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Imunodeficiências

A primeira imunodeficiência foi identificada em uma linhagem de porcos
da Guiné, por

Moore em 1919, em Burlington.Esta foi, de fato,

a primeira deficiência de uma proteína sérica a ser

descoberta em mamíferos e sua herança mostrou

ser autossômica recessiva24

.

A descoberta dos grupos sanguíneos deve-se

a Landsteiner, em 1930, além de valiosas contribuições sobre a natureza
química da especificidade sorológica, marco inicial da moderna
imunoquímica. A partir de 1940, a microbiologia e a

imunologia evoluíram extraordinariamente, em

relação estreita com a biologia molecular, tendo

sido a imunologia nas décadas de 1930 a 1950

influenciada pelostrabalhos de Heidelbergersobre

os métodos de dosagem de anticorpos12. Bruton,

em 1952,relatou o primeiro caso de agamaglobulinemia em um menino
de 8 anos de idade, com

sepses por Pneumonococos recorrente e ausência

de gamaglobulina, apesar de níveis normais de

proteínas séricas. A doença recebeu o nome de

Agamaglobulinemia de Bruton e foi um marco no

tratamento das imunodeficiências primárias12
.

                Imunodeficiências primárias e secundárias



resultam em um espectro similar de doenças –

infecções recorrentes ou persistentes. Uma vez que

a relação entre imunidade e infecção é interativa,

infecção pode ser causa e efeito de imunodefici-

ência. Muitos agentes infecciosos, incluindo o vírus

de imunodeficiência humana (HIV ), têm efeitos

específicos e inespecíficos no sistema imune22

.

Classificação das Imunodeficiências

1- Imunodeficiências Primárias:

Deficiências Predominantemente de

Anticorpos:

• Agamaglobulinemia

•Imunodeficiência Comum Variável

• Deficiência de IgA

• Síndrome de Hiper-IgM não ligada aoX

• Deficiência de Subclasse de IgG

• Deficiência de Anticorpos com Imunoglobu-

linas normais

• HipogamaglobulinemiaTransitória da Infância

• Deficiência de cadeia kappa
• Deficiência de cadeia pesada

                   Imunodeficiência Grave Combinada

• Deficiência de Adenosina Deaminase (ADA)

• Deficiência da Fosforilase do Nucleosídeo Purina

(PNP)

• Síndrome de Hiper-IgM ligada aoX

• DisgenesiaReticular

• Deficiências do Complexo Principal de Histo-

compabilidade Classe II,

• Deficiências de CD3g

• Deficiência do receptor gc

• Deficiência da Jak3

• Deficiência deRAG 1 e 2

• Deficiência da ZAP-70

• Deficiência deTAP-2

Imunodeficiências Associadas a outros

Defeitos Maiores

• Síndrome deWiskott-Aldrich

• AtaxiaTelangiectasia

• Anomalia de DiGeorgeImunodefIcIêncIa prImárIa: quando InvestIgar,
como dIagnostIcar

Deficiência de Complemento 57

• Deficiênciados componentes:C1q,C1r eC1s,

C4,C2,C3,C5,C6,C7,C8,C9,Properdina,
Fator D,Inibidor de C1,FatorI e Fator H

Deficiências de Fagócitos

• Neutropenia congênita

• Neutropenia cíclica

• Doença Granulomatosa Crônica

• Defeitos de Adesão Leucocitária

• Deficiência de G6PD de Neutrófilos

• Deficiência de Mieloperoxidase

• Deficiência de Grânulos Secundários

• Síndrome de Chediak-Higashi

• Síndrome de Schwachman

                 2-Imunodeficiências Associadas com ou

                        Secundárias a outras doenças:

• Instabilidade cromossômica ou defeitos de reparação

o Síndrome de Bloom

o Anemia de Fanconi

o Síndrome ICF (imunodeficiência, instabilidade centromérica, fácies
anormal)

o Síndrome de Nijmegen

o Síndrome de Seckel

oXeroderma pigmentosa

•Defeitos cromossômicos

o Síndrome de Down

o Síndrome de Turner
o Deleções do Cromossoma 18

o Anormalidades esqueléticas

o DisplasiaEsquelética com Membros Curtos

o Hipoplasia Cartilagem-Cabelo

•Imunodeficiência com retardo de crescimento generalizado

o Displasia Imuno-Óssea de Schimke

o Imunodeficiência com Ausência de Polegares

o Síndrome de Dubowitz

oRetardo deCrescimento,AnomaliasFaciais e

Imunodeficiência

o Progeria (Síndrome de Hutchinson-Gilford)

•Imunodeficiência com defeitos dermatológicos

o Albinismo Parcial

o Disqueratose Congênita

o Síndrome de Netherton

o Acrodermatite Enteropática

o Displasia Ectodérmica Anidrótica

o Síndrome de Papillon-Lefevre

•Defeitos metabólicos hereditários

• Deficiência deTranscobalamina 2

• Acidemia Metilmalônica

• Acidúria Orótica Hereditária tipo I

•DeficiênciadeCarboxilaseDependentedeBiotina

• Manosidose
• Glicogenose tipo Ib

• Hipercatabolismo de imunoglobulinas

o Hipercatabolismo Familiar

o Linfangiectasia Intestinal

Outras

o Síndrome de Hiper-IgE

o Candidíase Muco-Cutânea Crônica

o AspleniaouHipospleniaCongênitaouHereditária

o Síndrome de Ivermark

O primeiro passo para a investigação diagnóstica do paciente com
infecções de repetição é o

reconhecimento de que um defeito imune possa

estar presente e a suspeita surge pela gravidade

de infecções por microorganismos patogênicos ou

pela frequência e/ou duração das infecções22

.

                As imunodeficiências compõem um grupo

diverso de doenças que, como resultado de uma ou

mais anormalidades do sistema imune, apresentam

susceptibilidade a infecções. A imunodeficiência

deve ser considerada em qualquer indivíduo que

apresente muitas infecções. Quando não existe

uma explicação aparente para a recorrência das
infecções, um defeito primário na defesa do hospedeiro deve ser
considerado.

De acordo com esta definição, pode-se classificar as imunodeficiências
(ID) em primárias ou

congênitas, quando a causa é uma mutação genética,

ou em secundária ou adquirida, quando a origem

advém de uma causa externa ao sistema imunoló-

gico21. O termo imunodeficiências primárias (IDP) pedIatrIa (sÃo pauLo)
2010;32(1):51-62

58 refere-se aos distúrbios resultantes de defeitos

hereditários do sistema imune25-27

.

Com uma incidência maior que 2.000 casos/

semana, é fácil comprovar que na população em

geral, os casos de Síndrome de Imunodeficiência

adquirida (SIDA) excedem em muito os casos

de defeito genético do sistema imune16,28. Atualmente, mais de 80
imunodeficiências são descritas

pelaWHO,sendo que sua real incidência é incerta,

pela ausência de diagnóstico e, consequentemente,

da notificação dos casos existentes28

. A frequência

das imunodeficiências primárias depende do tipo

de alteração, variando de 1:333 a 1:500.000 para

a população em geral. Algumas deficiências, como
Imunodeficiência Grave Combinada,Síndrome de

Wiskott-Aldrich e Agamaglobulinemia Congê-

nita ligada ao X, são usualmente encontradas em

lactentes e escolares16,28

.

Imunodeficiências primárias

As IDP eram consideradas como doenças muito

pouco frequentes, caracterizadas por uma expressão

clínica grave21,28, entretanto tem se tornado claro

que essas doenças não são tão raras como originalmente se suspeitava e
que sua expressão clínica

pode, algumas vezes, ser relativamente branda29

.

Apesar de a maioria destas doenças se manifestarem precocemente, há
casos, como na imunodeficiência comum variável, de seu início se dar na

2ª-3ª década de vida28

.

Doenças nas quais a função de linfócitos está

afetada são comumente divididas em três grandes

grupos: as deficiências de anticorpos, as deficiências

celulares e as deficiências combinadas. Existem,

ainda, as deficiências de função de fagócitos e as

deficiências de complemento18, 30,31

.
Nas deficiências de anticorpos, também conhecidas como de células B ou
imunodeficiências

humorais, o defeito genético afeta seletivamente

a produção de anticorpo, enquanto a imunidade

mediada por células permanece intacta. As complicações resultantes das
infecções em pacientes com

esta imunodeficiência podem se iniciar durante

os primeiros 6 a 12 meses de vida, quando a IgG

endógena começa a ser produzida e ocorre a queda

da IgG materna, transmitida durante o período

gestacional. São características dessas doenças

infecções bacterianas do trato respiratório superior

ou inferior. As deficiências de anticorpo incluem as

agamaglobulinemiasligadas aoXe as autossômicas

recessivas, as Imunodeficiências comum variáveis,

as deficiências de IgA, as deficiências de subclasses

de IgG, a hipogamaglobulinemia transitória da

infância e a deficiência específica de formação de

anticorpo1,32

.

Nas deficiências celulares, ocorre o oposto em

relação às imunodeficiências humorais: a produção

de imunoglobulinas é normal, enquanto que os

mecanismos efetores celulares estão comprometidos33. Existem vários
defeitos genéticos que
seletivamente impedem os mecanismos efetores

celulares envolvidos com células T e NK e células

mononucleares, deixando a produção de anticorpo

intacta. Cinco dos defeitos genéticos já descritos

afetam a mesma via de produção de citocinas: o

eixo interferon-g (IFN-g) / IL12. A IL12 estimula

a produção de IFN-g pelas células Th1 e NK.

O IFN-g estimula o mecanismo de ativação

citotóxica das células mononucleares. Se o eixo

dessas citocinas estiver impedido, o hospedeiro se

torna muito suscetível às infecções por organismos

que se replicam intracelularmente. As deficiências

isoladas de linfócitos T ou de células NK incluem:

os defeitos do eixo interferon-g (IFN-g) - IL12,

a candidíase muco-cutânea crônica (a Síndrome

Poliglandular Auto-imune - APS-1 ou Síndrome

da Poliendocrinopatia – Candidíase – Distrofia

Ectodérmica Auto-imune – APECED) e a deficiência funcional de células
NK18

.

Nas imunodeficiências combinadas, os dois

braços efetores da imunidade adquirida estão

bloqueados. Estes são os defeitos mais profundos

da imunidade específica, e frequentemente não
há função linfocítica normal. A Imunodeficiência

Grave Combinada (Severe Combined Immunodeficiency - SCID) é o grupo
de doenças para o qual

o maior número de alterações moleculares já foi

descrito. As manifestações clínicas mais comuns

incluem diarréia crônica associada à desnutrição,

infecções respiratórias crônicas e recorrentes e

infecções oportunistas disseminadas. Alguns

defeitos genéticos das SCID já estão descritos,

como defeitos nas citocinas sinalizadoras, defici-

ênciadoCD45,defeitonosreceptoresdos genesde

recombinação, síndrome de Omenn, deficiência da

proteína Artemis, deficiência da adenosina deaminase (ADA), defeito na
expressão da classe I do

MHC,defeitona transcriçãoda classe IIdoMHC,

disgenesia reticular e outros. Algumas deficiências combinadas têm sido
descritas como menos

graves e dentre elas estão descritas a síndrome de

Hiper-IgM e a doença linfoproliferativa ligada ao

X(Síndrome de Duncam)18,25

.ImunodefIcIêncIa prImárIa: quando InvestIgar, como dIagnostIcar

Quase todos os defeitos primários de fagócitos 59

resultam de uma mutação que afeta a imunidade

inata28. As funções principais dos neutrófilos são a

fagocitose e a destruição de microorganismos. Um
número adequado de neutrófilos é necessário para

a defesa normal do hospedeiro. Neutropenia como

consequência de defeitos congênitos, malignidade,

quimioterapia ou outras condições têm como

resultado a susceptibilidade às infecções bacterianas ou fúngicas e uma
baixa resposta ao uso de

antibióticos. Também existem os pacientes que

apresentam número normal de neutrófilos, porém

com função comprometida19,21,34

.

As manifestações clínicas incluem frequência

aumentada às infecções por patógenos comuns

como o Staphilococcos aureus, Pseudomonas, Serratia

e outras enterobactérias, Aspergillus e Candida19

.

A forma clássica das disfunções dos fagócitos

é a doença granulomatosa crônica, que ocorre em

ambas as formas, ligadas ao X (75% dos casos) e

autossômicas recessivas. Todas são causadas por

mutações, alterando elementos do complexo fagó-

cito oxidase, que são necessários para a formação

de substâncias microbicidas, tais como peróxido

de hidrogênio e radicais superóxido18

.
A síndrome de Chédiak-Higashi é causada por

mutações, afetando o gene da proteína de transporte do lisossoma,
denominada LYST. Este defeito

impede formação normal de fagolisossomas e melanosomas. Em
esfregaços de sangue periférico, os

neutrófilos apresentam lisossomas gigantes característicos. A evolução
clínica inclui infecções recorrentes por S. aureus, que, eventualmente,
culminam

na “fase acelerada” de linfoproliferação com hemofagocitose que
frequentemente é fatal18,34
.

Deficiência de Adesão Leucocitária tipo 1
(Leukocyte Adhesion Deficiency 1- LAD) resulta de

uma mutação no gene que codifica CD18 ou b2

integrina. Esta molécula, associada com CD11a

(integrina a1), realiza a função do leucócito juntamente com aLFA-1.O LFA-1 é um ligante
para a

ICAM-1emedia a adesão fortedosleucócitos com

as células endoteliais antes da diapedese. Assim, os

leucócitos permanecem presos e não conseguem

alcançar o sítio das infecções18,35

.

Deficiência de Adesão Leucocitária tipo 2
(Leukocyte Adhesion Deficiency 1- LAD) resulta de

uma mutação no transportador da GDP-fucose

que leva a fucose para o complexo de Golgi para

a fucosilação pós-translacional das proteínas

recentemente sintetizadas. Na ausência deste
transportador, a molécula sialyl-Lewis-X não é

sintetizada. Essa molécula é um ligante para a

E-selectina, e na sua ausência, os leucócitos não

podem iniciar a fixação ao endotélio vascular18

.

As neutropenias cíclicas resultam da deficiência

de elastase que leva a flutuações regulares (a cada

21 dias aproximadamente) dos níveis de neutró-

filos. Sintomas como febre, estomatite, periodontite e infecções de pele ocorrem no
período de

baixa de neutrófilos. A agranulocitose congênita

ou síndrome de Kostmann resulta de mutações no

gene que codifica o Receptor para o Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos
(G-CSFR).

Sintomas clínicos incluem pneumonia, otite média,

gengivo-estomatite e abscessos perineais18,25

.

O defeito da síndrome de HiperIgEainda não

foi descrito. É caracterizada por fácies assimétrica

e grosseira, associada à eczema crônica, superinfecção estafilocócica, infecções
pulmonares por

Aspergillus com formação de pneumatocele36,37

.

As deficiências dos componentes solúveis do

complemento têm sido descritas com exceção do

fator B (fB). Deficiência dos componentes iniciais

da via clássica leva a manifestações inflamatórias
autoimunes. Deficiência nos componentes terminais do complemento (C5-C8)tem
sido associada

a infecções recorrentes por Neisseria meningiditis

e a doenças reumáticas. Ausência do complemento central C3 e das proteínas
reguladoras

Fator I e Fator H têm sido associados a complicações infecciosas recorrentes como as
observadas nas deficiências de anticorpo. A glomerulonefrite membrano-
proliferativa e vasculites

também estão associadas à deficiência de C3.Em

alguns pacientes, a deficiência da lectina ligadora

de manose parece estar associada a infecções de

repetição. A deficiência do inibidor de C1 esterase não leva à Imunodeficiência, mas
leva ao

angioedema hereditário18

.

A dificuldade no diagnóstico das IDPs se dá

principalmente pelo desconhecimento sobre as

manifestações clínicas iniciais destas doenças, que

muitas vezes podem ser manifestas por infecções

persistentes, recorrentes ou oportunistas.

Alguns sinais ao exame físico podem servir de

alerta para a possibilidade de IDP: dificuldade de

crescimento e desenvolvimento, ausência de linfonodos e amígdalas palatinas,
lesões cutâneas (exantema, seborreia, piodermites, abscessos, alópecia,

eczemas, telangectasias, petéquias, deramtomiosite,

rash “lupus-like”e úlceras orais26

.

Diante de várias causas de infecções de
repetição na criança, é necessário definir quais pedIatrIa (sÃo pauLo) 2010;32(1):51-
62

60 aquelas que devem ser submetidas à investigação do sistema imunológico. Assim
sendo,

estabelecer um roteiro para determinar casos

suspeitos torna-se uma arma poderosa para a

detecção precoce. Cooper et al.28 estabeleceram

um roteiro simples, de fácil assimilação, que se

propõe a sistematizar a investigação de pacientes

com suspeita de IDPs (Figura 2).

Figura 2 - Algoritmo para avaliação de Imunodefici-

ência Primária (Adaptado de Cooper et al., 2007 ).

Considerações finais

As bases genéticas da maioria das IDP têm

sido identificadas nos últimos 10 anos. Cerca de

75% das IDP conhecidas foram diagnosticadas

com comprovação molecular. De 95 doenças

(excluindo-se síndromes complexas nas quais a

imunodeficiência é um componente menor), 71

diferentes defeitos genéticos foram descobertos.

Esse resultado tem mudado significativamente

esta área da Medicina5

.

Muitas das imunodeficiências estão associadas aos defeitos genéticos únicos,
enquanto

outras têm sido descobertas como poligênicas

ou podem representar interações entre determinadas características genéticas15
.

Com a conclusão do Projeto Genoma

Humano, esclarecendo 99% das regiões gené-

ticas humanas com uma acurácia de 99,99%, o

esclarecimento das doenças genéticas e, consequentemente, das imunodeficiências
parece estar

cada vez mais próximo de acontecer 38

.

A persistência na investigação de pacientes

com muitas infecções e a suspeita precoce de

IDPs podem ser determinantes no prognóstico

destes pacientes, e, nos casos graves, talvez a

única possibilidade de tratamento.

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Imunodeficiências

  • 1. Imunodeficiências A primeira imunodeficiência foi identificada em uma linhagem de porcos da Guiné, por Moore em 1919, em Burlington.Esta foi, de fato, a primeira deficiência de uma proteína sérica a ser descoberta em mamíferos e sua herança mostrou ser autossômica recessiva24 . A descoberta dos grupos sanguíneos deve-se a Landsteiner, em 1930, além de valiosas contribuições sobre a natureza química da especificidade sorológica, marco inicial da moderna imunoquímica. A partir de 1940, a microbiologia e a imunologia evoluíram extraordinariamente, em relação estreita com a biologia molecular, tendo sido a imunologia nas décadas de 1930 a 1950 influenciada pelostrabalhos de Heidelbergersobre os métodos de dosagem de anticorpos12. Bruton, em 1952,relatou o primeiro caso de agamaglobulinemia em um menino de 8 anos de idade, com sepses por Pneumonococos recorrente e ausência de gamaglobulina, apesar de níveis normais de proteínas séricas. A doença recebeu o nome de Agamaglobulinemia de Bruton e foi um marco no tratamento das imunodeficiências primárias12
  • 2. . Imunodeficiências primárias e secundárias resultam em um espectro similar de doenças – infecções recorrentes ou persistentes. Uma vez que a relação entre imunidade e infecção é interativa, infecção pode ser causa e efeito de imunodefici- ência. Muitos agentes infecciosos, incluindo o vírus de imunodeficiência humana (HIV ), têm efeitos específicos e inespecíficos no sistema imune22 . Classificação das Imunodeficiências 1- Imunodeficiências Primárias: Deficiências Predominantemente de Anticorpos: • Agamaglobulinemia •Imunodeficiência Comum Variável • Deficiência de IgA • Síndrome de Hiper-IgM não ligada aoX • Deficiência de Subclasse de IgG • Deficiência de Anticorpos com Imunoglobu- linas normais • HipogamaglobulinemiaTransitória da Infância • Deficiência de cadeia kappa
  • 3. • Deficiência de cadeia pesada Imunodeficiência Grave Combinada • Deficiência de Adenosina Deaminase (ADA) • Deficiência da Fosforilase do Nucleosídeo Purina (PNP) • Síndrome de Hiper-IgM ligada aoX • DisgenesiaReticular • Deficiências do Complexo Principal de Histo- compabilidade Classe II, • Deficiências de CD3g • Deficiência do receptor gc • Deficiência da Jak3 • Deficiência deRAG 1 e 2 • Deficiência da ZAP-70 • Deficiência deTAP-2 Imunodeficiências Associadas a outros Defeitos Maiores • Síndrome deWiskott-Aldrich • AtaxiaTelangiectasia • Anomalia de DiGeorgeImunodefIcIêncIa prImárIa: quando InvestIgar, como dIagnostIcar Deficiência de Complemento 57 • Deficiênciados componentes:C1q,C1r eC1s, C4,C2,C3,C5,C6,C7,C8,C9,Properdina,
  • 4. Fator D,Inibidor de C1,FatorI e Fator H Deficiências de Fagócitos • Neutropenia congênita • Neutropenia cíclica • Doença Granulomatosa Crônica • Defeitos de Adesão Leucocitária • Deficiência de G6PD de Neutrófilos • Deficiência de Mieloperoxidase • Deficiência de Grânulos Secundários • Síndrome de Chediak-Higashi • Síndrome de Schwachman 2-Imunodeficiências Associadas com ou Secundárias a outras doenças: • Instabilidade cromossômica ou defeitos de reparação o Síndrome de Bloom o Anemia de Fanconi o Síndrome ICF (imunodeficiência, instabilidade centromérica, fácies anormal) o Síndrome de Nijmegen o Síndrome de Seckel oXeroderma pigmentosa •Defeitos cromossômicos o Síndrome de Down o Síndrome de Turner
  • 5. o Deleções do Cromossoma 18 o Anormalidades esqueléticas o DisplasiaEsquelética com Membros Curtos o Hipoplasia Cartilagem-Cabelo •Imunodeficiência com retardo de crescimento generalizado o Displasia Imuno-Óssea de Schimke o Imunodeficiência com Ausência de Polegares o Síndrome de Dubowitz oRetardo deCrescimento,AnomaliasFaciais e Imunodeficiência o Progeria (Síndrome de Hutchinson-Gilford) •Imunodeficiência com defeitos dermatológicos o Albinismo Parcial o Disqueratose Congênita o Síndrome de Netherton o Acrodermatite Enteropática o Displasia Ectodérmica Anidrótica o Síndrome de Papillon-Lefevre •Defeitos metabólicos hereditários • Deficiência deTranscobalamina 2 • Acidemia Metilmalônica • Acidúria Orótica Hereditária tipo I •DeficiênciadeCarboxilaseDependentedeBiotina • Manosidose
  • 6. • Glicogenose tipo Ib • Hipercatabolismo de imunoglobulinas o Hipercatabolismo Familiar o Linfangiectasia Intestinal Outras o Síndrome de Hiper-IgE o Candidíase Muco-Cutânea Crônica o AspleniaouHipospleniaCongênitaouHereditária o Síndrome de Ivermark O primeiro passo para a investigação diagnóstica do paciente com infecções de repetição é o reconhecimento de que um defeito imune possa estar presente e a suspeita surge pela gravidade de infecções por microorganismos patogênicos ou pela frequência e/ou duração das infecções22 . As imunodeficiências compõem um grupo diverso de doenças que, como resultado de uma ou mais anormalidades do sistema imune, apresentam susceptibilidade a infecções. A imunodeficiência deve ser considerada em qualquer indivíduo que apresente muitas infecções. Quando não existe uma explicação aparente para a recorrência das
  • 7. infecções, um defeito primário na defesa do hospedeiro deve ser considerado. De acordo com esta definição, pode-se classificar as imunodeficiências (ID) em primárias ou congênitas, quando a causa é uma mutação genética, ou em secundária ou adquirida, quando a origem advém de uma causa externa ao sistema imunoló- gico21. O termo imunodeficiências primárias (IDP) pedIatrIa (sÃo pauLo) 2010;32(1):51-62 58 refere-se aos distúrbios resultantes de defeitos hereditários do sistema imune25-27 . Com uma incidência maior que 2.000 casos/ semana, é fácil comprovar que na população em geral, os casos de Síndrome de Imunodeficiência adquirida (SIDA) excedem em muito os casos de defeito genético do sistema imune16,28. Atualmente, mais de 80 imunodeficiências são descritas pelaWHO,sendo que sua real incidência é incerta, pela ausência de diagnóstico e, consequentemente, da notificação dos casos existentes28 . A frequência das imunodeficiências primárias depende do tipo de alteração, variando de 1:333 a 1:500.000 para a população em geral. Algumas deficiências, como
  • 8. Imunodeficiência Grave Combinada,Síndrome de Wiskott-Aldrich e Agamaglobulinemia Congê- nita ligada ao X, são usualmente encontradas em lactentes e escolares16,28 . Imunodeficiências primárias As IDP eram consideradas como doenças muito pouco frequentes, caracterizadas por uma expressão clínica grave21,28, entretanto tem se tornado claro que essas doenças não são tão raras como originalmente se suspeitava e que sua expressão clínica pode, algumas vezes, ser relativamente branda29 . Apesar de a maioria destas doenças se manifestarem precocemente, há casos, como na imunodeficiência comum variável, de seu início se dar na 2ª-3ª década de vida28 . Doenças nas quais a função de linfócitos está afetada são comumente divididas em três grandes grupos: as deficiências de anticorpos, as deficiências celulares e as deficiências combinadas. Existem, ainda, as deficiências de função de fagócitos e as deficiências de complemento18, 30,31 .
  • 9. Nas deficiências de anticorpos, também conhecidas como de células B ou imunodeficiências humorais, o defeito genético afeta seletivamente a produção de anticorpo, enquanto a imunidade mediada por células permanece intacta. As complicações resultantes das infecções em pacientes com esta imunodeficiência podem se iniciar durante os primeiros 6 a 12 meses de vida, quando a IgG endógena começa a ser produzida e ocorre a queda da IgG materna, transmitida durante o período gestacional. São características dessas doenças infecções bacterianas do trato respiratório superior ou inferior. As deficiências de anticorpo incluem as agamaglobulinemiasligadas aoXe as autossômicas recessivas, as Imunodeficiências comum variáveis, as deficiências de IgA, as deficiências de subclasses de IgG, a hipogamaglobulinemia transitória da infância e a deficiência específica de formação de anticorpo1,32 . Nas deficiências celulares, ocorre o oposto em relação às imunodeficiências humorais: a produção de imunoglobulinas é normal, enquanto que os mecanismos efetores celulares estão comprometidos33. Existem vários defeitos genéticos que
  • 10. seletivamente impedem os mecanismos efetores celulares envolvidos com células T e NK e células mononucleares, deixando a produção de anticorpo intacta. Cinco dos defeitos genéticos já descritos afetam a mesma via de produção de citocinas: o eixo interferon-g (IFN-g) / IL12. A IL12 estimula a produção de IFN-g pelas células Th1 e NK. O IFN-g estimula o mecanismo de ativação citotóxica das células mononucleares. Se o eixo dessas citocinas estiver impedido, o hospedeiro se torna muito suscetível às infecções por organismos que se replicam intracelularmente. As deficiências isoladas de linfócitos T ou de células NK incluem: os defeitos do eixo interferon-g (IFN-g) - IL12, a candidíase muco-cutânea crônica (a Síndrome Poliglandular Auto-imune - APS-1 ou Síndrome da Poliendocrinopatia – Candidíase – Distrofia Ectodérmica Auto-imune – APECED) e a deficiência funcional de células NK18 . Nas imunodeficiências combinadas, os dois braços efetores da imunidade adquirida estão bloqueados. Estes são os defeitos mais profundos da imunidade específica, e frequentemente não
  • 11. há função linfocítica normal. A Imunodeficiência Grave Combinada (Severe Combined Immunodeficiency - SCID) é o grupo de doenças para o qual o maior número de alterações moleculares já foi descrito. As manifestações clínicas mais comuns incluem diarréia crônica associada à desnutrição, infecções respiratórias crônicas e recorrentes e infecções oportunistas disseminadas. Alguns defeitos genéticos das SCID já estão descritos, como defeitos nas citocinas sinalizadoras, defici- ênciadoCD45,defeitonosreceptoresdos genesde recombinação, síndrome de Omenn, deficiência da proteína Artemis, deficiência da adenosina deaminase (ADA), defeito na expressão da classe I do MHC,defeitona transcriçãoda classe IIdoMHC, disgenesia reticular e outros. Algumas deficiências combinadas têm sido descritas como menos graves e dentre elas estão descritas a síndrome de Hiper-IgM e a doença linfoproliferativa ligada ao X(Síndrome de Duncam)18,25 .ImunodefIcIêncIa prImárIa: quando InvestIgar, como dIagnostIcar Quase todos os defeitos primários de fagócitos 59 resultam de uma mutação que afeta a imunidade inata28. As funções principais dos neutrófilos são a fagocitose e a destruição de microorganismos. Um
  • 12. número adequado de neutrófilos é necessário para a defesa normal do hospedeiro. Neutropenia como consequência de defeitos congênitos, malignidade, quimioterapia ou outras condições têm como resultado a susceptibilidade às infecções bacterianas ou fúngicas e uma baixa resposta ao uso de antibióticos. Também existem os pacientes que apresentam número normal de neutrófilos, porém com função comprometida19,21,34 . As manifestações clínicas incluem frequência aumentada às infecções por patógenos comuns como o Staphilococcos aureus, Pseudomonas, Serratia e outras enterobactérias, Aspergillus e Candida19 . A forma clássica das disfunções dos fagócitos é a doença granulomatosa crônica, que ocorre em ambas as formas, ligadas ao X (75% dos casos) e autossômicas recessivas. Todas são causadas por mutações, alterando elementos do complexo fagó- cito oxidase, que são necessários para a formação de substâncias microbicidas, tais como peróxido de hidrogênio e radicais superóxido18 .
  • 13. A síndrome de Chédiak-Higashi é causada por mutações, afetando o gene da proteína de transporte do lisossoma, denominada LYST. Este defeito impede formação normal de fagolisossomas e melanosomas. Em esfregaços de sangue periférico, os neutrófilos apresentam lisossomas gigantes característicos. A evolução clínica inclui infecções recorrentes por S. aureus, que, eventualmente, culminam na “fase acelerada” de linfoproliferação com hemofagocitose que frequentemente é fatal18,34 . Deficiência de Adesão Leucocitária tipo 1 (Leukocyte Adhesion Deficiency 1- LAD) resulta de uma mutação no gene que codifica CD18 ou b2 integrina. Esta molécula, associada com CD11a (integrina a1), realiza a função do leucócito juntamente com aLFA-1.O LFA-1 é um ligante para a ICAM-1emedia a adesão fortedosleucócitos com as células endoteliais antes da diapedese. Assim, os leucócitos permanecem presos e não conseguem alcançar o sítio das infecções18,35 . Deficiência de Adesão Leucocitária tipo 2 (Leukocyte Adhesion Deficiency 1- LAD) resulta de uma mutação no transportador da GDP-fucose que leva a fucose para o complexo de Golgi para a fucosilação pós-translacional das proteínas recentemente sintetizadas. Na ausência deste
  • 14. transportador, a molécula sialyl-Lewis-X não é sintetizada. Essa molécula é um ligante para a E-selectina, e na sua ausência, os leucócitos não podem iniciar a fixação ao endotélio vascular18 . As neutropenias cíclicas resultam da deficiência de elastase que leva a flutuações regulares (a cada 21 dias aproximadamente) dos níveis de neutró- filos. Sintomas como febre, estomatite, periodontite e infecções de pele ocorrem no período de baixa de neutrófilos. A agranulocitose congênita ou síndrome de Kostmann resulta de mutações no gene que codifica o Receptor para o Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos (G-CSFR). Sintomas clínicos incluem pneumonia, otite média, gengivo-estomatite e abscessos perineais18,25 . O defeito da síndrome de HiperIgEainda não foi descrito. É caracterizada por fácies assimétrica e grosseira, associada à eczema crônica, superinfecção estafilocócica, infecções pulmonares por Aspergillus com formação de pneumatocele36,37 . As deficiências dos componentes solúveis do complemento têm sido descritas com exceção do fator B (fB). Deficiência dos componentes iniciais da via clássica leva a manifestações inflamatórias
  • 15. autoimunes. Deficiência nos componentes terminais do complemento (C5-C8)tem sido associada a infecções recorrentes por Neisseria meningiditis e a doenças reumáticas. Ausência do complemento central C3 e das proteínas reguladoras Fator I e Fator H têm sido associados a complicações infecciosas recorrentes como as observadas nas deficiências de anticorpo. A glomerulonefrite membrano- proliferativa e vasculites também estão associadas à deficiência de C3.Em alguns pacientes, a deficiência da lectina ligadora de manose parece estar associada a infecções de repetição. A deficiência do inibidor de C1 esterase não leva à Imunodeficiência, mas leva ao angioedema hereditário18 . A dificuldade no diagnóstico das IDPs se dá principalmente pelo desconhecimento sobre as manifestações clínicas iniciais destas doenças, que muitas vezes podem ser manifestas por infecções persistentes, recorrentes ou oportunistas. Alguns sinais ao exame físico podem servir de alerta para a possibilidade de IDP: dificuldade de crescimento e desenvolvimento, ausência de linfonodos e amígdalas palatinas, lesões cutâneas (exantema, seborreia, piodermites, abscessos, alópecia, eczemas, telangectasias, petéquias, deramtomiosite, rash “lupus-like”e úlceras orais26 . Diante de várias causas de infecções de
  • 16. repetição na criança, é necessário definir quais pedIatrIa (sÃo pauLo) 2010;32(1):51- 62 60 aquelas que devem ser submetidas à investigação do sistema imunológico. Assim sendo, estabelecer um roteiro para determinar casos suspeitos torna-se uma arma poderosa para a detecção precoce. Cooper et al.28 estabeleceram um roteiro simples, de fácil assimilação, que se propõe a sistematizar a investigação de pacientes com suspeita de IDPs (Figura 2). Figura 2 - Algoritmo para avaliação de Imunodefici- ência Primária (Adaptado de Cooper et al., 2007 ). Considerações finais As bases genéticas da maioria das IDP têm sido identificadas nos últimos 10 anos. Cerca de 75% das IDP conhecidas foram diagnosticadas com comprovação molecular. De 95 doenças (excluindo-se síndromes complexas nas quais a imunodeficiência é um componente menor), 71 diferentes defeitos genéticos foram descobertos. Esse resultado tem mudado significativamente esta área da Medicina5 . Muitas das imunodeficiências estão associadas aos defeitos genéticos únicos, enquanto outras têm sido descobertas como poligênicas ou podem representar interações entre determinadas características genéticas15
  • 17. . Com a conclusão do Projeto Genoma Humano, esclarecendo 99% das regiões gené- ticas humanas com uma acurácia de 99,99%, o esclarecimento das doenças genéticas e, consequentemente, das imunodeficiências parece estar cada vez mais próximo de acontecer 38 . A persistência na investigação de pacientes com muitas infecções e a suspeita precoce de IDPs podem ser determinantes no prognóstico destes pacientes, e, nos casos graves, talvez a única possibilidade de tratamento. Referências