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DOMA RACIONAL
AA C O N Q U I S T A D E F I N I T I V A
Por LEONARDO FEITOSA
AVISO
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Aviso legal de Direitos Autorais:
É proibida a distribuição e a reprodução, total ou parcial deste livro,
sem a autorização do autor da obra.
Se tiver alguma dúvida, por favor, entre em contato através do e-mail:
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Sobre
Leonardo Feitosa.
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Quando criança, nunca brinquei de carrinho. Nunca tive e nem gostava de jogos
eletrônicos. Minha diversão era brincar de fazenda. Segundo minha mãe, desde os meus 5
anos já dizia que queria “cuidar de bicho” e ser veterinário.
A partir dos 12 anos, juntamente com meu irmão, comecei a aprender a domar e casquear
nossos próprios potros. Em 1989, entrei no Colégio Agrícola na cidade de Campos dos
Goytacazes, Rio de Janeiro, me formando no final de 1991.
Do colégio Agrícola para Veterinário do Exército. Em 1993, apoiado por minha mãe, ingressei na Faculdade de
Medicina Veterinária de Itaboraí, Rio de Janeiro, tendo colado grau em 1997. Ainda na Faculdade, tive a oportunidade
de estagiar no Exército. Isso me valeu a oportunidade de realizar todo o meu estágio supervisionado no regimento da
Escola de Cavalaria do Exército - Regimento André de Neves, Rio de Janeiro. Em 1998, concluí mais essa etapa. No
ano de 1999, já era um Oficial do Exército, “Aspirante Feitosa”. Depois me tornei Tenente e fiquei no Exército até o ano
de 2000. Lá trabalhei na área Clínica, e chefiei o Setor de Ferradoria, pois gostava muito de Podologia Equina.
Chegar até aqui não foi fácil
No ano de 2001, ao fazer um estágio em São Paulo, tive a oportunidade de trabalhar como Assistente de Treinador. A
partir daí, as coisas foram acontecendo. Fiz Curso de Juiz na ABQM – Associação Brasileira de Criadores do Cavalo
Quarto de Milha, e na ANCR – Associação Nacional do Cavalo de Rédeas.
No Rancho On Top, passei a trabalhar para o Kenny. Nesse local aprendi muito e aperfeiçoei minhas técnicas de
treinamento, tambor, apartação e doma. Foi um grande aprendizado.
Em 2004, após ser convidado para ministrar uma palestra no SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural,
acabei sendo contrato como Instrutor para atuar no SENAR/SP, onde exerço a função até os dias de hoje.
Em 2005, conheci Oscar Scarpati, detentor da Técnica de Doma Índia. Acompanhei-o em alguns cursos aqui no
Brasil. Em outros, atuei como seu auxiliar e também tive a oportunidade de organizar alguns de seus cursos. Foi uma
experiência incrível. A base da doma índia que trago comigo é fruto da experiência que obtive com o Oscar.
Sempre estudei muito, mas os meus maiores professores foram os cavalos. O SENAR representou o laboratório onde
coloquei em prática tudo aquilo que aprendia em cursos. Pois toda semana tinha a oportunidade de domar 10 a 15
cavalos. Também passei a ministrar cursos de rédeas e fui me aperfeiçoando nesse segmento.
Quando se tem paixão pelo o que faz, tudo acaba dando certo. Costumo dizer que eu não trabalho, eu me divirto.
introdução
Este curso foi desenvolvido seguindo exatamente as técnicas que emprego
no meu curso presencial. É claro que nada vai substituir a prática, a
experiência vivenciada em um curso ministrado ao vivo, mas sem dúvidas,
auxiliará e muito àqueles que estão iniciando ou já possuem certa
experiência com a doma racional.
Tenho visto muitas informações dispersas na internet a respeito do assunto,
algumas delas boas e outras nem tanto, mas nenhum material demonstra de
forma sequencial a verdadeira arte que envolve a doma racional. Digo arte,
porque as técnicas que passarei a vocês foram por mim adquiridas ao longo
de muitos anos de trabalho, e buscadas inclusive com profissionais de
renome no exterior, aos quais considero verdadeiros artistas.
Acredito que através de meus conhecimentos posso transformar as
pessoas, e fazê-las mais conscientes sobre a forma correta de cuidar e
fazer um bom cavalo.
O meu método de doma não consiste no emprego de violência, mas sim no
uso da inteligência, da observação atenta a cada reação do animal que está
sendo trabalhado. Saber interpretar a linguagem animal, conhecer os seus
medos é essencial para passo a passo conquistar sua confiança e
aproximação. Esse trabalho inicial de doma, se corretamente
desempenhado, facilitará e muito as etapas seguintes, seja lá qual for à
atividade que se pretenda inserir seu cavalo.
Não medirei esforços para esclarecer todas as dúvidas dos alunos
participantes, mas advirto que não há aprendizado sem prática. Isso quer
dizer que se você realmente quer aprender as técnicas de doma, como
centenas de alunos aos quais tive o prazer de repassar meus
conhecimentos, você terá que PRATICAR. Para isso, é essencial que você
disponha de um espaço apropriado, mais precisamente um redondel; dos
equipamentos necessários, que serão citados no transcorrer do curso, e por
fim, o mais importante deles, o cavalo ou potro a ser domado.
Com relação ao animal a ser utilizado na doma, deve gozar de boa saúde,
estar forte e possuir no mínimo dois anos de idade, pois a doma prematura
pode comprometer a saúde músculo esquelética do animal, causando-lhe
lesões.
Lembrando que para iniciantes em doma, ao contrário do que muitos
pensam, deve-se dar preferência aos animais “xucros”, ou seja, aqueles que
nunca foram trabalhados, e por isso não possuem traumas. E quando já
dominante das técnicas por mim ensinadas, aí sim poderá o praticante
iniciar a doma de um animal que apresente um nível maior de dificuldade.
Costumo falar que um cavalo pode ser uma folha branca e você pode ser o
primeiro a escrever a história nessa folha. Mas se a folha já foi rabiscada,
você pode apagar e reescrever uma nova história, mas por mais que você
tente apagar, ainda ficaram marcas.
Mas acredito que tudo é possível, desde que seja feito com o coração e
energia positiva.
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Testando o conhecimento
Antes de você começar essa aula sobre a natureza e a psicologia dos cavalos, conhecer a razão de
algumas reações, a maneira em que vivem e se comportam em uma manada, eu gostaria que primeiro
você respondesse a um questionário, cujo objetivo é testar o seu conhecimento e o seu nível de
consciência. Isso será útil para você avaliar sua evolução no decorrer do curso.
Então pegue um caderno e anote as suas respostas. Não se preocupe, essa avaliação não vale
nenhuma nota, é apenas um desafio para testar seus conhecimentos.
Se por acaso você já tenha assistido a aula teórica, não tem problema, responda assim mesmo, o
reforço escrito aumenta a absorção do conhecimento.
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Teste seus conhecimentos.
1. Em uma manada de cavalos quem é o líder?
2. Qual é o pior castigo para um cavalo?
3. Qual é a melhor recompensa para um cavalo?
4. Qual é a principal defesa de um cavalo?
5. Por quê a maioria das éguas dão a luz à noite?
6. Por quê os cavalos são seres dispersos?
7. Quais são as zonas de pressão que um cavalo reage a um possível predador e como funciona?
8. Quais são os sinais de aceitação de um cavalo? E a sequência ao decorrer da aproximação?
9. Você considera comida como uma forma de recompensa para o cavalo e por quê?
10. Por que se deve iniciar uma sessão de treinamento com algo positivo?
11. Em uma fuga até quantos metros um cavalo para e analisa o perigo?
12. Por que se deve evitar o bridão no primeiro momento da iniciação?
13. O que é mais fácil de domar um leão ou um tigre? E qual a relação dessa resposta com o
cavalo?
14. O que você entende por reforço positivo e reforço negativo?
15. Até por quanto tempo se pode dar reforços positivos e negativos? E qual o tempo ideal para
isso?
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16. Qual a diferença entre hierarquia, dominância, confiança e chefia?
17. Por quê se deve saber do histórico do cavalo antes da doma?
18. Qual é o código de ética dos cavalos?
19. O que você entende por cavalo de sangue quente, morno e frio.
20. Comente um pouco sobre os sentidos do cavalo: olfato, tato, visão e audição.
21. O resultado final será acordo ou conflito? Resolva a questão abaixo.
Acordo + acordo =
Conflito + conflito =
Conflito + acordo =
22. Por quê se diz que só se deve montar um cavalo pela esquerda?
23. O que é pensamento associativo dos cavalos?
24. O que você entende pela frase: “o cavalo o julgara pelo o que você faz, não pelo o que você é”.
25. Comente a frase: “ensine com exemplo, controle sua adrenalina”.
26. Disciplina versus abuso: comente sobre isso.
27. Comente sobre a frase: “é tudo uma questão de escolha”.
28. O que você entende por síndrome de entrar na pressão?
29. É possível que uma informação passe de um hemisfério para outro no cérebro de um cavalo? E
como isso pode influenciar no modo de lidar com ele?
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Natureza e psicologia animal
Natureza e psicologia animal
É importante que a gente aprenda um pouco da psicologia que envolve o comportamento e a
natureza dos cavalos em geral.
Esse tipo de conhecimento vai se tornar nosso aliado para entender por exemplo, o que acontece
com um cavalo quando ele se encontra dentro de um redondel, pista, curral, etc. Eles têm uma
linguagem corporal única, que se apresenta em todo e qualquer cavalo, sendo que em alguns
mais, e em outros menos, mas esses sinais sempre estarão lá.
Para se alcançar um bom resultado na doma, eu costumo falar que precisamos conquistar os três
pilares fundamentais, que são:
Confiança Lealdade Trabalho em grupo
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Nessa primeira etapa, temos como missão ganhar a
confiança do cavalo, pois sem confiança não chegaremos a
lugar nenhum.
Líder
Normalmente, quando eu pergunto quem é um líder em uma manada, a maioria responde que é o
“garanhão”. Isso não é verdade. O garanhão é o protetor, o cavalo mais forte da manada.
O líder é sempre a matriarca, que é a égua mais velha. Por estar mais tempo na manada, é o animal
mais sábio do grupo. Ensina os mais jovens, por exemplo, onde encontrar água e alimento.
Então, quando pensarmos em agir como um cavalo para ganhar a confiança de outro animal, que seja
como a matriarca, a líder, e nunca como um “garanhão”.
Castigo e Recompensa.
O maior castigo para um cavalo é o trabalho. O cavalo é um ser preservador de energia. Na
natureza ele é uma presa e não um predador. Por ter um estômago pequeno e um intestino muito
grande esse animal passa o dia inteiro pastando. Ele não é capaz de guardar energia como o leão,
por exemplo, que come e fica um ou dois dias só deitado fazendo a digestão.
O cavalo sabe que se ele gastar energia sem necessidade, vai fazer falta em uma situação de fuga.
E o que isso está relacionado à doma?
Como o castigo para o cavalo é o trabalho, a sua recompensa será o descanso. E na doma
aplicaremos o castigo como um reforço negativo, quando ele não fizer determinada coisa certa ou
estiver se negando a obedecer. Esse castigo não está ligado a nenhum mau trato ou violência, apenas
faremos, por exemplo, esse cavalo galopar até corrigir seu erro.
Natureza e psicologia animal
ERRO COMUM
É comum e errado as pessoas darem descanso ao cavalo no momento em que ele resistiu a um
comando ou errou uma manobra. Os cavalos aprendem por repetição. Isso quer dizer que enquanto
não corrigidos irão reagir do mesmo modo acreditando que com isso terão o descanso. Um exemplo
clássico desse erro ocorre quando por um motivo ou outro um cavalo vem a empinar. E o cavaleiro
sem experiência ou por medo desistiu de dominá-lo. Pode ter certeza que esse animal vai empinar
novamente quando exposto a mesma situação que o levou a se rebelar na primeira vez. Esse cavalo
assimilou que quando empina recebe o descanso.
Mas uma vez corrigido o problema e fazendo o
animal entender que somente receberá o descanso
quando não mais reagir, é certo que o
seu comportamento mudará rapidamente.
Um cavalo manejado de forma correta logo
assimilará que ao ceder ao comando de seu
líder o descanso virá mais rápido.
Natureza e psicologia animal
Sinais
Quando você estiver domando um potro, você precisará buscar toda a atenção desse animal. Tenha
em mente que estará diante de um ser disperso por natureza, o qual se confinado pela primeira vez
em um redondel, terá ainda mais a sua atenção voltada para fora. É comum nessa ocasião o cavalo
manifestar a sua primeira defesa, que é a intenção de fuga, chegando em alguns casos a chocar-se
contra o aparato do redondel na tentativa de saltá-lo. Ele ainda não te enxerga como uma
autoridade.
Vou ensinar as técnicas necessárias para que você consiga com sucesso a atenção do seu animal
nesse estágio de contato inicial. O seu desempenho no redondel dependerá apenas da atenção que
você empregará aos sinais que o animal vai lhe transmitir durante o manejo. Os primeiros comandos
passarão a ser realizados tão logo você ingresse no redondel.
Os sinais que o cavalo demonstrará serão os seguintes:
ATENÇÃO RELAXAMENTO TENSÃO TRÉGUA
Natureza e psicologia animal
Sinal de atenção
Orelhas voltadas para você como se fossem uma
parabólica.
orelha voltada para à sua direção
Sinal de tensão
Mandíbula travada. Logo no começo o animal ficará tenso e nervoso. Você vai perceber a tensão
em sua mandíbula. Ela ficará travada, e conforme você for aplicando as técnicas, essa tensão
desaparecerá e logo o animal emitirá o próximo sinal.
Sinal de relaxamento
Lamber e mastigar. Esse ato demostra relaxamento
da mandíbula. Também demostra que ele não é um
predador e não oferece perigo algum.
Lamber e mastigar
Baixar a cabeça. O ato dele baixar a cabeça em sua
presença, demostra que existe ali uma certa confiança,
embora não ainda de 100 %. Na natureza, um predador
normalmente ataca a jugular da presa, e por isso deixar
o pescoço baixo não é muito aconselhável. E quando
o cavalo age nesse sentido, já demonstra entender que
não vê o domador como um predador.
cabeça baixa
Natureza e psicologia animal
Sinal de trégua
Diminuir o circulo do galope. No processo de doma, em uma primeira etapa, você vai fazer o
cavalo galopar para impor sua dominância. O primeiro sinal de trégua é diminuir o tamanho do
círculo no qual você vai estar obrigando o cavalo a galopar. Ao fazer isso, o cavalo demostra
que está disposto a obedecer, pois já entende que o trabalho é um castigo e que você é o líder
daquela manada de dois .
Aproximar-se também é um sinal de trégua. É preciso ficar atento, pois esse é o momento em
que você deve demostrar também suas intensões pacificas com ele.
Natureza e psicologia animal
Defesa
A principal defesa de um cavalo é a fuga.
Sempre o animal vai considerar a fuga em uma situação de perigo. Morder, desferir coices e
“manotadas” também são defesas, porém somente serão usadas em momentos de
encurralamentos, onde não exista outra saída ou no caso de entramos em sua zona de
pressão. Falarei sobre zona de pressão mais adiante.
O cavalo em sua natureza nata não pensa em atacar ou machucar, apenas a fuga é o que lhe
vem à cabeça quando acuado.
O animal que morde diante de uma aproximação, é aquele cavalo que aprendeu ser essa a
forma mais eficiente de evitar o trabalho.
Natureza e psicologia animal
Cavalos são seres dispersos.
A falta de atenção de um cavalo está diretamente ligado à sua natureza. Eles necessitam ser
dispersos em razão da condição de presas que ocupam no mundo animal, e não de
predadores.
Um cavalo solto na natureza se tornaria uma presa
fácil, caso lhe fosse tirado esse instinto de dispersão,
que funciona como um verdadeiro mecanismo de
defesa no seu ambiente natural.
Por isso é importante você conquistar a confiança
do seu animal e tão logo assumir a função de líder
perante a ele, isso fará com que sinta mais seguro
e menos disperso.
Essa conquista garantirá a você um cavalo mais
atencioso e o seu comportamento refletirá nas
reações dele. Se por exemplo, em determinado
momento você estiver tenso, em contato com o
animal ele reagirá a esse comportamento.
Natureza e psicologia animal
Zona de pressão
A zona de pressão é a distancia que determina se um predador oferece ou não perigo para o
cavalo na natureza. Elas se distinguem em três:
Por isso o redondel adequado não pode ser muito grande, pois manterá o cavalo na zona de
percepção; e nem muito pequeno para não mantê-lo na zona de pressão. O redondel ideal será
aquele que mesmo mantendo o cavalo longe, o manterá na zona de ação.
Natureza e psicologia animal
Zona de ação
Aqui o predador já
demostra perigo e o melhor
a se fazer é fugir.
Zona de pressão
A distância compreendida entre a presa e o predador nesta zona de
pressão é tão delicada que não dá alternativa de fuga à presa, senão
atacar. A importância de você saber identificar em qual zona você está, é
a chave para fazer o cavalo correr ou te atacar.
Zona de percepção.
Aqui o animal percebe a
presença do predador,
porém ele ainda não o
oferece perigo.
Tempo de agir
Nas minhas aulas práticas, tenho sempre alertado aos meus alunos para se manterem atentos quanto
ao tempo ideal de se proceder a correção de um animal que reagiu mal a determinado comando ou até
mesmo resistiu a fazê-lo. O mesmo tipo de observação tenho feito com relação a recompensa. Já
presenciei inúmeras vezes um animal sendo punido muito tempo depois de ter cometido uma falta. Mas
vale destacar que existe sim um tempo correto para se punir ou recompensar um cavalo pela sua ação,
esse tempo não pode ultrapassar a 05 (cinco) segundos. O ideal é que a ação se dê imediatamente
após a ocorrência do evento, cerca de 3 a 8 décimos de segundo.
Recompensar ou punir o cavalo fora do tempo especificado fará com que não compreenda o motivo da
ação. E o aprendizado não será efetivado.
Só observando que a punição ou correção não está vinculada a atos de violência, mas sim a atitudes
firmes de se impor diretrizes.
O tempo de agir está muito presente nas atividades voltadas à doma, por isso deve o domador manter-
se focado exclusivamente nas tarefas que se passam dentro do redondel.
Temperamento
É importante que se tenha consciência que os cavalos possuem temperamentos diferentes entre si. E
essas diferenças geralmente estão atribuídas às raças dos animais.
É necessário se frisar aos iniciantes que quão mais forte o temperamento do animal, maior o grau de
dificuldade da doma.
Podemos classificar o temperamento dos animais de acordo com o seu tipo de sangue:
Sangue quente Sangue morno
Sangue frio
A aptidão de cada animal está diretamente atrelada a sua raça, isso significa que nem todos estão aptos
a desempenhar as mesmas funções (corrida, trabalho, lazer, etc). Cabe ao domador conhecer as
características dessas raças, as quais conforme já visto, possuem temperamentos diferentes que
implicam em maior ou menor dificuldade por ocasião da realização da doma. Saber o código genético
das raças ajuda na escolha do animal.
Natureza e psicologia animal
Sentidos
A importância de se conhecer os sentidos de percepção de um cavalo é fundamental para se
poder compreendê-los.
Visão
Os cavalos são seres binoculares, possuem os olhos na lateral da cabeça como todos os animais
que não são predadores. Sua amplitude de visão corresponde a 360 graus, tendo apenas dois
pontos cegos: à sua frente (próximo a testa), e na traseira (na cauda). Por essa razão, ao
aproximar-se do animal, posicione-se em pontos que possa ser visualizado, evitando com isso ser
surpreendido por uma ação negativa por parte daquele animal.
Outro aspecto importante com relação à visão equina, refere-se ao fato de que os cavalos não
têm noção de profundidade. Por isso muitas vezes eles relutam em passar por poças de água ou
pontes. Essas situações você vivenciará muito na prática quando estiver conduzindo animais em
fase inicial de doma para ambientes externos. Os cavalos também têm visão em cores, porém em
tonalidades diferentes dos seres humanos, com cores voltadas para o tom pastel.
Audição
A audição do cavalo é muito mais apurada do que a nossa, por isso tende o animal a sentir
desconforto em lugares de alta sonoridade. Suas orelhas apontam em direção do som, mas são
independentes, podendo se voltar para direções opostas.
Olfato
O olfato e tão aguçado que pode sentir o cheiro até do nervosismo. Uma dica muito importante é
não realizar nenhum trabalho de doma perfumado; se possível somente com odor natural.
Natureza e psicologia animal
Tato
Você já viu um cavalo tremer o pescoço para repelir uma simples mosca. Agora imagina a intensidade
de percepção provocada ao animal se porventura for atingido por uma chicotada.
Usaremos esse tato hipersensível para indicar os comandos nas regiões do corpo onde pretendemos
que ele saia da pressão. Para tanto usaremos as ferramentas como estique ou estribo para não
castigá-lo com violência, mas somente gerar uma determinada pressão.
Faz parte do processo de doma reduzir essa hipersensibilidade do tato em pontos vulneráveis do
animal, para habituá-lo a não reagir quando tocado de forma brusca nessas regiões. Essa etapa na
doma é conhecida como “tirar cócegas” do animal.
Pontos vulneráveis
Tocar bruscamente no pescoço de um cavalo pode resultar numa reação defensiva inesperada.
Justifica essa ação por tratar-se de um ponto vulnerável a ataques dos grandes felinos. Também
considerado um ponto vulnerável é a região da virilha. Predadores menores buscam atacar essa região
mais baixa onde a pele é mais macia e fácil de ser dilacerada.
Natureza de grupo
O cavalo é um ser gregário e a vivência em grupo representa mais segurança a manada. Indivíduos
que se desvencilham do grupo se tornam presas fáceis. Por essa razão as fêmeas dão à luz sempre à
noite, pois buscam tempo suficiente para parir e também para o potro ficar em pé e mamar o colostro.
Assim, logo pela manhã conseguem acompanhar a manada sem ficar para traz.
Essa noção de natureza de grupo deve ser empregada em nosso favor durante a doma, pois em um
redondel é possível fazer o cavalo compreender que ficar próximo do domador é a melhor decisão. Isso
fortalece a confiança e a lealdade.
Natureza e psicologia animal
Maus costumes
É preciso evitar os maus costumes, por exemplo, dar alimentos ao animal como forma de
recompensa. Na lida de cavalos essa é a pior forma de se obter resultado, pois o dia em que você
não dispuser de alimentação, o animal se tornará arredio.
Lembre-se: cavalo não é cachorro. O sistema de treinamento adotado à cães não funciona para
cavalos. Forneça alimento ao equino após o treino, sem, contudo, criar qualquer vínculo com a doma.
Reconsideração da fuga.
Estudos mostram que um cavalo na natureza reconsidera a fuga após percorrer aproximadamente
600 metros. Ao perceber que não foi pego, decide parar para verificar a situação.
Levando essas considerações para o redondel, o cavalo também tenderá a parar após ser
impulsionado a galopar por um determinado tempo pelo seu domador. Na circunstância dessa parada
voluntária do animal, deve o domador observar suas reações e concluir se ele está disposto a ceder
aos seus comandos e permitir a aproximação.
Dentição
O ideal seria que antes do início do processo de doma a dentição do animal fosse examinada, porque
em alguns cavalos é comum encontrar os chamados “dentes de lobo”. São pequenos dentes (pré-
molares) que não têm função alguma na mastigação, mas dependendo da posição que ocupam na
arcada dentária podem ferir as bochechas do animal e ainda causar desconfortos decorrentes de
choques entre o dente e a embocadura. Não sendo possível o exame da dentição antes da doma,
recomendo o uso de cabrestos e “side pull”, pois essas ferramentas por não serem inseridas na boca
do cavalo não terão contato com o dente de lobo, e consequentemente, não incomodarão o animal.
Muitas vezes, não somente no processo de doma, mas de treinamento, o animal não progride por
estar sentindo dores . Alerto para não usar bridões antes do exame dentário. Esse assunto será
melhor aprofundado na aula do Dr. Gustavo, quando se estudar odontologia equina.
Lembre-se: contate o seu veterinário para examinar a boca de seu animal, caso não o tenha feito
ainda.
Natureza e psicologia animal
É mais fácil domar um leão do que um tigre. Você sabia disso? O motivo é porque o leão é um ser que
vive em grupo, enquanto o tigre é um animal que vive isolado.
E qual a relação dessa informação com a doma?
Usei o exemplo acima para demonstrar que animais que vivem em grupo são mais propensos a aceitar
ordens em razão da existência de hierarquia no bando (manda quem pode e obedece quem tem juízo).
Em uma manada o líder determina as ordens. Na doma, tornar um líder em uma manada de dois trará
muito mais facilidade de comando e lealdade.
Reforço positivo e reforço negativo
Já falei de castigo e recompensa e isso está ligado a reforço positivo e reforço negativo. No
processo de doma é preciso estar atento para identificar a ocasião oportuna de se aplicar cada ação,
bem como entender para que serve cada tipo de reforço.
Queremos que o cavalo obedeça nossos comandos, mas para isso precisamos que ele entenda os
sinais e fazemos isso empregando os reforços.
Positivo. Dar ao cavalo uma recompensa durante ou imediatamente após o comportamento
desejado é um reforço positivo. Uma rédea frouxa no segundo da resposta correta é uma recompensa.
Negativo. O reforço negativo ocorre durante o comportamento indesejável e não após ele. Quando
mantenho a pressão de pernas ou rédeas estou fazendo um reforço negativo. Estou incomodando e
induzindo o animal a entender que a realização da tarefa lhe resultará em alívio.
Nesse sentido, em meus treinamentos uso muito a frase: “a puxada indica, o alivio ensina”.
Natureza e psicologia animal
Hierarquia dentro da manada
A manada possui leis claras e precisas, que todos respeitam naturalmente. A organização hierárquica
objetiva entre outros, preservar a vida do grupo. A égua mais velha é a líder, e sua experiência lhe dá
a incumbência de conduzir a manada às melhores pastagens, água e cuidar da educação dos mais
jovens. O macho garanhão serve as fêmeas e zela pela proteção do grupo.
Às vezes, o comportamento arredio de um cavalo dentro do redondel representa a natureza de
liderança que ele possui.
Quando alguém comentar que o animal é bravo ou muito difícil de lidar, provavelmente é um cavalo
em que a dominância é muito aflorada. Sendo assim, cabe ao domador conquistar à confiança do
animal, demonstrando sua postura de liderança.
Memória seletiva
Os cavalos possuem uma memória seletiva. Isso faz parte da sua natureza de preservação. Um potro,
por exemplo, que quando jovem vivenciou situações de riscos, na idade adulta trará em sua memória
o sentido de alerta para circunstâncias de riscos semelhantes.
Na doma, é muito importante saber do histórico do animal que vai ser trabalhado. Um animal que não
teve nenhuma experiência com a doma é uma folha em branco. Estará livre de “bardas” e traumas
que possam resultar em estratégias de defesa.
É muito mais fácil escrever em uma folha branca sem nenhuma marca.
É possível domar um cavalo que já tenha sido mexido, ou pior, que já tenha sofrido algum tipo de
violência. Esse processo é conhecido por “redoma”, mas já adianto, não deve ser praticado por
inexperientes.
Convenhamos, uma vez rabiscado o papel, por mais que apagados os riscos, sempre existirão
marcas.
Natureza e psicologia animal
Hierarquia, dominância, liderança e chefia
Dentro de uma manada, existem vários graus de hierarquia, que são praticamente determinados
pela idade e força.
O garanhão de uma manada é o mais forte, por isso possui uma hierarquia maior e dominância.
Mas isso não quer dizer que ele seja líder.
Nesse caso, a liderança é da égua mais velha, a mais sábia, a matriarca.
A dominância está intimamente ligada à vontade do cavalo em ser líder. E geralmente os animais
que possuem traços de dominantes são arredios.
A conquista da hierarquia dentro do redondel se dá por meio de atitudes firmes, que consolidam a
postura de um chefe.
Histórico
Conhecer o histórico do animal antes de começar um serviço é muito importante. É comum os
proprietários desses animais omitirem aos domadores às reais circunstâncias envolvendo o
passado de determinados cavalos. Muitos deles envolvendo tentativas mal sucedidas de domas
inadequadas, que resultaram em sérios traumas. Essa omissão visa normalmente encobertar o grau
de dificuldade que o animal apresentará no processo de doma, a qual na verdade será uma
“redoma”.
Desconhecer esses fatores negativos e não chegar a um resultado satisfatório podem, inclusive, pôr
em dúvida a reputação do profissional.
Uso sempre uma frase em meus treinamentos:
A Doma Racional é incrível mas não faz milagres.
Natureza e psicologia animal
Acordo e conflito
O processo de doma pode envolver várias situações de conflitos. E para superá-las é necessário ter
pulso firme e persistência para conquistar o tão esperado acordo.
Parte da incidência desses conflitos é reflexo do manejo inadequado do animal ainda jovem. Nesse
sentido é comum um potro não receber à repreensão necessária em razão da sua idade precoce e da
aparência inofensiva. É como se comparando a uma criança que mesmo agindo em desacordo com os
padrões normais de educação, não recebe correção alguma simplesmente por ser criança.
A doma acontece muito antes do redondel, e os piores cavalos que deparei em processo de
domesticação, traziam vícios adquiridos quando ainda potros jovens.
Por isso recomendo: “cavalo deve ser tratado como cavalo”, independente da idade.
Tenho uma fórmula que não é nenhuma regra matemática, mas serve para apontar resultados possíveis,
caso adotemos uma postura ou outra no manejo de nossos animais.
Acordo + acordo = conflito
Quando tudo pode em uma relação e não havendo imposição de limites entre as partes,
consequentemente não haverá conflitos. Levando esse conceito para a doma, cujo animal a ser
domesticado não conheceu limites quando jovem, é bem provável que agora, na fase adulta, não venha
a reconhecer com naturalidade a superioridade hierárquica do homem, gerando assim o conflito..
Lembre-se que em manada faz parte da natureza do cavalo reconhecer a hierarquia.
Conflito + conflito = conflito
Criando uma situação em um redondel, por exemplo, onde o domador somente executa seus comandos
com emprego de violência. A reação esperada do animal também será violenta. Logo não existirá
acordo, tão somente conflito.
É preciso estabelecer um equilíbrio nesse elo entre domador e animal, agindo com firmeza quando
necessário for, e amigável quando a situação assim o permitir.
Conflito + acordo = acordo
A fórmula acima aponta a melhor maneira de se estabelecer à dominância e chegar ao acordo.
Exemplificando, retrato novamente o cenário do redondel. Dessa vez, o animal que relutou inicialmente
à aproximação, gerando o conflito, acabou cedendo diante da atitude firme, porém não violenta do
domador. E chegou-se ao acordo.
Curiosidade
Você já deve ter ouvido os peões mais antigos comentarem que só podemos montar o cavalo
pelo lado esquerdo. Mas a ideia que tentavam repassar era a de que o animal não aceitaria
nunca ser montado pelo lado direito, e por isso seria um risco tentar.
O verdadeiro motivo de se obedecer essa ordem na montaria está relacionado a uma disciplina
imposta nesse sentido pelos militares, quando se iniciou a equitação mundial.
Nos dias de hoje, ainda existe a crença do perigo da monta pelo lado direito.
Quando questionado a esse respeito, esclareço que o animal pode ser montado tanto pelo lado
esquerdo quanto pelo lado direito. Basta que seja condicionado a isso. É lógico que um animal
que sempre fora montado pela esquerda pode reagir a uma monta pela direita.
Como os humanos, os animais também podem desenvolver melhor a execução das tarefas por
um determinado lado do corpo. Nesse sentido,
deixo a dica de que seja trabalhado mais o lado
que apresenta dificuldade.
Natureza e psicologia animal
Considerações finais na aula teórica.
Finalizamos a etapa teórica. Em seguida falaremos dos equipamentos empregados na
prática da doma racional e sobre o trabalho a ser desenvolvido dentro do redondel.
Espero que essas informações tenham sido válidas e que você as aplique
conscientemente, isto é, sabendo exatamente o que está fazendo. Na dúvida, não
improvise, procure auxílio. Tenha consciência que podem existir situações de risco e
para prevenir-se, siga corretamente às instruções, não pulando etapas ou pecando pelo
excesso de confiança. Existem escolhas, faça a certa.
Há aqueles que se intitulam domadores, mas não conseguem trabalhar senão mediante
o emprego de abusos. Conseguem algum resultado? Pode ser que sim, mas não
dignos e completos.
Lembre-se, a verdadeira liderança é aquela adquirida pela confiança no trato dos
animais, consolide-a.
Natureza e psicologia animal
Equipamentos
1. Cabresto (o mesmo que o chico ensinou a fazer)
O cabresto exerce uma pressão quando você o puxa o
suficiente para conter reações negativas. Esse equipamento
deve ser preso a uma corda de mais ou menos três metros de
comprimento. Deve ser resistente para que não arrebente,
caso precise puxar com força.
2. Estique. É normalmente usado para tocar o cavalo dentro
do redondel, ou até mesmo serve como uma extensão do
meu braço, caso o cavalo não se deixe tocá-lo de inicio.
3. Corda Chata. Essa corda é usada muito na doma dos
muares. Esse modelo de corda não causa assaduras, caso
seja necessário amarrá-la ao animal.
4. Fechador de Boca. É um acessório usado para animais que
mordem muito. Ao colocar o fechador, impedimos essa ação.
E se o cavalo não consegue morder, com o tempo ele desiste.
Equipamentos
5. Gancho. Pedaço de metal de mais
ou menos um metro e trinta, usado para
tirar a corda chata que amarro na cernelha
do cavalo ou muar, quando quero evitar
reações bruscas.
6. Luvas. Usadas para que se evite
queimar as mãos ao segurar a corda.
7. Sela. Você pode usar uma de sua
preferencia. Eu uso uma exclusiva que
mandei fazer para doma. No vídeo eu explico
melhor.
Equipamentos
8. Sidepull (quer dizer puxe para o lado)
É uma ferramenta usada antes do bridão. Não é
embocadura, sua ação é externa e semelhante ao
cabresto, porém, bem mais eficaz para o comando.
Ideal para uso em potros que ainda não tenham feito o
dente de lobo. (aula do Dr. Gustavo explica melhor esse
ponto).
Sidepull de uma corda - exerce mais pressão, por isso
é usado com cavalos que negam mais o comando.
Sidepull de duas cordas – exerce menos pressão. É
usado em cavalos que já respondem mais fácil os
comandos.
9. Bridão (D ou de argola). De espessura
intermediária, nem muito grosso e nem muito fino.
Preferência aos feitos de ferro, pois o material ajuda na
salivação, facilitando a lubrificação. Isso evita
assaduras na boca do animal.
10. Clôches, caneleiras e ligas. São equipamentos
que uso muito no momento que começo a pedir uma
movimentação maior do animal. Evitam que o cavalo se
machuque pisando na própria pata e criando uma
experiência negativa.
Equipamentos
Modulo 2
Antes de começarmos essa primeira etapa, vamos traçar nossos objetivos. O que é um objetivo?
De forma simples, diria a você que seria definir onde queremos chegar. Eu, Leonardo Feitosa,
tenho como objetivo nessa primeira sessão de doma, montar a pêlo o animal e dar-lhe os
primeiros comandos. Mas não se cobre, se para você isso não for possível. Cada um tem seu
ritmo. A Minha experiência vem de anos de prática. Alerto apenas, para que termine o que está
fazendo de forma positiva. O que isso quer dizer? Significa que iniciado o processo de doma,
tenha sempre a sensibilidade de identificar as suas dificuldades e seus limites na realização de
cada tarefa, devendo se ter o mesmo cuidado de fazer essa observação em relação ao animal.
Uma vez deparando-se com eventuais situações desfavoráveis, procurar soluções pacíficas para
concluir as tarefas. Não se preocupe com o tempo empregado em cada uma delas. Preocupe-se
com a qualidade. Cito abaixo alguns exemplos de como “acabar positivo” tarefas que inicialmente
apresentaram contratempos:
1ª Situação: Seu potro recusa-se a entrar no redondel. Evite força-lo a entrar usando de violência.
Pense, busque formas não traumáticas de fazê-lo. Use, por exemplo, uma madrinha (égua mais
velha) para acompanhar o potro até o redondel. Conseguindo que o animal entre tranquilamente,
já é algo positivo.
2ª Situação: O animal tem muito medo e não aceita aproximação. Sua zona de pressão é muito
maior do que o normal. Nesse caso, conseguir tocar e acariciar o animal naquele dia, já é o ponto
positivo. Várias outras situações podem ocorrer. Você pode anotar a sua e enviar para o nosso
suporte. Podemos debater o assunto nos encontros online que vão acontecer. Agora cabe a você
analisar o seu animal, histórico, condições genéticas e ter uma noção dos possíveis problemas
que irá enfrentar. Lembre: a doma já acontece muito antes do redondel.
Se o seu animal não apresentou esses
problemas, e você conseguir progredir
conforme oriento nos vídeos, conseguirá
cumprir o objetivo máximo.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Equipamentos e vestimentas a serem usados.
1. Roupas flexíveis, porém não muito largas. Não queremos restringir
nossos movimentos.
2. Estique para tocar o animal. Eu uso apenas para assustar e não para
agredir.
3. Boné para proteção do sol, caso seu redondel não seja coberto.
4. Cabresto ensinado no curso.
5. Coturno ou bota lisa.
6. Luvas.
7. Fechador de boca (caso o cavalo tenha hábito de morder).
8. Corda chata. Caso o animal seja muito dominante usaremos para
conter coices e outras investidas.
9. Segurança é o segredo para o sucesso. Se for preciso o auxílio de
um parceiro, não dispense.
Vou citar dois comportamentos comuns que poderemos encontrar no animal e
que teremos que superá-los, medo e cócegas.
Em alguns casos o animal terá mais medo do que cócegas. Em outros, mais
cócegas do que medo e em alguns, muito dos dois. Mas com a técnica certa,
muita paciência e dedicação, tudo vai dar certo. O importante é progredir e
sempre acabar toda sessão positivamente.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
DOMA RACIONAL
A doma racional é um conjunto de técnicas utilizadas para equinos e muares, a fim de que sejam
condicionados a obedecer, sem brutalidade, aos comandos do homem, resultando em um animal
mais proveitoso, confiável, com melhor rendimento em sua vida útil.
O momento ideal para a doma do animal é determinado em função de sua idade mínima, dois (2)
anos, época em que o cavalo já possui estrutura física para desenvolver atividades inerentes a
doma. Vale ressaltar que todo animal, para ser domado, precisa estar saudável. A doma racional deve
ser realizada em ambiente próprio, mangueira ou redondel proporcionando segurança e evitando
acidentes. Enfim, a doma racional é um processo pelo qual o domador utiliza os comandos de vozes
com tonalidades, tendo sensibilidade, disciplina e paciência para com o animal.
PROCEDIMENTOS DE CONTATO COM O ANIMAL:
O primeiro passo do domador é trazer o animal para o redondel ou mangueira de forma natural,
utilizando madrinha (animal que serve de guia para outros animais), a fim de se evitar o estresse
(conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa e outras
capazes de perturbar). Como se trata de doma racional, este animal não deverá ser laçado a campo.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Nessa fase inicial, sem antes colocar cabresto ou tentar qualquer contato físico com o animal, você deve
estimulá-lo a movimentar-se dentro do redondel até que consiga fazê-lo galopar. Como já expliquei
anteriormente, um cavalo com a natureza intacta vai tentar fugir assim que se sentir desconfortável na sua
zona de ação. Mas existem outros animais que em razão de seu temperamento mais brando, necessitarão
de um estímulo maior para se movimentarem. Para tanto, você poderá gesticular com as mãos, usar o
estique ou corda, sem, contudo, atingir o animal. Você deve demonstrar atitude em relação as suas ações,
deixando bem estabelecida sua posição hierárquica naquela manada de dois. O animal ao perceber que não
existe a possibilidade de escapar, irá aos poucos entender que deve seguir ordens, caso queira descansar.
É nesse exato momento que ele vai demonstrar-lhe os primeiros sinais, conforme já mencionado.
ATENÇÃO RELAXAMENTO TRÉGUA
Repetindo: seja firme e busque os sinais para só depois seguir com as próximas etapas.
Obs. Não deixe o cavalo escolher a direção do percurso. Se parar por conta própria, estimule-o firmemente a
voltar a correr. Enfim, não aceite nenhuma reação que não seja resposta ao seu comando.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Observando que o animal demonstrou todos os sinais, passe para a próxima etapa, a aproximação.
APROXIMAÇÃO
Quando o cavalo começar a diminuir o galope, fechando levemente o círculo, voltar as orelhas para a sua
direção, passar a morder ou mastigar e baixar a cabeça, estará exibindo sinais que revelam que está mais
relaxado e quer uma trégua. Está pronto para saber das suas intenções. É o momento de parar de estimulá-lo
a correr. Pare e observe atentamente sua reação, que poderão ser duas:
1. Ignorar a sua presença e lhe voltar as costas.
Recebendo a reação acima, ou seja, a ignorância por parte do animal, imediatamente o estimule a correr
novamente e somente pare ao perceber que ele reproduz o comportamento citado no item 2, em que ele
demonstra o interesse em aproximação.
2. Olhar para você e se aproximar por livre e espontânea vontade.
Se a reação foi a esperada e o cavalo começou a aproximar-se de você, antes de tentar
o toque no animal, proceda da seguinte maneira:
• Não faça contato visual, olhe para os cascos – (os
predadores costumam olhar para as suas presas).
• Diminua a sua postura, feche os ombros, curve-se
levemente e ande lentamente para trás.
Essa é a primeira postura que você deve adotar. Isso reforçará ao cavalo a sua intenção pacífica antes do
primeiro toque.
Nessas condições, normalmente o cavalo tende a se aproximar, demostrando interesse em você. Isso
acontecendo, chegou a hora de fazer o primeiro contato físico. Faça um carinho, um agrado na região superior
do pescoço e vá progredindo lentamente para o dorso, mas se você achar que a conexão não foi tão receptiva,
refaça novamente os procedimentos iniciais, estimulando o animal a correr no redondel.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Ao estimular o animal à correr, e se estiver utilizando somente as mãos, o faça com as costas e
dedos das mãos voltados para baixo. Faça o movimento de forma suave e sem movimentos
bruscos. É importante deixar o animal cheirar suas mãos. Não faça o cavalo galopar demais ao
ponto de ser algo cansativo e desgastante.
Ao responder aos seus comandos, o animal passará a entender que hierarquicamente você é
superior. Entenderá também nesse momento, que você não quer o mal dele. Mas não se
engane, o cavalo reconhece a hierarquia que existe dentro do redondel, entretanto, você ainda
não é o líder. A liderança será construída durante as próximas etapas.
COLOCAÇÃO DO CABRESTO
Após ter concluído com sucesso a etapa de aproximação, o próximo passo será colocar o
cabresto no animal. Se o animal nasceu em sua propriedade e já foi manejado com cabresto,
acredito que não haverá nenhuma dificuldade.
Esclareço que é comum entre os cavalos, a hipersensibilidade nas orelhas. Por isso ao tocar as
orelhas do animal, pode haver uma reação, que normalmente se manifesta através de um recuo
repentino ou um movimento esquivo de cabeça para o lado contrário ao toque. Percebendo
essa hipersensibilidade de orelha no animal, evite tocá-la nessa fase inicial de doma. Mais
tarde, isso poderá ser resolvido com repetidos contatos nessa região.
O cabresto a ser usado é o que você aprendeu a fazer, pois é eficiente para exercer pressão
quando puxado bem como para aliviar a pressão quando solto. Além disso, por não ser inteiriço,
esse formato de cabresto evita o toque inicial na orelha do animal, permitindo que as pontas
das cordas sejam unidas e amarradas sem tocar naquela região.
Concluída essa etapa, espero que você tenha conseguido criar uma boa primeira impressão ao
animal, pois sempre repito que você só terá uma chance para fazer isso.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Dessensibilização (retirada de cócegas)
Primeiramente, assegure que o cabresto esteja
bem colocado. A seguir, com a mão esquerda
segure firmemente na corda abaixo da mandíbula e mantenha o
mantenha o braço firme para evitar uma possível
mordida.
Já falamos das regiões hipersensíveis dos cavalos, que são vulneráveis ao ataque de
predadores. Tentar tocar essas áreas, pode despertar extintos de sobrevivência do animal.
Logo, todo cuidado é pouco, não cometa o erro de confiar.
Segurando o animal com a mão esquerda, conforme ao acima indicado, com a mão direita
comece a tocá-lo nos pontos vulneráveis: cernelha, barriga, virilha, traseira e outros.
As reações do animal podem variar, alguns podem pular, tremer entre outras. É completamente
natural, você esta exercendo uma atitude predatória.
Ao demostrar ao animal que posso ter acesso às suas regiões vulneráveis e não lhe causar
dor, demonstro minha superioridade e reforço a intenção pacífica, consolidando assim o
respeito do animal por mim.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Conforme for avançando para os pontos mais sensíveis do animal, portanto, sujeitos à maiores
reações, use as seguintes técnicas para dar continuidade no trabalho de dessensibilização
(redução de cócegas):
Segure firmemente a corda do cabresto com a mão esquerda, caso esteja do lado esquerdo do
animal, levando o braço direito por cima do cavalo, mais precisamente na região da cernelha.
Fique em pé ao lado do animal, de modo que seu joelho fique próximo a região onde
normalmente é colocada a barrigueira da frente. Mantendo o corpo próximo ao do animal, use o
cavalo como um apoio. Não queira segurá-lo, apenas siga o movimento que ele fizer.
Inicialmente, tire a estabilidade do animal puxando o focinho para o seu lado, fazendo-o girar
em círculo. Acompanhe o movimento circular do animal encostando o corpo logo atrás de sua
paleta, mantendo a pressão do cabresto. Comece a usar a perna de dentro para alcançar os
pontos hipersensíveis. Primeiro levante a perna de modo a alcançar a região da coxa, logo
abaixo da garupa, e comece a esfregar o pé nessa região, descendo até a perna. Em seguida,
entre com o pé na virilha e esfregue toda essa região, lembrando que esse procedimento não
exige força e nem o uso de violência. As reações apresentadas pelo animal não são de dor,
mas de hipersensibilidade, e isso normalmente os leva a encolher-se.
A demonstração de que não há dor e nem traumas na prática desse procedimento fica bem
evidenciada pela própria reação do animal, que busca manter-se próximo de seu domador. Considere
que você acabou de manipular as regiões vulneráveis desse cavalo até então intocáveis.
Continue esse trabalho de “tirar cócegas” usando as pernas e as mãos até sentir que a sensibilidade
do animal vai diminuindo. Quanto menos “cócegas” esse cavalo apresentar, menos dificuldade você
encontrará nas tarefas seguintes e pode ter certeza, terá um animal muito mais confiante no futuro.
Não esqueça, conforme já mencionei anteriormente, todo o procedimento que se realiza em um lado
deve igualmente ser repetido em outro. Mas alerto, tome todos os cuidados necessários, pois há
animais que podem ser mais reativos em determinados lados.
Pode estar certo, que no decorrer do trabalho você ganhará mais consciência corporal e isso fará
com que aumente a sincronia entre o seu corpo e a do animal. Isso tornará o serviço menos
cansativo, e o mais importante, desenvolverá em você o instinto de defesa à acidentes, como pisões
no pé, manotadas e outras formas de defesa do cavalo.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Preparação para monta
Se você chegou bem a esta etapa, é porque você cumpriu criteriosamente as anteriores. Esse
próximo passo, igualmente aos demais, exigirá toda a sua atenção. Não seja precipitado, nunca tente
montar logo de primeira, siga os procedimentos de preparação.
A esta altura, depois de todo aquele procedimento de “tirar cócegas”, seu animal estará bem
adaptado à sua presença. É interessante nesta fase, que sempre ao aproximar-se do animal e tiver
contato corpo a corpo com ele, refaça os pequenos agrados para fortalecer a confiança.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Após um breve agrado, posicione-se de modo a ficar em pé ao lado do animal, em posição de monta
(fig. 1). Com a mão esquerda segurando a corda do cabresto e com a mão direita sobre o dorso,
encoste seu corpo e inicie movimentos de pequenos pulos, aumentando gradativamente, simulando
montar o animal. Sentindo que o animal não reage, ou seja, não tenta fugir, pule e jogue seu corpo
sobre o dorso dele, ficando meio que dependurado, mais ainda não complete o movimento de monta
(fig. 2). Conseguindo ficar em cima do cavalo, ainda com as pernas para fora, desça e demostre
satisfação. Agrade-o e se curve junto a ele conforme o demonstrado na figura 4, sempre provando
sua intenção de paz e amizade.
Repita todo o procedimento no lado direito.
Agora, novamente se posicione junto ao cavalo e repita o processo anterior, porém, dessa vez você
vai subir no animal e permanecer deitado, sempre segurando o cabresto (fig. 3). Atenção: a sua
cabeça deve ficar sempre ao lado oposto do qual você esta puxando o cabresto.
Estar preparado para descer nessa primeira etapa da monta é importante. Esteja atento e preparado.
Caso haja alguma reação e o cavalo ameace pular, desça rapidamente e seja firme. Dando pequenos
trancos no cabresto mostre que aquela reação não pode acontecer. Como para qualquer outra reação
negativa, dê um ou dois trancos e diga um sonoro “NÂO”. Destaco que essa correção deve ser feita no
máximo em 5 (cinco) segundos, conforme já mencionei anteriormente.
Figura 4
Havendo reação negativa por parte do animal e após ser corrigido conforme o demonstrado, refaça o
processo de monta em ambos os lados. Estando seguro que o animal não vai se assustar, monte-o
novamente, sempre seguindo os procedimentos de segurança. Ainda dessa vez você continuará
deitado sobre o animal.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Deitado sobre o cavalo você passará a usar as pernas e a
mão que ficará livre para alcançar os pontos sensíveis do
animal (fig. 5), objetivando finalizar o trabalho de “tirar de
cócegas”. Enquanto isso, outra mão deverá estar segurando
o cabresto. Com a mão livre esfregue a região dianteira do
animal, sempre muito atento para qualquer reação brusca.
Percebendo que o animal vai pular, desça rapidamente e o
repreenda dando trancos no cabresto, conforme orientado
anteriormente. É por essa razão que a primeira monta deve
ser deitada, preparando o animal para não pular. A minha
intenção não é conseguir permanecer sobre o animal
enquanto ele pula, como se estivesse em um rodeio. O meu
objetivo é não permitir que ele pule. Sei que se isso ocorrer e
o domador vier a cair, pode o cavalo entender que ganhou a
disputa e aprender fazer isso sempre.
Como já disse, não dê mal costume a seu cavalo. Também nunca entre em uma disputa que você não
tem certeza que possa ganhar. Usamos de técnicas justamente para isso, evitar resultados negativos.
Concluídas as etapas de dessensibilização (tirada de cócegas) tanto no chão quanto montado,
passaremos para os primeiros comandos.
Ainda deitado sobre o animal comece a mexer as pernas para estimulá-lo a andar, puxando e dando
pressão no cabresto em direção a que se pretende que o animal siga. Alterne as direções e lembre-se
de mudar a posição da cabeça para o lado oposto do cabresto sempre que fizer essa alternância.
Figura 5
Percebendo que o cavalo obedece aos comandos básicos, com todo o cuidado levante-se em seu dorso até
ficar montado corretamente (fig. 6). Agora, usando comando de voz e pressionando as pernas contra a
barriga do animal estimule-o a andar para frente. Se necessário for dê pequenos toques com a perna até que
o animal responda aos estímulos e passe a caminhar. Assim que o cavalo iniciar os passos tire a pressão das
pernas para que entenda que é muito mais cômodo trabalhar sem pressão. Desse modo fazemos o animal
entender que a forma mais rápida de sair da pressão é caminhar.
Por enquanto a intenção é fazer o animal andar para frente, sem direção. Apenas queremos que ele caminhe
e entenda os comandos de perna e de voz.
O comando de voz inicial para estimular o animal a andar é conhecido por “chupar o beiço” ou “beijinho”, que
na verdade representa o som emitido quando se “jogam” sucessivos beijos. É muito conhecido entre as
pessoas que trabalham com cavalos.
Com relação a posição do cabresto, mantenha-o solto, leve, sem fazer força. Não queremos confundir a
cabeça do animal. Por isso não queira puxá-lo para os lados inicialmente, apenas deixe-o entender que
precisa andar para frente. Deixe o cavalo seguir o caminho que quiser, não queira controlar sua direção.
Faça apenas o básico.
Existe uma regra que devemos seguir sempre: “a puxada indica, o alívio ensina”.
Toda vez que você exerce uma pressão, seja nas pernas ou no cabresto, deve durar apenas o suficiente para
o animal obedecer ao comando. Alerto para que se tire a pressão do animal no momento correto, ou seja, o
retardo pode confundi-lo.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Figura 6
No vídeo, você pôde me observar algumas vezes puxando o cavalo enquanto o aluno vai aplicando os
comandos de perna e voz. Você também pode contar com a ajuda de um auxiliar, não há nada de mal nisso.
O importante é o resultado final.
Nesta etapa, quando falo de comando de voz, estou me referindo a parada do animal. Até então, o animal foi
estimulado a andar para frente. Agora precisamos ensiná-lo a parar. Isso se faz puxando o cabresto
levemente para trás, ao mesmo tempo em que se diz: “ooooh” (comando de voz usado para o animal parar).
Assim que o cavalo parar, imediatamente alivie o cabresto, retribuindo com um agrado, alguns leves
“tapinhas” em seu pescoço.
Uma dica muito importante é sempre que você der o comando de parar, faça o cavalo recuar um pouco. A
ideia é fazer o animal pensar para trás. Mais adiante ensinarei como fazer o cavalo recuar.
Depois que o animal demonstrou progresso em executar o primeiro comando que o estimulou a andar para a
frente, chegou o momento de ensinar-lhe os comandos laterais.
Para conduzir o animal para o lado esquerdo, por exemplo, puxe levemente o cabresto para esse lado. Em
sincronia com esse movimento abra sua perna esquerda como se indicando a direção para o cavalo seguir,
e com a perna direita pressione a região da paleta do animal, de modo que estivesse o empurrando a virar à
esquerda. Obedecendo esses critérios, faça o animal virar à direita.
O último comando que vamos trabalhar é fazer o animal recuar. Para isso puxe levemente o cabresto para
trás, com a mão baixa e com o braço quase que totalmente esticado. Mantenha a pressão no cabresto até
que o cavalo ceda e dê ao menos um passo para trás. Cedendo, imediatamente alivie a pressão. Lembre-se:
“a puxada indica, o alivio ensina”.
Se por acaso o cavalo começar a resistir e não obedecer, apenas mantenha a pressão, não precisa puxar
mais, não queira disputar um cabo de guerra.
Se conseguiu realizar os comandos sugeridos, parabéns, finalizou a primeira etapa. Mas alerto, por mais
empolgado(a) que você esteja, não tente avançar mais do que o combinado. Você pode acabar perdendo
um resultado positivo. Por isso saiba parar, termine a sessão de doma com a sensação que dava para fazer
mais alguma coisa.
Oriento também, a finalizar o trabalho com seu animal bem disposto. Não trabalhe seu cavalo até o
esgotamento. São pequenos detalhes que farão toda diferença.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
Concluídas as etapas acima, finalize com a tradicional posição que eu e meus alunos realizamos
sempre ao final da primeira etapa da doma.
A posição do observador.
Antigamente, os índios ficavam em pé em seus
cavalos para poder observar mais longe o
território, e garantir a segurança contra possíveis
ataques inimigos. Esses mesmos índios
desenvolveram a técnica de doma índia, a mesma
que eu emprego como base para a doma racional.
Para mim a posição do observador demostra a
a conquista da confiança, lealdade e trabalho em
grupo. Por essa razão eu a realizo todas às vezes
que concluo a etapa inicial de doma.
Para marcar sua conquista, sugiro que tire uma foto,
postando-a no grupo. Quem sabe resolvo premiar
a melhor foto.
Mas alerto, tome muito cuidado. Se for preciso peça
ajuda para realizar a posição do observador.
Chegamos ao final da primeira etapa da doma.
Modulo 3
Nessa segunda etapa da doma racional, colocaremos a sela e trabalharemos a adaptação do cavalo.
Acredite, colocar a sela pode parecer fácil, mas é nessa hora que poderemos causar traumas no
animal. Uma sela mal colocada, por exemplo, pode até causar um acidente grave. Por isso, sem
amadorismo, siga exatamente o passo a passo, por mais que seu cavalo demostre tranquilidade.
Imagino que trazer o cavalo para o redondel já não é problema, mas caso ele demostre ainda algum
sinal de rejeição, use a madrinha novamente.
Antes de colocar a sela no animal, iremos repetir os procedimentos da primeira etapa (tocar o animal
no redondel, ganhar sua atenção, aproximação e contato, colocar o cabresto e tirar cócegas), mas
tudo isso será realizado de forma rápida. Alerto que você só deve partir para essa segunda etapa se
realmente conquistou o objetivo principal, na primeira.
Provavelmente, seu animal ainda sinta cócegas, porém com menos reação. Depois de repetir de forma
rápida do chão o trabalho para “tirar cócegas”, antes de montar, também repita aquele procedimento
pré-monta, em que você deu alguns pulos ao lado do animal antes de montá-lo. Faça isso para
certificar-se que o animal está acostumado com você. Logo após, monte conforme ensinei na primeira
etapa, primeiro deitando sobre o animal e depois sentando. Lembre-se: todo cuidado é pouco. Após
concluir essa tarefa, desça do cavalo e prepare-se para o procedimento para se colocar a sela.
COLOCANDO SELA
Antes da sela, você irá colocar a manta no
cavalo. Muitas pessoas realizam todo um ritual de
apresentação da manta ao animal. Mas eu vou lhe
orientar a fazer o fácil. Se o animal já acostumou com
sua presença, não perca tempo, pode colocar a manta
de forma rápida e segura que o animal não vai reagir.
Para que você tenha mais agilidade, precisará usar as
duas mãos. Mas para não correr o risco de que o
cavalo saia andando na hora que estiver colocando a
sela , faça o seguinte:
Jogue a corda do cabresto por cima do braço
esquerdo, na altura do cotovelo, e pise no restante da
corda que você deixou no chão (fig. 1). Assim você
poderá travar a corda enquanto mantém as duas mãos
soltas.
Você pode contar com ajuda de um auxiliar que lhe
passará a sela. Mas caso esteja sozinho, também é
possível, basta deixar a sela na posição de pegada e
ter força para levantá-la.
Antes de colocar a sela, levante o estribo do lado
direito e o prenda no lático. Esse procedimento
prevenirá o estribo de bater na barriga do animal
quando colocada a sela, assustando-o e podendo até
fazê-lo correr. Coloque a sela de forma tranquila e sem
trancos. Já com a sela sobre o cavalo, desça o estribo
lentamente usando o próprio lático. Não solte-o
bruscamente de forma alguma, isso pode resultar na
situação descrita acima.
Caso isso aconteça e você não consiga conter o
animal, deixe que ele saia correndo, mas antes segure
a sela tirando-a rapidamente.
COLOCANDO SELA
Figura 1
Dica importante: antes de apertar a sela, você deve ajeitá-la
sobre o dorso do animal. Isso previne apertar a sela com os
pelos arrepiados, o que pode gerar grande incômodo ao animal.
Para acomodar a sela, levante levemente a manta e puxe-a para
cima. Delicadamente, vá escorregando a sela e a manta pela
garupa, sempre a favor do pelo (fig. 1).
Outro dica: deixar uma folga de quatro dedos embaixo da manta,
conforme mostra a imagem ao lado, para que no momento do
aperto essa manta encaixe sem causar desconforto (fig. 2).
Seguindo o passo a passo, agora coloque a barrigueira da
frente. Apenas encoste, apertando o suficiente para a sela não
virar. Siga o mesmo procedimento para colocar a barrigueira
traseira.
Ajuste o estribo para sua altura. Aproveite o momento para
apresentá-lo ao animal. Movimente o estribo lentamente. Aos
poucos comece a soltá-lo contra a barriga do cavalo. Faça isso
cada vez mais forte, mas sempre atento com a reação (fig. 3).
Repita o procedimento com o estribo do outro lado.
Certifique-se novamente, que a sela está apertada apenas o
suficiente para que não vire, pois não queremos que o cavalo
pule de forma alguma. Esse é um momento muito importante,
em que exijo que se siga a risca o passo a passo, como se fosse
uma receita de bolo.
COLOCANDO SELA
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Colocada a sela, começaremos guiando o cavalo ao passo,
depois ao trote e por último a galope. Use uma corda maior
para guiar. Você deve ter controle da situação. Muitos
domadores soltam o cavalo. Eu prefiro ter todo cuidado e
ter o controle da situação.
Ao perceber que o cavalo quer pular, seja firme. Dê um tranco no cabresto, demostrando sua
desaprovação. Se conseguiu conter rapidamente a situação, demostre gratidão, faça um agrado.
Lembre-se: o animal deve ser corrigido no máximo em 5 segundos, se possível, em menos tempo.
Retomando o procedimento, faça o cavalo galopar em círculos. Uma vez galopando sem problemas,
reduza e interrompa o galope. Como forma de recompensa, imediatamente o agrade. Repita todo o
procedimento em direção contrária.
COLOCANDO SELA
Após rodar o animal no redondel em ambas as direções e executar essas etapas tranquilamente,
chegou a hora de apertar a sela. Feito isso, faça o cavalo rodar novamente no redondel para
ambos os lados. Constatando que o animal não tem mais medo da sela e que já demostra
tranquilidade, vamos para o próximo passo.
Montar
Nesta etapa substituiremos o cabresto pelo side pull, que é uma ferramenta que uso antes de
colocar o bridão, para evitar incômodos na boca do animal. Para saber maiores detalhes a
respeito, consulte a aula sobre equipamentos. Colocado o side pull, antes de preparar-se para
montar o animal, certifique-se que a sela esteja bem firme. Estando tudo em ordem, fique em pé
ao lado do animal e dê alguns pequenos pulos ao seu lado, como na etapa inicial, para checar sua
reação.
Em seguida, coloque o pé no estribo e suba, mas ainda
não passe a outra perna para o outro lado. Fique por um
Instante segurando na cabeça da sela, debruçado sobre
esta. O animal não esboçando reação, lentamente
passe outra perna e tome o assento da sela. Estimule
O animal a andar usando os mesmos comandos ensinados na primeira etapa. Empregue as
pernas e o comando de voz. Use o side pull para apenas indicar as direções de forma suave,
nunca excedendo na pressão. Realize todos os comando de movimentação à direita, à esquerda,
para frente e ré. Trabalhe obedecendo exatamente os mesmos critérios que utilizou nas etapas
anteriores. Nada mudou, exceto o fato de você estar montado agora em um cavalo selado e
usando side pull. Finalize dando a recompensa, o agrado. Desça tranquilamente do cavalo, e por
hoje está finalizado. Não se empolgue se o cavalo executou todas as tarefas facilmente, a ponto de
querer exigir mais do animal e levá-lo a exaustão. Muitas vezes perdemos um ótimo resultado por
não saber parar.
COLOCANDO SELA
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3
Saindo do Redondel
Finalizamos a etapa anterior, montando o cavalo selado e usando side pull. Deixamos inicialmente o
animal
caminhar por conta própria no redondel. Aos poucos fomos lhe indicando direções, puxando levemente
as rédeas de um lado para outro, e até mesmo recuando. Espero que todos tenham seguido minhas
recomendações no sentido de terminar a tarefa de forma positiva, não exigindo mais do que o
necessário do animal.
Na etapa seguinte, passaremos a trabalhar o cavalo em uma pista fechada. Mas antes, você deverá
trazer novamente o animal para o redondel e repetir brevemente algumas etapas. Digo breve porque a
essa altura o animal já reconhece sua liderança e entende que você não fará nenhum mal a ele.
Costumo dizer que nesse estágio devemos imaginar que teremos que mexer em dez cavalos ao dia.
Portanto, precisamos ganhar tempo.
Trazido o animal para o redondel, você irá trabalhar com o cabresto de doma. Após uma rápida sessão
de “tirada de cócegas”, que deverá ser realizada em ambos os lados, monte o animal em pelo. Não se
esquecendo de que antes de montar, deverá checar a reação do animal dando aqueles pequenos
saltos ao lado do cavalo simulando que irá montá-lo. Esse procedimento deve também ser realizado
em ambos os lados. No passo seguinte, monte o animal e dê algumas voltas rápidas no redondel,
conduzindo-o de um lado para o outro. Feito isso, pode colocar a sela no cavalo, não se esquecendo
de deslizá-la no lombo do animal no sentido do pelo, conforme ao já orientado inicialmente. Não aperte
ainda a sela totalmente, apenas o suficiente para não cair. Colocada a sela, faça o animal rodar no
redondel utilizando como guia o próprio cabresto. Esse procedimento visa apenas fazer o animal sentir
a sela. Dando sequência, reaperte a sela e rode novamente o animal na guia.
Coloque o sidepull e conduza o animal puxando-o até a pista. Puxe o animal pela extensão de
toda a pista para diminuir sua curiosidade, após, monte-o. Imagine que a pista é a extensão de
um quadro a ser pintado, sendo você o pintor e o cavalo o seu pincel. Dessa forma, montado
conduza lentamente o animal por todas as partes da pista. Tenha sempre em mente a correção
da direção do andar do animal. Ou seja, se você estiver andando em linha reta e ele
instintivamente, por exemplo, virar à esquerda, você puxará à rédea à direita e vice-versa.
Enquanto o animal estiver andando com sua atenção voltada para o lado de fora da pista,
conduza-o ao passo, pois ele tem curiosidade e medo e não estará focado em você. Ao sentir
que sua curiosidade diminuiu, estimule-o a trotar. O aquecimento que se faria antes no redondel,
agora será feito diretamente na pista. Com isso você economizou aproximadamente 20 (vinte)
minutos. Fixando a imaginação de que você tem 10 (dez) animais para trabalhar no dia, seria um
ganho significativo de tempo considerando aquela economia com cada um deles.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3
Nesse primeiro dia de trabalho na pista não vou trabalhar nenhum tipo de flexionamento, como,
flexão de nuca, por exemplo. Quero que o animal apenas caminhe alinhado, seguindo seu
focinho. Onde o focinho apontar, o corpo tem que acompanhar. O trabalho será realizado ao
passo e trote. Dificilmente estimularei o animal a galopar no início dessa etapa. Se o animal por
instinto próprio aumentar sua velocidade para o trote, devo exercer meu controle fazendo-o
diminuir e retornar ao passo. Faço isso o colocando em movimento circular até que retorne ao
passo, para então recomeçar o trajeto em linha reta. Com isso vou fazendo o animal a entender
que eu detenho o controle de velocidade. Quero ter um cavalo relaxado e tranquilo executando
meus comandos. Para manter o animal relaxado é necessário que o cavaleiro também esteja
relaxado e bem sentado na sela, com a coluna ereta.
• A partir do momento que você se inclina para frente o animal entende como estímulo para
aumentar a velocidade. Nessa fase de doma, ao fazer o animal virar para um dos lados, puxe
apenas a rédea do lado da direção que pretende virar. Ou seja, não encoste a rédea contrária
no pescoço do animal, porque isso pode torna-lo confuso. Somente mais adiante quando o
animal estiver em treinamento de rédeas, por exemplo, adotaremos essa prática. Concluída a
tarefa, devemos afrouxar a barrigueira da sela, demonstrando ao animal que acabou o
trabalho. Não necessariamente devemos tirar a sela de imediato, porque ele pode associar
que todas às vezes que se coloca a sela, ele trabalha. Isso pode leva-lo a resistir à colocação
da sela.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3
Devemos compreender que a pista é um novo ambiente para o animal. Dependendo do local onde
esteja instalada é comum o contato visual com outros animais da mesma espécie ou não. Trabalhar
o cavalo em pistas que reproduzam as situações acima exemplificadas será muito útil para a sua
formação, pois desde cedo estaremos familiarizando o animal com aquilo que futuramente lhe será
rotineiro. Nesse processo de adaptação do animal ao meio externo é muito importante que
satisfaçamos suas curiosidades e encaremos seus medos. É muito comum, por exemplo, um
animal avistar uma poça de água ou uma ponte e tentar de todo modo evitá-los. Isso ocorre porque
ele não tem noção de profundidade e se não demonstrarmos a ele que aquilo não representa risco,
sempre reagirá de forma negativa.
É comum quando ocorrem essas situações, o cavaleiro desviar o animal dos obstáculos ou tentar
forçá-lo a travessia com o emprego de violência. As duas atitudes estão incorretas. A primeira,
porque você tirou a chance do animal satisfazer sua curiosidade ou superar seu medo. O segundo e
o pior, você fez o animal associar que em todas às vezes que ele se deparar com uma poça de
água ou uma ponte, ele vai sofrer violência.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3
Saindo da pista
O objetivo agora é sair com o animal para o exterior da pista, visando ampliar o seu contato com
coisas alheias ao seu mundo natural, por exemplo, cães latindo, veículos, sacolas plásticas voando
e outros. O ideal é realizar esse trabalho em conjunto com outros cavaleiros, principalmente em
companhia de animais mais experientes, para fortalecer o instinto de manada. Deve-se utilizar no
mínimo um cavalo madrinha para o passeio. É importante esse trabalho de coletividade para
aproximação dos animais, porque muitos deles são criados isolados em ranchos.
Considerações finais
Concretizamos as etapas dessa filosofia que defende o não emprego de violência na domesticação
de cavalos. É necessário ressaltar que o trabalho não acabou por aqui. Ou seja, o cavalo foi
apenas apresentado a um mundo desconhecido. A repetição das práticas até agora ensinadas é
fundamental para o rápido aprendizado do animal. O que vai determinar o tempo da concretização
da doma é a frequência do manejo do animal. Lembre-se: o cavalo apreende por repetição.
É lógico que a partir de agora a execução do serviço ficou muito mais curta, pois alguns dos
cavalos estão ao ponto de se chegar e colocar sela. Mas temos que ter consciência de que se
necessário for, deveremos repetir algumas etapas para consolidar o aprendizado do animal.
PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3
É importante que tenhamos sensibilidade para entender o momento certo de passar o animal para um
treino específico, como de rédeas, por exemplo. Nessa etapa o animal deve estar respondendo com
solidez e segurança a todos os comandos executados na fase de doma, sem o qual o desperdício de
tempo será significativo nessa segunda fase de aprendizado.
Cabe destacar ainda, que devemos respeitar a individualidade de cada animal. Com o tempo, a
reiterada prática de doma com animais de raças diferentes nos ensinará que “cada animal tem o seu
tempo”. Então, se você ainda é inexperiente, não desanime se os resultados não forem imediatos.
Sugiro que na fase de aprendizado escolha animais mais tranquilos para trabalhar. Porém, quando
estiver dominando a técnica, busque animais que sabidamente lhe darão mais trabalho, isso o
impulsionará a buscar por mais conhecimentos. E consequentemente, a tornar-se um profissional
diferenciado.
Foi um imenso prazer compartilhar com todos vocês esses conhecimentos
que alicerçam todo o meu trabalho, e espero ter contribuído e atendido os
anseios daqueles que como eu, ama e respeita os animais,
notadamente os cavalos.
Um grande abraço!!!
Tamo Junto!!!
60
Parabéns! Você concluiu todos os módulos. Espero que
esse conteúdo tenha sido útil para o seu aprendizado.
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  • 1. 1 DOMA RACIONAL AA C O N Q U I S T A D E F I N I T I V A Por LEONARDO FEITOSA
  • 2. AVISO 2 Aviso legal de Direitos Autorais: É proibida a distribuição e a reprodução, total ou parcial deste livro, sem a autorização do autor da obra. Se tiver alguma dúvida, por favor, entre em contato através do e-mail: suporte.leonardofeitosa@gmail.com ME SIGA NAS REDES SOCIAIS https://www.facebook.com/leofeitosavet/?fref=ts https://www.youtube.com/channel/UCaA4LPTmyAoy0GOg18XQfVw https://www.instagram.com/leonardofeitosa.horseman/?hl=pt-br www.leonardofeitosa.com.br
  • 3. Sobre Leonardo Feitosa. 3 Quando criança, nunca brinquei de carrinho. Nunca tive e nem gostava de jogos eletrônicos. Minha diversão era brincar de fazenda. Segundo minha mãe, desde os meus 5 anos já dizia que queria “cuidar de bicho” e ser veterinário. A partir dos 12 anos, juntamente com meu irmão, comecei a aprender a domar e casquear nossos próprios potros. Em 1989, entrei no Colégio Agrícola na cidade de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, me formando no final de 1991. Do colégio Agrícola para Veterinário do Exército. Em 1993, apoiado por minha mãe, ingressei na Faculdade de Medicina Veterinária de Itaboraí, Rio de Janeiro, tendo colado grau em 1997. Ainda na Faculdade, tive a oportunidade de estagiar no Exército. Isso me valeu a oportunidade de realizar todo o meu estágio supervisionado no regimento da Escola de Cavalaria do Exército - Regimento André de Neves, Rio de Janeiro. Em 1998, concluí mais essa etapa. No ano de 1999, já era um Oficial do Exército, “Aspirante Feitosa”. Depois me tornei Tenente e fiquei no Exército até o ano de 2000. Lá trabalhei na área Clínica, e chefiei o Setor de Ferradoria, pois gostava muito de Podologia Equina. Chegar até aqui não foi fácil No ano de 2001, ao fazer um estágio em São Paulo, tive a oportunidade de trabalhar como Assistente de Treinador. A partir daí, as coisas foram acontecendo. Fiz Curso de Juiz na ABQM – Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Quarto de Milha, e na ANCR – Associação Nacional do Cavalo de Rédeas. No Rancho On Top, passei a trabalhar para o Kenny. Nesse local aprendi muito e aperfeiçoei minhas técnicas de treinamento, tambor, apartação e doma. Foi um grande aprendizado. Em 2004, após ser convidado para ministrar uma palestra no SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, acabei sendo contrato como Instrutor para atuar no SENAR/SP, onde exerço a função até os dias de hoje. Em 2005, conheci Oscar Scarpati, detentor da Técnica de Doma Índia. Acompanhei-o em alguns cursos aqui no Brasil. Em outros, atuei como seu auxiliar e também tive a oportunidade de organizar alguns de seus cursos. Foi uma experiência incrível. A base da doma índia que trago comigo é fruto da experiência que obtive com o Oscar. Sempre estudei muito, mas os meus maiores professores foram os cavalos. O SENAR representou o laboratório onde coloquei em prática tudo aquilo que aprendia em cursos. Pois toda semana tinha a oportunidade de domar 10 a 15 cavalos. Também passei a ministrar cursos de rédeas e fui me aperfeiçoando nesse segmento. Quando se tem paixão pelo o que faz, tudo acaba dando certo. Costumo dizer que eu não trabalho, eu me divirto.
  • 4. introdução Este curso foi desenvolvido seguindo exatamente as técnicas que emprego no meu curso presencial. É claro que nada vai substituir a prática, a experiência vivenciada em um curso ministrado ao vivo, mas sem dúvidas, auxiliará e muito àqueles que estão iniciando ou já possuem certa experiência com a doma racional. Tenho visto muitas informações dispersas na internet a respeito do assunto, algumas delas boas e outras nem tanto, mas nenhum material demonstra de forma sequencial a verdadeira arte que envolve a doma racional. Digo arte, porque as técnicas que passarei a vocês foram por mim adquiridas ao longo de muitos anos de trabalho, e buscadas inclusive com profissionais de renome no exterior, aos quais considero verdadeiros artistas. Acredito que através de meus conhecimentos posso transformar as pessoas, e fazê-las mais conscientes sobre a forma correta de cuidar e fazer um bom cavalo. O meu método de doma não consiste no emprego de violência, mas sim no uso da inteligência, da observação atenta a cada reação do animal que está sendo trabalhado. Saber interpretar a linguagem animal, conhecer os seus medos é essencial para passo a passo conquistar sua confiança e aproximação. Esse trabalho inicial de doma, se corretamente desempenhado, facilitará e muito as etapas seguintes, seja lá qual for à atividade que se pretenda inserir seu cavalo. Não medirei esforços para esclarecer todas as dúvidas dos alunos participantes, mas advirto que não há aprendizado sem prática. Isso quer dizer que se você realmente quer aprender as técnicas de doma, como centenas de alunos aos quais tive o prazer de repassar meus conhecimentos, você terá que PRATICAR. Para isso, é essencial que você disponha de um espaço apropriado, mais precisamente um redondel; dos equipamentos necessários, que serão citados no transcorrer do curso, e por fim, o mais importante deles, o cavalo ou potro a ser domado. Com relação ao animal a ser utilizado na doma, deve gozar de boa saúde, estar forte e possuir no mínimo dois anos de idade, pois a doma prematura pode comprometer a saúde músculo esquelética do animal, causando-lhe lesões. Lembrando que para iniciantes em doma, ao contrário do que muitos pensam, deve-se dar preferência aos animais “xucros”, ou seja, aqueles que nunca foram trabalhados, e por isso não possuem traumas. E quando já dominante das técnicas por mim ensinadas, aí sim poderá o praticante iniciar a doma de um animal que apresente um nível maior de dificuldade. Costumo falar que um cavalo pode ser uma folha branca e você pode ser o primeiro a escrever a história nessa folha. Mas se a folha já foi rabiscada, você pode apagar e reescrever uma nova história, mas por mais que você tente apagar, ainda ficaram marcas. Mas acredito que tudo é possível, desde que seja feito com o coração e energia positiva. 4
  • 5. Testando o conhecimento Antes de você começar essa aula sobre a natureza e a psicologia dos cavalos, conhecer a razão de algumas reações, a maneira em que vivem e se comportam em uma manada, eu gostaria que primeiro você respondesse a um questionário, cujo objetivo é testar o seu conhecimento e o seu nível de consciência. Isso será útil para você avaliar sua evolução no decorrer do curso. Então pegue um caderno e anote as suas respostas. Não se preocupe, essa avaliação não vale nenhuma nota, é apenas um desafio para testar seus conhecimentos. Se por acaso você já tenha assistido a aula teórica, não tem problema, responda assim mesmo, o reforço escrito aumenta a absorção do conhecimento. 5
  • 6. Teste seus conhecimentos. 1. Em uma manada de cavalos quem é o líder? 2. Qual é o pior castigo para um cavalo? 3. Qual é a melhor recompensa para um cavalo? 4. Qual é a principal defesa de um cavalo? 5. Por quê a maioria das éguas dão a luz à noite? 6. Por quê os cavalos são seres dispersos? 7. Quais são as zonas de pressão que um cavalo reage a um possível predador e como funciona? 8. Quais são os sinais de aceitação de um cavalo? E a sequência ao decorrer da aproximação? 9. Você considera comida como uma forma de recompensa para o cavalo e por quê? 10. Por que se deve iniciar uma sessão de treinamento com algo positivo? 11. Em uma fuga até quantos metros um cavalo para e analisa o perigo? 12. Por que se deve evitar o bridão no primeiro momento da iniciação? 13. O que é mais fácil de domar um leão ou um tigre? E qual a relação dessa resposta com o cavalo? 14. O que você entende por reforço positivo e reforço negativo? 15. Até por quanto tempo se pode dar reforços positivos e negativos? E qual o tempo ideal para isso? 6
  • 7. 16. Qual a diferença entre hierarquia, dominância, confiança e chefia? 17. Por quê se deve saber do histórico do cavalo antes da doma? 18. Qual é o código de ética dos cavalos? 19. O que você entende por cavalo de sangue quente, morno e frio. 20. Comente um pouco sobre os sentidos do cavalo: olfato, tato, visão e audição. 21. O resultado final será acordo ou conflito? Resolva a questão abaixo. Acordo + acordo = Conflito + conflito = Conflito + acordo = 22. Por quê se diz que só se deve montar um cavalo pela esquerda? 23. O que é pensamento associativo dos cavalos? 24. O que você entende pela frase: “o cavalo o julgara pelo o que você faz, não pelo o que você é”. 25. Comente a frase: “ensine com exemplo, controle sua adrenalina”. 26. Disciplina versus abuso: comente sobre isso. 27. Comente sobre a frase: “é tudo uma questão de escolha”. 28. O que você entende por síndrome de entrar na pressão? 29. É possível que uma informação passe de um hemisfério para outro no cérebro de um cavalo? E como isso pode influenciar no modo de lidar com ele? 7
  • 9. Natureza e psicologia animal É importante que a gente aprenda um pouco da psicologia que envolve o comportamento e a natureza dos cavalos em geral. Esse tipo de conhecimento vai se tornar nosso aliado para entender por exemplo, o que acontece com um cavalo quando ele se encontra dentro de um redondel, pista, curral, etc. Eles têm uma linguagem corporal única, que se apresenta em todo e qualquer cavalo, sendo que em alguns mais, e em outros menos, mas esses sinais sempre estarão lá. Para se alcançar um bom resultado na doma, eu costumo falar que precisamos conquistar os três pilares fundamentais, que são: Confiança Lealdade Trabalho em grupo 9 Nessa primeira etapa, temos como missão ganhar a confiança do cavalo, pois sem confiança não chegaremos a lugar nenhum.
  • 10. Líder Normalmente, quando eu pergunto quem é um líder em uma manada, a maioria responde que é o “garanhão”. Isso não é verdade. O garanhão é o protetor, o cavalo mais forte da manada. O líder é sempre a matriarca, que é a égua mais velha. Por estar mais tempo na manada, é o animal mais sábio do grupo. Ensina os mais jovens, por exemplo, onde encontrar água e alimento. Então, quando pensarmos em agir como um cavalo para ganhar a confiança de outro animal, que seja como a matriarca, a líder, e nunca como um “garanhão”. Castigo e Recompensa. O maior castigo para um cavalo é o trabalho. O cavalo é um ser preservador de energia. Na natureza ele é uma presa e não um predador. Por ter um estômago pequeno e um intestino muito grande esse animal passa o dia inteiro pastando. Ele não é capaz de guardar energia como o leão, por exemplo, que come e fica um ou dois dias só deitado fazendo a digestão. O cavalo sabe que se ele gastar energia sem necessidade, vai fazer falta em uma situação de fuga. E o que isso está relacionado à doma? Como o castigo para o cavalo é o trabalho, a sua recompensa será o descanso. E na doma aplicaremos o castigo como um reforço negativo, quando ele não fizer determinada coisa certa ou estiver se negando a obedecer. Esse castigo não está ligado a nenhum mau trato ou violência, apenas faremos, por exemplo, esse cavalo galopar até corrigir seu erro. Natureza e psicologia animal
  • 11. ERRO COMUM É comum e errado as pessoas darem descanso ao cavalo no momento em que ele resistiu a um comando ou errou uma manobra. Os cavalos aprendem por repetição. Isso quer dizer que enquanto não corrigidos irão reagir do mesmo modo acreditando que com isso terão o descanso. Um exemplo clássico desse erro ocorre quando por um motivo ou outro um cavalo vem a empinar. E o cavaleiro sem experiência ou por medo desistiu de dominá-lo. Pode ter certeza que esse animal vai empinar novamente quando exposto a mesma situação que o levou a se rebelar na primeira vez. Esse cavalo assimilou que quando empina recebe o descanso. Mas uma vez corrigido o problema e fazendo o animal entender que somente receberá o descanso quando não mais reagir, é certo que o seu comportamento mudará rapidamente. Um cavalo manejado de forma correta logo assimilará que ao ceder ao comando de seu líder o descanso virá mais rápido. Natureza e psicologia animal
  • 12. Sinais Quando você estiver domando um potro, você precisará buscar toda a atenção desse animal. Tenha em mente que estará diante de um ser disperso por natureza, o qual se confinado pela primeira vez em um redondel, terá ainda mais a sua atenção voltada para fora. É comum nessa ocasião o cavalo manifestar a sua primeira defesa, que é a intenção de fuga, chegando em alguns casos a chocar-se contra o aparato do redondel na tentativa de saltá-lo. Ele ainda não te enxerga como uma autoridade. Vou ensinar as técnicas necessárias para que você consiga com sucesso a atenção do seu animal nesse estágio de contato inicial. O seu desempenho no redondel dependerá apenas da atenção que você empregará aos sinais que o animal vai lhe transmitir durante o manejo. Os primeiros comandos passarão a ser realizados tão logo você ingresse no redondel. Os sinais que o cavalo demonstrará serão os seguintes: ATENÇÃO RELAXAMENTO TENSÃO TRÉGUA Natureza e psicologia animal
  • 13. Sinal de atenção Orelhas voltadas para você como se fossem uma parabólica. orelha voltada para à sua direção Sinal de tensão Mandíbula travada. Logo no começo o animal ficará tenso e nervoso. Você vai perceber a tensão em sua mandíbula. Ela ficará travada, e conforme você for aplicando as técnicas, essa tensão desaparecerá e logo o animal emitirá o próximo sinal. Sinal de relaxamento Lamber e mastigar. Esse ato demostra relaxamento da mandíbula. Também demostra que ele não é um predador e não oferece perigo algum. Lamber e mastigar Baixar a cabeça. O ato dele baixar a cabeça em sua presença, demostra que existe ali uma certa confiança, embora não ainda de 100 %. Na natureza, um predador normalmente ataca a jugular da presa, e por isso deixar o pescoço baixo não é muito aconselhável. E quando o cavalo age nesse sentido, já demonstra entender que não vê o domador como um predador. cabeça baixa Natureza e psicologia animal
  • 14. Sinal de trégua Diminuir o circulo do galope. No processo de doma, em uma primeira etapa, você vai fazer o cavalo galopar para impor sua dominância. O primeiro sinal de trégua é diminuir o tamanho do círculo no qual você vai estar obrigando o cavalo a galopar. Ao fazer isso, o cavalo demostra que está disposto a obedecer, pois já entende que o trabalho é um castigo e que você é o líder daquela manada de dois . Aproximar-se também é um sinal de trégua. É preciso ficar atento, pois esse é o momento em que você deve demostrar também suas intensões pacificas com ele. Natureza e psicologia animal
  • 15. Defesa A principal defesa de um cavalo é a fuga. Sempre o animal vai considerar a fuga em uma situação de perigo. Morder, desferir coices e “manotadas” também são defesas, porém somente serão usadas em momentos de encurralamentos, onde não exista outra saída ou no caso de entramos em sua zona de pressão. Falarei sobre zona de pressão mais adiante. O cavalo em sua natureza nata não pensa em atacar ou machucar, apenas a fuga é o que lhe vem à cabeça quando acuado. O animal que morde diante de uma aproximação, é aquele cavalo que aprendeu ser essa a forma mais eficiente de evitar o trabalho. Natureza e psicologia animal
  • 16. Cavalos são seres dispersos. A falta de atenção de um cavalo está diretamente ligado à sua natureza. Eles necessitam ser dispersos em razão da condição de presas que ocupam no mundo animal, e não de predadores. Um cavalo solto na natureza se tornaria uma presa fácil, caso lhe fosse tirado esse instinto de dispersão, que funciona como um verdadeiro mecanismo de defesa no seu ambiente natural. Por isso é importante você conquistar a confiança do seu animal e tão logo assumir a função de líder perante a ele, isso fará com que sinta mais seguro e menos disperso. Essa conquista garantirá a você um cavalo mais atencioso e o seu comportamento refletirá nas reações dele. Se por exemplo, em determinado momento você estiver tenso, em contato com o animal ele reagirá a esse comportamento. Natureza e psicologia animal
  • 17. Zona de pressão A zona de pressão é a distancia que determina se um predador oferece ou não perigo para o cavalo na natureza. Elas se distinguem em três: Por isso o redondel adequado não pode ser muito grande, pois manterá o cavalo na zona de percepção; e nem muito pequeno para não mantê-lo na zona de pressão. O redondel ideal será aquele que mesmo mantendo o cavalo longe, o manterá na zona de ação. Natureza e psicologia animal Zona de ação Aqui o predador já demostra perigo e o melhor a se fazer é fugir. Zona de pressão A distância compreendida entre a presa e o predador nesta zona de pressão é tão delicada que não dá alternativa de fuga à presa, senão atacar. A importância de você saber identificar em qual zona você está, é a chave para fazer o cavalo correr ou te atacar. Zona de percepção. Aqui o animal percebe a presença do predador, porém ele ainda não o oferece perigo.
  • 18. Tempo de agir Nas minhas aulas práticas, tenho sempre alertado aos meus alunos para se manterem atentos quanto ao tempo ideal de se proceder a correção de um animal que reagiu mal a determinado comando ou até mesmo resistiu a fazê-lo. O mesmo tipo de observação tenho feito com relação a recompensa. Já presenciei inúmeras vezes um animal sendo punido muito tempo depois de ter cometido uma falta. Mas vale destacar que existe sim um tempo correto para se punir ou recompensar um cavalo pela sua ação, esse tempo não pode ultrapassar a 05 (cinco) segundos. O ideal é que a ação se dê imediatamente após a ocorrência do evento, cerca de 3 a 8 décimos de segundo. Recompensar ou punir o cavalo fora do tempo especificado fará com que não compreenda o motivo da ação. E o aprendizado não será efetivado. Só observando que a punição ou correção não está vinculada a atos de violência, mas sim a atitudes firmes de se impor diretrizes. O tempo de agir está muito presente nas atividades voltadas à doma, por isso deve o domador manter- se focado exclusivamente nas tarefas que se passam dentro do redondel. Temperamento É importante que se tenha consciência que os cavalos possuem temperamentos diferentes entre si. E essas diferenças geralmente estão atribuídas às raças dos animais. É necessário se frisar aos iniciantes que quão mais forte o temperamento do animal, maior o grau de dificuldade da doma. Podemos classificar o temperamento dos animais de acordo com o seu tipo de sangue: Sangue quente Sangue morno Sangue frio A aptidão de cada animal está diretamente atrelada a sua raça, isso significa que nem todos estão aptos a desempenhar as mesmas funções (corrida, trabalho, lazer, etc). Cabe ao domador conhecer as características dessas raças, as quais conforme já visto, possuem temperamentos diferentes que implicam em maior ou menor dificuldade por ocasião da realização da doma. Saber o código genético das raças ajuda na escolha do animal. Natureza e psicologia animal
  • 19. Sentidos A importância de se conhecer os sentidos de percepção de um cavalo é fundamental para se poder compreendê-los. Visão Os cavalos são seres binoculares, possuem os olhos na lateral da cabeça como todos os animais que não são predadores. Sua amplitude de visão corresponde a 360 graus, tendo apenas dois pontos cegos: à sua frente (próximo a testa), e na traseira (na cauda). Por essa razão, ao aproximar-se do animal, posicione-se em pontos que possa ser visualizado, evitando com isso ser surpreendido por uma ação negativa por parte daquele animal. Outro aspecto importante com relação à visão equina, refere-se ao fato de que os cavalos não têm noção de profundidade. Por isso muitas vezes eles relutam em passar por poças de água ou pontes. Essas situações você vivenciará muito na prática quando estiver conduzindo animais em fase inicial de doma para ambientes externos. Os cavalos também têm visão em cores, porém em tonalidades diferentes dos seres humanos, com cores voltadas para o tom pastel. Audição A audição do cavalo é muito mais apurada do que a nossa, por isso tende o animal a sentir desconforto em lugares de alta sonoridade. Suas orelhas apontam em direção do som, mas são independentes, podendo se voltar para direções opostas. Olfato O olfato e tão aguçado que pode sentir o cheiro até do nervosismo. Uma dica muito importante é não realizar nenhum trabalho de doma perfumado; se possível somente com odor natural. Natureza e psicologia animal
  • 20. Tato Você já viu um cavalo tremer o pescoço para repelir uma simples mosca. Agora imagina a intensidade de percepção provocada ao animal se porventura for atingido por uma chicotada. Usaremos esse tato hipersensível para indicar os comandos nas regiões do corpo onde pretendemos que ele saia da pressão. Para tanto usaremos as ferramentas como estique ou estribo para não castigá-lo com violência, mas somente gerar uma determinada pressão. Faz parte do processo de doma reduzir essa hipersensibilidade do tato em pontos vulneráveis do animal, para habituá-lo a não reagir quando tocado de forma brusca nessas regiões. Essa etapa na doma é conhecida como “tirar cócegas” do animal. Pontos vulneráveis Tocar bruscamente no pescoço de um cavalo pode resultar numa reação defensiva inesperada. Justifica essa ação por tratar-se de um ponto vulnerável a ataques dos grandes felinos. Também considerado um ponto vulnerável é a região da virilha. Predadores menores buscam atacar essa região mais baixa onde a pele é mais macia e fácil de ser dilacerada. Natureza de grupo O cavalo é um ser gregário e a vivência em grupo representa mais segurança a manada. Indivíduos que se desvencilham do grupo se tornam presas fáceis. Por essa razão as fêmeas dão à luz sempre à noite, pois buscam tempo suficiente para parir e também para o potro ficar em pé e mamar o colostro. Assim, logo pela manhã conseguem acompanhar a manada sem ficar para traz. Essa noção de natureza de grupo deve ser empregada em nosso favor durante a doma, pois em um redondel é possível fazer o cavalo compreender que ficar próximo do domador é a melhor decisão. Isso fortalece a confiança e a lealdade. Natureza e psicologia animal
  • 21. Maus costumes É preciso evitar os maus costumes, por exemplo, dar alimentos ao animal como forma de recompensa. Na lida de cavalos essa é a pior forma de se obter resultado, pois o dia em que você não dispuser de alimentação, o animal se tornará arredio. Lembre-se: cavalo não é cachorro. O sistema de treinamento adotado à cães não funciona para cavalos. Forneça alimento ao equino após o treino, sem, contudo, criar qualquer vínculo com a doma. Reconsideração da fuga. Estudos mostram que um cavalo na natureza reconsidera a fuga após percorrer aproximadamente 600 metros. Ao perceber que não foi pego, decide parar para verificar a situação. Levando essas considerações para o redondel, o cavalo também tenderá a parar após ser impulsionado a galopar por um determinado tempo pelo seu domador. Na circunstância dessa parada voluntária do animal, deve o domador observar suas reações e concluir se ele está disposto a ceder aos seus comandos e permitir a aproximação. Dentição O ideal seria que antes do início do processo de doma a dentição do animal fosse examinada, porque em alguns cavalos é comum encontrar os chamados “dentes de lobo”. São pequenos dentes (pré- molares) que não têm função alguma na mastigação, mas dependendo da posição que ocupam na arcada dentária podem ferir as bochechas do animal e ainda causar desconfortos decorrentes de choques entre o dente e a embocadura. Não sendo possível o exame da dentição antes da doma, recomendo o uso de cabrestos e “side pull”, pois essas ferramentas por não serem inseridas na boca do cavalo não terão contato com o dente de lobo, e consequentemente, não incomodarão o animal. Muitas vezes, não somente no processo de doma, mas de treinamento, o animal não progride por estar sentindo dores . Alerto para não usar bridões antes do exame dentário. Esse assunto será melhor aprofundado na aula do Dr. Gustavo, quando se estudar odontologia equina. Lembre-se: contate o seu veterinário para examinar a boca de seu animal, caso não o tenha feito ainda. Natureza e psicologia animal
  • 22. É mais fácil domar um leão do que um tigre. Você sabia disso? O motivo é porque o leão é um ser que vive em grupo, enquanto o tigre é um animal que vive isolado. E qual a relação dessa informação com a doma? Usei o exemplo acima para demonstrar que animais que vivem em grupo são mais propensos a aceitar ordens em razão da existência de hierarquia no bando (manda quem pode e obedece quem tem juízo). Em uma manada o líder determina as ordens. Na doma, tornar um líder em uma manada de dois trará muito mais facilidade de comando e lealdade. Reforço positivo e reforço negativo Já falei de castigo e recompensa e isso está ligado a reforço positivo e reforço negativo. No processo de doma é preciso estar atento para identificar a ocasião oportuna de se aplicar cada ação, bem como entender para que serve cada tipo de reforço. Queremos que o cavalo obedeça nossos comandos, mas para isso precisamos que ele entenda os sinais e fazemos isso empregando os reforços. Positivo. Dar ao cavalo uma recompensa durante ou imediatamente após o comportamento desejado é um reforço positivo. Uma rédea frouxa no segundo da resposta correta é uma recompensa. Negativo. O reforço negativo ocorre durante o comportamento indesejável e não após ele. Quando mantenho a pressão de pernas ou rédeas estou fazendo um reforço negativo. Estou incomodando e induzindo o animal a entender que a realização da tarefa lhe resultará em alívio. Nesse sentido, em meus treinamentos uso muito a frase: “a puxada indica, o alivio ensina”. Natureza e psicologia animal
  • 23. Hierarquia dentro da manada A manada possui leis claras e precisas, que todos respeitam naturalmente. A organização hierárquica objetiva entre outros, preservar a vida do grupo. A égua mais velha é a líder, e sua experiência lhe dá a incumbência de conduzir a manada às melhores pastagens, água e cuidar da educação dos mais jovens. O macho garanhão serve as fêmeas e zela pela proteção do grupo. Às vezes, o comportamento arredio de um cavalo dentro do redondel representa a natureza de liderança que ele possui. Quando alguém comentar que o animal é bravo ou muito difícil de lidar, provavelmente é um cavalo em que a dominância é muito aflorada. Sendo assim, cabe ao domador conquistar à confiança do animal, demonstrando sua postura de liderança. Memória seletiva Os cavalos possuem uma memória seletiva. Isso faz parte da sua natureza de preservação. Um potro, por exemplo, que quando jovem vivenciou situações de riscos, na idade adulta trará em sua memória o sentido de alerta para circunstâncias de riscos semelhantes. Na doma, é muito importante saber do histórico do animal que vai ser trabalhado. Um animal que não teve nenhuma experiência com a doma é uma folha em branco. Estará livre de “bardas” e traumas que possam resultar em estratégias de defesa. É muito mais fácil escrever em uma folha branca sem nenhuma marca. É possível domar um cavalo que já tenha sido mexido, ou pior, que já tenha sofrido algum tipo de violência. Esse processo é conhecido por “redoma”, mas já adianto, não deve ser praticado por inexperientes. Convenhamos, uma vez rabiscado o papel, por mais que apagados os riscos, sempre existirão marcas. Natureza e psicologia animal
  • 24. Hierarquia, dominância, liderança e chefia Dentro de uma manada, existem vários graus de hierarquia, que são praticamente determinados pela idade e força. O garanhão de uma manada é o mais forte, por isso possui uma hierarquia maior e dominância. Mas isso não quer dizer que ele seja líder. Nesse caso, a liderança é da égua mais velha, a mais sábia, a matriarca. A dominância está intimamente ligada à vontade do cavalo em ser líder. E geralmente os animais que possuem traços de dominantes são arredios. A conquista da hierarquia dentro do redondel se dá por meio de atitudes firmes, que consolidam a postura de um chefe. Histórico Conhecer o histórico do animal antes de começar um serviço é muito importante. É comum os proprietários desses animais omitirem aos domadores às reais circunstâncias envolvendo o passado de determinados cavalos. Muitos deles envolvendo tentativas mal sucedidas de domas inadequadas, que resultaram em sérios traumas. Essa omissão visa normalmente encobertar o grau de dificuldade que o animal apresentará no processo de doma, a qual na verdade será uma “redoma”. Desconhecer esses fatores negativos e não chegar a um resultado satisfatório podem, inclusive, pôr em dúvida a reputação do profissional. Uso sempre uma frase em meus treinamentos: A Doma Racional é incrível mas não faz milagres. Natureza e psicologia animal
  • 25. Acordo e conflito O processo de doma pode envolver várias situações de conflitos. E para superá-las é necessário ter pulso firme e persistência para conquistar o tão esperado acordo. Parte da incidência desses conflitos é reflexo do manejo inadequado do animal ainda jovem. Nesse sentido é comum um potro não receber à repreensão necessária em razão da sua idade precoce e da aparência inofensiva. É como se comparando a uma criança que mesmo agindo em desacordo com os padrões normais de educação, não recebe correção alguma simplesmente por ser criança. A doma acontece muito antes do redondel, e os piores cavalos que deparei em processo de domesticação, traziam vícios adquiridos quando ainda potros jovens. Por isso recomendo: “cavalo deve ser tratado como cavalo”, independente da idade. Tenho uma fórmula que não é nenhuma regra matemática, mas serve para apontar resultados possíveis, caso adotemos uma postura ou outra no manejo de nossos animais. Acordo + acordo = conflito Quando tudo pode em uma relação e não havendo imposição de limites entre as partes, consequentemente não haverá conflitos. Levando esse conceito para a doma, cujo animal a ser domesticado não conheceu limites quando jovem, é bem provável que agora, na fase adulta, não venha a reconhecer com naturalidade a superioridade hierárquica do homem, gerando assim o conflito.. Lembre-se que em manada faz parte da natureza do cavalo reconhecer a hierarquia. Conflito + conflito = conflito Criando uma situação em um redondel, por exemplo, onde o domador somente executa seus comandos com emprego de violência. A reação esperada do animal também será violenta. Logo não existirá acordo, tão somente conflito. É preciso estabelecer um equilíbrio nesse elo entre domador e animal, agindo com firmeza quando necessário for, e amigável quando a situação assim o permitir. Conflito + acordo = acordo A fórmula acima aponta a melhor maneira de se estabelecer à dominância e chegar ao acordo. Exemplificando, retrato novamente o cenário do redondel. Dessa vez, o animal que relutou inicialmente à aproximação, gerando o conflito, acabou cedendo diante da atitude firme, porém não violenta do domador. E chegou-se ao acordo.
  • 26. Curiosidade Você já deve ter ouvido os peões mais antigos comentarem que só podemos montar o cavalo pelo lado esquerdo. Mas a ideia que tentavam repassar era a de que o animal não aceitaria nunca ser montado pelo lado direito, e por isso seria um risco tentar. O verdadeiro motivo de se obedecer essa ordem na montaria está relacionado a uma disciplina imposta nesse sentido pelos militares, quando se iniciou a equitação mundial. Nos dias de hoje, ainda existe a crença do perigo da monta pelo lado direito. Quando questionado a esse respeito, esclareço que o animal pode ser montado tanto pelo lado esquerdo quanto pelo lado direito. Basta que seja condicionado a isso. É lógico que um animal que sempre fora montado pela esquerda pode reagir a uma monta pela direita. Como os humanos, os animais também podem desenvolver melhor a execução das tarefas por um determinado lado do corpo. Nesse sentido, deixo a dica de que seja trabalhado mais o lado que apresenta dificuldade. Natureza e psicologia animal
  • 27. Considerações finais na aula teórica. Finalizamos a etapa teórica. Em seguida falaremos dos equipamentos empregados na prática da doma racional e sobre o trabalho a ser desenvolvido dentro do redondel. Espero que essas informações tenham sido válidas e que você as aplique conscientemente, isto é, sabendo exatamente o que está fazendo. Na dúvida, não improvise, procure auxílio. Tenha consciência que podem existir situações de risco e para prevenir-se, siga corretamente às instruções, não pulando etapas ou pecando pelo excesso de confiança. Existem escolhas, faça a certa. Há aqueles que se intitulam domadores, mas não conseguem trabalhar senão mediante o emprego de abusos. Conseguem algum resultado? Pode ser que sim, mas não dignos e completos. Lembre-se, a verdadeira liderança é aquela adquirida pela confiança no trato dos animais, consolide-a. Natureza e psicologia animal
  • 29. 1. Cabresto (o mesmo que o chico ensinou a fazer) O cabresto exerce uma pressão quando você o puxa o suficiente para conter reações negativas. Esse equipamento deve ser preso a uma corda de mais ou menos três metros de comprimento. Deve ser resistente para que não arrebente, caso precise puxar com força. 2. Estique. É normalmente usado para tocar o cavalo dentro do redondel, ou até mesmo serve como uma extensão do meu braço, caso o cavalo não se deixe tocá-lo de inicio. 3. Corda Chata. Essa corda é usada muito na doma dos muares. Esse modelo de corda não causa assaduras, caso seja necessário amarrá-la ao animal. 4. Fechador de Boca. É um acessório usado para animais que mordem muito. Ao colocar o fechador, impedimos essa ação. E se o cavalo não consegue morder, com o tempo ele desiste. Equipamentos
  • 30. 5. Gancho. Pedaço de metal de mais ou menos um metro e trinta, usado para tirar a corda chata que amarro na cernelha do cavalo ou muar, quando quero evitar reações bruscas. 6. Luvas. Usadas para que se evite queimar as mãos ao segurar a corda. 7. Sela. Você pode usar uma de sua preferencia. Eu uso uma exclusiva que mandei fazer para doma. No vídeo eu explico melhor. Equipamentos
  • 31. 8. Sidepull (quer dizer puxe para o lado) É uma ferramenta usada antes do bridão. Não é embocadura, sua ação é externa e semelhante ao cabresto, porém, bem mais eficaz para o comando. Ideal para uso em potros que ainda não tenham feito o dente de lobo. (aula do Dr. Gustavo explica melhor esse ponto). Sidepull de uma corda - exerce mais pressão, por isso é usado com cavalos que negam mais o comando. Sidepull de duas cordas – exerce menos pressão. É usado em cavalos que já respondem mais fácil os comandos. 9. Bridão (D ou de argola). De espessura intermediária, nem muito grosso e nem muito fino. Preferência aos feitos de ferro, pois o material ajuda na salivação, facilitando a lubrificação. Isso evita assaduras na boca do animal. 10. Clôches, caneleiras e ligas. São equipamentos que uso muito no momento que começo a pedir uma movimentação maior do animal. Evitam que o cavalo se machuque pisando na própria pata e criando uma experiência negativa. Equipamentos
  • 33. Antes de começarmos essa primeira etapa, vamos traçar nossos objetivos. O que é um objetivo? De forma simples, diria a você que seria definir onde queremos chegar. Eu, Leonardo Feitosa, tenho como objetivo nessa primeira sessão de doma, montar a pêlo o animal e dar-lhe os primeiros comandos. Mas não se cobre, se para você isso não for possível. Cada um tem seu ritmo. A Minha experiência vem de anos de prática. Alerto apenas, para que termine o que está fazendo de forma positiva. O que isso quer dizer? Significa que iniciado o processo de doma, tenha sempre a sensibilidade de identificar as suas dificuldades e seus limites na realização de cada tarefa, devendo se ter o mesmo cuidado de fazer essa observação em relação ao animal. Uma vez deparando-se com eventuais situações desfavoráveis, procurar soluções pacíficas para concluir as tarefas. Não se preocupe com o tempo empregado em cada uma delas. Preocupe-se com a qualidade. Cito abaixo alguns exemplos de como “acabar positivo” tarefas que inicialmente apresentaram contratempos: 1ª Situação: Seu potro recusa-se a entrar no redondel. Evite força-lo a entrar usando de violência. Pense, busque formas não traumáticas de fazê-lo. Use, por exemplo, uma madrinha (égua mais velha) para acompanhar o potro até o redondel. Conseguindo que o animal entre tranquilamente, já é algo positivo. 2ª Situação: O animal tem muito medo e não aceita aproximação. Sua zona de pressão é muito maior do que o normal. Nesse caso, conseguir tocar e acariciar o animal naquele dia, já é o ponto positivo. Várias outras situações podem ocorrer. Você pode anotar a sua e enviar para o nosso suporte. Podemos debater o assunto nos encontros online que vão acontecer. Agora cabe a você analisar o seu animal, histórico, condições genéticas e ter uma noção dos possíveis problemas que irá enfrentar. Lembre: a doma já acontece muito antes do redondel. Se o seu animal não apresentou esses problemas, e você conseguir progredir conforme oriento nos vídeos, conseguirá cumprir o objetivo máximo. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 34. Equipamentos e vestimentas a serem usados. 1. Roupas flexíveis, porém não muito largas. Não queremos restringir nossos movimentos. 2. Estique para tocar o animal. Eu uso apenas para assustar e não para agredir. 3. Boné para proteção do sol, caso seu redondel não seja coberto. 4. Cabresto ensinado no curso. 5. Coturno ou bota lisa. 6. Luvas. 7. Fechador de boca (caso o cavalo tenha hábito de morder). 8. Corda chata. Caso o animal seja muito dominante usaremos para conter coices e outras investidas. 9. Segurança é o segredo para o sucesso. Se for preciso o auxílio de um parceiro, não dispense. Vou citar dois comportamentos comuns que poderemos encontrar no animal e que teremos que superá-los, medo e cócegas. Em alguns casos o animal terá mais medo do que cócegas. Em outros, mais cócegas do que medo e em alguns, muito dos dois. Mas com a técnica certa, muita paciência e dedicação, tudo vai dar certo. O importante é progredir e sempre acabar toda sessão positivamente. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 35. DOMA RACIONAL A doma racional é um conjunto de técnicas utilizadas para equinos e muares, a fim de que sejam condicionados a obedecer, sem brutalidade, aos comandos do homem, resultando em um animal mais proveitoso, confiável, com melhor rendimento em sua vida útil. O momento ideal para a doma do animal é determinado em função de sua idade mínima, dois (2) anos, época em que o cavalo já possui estrutura física para desenvolver atividades inerentes a doma. Vale ressaltar que todo animal, para ser domado, precisa estar saudável. A doma racional deve ser realizada em ambiente próprio, mangueira ou redondel proporcionando segurança e evitando acidentes. Enfim, a doma racional é um processo pelo qual o domador utiliza os comandos de vozes com tonalidades, tendo sensibilidade, disciplina e paciência para com o animal. PROCEDIMENTOS DE CONTATO COM O ANIMAL: O primeiro passo do domador é trazer o animal para o redondel ou mangueira de forma natural, utilizando madrinha (animal que serve de guia para outros animais), a fim de se evitar o estresse (conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa e outras capazes de perturbar). Como se trata de doma racional, este animal não deverá ser laçado a campo. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 36. Nessa fase inicial, sem antes colocar cabresto ou tentar qualquer contato físico com o animal, você deve estimulá-lo a movimentar-se dentro do redondel até que consiga fazê-lo galopar. Como já expliquei anteriormente, um cavalo com a natureza intacta vai tentar fugir assim que se sentir desconfortável na sua zona de ação. Mas existem outros animais que em razão de seu temperamento mais brando, necessitarão de um estímulo maior para se movimentarem. Para tanto, você poderá gesticular com as mãos, usar o estique ou corda, sem, contudo, atingir o animal. Você deve demonstrar atitude em relação as suas ações, deixando bem estabelecida sua posição hierárquica naquela manada de dois. O animal ao perceber que não existe a possibilidade de escapar, irá aos poucos entender que deve seguir ordens, caso queira descansar. É nesse exato momento que ele vai demonstrar-lhe os primeiros sinais, conforme já mencionado. ATENÇÃO RELAXAMENTO TRÉGUA Repetindo: seja firme e busque os sinais para só depois seguir com as próximas etapas. Obs. Não deixe o cavalo escolher a direção do percurso. Se parar por conta própria, estimule-o firmemente a voltar a correr. Enfim, não aceite nenhuma reação que não seja resposta ao seu comando. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 37. Observando que o animal demonstrou todos os sinais, passe para a próxima etapa, a aproximação. APROXIMAÇÃO Quando o cavalo começar a diminuir o galope, fechando levemente o círculo, voltar as orelhas para a sua direção, passar a morder ou mastigar e baixar a cabeça, estará exibindo sinais que revelam que está mais relaxado e quer uma trégua. Está pronto para saber das suas intenções. É o momento de parar de estimulá-lo a correr. Pare e observe atentamente sua reação, que poderão ser duas: 1. Ignorar a sua presença e lhe voltar as costas. Recebendo a reação acima, ou seja, a ignorância por parte do animal, imediatamente o estimule a correr novamente e somente pare ao perceber que ele reproduz o comportamento citado no item 2, em que ele demonstra o interesse em aproximação. 2. Olhar para você e se aproximar por livre e espontânea vontade. Se a reação foi a esperada e o cavalo começou a aproximar-se de você, antes de tentar o toque no animal, proceda da seguinte maneira: • Não faça contato visual, olhe para os cascos – (os predadores costumam olhar para as suas presas). • Diminua a sua postura, feche os ombros, curve-se levemente e ande lentamente para trás. Essa é a primeira postura que você deve adotar. Isso reforçará ao cavalo a sua intenção pacífica antes do primeiro toque. Nessas condições, normalmente o cavalo tende a se aproximar, demostrando interesse em você. Isso acontecendo, chegou a hora de fazer o primeiro contato físico. Faça um carinho, um agrado na região superior do pescoço e vá progredindo lentamente para o dorso, mas se você achar que a conexão não foi tão receptiva, refaça novamente os procedimentos iniciais, estimulando o animal a correr no redondel. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 38. Ao estimular o animal à correr, e se estiver utilizando somente as mãos, o faça com as costas e dedos das mãos voltados para baixo. Faça o movimento de forma suave e sem movimentos bruscos. É importante deixar o animal cheirar suas mãos. Não faça o cavalo galopar demais ao ponto de ser algo cansativo e desgastante. Ao responder aos seus comandos, o animal passará a entender que hierarquicamente você é superior. Entenderá também nesse momento, que você não quer o mal dele. Mas não se engane, o cavalo reconhece a hierarquia que existe dentro do redondel, entretanto, você ainda não é o líder. A liderança será construída durante as próximas etapas. COLOCAÇÃO DO CABRESTO Após ter concluído com sucesso a etapa de aproximação, o próximo passo será colocar o cabresto no animal. Se o animal nasceu em sua propriedade e já foi manejado com cabresto, acredito que não haverá nenhuma dificuldade. Esclareço que é comum entre os cavalos, a hipersensibilidade nas orelhas. Por isso ao tocar as orelhas do animal, pode haver uma reação, que normalmente se manifesta através de um recuo repentino ou um movimento esquivo de cabeça para o lado contrário ao toque. Percebendo essa hipersensibilidade de orelha no animal, evite tocá-la nessa fase inicial de doma. Mais tarde, isso poderá ser resolvido com repetidos contatos nessa região. O cabresto a ser usado é o que você aprendeu a fazer, pois é eficiente para exercer pressão quando puxado bem como para aliviar a pressão quando solto. Além disso, por não ser inteiriço, esse formato de cabresto evita o toque inicial na orelha do animal, permitindo que as pontas das cordas sejam unidas e amarradas sem tocar naquela região. Concluída essa etapa, espero que você tenha conseguido criar uma boa primeira impressão ao animal, pois sempre repito que você só terá uma chance para fazer isso. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 39. Dessensibilização (retirada de cócegas) Primeiramente, assegure que o cabresto esteja bem colocado. A seguir, com a mão esquerda segure firmemente na corda abaixo da mandíbula e mantenha o mantenha o braço firme para evitar uma possível mordida. Já falamos das regiões hipersensíveis dos cavalos, que são vulneráveis ao ataque de predadores. Tentar tocar essas áreas, pode despertar extintos de sobrevivência do animal. Logo, todo cuidado é pouco, não cometa o erro de confiar. Segurando o animal com a mão esquerda, conforme ao acima indicado, com a mão direita comece a tocá-lo nos pontos vulneráveis: cernelha, barriga, virilha, traseira e outros. As reações do animal podem variar, alguns podem pular, tremer entre outras. É completamente natural, você esta exercendo uma atitude predatória. Ao demostrar ao animal que posso ter acesso às suas regiões vulneráveis e não lhe causar dor, demonstro minha superioridade e reforço a intenção pacífica, consolidando assim o respeito do animal por mim. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 40. Conforme for avançando para os pontos mais sensíveis do animal, portanto, sujeitos à maiores reações, use as seguintes técnicas para dar continuidade no trabalho de dessensibilização (redução de cócegas): Segure firmemente a corda do cabresto com a mão esquerda, caso esteja do lado esquerdo do animal, levando o braço direito por cima do cavalo, mais precisamente na região da cernelha. Fique em pé ao lado do animal, de modo que seu joelho fique próximo a região onde normalmente é colocada a barrigueira da frente. Mantendo o corpo próximo ao do animal, use o cavalo como um apoio. Não queira segurá-lo, apenas siga o movimento que ele fizer. Inicialmente, tire a estabilidade do animal puxando o focinho para o seu lado, fazendo-o girar em círculo. Acompanhe o movimento circular do animal encostando o corpo logo atrás de sua paleta, mantendo a pressão do cabresto. Comece a usar a perna de dentro para alcançar os pontos hipersensíveis. Primeiro levante a perna de modo a alcançar a região da coxa, logo abaixo da garupa, e comece a esfregar o pé nessa região, descendo até a perna. Em seguida, entre com o pé na virilha e esfregue toda essa região, lembrando que esse procedimento não exige força e nem o uso de violência. As reações apresentadas pelo animal não são de dor, mas de hipersensibilidade, e isso normalmente os leva a encolher-se.
  • 41. A demonstração de que não há dor e nem traumas na prática desse procedimento fica bem evidenciada pela própria reação do animal, que busca manter-se próximo de seu domador. Considere que você acabou de manipular as regiões vulneráveis desse cavalo até então intocáveis. Continue esse trabalho de “tirar cócegas” usando as pernas e as mãos até sentir que a sensibilidade do animal vai diminuindo. Quanto menos “cócegas” esse cavalo apresentar, menos dificuldade você encontrará nas tarefas seguintes e pode ter certeza, terá um animal muito mais confiante no futuro. Não esqueça, conforme já mencionei anteriormente, todo o procedimento que se realiza em um lado deve igualmente ser repetido em outro. Mas alerto, tome todos os cuidados necessários, pois há animais que podem ser mais reativos em determinados lados. Pode estar certo, que no decorrer do trabalho você ganhará mais consciência corporal e isso fará com que aumente a sincronia entre o seu corpo e a do animal. Isso tornará o serviço menos cansativo, e o mais importante, desenvolverá em você o instinto de defesa à acidentes, como pisões no pé, manotadas e outras formas de defesa do cavalo. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 42. Preparação para monta Se você chegou bem a esta etapa, é porque você cumpriu criteriosamente as anteriores. Esse próximo passo, igualmente aos demais, exigirá toda a sua atenção. Não seja precipitado, nunca tente montar logo de primeira, siga os procedimentos de preparação. A esta altura, depois de todo aquele procedimento de “tirar cócegas”, seu animal estará bem adaptado à sua presença. É interessante nesta fase, que sempre ao aproximar-se do animal e tiver contato corpo a corpo com ele, refaça os pequenos agrados para fortalecer a confiança. Figura 1 Figura 2 Figura 3 Após um breve agrado, posicione-se de modo a ficar em pé ao lado do animal, em posição de monta (fig. 1). Com a mão esquerda segurando a corda do cabresto e com a mão direita sobre o dorso, encoste seu corpo e inicie movimentos de pequenos pulos, aumentando gradativamente, simulando montar o animal. Sentindo que o animal não reage, ou seja, não tenta fugir, pule e jogue seu corpo sobre o dorso dele, ficando meio que dependurado, mais ainda não complete o movimento de monta (fig. 2). Conseguindo ficar em cima do cavalo, ainda com as pernas para fora, desça e demostre satisfação. Agrade-o e se curve junto a ele conforme o demonstrado na figura 4, sempre provando sua intenção de paz e amizade. Repita todo o procedimento no lado direito. Agora, novamente se posicione junto ao cavalo e repita o processo anterior, porém, dessa vez você vai subir no animal e permanecer deitado, sempre segurando o cabresto (fig. 3). Atenção: a sua cabeça deve ficar sempre ao lado oposto do qual você esta puxando o cabresto.
  • 43. Estar preparado para descer nessa primeira etapa da monta é importante. Esteja atento e preparado. Caso haja alguma reação e o cavalo ameace pular, desça rapidamente e seja firme. Dando pequenos trancos no cabresto mostre que aquela reação não pode acontecer. Como para qualquer outra reação negativa, dê um ou dois trancos e diga um sonoro “NÂO”. Destaco que essa correção deve ser feita no máximo em 5 (cinco) segundos, conforme já mencionei anteriormente. Figura 4 Havendo reação negativa por parte do animal e após ser corrigido conforme o demonstrado, refaça o processo de monta em ambos os lados. Estando seguro que o animal não vai se assustar, monte-o novamente, sempre seguindo os procedimentos de segurança. Ainda dessa vez você continuará deitado sobre o animal. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 44. Deitado sobre o cavalo você passará a usar as pernas e a mão que ficará livre para alcançar os pontos sensíveis do animal (fig. 5), objetivando finalizar o trabalho de “tirar de cócegas”. Enquanto isso, outra mão deverá estar segurando o cabresto. Com a mão livre esfregue a região dianteira do animal, sempre muito atento para qualquer reação brusca. Percebendo que o animal vai pular, desça rapidamente e o repreenda dando trancos no cabresto, conforme orientado anteriormente. É por essa razão que a primeira monta deve ser deitada, preparando o animal para não pular. A minha intenção não é conseguir permanecer sobre o animal enquanto ele pula, como se estivesse em um rodeio. O meu objetivo é não permitir que ele pule. Sei que se isso ocorrer e o domador vier a cair, pode o cavalo entender que ganhou a disputa e aprender fazer isso sempre. Como já disse, não dê mal costume a seu cavalo. Também nunca entre em uma disputa que você não tem certeza que possa ganhar. Usamos de técnicas justamente para isso, evitar resultados negativos. Concluídas as etapas de dessensibilização (tirada de cócegas) tanto no chão quanto montado, passaremos para os primeiros comandos. Ainda deitado sobre o animal comece a mexer as pernas para estimulá-lo a andar, puxando e dando pressão no cabresto em direção a que se pretende que o animal siga. Alterne as direções e lembre-se de mudar a posição da cabeça para o lado oposto do cabresto sempre que fizer essa alternância. Figura 5
  • 45. Percebendo que o cavalo obedece aos comandos básicos, com todo o cuidado levante-se em seu dorso até ficar montado corretamente (fig. 6). Agora, usando comando de voz e pressionando as pernas contra a barriga do animal estimule-o a andar para frente. Se necessário for dê pequenos toques com a perna até que o animal responda aos estímulos e passe a caminhar. Assim que o cavalo iniciar os passos tire a pressão das pernas para que entenda que é muito mais cômodo trabalhar sem pressão. Desse modo fazemos o animal entender que a forma mais rápida de sair da pressão é caminhar. Por enquanto a intenção é fazer o animal andar para frente, sem direção. Apenas queremos que ele caminhe e entenda os comandos de perna e de voz. O comando de voz inicial para estimular o animal a andar é conhecido por “chupar o beiço” ou “beijinho”, que na verdade representa o som emitido quando se “jogam” sucessivos beijos. É muito conhecido entre as pessoas que trabalham com cavalos. Com relação a posição do cabresto, mantenha-o solto, leve, sem fazer força. Não queremos confundir a cabeça do animal. Por isso não queira puxá-lo para os lados inicialmente, apenas deixe-o entender que precisa andar para frente. Deixe o cavalo seguir o caminho que quiser, não queira controlar sua direção. Faça apenas o básico. Existe uma regra que devemos seguir sempre: “a puxada indica, o alívio ensina”. Toda vez que você exerce uma pressão, seja nas pernas ou no cabresto, deve durar apenas o suficiente para o animal obedecer ao comando. Alerto para que se tire a pressão do animal no momento correto, ou seja, o retardo pode confundi-lo. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1 Figura 6
  • 46. No vídeo, você pôde me observar algumas vezes puxando o cavalo enquanto o aluno vai aplicando os comandos de perna e voz. Você também pode contar com a ajuda de um auxiliar, não há nada de mal nisso. O importante é o resultado final. Nesta etapa, quando falo de comando de voz, estou me referindo a parada do animal. Até então, o animal foi estimulado a andar para frente. Agora precisamos ensiná-lo a parar. Isso se faz puxando o cabresto levemente para trás, ao mesmo tempo em que se diz: “ooooh” (comando de voz usado para o animal parar). Assim que o cavalo parar, imediatamente alivie o cabresto, retribuindo com um agrado, alguns leves “tapinhas” em seu pescoço. Uma dica muito importante é sempre que você der o comando de parar, faça o cavalo recuar um pouco. A ideia é fazer o animal pensar para trás. Mais adiante ensinarei como fazer o cavalo recuar. Depois que o animal demonstrou progresso em executar o primeiro comando que o estimulou a andar para a frente, chegou o momento de ensinar-lhe os comandos laterais. Para conduzir o animal para o lado esquerdo, por exemplo, puxe levemente o cabresto para esse lado. Em sincronia com esse movimento abra sua perna esquerda como se indicando a direção para o cavalo seguir, e com a perna direita pressione a região da paleta do animal, de modo que estivesse o empurrando a virar à esquerda. Obedecendo esses critérios, faça o animal virar à direita. O último comando que vamos trabalhar é fazer o animal recuar. Para isso puxe levemente o cabresto para trás, com a mão baixa e com o braço quase que totalmente esticado. Mantenha a pressão no cabresto até que o cavalo ceda e dê ao menos um passo para trás. Cedendo, imediatamente alivie a pressão. Lembre-se: “a puxada indica, o alivio ensina”. Se por acaso o cavalo começar a resistir e não obedecer, apenas mantenha a pressão, não precisa puxar mais, não queira disputar um cabo de guerra. Se conseguiu realizar os comandos sugeridos, parabéns, finalizou a primeira etapa. Mas alerto, por mais empolgado(a) que você esteja, não tente avançar mais do que o combinado. Você pode acabar perdendo um resultado positivo. Por isso saiba parar, termine a sessão de doma com a sensação que dava para fazer mais alguma coisa. Oriento também, a finalizar o trabalho com seu animal bem disposto. Não trabalhe seu cavalo até o esgotamento. São pequenos detalhes que farão toda diferença. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1
  • 47. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 1 Concluídas as etapas acima, finalize com a tradicional posição que eu e meus alunos realizamos sempre ao final da primeira etapa da doma. A posição do observador. Antigamente, os índios ficavam em pé em seus cavalos para poder observar mais longe o território, e garantir a segurança contra possíveis ataques inimigos. Esses mesmos índios desenvolveram a técnica de doma índia, a mesma que eu emprego como base para a doma racional. Para mim a posição do observador demostra a a conquista da confiança, lealdade e trabalho em grupo. Por essa razão eu a realizo todas às vezes que concluo a etapa inicial de doma. Para marcar sua conquista, sugiro que tire uma foto, postando-a no grupo. Quem sabe resolvo premiar a melhor foto. Mas alerto, tome muito cuidado. Se for preciso peça ajuda para realizar a posição do observador. Chegamos ao final da primeira etapa da doma.
  • 49. Nessa segunda etapa da doma racional, colocaremos a sela e trabalharemos a adaptação do cavalo. Acredite, colocar a sela pode parecer fácil, mas é nessa hora que poderemos causar traumas no animal. Uma sela mal colocada, por exemplo, pode até causar um acidente grave. Por isso, sem amadorismo, siga exatamente o passo a passo, por mais que seu cavalo demostre tranquilidade. Imagino que trazer o cavalo para o redondel já não é problema, mas caso ele demostre ainda algum sinal de rejeição, use a madrinha novamente. Antes de colocar a sela no animal, iremos repetir os procedimentos da primeira etapa (tocar o animal no redondel, ganhar sua atenção, aproximação e contato, colocar o cabresto e tirar cócegas), mas tudo isso será realizado de forma rápida. Alerto que você só deve partir para essa segunda etapa se realmente conquistou o objetivo principal, na primeira. Provavelmente, seu animal ainda sinta cócegas, porém com menos reação. Depois de repetir de forma rápida do chão o trabalho para “tirar cócegas”, antes de montar, também repita aquele procedimento pré-monta, em que você deu alguns pulos ao lado do animal antes de montá-lo. Faça isso para certificar-se que o animal está acostumado com você. Logo após, monte conforme ensinei na primeira etapa, primeiro deitando sobre o animal e depois sentando. Lembre-se: todo cuidado é pouco. Após concluir essa tarefa, desça do cavalo e prepare-se para o procedimento para se colocar a sela. COLOCANDO SELA Antes da sela, você irá colocar a manta no cavalo. Muitas pessoas realizam todo um ritual de apresentação da manta ao animal. Mas eu vou lhe orientar a fazer o fácil. Se o animal já acostumou com sua presença, não perca tempo, pode colocar a manta de forma rápida e segura que o animal não vai reagir.
  • 50. Para que você tenha mais agilidade, precisará usar as duas mãos. Mas para não correr o risco de que o cavalo saia andando na hora que estiver colocando a sela , faça o seguinte: Jogue a corda do cabresto por cima do braço esquerdo, na altura do cotovelo, e pise no restante da corda que você deixou no chão (fig. 1). Assim você poderá travar a corda enquanto mantém as duas mãos soltas. Você pode contar com ajuda de um auxiliar que lhe passará a sela. Mas caso esteja sozinho, também é possível, basta deixar a sela na posição de pegada e ter força para levantá-la. Antes de colocar a sela, levante o estribo do lado direito e o prenda no lático. Esse procedimento prevenirá o estribo de bater na barriga do animal quando colocada a sela, assustando-o e podendo até fazê-lo correr. Coloque a sela de forma tranquila e sem trancos. Já com a sela sobre o cavalo, desça o estribo lentamente usando o próprio lático. Não solte-o bruscamente de forma alguma, isso pode resultar na situação descrita acima. Caso isso aconteça e você não consiga conter o animal, deixe que ele saia correndo, mas antes segure a sela tirando-a rapidamente. COLOCANDO SELA Figura 1
  • 51. Dica importante: antes de apertar a sela, você deve ajeitá-la sobre o dorso do animal. Isso previne apertar a sela com os pelos arrepiados, o que pode gerar grande incômodo ao animal. Para acomodar a sela, levante levemente a manta e puxe-a para cima. Delicadamente, vá escorregando a sela e a manta pela garupa, sempre a favor do pelo (fig. 1). Outro dica: deixar uma folga de quatro dedos embaixo da manta, conforme mostra a imagem ao lado, para que no momento do aperto essa manta encaixe sem causar desconforto (fig. 2). Seguindo o passo a passo, agora coloque a barrigueira da frente. Apenas encoste, apertando o suficiente para a sela não virar. Siga o mesmo procedimento para colocar a barrigueira traseira. Ajuste o estribo para sua altura. Aproveite o momento para apresentá-lo ao animal. Movimente o estribo lentamente. Aos poucos comece a soltá-lo contra a barriga do cavalo. Faça isso cada vez mais forte, mas sempre atento com a reação (fig. 3). Repita o procedimento com o estribo do outro lado. Certifique-se novamente, que a sela está apertada apenas o suficiente para que não vire, pois não queremos que o cavalo pule de forma alguma. Esse é um momento muito importante, em que exijo que se siga a risca o passo a passo, como se fosse uma receita de bolo. COLOCANDO SELA Figura 1 Figura 2 Figura 3
  • 52. Colocada a sela, começaremos guiando o cavalo ao passo, depois ao trote e por último a galope. Use uma corda maior para guiar. Você deve ter controle da situação. Muitos domadores soltam o cavalo. Eu prefiro ter todo cuidado e ter o controle da situação. Ao perceber que o cavalo quer pular, seja firme. Dê um tranco no cabresto, demostrando sua desaprovação. Se conseguiu conter rapidamente a situação, demostre gratidão, faça um agrado. Lembre-se: o animal deve ser corrigido no máximo em 5 segundos, se possível, em menos tempo. Retomando o procedimento, faça o cavalo galopar em círculos. Uma vez galopando sem problemas, reduza e interrompa o galope. Como forma de recompensa, imediatamente o agrade. Repita todo o procedimento em direção contrária. COLOCANDO SELA
  • 53. Após rodar o animal no redondel em ambas as direções e executar essas etapas tranquilamente, chegou a hora de apertar a sela. Feito isso, faça o cavalo rodar novamente no redondel para ambos os lados. Constatando que o animal não tem mais medo da sela e que já demostra tranquilidade, vamos para o próximo passo. Montar Nesta etapa substituiremos o cabresto pelo side pull, que é uma ferramenta que uso antes de colocar o bridão, para evitar incômodos na boca do animal. Para saber maiores detalhes a respeito, consulte a aula sobre equipamentos. Colocado o side pull, antes de preparar-se para montar o animal, certifique-se que a sela esteja bem firme. Estando tudo em ordem, fique em pé ao lado do animal e dê alguns pequenos pulos ao seu lado, como na etapa inicial, para checar sua reação. Em seguida, coloque o pé no estribo e suba, mas ainda não passe a outra perna para o outro lado. Fique por um Instante segurando na cabeça da sela, debruçado sobre esta. O animal não esboçando reação, lentamente passe outra perna e tome o assento da sela. Estimule O animal a andar usando os mesmos comandos ensinados na primeira etapa. Empregue as pernas e o comando de voz. Use o side pull para apenas indicar as direções de forma suave, nunca excedendo na pressão. Realize todos os comando de movimentação à direita, à esquerda, para frente e ré. Trabalhe obedecendo exatamente os mesmos critérios que utilizou nas etapas anteriores. Nada mudou, exceto o fato de você estar montado agora em um cavalo selado e usando side pull. Finalize dando a recompensa, o agrado. Desça tranquilamente do cavalo, e por hoje está finalizado. Não se empolgue se o cavalo executou todas as tarefas facilmente, a ponto de querer exigir mais do animal e levá-lo a exaustão. Muitas vezes perdemos um ótimo resultado por não saber parar. COLOCANDO SELA
  • 54. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3 Saindo do Redondel Finalizamos a etapa anterior, montando o cavalo selado e usando side pull. Deixamos inicialmente o animal caminhar por conta própria no redondel. Aos poucos fomos lhe indicando direções, puxando levemente as rédeas de um lado para outro, e até mesmo recuando. Espero que todos tenham seguido minhas recomendações no sentido de terminar a tarefa de forma positiva, não exigindo mais do que o necessário do animal. Na etapa seguinte, passaremos a trabalhar o cavalo em uma pista fechada. Mas antes, você deverá trazer novamente o animal para o redondel e repetir brevemente algumas etapas. Digo breve porque a essa altura o animal já reconhece sua liderança e entende que você não fará nenhum mal a ele. Costumo dizer que nesse estágio devemos imaginar que teremos que mexer em dez cavalos ao dia. Portanto, precisamos ganhar tempo. Trazido o animal para o redondel, você irá trabalhar com o cabresto de doma. Após uma rápida sessão de “tirada de cócegas”, que deverá ser realizada em ambos os lados, monte o animal em pelo. Não se esquecendo de que antes de montar, deverá checar a reação do animal dando aqueles pequenos saltos ao lado do cavalo simulando que irá montá-lo. Esse procedimento deve também ser realizado em ambos os lados. No passo seguinte, monte o animal e dê algumas voltas rápidas no redondel, conduzindo-o de um lado para o outro. Feito isso, pode colocar a sela no cavalo, não se esquecendo de deslizá-la no lombo do animal no sentido do pelo, conforme ao já orientado inicialmente. Não aperte ainda a sela totalmente, apenas o suficiente para não cair. Colocada a sela, faça o animal rodar no redondel utilizando como guia o próprio cabresto. Esse procedimento visa apenas fazer o animal sentir a sela. Dando sequência, reaperte a sela e rode novamente o animal na guia.
  • 55. Coloque o sidepull e conduza o animal puxando-o até a pista. Puxe o animal pela extensão de toda a pista para diminuir sua curiosidade, após, monte-o. Imagine que a pista é a extensão de um quadro a ser pintado, sendo você o pintor e o cavalo o seu pincel. Dessa forma, montado conduza lentamente o animal por todas as partes da pista. Tenha sempre em mente a correção da direção do andar do animal. Ou seja, se você estiver andando em linha reta e ele instintivamente, por exemplo, virar à esquerda, você puxará à rédea à direita e vice-versa. Enquanto o animal estiver andando com sua atenção voltada para o lado de fora da pista, conduza-o ao passo, pois ele tem curiosidade e medo e não estará focado em você. Ao sentir que sua curiosidade diminuiu, estimule-o a trotar. O aquecimento que se faria antes no redondel, agora será feito diretamente na pista. Com isso você economizou aproximadamente 20 (vinte) minutos. Fixando a imaginação de que você tem 10 (dez) animais para trabalhar no dia, seria um ganho significativo de tempo considerando aquela economia com cada um deles. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3
  • 56. Nesse primeiro dia de trabalho na pista não vou trabalhar nenhum tipo de flexionamento, como, flexão de nuca, por exemplo. Quero que o animal apenas caminhe alinhado, seguindo seu focinho. Onde o focinho apontar, o corpo tem que acompanhar. O trabalho será realizado ao passo e trote. Dificilmente estimularei o animal a galopar no início dessa etapa. Se o animal por instinto próprio aumentar sua velocidade para o trote, devo exercer meu controle fazendo-o diminuir e retornar ao passo. Faço isso o colocando em movimento circular até que retorne ao passo, para então recomeçar o trajeto em linha reta. Com isso vou fazendo o animal a entender que eu detenho o controle de velocidade. Quero ter um cavalo relaxado e tranquilo executando meus comandos. Para manter o animal relaxado é necessário que o cavaleiro também esteja relaxado e bem sentado na sela, com a coluna ereta. • A partir do momento que você se inclina para frente o animal entende como estímulo para aumentar a velocidade. Nessa fase de doma, ao fazer o animal virar para um dos lados, puxe apenas a rédea do lado da direção que pretende virar. Ou seja, não encoste a rédea contrária no pescoço do animal, porque isso pode torna-lo confuso. Somente mais adiante quando o animal estiver em treinamento de rédeas, por exemplo, adotaremos essa prática. Concluída a tarefa, devemos afrouxar a barrigueira da sela, demonstrando ao animal que acabou o trabalho. Não necessariamente devemos tirar a sela de imediato, porque ele pode associar que todas às vezes que se coloca a sela, ele trabalha. Isso pode leva-lo a resistir à colocação da sela. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3
  • 57. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3 Devemos compreender que a pista é um novo ambiente para o animal. Dependendo do local onde esteja instalada é comum o contato visual com outros animais da mesma espécie ou não. Trabalhar o cavalo em pistas que reproduzam as situações acima exemplificadas será muito útil para a sua formação, pois desde cedo estaremos familiarizando o animal com aquilo que futuramente lhe será rotineiro. Nesse processo de adaptação do animal ao meio externo é muito importante que satisfaçamos suas curiosidades e encaremos seus medos. É muito comum, por exemplo, um animal avistar uma poça de água ou uma ponte e tentar de todo modo evitá-los. Isso ocorre porque ele não tem noção de profundidade e se não demonstrarmos a ele que aquilo não representa risco, sempre reagirá de forma negativa. É comum quando ocorrem essas situações, o cavaleiro desviar o animal dos obstáculos ou tentar forçá-lo a travessia com o emprego de violência. As duas atitudes estão incorretas. A primeira, porque você tirou a chance do animal satisfazer sua curiosidade ou superar seu medo. O segundo e o pior, você fez o animal associar que em todas às vezes que ele se deparar com uma poça de água ou uma ponte, ele vai sofrer violência.
  • 58. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3 Saindo da pista O objetivo agora é sair com o animal para o exterior da pista, visando ampliar o seu contato com coisas alheias ao seu mundo natural, por exemplo, cães latindo, veículos, sacolas plásticas voando e outros. O ideal é realizar esse trabalho em conjunto com outros cavaleiros, principalmente em companhia de animais mais experientes, para fortalecer o instinto de manada. Deve-se utilizar no mínimo um cavalo madrinha para o passeio. É importante esse trabalho de coletividade para aproximação dos animais, porque muitos deles são criados isolados em ranchos. Considerações finais Concretizamos as etapas dessa filosofia que defende o não emprego de violência na domesticação de cavalos. É necessário ressaltar que o trabalho não acabou por aqui. Ou seja, o cavalo foi apenas apresentado a um mundo desconhecido. A repetição das práticas até agora ensinadas é fundamental para o rápido aprendizado do animal. O que vai determinar o tempo da concretização da doma é a frequência do manejo do animal. Lembre-se: o cavalo apreende por repetição. É lógico que a partir de agora a execução do serviço ficou muito mais curta, pois alguns dos cavalos estão ao ponto de se chegar e colocar sela. Mas temos que ter consciência de que se necessário for, deveremos repetir algumas etapas para consolidar o aprendizado do animal.
  • 59. PRATICA DOMA RACIONAL ETAPA 3 É importante que tenhamos sensibilidade para entender o momento certo de passar o animal para um treino específico, como de rédeas, por exemplo. Nessa etapa o animal deve estar respondendo com solidez e segurança a todos os comandos executados na fase de doma, sem o qual o desperdício de tempo será significativo nessa segunda fase de aprendizado. Cabe destacar ainda, que devemos respeitar a individualidade de cada animal. Com o tempo, a reiterada prática de doma com animais de raças diferentes nos ensinará que “cada animal tem o seu tempo”. Então, se você ainda é inexperiente, não desanime se os resultados não forem imediatos. Sugiro que na fase de aprendizado escolha animais mais tranquilos para trabalhar. Porém, quando estiver dominando a técnica, busque animais que sabidamente lhe darão mais trabalho, isso o impulsionará a buscar por mais conhecimentos. E consequentemente, a tornar-se um profissional diferenciado. Foi um imenso prazer compartilhar com todos vocês esses conhecimentos que alicerçam todo o meu trabalho, e espero ter contribuído e atendido os anseios daqueles que como eu, ama e respeita os animais, notadamente os cavalos. Um grande abraço!!! Tamo Junto!!!
  • 60. 60 Parabéns! Você concluiu todos os módulos. Espero que esse conteúdo tenha sido útil para o seu aprendizado. Para mais informações basta entrar em contato através do: suporte.leonardofeitosa@gmail.com Para informações sobre o curso online de Doma Racional entre em contato. (15) 99611-7078 Apenas whatsApp Um abraço e Tamo Junto!!! E se possível, deixe um comentário sobre o que achou desse material. Sua opinião é extremamente importante para melhorarmos ainda mais nosso conteúdo.