DE CINCO RÉIS – A moeda de cinco réis que Matilde pede a Rita assume, assim, um valor simbólico, teatralmente simbólico. Assinala o reencontro de personagens em busca da História, por um lado, e, por outro, é o penhor de honra que Matilde, emblematicamente, usará ao peito, como “uma medalha”.
  • 23. O TEMPO HISTÓRICO  A acção representa a história do movimento liberal oitocentista, no rescaldo das Invasões Francesas e a “protecção” britânica que se lhe seguiu, revelando as condições da sociedade portuguesa no início do século XIX e a acção de resistência dos mais esclarecidos, organizados frequentemente em sociedades secretas. A conspiração encabeçada por Gomes Freire de Andrade, manifestava-se contra a ausência da corte no Brasil, contra o poder absolutista e tirânico dos governadores e contra a protecção/presença inglesa personificada pelo generalíssimo Beresford.  Manuel – “Vê-se a gente livre dos Franceses, e zás!, cai na mão dos ingleses!”
  • 24. O TEMPO HISTÓRICO  Vicente – Querem saber porque vendo os meus irmãos? Pois vendo-os por amor a N. S. Jesus Cristo e a El-Rei D. João VI, que há tantos anos anda pelos Brasis cuidando dos nossos interesses...”  Principal Sousa – “Veja, Sr. D. Miguel, como eles transformaram esta terra de gente pobre mas feliz num antro de revoltados?”  D. Miguel – “Sempre a Revolução Francesa...”  Matilde – “Esta praga lhe rogo eu, Matilde de Melo, mulher de Gomes Freire de Andrade, hoje 18 de Outubro de 1817.”
  • 25. TEMPO DA ESCRITA - um texto metáfora  dois tempos para um só texto;  a falta de liberdade evidente nos dois tempos;  a vigilância apertada e a repressão policial;  a ignorância do povo facilmente manipulável;  esperança na chegada da liberdade corporizada na figura de dois generais.
  • 26. O TEMPO DA ACÇÃO  As indicações temporais fornecidas pelo texto permitem-nos verificar que a intriga se desenrola de forma linear e progressiva, embora não sejam muito precisas as indicações sobre a duração da acção.  Historicamente, sabe-se que o general Gomes Freire de Andrade foi preso a 25 de Maio de 1817 e executado a 18 de Outubro de 1817. Logo a acção decorrerá entre estes dois marcos temporais.
  • 27. O TEMPO DA ACÇÃO  As expressões temporais do Acto I revelam uma duração de, sensivelmente, dois dias:   A Rita dorme. A que horas chegou ela?  Saiba, meu senhor, que a Senhora D. Rita chegou tarde.  Eram quase cinco horas pelo meu relógio de ouro.  Temos ordens para te levar, ainda hoje, à presença...  Excelências: trago comigo um patriota que pode testemunhar o que ontem contei ao Sr. Marechal.  Não percam tempo, senhores. O momento é grave e a causa é justa.  Ontem à noite entraram mais de dez pessoas em casa de...  Há dois dias que quase não durmo...
  • 28. O TEMPO DA ACÇÃO  O Acto II pressupõe uma duração de 150 dias:  Esta madrugada prenderam Gomes Freire...  E eu na descarga das barcaças, todo o dia sem saber de nada.  Ao chegar a S. Julião da Barra, meterem-no logo numa masmorra e aí ficou todo o dia...Só ao fim de seis dias lhe abonaram dinheiro para comer.  Esta praga lhe rogo eu (...) hoje dia 18 de Outubro de 1817.  É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar...
  • 29. O TEMPO DA ACÇÃO  No Acto I, o tempo parece desenrolar-se muito rapidamente, contrariamente ao Acto II, em que a passagem do tempo parece ser muito mais lenta, intensificando o drama íntimo vivido pelas diferentes personagens.  A tortura, degradação e humilhação de Gomes Freire;  O desespero e impotência de Matilde a contrastar com a indiferença dos representantes do poder;  A desesperança de um povo miserável e sem perspectivas de futuro é personificada na voz do antigo soldado que profere, desalentado, “Prenderam o general... Para nós a noite ainda ficou mais escura...”
  • 30. ESPAÇO CÉNICO A acção desenrola-se em três espaços, interiores e exteriores, principais:  A sede do Conselho de Regência  A casa de Gomes Freire  O alto da serra (serra de Santo António), de onde é possível ver-se o Forte de São Julião da Barra.
  • 31. ESPAÇO CÉNICO Outros espaços referenciados nas indicações didascálicas e nos adereços cénicos ou através das falas das personagens:  “No Cais do Sodré há um café, Excelência, onde se reúnem todos os dias os defensores do sistema das cortes...”  “Senhor: há dois dias o meu amigo Morais entrou no botequim do Marrare ...” A mudança de espaço é essencialmente indicada pelo autor, no texto secundário.
  • 32. O ESPAÇO PSICOLÓGICO  Caracteriza-se pela relação afectiva que algumas personagens mantêm com determinados espaços que, evocados pela memória, sugerem características psicológicas das personagens que lhes fazem referência: Matilde – Tenho o corpo no Rato e a alma em São Julião da Barra, mas enquanto houver vida nestas pernas cansadas... e força nestas mãos que Deus me deu...
  • 33. O ESPAÇO SOCIAL  As indicações didascálicas relativamente ao guarda-roupa e adereços, atitudes e movimentação das personagens, as informações transmitidas pelas personagens e registo de língua utilizado são fundamentais para a caracterização do espaço social.
  • 34. As personagens - General Gomes Freire  Personagem central da peça, embora nunca apareça em cena. A sua presença é construída através das falas das outras personagens, para as quais, para o bem e para o mal, se torna uma obsessão.  Homem instruído e letrado (“um estrangeirado”), um militar que sempre lutou em prol da honestidade e da justiça. É também o símbolo da modernidade e do progresso, adepto das novas ideias liberais e, por isso, considerado subversivo e perigoso para o poder instituído.
  • 35. As personagens - General Gomes Freire  símbolo da luta pela liberdade, da defesa intransigente dos ideais e daí que a sua presença se torne incómoda, não só para os “reis do Rossio”, mas também para os senhores do regime fascizante dos anos 60.  A sua morte, duplamente aviltante para um militar (ele é enforcado e depois queimado, quando a sentença para um militar seria o fuzilamento), servirá de lição a todos aqueles que ousem afrontar o poder político e económico, representado pela tença que Beresford
  • 36. As personagens - General Gomes Freire  O martírio de Gomes Freire e a sua lição de coragem constituem os principais elementos da construção do carácter épico desta personagem.
  • 37. As personagens - Matilde  Companheira de todas as horas, é ela que dá voz à injustiça sofrida pelo seu homem. As suas falas, imbuídas de dor e de revolta, constituem uma denúncia da falsidade e da hipocrisia do Estado e da Igreja.  É uma personagem que evolui ao longo da peça, uma vez que se apresenta inicialmente como uma mulher que apenas quer salvar o seu homem, nem que para isso tenha de abdicar de valores que sempre defendeu, e que quando toma consciência de toda a trama maquiavélica que envolve o general acaba por assumir a luta de Gomes Freire, revelando- se firme e corajosa.
  • 38. As personagens - Beresford  Personagem cínica e controversa, aparece como alguém que, desassombradamente, assume o processo de Gomes Freire, não como um imperativo nacional ou militar, mas apenas motivado por interesses individuais: a manutenção do seu posto e da sua tença anual.
  • 39. As personagens - Beresford  A sua posição face a toda a trama que envolve Gomes Freire é nitidamente de distanciamento crítico e irónico, acabando por revelar a sua antipatia face ao catolicismo caduco, que marcam a realidade portuguesa. e ao exercício incompetente do poder
  • 40. As personagens - Beresford  Será pertinente interpretar o papel de Beresford como o de uma voz crítica e mesmo distante em relação à actuação decadente de D. Miguel e do Principal Sousa.
  • 41. As personagens – Principal Sousa  Para além da hipocrisia e da falta de valores éticos que transmite (“Agora me lembro de que há anos, em Campo de Ourique, Gomes Freire prejudicou muito a meu irmão Rodrigo!” – Acto I), simboliza também o conluio entre a Igreja, enquanto instituição, e o poder e a demissão da primeira em relação à denúncia das verdadeiras injustiças.
  • 42. As personagens – Principal Sousa  Nas palavras do Principal Sousa, é igualmente possível detectar os fundamentos da política do “orgulhosamente sós” dos anos 60: “Enquanto a Europa se desfaz, o nosso povo tem de continuar a ver, no céu, a cruz de Ourique.” – Acto I.
  • 43. As personagens - D. Miguel  É o protótipo do pequeno tirano, inseguro e prepotente, avesso ao progresso, insensível à injustiça e à miséria.
  • 44. As personagens - D. Miguel  Todo o seu discurso gira em torno de uma lógica oca e demagógica, construindo verdades falsas em que talvez acabe mesmo por acreditar. Os argumentos do “ardor patriótico”, da construção de “um Portugal próspero e feliz, com um povo simples, bom e confiante, que viva lavrando e defendendo a terra, com os olhos postos no Senhor”, são o eco fiel do discurso político dos anos 60. D. Miguel, conjuntamente com o Principal Sousa, são talvez as duas personagens mais execráveis de todo o texto, pela falsidade e pela hipocrisia que veiculam.