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história da literatura
Primeira geração da poesia romântica
               Manoel Neves
PRIMEIRA GERAÇÃO
                        a poesia de Gonçalves Dias
O CANTO DO GUERREIRO [fragmento]
         Aqui na floresta
                                                  ASPECTOS FORMAIS
       Dos ventos batida,
       Façanhas de bravos                          estrofes regulares
      Não geram escravos,
       Que estimem a vida                          redondilha menor
       Sem guerra e lidar.                        vocabulário acessível
     — Ouvi-me, Guerreiros,
       — Ouvi meu cantar.                          o locutor é o índio
        Valente na guerra,                       ASPECTOS TEMÁTICOS
     Quem há, como eu sou?
      Quem vibra o tacape                              indianismo
       Com mais valentia?
                                   o herói aparece idealizado [bravo, forte, orgulhoso]
       Quem golpes daria
      Fatais, como eu dou?           o índio representa o [ante]passado americano
     — Guerreiros, ouvi-me;
    — Quem há, como eu sou?
PRIMEIRA GERAÇÃO
                              a poesia de Gonçalves Dias
                                       O CANTO DO PIAGA
         Ó Guerreiros da Taba sagrada,              [...] Por que dormes, Ó Piaga divino?
           Ó Guerreiros da Tribo Tupi,                    Começou-me a Visão a falar,
       Falam Deuses nos cantos do Piaga,           Por que dormes? O sacro instrumento
        Ó Guerreiros, meus cantos ouvi.                   De per si já começa a vibrar.
       Tu não viste nos céus um negrume         [...] Ouve o anúncio do horrendo fantasma,
           Toda a face do sol ofuscar;                  Ouve os sons do fiel Maracá;
          Não ouviste a coruja, de dia,                  Manitôs já fugiram da Taba!
          Seus estrídulos torva soltar?                 Ó desgraça! Ó ruína! Ó Tupá!
         Pelas ondas do mar sem limites          [...] Negro monstro os sustenta por baixo,
          Basta selva, sem folhas, i vem;               Brancas asas abrindo ao tufão,
        Hartos troncos, robustos, gigantes;          Como um bando de cândidas garças,
       Vossas matas tais monstros contêm.               Que nos ares pairando - lá vão.
        tema: o locutor assume o ponto de vista de uma voz divina que fala com o pajé
a voz alerta o piaga para o desastre que está por vir – a chegada do europeu [5ª. e 6ª. estrofes]
     forma: quartetos com versos predominantemente eneassílabos [ritmo lento e grave]
PRIMEIRA GERAÇÃO
                            a poesia de Gonçalves Dias
                                    O CANTO DO PIAGA
    Oh! quem foi das entranhas das águas,       Não sabeis o que o monstro procura?
       O marinho arcabouço arrancar?             Não sabeis a que vem, o que quer?
       Nossas terras demanda, fareja...         Vem matar vossos bravos guerreiros,
    Esse monstro... - o que vem cá buscar?        Vem roubar-vos a filha, a mulher!
      Vem trazer-vos crueza, impiedade -         Vem trazer-vos algemas pesadas,
        Dons cruéis do cruel Anhangá;             Com que a tribo Tupi vai gemer;
       Vem quebrar-vos a maça valente,         Hão-de os velhos servirem de escravos
         Profanar Manitôs, Maracás.            Mesmo o Piaga inda escravo há de ser?
        Fugireis procurando um asilo,              Vossos Deuses, ó Piaga, conjura,
         Triste asilo por ínvio sertão;             Susta as iras do fero Anhangá.
       Anhangá de prazer há de rir-se,               Manitôs já fugiram da Taba,
     Vendo os vossos quão poucos serão.             Ó desgraça! ó ruína!! ó Tupá!
tema: o sujeito poético anuncia os desastres que serão trazidos pela chegada do colonizador
 o discurso do locutor se configura num momento anterior à chegada do branco à América
                tema/forma: fixação de costumes e vocabulário indígenas
UM PARALELO COM O MODERNISMO
                o indianismo na poesia de Murilo Mendes
  MARCHA FINAL DO GUARANI                         ASPECTOS FORMAIS
Ninguém mais vive quieto na terra.                 soneto eneassílabo
  Outros deuses povoam o país
  Ando agora vestido de fraque,              uso de metonímias e antíteses
  Pus no prego a gentil açoiaba.
                                     paródia: “O canto do piaga”, Iracema, O guarani
  O tacape enferruja num canto,
   A bengala não largo da mão.                   ASPECTOS TEMÁTICOS
 Sons agudos da inúbia não ouço,     apropriação paródica do indianismo romântico
   Na vitrola só tangos escuto.
                                           discurso de um índio já aculturado
  Já não tarda o final desta raça,
  Manitôs abandonam as tabas.                          metonímias
Meus irmãos, azulemos pra Europa:     [antepassado indígena x cidadão aculturado]
   O inimigo já chega bufando,                   ironia [versos 11 e 14]
  Na maloca já fogo tocaram...
 Ó desgraça! Ó ruína! Ó Rondon!        revisão crítica do passado histórico cultural
PRIMEIRA GERAÇÃO
                            a poesia de Gonçalves Dias
                                   A CANÇÃO DO EXÍLIO
         Minha terra tem palmeiras,                   Minha terra tem primores,
             Onde canta o Sabiá;                     Que tais não encontro eu cá;
         As aves, que aqui gorjeiam,                Em cismar – sozinho, à noite –
           Não gorjeiam como lá.                     Mais prazer encontro eu lá;
        Nosso céu tem mais estrelas,                 Minha terra tem palmeiras,
       Nossas várzeas têm mais flores,                   Onde canta o Sabiá.
       Nossos bosques têm mais vida,              Não permita Deus que eu morra,
          Nossa vida mais amores.                    Sem que eu volte para lá;
         Em cismar, sozinho, à noite,              Sem que desfrute os primores
         Mais prazer encontro eu lá;                 Que não encontro por cá;
         Minha terra tem palmeiras,               Sem qu’inda aviste as palmeiras,
            Onde canta o Sabiá.                         Onde canta o Sabiá.

temas: nacionalismo [fala-se da pátria], nativismo [natureza] e ufanismo [orgulho da terra]
o locutor celebra a pátria de modo ufanista: a natureza deslumbrante e a terra é sem males
a celebração ufanista da natureza se insere no Projeto de Formação da Identidade Nacional
     forma: três tercetos e dois sextetos; versos heptassílabos; anáfora [minha terra]
UM PARALELO COM O MODERNISMO
       discutindo a identidade nacional
        REIFICAÇÃO, Claudius Hermann Portugal
                 As palmeiras derrubaram
       para no lugar construírem uma autoestrada
        O Sabiá ganhou um festival nos idos de 68
        mas está sendo rapidamente exterminado
             ou anda preso em alguma gaiola.
    O exílio de minha terra deixou de ser uma canção.
                  ASPECTOS FORMAIS
                         sextilha
                 versos livres e brancos
                   intertextualidades
                 ASPECTOS TEMÁTICOS
   apropriação paródica do discurso ufanista romântico
                       intertextos
    [Canção do exílio, Sabiá, Festivais dos anos 1960]
PRIMEIRA GERAÇÃO
                                a poesia de Gonçalves Dias
                            AINDA UMA VEZ – ADEUS [fragmento]
Enfim te vejo! – Enfim posso,      Louco, aflito, a saciar-me     Vivi; pois Deus me guardava
Curvado a teus pés, dizer-te        D’agravar minha ferida,          Para este lugar e hora!
Que não cessei de querer-te,      Tomou-me o tédio da vida.        Depois de tanto, senhora,
    Pesar de quanto sofri.          Passos da morte senti;         Ver-te e falar-te outra vez;
 Muito penei! Cruas ânsias,      Mas quase no passo extremo,     Rever-me em teu rosto amigo,
  Dos teus olhos afastado,       No último arcar da esp’rança,   Pensar em quanto hei perdido
Houveram-me acabrunhado,          Tu me vieste à lembrança:          E este pranto dolorido,
  A não me lembrar de ti!            Quis viver mais e vivi!        Deixar correr a teus pés.
               platonismo: o locutor ama o amor que devota à mulher amada
           idealização: a mulher aparece num plano superior ao do sujeito poético
     subjetivismo: o poema tem ares confessionais: o locutor externa seus sentimentos
                            forma: oitavas; versos heptassilábicos
PRIMEIRA GERAÇÃO
           ecos da poesia trovadoresca na obra de Pedro Kilkerry
      O VERME E A ESTRELA
  Agora sabes que sou verme.
       Agora, sei da tua luz.
 Se não notei minha epiderme...
   É, nunca estrela eu te supus
Mas, se cantar pudesse um verme,                     ASPECTOS FORMAIS
       Eu cantaria a tua luz!
                                                  três sextetos octossilábicos
 E eras assim... Por que não deste
  Um raio, brando, ao teu viver?              preferência por metáforas e antítese
   Não te lembrava. Azul-celeste
                                                    ASPECTOS TEMÁTICOS
   O céu, talvez, não pôde ser...
Mas, ora! enfim, por que não deste            platonismo e idealização da amada
  Somente um raio ao teu viver?
                                     diálogo com a poesia trovadoresca e com o romantismo
  Olho, examino-me a epiderme,
    Olho e não vejo a tua luz!
Vamos que sou, talvez, um verme...
    Estrela nunca eu te supus!
 Olho, examino-me a epiderme...
    Ceguei! ceguei da tua luz?
PRIMEIRA GERAÇÃO
                    indianismo, nacionalismo e platonismo
                                AUTORES E OBRAS
    Gonçalves de Magalhães                          Gonçalves Dias
    [tudo pelo Brasil e para o Brasil]         [a formação da alma brasileira]


      Suspiros poéticos e saudades                      Primeiros cantos
          obra de valor histórico                       Segundos cantos
“Prólogo”: inspiração, pátria, religiosidade            Últimos cantos
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Primeira geração da poesia romântica

  • 1. história da literatura Primeira geração da poesia romântica Manoel Neves
  • 2. PRIMEIRA GERAÇÃO a poesia de Gonçalves Dias O CANTO DO GUERREIRO [fragmento] Aqui na floresta ASPECTOS FORMAIS Dos ventos batida, Façanhas de bravos estrofes regulares Não geram escravos, Que estimem a vida redondilha menor Sem guerra e lidar. vocabulário acessível — Ouvi-me, Guerreiros, — Ouvi meu cantar. o locutor é o índio Valente na guerra, ASPECTOS TEMÁTICOS Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape indianismo Com mais valentia? o herói aparece idealizado [bravo, forte, orgulhoso] Quem golpes daria Fatais, como eu dou? o índio representa o [ante]passado americano — Guerreiros, ouvi-me; — Quem há, como eu sou?
  • 3. PRIMEIRA GERAÇÃO a poesia de Gonçalves Dias O CANTO DO PIAGA Ó Guerreiros da Taba sagrada, [...] Por que dormes, Ó Piaga divino? Ó Guerreiros da Tribo Tupi, Começou-me a Visão a falar, Falam Deuses nos cantos do Piaga, Por que dormes? O sacro instrumento Ó Guerreiros, meus cantos ouvi. De per si já começa a vibrar. Tu não viste nos céus um negrume [...] Ouve o anúncio do horrendo fantasma, Toda a face do sol ofuscar; Ouve os sons do fiel Maracá; Não ouviste a coruja, de dia, Manitôs já fugiram da Taba! Seus estrídulos torva soltar? Ó desgraça! Ó ruína! Ó Tupá! Pelas ondas do mar sem limites [...] Negro monstro os sustenta por baixo, Basta selva, sem folhas, i vem; Brancas asas abrindo ao tufão, Hartos troncos, robustos, gigantes; Como um bando de cândidas garças, Vossas matas tais monstros contêm. Que nos ares pairando - lá vão. tema: o locutor assume o ponto de vista de uma voz divina que fala com o pajé a voz alerta o piaga para o desastre que está por vir – a chegada do europeu [5ª. e 6ª. estrofes] forma: quartetos com versos predominantemente eneassílabos [ritmo lento e grave]
  • 4. PRIMEIRA GERAÇÃO a poesia de Gonçalves Dias O CANTO DO PIAGA Oh! quem foi das entranhas das águas, Não sabeis o que o monstro procura? O marinho arcabouço arrancar? Não sabeis a que vem, o que quer? Nossas terras demanda, fareja... Vem matar vossos bravos guerreiros, Esse monstro... - o que vem cá buscar? Vem roubar-vos a filha, a mulher! Vem trazer-vos crueza, impiedade - Vem trazer-vos algemas pesadas, Dons cruéis do cruel Anhangá; Com que a tribo Tupi vai gemer; Vem quebrar-vos a maça valente, Hão-de os velhos servirem de escravos Profanar Manitôs, Maracás. Mesmo o Piaga inda escravo há de ser? Fugireis procurando um asilo, Vossos Deuses, ó Piaga, conjura, Triste asilo por ínvio sertão; Susta as iras do fero Anhangá. Anhangá de prazer há de rir-se, Manitôs já fugiram da Taba, Vendo os vossos quão poucos serão. Ó desgraça! ó ruína!! ó Tupá! tema: o sujeito poético anuncia os desastres que serão trazidos pela chegada do colonizador o discurso do locutor se configura num momento anterior à chegada do branco à América tema/forma: fixação de costumes e vocabulário indígenas
  • 5. UM PARALELO COM O MODERNISMO o indianismo na poesia de Murilo Mendes MARCHA FINAL DO GUARANI ASPECTOS FORMAIS Ninguém mais vive quieto na terra. soneto eneassílabo Outros deuses povoam o país Ando agora vestido de fraque, uso de metonímias e antíteses Pus no prego a gentil açoiaba. paródia: “O canto do piaga”, Iracema, O guarani O tacape enferruja num canto, A bengala não largo da mão. ASPECTOS TEMÁTICOS Sons agudos da inúbia não ouço, apropriação paródica do indianismo romântico Na vitrola só tangos escuto. discurso de um índio já aculturado Já não tarda o final desta raça, Manitôs abandonam as tabas. metonímias Meus irmãos, azulemos pra Europa: [antepassado indígena x cidadão aculturado] O inimigo já chega bufando, ironia [versos 11 e 14] Na maloca já fogo tocaram... Ó desgraça! Ó ruína! Ó Rondon! revisão crítica do passado histórico cultural
  • 6. PRIMEIRA GERAÇÃO a poesia de Gonçalves Dias A CANÇÃO DO EXÍLIO Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem primores, Onde canta o Sabiá; Que tais não encontro eu cá; As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar – sozinho, à noite – Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá; Nosso céu tem mais estrelas, Minha terra tem palmeiras, Nossas várzeas têm mais flores, Onde canta o Sabiá. Nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra, Nossa vida mais amores. Sem que eu volte para lá; Em cismar, sozinho, à noite, Sem que desfrute os primores Mais prazer encontro eu lá; Que não encontro por cá; Minha terra tem palmeiras, Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. Onde canta o Sabiá. temas: nacionalismo [fala-se da pátria], nativismo [natureza] e ufanismo [orgulho da terra] o locutor celebra a pátria de modo ufanista: a natureza deslumbrante e a terra é sem males a celebração ufanista da natureza se insere no Projeto de Formação da Identidade Nacional forma: três tercetos e dois sextetos; versos heptassílabos; anáfora [minha terra]
  • 7. UM PARALELO COM O MODERNISMO discutindo a identidade nacional REIFICAÇÃO, Claudius Hermann Portugal As palmeiras derrubaram para no lugar construírem uma autoestrada O Sabiá ganhou um festival nos idos de 68 mas está sendo rapidamente exterminado ou anda preso em alguma gaiola. O exílio de minha terra deixou de ser uma canção. ASPECTOS FORMAIS sextilha versos livres e brancos intertextualidades ASPECTOS TEMÁTICOS apropriação paródica do discurso ufanista romântico intertextos [Canção do exílio, Sabiá, Festivais dos anos 1960]
  • 8. PRIMEIRA GERAÇÃO a poesia de Gonçalves Dias AINDA UMA VEZ – ADEUS [fragmento] Enfim te vejo! – Enfim posso, Louco, aflito, a saciar-me Vivi; pois Deus me guardava Curvado a teus pés, dizer-te D’agravar minha ferida, Para este lugar e hora! Que não cessei de querer-te, Tomou-me o tédio da vida. Depois de tanto, senhora, Pesar de quanto sofri. Passos da morte senti; Ver-te e falar-te outra vez; Muito penei! Cruas ânsias, Mas quase no passo extremo, Rever-me em teu rosto amigo, Dos teus olhos afastado, No último arcar da esp’rança, Pensar em quanto hei perdido Houveram-me acabrunhado, Tu me vieste à lembrança: E este pranto dolorido, A não me lembrar de ti! Quis viver mais e vivi! Deixar correr a teus pés. platonismo: o locutor ama o amor que devota à mulher amada idealização: a mulher aparece num plano superior ao do sujeito poético subjetivismo: o poema tem ares confessionais: o locutor externa seus sentimentos forma: oitavas; versos heptassilábicos
  • 9. PRIMEIRA GERAÇÃO ecos da poesia trovadoresca na obra de Pedro Kilkerry O VERME E A ESTRELA Agora sabes que sou verme. Agora, sei da tua luz. Se não notei minha epiderme... É, nunca estrela eu te supus Mas, se cantar pudesse um verme, ASPECTOS FORMAIS Eu cantaria a tua luz! três sextetos octossilábicos E eras assim... Por que não deste Um raio, brando, ao teu viver? preferência por metáforas e antítese Não te lembrava. Azul-celeste ASPECTOS TEMÁTICOS O céu, talvez, não pôde ser... Mas, ora! enfim, por que não deste platonismo e idealização da amada Somente um raio ao teu viver? diálogo com a poesia trovadoresca e com o romantismo Olho, examino-me a epiderme, Olho e não vejo a tua luz! Vamos que sou, talvez, um verme... Estrela nunca eu te supus! Olho, examino-me a epiderme... Ceguei! ceguei da tua luz?
  • 10. PRIMEIRA GERAÇÃO indianismo, nacionalismo e platonismo AUTORES E OBRAS Gonçalves de Magalhães Gonçalves Dias [tudo pelo Brasil e para o Brasil] [a formação da alma brasileira] Suspiros poéticos e saudades Primeiros cantos obra de valor histórico Segundos cantos “Prólogo”: inspiração, pátria, religiosidade Últimos cantos Revista Niterói Sextilhas de Frei Antão teoriza sobre o Romantismo [brasileiro] amor, índio, pátria, saudade