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FICHA DE ANÁLISE - CRISTÃOS NOVOS E A INQUISIÇÃO BRASILEIRA 
1- ​Cristãos Novos e ritos judaicos: ​Caso da Octagenária Ana Rodrigues 1591 
 
“[...]​Ana Rodrigues, e algumas de suas filhas, acusadas de praticar ritos 
judaicos no engenho da família, em Matoim, recôncavo baiano. Cristã nova 
portuguesa, Ana Rodrigues chegou à Bahia em 1557, com o marido, Heitor 
Antunes, vários filhos e alguns parentes, na mesma nau que trouxe Mem de 
Sá para assumir o Governo Geral do Brasil.[...]. A família Antunes foi uma 
dentre os grupos de cristãos novos que vieram tentar a vida no Brasil nos 
primeiros tempos da colonização. Heitor Antunes já era morto na época da 
visitação do Santo Ofício, o que não impediu que várias pessoas o 
acusassem de ser verdadeiro rabino e de ser o engenho de Matoim uma 
espécie de sinagoga clandestina, ou “esnoga”, como se dizia à época. 
Embora praticamente toda a extensa família Antunes tenha sido denunciada 
e prestado depoimento ao visitador, a mais acusada foi a matriarca Ana 
Rodrigues. Octogenária em 1591, Ana pertencera à primeira geração de 
convertidos à força por D.Manuel, em 1497, e por certo aprendera desde 
criança os ritos judaicos que repetiria por décadas na Bahia. Acusada de 
participar de cerimônias judaicas, de guardar o sábado, de fazer orações 
judaicas, de seguir as interdições alimentares e os ritos funerários do 
judaísmo, Ana Rodrigues, algumas de suas filhas e sobrinhas, foram 
apontadas como judaizantes pelos próprios genros, netos e vizinhos. Diante 
do visitador, a velha Ana admitiu certos erros judaizantes, mas alegou que 
os cometera sem má-fé. Suspeita de ser judaizante, Ana Rodrigues foi 
julgada em Lisboa, para onde foi enviada em 1593. Contando com mais de 
80 anos, voltou a Portugal enjaulada e não chegou a ouvir a sentença que a 
condenou à fogueira. Morreu no cárcere no mesmo ano de 1593 e em 1604 
foi queimada em efígie, teve sua memória amaldiçoada, seus ossos 
desenterrados e queimados. Seu retrato atravessou o Atlântico e foi afixado 
na igreja de Matoim, para conservar viva a infâmia da condenação 
inquisitorial[...]”.​(VAINFAS, R. A Inquisição e o cristão-novo no Brasil Colonial. In: P.R.Pereira. 
(Org.). BRASILIANA DA BIBLIOTECA NACIONAL: GUIA DAS FONTES SOBRE O BRASIL. 1 ed. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 2002, v. 1, p. 143-160.)  
 
 
 
 
 
Apóstata que não conseguiu se livrar da condenação máxima imposta pela Inquisição - A fogueira. 
 
Glossário:​ Engenho:​ ​estabelecimento onde se transforma a cana em açúcar, 
melaço, cachaça.​Cristão novo:​ adepto de outra religião que se converteu à religião 
católica, ​Nau​: barco, ​Sinagoga​: igreja dos judeus, ​Efígie​: boneco, ​retrato, imagem, 
figura de um indivíduo, ​judaizante​: aquele que pratica atos de fé judaica, 
 
Analise a fonte juntamente com a imagem e responda 
as propostas abaixo: 
 
1. Ana Rodrigues era herege ou uma apóstata? Por qual motivo? 
2. O que eram os erros judaizantes apontados? 
3. Quais foram as condenações dela durante o seu julgamento em 
Lisboa? 
 

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