SlideShare uma empresa Scribd logo
ANÁLISE DA MÚSICA CÁLICE

ANALISE DAS METAFORAS DA MUSICA CALICE

“Cálice” uma das músicas mais panfletárias do Chico Buarque, somando-se o fato dele ter
como parceiro a genialidade do Gil, fizeram uma grande obra. A análise é extensa por
conta de que todos os versos vêm imbuídos de metáforas usadas para contar o drama da
tortura no Brasil no período da ditadura militar.
(Pai, afasta de mim esse cálice)
Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância. Boa parte da música faz uma
analogia entre a Paixão de Cristo e o sofrimento vivido pela população aterrorizada com o
regime autoritário. O refrão faz uma alusão à agonia de Jesus no calvário, mas a
ambigüidade da palavra “cálice” em relação ao imperativo “cale-se”, remete à atuação da
censura.
(De vinho tinto de sangue)
O “cálice” é um objeto que contém algo em seu interior. Na Bíblia esse conteúdo é o
sangue de Cristo, na música é o sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.
(Como beber dessa bebida amarga)
A metáfora do verso remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas
eram subjugadas de forma desumana.
(Tragar a dor, engolir a labuta)
Significa a imposição de ter que agüentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro.
“Engolir a labuta” significa ter que aceitar uma condição de trabalho subumana de forma
natural e passiva.
(Mesmo calada a boca, resta o peito)
Os poetas afirmam que mesmo a pessoa tendo a sua liberdade de pronunciar-se
cerceada, ainda lhe resta o seu desejo, escondido e inviolável dentro do seu peito.
(Silêncio na cidade não se escuta)
O silêncio está metaforicamente relacionado à censura, que, desta forma, é entendida
como uma quimera, um absurdo inexistente, porque, na medida em que o silêncio não se
escuta, o silêncio não existe.
(De que me vale ser filho da santa / Melhor seria ser filho da outra)
Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de metáforas para mostrar suas
descrenças naquele regime político e rebaixam a figura da “pátria mãe” à condição inferior
a de uma “prostituta”, termo que fica subentendido na palavra “outra”.
(Outra realidade menos morta)
Seria uma outra realidade, na qual os homens não tivessem sua individualidade e seus
direitos anulados.
(Tanta mentira, tanta força bruta)
O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre econômico” e todos eram
obrigados a aceitar essa realidade como uma verdade absoluta.
(Como é difícil acordar calado / se na calada da noite eu me dano)
O eu-lírico admite a dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime,
principalmente diante das torturas e pressões que eram realizadas à noite. Tudo era tão
reprimido que necessitava ser feito às escondidas, de forma clandestina.
(Quero lançar um grito desumano / que é uma maneira de ser escutado)
Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por vias pacíficas e ordeiras,
uma das possibilidades, por conta de tanto desespero, seria partir para o confronto.
(Esse silêncio todo me atordoa)
Esse verso denuncia os métodos de torturas e repressão, utilizados para conseguir o
silêncio das vítimas, fazendo-as perderem os sentidos.
(Atordoado, eu permaneço atento)
Mesmo atordoado o eu-lírico permanece atento, em estado de alerta para o fim dessa
conjuntura, como se estivesse esperando um espetáculo que estaria por vir.
(Na arquibancada, pra a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa)
Entretanto, o espetáculo pode ser, ironicamente, somente o surgimento de mais um
mecanismo de imposição de poder do regime, representado pelo monstro da lagoa.
(De muito gorda a porca já não anda)
Essa “porca” refere-se ao sistema ditatorial, que, de tão corrupto e ineficiente, já não
funcionava. O porco também é um símbolo da gula, que está entre os sete pecados
capitais, retomando a temática de religiosidade e elementos católicos.
(De muito usada a faca já não corta)
Demonstra inoperância, ou seja, mostra o desgaste de uma ferramenta política utilizada à
exaustão.
(Como é difícil, pai, abrir a porta)
É expresso o apelo para que sejam diminuídas as dificuldades, mas ao mesmo tempo
apresenta a tarefa como sendo muito difícil. A porta representa a saída de um contexto
violento. Biblicamente, sinaliza um novo tempo.
(Essa palavra presa na garganta)
É a dificuldade para encontrar a liberdade, a livre expressão. É o desejo de falar, contar e
descrever a todos a repressão que está sendo imposta.
(Esse pileque homérico no mundo)
Refere-se ao desejo de liberdade contido no peito de cada cidadão dos países vivendo sob
os vários regimes autoritários existentes no mundo.
(De que adianta ter boa vontade)
É um autoquestionamento sobre a ânsia de lutar pela liberdade, uma vez que o mundo
estava ao avesso. Refere-se a uma frase bíblica: “paz na terra aos homens de boa
vontade”.
(Mesmo calado o peito resta a cuca dos bêbados do centro da cidade)
Mesmo sem liberdade o homem não perde a mente e pode continuar pensando.
(Talvez o mundo não seja pequeno nem seja a vida um fato consumado)
A partir deste verso o eu-lírico sugere a possibilidade de a realidade vir a ser diferente,
renovando suas esperanças.
(Quero inventar o meu próprio pecado)
Expressa a vontade de libertar-se da imposição do erro por outros para recriar suas
próprias regras e definir por si só, quais são seus erros, sem que outros o apontem. Tem o
significado de estar fora da lei. O verbo aproxima-se do desejo urgente e real de liberdade.
(Quero morrer do meu próprio veneno)
Neste verso está implícito que ele deseja ser punido pelos erros que ele vier a praticar
seguindo o seu livre-arbítrio, e não, tendo seu desejo cerceado, punido por erros que o
sistema acha que ele poderá vir a cometer.
(Quero perder de vez tua cabeça / minha cabeça perder teu juízo)
Traz a idéia de que o eu-lírico deseja ter seu próprio juízo e não o do poder repressor.
Quer decapitar a cabeça da ditadura e libertar-se do juízo imposto por ela, para ser dono
de suas próprias idéias.
(Quero cheirar fumaça de óleo diesel / me embriagar até que alguém me esqueça)
Para encerrar, Chico e Gil usaram uma imagem forte das táticas de tortura. Para fazer com
que os subjugados perdessem a noção da realidade, dentro da sala os repressores
queimavam óleo diesel, cuja fumaça deixava-os embriagados. Entretanto, os subjugados
também possuíam táticas antitortura, e uma das artimanhas era justamente fingir-se
desmaiado, pois, enquanto nesta condição, não eram molestados pelos torturadores.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

VariaçãO LinguíStica
VariaçãO LinguíSticaVariaçãO LinguíStica
VariaçãO LinguíSticaElza Silveira
 
Indústria Cultural
Indústria CulturalIndústria Cultural
Indústria Cultural
Munis Pedro
 
Oficina de descritores português 9º ano
Oficina de descritores português 9º anoOficina de descritores português 9º ano
Oficina de descritores português 9º ano
ClaudiaAdrianaSouzaS
 
Polissemia
PolissemiaPolissemia
Polissemiawhybells
 
Plano Bimestral de Filosofia 1º, 2º e 3º ano
Plano   Bimestral de Filosofia 1º, 2º e 3º ano Plano   Bimestral de Filosofia 1º, 2º e 3º ano
Plano Bimestral de Filosofia 1º, 2º e 3º ano
Mary Alvarenga
 
Diferença entre tese e argumento
Diferença entre tese e argumentoDiferença entre tese e argumento
Diferença entre tese e argumento
cristina resende
 
Atividade do filme tempos modernos - Prof. Ms. Noe Assunção
Atividade do filme tempos modernos - Prof. Ms. Noe AssunçãoAtividade do filme tempos modernos - Prof. Ms. Noe Assunção
Atividade do filme tempos modernos - Prof. Ms. Noe Assunção
Prof. Noe Assunção
 
Gêneros e tipos textuais
Gêneros e tipos textuaisGêneros e tipos textuais
Gêneros e tipos textuaismarlospg
 
Aula sobre argumentação
Aula sobre argumentaçãoAula sobre argumentação
Aula sobre argumentação
Jamille Rabelo
 
Literatura de cordel
Literatura de cordelLiteratura de cordel
Literatura de cordel
Gracita Fraga
 
Política, poder e Estado
Política, poder e EstadoPolítica, poder e Estado
Política, poder e Estado
Mary Alvarenga
 
Filosofia 8 ano
Filosofia  8 anoFilosofia  8 ano
Filosofia 8 ano
Cecília Tura
 
Aposto e vocativo
Aposto e vocativoAposto e vocativo
Aposto e vocativo
Cynthia Funchal
 
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURAAULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
Marcelo Cordeiro Souza
 
Estrutura do-artigo-de-opinião
Estrutura do-artigo-de-opiniãoEstrutura do-artigo-de-opinião
Estrutura do-artigo-de-opinião
Nastrilhas da lingua portuguesa
 
Linguagem Formal e Informal
Linguagem Formal e InformalLinguagem Formal e Informal
Linguagem Formal e Informal
Kelvin Illitch Santos
 

Mais procurados (20)

VariaçãO LinguíStica
VariaçãO LinguíSticaVariaçãO LinguíStica
VariaçãO LinguíStica
 
Anúncio publicitário (exercícios)
Anúncio publicitário (exercícios)Anúncio publicitário (exercícios)
Anúncio publicitário (exercícios)
 
Indústria Cultural
Indústria CulturalIndústria Cultural
Indústria Cultural
 
Oficina de descritores português 9º ano
Oficina de descritores português 9º anoOficina de descritores português 9º ano
Oficina de descritores português 9º ano
 
Polissemia
PolissemiaPolissemia
Polissemia
 
Plano Bimestral de Filosofia 1º, 2º e 3º ano
Plano   Bimestral de Filosofia 1º, 2º e 3º ano Plano   Bimestral de Filosofia 1º, 2º e 3º ano
Plano Bimestral de Filosofia 1º, 2º e 3º ano
 
Diferença entre tese e argumento
Diferença entre tese e argumentoDiferença entre tese e argumento
Diferença entre tese e argumento
 
Atividade do filme tempos modernos - Prof. Ms. Noe Assunção
Atividade do filme tempos modernos - Prof. Ms. Noe AssunçãoAtividade do filme tempos modernos - Prof. Ms. Noe Assunção
Atividade do filme tempos modernos - Prof. Ms. Noe Assunção
 
Gêneros e tipos textuais
Gêneros e tipos textuaisGêneros e tipos textuais
Gêneros e tipos textuais
 
Aula sobre argumentação
Aula sobre argumentaçãoAula sobre argumentação
Aula sobre argumentação
 
Pronomes
PronomesPronomes
Pronomes
 
Literatura de cordel
Literatura de cordelLiteratura de cordel
Literatura de cordel
 
Política, poder e Estado
Política, poder e EstadoPolítica, poder e Estado
Política, poder e Estado
 
Filosofia 8 ano
Filosofia  8 anoFilosofia  8 ano
Filosofia 8 ano
 
Aposto e vocativo
Aposto e vocativoAposto e vocativo
Aposto e vocativo
 
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURAAULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
AULA 01 - TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO - ESTRUTURA
 
Editorial
EditorialEditorial
Editorial
 
Estrutura do-artigo-de-opinião
Estrutura do-artigo-de-opiniãoEstrutura do-artigo-de-opinião
Estrutura do-artigo-de-opinião
 
Linguagem Formal e Informal
Linguagem Formal e InformalLinguagem Formal e Informal
Linguagem Formal e Informal
 
Oficina de Redação
Oficina de RedaçãoOficina de Redação
Oficina de Redação
 

Destaque

O que é biologia?
O que é biologia?O que é biologia?
O que é biologia?
Wesley Germano Otávio
 
Origem da vida
Origem da vidaOrigem da vida
Origem da vida
Wesley Germano Otávio
 
Cosmologia - o Universo
Cosmologia - o UniversoCosmologia - o Universo
Cosmologia - o Universo
Wesley Germano Otávio
 
Método científico
Método científicoMétodo científico
Método científico
Wesley Germano Otávio
 
Cosmologia - Sistema Solar - Origem do sol e suas características
Cosmologia - Sistema Solar - Origem do sol e suas característicasCosmologia - Sistema Solar - Origem do sol e suas características
Cosmologia - Sistema Solar - Origem do sol e suas características
Wesley Germano Otávio
 
Cosmologia sistema solar - os planetas
Cosmologia   sistema solar - os planetasCosmologia   sistema solar - os planetas
Cosmologia sistema solar - os planetas
Wesley Germano Otávio
 
Caracteristicas básicas dos seres vivos
Caracteristicas básicas dos seres vivosCaracteristicas básicas dos seres vivos
Caracteristicas básicas dos seres vivos
Wesley Germano Otávio
 
Cosmologia - Sistema Solar - Corpos Celestes
Cosmologia - Sistema Solar - Corpos CelestesCosmologia - Sistema Solar - Corpos Celestes
Cosmologia - Sistema Solar - Corpos Celestes
Wesley Germano Otávio
 
Citologia
CitologiaCitologia
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Gabriela Gomes
 

Destaque (10)

O que é biologia?
O que é biologia?O que é biologia?
O que é biologia?
 
Origem da vida
Origem da vidaOrigem da vida
Origem da vida
 
Cosmologia - o Universo
Cosmologia - o UniversoCosmologia - o Universo
Cosmologia - o Universo
 
Método científico
Método científicoMétodo científico
Método científico
 
Cosmologia - Sistema Solar - Origem do sol e suas características
Cosmologia - Sistema Solar - Origem do sol e suas característicasCosmologia - Sistema Solar - Origem do sol e suas características
Cosmologia - Sistema Solar - Origem do sol e suas características
 
Cosmologia sistema solar - os planetas
Cosmologia   sistema solar - os planetasCosmologia   sistema solar - os planetas
Cosmologia sistema solar - os planetas
 
Caracteristicas básicas dos seres vivos
Caracteristicas básicas dos seres vivosCaracteristicas básicas dos seres vivos
Caracteristicas básicas dos seres vivos
 
Cosmologia - Sistema Solar - Corpos Celestes
Cosmologia - Sistema Solar - Corpos CelestesCosmologia - Sistema Solar - Corpos Celestes
Cosmologia - Sistema Solar - Corpos Celestes
 
Citologia
CitologiaCitologia
Citologia
 
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.
 

Semelhante a Língua portuguesa análise da música cálice

Qorpo santo maria cristina souza
Qorpo santo maria cristina souzaQorpo santo maria cristina souza
Qorpo santo maria cristina souzaGladis Maia
 
Crítica revolução da américa do sul de augusto boal
Crítica revolução da américa do sul de augusto boalCrítica revolução da américa do sul de augusto boal
Crítica revolução da américa do sul de augusto boalP.P.F. Simões
 
Prefacio de Marcelo Centenaro
Prefacio de Marcelo CentenaroPrefacio de Marcelo Centenaro
Prefacio de Marcelo Centenaro
GibaCanto
 
Dizjornal129
Dizjornal129Dizjornal129
Dizjornal129
dizjornal jornal
 
Literatura e Fome
Literatura e FomeLiteratura e Fome
Literatura e Fome
Universidade das Quebradas
 
As manifestções em São Paulo
As manifestções em São PauloAs manifestções em São Paulo
As manifestções em São Paulo
Prof. Silvio Alves - Cálculo e Estatistica
 
FRANCO, Fábio Luís. Governar os mortos. Necropoliticas, desaparecimento e sub...
FRANCO, Fábio Luís. Governar os mortos. Necropoliticas, desaparecimento e sub...FRANCO, Fábio Luís. Governar os mortos. Necropoliticas, desaparecimento e sub...
FRANCO, Fábio Luís. Governar os mortos. Necropoliticas, desaparecimento e sub...
Adriana Cristina Adão
 
CÁLICE - Chico Buarque e Gilberto Gil.pdf
CÁLICE - Chico Buarque e Gilberto Gil.pdfCÁLICE - Chico Buarque e Gilberto Gil.pdf
CÁLICE - Chico Buarque e Gilberto Gil.pdf
Nael.Passos
 
Hakim bey taz (zona autonoma temporaria)
Hakim bey   taz (zona autonoma temporaria)Hakim bey   taz (zona autonoma temporaria)
Hakim bey taz (zona autonoma temporaria)
Carol Daemon
 
Karl marx crítica da filosofia do direito de hegel
Karl marx   crítica da filosofia do direito de hegelKarl marx   crítica da filosofia do direito de hegel
Karl marx crítica da filosofia do direito de hegelPraxisfhycs
 
A nova era e a revolução cultural 3ª edição
A nova era e a revolução cultural   3ª ediçãoA nova era e a revolução cultural   3ª edição
A nova era e a revolução cultural 3ª edição
Marco Aurélio S.
 
Este excerto pertence ao romance de orwell 1984
Este excerto pertence ao romance de orwell 1984Este excerto pertence ao romance de orwell 1984
Este excerto pertence ao romance de orwell 1984
BLACKDUCK Company
 
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
MAURILIO LUIELE
 
Verdade inesperada 1
Verdade inesperada 1Verdade inesperada 1
Verdade inesperada 1VideoNewEye
 
Ensaio sobre o suicídio uma reflexão sobre a vida
Ensaio sobre o suicídio   uma reflexão sobre a vidaEnsaio sobre o suicídio   uma reflexão sobre a vida
Ensaio sobre o suicídio uma reflexão sobre a vida
catarina spagnol
 
O Imbecil Coletivo - Olavo de Carvalho.pdf
O Imbecil Coletivo - Olavo de Carvalho.pdfO Imbecil Coletivo - Olavo de Carvalho.pdf
O Imbecil Coletivo - Olavo de Carvalho.pdf
MarcusMendes21
 
Distopia trabalho luiz eduardo.pptx
Distopia trabalho luiz eduardo.pptxDistopia trabalho luiz eduardo.pptx
Distopia trabalho luiz eduardo.pptx
LuizEduardoPereiraDo
 

Semelhante a Língua portuguesa análise da música cálice (20)

Qorpo santo maria cristina souza
Qorpo santo maria cristina souzaQorpo santo maria cristina souza
Qorpo santo maria cristina souza
 
Crítica revolução da américa do sul de augusto boal
Crítica revolução da américa do sul de augusto boalCrítica revolução da américa do sul de augusto boal
Crítica revolução da américa do sul de augusto boal
 
Prefacio de Marcelo Centenaro
Prefacio de Marcelo CentenaroPrefacio de Marcelo Centenaro
Prefacio de Marcelo Centenaro
 
Dizjornal129
Dizjornal129Dizjornal129
Dizjornal129
 
Literatura e Fome
Literatura e FomeLiteratura e Fome
Literatura e Fome
 
As manifestções em São Paulo
As manifestções em São PauloAs manifestções em São Paulo
As manifestções em São Paulo
 
Ss olavo de-carvalho-nova-era
Ss   olavo de-carvalho-nova-eraSs   olavo de-carvalho-nova-era
Ss olavo de-carvalho-nova-era
 
FRANCO, Fábio Luís. Governar os mortos. Necropoliticas, desaparecimento e sub...
FRANCO, Fábio Luís. Governar os mortos. Necropoliticas, desaparecimento e sub...FRANCO, Fábio Luís. Governar os mortos. Necropoliticas, desaparecimento e sub...
FRANCO, Fábio Luís. Governar os mortos. Necropoliticas, desaparecimento e sub...
 
CÁLICE - Chico Buarque e Gilberto Gil.pdf
CÁLICE - Chico Buarque e Gilberto Gil.pdfCÁLICE - Chico Buarque e Gilberto Gil.pdf
CÁLICE - Chico Buarque e Gilberto Gil.pdf
 
Slide do seminário de filosofia
Slide do seminário de filosofiaSlide do seminário de filosofia
Slide do seminário de filosofia
 
Hakim bey taz (zona autonoma temporaria)
Hakim bey   taz (zona autonoma temporaria)Hakim bey   taz (zona autonoma temporaria)
Hakim bey taz (zona autonoma temporaria)
 
Karl marx crítica da filosofia do direito de hegel
Karl marx   crítica da filosofia do direito de hegelKarl marx   crítica da filosofia do direito de hegel
Karl marx crítica da filosofia do direito de hegel
 
A nova era e a revolução cultural 3ª edição
A nova era e a revolução cultural   3ª ediçãoA nova era e a revolução cultural   3ª edição
A nova era e a revolução cultural 3ª edição
 
Este excerto pertence ao romance de orwell 1984
Este excerto pertence ao romance de orwell 1984Este excerto pertence ao romance de orwell 1984
Este excerto pertence ao romance de orwell 1984
 
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
 
Fluzz pilulas 43
Fluzz pilulas 43Fluzz pilulas 43
Fluzz pilulas 43
 
Verdade inesperada 1
Verdade inesperada 1Verdade inesperada 1
Verdade inesperada 1
 
Ensaio sobre o suicídio uma reflexão sobre a vida
Ensaio sobre o suicídio   uma reflexão sobre a vidaEnsaio sobre o suicídio   uma reflexão sobre a vida
Ensaio sobre o suicídio uma reflexão sobre a vida
 
O Imbecil Coletivo - Olavo de Carvalho.pdf
O Imbecil Coletivo - Olavo de Carvalho.pdfO Imbecil Coletivo - Olavo de Carvalho.pdf
O Imbecil Coletivo - Olavo de Carvalho.pdf
 
Distopia trabalho luiz eduardo.pptx
Distopia trabalho luiz eduardo.pptxDistopia trabalho luiz eduardo.pptx
Distopia trabalho luiz eduardo.pptx
 

Mais de Wesley Germano Otávio

Zoologia de vertebrados (cordados) - professor wesley
Zoologia de vertebrados (cordados) - professor wesleyZoologia de vertebrados (cordados) - professor wesley
Zoologia de vertebrados (cordados) - professor wesley
Wesley Germano Otávio
 
Revisão Zoologia - Professor Wesley
Revisão Zoologia - Professor WesleyRevisão Zoologia - Professor Wesley
Revisão Zoologia - Professor Wesley
Wesley Germano Otávio
 
Ascaridíase
AscaridíaseAscaridíase
Criminalização da sobrevivência
Criminalização da sobrevivênciaCriminalização da sobrevivência
Criminalização da sobrevivência
Wesley Germano Otávio
 
Energia solar
Energia solarEnergia solar
Energia solar
Wesley Germano Otávio
 
Musica popular brasileira - MPB
Musica popular brasileira - MPBMusica popular brasileira - MPB
Musica popular brasileira - MPB
Wesley Germano Otávio
 
Mario quintana
Mario quintanaMario quintana
Mario quintana
Wesley Germano Otávio
 
Risco de acidentes
Risco de acidentesRisco de acidentes
Risco de acidentes
Wesley Germano Otávio
 
Raios uso de tecnologia evita mortes e prejuízos
Raios   uso de tecnologia evita mortes e prejuízosRaios   uso de tecnologia evita mortes e prejuízos
Raios uso de tecnologia evita mortes e prejuízos
Wesley Germano Otávio
 
Jogo x Esporte
Jogo x EsporteJogo x Esporte
Jogo x Esporte
Wesley Germano Otávio
 
Teorias evolucionistas
Teorias evolucionistasTeorias evolucionistas
Teorias evolucionistas
Wesley Germano Otávio
 
Musica contemporanea anos 80
Musica contemporanea anos 80Musica contemporanea anos 80
Musica contemporanea anos 80
Wesley Germano Otávio
 
Tratamento de água e esgoto
Tratamento de água e esgotoTratamento de água e esgoto
Tratamento de água e esgoto
Wesley Germano Otávio
 
Ciclo da água
Ciclo da águaCiclo da água
Ciclo da água
Wesley Germano Otávio
 
Plano cartesiano
Plano cartesianoPlano cartesiano
Plano cartesiano
Wesley Germano Otávio
 
A poluição do ar
A poluição do arA poluição do ar
A poluição do ar
Wesley Germano Otávio
 
O que é a dengue?
O que é a dengue?O que é a dengue?
O que é a dengue?
Wesley Germano Otávio
 
10 maneiras de como se tornar um bom designer
10 maneiras de como se tornar um bom designer10 maneiras de como se tornar um bom designer
10 maneiras de como se tornar um bom designer
Wesley Germano Otávio
 

Mais de Wesley Germano Otávio (20)

Zoologia de vertebrados (cordados) - professor wesley
Zoologia de vertebrados (cordados) - professor wesleyZoologia de vertebrados (cordados) - professor wesley
Zoologia de vertebrados (cordados) - professor wesley
 
Revisão Zoologia - Professor Wesley
Revisão Zoologia - Professor WesleyRevisão Zoologia - Professor Wesley
Revisão Zoologia - Professor Wesley
 
Ascaridíase
AscaridíaseAscaridíase
Ascaridíase
 
Criminalização da sobrevivência
Criminalização da sobrevivênciaCriminalização da sobrevivência
Criminalização da sobrevivência
 
Energia solar
Energia solarEnergia solar
Energia solar
 
Musica popular brasileira - MPB
Musica popular brasileira - MPBMusica popular brasileira - MPB
Musica popular brasileira - MPB
 
Mario quintana
Mario quintanaMario quintana
Mario quintana
 
Risco de acidentes
Risco de acidentesRisco de acidentes
Risco de acidentes
 
Clonagem
ClonagemClonagem
Clonagem
 
Raios uso de tecnologia evita mortes e prejuízos
Raios   uso de tecnologia evita mortes e prejuízosRaios   uso de tecnologia evita mortes e prejuízos
Raios uso de tecnologia evita mortes e prejuízos
 
Jogo x Esporte
Jogo x EsporteJogo x Esporte
Jogo x Esporte
 
Teorias evolucionistas
Teorias evolucionistasTeorias evolucionistas
Teorias evolucionistas
 
Musica contemporanea anos 80
Musica contemporanea anos 80Musica contemporanea anos 80
Musica contemporanea anos 80
 
Tratamento de água e esgoto
Tratamento de água e esgotoTratamento de água e esgoto
Tratamento de água e esgoto
 
Ciclo da água
Ciclo da águaCiclo da água
Ciclo da água
 
Plano cartesiano
Plano cartesianoPlano cartesiano
Plano cartesiano
 
A poluição do ar
A poluição do arA poluição do ar
A poluição do ar
 
O que é a dengue?
O que é a dengue?O que é a dengue?
O que é a dengue?
 
Moluscos
MoluscosMoluscos
Moluscos
 
10 maneiras de como se tornar um bom designer
10 maneiras de como se tornar um bom designer10 maneiras de como se tornar um bom designer
10 maneiras de como se tornar um bom designer
 

Último

Apresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao AssédioApresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao Assédio
ifbauab
 
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
RafaelNeves651350
 
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manualUFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
Manuais Formação
 
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e LamarckEvolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
luanakranz
 
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptxRoteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
pamellaaraujo10
 
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptxMÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
Martin M Flynn
 
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Centro Jacques Delors
 
Conteúdo sobre a formação e expansão persa
Conteúdo sobre a formação e expansão persaConteúdo sobre a formação e expansão persa
Conteúdo sobre a formação e expansão persa
felipescherner
 
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptxSlides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdfcurso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
LeandroTelesRocha2
 
Caderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
Caderno de Estudo Orientado para Ensino MédioCaderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
Caderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
rafaeloliveirafelici
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
IsabelPereira2010
 
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptxCIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
MariaSantos298247
 
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTESMAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
estermidiasaldanhada
 
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptxDIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
cleanelima11
 
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados NacionaisAmérica Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
Valéria Shoujofan
 
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividadeAproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
Ligia Galvão
 
proposta curricular ou plano de cursode lingua portuguesa eja anos finais ( ...
proposta curricular  ou plano de cursode lingua portuguesa eja anos finais ( ...proposta curricular  ou plano de cursode lingua portuguesa eja anos finais ( ...
proposta curricular ou plano de cursode lingua portuguesa eja anos finais ( ...
Escola Municipal Jesus Cristo
 
PowerPoint Folha de cálculo Excel 5 e 6 anos do ensino básico
PowerPoint Folha de cálculo Excel 5 e 6 anos do ensino básicoPowerPoint Folha de cálculo Excel 5 e 6 anos do ensino básico
PowerPoint Folha de cálculo Excel 5 e 6 anos do ensino básico
Pereira801
 
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ISequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Letras Mágicas
 

Último (20)

Apresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao AssédioApresentação Formação em Prevenção ao Assédio
Apresentação Formação em Prevenção ao Assédio
 
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
 
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manualUFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
 
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e LamarckEvolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
 
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptxRoteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
 
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptxMÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
 
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
 
Conteúdo sobre a formação e expansão persa
Conteúdo sobre a formação e expansão persaConteúdo sobre a formação e expansão persa
Conteúdo sobre a formação e expansão persa
 
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptxSlides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
 
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdfcurso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
 
Caderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
Caderno de Estudo Orientado para Ensino MédioCaderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
Caderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
 
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptxCIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptx
 
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTESMAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
 
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptxDIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
 
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados NacionaisAmérica Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
América Latina: Da Independência à Consolidação dos Estados Nacionais
 
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividadeAproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
Aproveitando as ferramentas do Tableau para criatividade e produtividade
 
proposta curricular ou plano de cursode lingua portuguesa eja anos finais ( ...
proposta curricular  ou plano de cursode lingua portuguesa eja anos finais ( ...proposta curricular  ou plano de cursode lingua portuguesa eja anos finais ( ...
proposta curricular ou plano de cursode lingua portuguesa eja anos finais ( ...
 
PowerPoint Folha de cálculo Excel 5 e 6 anos do ensino básico
PowerPoint Folha de cálculo Excel 5 e 6 anos do ensino básicoPowerPoint Folha de cálculo Excel 5 e 6 anos do ensino básico
PowerPoint Folha de cálculo Excel 5 e 6 anos do ensino básico
 
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ISequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
 

Língua portuguesa análise da música cálice

  • 1. ANÁLISE DA MÚSICA CÁLICE ANALISE DAS METAFORAS DA MUSICA CALICE “Cálice” uma das músicas mais panfletárias do Chico Buarque, somando-se o fato dele ter como parceiro a genialidade do Gil, fizeram uma grande obra. A análise é extensa por conta de que todos os versos vêm imbuídos de metáforas usadas para contar o drama da tortura no Brasil no período da ditadura militar. (Pai, afasta de mim esse cálice) Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância. Boa parte da música faz uma analogia entre a Paixão de Cristo e o sofrimento vivido pela população aterrorizada com o regime autoritário. O refrão faz uma alusão à agonia de Jesus no calvário, mas a ambigüidade da palavra “cálice” em relação ao imperativo “cale-se”, remete à atuação da censura. (De vinho tinto de sangue) O “cálice” é um objeto que contém algo em seu interior. Na Bíblia esse conteúdo é o sangue de Cristo, na música é o sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas. (Como beber dessa bebida amarga) A metáfora do verso remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas eram subjugadas de forma desumana. (Tragar a dor, engolir a labuta) Significa a imposição de ter que agüentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro. “Engolir a labuta” significa ter que aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e passiva. (Mesmo calada a boca, resta o peito) Os poetas afirmam que mesmo a pessoa tendo a sua liberdade de pronunciar-se cerceada, ainda lhe resta o seu desejo, escondido e inviolável dentro do seu peito. (Silêncio na cidade não se escuta) O silêncio está metaforicamente relacionado à censura, que, desta forma, é entendida como uma quimera, um absurdo inexistente, porque, na medida em que o silêncio não se escuta, o silêncio não existe. (De que me vale ser filho da santa / Melhor seria ser filho da outra) Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de metáforas para mostrar suas descrenças naquele regime político e rebaixam a figura da “pátria mãe” à condição inferior a de uma “prostituta”, termo que fica subentendido na palavra “outra”. (Outra realidade menos morta) Seria uma outra realidade, na qual os homens não tivessem sua individualidade e seus direitos anulados. (Tanta mentira, tanta força bruta) O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre econômico” e todos eram obrigados a aceitar essa realidade como uma verdade absoluta. (Como é difícil acordar calado / se na calada da noite eu me dano) O eu-lírico admite a dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime, principalmente diante das torturas e pressões que eram realizadas à noite. Tudo era tão reprimido que necessitava ser feito às escondidas, de forma clandestina.
  • 2. (Quero lançar um grito desumano / que é uma maneira de ser escutado) Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por vias pacíficas e ordeiras, uma das possibilidades, por conta de tanto desespero, seria partir para o confronto. (Esse silêncio todo me atordoa) Esse verso denuncia os métodos de torturas e repressão, utilizados para conseguir o silêncio das vítimas, fazendo-as perderem os sentidos. (Atordoado, eu permaneço atento) Mesmo atordoado o eu-lírico permanece atento, em estado de alerta para o fim dessa conjuntura, como se estivesse esperando um espetáculo que estaria por vir. (Na arquibancada, pra a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa) Entretanto, o espetáculo pode ser, ironicamente, somente o surgimento de mais um mecanismo de imposição de poder do regime, representado pelo monstro da lagoa. (De muito gorda a porca já não anda) Essa “porca” refere-se ao sistema ditatorial, que, de tão corrupto e ineficiente, já não funcionava. O porco também é um símbolo da gula, que está entre os sete pecados capitais, retomando a temática de religiosidade e elementos católicos. (De muito usada a faca já não corta) Demonstra inoperância, ou seja, mostra o desgaste de uma ferramenta política utilizada à exaustão. (Como é difícil, pai, abrir a porta) É expresso o apelo para que sejam diminuídas as dificuldades, mas ao mesmo tempo apresenta a tarefa como sendo muito difícil. A porta representa a saída de um contexto violento. Biblicamente, sinaliza um novo tempo. (Essa palavra presa na garganta) É a dificuldade para encontrar a liberdade, a livre expressão. É o desejo de falar, contar e descrever a todos a repressão que está sendo imposta. (Esse pileque homérico no mundo) Refere-se ao desejo de liberdade contido no peito de cada cidadão dos países vivendo sob os vários regimes autoritários existentes no mundo. (De que adianta ter boa vontade) É um autoquestionamento sobre a ânsia de lutar pela liberdade, uma vez que o mundo estava ao avesso. Refere-se a uma frase bíblica: “paz na terra aos homens de boa vontade”. (Mesmo calado o peito resta a cuca dos bêbados do centro da cidade) Mesmo sem liberdade o homem não perde a mente e pode continuar pensando. (Talvez o mundo não seja pequeno nem seja a vida um fato consumado) A partir deste verso o eu-lírico sugere a possibilidade de a realidade vir a ser diferente, renovando suas esperanças. (Quero inventar o meu próprio pecado) Expressa a vontade de libertar-se da imposição do erro por outros para recriar suas próprias regras e definir por si só, quais são seus erros, sem que outros o apontem. Tem o significado de estar fora da lei. O verbo aproxima-se do desejo urgente e real de liberdade. (Quero morrer do meu próprio veneno) Neste verso está implícito que ele deseja ser punido pelos erros que ele vier a praticar
  • 3. seguindo o seu livre-arbítrio, e não, tendo seu desejo cerceado, punido por erros que o sistema acha que ele poderá vir a cometer. (Quero perder de vez tua cabeça / minha cabeça perder teu juízo) Traz a idéia de que o eu-lírico deseja ter seu próprio juízo e não o do poder repressor. Quer decapitar a cabeça da ditadura e libertar-se do juízo imposto por ela, para ser dono de suas próprias idéias. (Quero cheirar fumaça de óleo diesel / me embriagar até que alguém me esqueça) Para encerrar, Chico e Gil usaram uma imagem forte das táticas de tortura. Para fazer com que os subjugados perdessem a noção da realidade, dentro da sala os repressores queimavam óleo diesel, cuja fumaça deixava-os embriagados. Entretanto, os subjugados também possuíam táticas antitortura, e uma das artimanhas era justamente fingir-se desmaiado, pois, enquanto nesta condição, não eram molestados pelos torturadores.