As três frases resumem o documento da seguinte forma:
1) O documento discute a história da colonização e ocupação da região de Cascavel no oeste do Paraná, desde os séculos XVII até o século XX, incluindo os movimentos migratórios e os conflitos pela posse da terra.
2) Aborda os diferentes interesses em disputa na região, incluindo os interesses econômicos, políticos e religiosos dos colonizadores espanhóis, bandeirantes e autoridades paulistas.
3) Dis
2. Para estudar o passado de um povo, de uma instituição,
de uma classe, não basta aceitar ao pé da letra tudo
quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso
fazer falar a multidão imensa dos figurantes mudos que
enchem o panorama da história e são muitas vezes mais
interessantes e mais importantes do que os outros, os
que apenas escrevem a história.
Sérgio Buarque de Holanda
3. PERGUNTAS DE
UM TRABALHADOR QUE LÊ
Quem construiu a Tebas de sete
portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de
pedras?
E a Babilônia várias vezes destruída
Quem a reconstruiu tantas vezes? Em
que casas
de Lima dourada moravam os
construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite
em que
a Muralha da China ficou pronta?
A Grande Roma está cheia de arcos de
triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os césares? A decantada
Bizâncio
Tinha somente palácios para seus
habitantes?
Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritavam por
seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a
Índia. Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou
quando sua Armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos
Sete Anos.
Quem venceu além dele?
Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?
Tantas histórias.
Tantas questões.
Bertolt Brecht
4. "Histórias do Velho Oeste: O processo de
colonização e a luta pela posse da terra -
Cascavel e o Oeste do Paraná séculos XVII-XX"
• Texto: Ângelo Priori
• EIXOS: SOCIEDADE, TRABALHO E CULTURA
5. CONCEITO/DEFINIÇÃO DE TRABALHO
Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um
processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla
seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria
natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais
pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de
apropriar- se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao
atuar, por meio desse movimento, sobre a Natureza externa a ele e ao
modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele
desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a
seu próprio domínio. Não se trata aqui das primeiras formas instintivas,
animais, de trabalho. O estado em que o trabalhador se apresenta no
mercado como vendedor de sua própria força de trabalho deixou para o
fundo dos tempos primitivos o estado em que o trabalho humano não se
desfez ainda de sua primeira forma instintiva. Pressupomos o trabalho
numa forma em que pertence exclusivamente ao homem.
6. CONCEITO/DEFINIÇÃO DE TRABALHO
Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha
envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas
colméias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha
é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim
do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu
na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua
uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na
matéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei, a espécie e
o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade. E essa
subordinação não é um ato isolado. Além do esforço dos órgãos que
trabalham, é exigida a vontade orientada a um fim, que se manifesta como
atenção durante todo o tempo de trabalho, e isso tanto mais quanto menos
esse trabalho, pelo próprio conteúdo e pela espécie e modo de sua execução,
atrai o trabalhador, portanto, quanto menos ele o aproveita, como jogo de suas
próprias forças físicas e espirituais. Os elementos simples do processo de
trabalho são a atividade orientada a um fim ou o trabalho mesmo, seu objeto e
seus meios. (Marx, 1983, p. 149- 150).
7. CONCEITO/DEFINIÇÃO DE TRABALHO
Portanto, se o trabalho, numa forma social genérica, é “um
processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o
homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu
metabolismo com a Natureza” (Marx, 1983, p. 149), ou seja, é o
elemento determinante na constituição da própria natureza
humana, no capitalismo a construção do gênero humano, por
intermédio do trabalho, dá-se pela sua destruição, sua
emancipação efetiva-se pela sua degradação, sua liberdade
ocorre pela sua escravidão, a produção de sua vida realiza-se
pela produção de sua morte. Na forma social do capital, a
construção do ser humano, por meio do trabalho, processa-se
pela sua niilização, a afirmação de sua condição de sujeito
realiza-se pela negação dessa mesma condição, sua hominização
produz-se pela produção de sua reificação. No limite, trata-se da
constituição do fetiche do capital – o capital que se subjetiviza ou
se hominiza reificando as relações sociais e o ser social – ou da
subsunção real da vida social ao capital (Tumolo, 2003).
8. SOCIEDADE
A construção do conceito de sociedade é realizado
a partir do conhecimento de uma determinada
organização social em um determinado momento
da história; de se situar os direitos e deveres dos
diferentes componentes sociais (operários, classes
médias etc ...); de se situar as grandes fases como
as de conquista, colonização, crise, revolução,
entre outras.
9. CULTURA
Conjunto de valores materiais e espirituais criados
pela humanidade, no curso de sua história. A cultura
é um fenômeno social que representa o nível
alcançado pela sociedade em determinada etapa
histórica: progresso, técnica, experiência de
produção e de trabalho, instrução, educação, ciência,
literatura, arte e instituições que lhes correspondem.
Em sentido mais restrito, compreende-se, sob o
termo cultura, o conjunto de formas de vida
espiritual da sociedade que nascem e se
desenvolvem à base do modo de produção dos bens
materiais historicamente determinados.
10. • Meu lugar – agora/outros tempos; outros lugares –
agora/em outros tempos
• A história da ocupação das terras e a formação do
município: Quem dá nome às ruas, às praças? Como são
escolhidos?
• Nessas terras não havia ninguém?
• Movimentos migratórios: Como moravam e viviam os
primeiros habitantes da cidade? E hoje, como moram os
habitantes da cidade?
• Por que as cidades crescem? Todos se beneficiam com o
crescimento?
• Quem, quando, como e por que diferentes pessoas vieram
para a região de Cascavel? E hoje, o que leva as pessoas a
buscarem outros lugares para viver?
• Relações de trabalho na formação do município: Como,
quando e por que ocorreram conflitos pela posse da
terra? E hoje, há conflitos? Onde, como, por quê?
11. • As ocupações espanholas e portuguesas: o
relacionamento com os habitantes do lugar: as
“encomiendas” e as reduções.
• As relações de trabalho e poder no processo de
ocupação do espaço: O oeste paranaense no século
XVII – a relação de trabalho nas obrages.
• A exploração da erva-mate.
• A Marcha para o oeste.
• Os trabalhadores no Paraná: a luta por emprego e
por terras- A influência da Lei de Terras no processo
de ocupação das terras paranaenses.
• Conflitos originados no processo de divisão e
demarcação das terras. Interesses de colonos,
grileiros e posseiros.
12. As atenções ao conflito agrário latente, mais uma vez, se voltaram
à Região Oeste do Paraná, com as mortes de dois trabalhadores
rurais sem-terra, na quinta-feira (7), em Quedas do Iguaçu. Apesar
de situações pontuais inflamadas, ao longo do tempo, em outras
partes do estado, como no Norte e no Noroeste, é nos arredores de
Cascavel que, volta e meia, os embates sobre questões fundiárias
ressurgem com força.
13. Os problemas na região remontam a questões
históricas. Nas décadas de 1950 e 60, o governo
Moysés Lupion distribuiu títulos de terra, mas as áreas
estavam na faixa de fronteira – com até 150
quilômetros de distância de outros países –
pertencentes à União. Isso bastou para instalar a
insegurança jurídica que marca as disputas de
território até hoje.
Algumas movimentações populacionais, como a
motivada pela construção da usina de Itaipu, na
década de 1970, também mexeram com as estruturas
locais. Estava formado o “caldo” em que o Movimento
Sem-Terra (MST) surgiria oficialmente, em 1984, num
evento em Cascavel.
28. FRONTEIRA OESTE
A DISPUTA HISTÓRICA
A disputa pela definição da fronteira externa entre Argentina e
Brasil, advém desde o período colonial, envolvendo Espanha e
Portugal respectivos países colonizadores destas nações.
• Tratado de Tordesilhas (1494),
• Tratado de Madri (1750),
• Tratado de Santo Ildefonso (1777),
• Tratado de Montevidéu (1890).
29.
30.
31. A COLONIZAÇÃO DO OESTE
• Conflitos constantes de interesses entre Portugal e
Espanha;
• Exploração das supostas riquezas minerais, madeira, erva
mate e mão-de-obra escrava indígena;
• Os primeiros a explorar a região Oeste do Paraná foram
os espanhóis e após a independência do vice-reinado do
Prata os Argentinos.
32. O PROCESSO DA OCUPAÇÃO DA
REGIÃO OESTE OCORREU EM QUATRO
ETAPAS
1ª ETAPA
A primeira, e mais antiga, decorre da ocupação pelos índios que se
espalhavam também por todo o território do continente sul-
americano.
A presença desses grupos indígenas, como Xetá, Kaigang e Guarani,
foi notada no processo mais recente da colonização, fazendo com
que essa população fosse mais uma vez reprimida.
33. 2ª ETAPA
• Corresponde à atuação e presença dos padres jesuítas
espanhóis que desenvolveram várias reduções (missões)
pelo território.
• Esses aldeamentos indígenas, apesar de destruídos na
primeira metade do século XVII pelos bandeirantes
paulistas, conservaram forte a presença espanhola na
região.
34. 3ª ETAPA
Etapa data do período entre 1881 e 1930,
que corresponde à introdução do sistema
das Obrages, entre Foz do Iguaçu e Guaíra,
cujo objetivo principal era a exploração
extrativista da erva-mate e da madeira.
35. 4ª ETAPA
A quarta fase ou a etapa recente aconteceu
principalmente pela atuação das empresas
colonizadoras que efetivaram a colonização
moderna do Oeste paranaense.
37. ORIGENS DOS CONFLITOS
DEVIDO A INTERESSES
Autoridades espanholas
Encomendeiros
Autoridades Paulistas
Bandeirantes
Igreja missionária
–Fixar povoamento e fomentar a
produção colonial;
–Parceirias/ explorar a força de
trabalho pelo serviço pessoal;
–Atrair, capturar, comercializar mão
de obra;
–Proteger índios para torná-los
cristãos e fiéis;
38. •Tanto militares como religiosos, indiferentemente,
exerciam atitudes de exploração. Os primeiros faziam-
na de modo mais brutal, sendo que os religiosos
auferiam posicionamentos mais sutis, mas nem por
isso diferentes. A cruz e a espada, nesse sentimento,
caminhavam passo a passo. (COLODEL, 1988, p. 30).
•Reduções –
Dessa maneira os indígenas diversificavam seus ramos
de atividade, sendo carpinteiros, tecelões, ferreiros,
pintores, estatutários, fundidores; tudo enfim era
provido na própria Redução. (COLODEL, 1988, p. 31).
39. A VERSÃO DO COLONIZADOR
Na história oficial do Oeste do Paraná não
aparece os outros sujeitos históricos.
Índios;
Nortista;
Paraguaio;
Argentino;
Outros.
40. •Tendo o presente o quase total abandono em que
se acham os campos gerais de Curitiba e os de
Guarapuava, assim como todos os terrenos que
deságuam no Paraná [...] infestados pelos índios
denominados bugres, que matam cruelmente todos
os fazendeiros e proprietários que nos mesmos
países têm procurado tomar sesmarias e cultiva-las
em benefício do Estado; de tal maneira que [...]
maior parte das fazendas [...] se vão despovoando.
Sou servido por estes e outros justos motivos que
fazem suspender os efeitos de humanidade que com
eles tinha mandado praticar, ordenar-vos.
41. Os aspectos acima referendados sintetizam a determinação com
que o governo central tratou a ocupação da região criando
condições necessárias para a propalada conquista dos referidos
sertões meridionais do Brasil, e revelam o olhar do Estado diante
das populações indígenas. Nesse discurso, expressões, tais como
bugres ou bárbaros sintetizam a imagem que a sociedade possui
em relação às populações indígenas, ou seja, uma organização
social, cujas práticas de resistência em relação à presença do
Homem branco foram interpretadas como desumanas. Atitudes que
concorreram para que o Imperador, no uso de suas atribuições
legais, destituísse o grupo de humanidade. Fica claro que o critério
utilizado pelo monarca para destituir o estatuto de humanidade,
delegado aos índios desde a controvérsia, pública entre Las Casas
e Sepúlveda em meados do século XVI, foram as consecutivas
mortes ocorridas em função das guerras que o grupo indígena
travou com os colonizadores pela histórica posse de suas terras.
Assim no decorrer dos séculos XVIII e XIX conforme a linguagem da
época, o território paranaense padecia em função da escassa
presença de populações brancas e civilizadas.
42. •1854, referendam a existência de áreas
incipientemente ocupadas pela nação. O
referido censo destacava a presença de 62.358
habitantes em território provincial.
43.
44.
45.
46.
47.
48. DESDE O FINAL DO SÉCULO XIX
E INÍCIO DO SÉCULO XX
O governo fez enormes concessões a empresas estrangeiras
tendo como objetivo a exploração de erva-mate, madeira e a
colonização da região Oeste.
Eram denominadas obrages e os seus trabalhadores eram os
mensus, geralmente paraguaios, argentinos e ‗guaranis
modernos‘ – termo empregado aos índios guaranis
miscigenados no Paraguai.
49.
50. •Um outro elemento que pode ser destacado refere-se à impossibilidade
que os mensus encontravam para fugir das obrages. A vigilância exercida
sobre eles era severa e constante. Pouquíssimas eram as alternativas que
eles podiam contar para se esconder da fúria dos seus patrões. Podiam
embrenhar-se na selva, mas ali teriam que enfrentar enormes dificuldade:
falta de comida, os animais selvagens, as doenças crônicas da região, etc. a
outra rota de fuga possível era oferecida pelo rio Paraná. Acontece que
todas as embarcações que nele navegavam eram de propriedade dos
obrageros que tinham um cuidado todo especial em vigiá-las
minuciosamente. (COLODEL, 1988, p. 70).
•(...) quando chegava assim pra acertá a conta ... acertavam a conta e então
mostravam na parede ... tinha uma big duma soiteira e uma espada, então
aí ele dizia, o chefe que era o patrão: - gusta la rubia o la morena! [chicote
ou a espada]. E eles respondiam: - la vida, no más. E então mandavam ele
embora, e então não matavam, não surravam mas também era explorado e
mandavam embora. (COLODEL, 1988, p. 70).
51. •TRANSPORTE DE MADEIRA: JANGADAS (MAROMBA),
CARROÇÕES ESLAVOS, LANCHAS A VAPOR, BARCOS –
TAMBÉM CHAMADOS DE MATA-FOME.
•Conchavo e antecipo (peão e comissionista), barracón,
papel das mulheres e crianças. A obrage voltava-se para a
exploração total do trabalho. Resistência. Alimentação
(reviro – farinha branca, água e ovos quando tinha).
CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO, DECADÊNCIA DAS
OBRAGES, COLUNA PRESTES, MARCHA PARA O OESTE.
•Quase não circulava dinheiro, pois os mensus não
possuíam nenhum. Então, tudo girava em torno das ordens
de pagamento que eram distribuídas pela companhia.
(COLODEL, 1988, pp. 72-79).
52. Conforme o levantamento de Figueiredo (1937, p. 104):
O Senhor CAFERATA (argentino) trabalha com 120 homens,
sendo 82 paraguaios, e 32 argentinos. O único brasileiro
existente neste recanto do nosso Brasil é um soldado de
polícia ali destacado, que aliás é casado com uma paraguaia e
seus filhos falam [...] o guarani [...] No mesmo texto, o militar
acrescenta:
Conversando com um funcionário federal que se achava em
Guaíra, soube de muitas informações. Disse-me êle que
aquele recanto seria um seio de Abraão, sai a população não
fosse heterogênea. Havia os paraguaios que possuíam
costumes quase antagônicos aos nossos; os argentinos que
usavam modos de viver diferentes dos brasileiros e dos
paraguaios e finalmente os sisudos ingleses que se isolavam
completamente dos restantes, quiçá julgando-os uma massa
rasa. A melodiosa língua portuguêsa ha muitos dias não era
ouvida. Ao passo que o guaraní e o castelhano feriam [...]
durante todos os instantes, como si em estranha terra
estivesse. (FIGUEIREDO, 1937, p. 148)
53. Uma dessas obrages em questão denominava-se Fazenda Britânia. Estruturada
em 1905 sob propriedade de empresários ingleses, essa área de terras fora no
ano de 1945 adquirida pela empresa Industrial Madeireira Colonizadora Rio
Paraná, - Maripá. Essa colonizadora foi constituída em 13 de abril de 1946 e,
conforme consta na Escritura Pública do Registro de Imóveis Títulos e
Documentos. Comarca de Toledo, PR, sua área estendia-se por 43 quilômetros ao
longo do rio Paraná, formando quase que um retângulo com aproximadamente
274. 846 hectares. Do interior de seus quadros administrativos, nascera a
empresa colonizadora Pinho e Terras Ltda.
56. MARCHA PARA O OESTE
Até as duas primeiras décadas do século XX algumas
regiões do Paraná ainda não haviam se integrado aos
centros de decisão política e econômica do Estado.
A conquista e ocupação de novas terras no Oeste do
Estado começaram a tomar amplas dimensões no
início da década de 1940, sob a perspectiva da busca
do desenvolvimento e progresso do país, fomentada,
sobretudo, no ideal politizado da ‗marcha para o oeste‘
no governo de Getúlio Vargas.
57. LIMITE DA FAIXA DE
FRONTEIRA DE 150 KM,
EM TERRITÓRIO
PARANAENSE.
61. No Brasil, a renda territorial surge da metamorfose da renda
capitalizada na pessoa do escravo para a terra, separando o
trabalhador livre de sua força de trabalho como forma de
garantir a sujeição do trabalho ao capital. Ou seja, a
propriedade do escravo se transforma em propriedade da
terra como meio para extorquir trabalho e não para extorquir
renda: “num regime de terras livres, o trabalho tinha que
ser cativo; num regime de trabalho livre, a terra tinha que
ser cativa” (MARTINS, 1979, p. 32).
Essa discussão sobre a emergência do trabalho livre é de
fundamental importância para que se possa entender o
processo de urbanização no Brasil; afinal, a abolição da
escravidão gera grande impasse aos proprietários: a grande
quantidade de terras disponíveis constitui um entrave à
libertação dos escravos e dificulta a permanência dos
imigrantes como mão-de-obra nas fazendas (MARTINS,
1979).
62. Até a independência, o regime de sesmarias combinado às “datas”
– sesmarias urbanas – rege a organização dos núcleos urbanos.
Estes sistemas de concessões de terras combinam políticas
relacionadas à ocupação do território, produção agrícola e
urbanização, e interesses na obstacularização do acesso à terra.
No início do século XIX este sistema entra em crise. Vigora até
1850 o que Rolnik (1997) chama de “regime de terras devolutas”,
que envolve apropriação ampla e indiscriminada de terra, expulsão
de pequenos posseiros, ausência de legislação e atuação do
Estado na estruturação de grandes latifúndios. A Lei de Terras de
1850 resolve o impasse, ao definir todas as terras devolutas como
propriedade do Estado e permitir sua ocupação apenas mediante
título de compra.
Para Rolnik, (1997, p. 23), “a promulgação da Lei de Terras marca
um corte fundamental na forma de apropriação da terra no Brasil,
com grandes consequências para o desenvolvimento das cidades”:
a absolutização da propriedade e sua monetarização, conferindo à
terra status de mercadoria, assegurada por densa malha de leis e
regulamentos posteriores.
63. COMPANHIAS COLONIZADORAS NO PARANÁ
•Brasil Railway Company. (séc. XIX, Sudoeste 1918-20) – recebeu
extensas glebas em pagamento pela construção da ferrovia Sã
oPaulo – Rio Grande (Gleba Chopim) e do ramal Ponta Grossa –
guarapuava (Gleba Missões).
•CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Ozório): (1943) criada
dentro da Gleba Missões, a sua sede veio a se tornar o município de
Fco Beltrão.
•CITLA (Clevelândia Industrial e Territorial Limitada) e Pinho e Terra.
Em 1950, o governo da União vendeu à CITLA toda a gleba Missões e
parte da gleba Chopim. Poucos dias após vendia à Pinho e Terras
(Céu Azul) 11.500 alqueires da própria gleba Missões. Vendia também
300.000 pinheiros `Companhia de Madeiras do Alto Paraná.
63
64. GETSOP (Grupo Executivo de Terras para o Sudoeste
do Paraná).
OBRAGES.
Companhia de Terras Norte do Paraná – adquiriu
inúmeras glebas.
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (norte).
Colonizadora Madeireira Rio Paraná S.A (MARIPÁ).
Companhia Mate Laranjeiras (explora erva-mate e
madeira no Mato Grosso e depois no Paraná).
Industrial Agrícola Bento Gonçalves Ltda (Medianeira)
Colonizadora Gaúcha Ltda
Colonizadora Matelândia Ltda
Colonizadora criciúma Ltda
A Companhia Brasileira de Imigração e Colonização
(COBRIMCO) - Anahy
(Explorar madeira e terras)
64
65.
66.
67.
68.
69.
70.
71.
72.
73.
74. Evolução da população de
Cascavel• O Município
experimentou um
crescimento
populacional significativo
desde a sua fundação,
principalmente nas
primeiras décadas. Por
outro lado, vários
municípios foram
desmembrados a partir
de seu território original,
o que desacelerou sua
expansão demográfica.
81. CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO
• Cascavel foi elevado à categoria de Distrito Administrativo do Município de Foz do Iguaçu pelo Decreto Lei nº 7.573 de 20 de
outubro de 1938 com as seguintes delineações: “começa no Rio Iguaçu, na Foz do Rio Gonçalves Dias, pelo qual sobe até sua
nascente mais próxima, no km 88 da estrada de rodagem de Guarapuava a Foz do Iguaçu, daí alcança o Espigão do divisor dos
Rios Paraná e Iguaçu, seguindo por este Espigão, até frontear a cabeceira do Rio Melissa, o qual alcança e desce por este até a
Foz do Rio Piquiri”.
•Em 14 de novembro de 1951, o Governador do Paraná Bento Munhoz da Rocha Neto sancionou a lei nº 790/51 criando o
Município de Cascavel com as seguintes divisas:
a - Com o Município de Toledo: começa no rio São Francisco na Foz do Arroio Lopeí, sobe por este até sua cabeceira; daí pela
linha reta que liga as cabeceiras dos Arroios Lopeí e Silvestre até o espigão divisor dos rios Paraná e Piquiri.
b - Com o Município de Guaira: começa no espigão divisor dos rios Paraná e Piquiri, na linha que liga as cabeceiras dos arroios
Lopeí e Silvestre, segue por esta linha até a cabeceira do rio Silvestre e por este abaixo até sua foz no Piquiri.
c - Com o Município de Campo Mourão: começa na Foz do Arroio Silvestre, no rio Piquiri, sobe pelo último até a foz do rio
Tourinho.
d - Com o Município de Guaraniaçu: começa no rio Piquiri, na foz do rio Tourinho, por este acima até sua cabeceira, daí por uma
linha reta, alcança a cabeceira do rio Tormenta, desce por este até sua foz no rio Iguaçu.
e - Com o Município de Capanema: começa na Foz do Rio Tormenta, no Rio Iguaçu, desce por este até a foz do rio Gonçalves
Dias.
f - Com o Município de Foz do Iguaçu: começa no rio Iguaçu, na foz do rio Gonçalves Dias, sobe por este até sua cabeceira, daí
por uma Linha Reta, alcança a cabeceira do rio São Francisco, desce por este até a Foz do Arroio Lopeí.
Este território compreende hoje os Municípios de: Nova Aurora, Formosa do Oeste, Iracema do Oeste, Jesuítas, Anahy, Iguatu,
Braganey, Corbélia, Cafelândia do Oeste, Lindoeste, Santa Lúcia, Boa Vista da Aparecida, Capitão Leônidas Marques e Santa
Tereza do Oeste, além de Cascavel. Conforme publicação no Diário Oficial Nº 1.777 de 22/01/1938, Cascavel possuía as
coordenadas de 24 graus e 58 minutos de latitude sul e 53 graus e 26 minutos de longitude oeste de Greenwich. Hoje se sabe
que as coordenadas exatas são latitude sul 24º57’21” E longitude oeste 53º,27’ 19“. Em 1951 Cascavel limitava-se:
Norte: Guaira e Campo Mourão
Oeste: Foz do Iguaçu
Sul: Capanema
Leste: Guaraniaçu
89. • De acordo com os relatos de Brito, esta segunda
expedição era composta, além dos dois militares acima
citados, de mais 34 soldados, 12 operarios civis, 3
mulheres casadas com soldados, 4 tropeiros
encarregados da tropa com 34 cargueiros, carregados
com víveres, material , bagagem etc. (COLODEL, 1988,
p. 44).
•1905 – 58 famílias
•Agindo sob as ordens dos capatazes, em praticamente
todas as obrages do Oeste paranaense, existiam
polícias particulares que faziam da violência
desenfreada sobre os peões o seu cartão de visitas.
(COLODEL, 1988, pp. 60-61).
90. •O maior deles era chamado de depósito Central Barthe e era
o que comercializava toda a atividade exploratória da imensa
obrage.
“pelos gramados desse logar habitado, caminham peões.
Grandes carroças, de rodas altas, chegam do interior da
mata. (...) Deposito Central é um ponto destinado para o
recebimento dos diversos ‘carijós’ dessa região. Além
disso, mantem a empresa larga criação de carneiros,
gado vacum e plantações de cereais para a manutenção
dos empregados. (...) diversos armazens existem para
deposito de herva cancheada; outros para
beneficiamento do produto, prompto para exportação.
Ha, além disso, moradas para os peões, armazens de
comestíveis, grandes estabulos, rancho para carroças”.
(COLODEL, 1988, p. 67).
96. Símbolos municipais
• Cascavel - Hino
Cascavel cidade hospitaleira
Tu és fonte rica de labor
Do quadrante oeste és a primeira
Te amamos com todo o fervor
Tua história é bela e fascinante
Que o passado nos faz sempre reviver
Feitos heroicos de um grande bandeirante
Que criou-te e feliz te fez crescer
Tua beleza imponente tem vida
És a sombra que acolhe o forasteiro
Ganhas bênçãos pelas mãos da Aparecida
Portas abertas a todo brasileiro
No horizonte d ´oeste estrela fulgurante
Tua gente tão nobre de amor varonil
És crescente progresso a todo instante
És o mais lindo pedacinho do Brasil.
97. A FUNÇÃO SOCIAL DA TERRA
De acordo com o estabelecido no artigo 3° da Constituição Federal de 1988, os objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil são:
• construir uma sociedade livre, justa e solidária;
• garantir o desenvolvimento nacional;
• erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
• promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
O artigo 5° afirma que todos são iguais em direitos e deveres perante a lei e garante aos
brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade.
Para definir o exercício desses direitos, a Constituição assegura, entre outras coisas, que:
• a propriedade atenderá à sua função social;
• a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro;
• a pequena propriedade rural, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a
lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento (MORISSAWA, 2001, p. 117).
98. [...] Mas o povoamento, não só do Oeste, mas também no Norte, foi marcado
igualmente pela intrusagem – modalidade ilícita de ocupação e posse de terra,
notadamente em antigas concessões inexploradas – e pela formação de imensos
grilos – o apossamento de terras alheias, com base em falsos títulos de
propriedade. [...] Intrusos e grileiros normalmente se utilizavam de jagunços
para tirar as terras dos posseiros e sitiantes (GAZETA DO POVO, dezembro de
2003, p. 3).
Para requerer o lote era só pôr uma casa de madeira em cima. Os lotes eram do
Estado e eram doados para quem fizesse a casa e os requeresse.
Em alguns lugares do oeste, a terra era de quem chegasse primeiro. Esses
colonos tinham a posse da terra, mas não tinham nenhum papel legalizando a
propriedade. Às vezes quando percebiam haviam perdido suas terras para
outras pessoas mais espertas, que registravam a propriedade em seu nome.
Muitas vezes, também, acontecia que essas pessoas mandavam expulsar as
famílias do lugar onde moravam, para poder provar na justiça que aquela terra
não era posse de ninguém (CALLAI, 1983 p. 93).
99. •O caso da “noite enriquecedora” foi apenas um de tantos casos
de grilos de terras registradas no Sudoeste. Arthur Faria de
Macedo negociara fraudulentamente 2.853
alqueires de terras situados na Gleba Chopinzinho, o “Território
dos Índios”, em apenas algumas horas, à noite, nos últimos
suspiros de sua gestão à frente da Fundação, ele registrou todas
aquelas terras em cartório da capital em nome de seus sócios[...]
(Cordeiro , p. 70).
A terra pode significar riqueza ou pobreza, vida ou morte, poder
político e posição social ou marginalização. Para cada pessoa ou
grupo social, ela tem um valor.
Para um índio, por exemplo, não há como viver sem a terra, pois
esta lhe dá moradia, alimento, trabalho, e o índio está tão
integrado à terra que separar-se dela implica perder a identidade
cultural (CANCHO, 1991, p. 5).
100. Segundo levantamento feito pela Secretaria da Agricultura do Paraná, somente
em 1970 a 1980 deixaram de existir 100.385 propriedades no Paraná. A região de
Cascavel perdeu 16 mil pequenas propriedades.
Segundo a Receita Estadual, só em 1984 foram vendidas, na região oeste do
Paraná, 7.651 propriedades (das quais 3.200 em Cascavel). Ressalta-se que este
número pode ser acrescido em mais 20%, porque muitos pequenos produtores
vendem suas propriedades sem efetuar transferência definitiva para os
compradores, a fim de evitar pagamento de impostos. Deste total, 89% são áreas
inferiores a 30 hectares e 95% inferiores a 50 hectares. Portanto, módulos
pequenos e médios. Além de mecanização agrícola, a falta de capital causada pela
política incerta de comercialização e a política agrícola beneficiando apenas
culturas de exportação são fatores que obrigaram os pequenos a vender suas
terras. Soma-se a isso a pressão dos compradores – latifundiários ou
colonizadores que querem especular ou aumentar a área de produção de soja e
trigo para exportação.
Perdendo a terra por dívidas ou expulsos pela mecanização, os agricultores
acabam virando “bóias-frias” ou “sem-terra”. Quando conseguem vender a
propriedade e arrecadar algum dinheiro com a venda, preferem ir para o Norte,
onde o preço por hectare é infinitamente mais baixo[...] (CANCHO, 1991 p. 69).
101. ENCAMINHAMENTOS QUARTO E QUINTO ANO
• Podemos iniciar o trabalho, com o conteúdo citado, utilizando materiais que
efetivem a compreensão da existência de conflitos pela posse da terra
atualmente. Podemos trabalhar com textos imagéticos ou escritos:
•Explorar por meio destes conteúdos e textos, o quadro da página 264 do
Currículo, bem como a figura da página 266;
• Na medida do possível, utilizar-se de fontes primárias para que os alunos
compreendam que os historiadores escrevem a partir da análise das fontes – os
alunos podem pesquisar e entrevistar alguém;
• Problematizar o presente e buscar o entendimento destas problematizações por
meio do estabelecimento de relações com o passado para que os alunos
compreendam melhor a realidade, desenvolvendo assim o pensamento histórico
– ir além do que os alunos já sabem;
• Leituras, debates, dramatizações, questionamentos e produções escritas;
102. ENCAMINHAMENTOS QUARTO E QUINTO ANO
• A partir destes conteúdos pensar as categorias propostas na página
267 do Currículo;
• Articular com geografia, localizando espacialmente – mapa – os
locais a que os textos se referem;
• Trabalhar com poesias e músicas que “falem” da resistência, luta e
organização dos que lutaram ou lutam pela terra;
•Por que os movimentos pela posse da terra ocorrem?
• O que reivindicam?
•Fazer coletivamente a linha do tempo do município/estado,
iniciando do presente para o passado;
• Trabalhar com reportagens sobre a luta pela terra;
103. HISTÓRIA DO MUNICÍPIO
Na sua opinião o município sempre foi como ele
é hoje?
Que tal voltarmos no tempo e descobrirmos a
história de nosso Município para
compreendermos melhor nosso cotidiano,
nossa História?
Observe as fotos e escreva como o município
era antigamente e como é atualmente:
ANTIGAMENTE ATUALMENTE
104. •Quais materiais estão disponíveis para o trabalho com a história do
município? HISTÓRIA COM ALGUNS PERSONAGENS OU SEUS
DESCENDENTES VIVOS.
•EXISTIAM HABITANTES ANTES DA CHEGADA DAS PRIMEIRAS
FAMÍLIAS DE AGRICULTORES QUE PARA AQUI VIERAM?
•Como se formou o povoado?
•O que faziam os primeiros exploradores?
•Por que vieram para este lugar?
•Quais atividades econômicas se destacaram e se destacam?
•Há monumentos que buscam preservar/representar essa história?
105. Buscando informações...
Converse com familiares sobre:
Mudanças percebidas no município;
Construções (viadutos, passarelas);
Avenidas, estradas;
Calçamento, asfalto;
Praças e parques;
Saneamento básico;
Meios de transporte;
Relações entre moradores;
106. Estabelecer relações entre as
mudanças ocorridas por meio de...
• Depoimento de moradores antigos;
• Fotos antigas e atuais;
• Recortes de jornais, revistas, livros, etc.;
• Documentos históricos.
• REALIZAR EXPOSIÇÃO E CONVIDAR A
COMUNIDADE PARA VISITÁ-LA.
107. Origem das famílias...
•Pesquise a origem de sua família: se seus avós ou bisavós
eram negros, indígenas, portugueses, italianos, alemães,
poloneses etc.
A PARTIR DESSES DADOS PREENCHER TABELAS,
CONSTRUIR GRÁFICOS, TRABALHAR DIFERENÇAS
ÉTNICAS, (I)MIGRAÇÃO;
LOCALIZAR E MARCAR EM MAPAS;
QUAIS ATIVIDADES DE LAZER/COMEMORAÇÕES ESTÃO
REALACIONADAS A ISSO?
108. •Conforme salienta Callai (2002), é
preciso estudar o lugar para entender
o mundo, pois os processos de
produção dos espaços locais estão
inter-relacionados aos espaços
regionais e internacionais.
109. ENTREVISTA
•Pesquise com seus avós, ou outras pessoas
adultas, o motivo pelo qual vieram morar no
município. Você pode seguir o roteiro abaixo:
a) Nome:
b) Idade:
c) Ano em que veio para o município:
d) Motivo pelo qual veio para o município:
e) Profissão e/ou trabalho que exercia na época em que
chegou no município:
f) Local de trabalho:
g) Instrumentos de trabalho:
h) Como era feita a remuneração?
110. i) Qual era o cultivo realizado na época (se
moravam no campo)?
j) Como era organizado o espaço onde
moravam (casas, ruas, comércio...)?
k) Como o (a) senhor (a) vê as mudanças
ocorridas no município? Positivas ou negativas?
l) Quais considera como positivas?
m) Quais são negativas?
111. Discuta com seu colega e responda:
• Além do trabalho assalariado, que outras
formas de pagamento são realizadas no campo?
•O que diferencia o trabalho assalariado do
trabalho autônomo?
•Por que a organização do tempo na cidade e
no campo é diferente?
•Desenhe uma tira (história em quadrinhos) do
cotidiano no campo e na cidade.
112. •Produções sobre a história do município são
geralmente produzidas por órgãos oficiais onde
evidencia-se aquilo que Priori (1999) nos alerta, ou
seja, para o risco de quando se trabalhar com história
local, trabalhar a história tradicional – positivista – a
primeira casa, o primeiro prefeito etc., até porque é
raro encontrar materiais que fujam disso. Ou então,
como nos alerta Dosse (2003), o risco de apenas se
inverter a história deixando de lado mais uma vez as
relações sociais, ou seja, as relações estabelecidas
entre as classes sociais.
113. •Todos abandonaram os tempos extraordinários em
troca da memória do quotidiano das pessoas comuns.
Uma topografia estética nova instala-se, conforme se
fale de uma aldeia, das mulheres, dos imigrantes, dos
marginais... Sobre este campo de investigação novo, a
etnologia interna alimenta-se da crise da noção de
progresso e desabrocha em um “presente imóvel”.
Passamos insensivelmente da grande biografia dos
heróis da história, [...] para as biografias dos heróis
obscuros do quotidiano. (DOSSE, 2003, p. 24).
114. •Os pioneiros são personagens frequentes nos
livros de história local da região. São aqueles
heróis que desbravaram regiões inóspitas e
adversas do território. Espécie de novos
bandeirantes de meados do século XX.
115. •Em 1902, instalou-se, na região Oeste, a Companhia de Madeiras Del Alto
Paraná, empresa inglesa com sede em Buenos Aires - Argentina, adquirindo do
governo do Estado a área de terras denominada Fazenda Britânia, com
aproximadamente 275 mil hectares. Atualmente esta área corresponde aos
municípios de Marechal Cândido Rondon, Quatro Pontes, Entre Rios do Oeste,
Toledo, Nova Santa Rosa e parte do município de Palotina.
•Com os mesmos objetivos das outras obrages já instaladas na região, a
Companhia de Madeiras Del Alto Paraná utilizou-se de mão-de-obra paraguaia
para a exploração de madeira e erva-mate na região Oeste do Paraná. Essa
situação de exploração depredatória persistiu até a década de 1920, quando
eventos como a passagem da "Coluna Prestes [em 1924] e também das Tropas
Federalistas (...) expuseram a situação do Oeste do Paraná à opinião pública"39,
constatando-se a dominação da região por parte de estrangeiros, e que até
então não havia sido tomada nenhuma ação efetiva buscando fomentar a
ocupação através de brasileiros. Após esta constatação, tornou-se imperativo
tomar medidas que coibissem a invasão de estrangeiros e concomitantemente
"nacionalizar" a região.
116. •nóis não tinha terra lá, daí nóis viemo prá cá, nóis,
os treis irmãos e as nossas treis mulheres, tudo
num caminhão com 10 crianças (...) Nóis era
agregado em terras de gente estranha, gente boa,
oito anos nóis trabalhamo lá na granja de arroz (...)
Nóis era em 10 irmãos e meu pai só tinha uma
colônia de terras e com moro, daí nóis tinha que sai
pelo mundo, somos filhos de Deus, e virar-se
sozinho (...) Então nóis saimo de lá porque nóis não
tinha terra, nóis era pobre (...) tinha que arrumá
prá nóis e prá colocá estas crianças. (F.H.)
117. •Os que residiam nas proximidades da cidade
usavam recursos considerados fáceis, baratos e
rápidos: a carroça de boi, o cavalo e, na maioria
das vezes, a bicicleta, pois estes eram os meios de
transporte acessíveis e mais apropriados devido às
péssimas condições em que as estradas se
encontravam. Para os que se fixavam no meio
rural, o único recurso disponível na maioria dos
casos era fazer longas caminhadas a pé, pelo
interior da mata.
118. •É o que pode ser verificado nas afirmações de
Moisés Lupion, então governador do Estado do
Paraná: Bons e maus elementos, atraídos os
primeiros pela fama da fertilidade das terras roxas
paranaenses e, os segundos pela facilidade dos
negócios, deixaram os rincões de origem em São
Paulo e Minas Gerais e vieram juntamente com
muitos aventureiros, apossar-se abruptamente das
melhores terras devolutas do Estado, assentando
benfeitorias provisórias; desordenadamente, a
mais das vezes, em terras já tituladas ou
comprometidas (ROCHA NETO).
119. Tal ocupação regional fundada em bases econômicas em
cima da exploração da mão-de-obra indígena teria feito do
Guairá um espaço de fricção Inter étnica permeado por
conflitos socioeconômicos. Conforme destacado por
Challenberger (1997, p. 20). Os colonos foram
progressivamente se abandonando, através do regime da
encomienda, das terras dos índios e dos próprios índios,
explorando-os no serviço pessoal. Por outro lado os
paulistas projetaram sobre o Guairá os seus interesses
econômicos em função da abundância da mão-de-obra
disponível, que começaram a recrutar e vender para a
agroindústria do litoral brasileiro. [...] Por causa da
resistência dos índios, os colonos e paulistas foram
obrigados a enfrentá-los para salvaguardar os seus
interesses econômicos.
120. Conforme a leitura acima, essa etapa caracterizava-
se pelo extrativismo. Processo esse que se teria
iniciado com a instalação da Companhia de
Madeiras Del Alto Paraná. Tratava-se de uma
empresa inglesa sediada na cidade de Buenos
Aires, a qual adquiriu a área de terras denominada
Fazenda Britânia que atualmente compreende
municípios tais como Marechal Cândido Rondon,
Toledo, Quatro Pontes, Nova Santa Rosa, bem
como área significativa do Município de Palotina.
121. Silva (1988, p. 52-53) expressou com propriedade
sensações de descoberta. Vamos a Santa Catarina,
vamos ao Paraná, vamos ao Oeste. Lá existe terra
sobrando. Lá existem matas ainda virgens à nossa
disposição. Lá existe tudo para recomeçar a vida.
Nós passamos lá. Nós a vimos! Parecia este o
recado da Coluna Prestes.
122. Segundo palavras da autora:
A história de Marechal Cândido Rondon está ligada
ao Projeto de colonização da Firma MARIPÁ. [...]
Willy Barth recebia os novos colonos, mostrava-
lhes as terras, acompanhava-os durante dia e noite,
cantava com eles para expulsar o cansaço, a tristeza
e a saudade. Foi administrador muito seguro e
como colonizador deu exemplo de colonização e
modelo de Reforma Agrária.
123. Acampamento no meio da floresta - Marechal Cândido
Rondon. Fonte: Saatkamp (1985)
124. Olha só p que era da um pulinho até Toledo lá por 1974.
Poucos sabem o que os mais antigos sofreram com as estradas da região
126. Jornal Oeste, periódico de circulação local durante as primeiras
décadas do processo de (re)ocupação do território. [...] região nova
onde população laboriosa, dinâmica, devotada ao trabalho heroico
ao desbravamento da mata virgem, transformando-a em uma das
mais promissoras regiões agrícolas do Estado, faz com que esta
mesma região que até pouco figurava nos nossos mapas ilustrados
como zona selvagem, assinalada por um índio empenachado e uma
onça pintada, cubra-se de cidades vilas, povoados e núcleos
agrícolas. Faz com que, em plena floresta surjam indústrias que
transformam as incalculáveis reservas de essências florestais em
fabulosas fontes de riqueza.
Reportagem comemorativa ao primeiro ano da instalação oficial do
Município de Toledo na data de 14 de dezembro de 1953.
127. Conforme consta no documento:
[...] as colonizadoras em geral, depois de adquiridas
suas terras, tratam de dividi-las em glebas ou lotes
grandes para em seguida vendê-las o mais
depressa possível, [...] Aplicando este sistema teria
a firma colonizadora, em pouco tempo, cumprida a
finalidade. Porém, sendo este um sistema é
contrário a um desenvolvimento social e aos
interesses econômicos de uma Nação; a PINHO E
TERRAS LTDA; achou por bem dividir as glebas que
posteriormente iriam colonizar, em lotes rurais de
mais ou menos 10 alqueires, também chamado
‘colônia.’
128. •Companhia Colonizadora Pinho e Terras - fim de
54, pouca chuva, e estão aparecendo mineiros e
paulistas [...] assim esta colonização que deveria
constar de moradores do Sul e católicos já está se
transformando em uma miscelânea de gente e
religiões. Aqui [...]. tudo nos começos. A igreja e
casa paroquial quase prontas [...] Começou a
invasão de Paulistas. Ainda bem que não são
mamelucos [...].
129. Brecht (1960, p. 3):
Sendo que a PINHO e TERRAS, LTDA; não se dedica
exclusivamente à compra e venda de terras, ela
tinha que assumir a obrigação, perante os
agricultores, de os mesmos não perderem tempo
em fazerem experiências, ao que diz respeito a
agricultura. [...] Outro fator importante era criar
nas sédes um ambiente que atraia os compradores,
como as instalações de hospitais, com médicos,
sempre que era possível; construção de escolas,
mesmo si a firma tivesse que sustentar o
professorado.
130. Percebe-se que o modelo de colonização centrado,
sobretudo, num ethos cultural determinado se articulava, a
valores identitários comuns, eliminando possíveis conflitos
internos a partir da preservação de seus códigos culturais.
Desses, educação, religiosidade e o sentido de comunidade,
tiveram grande atenção. Nos núcleos coloniais, construção
de escolas, igrejas e salões comunitários pelas empresas ou a
sua colaboração foram atitudes significativas para a
manutenção da homogeneidade do grupo. Acrescenta-se a
isso, a manutenção de vínculos com modelos fundiários já
conhecidos pelos migrantes. Assim, atributos tais como,
"Celeiro do Paraná” passam a definir o regional. Para as
empresas envolvidas, estabelecer a (re)ocupação significava
incorporar à nação um território reconhecido como vazio e
ali, estabelecer novas vivências. Para o governo do Paraná,
significava, sobretudo, receber um solo ocupado, produtivo,
mercantilizado, livre dos perigos representados pela
presença maciça de estrangeiros na região.
131. Garantir tal conquista pressupunha, porém estabelecer os
migrantes tão logo adquirissem as suas terras. A
derrubada da mata estimulada pelas empresas realizava-
se a partir de derrubadas da vegetação A mão-de-obra de
baixo custo de tal trabalho, compunha-se de
trabalhadores do norte do país e paraguaios, antigos
mensus trabalhadores das unidades obrageras,
referendadas no capítulo anterior. O trabalho das
serrarias era outro recurso utilizado para a extração das
matas nativas da região. A madeira, por sua vez era
comercializada a preços irrisórios entre o proprietário das
terras desmatadas e donos de serrarias. Esses fatores
proporcionavam não só lucros ao segundos como
também garantiam ao projeto colonizador o sucesso
almejado.
132. Chegamos [...] debaixo de tempestade. Uma surprêsa nos
esperava: o hotel ainda de madeira, [...] tinha cama de verdade,
chuveiro com água quente, [...] Estávamos pois em plena
civilização. Depois do jantar fomos todos ao clube, já rodeados de
gente. [...] são todos jovens, de vinte e poucos anos, sadios,
fortes, bem dispostos. Ë uma comunidade de trabalho invejável.
Projetos, sonhos, aventura, coragem, desprendimento, esperança
- eis o que revelou aqui o melhor colono do Brasil - filho de
alemães ou italianos para fazer nascer vertiginosamente uma
cidade moderna. Muito embora o autor fizesse referências ao
Município de Toledo, localidade sede da Colonizadora Maripá, tal
passagem pode ser estendida, à área colonizada pela empresa
Pinho e Terras LTDA. Expressões "melhor colono", "nova raça"
"civilização," compõem um discurso mais amplo, extensão de
valores como trabalho, coragem e progresso, fazem emergir
elementos distintivos do regional com conotações emotivas
133. Contudo, desqualificar os territórios de origem dos
migrantes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul foi
outro expediente utilizado nas publicidades das
empresas, tal como o anunciado a seguir:
AGRICULTOR,!! [...] ponha fim aos teus sofrimentos de
trabalho no meio das pedras e montanhas, a onde tens
que carregar os gêneros de tua colheita uma Boa parte
nos ombros. [No oeste] não será assim. Porque, a
planície te permitirá de ir com a carroça em qualquer
ponto de tua colônia. É por isso que [...] está
progredindo a passos de gigante. Bem demonstra que,
a 4 anos era uma região inhospita aonde passeavam as
feras.
Cf. panfleto de propaganda de terras elaborado em 1952 pela Colonizadora Maripá,
amplamente distribuído nas localidades de Concórdia no estado de Santa Catarina e
Santa Maria, situada no estado do Rio Grande do sul, dentre outras localidades.
134. Em 25 de Julho de 1969, o periódico A voz do
Oeste (1969, p. 13) destaca: [Pioneiro] ao
preparares a terra [...] fixando civilizações,
derrubando a mata tantas vêzes hostil, invocas a
nossa presença. Estás colaborando com a terra
que te recebe. Estás contribuindo para o seu
engrandecimento, como irás contribuir sempre
com o seu trabalho certo para safras incertas.
135. No final da primeira década do século XX, o Legislativo
paranaense, permanece palco de denúncias, conforme
apontado no informe do Congresso Legislativo do Paraná:
A vasta zona oeste e noroeste paranaense cuja flora
encerra preciosos elementos de riqueza ainda não
explorada, deve merecer nossa atenção no sentido de
valorizar nosso Estado [...] em direção ao Piqueri, há
grande massa de trabalhadores na extração da erva-mate
e madeira, alguns desses trabalhos são feitos legalmente,
mas outros não; está provado que alguns indivíduos
invadem legalmente os terrenos nacionais [...] e
estabelecem grandes empresas extrativas de erva [...]
com prejuízo manifesto para os cofres do Estado.
136. •Segundo constata Nogueira (1920, p. 115), na
ocasião da chegada ao seu destino: "[...] o
pharmaceutico é paraguayo; o médico é espanhol;
o chefe de contabilidade e o do deposito são
allemães. [...] a peonada é paraguaya ou
argentina".
137. Segundo constata Muricy (1896, p. 4):
[...] de Catanduvas em diante o caminho é
horroroso; o solo muito accidentado e o matto
apresenta-se em toda sua pujança, [...] Além disso,
tem-se de atravessar manchas de léguas de
extensão, só de taquerussús, por um verdadeiro
túnel cortado nas enormes touceiras. Caminha-se
horas inteiras; sem se ver uma nesga siquer de céo.
138. Segundo Nogueira (1920, p. 6): [...] entre
Guarapuava a Foz do Iguaçu o percurso era feito
em 72 horas de automóvel. Esse meio de
transporte, entretanto, é no momento caríssimo,
por causa do desgaste material ocasionado pelas
condições ainda imperfeitas daquella via.
Até hoje a viagem, tem sido feita [...] por estrada
de ferro, via Uruguayana, de onde, transposto o
riu Uruguay, continúa, em paso de Los Libres, pela
estrada de ferro argentina até Posadas e dahi, pelo
alto Paraná, até a Foz do Iguassú.
139. Nogueira (1920, p. 114 ) destaca: Em Guaíra: tudo
pertence à Matte Laranjeira. [...] As terras foram
adquiridas por compra de uma antiga concessão
feita pelo Estado do Paraná. [...] A pequena
estrada de ferro que transporta hervas [é] o único
meio de transporte para os famosos saltos das
sete quedas.
140. Wachowics (1987, p. 44) em uma propriedade:
[...] típica de regiões cobertas de matas
subtropicais em território argentino ou paraguaio.
O interesse fundamental de um obragero não era
a colonização em pequena ou média propriedade,
nem o povoamento de suas vastas terras.
Seu objetivo precípuo era a extração de erva-mate
nativa da região, bem como da madeira em toros,
abundante na mata subtropical.
141. Os sertões do Iguassú constituem uma zona inteiramente
diversa, uma espécie de Amazônia, ainda não acabada
para a habitação do Homem. O brasileiro desconhece-a
como si não fora um pedaço do Brasil. E, na verdade é
mais paraguaya e argentina, pois que nem o nosso idioma,
nem o nosso dinheiro, ahi conseguiram chegar. Os poucos
nacionaes que ai aportam, embora de passagem, no
desempenho de um mandato oficia, submetem-se ao meio
que lhes deita o braço de ferro e os converte, pelo menos
aparentemente. Nessa longa faixa de sertões
intermináveis, sob um sól ardente e creado, habita em
certos pontos, uma onda humana, transitória, que chega e
parte, todos os dias, para de novo voltar e de novo partir.
(MARTINEZ, 1925, p. 8 )
142. FOTOGRAFIA 2 - Salto Iguassú
Fonte: Silveira Netto (1939)
Chegamos finalmente. [...] a ampla e tumultuosa
epopéia das águas. Minha expectativa é
ultrapassada impetuosamente. [...] ao colimarmos
os primeiros borbotões das águas. A campina e a
floresta sugerem-nos a visão pictual dos nossos
grandes paisagistas. Nem as sugestões da
poderosa imaginativa de Da vinci [...] seriam
capazes de dar a impressão nítida e suprema
daquele assombroso espetáculo de águas revoltas
rolando em perturbadora atoarda de cataclismos.
Nem a narração, nem a téla, nem a fotografia [...]
dão idéia siquer, da superestesia que nos empolga
ante aqquela febre de movimento e beleza.
Contudo no percurso de tal narrativa há destaque
a ásperas jornadas, distâncias, e abandono. Esses,
dentre outros atributos negativos delegados
aquele espaço, associados a adjetivos positivos,
conforme visto, tiveram importância na
construção do regional, tal como destacado por
Siveira Netto (1939, p 31): “deserto de habitações;
a mata e a solidão em meio de uma flóra
requintada em exuberância e coloridos; e uma
fauna variada e rica [...].”
143. Pelo caminho encontramos turmas de paraguaios. Receamos
errar o caminho e por isso pedimos informações por toda
parte, informações que os são fornecidas, sempre em
hespanhole. Dentre os informantes, encontramos uma
mulher a cavallo, com um pequeno de oito annos. [...] ë um
tipo perfeito de cabocla brasileira, que nos responde em
hespanhol. Duvidamos de sua origem e inquirimo-lo: sorri
mostrando uma fileira de dentes alvos e nos diz com visível
satisfação. - Soy brasileña, senhor gracias a Diós; pero como
me crié entre paraguayos ( MARTINEZ 1925, p. 76 )
Influenciados pelos costumes e linguagem paraguaios, os
habitantes daquele cantinho do Brasil usam um dialeto
eivado de termos absolutamente desconhecidos da nossa
língua. Lá ninguém diz porco, porque êste adiposo
paquiderme é conhecido por ‘chancho’. [E complementa]
Dizem ‘provista’ referindo-se a gêneros alimentícios;
designam barraca por ‘carpa’; menino por ‘muchacho’, facão
por ‘machête’ e outros termos que não registrei.
(FIGUEIREDO, 1937, p. 80).
144. •Os desenhos territoriais paranaenses, assim
referendados, não foram, portanto, um
procedimento fortuito, ao contrário tiveram um
papel central na conceituação e na afirmação de
uma unidade para o território, ingrediente
necessário para a firmação de sua identidade
regional. No ano de 1945, essas terras já haviam se
transformado em estreitas faixas habitadas pelos
brasileiros. Nesse mesmo ano, a extremo-oeste do
território paranaense, eram enraizados esteios da
demarcação de negócios agro-imobiliários que se
propunham conquistar tal sertão do Guairá e
apagar suas cicatrizes.
145. O supracitado Relatório da Secretaria de Obras Públicas e
Colonização do ano de 1895 coloca em relevo preocupações
decorrentes de tal realidade embasado nos argumentos de
Carvalho (1895, p. 47): Na parte norte do Estado [...] já se
iniciou em grande escala o plantio de café que é o produto
agrícola dos mais ricos e remunerados [...] é sabido
igualmente que por falta de estrada entre o lugar de produção
e os nossos centros de consumo o café é transportado ou pelo
Estado do Mato Grosso, pelo rio Paranapanema ou pelo
vizinho Estado de São Paulo [...] resultando disto, prejuízo
considerável aos cofres do Estado não pode receber direitos
nas exportações sobe seus produtos. [...] Dá-se o mesmo na
extensa e riquíssima zona do oeste [...] entre os rios Iguaçu e
Sahy até rio o Paraná facílima via de navegação podem os
produtos naturais e agrícolas escoar-se em procura de
mercados platinos.
146. Cabe destacar que muito embora tais Governos
possuam em comum, projetos modernizadores
para o espaço regional paranaense, durante os
Governos de Moisés Lupion o Paraná foi palco de
inúmeros conflitos querem sejam entre posseiros
e grileiros ou entre brancos e populações
indígenas que foram expulsos de suas terras
tradicionais. O senso comum atribui a esse
governo o atributo de “grileiro”. Veja-se a esse
respeito o romance histórico Os dias do demônio
em que o personagem da trama é uma região
paranaense, palco de poucos conflitos no campo
em que os pobres vencem.
147. Menções de autoria do sertanista Coelho Junior
(1946, p. 169), enfatizam tal constatação. Já ali, o
vale baixo do Iguaçu, se confunde com o do Paraná,
e, desde o povoado de ótima situação topográfica -
Cascavel - notamos fronteira próxima, invadida e
desnacionalizada, pois até os brasileiros, raros na
região, linguajam o Castelhano, pela influência e
absorção dos argentinos e paraguaios. Começou
logo a aparecer dinheiro dos países vizinhos, cuja
influência, nos usos e costumes é preponderante. a
escala da moeda argentina ou paraguaia, a língua
guarani e espanhol.
152. ITAIPU E O OESTE DO PARANÁ
A Usina de Itaipu é responsável pelo
suprimento de energia de 31,6% das
regiões Sul e Sudeste e Centro-Oeste e
por 24,5% do consumo total brasileiro.
153. HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO
DA ITAIPU
O Brasil, nos anos de ditadura militar, implantou-se
um dos projetos de maior impacto na história da
transformação da natureza e da ecologia do planeta.
A usina de Itaipu representou enorme impacto
ambiental, acarretando imensos prejuízos,
principalmente, humanos.
154. OS AGRICULTORES AO LONGO DE TODA A REGIÃO
OESTE QUE TIVERAM SUAS TERRAS ALAGADAS
155. O período compreendido entre 1973 e 1991,
representando os 18 anos de construção da hidrelétrica e
da implantação de Itaipu na região Oeste do Paraná.
156. ITAIPU (BRASIL X PARAGUAI)
O Paraguai foi contra a ideia do projeto do
engenheiro Ferraz, elaborado a pedido do então
presidente do Brasil, João Goulart, em 1962, pois,
conforme o Tratado de Limites, assinado em 1872, o
Rio Paraná pertencia em ―condomínio‖ aos dois
países.
As negociações entre Brasil e Paraguai só tiveram
fim com a assinatura do Tratado de Itaipu, em 26 de
abril de 1973, pelos presidentes do Brasil, Emílio
Garrastazu Médici, e Alfredo Stroessner, do Paraguai
157.
158. O tratado foi aprovado e promulgado no
Brasil, pelo Decreto Legislativo n. 23, de 30
de maio de 1973 e pelo Decreto nº 72.707,
de 28 agosto de 1973, e no Paraguai, pela
Lei nº 389, de 11 julho de 1973, e criava a
empresa de Itaipu Binacional, de natureza
juridicamente internacional.
ITAIPU (BRASIL X PARAGUAI)
159.
160. CONSTRUÇÃO DA HIDRELÉTRICA DE
ITAIPU BINACIONAL
• A construção da Hidrelétrica de Itaipu
Binacional foi iniciada em 1974.
• Afetou diretamente os municípios da região
Oeste do Paraná — Foz do Iguaçu, São
Miguel, Medianeira, Matelândia, Santa
Helena, Marechal Cândido Rondon, Terra
Roxa e Guairá —, pois se fazia necessária a
construção de um reservatório.
161. CONSTRUÇÃO DA HIDRELÉTRICA DE
ITAIPU BINACIONAL
•Uma área de 1.350 quilômetros quadrados ficaria
submersa — 780 km² no Brasil e 570 km² no
Paraguai.
• Os oito municípios deixaram de colher mais de
100 mil toneladas de soja, cerca de 31 mil toneladas
de trigo, quase 34 mil toneladas de milho, cerca de
1.500 toneladas de feijão, mais de 27 mil toneladas
de mandioca, em torno de 1.700 toneladas de arroz
e 24 toneladas de café.
173. PAINEL DO BARRAGEIRO
O painel é o lugar da memória (no caso, a
memória construída a partir da visão dos
vencedores), conservada para ser
contemplada pelo olhar dos milhares de
turistas que cotidianamente visitam Itaipu.
174.
175. • O nome de batismo dificilmente era
utilizado.
• Muitos nunca chegaram a ser
conhecidos pelo nome.
• Ao serem admitidos, passavam a ser
identificados por um número.
176.
177.
178.
179.
180.
181.
182.
183.
184.
185.
186.
187.
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