SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO
                                                  CENTRO-OESTE

3.5     DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – DMPL E
        DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS – DLPA

        Antes de qualquer explicação vamos tecer algumas considerações: apenas uma
parte do lucro líquido é distribuída para os proprietários da empresa em forma de
dividendos. A maior parcela normalmente é retida na empresa e reinvestida no negócio.
        A destinação do lucro líquido para os proprietários (distribuição de lucros) ou o
reinvestimento na própria empresa (retenção de lucro) será evidenciada na Demonstração
de Lucros ou Prejuízos Acumulados — DLPA, antes de ser indicada no Balanço Patrimonial.
        O processo para o levantamento da DLPA começa com o encerramento do exercício,
com a apuração do lucro líquido na DRE. Em seguida, transporta-se o lucro líquido para a
DLPA para efetuar a sua distribuição.
        Após a destinação do lucro líquido, o que fica retido é transportado para o Balanço
Patrimonial no grupo Patrimônio Líquido. O lucro retido na empresa pode ser utilizado para
aumentar o capital da empresa ou ser destinado a algum fim específico, neste caso será
tratado em forma de reserva: reserva legal, reserva para expansão, reserva estatutária, etc.
        Se a empresa, em vez de lucros, estiver apresentando prejuízos, tais prejuízos serão
acumulados e serão mostrados na DLPA.
        Concluímos então que a DLPA tem como objetivo relatar as modificações ocorridas
na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados em determinado período de tempo. A DLPA faz
uma integração entre o lucro líquido, registrado na DRE, e o Lucro Acumulado, registrado no
Balanço Patrimonial.
        Quando mencionamos “mutações do Patrimônio Líquido”, queremos nos referir às
modificações ocorridas, durante certo exercício social, nas contas do PL. Diferentemente da
DLPA, a DMPL evidencia a movimentação de todas as contas do Patrimônio Líquido
ocorrida durante certo exercício. Como esta demonstração evidencia também a
movimentação ocorrida na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, temos que a DMPL
substitui por completo a DLPA.
        A Lei 6.404/76, a Lei das S.A., dá opção à companhia para elaborar a DLPA ou a
DMPL, como podemos observar no parágrafo 2º do art. 186 dessa lei:

        A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará:
        I - o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do
        saldo inicial;
        II - as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;
        III - as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao
        capital e o saldo ao fim do período.
        § 1° Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de
        efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado
        exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes.
        § 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do
        dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do
        patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia (o grifo é nosso).

     Entretanto, a CVM – Comissão de Valores Mobiliários torna obrigatória a elaboração
da DMPL para as companhias de capital aberto.

3.5.1   Modelo de DMPL

      O modelo demonstrado a seguir contém todas as contas refletidas pela DMPL. A
DLPA segue o mesmo padrão, contendo as mesmas movimentações da primeira coluna,
porém, reflete apenas as modificações ocorridas na conta lucros ou prejuízos acumulados.




Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br                                                     32
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO
                                                          CENTRO-OESTE

                                     Empresa X S.A.
                                 CNPJ 00.000.000/0000-00
               Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido em 31/12/2002
                                                                                                                                                              Em R$ mil
                                                                                          Reservas de Lucros




                                  Capital Realizado




                                                                                                                                                 Acumulados
                                                      Reservas de




                                                                    Patrimonial




                                                                                                         Contingências
                                                                    Ajustes de




                                                                                                                                                  Lucros ou
                                                                     Avaliação




                                                                                                                                                  Prejuízos
                                                                                           Estatutária




                                                                                                                         Incentivos
                                                        Capital




                                                                                                                                      Lucros a




                                                                                                                                                                 Total
                                                                                                                                      Realizar
                                                                                                                           Fiscais
        Movimentações




                                                                                  Legal
Saldos em 31/12/2001             7.000                                            50      1.500          100               20           10         950          9.630
Ajustes de Exercícios Anteriores
   Efeitos de mudanças de
   critérios contábeis
   Retificação de erro de
                                                                                                                                                  (100)         (100)
   exercícios anteriores
Aumento de Capital
Reversão de Reservas
   De contingências
   De lucros a realizar
Lucro Líquido do Exercício                                                                                                                        3.000         3.000

Proposta da AGO
Transferência para Reservas
  Legal                                                                           150                                                             (150)
  Estatutária                                                                              300                                                    (300)
  Contingências                                                                                          255                                      (255)
  Incentivos fiscais                                                                                                      180                     (180)
  Lucros a Realizar                                                                                                                     95         (95)
  Lucros para expansão
  Dividendos não distribuídos
Juros sobre o capital próprio
Dividendos (R$ 0,7175 p/ ação)                                                                                                                   (2.870)       (2.870)
Saldos em 31/12/2002             7.000                                            200     1.800          355              200          105          0           9.660

Observação: Caso a apresentação analítica da DMPL fique muito extensa, para fins de
publicação, poderão ser utilizados recursos alternativos de apresentação, como notas
explicativas e quadros auxiliares, sumariando-se a apresentação da demonstração pelos
totais nos itens: reservas de capital, ajustes de reavaliação patrimonial e reservas de lucros.

3.5.1.1 Ajustes de exercícios anteriores

         De acordo com o §1º do Art. 186, a Lei das Sociedades por Ações deixa claro que os
ajustes de exercícios anteriores não devem afetar o resultado normal do presente exercício,
determinando que seus efeitos sejam registrados diretamente na conta integrante do
Patrimônio Líquido, Lucros (Prejuízos) Acumulados. Também determina que sejam tratados
como ajustes de exercícios anteriores somente os casos de: a) efeitos de mudança de
critério contábil; b) retificação de erro.

3.5.1.2 Reversão de reservas

       Certas parcelas, deduzidas do lucro, destinadas a certos fins específicos (Reservas),
podem, em exercícios futuros, ser reincorporadas ao lucro. Os casos mais comuns são as
Reservas de Lucros a Realizar e as Reservas para Contingências, que são deduzidas de
Lucros Acumulados e, normalmente, retornam em outros períodos futuros, sendo
adicionadas à conta Lucros Acumulados.


Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br                                                                                                                          33
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO
                                                  CENTRO-OESTE

       A Lei das Sociedades por Ações (após as alterações da Lei 10.303/2001) indica que
o valor da reversão da Reserva de Lucros a Realizar deverá ser transferido diretamente
para os dividendos obrigatórios do período.

3.5.1.3 Aumento de capital

       O capital social poderá ter seu saldo acrescido por investimentos em dinheiro, bens e
por meio de reservas e lucros acumulados, conforme a decisão da AGO. Caso a última
opção seja utilizada, a DMPL refletirá o decréscimo na coluna da reserva correspondente e
acréscimo na coluna capital realizado.

3.5.1.4 Lucros ou prejuízos acumulados

        As seguintes transações são registradas em lucros ou prejuízos acumulados:

•   Reversões de reservas (principalmente as de contingências e de lucros a realizar);
•   Lucro líquido do exercício;
•   Transferências de lucros para as reservas de lucros ou para o capital social;
•   Dividendos distribuídos;
•   Ajustes de exercícios anteriores (os efeitos da mudança de critério contábil ou retificação
    de erro imputável a determinado exercício anterior e que não possam ser atribuídos a
    fatos subseqüentes).

       A DRE termina com o resultado líquido (lucro ou prejuízo), já deduzidos o imposto de
renda e as participações, cujo resultado líquido será adicionado a lucros acumulados.
       Na hipótese da ocorrência de prejuízo, este será obrigatoriamente absorvido pelos
lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem. Se, ainda
assim, remanescer saldo, sua absorção poderá ser feita com reservas de capital.

3.5.1.5 Proposta da AGO para destinação do lucro

       Após a apuração do montante disponível (acumulado) do lucro, será destacada a
proposta dos órgãos da administração da companhia, apresentada aos acionistas
(Assembléia Geral), sobre a destinação a ser dada ao Lucro Líquido do Exercício.
Normalmente, essa proposta é aprovada na primeira reunião de acionistas do ano
(Assembléia Geral Ordinária). Independentemente da aprovação, já se efetuam as
transferências. Esse procedimento é permitido por Lei.
       Os órgãos administrativos, na proposta sobre a destinação do lucro apresentada na
DLPA, constituem reservas baseando-se nos estatutos na empresa e na Lei das Sociedades
por Ações. Essas reservas originadas do Lucro Líquido do Exercício são denominadas
Reservas de Lucro.
       As reservas de lucros representam valores retidos de lucros acumulados. A Lei das
S.A. estabeleceu as seguintes reservas de lucros: Reserva Legal, Estatutária, para
Contingências, de Incentivos Fiscais, de Lucros a Realizar, de Lucros para expansão e
Reserva Especial para Dividendo Obrigatório não Distribuído.

3.5.2   Reservas1

       Algumas transações envolvendo o capital próprio da empresa, por deliberação da
CVM ou da Lei das Sociedades por Ações, faz surgir um grupo de contas especial
denominado Reservas. As reservas podem ser classificadas em: reservas de capital; ajustes
de avaliação patrimonial e reservas de lucros.

1
         Adaptado do texto desenvolvido por Marcelo Cavalcanti Almeida (Curso Básico de
Contabilidade, 1998, p. 148-56)
Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br                                             34
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO
                                                  CENTRO-OESTE

3.5.2.1 Reservas de Capital

       Segundo a Lei das Sociedades por Ações (§ 1º do artigo 182), as seguintes
transações são classificadas como reservas de capital:

•   Ágio na colocação de ações;

       O capital social é acrescido pela realização do valor nominal das ações ou pela
importância destinada a sua incorporação, no caso de ações sem valor nominal. Qualquer
importância excedente, na colocação de ações da companhia junto aos acionistas, é
destinada à formação de reserva de capital de ágio.

•   Alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;

        Partes beneficiárias e bônus de subscrição, previstos nos capítulos IV e VI da Lei das
S.A., representam títulos negociáveis emitidos pela companhia. O valor da alienação desses
títulos é registrado no grupo de reservas de capital, em contrapartida em conta corrente
bancária. Observação: é vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias.

3.5.2.2 Ajustes de Avaliação Patrimonial

       Constitui ajuste de avaliação patrimonial a parcela do valor do ativo ou passivo, a
maior ou menor, que o mercado suportar pagar. Por exemplo: suponhamos uma situação
em que uma companhia compre um terreno por R$ 60.000. Nesse mesmo ano, o governo
local asfaltou a rua onde está localizado o terreno e construiu uma praça e o valor por
quanto terceiros pagariam pelo imóvel passou para R$ 114.000 (conforme laudo de três
especialistas). Portanto, os R$ 54.000 devem ser contabilizados como ajustes de avaliação
patrimonial. (vide o § 3º do artigo 182 da Lei das S.A.)

3.5.2.3 Reservas de Lucros
• Reserva Legal

       A reserva legal é constituída obrigatoriamente com base em 5% do lucro líquido do
exercício, até que seu saldo atinja o limite de 20% do capital social realizado.
       Essa reserva poderá deixar de ser constituída quando seu saldo, acrescido do valor
das reservas de capital, atingir 30% do capital social realizado.
       A reserva legal tem como objetivo assegurar a integridade do capital social e só
poderá ser utilizada para aumentar o capital social ou compensar prejuízos.

•   Reservas Estatutárias

        A Lei das Sociedades por Ações permite que o estatuto da companhia estabeleça
reservas estatutárias, desde que estas definam o objetivo e determine o critério de cálculo e
o limite máximo da reserva.

•   Reservas para Contingências

       Os acionistas poderão destinar, por proposta dos administradores da companhia,
parte do lucro líquido do exercício para formação da reserva para contingências, que tem
por objetivo compensar em ano futuro a diminuição do lucro, em função de perda julgada
provável e cujo valor possa ser estimado.
       Essa reserva deverá ser transferida para lucros ou prejuízos acumulados no ano em
que deixarem de existir as razões que justificaram sua constituição ou em que ocorrer a
perda. A finalidade principal dessa reserva é resguardar a sociedade de problemas

Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br                                            35
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO
                                                  CENTRO-OESTE

financeiros futuros, já que os valores destinados a sua formação não serão objeto de
distribuição de dividendos.
         A reserva para contingências apresenta três características básicas: não caracteriza
exigibilidade atual, não implica desembolso e origina-se em fatos que implicam a
possibilidade de diminuição futura do lucro.

•   Reservas de Incentivos Fiscais

       A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para
a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou
subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de
cálculo do dividendo obrigatório.

•   Reservas de Lucros a Realizar

        O valor destinado para essa reserva é excluído do lucro líquido do exercício para fins
do cálculo do dividendo mínimo obrigatório.
        Esta reserva pode ser estabelecida quando o lucro apurado na DRE ainda não foi
realizado. Por exemplo: A DRE é de natureza econômica, ou seja, as receitas e as
despesas são computadas quando ganhas ou incorridas, independente da realização
financeira. Assim, nem todo lucro apurado pela companhia está em condição de ser
distribuído de imediato como dividendo a seus acionistas. Logo, o objetivo dessa reserva é
possibilitar que a sociedade retenha lucros ainda não realizados financeiramente, de forma a
evitar problemas de caixa para a companhia.

•   Reservas de Lucros para Expansão (Retenção de Lucros)

        Os acionistas poderão destinar, por proposta dos órgãos da administração, parte do
lucro líquido do exercício para formação de reserva de retenção de lucros, sem prejudicar a
distribuição do dividendo obrigatório, com o objetivo de cobrir orçamento de capital.
        O referido orçamento deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicações
de capital, fixou ou circulante, e poderá ter a duração de até cinco exercícios, salvo no caso
de execução, por prazo maior, de projeto de investimento.
        Essa reserva se aplica mais às companhias que estão em fase de expansão de seu
parque fabril e pretendem financiar o projeto, total ou parcialmente, com recursos de suas
operações.

•   Reserva Especial para Dividendo Obrigatório não Distribuído

       A companhia deverá constituir essa reserva de lucros quanto tiver dividendo
obrigatório a distribuir, mas sem condições financeiras para seu pagamento. Tais dividendos
serão pagos aos acionistas no futuro, assim que a situação financeira o permitir, desde que
não tenham sido absorvidos por prejuízos dos exercícios seguintes.

Observação: O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências, de incentivos
fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social. Atingindo esse limite, a
assembléia deliberará sobre aplicação do excesso na integralização ou no aumento do
capital social ou na distribuição de dividendos.

3.5.3   Juros sobre o Capital Próprio

        Os juros sobre o Capital Próprio foram introduzidos pela Lei 9.250/95 que, no seu art.
9º, faculta às empresas deduzir da base de cálculo do imposto sobre a renda, a título de
remuneração do capital próprio, os juros pagos ou creditados a titular, sócio ou acionista,
limitados à taxa de juros de longo prazo – TJLP.
Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br                                               36
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO
                                                  CENTRO-OESTE

3.5.4   Dividendos

        A parte do lucro que se destina aos acionistas da companhia denomina-se dividendo.
A partir da Lei 6.404/76 (Lei das S.A.), observa-se a introdução do dividendo mínimo
obrigatório com o objetivo básico de proteger os acionistas, sobretudo os minoritários. Por
essa razão, todas as sociedades por ações devem canalizar uma parcela do lucro na forma
de dividendos para os acionistas.
        O estatuto poderá estabelecer o dividendo como porcentagem do Lucro ou do capital
social, ou fixar outros critérios para determiná-lo, desde que sejam regulados com precisão
e minúcia e não sujeitem os acionistas minoritários ao arbítrio dos órgãos de administração
ou da maioria.
        Na hipótese de o estatuto ser omisso, os acionistas têm direito de receber como
dividendo obrigatório a metade do lucro líquido ajustado que será calculado da seguinte
maneira:

             Lucro Líquido do Exercício
             (-) Quota destinada à constituição de Reserva Legal.
             (-) Importância destinada à formação de Reserva para Contingências.
             (+) Reversão de Reservas para Contingências de exercícios anteriores.
             (=) Lucro líquido ajustado

       Quando o estatuto for omisso e a assembléia geral deliberar alterá-lo para introduzir
norma sobre a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte e cinco
por cento) do lucro líquido ajustado.
       Os lucros não destinados ou retidos deverão ser distribuídos como dividendos.

3.5.5 Outras Informações relevantes
3.5.5.1 Capital Social

       Para se constituir uma empresa é preciso ter, inicialmente, valores a investir. Estes
valores recebem o nome de capital. O capital representa um conjunto de bens e direitos que
o proprietário da empresa possui para iniciar as atividades empresariais.
       Segundo Marcelo Cavalcanti Almeida (Curso Básico de Contabilidade, 1998, p. 145),
“o capital social é constituído ou aumentado através de contribuições dos acionistas com
bens suscetíveis de avaliação em dinheiro”. Isto quer dizer que não é necessariamente
preciso investir apenas recursos em dinheiro, mas também todo ativo que possa exprimir
dinheiro. Por exemplo: móveis, imóveis, máquinas, equipamentos, veículos, ações, etc.
Além dos investimentos dos sócios, o capital social pode ser acrescido através de
incorporação de reservas e lucros acumulados.
       O capital social tem várias denominações:

•   Capital social autorizado;
•   Capital social subscrito;
•   Capital social a realizar;

       Em algumas situações o estatuto social, baseado no art. 168 da Lei das S.A. (Lei
6404/76), pode conter um valor-limite autorizado do capital, o qual chamamos de Capital
Autorizado, sendo que até esse valor o capital social pode ser aumentado
independentemente de reforma estatutária.
       No momento da fundação de uma empresa, os proprietários comprometem-se no
contrato social ou estatuto o investimento de certa quantia. Esta quantia é denominada
Capital Subscrito e constitui uma dívida que cada proprietário tem em relação à empresa.
Entretanto, os sócios, de acordo com o estatuto, não são obrigados a pagar toda dívida
assumida de uma só vez, daí surge a expressão: Capital à realizar ou Capital à

Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br                                          37
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO
                                                  CENTRO-OESTE

integralizar, que representa a parte do capital social subscrito ainda não realizada pelos
acionistas.
        Quando o proprietário integraliza, ou seja, transfere bens ou direitos para a empresa,
está transformando o Capital Subscrito em Capital Integralizado, ou simplesmente, Capital
Social.
        Cabe ressaltar que a Lei das S.A. exige apenas que seja apresentado no balanço
patrimonial o valor do capital social subscrito, deduzido da parcela a realizar. Portanto, a
informação sobre o capital social autorizado poderia ser divulgada em nota explicativa.

3.5.5.2 Ações

       Ação é a menor parcela em que se divide o capital social de uma Sociedade
Anônima. De acordo com o estatuto social da companhia, as ações podem ser com ou sem
valor nominal. Para as ações com valor nominal, o preço de emissão não pode ser inferior
ao valor nominal. O preço de emissão das ações sem valor nominal é fixado pela
assembléia geral ou conselho de administração.
       As espécies de ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram
a seus titulares, são ordinárias ou preferenciais.

•     Ações ordinárias: a principal característica é o direito ao voto;
•     Ações preferenciais: as suas vantagens podem consistir em prioridade na distribuição de
      dividendos ou prioridade no reembolso do capital. O número de ações preferenciais sem
      direito a voto não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações
      emitidas.

         Quanto à forma, as ações podem ser:

•     Nominativas: a propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome
      do acionista no livro de “Registro das ações nominativas”;
•     Escriturais: o estatuto pode autorizar ou estabelecer que todas as ações da companhia,
      ou uma ou mais classes delas, sejam mantidas em contas de depósito, em nome de
      seus titulares, na instituição financeira que designar, sem emissão de certificados.

3.5.5.3 Ações em tesouraria

        Representa uma conta devedora, classificada no patrimônio líquido, onde são
registradas as aquisições de ações de emissão da própria companhia, em contrapartida com
conta corrente bancária. Essas aquisições somente poderão ser efetuadas depois de
atenderem a determinadas exigências estabelecidas no Art. 30 da Lei das Sociedades por
Ações.



3.6      EXERCÍCIOS

55) O Passivo e o Patrimônio Líquido da Cia Alvorada apresentam as seguintes contas em
    31-12:

Lucros acumulados R$ 630, Capital Social R$ 1.500, Empréstimos Bancários (6 meses) R$
90, Salários a pagar R$ 80, Fornecedores R$ 100, Financiamento (2 anos) R$ 300, Títulos a
pagar (1,5 anos) R$ 135, Impostos a recolher R$ 40, Reservas de capital R$ 120, Encargos
a recolher R$ 25, Financiamento (8 meses) R$ 190, Imposto de renda a pagar R$ 30,
Contas a pagar R$ 15, Férias a pagar R$ 45.

Pede-se: Qual o total do Patrimônio Líquido?
Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br                                            38
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO
                                                     CENTRO-OESTE

56) Relacione a coluna da direita com a da esquerda:

   1   Capital social subscrito           (   )   Constituída com base em 5% do lucro liquido no
                                                  exercício.
   2   Capital social realizado           (   )   Conta onde são debitados os dividendos
                                                  distribuídos.
   3   Reserva de ágio                    (   )   Credito referente a contabilização de um ativo
                                                  recebido gratuitamente pela empresa.
   4   Reserva de alienação de partes     (   )   Parte do capital social assumida pelos acionistas
       beneficiárias                              para integralização no futuro.
   5   Reserva     de   prêmios    de     (   )   Reserva estabelecida no estatuto da companhia.
       debêntures
   6   Reserva de doações                 (   )   Títulos negociáveis emitidos pela companhia.
   7   Reserva de reavaliação             (   )   Aquisição de ações da própria companhia.
   8   Reserva legal                      (   )   Parte do capital social já integralizada pelos
                                                  acionistas.
  9    Reserva estatutária                (   )   Ágio na colocação de títulos.
 10    Reserva para contingência          (   )   Reservas que retém lucros.
 11    Reserva de retenção de lucros      (   )   Reserva para cobrir perda julgada provável e cujo
                                                  valor possa ser estimulado.
 12    Reserva de lucros a realizar       (   )   Reserva que absorve as contrapartidas de ativos
                                                  avaliados ao valor de mercado.
 13    Lucros acumulados                  (   )   Acumulação de lucros para construção de uma
                                                  nova fábrica.
 14    Ações em tesouraria                (   )   Valor excedente ao valor nominal de ações
                                                  emitidas.

57) Com base nos dados abaixo e sabendo-se que o capital social naquela data era
    composto de 230.000 ações, preparar a DLPA do exercício findo em 31/12/1999 da
    empresa Serviços Ceará S.A.

        Reversão em 20/12/1999 da reserva de lucros a realizar constituída em 1998 no
        valor de R$ 39.000;
        Lucro líquido do exercício, R$ 180.000;
        Ajustes de exercícios anteriores: Mudança de critério contábil na avaliação de
        estoques, R$ 23.000; Encargos financeiros não provisionados em 1998 R$ 29.000;
        Lucros Acumulados no início do exercício, R$ 18.000;
        Reserva para contingências constituída, R$ 60.000;
        Reserva legal: 5% sobre o lucro líquido;
        O Estatuto Social é omisso no que diz respeito ao dividendo mínimo obrigatório.

58) As contas do PL da Cia. +100% em 31/12/X1 eram compostas pelos seguintes saldos
    (em R$ mil): reserva legal R$ 250; reserva orçamentária R$ 200; ágio na emissão de
    ações R$ 50; capital social realizado R$ 1.000; lucros a realizar R$ 75 e lucros
    acumulados R$ 300. Durante o exercício social seguinte ocorreram as seguintes
    alterações: lucro do exercício R$ 850; constituição de reserva legal (5% do lucro líquido);
    reversão de lucros a realizar R$ 15; constituição de reserva para contingências R$ 96;
    ajustes de exercícios anteriores (acréscimo) R$ 20; aumento do capital social com
    reserva legal R$ 50. Apresente a DMPL em 31/12/X2.

59) Em 31/12/2002 a Cia. Alex apresentou um Balanço Patrimonial no qual o Patrimônio
    Líquido era composto pelas seguintes contas: Capital Social R$ 250.000 constituído por
    250.000 ações, Capital Social a Integralizar R$ 50.000, Reserva de Ágio na Emissão de
    Ações R$ 2.000, Reserva Legal R$ 10.000, Reserva Estatutária R$ 20.000, Reserva
    para Contingências R$ 10.000, Reserva Orçamentária R$ 30.000, Reserva de Lucros a
    Realizar R$ 8.000 e Lucros Acumulados R$ 100.000.


Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br                                                   39
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO
                                                  CENTRO-OESTE

    Em 31/12/2003, ocorreu a reversão do saldo da Reserva para Contingências e de
    metade do saldo da Reserva de Lucros a Realizar. Do lucro líquido de 2003, que foi de
    R$ 780.000, 5% dele foi destinado para Reserva Legal, 10% dele para Reserva
    Estatutária, R$ 63.000 para Reserva Orçamentária e R$ 60.000 para Reserva para
    Contingências. O valor dos lucros a realizar de 2003 foi de R$ 330.000. O dividendo a
    ser proposto é de 30% sobre o lucro líquido de 2003. em 20/04/2003, na AGO, foi
    incorporada ao capital social a reserva de ágio na emissão de ações e metade da
    reserva estatutária. Em 10/05/2003 os acionistas integralizaram os R$ 50.000 que
    deviam. Em 15/07/2003, o capital social foi aumentado em R$ 240.000 e integralizado no
    ato.

Pede-se: Estruture a DMPL da Cia. Alex relativa a 2003.

60) A Cia. Wiliam Wagner foi constituída em 31/12/1998 com capital social de R$ 20.000,
    integralizado no ato. Na mesma data, adquiriu terrenos (onde vai construir de imediato)
    por R$ 1.000 e Participações Societárias (ações) por R$ 500, o restante permanecendo
    no caixa. Considere que ainda em 31/12/1998 ela encerra seu primeiro exercício social.
    No Exercício social seguinte (1999), ela aufere receitas de serviços de R$ 10.000 e
    incorre em R$ 8.000 de custo de serviços prestados, incorre em despesas com vendas
    de R$ 400 e em despesas administrativas de R$ 600. Elabore a DRE, a DMPL e o
    Balanço Patrimonial dos exercícios apresentados.


61) Após conhecer o PL da Cia. Morbidalena em X0 e X1 apresente a DMPL que explique
    estas alterações.

Patrimônio Líquido                                31/12/X0                31/12/X1
Capital social
 Subscrito                                                250.000                280.000
 (-) Capital a realizar                                   (50.000)               (50.000)

Reservas de capital
 Ágio na emissão de ações                                  12.000                 118.000

Reservas de lucros
 Reserva para contingências                                10.000                 165.000
 Reserva legal                                             10.000                  10.000
 Reserva estatutária                                       20.000                       0
 Reserva de lucros para expansão                           30.000                  80.000
 Reserva de lucros a realizar                               8.000                   8.000

Lucros acumulados                                         100.000                       0
Total                                                     390.000                 611.000

Durante o exercício X1 ocorreram os seguintes fatos:

a) O capital, no final do ano, foi aumentado com as reservas legal e estatutária (saldos de
   X0);
b) O lucro do exercício X1 foi de R$ 200.000;
c) Em X1, não houve constituição de reservas estatutária e de lucros a realizar;
d) Houve reversão total de reservas para contingências e uma nova constituição de R$
   165.000;
e) Foram constituídos R$ 50.000 de reservas de lucros para expansão;
f) R$ 75.000 de dividendos foram distribuídos;
g) Houve o incremento de R$ 106.000 em ágio para emissão de novas ações.
Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br                                         40

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Contabilidade i exercício 10 - re balancete razonete
Contabilidade i   exercício 10 - re balancete razoneteContabilidade i   exercício 10 - re balancete razonete
Contabilidade i exercício 10 - re balancete razoneteapostilacontabil
 
Exercicios contabilidade com operações com mercadorias
Exercicios contabilidade  com operações com mercadoriasExercicios contabilidade  com operações com mercadorias
Exercicios contabilidade com operações com mercadoriascapitulocontabil
 
Exercicios razonetes e balancetes 1
Exercicios razonetes e balancetes 1Exercicios razonetes e balancetes 1
Exercicios razonetes e balancetes 1Daniel Itabaiana
 
Apostila v ponto de equilibrio
Apostila v   ponto de equilibrioApostila v   ponto de equilibrio
Apostila v ponto de equilibriozeramento contabil
 
Postulados, Princípios e Convenções Contábeis
Postulados, Princípios e Convenções ContábeisPostulados, Princípios e Convenções Contábeis
Postulados, Princípios e Convenções ContábeisWandick Rocha de Aquino
 
Lançamentos contábeis parte 2
Lançamentos contábeis parte 2Lançamentos contábeis parte 2
Lançamentos contábeis parte 2William Rodrigues
 
Exame suficiencia 2013_1
Exame suficiencia 2013_1Exame suficiencia 2013_1
Exame suficiencia 2013_1Valéria Braga
 
Folha de pagamento lancamentos contabeis 23 tipos-parte1
Folha de pagamento lancamentos contabeis 23 tipos-parte1Folha de pagamento lancamentos contabeis 23 tipos-parte1
Folha de pagamento lancamentos contabeis 23 tipos-parte1zeramento contabil
 
Aulas de Investimentos (TIR)
Aulas de Investimentos (TIR)Aulas de Investimentos (TIR)
Aulas de Investimentos (TIR)Adriano Bruni
 
Exercicios resolvidos contabilidade aula 05
Exercicios resolvidos contabilidade   aula 05Exercicios resolvidos contabilidade   aula 05
Exercicios resolvidos contabilidade aula 05contacontabil
 
A postila contabilidade de custos
A postila contabilidade de custosA postila contabilidade de custos
A postila contabilidade de custossimuladocontabil
 
Contabilidade decifrada 07
Contabilidade decifrada 07Contabilidade decifrada 07
Contabilidade decifrada 07simuladocontabil
 
Exercicios contabilidade exercicioscap 3
Exercicios contabilidade exercicioscap 3Exercicios contabilidade exercicioscap 3
Exercicios contabilidade exercicioscap 3capitulocontabil
 
Contabilidade i exercicio 08 patrimonio
Contabilidade i   exercicio 08 patrimonioContabilidade i   exercicio 08 patrimonio
Contabilidade i exercicio 08 patrimonioapostilacontabil
 
Contabilidade exercício resolvido
Contabilidade exercício resolvidoContabilidade exercício resolvido
Contabilidade exercício resolvidozeramento contabil
 
Lançamentos Contabeis
Lançamentos ContabeisLançamentos Contabeis
Lançamentos ContabeisIcaro Mendes
 

Mais procurados (20)

Contabilidade i exercício 10 - re balancete razonete
Contabilidade i   exercício 10 - re balancete razoneteContabilidade i   exercício 10 - re balancete razonete
Contabilidade i exercício 10 - re balancete razonete
 
Exercicios contabilidade com operações com mercadorias
Exercicios contabilidade  com operações com mercadoriasExercicios contabilidade  com operações com mercadorias
Exercicios contabilidade com operações com mercadorias
 
Exercicios razonetes e balancetes 1
Exercicios razonetes e balancetes 1Exercicios razonetes e balancetes 1
Exercicios razonetes e balancetes 1
 
Apostila v ponto de equilibrio
Apostila v   ponto de equilibrioApostila v   ponto de equilibrio
Apostila v ponto de equilibrio
 
Balancetes e razonetes cap 82
Balancetes e razonetes cap 82Balancetes e razonetes cap 82
Balancetes e razonetes cap 82
 
Postulados, Princípios e Convenções Contábeis
Postulados, Princípios e Convenções ContábeisPostulados, Princípios e Convenções Contábeis
Postulados, Princípios e Convenções Contábeis
 
Lançamentos contábeis parte 2
Lançamentos contábeis parte 2Lançamentos contábeis parte 2
Lançamentos contábeis parte 2
 
Exame suficiencia 2013_1
Exame suficiencia 2013_1Exame suficiencia 2013_1
Exame suficiencia 2013_1
 
Folha de pagamento lancamentos contabeis 23 tipos-parte1
Folha de pagamento lancamentos contabeis 23 tipos-parte1Folha de pagamento lancamentos contabeis 23 tipos-parte1
Folha de pagamento lancamentos contabeis 23 tipos-parte1
 
Aulas de Investimentos (TIR)
Aulas de Investimentos (TIR)Aulas de Investimentos (TIR)
Aulas de Investimentos (TIR)
 
Exercicio aula razonetes
Exercicio aula razonetesExercicio aula razonetes
Exercicio aula razonetes
 
Exercicios resolvidos contabilidade aula 05
Exercicios resolvidos contabilidade   aula 05Exercicios resolvidos contabilidade   aula 05
Exercicios resolvidos contabilidade aula 05
 
A postila contabilidade de custos
A postila contabilidade de custosA postila contabilidade de custos
A postila contabilidade de custos
 
Contabilidade decifrada 07
Contabilidade decifrada 07Contabilidade decifrada 07
Contabilidade decifrada 07
 
Aula dlpa
Aula dlpaAula dlpa
Aula dlpa
 
Exercicios contabilidade exercicioscap 3
Exercicios contabilidade exercicioscap 3Exercicios contabilidade exercicioscap 3
Exercicios contabilidade exercicioscap 3
 
Dlpa e dmpl
Dlpa e dmplDlpa e dmpl
Dlpa e dmpl
 
Contabilidade i exercicio 08 patrimonio
Contabilidade i   exercicio 08 patrimonioContabilidade i   exercicio 08 patrimonio
Contabilidade i exercicio 08 patrimonio
 
Contabilidade exercício resolvido
Contabilidade exercício resolvidoContabilidade exercício resolvido
Contabilidade exercício resolvido
 
Lançamentos Contabeis
Lançamentos ContabeisLançamentos Contabeis
Lançamentos Contabeis
 

Semelhante a Demonstração das mutações do patrimônio líquido

Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_esContabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_escapitulocontabil
 
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_esContabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_escapitulocontabil
 
Anexo Xviii Demonstrativo Simplificado Do RelatóRio Resumido Da ExecuçãO Or...
Anexo Xviii   Demonstrativo Simplificado Do RelatóRio Resumido Da ExecuçãO Or...Anexo Xviii   Demonstrativo Simplificado Do RelatóRio Resumido Da ExecuçãO Or...
Anexo Xviii Demonstrativo Simplificado Do RelatóRio Resumido Da ExecuçãO Or...guestf90a779
 
Contabilidade geral resolução comentada
Contabilidade geral resolução comentadaContabilidade geral resolução comentada
Contabilidade geral resolução comentadasimuladocontabil
 
Aula 08 - Gestão Societária - Estácio.pptx
Aula 08 - Gestão Societária - Estácio.pptxAula 08 - Gestão Societária - Estácio.pptx
Aula 08 - Gestão Societária - Estácio.pptxFbioPrado12
 
Operações financeiras, salários e encargos e depreciação
Operações financeiras, salários e encargos e depreciaçãoOperações financeiras, salários e encargos e depreciação
Operações financeiras, salários e encargos e depreciaçãoConcurseiro Antenado
 
Encerramento das contas de resultado
Encerramento das contas de resultadoEncerramento das contas de resultado
Encerramento das contas de resultadorazonetecontabil
 
Aula 19 contabilidade
Aula 19 contabilidadeAula 19 contabilidade
Aula 19 contabilidadecontacontabil
 
Balanço patrimonial parte 1
Balanço patrimonial   parte 1Balanço patrimonial   parte 1
Balanço patrimonial parte 1Marcos Teixeira
 
2 demonstrações financeiras
2   demonstrações financeiras2   demonstrações financeiras
2 demonstrações financeirasFabio Teixeira
 
Contabilidade para executivos por Sami Kuperchmit
Contabilidade para executivos por Sami KuperchmitContabilidade para executivos por Sami Kuperchmit
Contabilidade para executivos por Sami KuperchmitSami Kuperchmit
 
Aula 11 contabilidade
Aula 11 contabilidadeAula 11 contabilidade
Aula 11 contabilidadecontacontabil
 

Semelhante a Demonstração das mutações do patrimônio líquido (20)

Ccnccap6 dlpa
Ccnccap6 dlpaCcnccap6 dlpa
Ccnccap6 dlpa
 
Contabilidade geral
Contabilidade geralContabilidade geral
Contabilidade geral
 
Doar 0000
Doar 0000Doar 0000
Doar 0000
 
Exercicio dlpa
Exercicio dlpaExercicio dlpa
Exercicio dlpa
 
Aps glaucia
Aps glauciaAps glaucia
Aps glaucia
 
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_esContabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
 
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_esContabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
Contabilidade geral ii slides cap 05_6_e_7_-_demonstra_es
 
Anexo Xviii Demonstrativo Simplificado Do RelatóRio Resumido Da ExecuçãO Or...
Anexo Xviii   Demonstrativo Simplificado Do RelatóRio Resumido Da ExecuçãO Or...Anexo Xviii   Demonstrativo Simplificado Do RelatóRio Resumido Da ExecuçãO Or...
Anexo Xviii Demonstrativo Simplificado Do RelatóRio Resumido Da ExecuçãO Or...
 
Contabilidade geral resolução comentada
Contabilidade geral resolução comentadaContabilidade geral resolução comentada
Contabilidade geral resolução comentada
 
Aula 08 - Gestão Societária - Estácio.pptx
Aula 08 - Gestão Societária - Estácio.pptxAula 08 - Gestão Societária - Estácio.pptx
Aula 08 - Gestão Societária - Estácio.pptx
 
Gestão fiscal e orçamentária
Gestão fiscal e orçamentáriaGestão fiscal e orçamentária
Gestão fiscal e orçamentária
 
Operações financeiras, salários e encargos e depreciação
Operações financeiras, salários e encargos e depreciaçãoOperações financeiras, salários e encargos e depreciação
Operações financeiras, salários e encargos e depreciação
 
Encerramento das contas de resultado
Encerramento das contas de resultadoEncerramento das contas de resultado
Encerramento das contas de resultado
 
Aula 19 contabilidade
Aula 19 contabilidadeAula 19 contabilidade
Aula 19 contabilidade
 
DLPA
DLPADLPA
DLPA
 
Balanço patrimonial parte 1
Balanço patrimonial   parte 1Balanço patrimonial   parte 1
Balanço patrimonial parte 1
 
2 demonstrações financeiras
2   demonstrações financeiras2   demonstrações financeiras
2 demonstrações financeiras
 
Patrimonio liquido resumo
Patrimonio liquido resumoPatrimonio liquido resumo
Patrimonio liquido resumo
 
Contabilidade para executivos por Sami Kuperchmit
Contabilidade para executivos por Sami KuperchmitContabilidade para executivos por Sami Kuperchmit
Contabilidade para executivos por Sami Kuperchmit
 
Aula 11 contabilidade
Aula 11 contabilidadeAula 11 contabilidade
Aula 11 contabilidade
 

Mais de simuladocontabil (20)

Contabilidade decifrada 10
Contabilidade decifrada 10Contabilidade decifrada 10
Contabilidade decifrada 10
 
Cb atividade1
Cb atividade1Cb atividade1
Cb atividade1
 
Dos produtos vendidos (cpv)
Dos produtos vendidos (cpv)Dos produtos vendidos (cpv)
Dos produtos vendidos (cpv)
 
Matematica rm triangulo retangulo
Matematica rm triangulo retanguloMatematica rm triangulo retangulo
Matematica rm triangulo retangulo
 
Gp impactos
Gp impactosGp impactos
Gp impactos
 
Contabilidade decifrada 05
Contabilidade decifrada 05Contabilidade decifrada 05
Contabilidade decifrada 05
 
Contabilidade basica peps ueps
Contabilidade basica peps uepsContabilidade basica peps ueps
Contabilidade basica peps ueps
 
Cetec ensino médio
Cetec ensino médioCetec ensino médio
Cetec ensino médio
 
Pfc tabela comparativa
Pfc tabela comparativaPfc tabela comparativa
Pfc tabela comparativa
 
Avaliação do ativo e passivo estoques
Avaliação do ativo e passivo estoquesAvaliação do ativo e passivo estoques
Avaliação do ativo e passivo estoques
 
Indices
IndicesIndices
Indices
 
Resumo ativo
Resumo ativoResumo ativo
Resumo ativo
 
Principios de contabilidade
Principios de contabilidadePrincipios de contabilidade
Principios de contabilidade
 
Patrimonio
PatrimonioPatrimonio
Patrimonio
 
Contabilidade decifrada 15
Contabilidade decifrada 15Contabilidade decifrada 15
Contabilidade decifrada 15
 
Ganhos e perdas
Ganhos e perdasGanhos e perdas
Ganhos e perdas
 
Apostila etec pfo
Apostila etec   pfoApostila etec   pfo
Apostila etec pfo
 
Contabilidade decifrada 09
Contabilidade decifrada 09Contabilidade decifrada 09
Contabilidade decifrada 09
 
Custo das mercadoria vendidas
Custo das mercadoria vendidasCusto das mercadoria vendidas
Custo das mercadoria vendidas
 
Encerramento do exercicio
Encerramento do exercicioEncerramento do exercicio
Encerramento do exercicio
 

Demonstração das mutações do patrimônio líquido

  • 1. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE 3.5 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – DMPL E DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS – DLPA Antes de qualquer explicação vamos tecer algumas considerações: apenas uma parte do lucro líquido é distribuída para os proprietários da empresa em forma de dividendos. A maior parcela normalmente é retida na empresa e reinvestida no negócio. A destinação do lucro líquido para os proprietários (distribuição de lucros) ou o reinvestimento na própria empresa (retenção de lucro) será evidenciada na Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados — DLPA, antes de ser indicada no Balanço Patrimonial. O processo para o levantamento da DLPA começa com o encerramento do exercício, com a apuração do lucro líquido na DRE. Em seguida, transporta-se o lucro líquido para a DLPA para efetuar a sua distribuição. Após a destinação do lucro líquido, o que fica retido é transportado para o Balanço Patrimonial no grupo Patrimônio Líquido. O lucro retido na empresa pode ser utilizado para aumentar o capital da empresa ou ser destinado a algum fim específico, neste caso será tratado em forma de reserva: reserva legal, reserva para expansão, reserva estatutária, etc. Se a empresa, em vez de lucros, estiver apresentando prejuízos, tais prejuízos serão acumulados e serão mostrados na DLPA. Concluímos então que a DLPA tem como objetivo relatar as modificações ocorridas na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados em determinado período de tempo. A DLPA faz uma integração entre o lucro líquido, registrado na DRE, e o Lucro Acumulado, registrado no Balanço Patrimonial. Quando mencionamos “mutações do Patrimônio Líquido”, queremos nos referir às modificações ocorridas, durante certo exercício social, nas contas do PL. Diferentemente da DLPA, a DMPL evidencia a movimentação de todas as contas do Patrimônio Líquido ocorrida durante certo exercício. Como esta demonstração evidencia também a movimentação ocorrida na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, temos que a DMPL substitui por completo a DLPA. A Lei 6.404/76, a Lei das S.A., dá opção à companhia para elaborar a DLPA ou a DMPL, como podemos observar no parágrafo 2º do art. 186 dessa lei: A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará: I - o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial; II - as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; III - as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. § 1° Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes. § 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia (o grifo é nosso). Entretanto, a CVM – Comissão de Valores Mobiliários torna obrigatória a elaboração da DMPL para as companhias de capital aberto. 3.5.1 Modelo de DMPL O modelo demonstrado a seguir contém todas as contas refletidas pela DMPL. A DLPA segue o mesmo padrão, contendo as mesmas movimentações da primeira coluna, porém, reflete apenas as modificações ocorridas na conta lucros ou prejuízos acumulados. Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br 32
  • 2. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE Empresa X S.A. CNPJ 00.000.000/0000-00 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido em 31/12/2002 Em R$ mil Reservas de Lucros Capital Realizado Acumulados Reservas de Patrimonial Contingências Ajustes de Lucros ou Avaliação Prejuízos Estatutária Incentivos Capital Lucros a Total Realizar Fiscais Movimentações Legal Saldos em 31/12/2001 7.000 50 1.500 100 20 10 950 9.630 Ajustes de Exercícios Anteriores Efeitos de mudanças de critérios contábeis Retificação de erro de (100) (100) exercícios anteriores Aumento de Capital Reversão de Reservas De contingências De lucros a realizar Lucro Líquido do Exercício 3.000 3.000 Proposta da AGO Transferência para Reservas Legal 150 (150) Estatutária 300 (300) Contingências 255 (255) Incentivos fiscais 180 (180) Lucros a Realizar 95 (95) Lucros para expansão Dividendos não distribuídos Juros sobre o capital próprio Dividendos (R$ 0,7175 p/ ação) (2.870) (2.870) Saldos em 31/12/2002 7.000 200 1.800 355 200 105 0 9.660 Observação: Caso a apresentação analítica da DMPL fique muito extensa, para fins de publicação, poderão ser utilizados recursos alternativos de apresentação, como notas explicativas e quadros auxiliares, sumariando-se a apresentação da demonstração pelos totais nos itens: reservas de capital, ajustes de reavaliação patrimonial e reservas de lucros. 3.5.1.1 Ajustes de exercícios anteriores De acordo com o §1º do Art. 186, a Lei das Sociedades por Ações deixa claro que os ajustes de exercícios anteriores não devem afetar o resultado normal do presente exercício, determinando que seus efeitos sejam registrados diretamente na conta integrante do Patrimônio Líquido, Lucros (Prejuízos) Acumulados. Também determina que sejam tratados como ajustes de exercícios anteriores somente os casos de: a) efeitos de mudança de critério contábil; b) retificação de erro. 3.5.1.2 Reversão de reservas Certas parcelas, deduzidas do lucro, destinadas a certos fins específicos (Reservas), podem, em exercícios futuros, ser reincorporadas ao lucro. Os casos mais comuns são as Reservas de Lucros a Realizar e as Reservas para Contingências, que são deduzidas de Lucros Acumulados e, normalmente, retornam em outros períodos futuros, sendo adicionadas à conta Lucros Acumulados. Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br 33
  • 3. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE A Lei das Sociedades por Ações (após as alterações da Lei 10.303/2001) indica que o valor da reversão da Reserva de Lucros a Realizar deverá ser transferido diretamente para os dividendos obrigatórios do período. 3.5.1.3 Aumento de capital O capital social poderá ter seu saldo acrescido por investimentos em dinheiro, bens e por meio de reservas e lucros acumulados, conforme a decisão da AGO. Caso a última opção seja utilizada, a DMPL refletirá o decréscimo na coluna da reserva correspondente e acréscimo na coluna capital realizado. 3.5.1.4 Lucros ou prejuízos acumulados As seguintes transações são registradas em lucros ou prejuízos acumulados: • Reversões de reservas (principalmente as de contingências e de lucros a realizar); • Lucro líquido do exercício; • Transferências de lucros para as reservas de lucros ou para o capital social; • Dividendos distribuídos; • Ajustes de exercícios anteriores (os efeitos da mudança de critério contábil ou retificação de erro imputável a determinado exercício anterior e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes). A DRE termina com o resultado líquido (lucro ou prejuízo), já deduzidos o imposto de renda e as participações, cujo resultado líquido será adicionado a lucros acumulados. Na hipótese da ocorrência de prejuízo, este será obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem. Se, ainda assim, remanescer saldo, sua absorção poderá ser feita com reservas de capital. 3.5.1.5 Proposta da AGO para destinação do lucro Após a apuração do montante disponível (acumulado) do lucro, será destacada a proposta dos órgãos da administração da companhia, apresentada aos acionistas (Assembléia Geral), sobre a destinação a ser dada ao Lucro Líquido do Exercício. Normalmente, essa proposta é aprovada na primeira reunião de acionistas do ano (Assembléia Geral Ordinária). Independentemente da aprovação, já se efetuam as transferências. Esse procedimento é permitido por Lei. Os órgãos administrativos, na proposta sobre a destinação do lucro apresentada na DLPA, constituem reservas baseando-se nos estatutos na empresa e na Lei das Sociedades por Ações. Essas reservas originadas do Lucro Líquido do Exercício são denominadas Reservas de Lucro. As reservas de lucros representam valores retidos de lucros acumulados. A Lei das S.A. estabeleceu as seguintes reservas de lucros: Reserva Legal, Estatutária, para Contingências, de Incentivos Fiscais, de Lucros a Realizar, de Lucros para expansão e Reserva Especial para Dividendo Obrigatório não Distribuído. 3.5.2 Reservas1 Algumas transações envolvendo o capital próprio da empresa, por deliberação da CVM ou da Lei das Sociedades por Ações, faz surgir um grupo de contas especial denominado Reservas. As reservas podem ser classificadas em: reservas de capital; ajustes de avaliação patrimonial e reservas de lucros. 1 Adaptado do texto desenvolvido por Marcelo Cavalcanti Almeida (Curso Básico de Contabilidade, 1998, p. 148-56) Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br 34
  • 4. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE 3.5.2.1 Reservas de Capital Segundo a Lei das Sociedades por Ações (§ 1º do artigo 182), as seguintes transações são classificadas como reservas de capital: • Ágio na colocação de ações; O capital social é acrescido pela realização do valor nominal das ações ou pela importância destinada a sua incorporação, no caso de ações sem valor nominal. Qualquer importância excedente, na colocação de ações da companhia junto aos acionistas, é destinada à formação de reserva de capital de ágio. • Alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; Partes beneficiárias e bônus de subscrição, previstos nos capítulos IV e VI da Lei das S.A., representam títulos negociáveis emitidos pela companhia. O valor da alienação desses títulos é registrado no grupo de reservas de capital, em contrapartida em conta corrente bancária. Observação: é vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias. 3.5.2.2 Ajustes de Avaliação Patrimonial Constitui ajuste de avaliação patrimonial a parcela do valor do ativo ou passivo, a maior ou menor, que o mercado suportar pagar. Por exemplo: suponhamos uma situação em que uma companhia compre um terreno por R$ 60.000. Nesse mesmo ano, o governo local asfaltou a rua onde está localizado o terreno e construiu uma praça e o valor por quanto terceiros pagariam pelo imóvel passou para R$ 114.000 (conforme laudo de três especialistas). Portanto, os R$ 54.000 devem ser contabilizados como ajustes de avaliação patrimonial. (vide o § 3º do artigo 182 da Lei das S.A.) 3.5.2.3 Reservas de Lucros • Reserva Legal A reserva legal é constituída obrigatoriamente com base em 5% do lucro líquido do exercício, até que seu saldo atinja o limite de 20% do capital social realizado. Essa reserva poderá deixar de ser constituída quando seu saldo, acrescido do valor das reservas de capital, atingir 30% do capital social realizado. A reserva legal tem como objetivo assegurar a integridade do capital social e só poderá ser utilizada para aumentar o capital social ou compensar prejuízos. • Reservas Estatutárias A Lei das Sociedades por Ações permite que o estatuto da companhia estabeleça reservas estatutárias, desde que estas definam o objetivo e determine o critério de cálculo e o limite máximo da reserva. • Reservas para Contingências Os acionistas poderão destinar, por proposta dos administradores da companhia, parte do lucro líquido do exercício para formação da reserva para contingências, que tem por objetivo compensar em ano futuro a diminuição do lucro, em função de perda julgada provável e cujo valor possa ser estimado. Essa reserva deverá ser transferida para lucros ou prejuízos acumulados no ano em que deixarem de existir as razões que justificaram sua constituição ou em que ocorrer a perda. A finalidade principal dessa reserva é resguardar a sociedade de problemas Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br 35
  • 5. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE financeiros futuros, já que os valores destinados a sua formação não serão objeto de distribuição de dividendos. A reserva para contingências apresenta três características básicas: não caracteriza exigibilidade atual, não implica desembolso e origina-se em fatos que implicam a possibilidade de diminuição futura do lucro. • Reservas de Incentivos Fiscais A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório. • Reservas de Lucros a Realizar O valor destinado para essa reserva é excluído do lucro líquido do exercício para fins do cálculo do dividendo mínimo obrigatório. Esta reserva pode ser estabelecida quando o lucro apurado na DRE ainda não foi realizado. Por exemplo: A DRE é de natureza econômica, ou seja, as receitas e as despesas são computadas quando ganhas ou incorridas, independente da realização financeira. Assim, nem todo lucro apurado pela companhia está em condição de ser distribuído de imediato como dividendo a seus acionistas. Logo, o objetivo dessa reserva é possibilitar que a sociedade retenha lucros ainda não realizados financeiramente, de forma a evitar problemas de caixa para a companhia. • Reservas de Lucros para Expansão (Retenção de Lucros) Os acionistas poderão destinar, por proposta dos órgãos da administração, parte do lucro líquido do exercício para formação de reserva de retenção de lucros, sem prejudicar a distribuição do dividendo obrigatório, com o objetivo de cobrir orçamento de capital. O referido orçamento deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixou ou circulante, e poderá ter a duração de até cinco exercícios, salvo no caso de execução, por prazo maior, de projeto de investimento. Essa reserva se aplica mais às companhias que estão em fase de expansão de seu parque fabril e pretendem financiar o projeto, total ou parcialmente, com recursos de suas operações. • Reserva Especial para Dividendo Obrigatório não Distribuído A companhia deverá constituir essa reserva de lucros quanto tiver dividendo obrigatório a distribuir, mas sem condições financeiras para seu pagamento. Tais dividendos serão pagos aos acionistas no futuro, assim que a situação financeira o permitir, desde que não tenham sido absorvidos por prejuízos dos exercícios seguintes. Observação: O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social. Atingindo esse limite, a assembléia deliberará sobre aplicação do excesso na integralização ou no aumento do capital social ou na distribuição de dividendos. 3.5.3 Juros sobre o Capital Próprio Os juros sobre o Capital Próprio foram introduzidos pela Lei 9.250/95 que, no seu art. 9º, faculta às empresas deduzir da base de cálculo do imposto sobre a renda, a título de remuneração do capital próprio, os juros pagos ou creditados a titular, sócio ou acionista, limitados à taxa de juros de longo prazo – TJLP. Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br 36
  • 6. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE 3.5.4 Dividendos A parte do lucro que se destina aos acionistas da companhia denomina-se dividendo. A partir da Lei 6.404/76 (Lei das S.A.), observa-se a introdução do dividendo mínimo obrigatório com o objetivo básico de proteger os acionistas, sobretudo os minoritários. Por essa razão, todas as sociedades por ações devem canalizar uma parcela do lucro na forma de dividendos para os acionistas. O estatuto poderá estabelecer o dividendo como porcentagem do Lucro ou do capital social, ou fixar outros critérios para determiná-lo, desde que sejam regulados com precisão e minúcia e não sujeitem os acionistas minoritários ao arbítrio dos órgãos de administração ou da maioria. Na hipótese de o estatuto ser omisso, os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório a metade do lucro líquido ajustado que será calculado da seguinte maneira: Lucro Líquido do Exercício (-) Quota destinada à constituição de Reserva Legal. (-) Importância destinada à formação de Reserva para Contingências. (+) Reversão de Reservas para Contingências de exercícios anteriores. (=) Lucro líquido ajustado Quando o estatuto for omisso e a assembléia geral deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido ajustado. Os lucros não destinados ou retidos deverão ser distribuídos como dividendos. 3.5.5 Outras Informações relevantes 3.5.5.1 Capital Social Para se constituir uma empresa é preciso ter, inicialmente, valores a investir. Estes valores recebem o nome de capital. O capital representa um conjunto de bens e direitos que o proprietário da empresa possui para iniciar as atividades empresariais. Segundo Marcelo Cavalcanti Almeida (Curso Básico de Contabilidade, 1998, p. 145), “o capital social é constituído ou aumentado através de contribuições dos acionistas com bens suscetíveis de avaliação em dinheiro”. Isto quer dizer que não é necessariamente preciso investir apenas recursos em dinheiro, mas também todo ativo que possa exprimir dinheiro. Por exemplo: móveis, imóveis, máquinas, equipamentos, veículos, ações, etc. Além dos investimentos dos sócios, o capital social pode ser acrescido através de incorporação de reservas e lucros acumulados. O capital social tem várias denominações: • Capital social autorizado; • Capital social subscrito; • Capital social a realizar; Em algumas situações o estatuto social, baseado no art. 168 da Lei das S.A. (Lei 6404/76), pode conter um valor-limite autorizado do capital, o qual chamamos de Capital Autorizado, sendo que até esse valor o capital social pode ser aumentado independentemente de reforma estatutária. No momento da fundação de uma empresa, os proprietários comprometem-se no contrato social ou estatuto o investimento de certa quantia. Esta quantia é denominada Capital Subscrito e constitui uma dívida que cada proprietário tem em relação à empresa. Entretanto, os sócios, de acordo com o estatuto, não são obrigados a pagar toda dívida assumida de uma só vez, daí surge a expressão: Capital à realizar ou Capital à Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br 37
  • 7. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE integralizar, que representa a parte do capital social subscrito ainda não realizada pelos acionistas. Quando o proprietário integraliza, ou seja, transfere bens ou direitos para a empresa, está transformando o Capital Subscrito em Capital Integralizado, ou simplesmente, Capital Social. Cabe ressaltar que a Lei das S.A. exige apenas que seja apresentado no balanço patrimonial o valor do capital social subscrito, deduzido da parcela a realizar. Portanto, a informação sobre o capital social autorizado poderia ser divulgada em nota explicativa. 3.5.5.2 Ações Ação é a menor parcela em que se divide o capital social de uma Sociedade Anônima. De acordo com o estatuto social da companhia, as ações podem ser com ou sem valor nominal. Para as ações com valor nominal, o preço de emissão não pode ser inferior ao valor nominal. O preço de emissão das ações sem valor nominal é fixado pela assembléia geral ou conselho de administração. As espécies de ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias ou preferenciais. • Ações ordinárias: a principal característica é o direito ao voto; • Ações preferenciais: as suas vantagens podem consistir em prioridade na distribuição de dividendos ou prioridade no reembolso do capital. O número de ações preferenciais sem direito a voto não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas. Quanto à forma, as ações podem ser: • Nominativas: a propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro de “Registro das ações nominativas”; • Escriturais: o estatuto pode autorizar ou estabelecer que todas as ações da companhia, ou uma ou mais classes delas, sejam mantidas em contas de depósito, em nome de seus titulares, na instituição financeira que designar, sem emissão de certificados. 3.5.5.3 Ações em tesouraria Representa uma conta devedora, classificada no patrimônio líquido, onde são registradas as aquisições de ações de emissão da própria companhia, em contrapartida com conta corrente bancária. Essas aquisições somente poderão ser efetuadas depois de atenderem a determinadas exigências estabelecidas no Art. 30 da Lei das Sociedades por Ações. 3.6 EXERCÍCIOS 55) O Passivo e o Patrimônio Líquido da Cia Alvorada apresentam as seguintes contas em 31-12: Lucros acumulados R$ 630, Capital Social R$ 1.500, Empréstimos Bancários (6 meses) R$ 90, Salários a pagar R$ 80, Fornecedores R$ 100, Financiamento (2 anos) R$ 300, Títulos a pagar (1,5 anos) R$ 135, Impostos a recolher R$ 40, Reservas de capital R$ 120, Encargos a recolher R$ 25, Financiamento (8 meses) R$ 190, Imposto de renda a pagar R$ 30, Contas a pagar R$ 15, Férias a pagar R$ 45. Pede-se: Qual o total do Patrimônio Líquido? Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br 38
  • 8. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE 56) Relacione a coluna da direita com a da esquerda: 1 Capital social subscrito ( ) Constituída com base em 5% do lucro liquido no exercício. 2 Capital social realizado ( ) Conta onde são debitados os dividendos distribuídos. 3 Reserva de ágio ( ) Credito referente a contabilização de um ativo recebido gratuitamente pela empresa. 4 Reserva de alienação de partes ( ) Parte do capital social assumida pelos acionistas beneficiárias para integralização no futuro. 5 Reserva de prêmios de ( ) Reserva estabelecida no estatuto da companhia. debêntures 6 Reserva de doações ( ) Títulos negociáveis emitidos pela companhia. 7 Reserva de reavaliação ( ) Aquisição de ações da própria companhia. 8 Reserva legal ( ) Parte do capital social já integralizada pelos acionistas. 9 Reserva estatutária ( ) Ágio na colocação de títulos. 10 Reserva para contingência ( ) Reservas que retém lucros. 11 Reserva de retenção de lucros ( ) Reserva para cobrir perda julgada provável e cujo valor possa ser estimulado. 12 Reserva de lucros a realizar ( ) Reserva que absorve as contrapartidas de ativos avaliados ao valor de mercado. 13 Lucros acumulados ( ) Acumulação de lucros para construção de uma nova fábrica. 14 Ações em tesouraria ( ) Valor excedente ao valor nominal de ações emitidas. 57) Com base nos dados abaixo e sabendo-se que o capital social naquela data era composto de 230.000 ações, preparar a DLPA do exercício findo em 31/12/1999 da empresa Serviços Ceará S.A. Reversão em 20/12/1999 da reserva de lucros a realizar constituída em 1998 no valor de R$ 39.000; Lucro líquido do exercício, R$ 180.000; Ajustes de exercícios anteriores: Mudança de critério contábil na avaliação de estoques, R$ 23.000; Encargos financeiros não provisionados em 1998 R$ 29.000; Lucros Acumulados no início do exercício, R$ 18.000; Reserva para contingências constituída, R$ 60.000; Reserva legal: 5% sobre o lucro líquido; O Estatuto Social é omisso no que diz respeito ao dividendo mínimo obrigatório. 58) As contas do PL da Cia. +100% em 31/12/X1 eram compostas pelos seguintes saldos (em R$ mil): reserva legal R$ 250; reserva orçamentária R$ 200; ágio na emissão de ações R$ 50; capital social realizado R$ 1.000; lucros a realizar R$ 75 e lucros acumulados R$ 300. Durante o exercício social seguinte ocorreram as seguintes alterações: lucro do exercício R$ 850; constituição de reserva legal (5% do lucro líquido); reversão de lucros a realizar R$ 15; constituição de reserva para contingências R$ 96; ajustes de exercícios anteriores (acréscimo) R$ 20; aumento do capital social com reserva legal R$ 50. Apresente a DMPL em 31/12/X2. 59) Em 31/12/2002 a Cia. Alex apresentou um Balanço Patrimonial no qual o Patrimônio Líquido era composto pelas seguintes contas: Capital Social R$ 250.000 constituído por 250.000 ações, Capital Social a Integralizar R$ 50.000, Reserva de Ágio na Emissão de Ações R$ 2.000, Reserva Legal R$ 10.000, Reserva Estatutária R$ 20.000, Reserva para Contingências R$ 10.000, Reserva Orçamentária R$ 30.000, Reserva de Lucros a Realizar R$ 8.000 e Lucros Acumulados R$ 100.000. Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br 39
  • 9. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE Em 31/12/2003, ocorreu a reversão do saldo da Reserva para Contingências e de metade do saldo da Reserva de Lucros a Realizar. Do lucro líquido de 2003, que foi de R$ 780.000, 5% dele foi destinado para Reserva Legal, 10% dele para Reserva Estatutária, R$ 63.000 para Reserva Orçamentária e R$ 60.000 para Reserva para Contingências. O valor dos lucros a realizar de 2003 foi de R$ 330.000. O dividendo a ser proposto é de 30% sobre o lucro líquido de 2003. em 20/04/2003, na AGO, foi incorporada ao capital social a reserva de ágio na emissão de ações e metade da reserva estatutária. Em 10/05/2003 os acionistas integralizaram os R$ 50.000 que deviam. Em 15/07/2003, o capital social foi aumentado em R$ 240.000 e integralizado no ato. Pede-se: Estruture a DMPL da Cia. Alex relativa a 2003. 60) A Cia. Wiliam Wagner foi constituída em 31/12/1998 com capital social de R$ 20.000, integralizado no ato. Na mesma data, adquiriu terrenos (onde vai construir de imediato) por R$ 1.000 e Participações Societárias (ações) por R$ 500, o restante permanecendo no caixa. Considere que ainda em 31/12/1998 ela encerra seu primeiro exercício social. No Exercício social seguinte (1999), ela aufere receitas de serviços de R$ 10.000 e incorre em R$ 8.000 de custo de serviços prestados, incorre em despesas com vendas de R$ 400 e em despesas administrativas de R$ 600. Elabore a DRE, a DMPL e o Balanço Patrimonial dos exercícios apresentados. 61) Após conhecer o PL da Cia. Morbidalena em X0 e X1 apresente a DMPL que explique estas alterações. Patrimônio Líquido 31/12/X0 31/12/X1 Capital social Subscrito 250.000 280.000 (-) Capital a realizar (50.000) (50.000) Reservas de capital Ágio na emissão de ações 12.000 118.000 Reservas de lucros Reserva para contingências 10.000 165.000 Reserva legal 10.000 10.000 Reserva estatutária 20.000 0 Reserva de lucros para expansão 30.000 80.000 Reserva de lucros a realizar 8.000 8.000 Lucros acumulados 100.000 0 Total 390.000 611.000 Durante o exercício X1 ocorreram os seguintes fatos: a) O capital, no final do ano, foi aumentado com as reservas legal e estatutária (saldos de X0); b) O lucro do exercício X1 foi de R$ 200.000; c) Em X1, não houve constituição de reservas estatutária e de lucros a realizar; d) Houve reversão total de reservas para contingências e uma nova constituição de R$ 165.000; e) Foram constituídos R$ 50.000 de reservas de lucros para expansão; f) R$ 75.000 de dividendos foram distribuídos; g) Houve o incremento de R$ 106.000 em ágio para emissão de novas ações. Disponível em http://julio1976.sites.uol.com.br 40