2. MENSAGEM
O Bandarra
“Sonhava, anónimo e
disperso,
O Império por Deus mesmo
visto,
Confuso como o Universo
E plebeu como Jesus Cristo.
Não foi nem santo nem herói,
Mas Deus sagrou com Seu
sinal
4. Quem foi ?
Gonçalo Annes Bandarra ou ainda,
Gonçalo Anes, o Bandarra foi um
sapateiro e profeta português, autor
de Trovas messiânicas que ficaram
posteriormente ligadas ao
sebastianismo e ao milenarismo
português.
5. O Bandarra
Este sapateiro de
profissão, católico, fervoroso leitor da
Bíblia, numa altura em que o comum dos
mortais a ela não tinha acesso por não se
encontrar traduzida, foi perseguido pela
inquisição e proibido de continuar as suas
leituras da Bíblia. No entanto, importa
introduzir, para quem não se recorda, o
verdadeiro motivo da importância histórica do
Bandarra.
6. Mito
Enquanto mito de raiz popular, apoiado na crença da vinda
de um salvador capaz de resgatar o país da crise e de
catapultá-lo para renovada grandeza, o sebastianismo gera-
se antes mesmo do nascimento de D. Sebastião, com as
trovas messiânicas, da 1º metade do séc. XVI, de Gonçalo
Anes, de alcunha Bandarra.
Estas trovas, escritas pelo sapateiro de
Trancoso, constituíram uma autêntica bíblia do
sebastianismo.
Com a catástrofe de Alcácer Quibir, a morte de D. Sebastião
e a invasão espanhola, as trovas ganharam uma importância
crescente e, num ápice, de condenadas ao
esquecimento, passaram a bíblia nacional. Nelas
encontravam os portugueses o que queriam realmente que
acontecesse. Prometia-se a chegada do «bom rei
encoberto», o predestinado que livraria Portugal da opressão
Castelhana e lhe daria prosperidade, riqueza felicidade.
7. Vida e obra
Era sapateiro de profissão e dedicou-se à
divulgação em verso de profecias de cariz
messiânico.
Tinha um bom conhecimento das escrituras do
Antigo Testamento, do qual fazia as suas
próprias interpretações, tendo composto uma
série de "Trovas" falando sobre a vinda do
Encoberto e o futuro de Portugal como reino
universal. Por causa disso, foi acusado e
processado pela Inquisição de
Lisboa, desconfiada de que suas Trovas
contivessem marcas de Judaísmo.
8. Vida e Obra
Foi inquirido perante o tribunal, condenado a
participar na procissão do auto-de-fé de 1541 e
também a nunca mais interpretar a Bíblia ou
escrever sobre assuntos da teologia.
Apesar da grande aceitação das suas Trovas
entre os cristãos-novos, não se sabe ao certo se
era ou não de ascendência judaica.
Após o julgamento voltou para Trancoso, onde
viria a morrer, provavelmente, em 1556.
9. TROVAS
As Trovas circularam em diversas
cópias manuscritas, apesar da
interdição do Santo Ofício. Em 1603, D.
João de Castro (neto sebastianista do
famoso Vice-Rei da Índia Portuguesa
homónimo) editou-as e comentou-as
numa obra impressa em Paris e
intitulada "Paráfrase e Concordância de
Algumas Profecias de Bandarra".
As Trovas foram interpretadas como
uma profecia ao regresso do Rei D.
Sebastião após o seu desaparecimento
na Batalha de Alcácer-Quibir em Agosto
de 1578.
As Trovas do Bandarra influenciaram o
pensamento sebastianista e messiânico
de D. João de Castro, Padre António
Vieira, de Fernando Pessoa, entre
outros.
10. Resumo sobre Bandarra
Em 1500 nasce em Trancoso.
1530 a 1540: Compõe suas trovas.
1541: Julgado pelo Tribunal do Santo
Ofício, condenado com uma pena leve.
Retorna a Trancoso onde vem a falecer
em 1556. - 1603:
As trovas do Bandarra são impressas
pela primeira vez, em Paris, por obra de
D. João de Castro
1644: As trovas são publicadas por
segunda vez, em Nantes.
1809: As trovas são reeditadas em
Barcelona, por ocasião das Invasões
Francesas.