SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 197
Baixar para ler offline
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

                CENTRO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

                 MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO




                   LUIZ HENRIQUE PANTALEÃO




DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE DIAGNÓSTICO DA ADERÊNCIA
AOS PRINCÍPIOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO (LEAN PRODUCTION
                 SYSTEM): UM ESTUDO DE CASO




                        São Leopoldo – RS

                              2003
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

                  CENTRO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

                    MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO




                           Luiz Henrique Pantaleão




DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE DIAGNÓSTICO DA ADERÊNCIA AOS
  PRINCÍPIOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO (LEAN PRODUCTION
                    SYSTEM): UM ESTUDO DE CASO




                              Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
                              em Administração da Universidade do Vale do Rio dos
                              Sinos, como requisito parcial para a obtenção do título
                              de Mestre em Administração.




            Orientador: Prof. Dr. José Antonio Valle Antunes Júnior


                                    São Leopoldo

                                        2003
À memória de João Pantaleão, cujos sólidos ensinamentos
                        do passado guiam minha trajetória.

A Teresa Staciarini, cujas permanentes lições de serenidade
                    e humildade iluminam o meu presente.

     À Mayara, cujo futuro renova minha esperança de um
                                           mundo melhor.

   À Márcia, cuja presença imprime significado especial às
                                             minhas ações.
Agradecimentos

       Sinceros agradecimentos são devidos:

       Ao professor José Antonio Antunes Junior pela inestimável e incomum orientação,
responsável pelo direcionamento deste trabalho para a melhor qualidade possível.

       Ao professor Luís Henrique Rodrigues pelos incontáveis incentivos no sentido da
busca do conhecimento e do desenvolvimento pessoal.

       Aos professores do Programa de Mestrado em Administração da Unisinos pelo
aprendizado proporcionado e pelo auxílio no trabalho científico.

       Aos funcionários do Programa de Mestrado em Administração da Unisinos pelo
incondicional auxílio em todas as situações.

       Ao Sr. Paulo Nelson Regner pela valiosa colaboração no desenvolvimento prático
deste trabalho.

       Aos colegas do Mestrado: André, Augusto, Bellé, Bavaresco, Camila, Capra, Chico,
Cristina, Edemar, Giovana, Iuri, Jéferson, Lagreca, Luciano, Lucile, Margarete, Pinto,
Rosângela, Rosário e Roses pelas contribuições dadas no sentido da ampliação da percepção a
respeito da vida.

       Aos profissionais da Empresa pesquisada pela prestimosa colaboração para o
entendimento real da problemática relacionada com a gestão do sistema de produção.

       Aos familiares, próximos e distantes, que compõem a teia de sustentação do equilíbrio
necessário às empreitadas do crescimento pessoal.

       Ao senhor Isaías de Sennes Pinto pelas lúcidas discussões a respeito de idéias teóricas
sobre a Administração.

       Aos amigos da ECT, especialmente os multiplicadores do programa GPAC, pois esse
foi um ponto de partida que possibilitou a concretização deste momento específico.

       Aos amigos Adenilton, André, Cassel, Diogo, Elias, Fabian, Felipe, Guilherme, Ivan,
Junico, Klippelzão, Klippelzinho, Luís, Mari, Paulo Boeira, Paulo Schroeder, Pizzato, Rafa,
Schuch pelo convívio profissional harmonioso.
Resumo

       A aptidão tecnológica estratégica das Organizações é passível de ser construída
simultaneamente em várias dimensões, entre as quais se destacam: a) qualificações e
competências e b) sistemas de gestão. Como o sistema de gestão é uma escolha estratégica da
Organização e estabelece a defasagem entre o seu posicionamento competitivo atual e o
planejado, então a dimensão “competência e qualificações” deve estar alinhada com a
dimensão “sistema de gestão”.

       Partindo dessa proposição, uma Organização que adotou como sistema de gestão o
Sistema Toyota de Produção/Lean Production System deve adotar ações para desenvolver as
suas qualificações e competências coerentes com os princípios subjacentes a esse sistema.

       Um conjunto estruturado de ferramentas de diagnóstico sobre os níveis de
aprendizagem de uma Organização a respeito dos princípios do Sistema Toyota de
Produção/Lean Production System, baseado em ampla experiência de Organizações que
atingiram níveis excelentes de aprendizagem sobre aqueles princípios, possibilita explicitar e
estabelecer a aderência e a defasagem existentes entre as práticas da Organização e o
referencial de atuação em nível de excelência.

       A proposta deste trabalho consiste em propor um modelo prático para avaliar o nível
de aprendizagem que Organizações que atuam no Brasil têm sobre os princípios do Sistema
Toyota de Produção/Lean Production System e como essa análise pode ser a base da melhoria
de sua Aprendizagem Organizacional e da criação do conhecimento visando os padrões de
excelência indicados por aqueles princípios.
Abstract

       The    strategic   technological   aptitude of   the   Organizations   might   be     built
simultaneously in several dimensions, among which stand out: a) qualifications and
competences, and b) management systems. As the management system is an Organizations'
strategic choice, and it establishes the gap among its current and planned competitive
emplacement, then the dimension "competences and qualifications" should be aligned with
the dimension "management system".

       Starting from that proposition, an Organization that has adopted the Toyota Production
System/Lean Production System as its management system should adopt actions to develop
its qualifications and coherent competences with the underlying principles to that system.

       A structured set of diagnosis tools about Organization's levels of learning, regarding
the principles of the Toyota Production System/Lean Production System and based on the
wide experience of Organizations that have reached excellent learning levels about those
principles, facilitates to explicit and to establish the adherence and the existent gap between
the Organization's practices and the performance referential in excellence level.

       This work's proposition consists of a practical model to evaluate the learning level that
Organizations that act in Brazil have on the principles of the Toyota Production System/Lean
Production System and how this analysis can be the base of the improvement of its
Organizational Learning, and the base of the creation of the knowledge, seeking the
recommended excellence patterns for those principles.
SUMÁRIO


CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1

   1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................ 1
      1.1.1.      Definição do Problema .......................................................................................... 1
      1.1.2.      Justificativa ............................................................................................................ 3
      1.1.3.      Relevância do Problema ........................................................................................ 5
   1.2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 6
      1.2.1.      Objetivo Geral ....................................................................................................... 6
      1.2.2.      Objetivos Específicos ............................................................................................ 6
   1.3. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO .......................................................................................... 6
   1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................. 8

CAPÍTULO 2. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 10

   2.1. SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO/LEAN PRODUCTION SYSTEM ....................................... 10
      2.1.1.      As bases do Sistema Toyota de Produção ........................................................... 10
      2.1.2.      Os Princípios e as Técnicas do Sistema Toyota de Produção ............................. 13
      2.1.3.      O Sistema Toyota de Produção como Sistema de Gestão ................................... 18
   2.2. A ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL FOCALIZADA ................................................................. 23
   2.3. TEORIA DAS RESTRIÇÕES (TOC – THEORY OF CONSTRAINTS) ......................................... 28
   2.4. APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL ............................................................................... 30
      2.4.1.      As bases da Aprendizagem Organizacional ........................................................ 30
      2.4.2.      Uma classificação das abordagens sobre Aprendizagem e Gestão do
      Conhecimento ................................................................................................................... 33
      2.4.3.      Aprendizagem Organizacional single loop e double loop ................................... 36
      2.4.4.      O Desenvolvimento de Competências................................................................. 37
   2.5. A LIGAÇÃO ENTRE A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E O SISTEMA TOYOTA DE
   PRODUÇÃO/LEAN PRODUCTION SYSTEM ................................................................................. 40

CAPÍTULO 3. MÉTODO ...................................................................................................... 46

   3.1. ESTRATÉGIAS DE PESQUISA ........................................................................................... 46
   3.2. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 48
      3.2.1.      A coleta de dados para o Estudo de Caso ............................................................ 50
3.2.2.     A análise dos dados do Estudo de Caso .............................................................. 51
     3.2.3.     O relato do Caso .................................................................................................. 52
  3.3. A ESCOLHA DA ESTRATÉGIA DE PESQUISA .................................................................... 52
  3.4. O MÉTODO DE TRABALHO ............................................................................................. 56

CAPÍTULO 4. A ESTRUTURAÇÃO DO DIAGNÓSTICO .............................................. 59

  4.1. AS BASES TEÓRICAS PARA A CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO ........................................ 59
  4.2. A CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO ..................................................... 71
     4.2.1.     Roteiros para Entrevista ...................................................................................... 71
     4.2.2.     Padrões de Referência ......................................................................................... 72
     4.2.3.     Planilhas de Registro do Diagnóstico .................................................................. 73
     4.2.4.     Planilha de Consolidação dos Resultados do Diagnóstico .................................. 74
     4.2.5.     Visualização Gráfica do Resultado do Diagnóstico ............................................ 76
  4.3. O MÉTODO DE APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO ..................................... 77
     4.3.1.     Definição das Pessoas a Serem Entrevistadas e Planejamento das Entrevistas .. 78
     4.3.2.     Realização das Entrevistas................................................................................... 79
     4.3.3.     Tratamento das Informações Coletadas............................................................... 80
     4.3.4.     Análise dos Resultados e Conclusões.................................................................. 81

CAPÍTULO 5. APLICAÇÃO E RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO ........................... 83

  5.1. CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA PESQUISADA............................................................... 83
  5.2. A ESTRUTURA PRODUTIVA DA EMPRESA PESQUISADA.................................................. 84
  5.3. A SELEÇÃO DE PESSOAS A SEREM ENTREVISTADAS ...................................................... 85
  5.4. A REALIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS ................................................................................ 86
  5.5. TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS .................................................................. 87
  5.6. O RESULTADO DO DIAGNÓSTICO SOB O PONTO DE VISTA DO GESTOR – PROPOSTA
  PRELIMINAR DE OPERACIONALIZAÇÃO .................................................................................. 97

CAPÍTULO 6. ANÁLISE DOS RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO .......................... 101

  6.1. O AMBIENTE DE OPERAÇÃO DA EMPRESA PESQUISADA .............................................. 101
  6.2. PONTO CHAVE 1. FOCO NO CLIENTE ........................................................................... 106
  6.3. PONTO CHAVE 2. LIDERANÇA ..................................................................................... 108
  6.4. PONTO CHAVE 3. ORGANIZAÇÃO ENXUTA .................................................................. 108
  6.5. PONTO CHAVE 4. PARCERIAS ...................................................................................... 109
  6.6. PONTO CHAVE 5. ARQUITETURA DE INFORMAÇÕES .................................................... 111
6.7. PONTO CHAVE 6. CULTURA DE MELHORIAS ................................................................ 111
  6.8. PONTO CHAVE 7. FUNÇÃO PROCESSO.......................................................................... 119
  6.9. PONTO CHAVE 8. FUNÇÃO OPERAÇÃO ........................................................................ 126
     6.9.1.     Manutenção Produtiva Total (TPM) .................................................................. 126
     6.9.2.     Troca Rápida de Ferramentas (TRF) ................................................................. 127
     6.9.3.     Autonomação ..................................................................................................... 129
  6.10.       PONTO CHAVE 9. SISTEMA DE INDICADORES ......................................................... 129
  6.11.       PONTO CHAVE 10. RESULTADOS ........................................................................... 130
  6.12.       NA DIREÇÃO DE UMA SÍNTESE .............................................................................. 131
  6.13.       UMA AVALIAÇÃO SOB O PRISMA DA ORGANIZAÇÃO QUE APRENDE ...................... 134

CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E POSSIBILIDADES DE DESDOBRAMENTO DO
TRABALHO EM TRABALHOS FUTUROS.................................................................... 136

  7.1. CONCLUSÕES QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE DIAGNÓSTICO.......... 136
  7.2. CONCLUSÕES QUANTO AOS RESULTADOS OBSERVADOS............................................. 138
  7.3. LIMITAÇÕES REFERENTES AOS RESULTADOS OBSERVADOS ........................................ 140
  7.4. POSSIBILIDADES DE DESDOBRAMENTO DO TRABALHO ................................................ 140

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 142

APÊNDICE 1 – AS SETE PERDAS DO STP.................................................................... 147

APÊNDICE 2 – ESPECIALISTAS QUE REALIZARAM A VALIDAÇÃO DO
INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO ............................................................................. 149

APÊNDICE 3 – ROTEIROS PARA ENTREVISTAS ...................................................... 150

APÊNDICE 4 – MODELO DE PADRÃO DE REFERÊNCIA ....................................... 164

APÊNDICE 5 – PLANILHAS DE REGISTRO DO DIAGNÓSTICO ........................... 165

APÊNDICE 6 – PLANILHA DE CONSOLIDAÇÃO DO DIAGNÓSTICO.................. 185
RELAÇÃO DE FIGURAS


FIGURA 2-1. A REDE DE PROCESSOS E OPERAÇÕES. .................................................................. 12
FIGURA 2-2. AS DIFERENÇAS ENTRE FÁBRICAS FOCALIZADAS E FORA DE FOCO. ..................... 24
FIGURA 2-3. AS RELAÇÕES ENTRE INDICADORES GLOBAIS E LOCAIS........................................ 29
FIGURA 2-4. ESCOLAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO. ............................................................. 34
FIGURA 2-5. ATIVOS REAIS E ATIVOS INTANGÍVEIS. ................................................................... 35
FIGURA 2-6. FORMAS DE APRENDIZAGEM. ................................................................................. 37
FIGURA 2-7. PROCESSO GLOBAL DE CONSTRUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS DA TOYOTA. ................ 43
FIGURA 3-1. ESTRATÉGIAS DE PESQUISA E OS FATORES DE ESCOLHA. ....................................... 47
FIGURA 3-2. A CONEXÕES LÓGICAS DO PROJETO DE ESTUDO DE CASO...................................... 48
FIGURA 3-3. ESTRUTURAÇÃO DO PROJETO DE ESTUDO DE CASO. .............................................. 49
FIGURA 3-4. A LIGAÇÃO ENTRE ESTRATÉGIA E APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL. .................. 54
FIGURA 3-5. A LÓGICA DE CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO. ...................................................... 55
FIGURA 4-1. PRODUÇÃO EM MASSA X LEAN PRODUCTION ........................................................ 61
FIGURA 4-2. A LÓGICA DA CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO (PARTE 1)..................................... 69
FIGURA 4-3. A LÓGICA DA CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO (CONTINUAÇÃO) .......................... 70
FIGURA 4-4. EXEMPLO DE ROTEIRO PARA ENTREVISTA ............................................................ 72
FIGURA 4-5. EXEMPLO DE TABELA DE PADRÃO DE REFERÊNCIA............................................... 73
FIGURA 4-6. EXEMPLO DE PLANILHA DE REGISTRO DO DIAGNÓSTICO. .................................... 74
FIGURA 4-7. EXEMPLO DE PLANILHA DE CONSOLIDAÇÃO DO DIAGNÓSTICO. ........................... 76
FIGURA 4-8. EXEMPLO DA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – O
      CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS. ............................................. 77
FIGURA 4-9. EXEMPLO DE MATRIZ DE APLICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO. ..................................... 79
FIGURA 5-1. ESTRUTURA DE PRODUÇÃO DA EMPRESA .............................................................. 84
FIGURA 5-2. MATRIZ DE APLICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO ............................................................ 86
FIGURA 5-3. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM1 .................................. 89
FIGURA 5-4. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM1 ...................... 89
FIGURA 5-5. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM2 .................................. 90
FIGURA 5-6. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM2 ...................... 90
FIGURA 5-7. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM3 .................................. 91
FIGURA 5-8. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM3 ...................... 91
FIGURA 5-9. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM4 .................................. 92
FIGURA 5-10. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM4 .................... 92
FIGURA 5-11. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM5 ................................ 93
FIGURA 5-12. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM5 .................... 93
FIGURA 5-13. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM6 ................................ 94
FIGURA 5-14. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM6 .................... 94
FIGURA 5-15. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – GERAL .............................. 96
FIGURA 5-16. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – GERAL ................. 97
FIGURA 5-17. PÁGINA INICIAL DO MONITOR DOS RESULTADOS ................................................ 99
FIGURA 5-18. DETALHAMENTO DO PONTO CHAVE .................................................................... 99
FIGURA 5-19. DETALHAMENTO DO PONTO DE CONTROLE ....................................................... 100
FIGURA 6-1. ESCALAS DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA ................................ 101
FIGURA 6-2. PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA PRODUÇÃO MUNDIAL DE AUTOMÓVEIS ............. 102
FIGURA 6-3. VOLUME DE PRODUÇÃO DE VEÍCULOS NO BRASIL .............................................. 103
FIGURA 6-4. FATURAMENTO DA INDÚSTRIA DE AUTOPEÇAS NO BRASIL ................................. 103
FIGURA 6-5. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE ITENS PRODUZIDOS ................................................. 104
FIGURA 6-6. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE PRODUÇÃO BRASILEIRO ............................ 106
FIGURA 6-7. MATRIZ DE POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DE MATERIAIS .............................. 110
FIGURA 6-8. ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO E DO TRABALHO – CÉLULA DE MANUFATURA .... 117
FIGURA 6-9. RELACIONAMENTOS ENTRE O PLANEJAMENTO (NÍVEL TÁTICO) E PROGRAMAÇÃO E
     EXECUÇÃO (NÍVEL OPERACIONAL) DA PRODUÇÃO. ........................................................ 123
FIGURA 6-10. POTENCIALIDADES DE MELHORIAS NO PCP ...................................................... 125
FIGURA 6-11. O AMBIENTE DE OPERAÇÃO DA EMPRESA E O DIRECIONAMENTO DE AÇÕES .... 132
RELAÇÃO DE SIGLAS E ABREVIATURAS UTILIZADAS


ANFAVEA   Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores

CQZD      Controle da Qualidade Zero-Defeito

IPA       Índice de Produtos Aprovados

IPO       Índice de Performance Operacional

ITO       Índice do Tempo Operacional

JIC       Just-In-Case

JIT       Just-In-Time

LPS       Lean Production System

MFP       Mecanismo da Função Produção

MPEM      Matriz de Posicionamento Estratégico de Materiais

MPT       Manutenção Produtiva Total

PCP       Planejamento e Controle da Produção

PMP       Plano Mestre de Produção

SAE       Society of Automotive Engineers

STP       Sistema Toyota de Produção

STP/LPS   Sistema Toyota de Produção/Lean Production System

TOC       Teoria das Restrições (Theory of Constraints)

TPM       Total Productive Maintenance

TRF       Troca Rápida de Ferramentas

UM        Unidade de Manufatura
Capítulo 1. Introdução


    1.1. Considerações Iniciais

       A Aprendizagem e o Conhecimento Organizacional têm sido estudados a partir de
distintas abordagens que consideram a aprendizagem sob o ponto de vista das pessoas, dos
grupos ou da Organização. No entanto, não é usual encontrar modelos que façam a ligação
estratégica desses vários níveis procurando estabelecer práticas que possam permitir um fluxo
harmônico de aprendizagem por todos os níveis da Organização, desde o estratégico ao mais
operacional.

       Pode constituir-se uma abordagem limitada tratar específica e isoladamente a questão
da aprendizagem sem considerar o contexto organizacional como um todo. Pode-se
depreender, de uma série de estudos sobre o assunto, que essa questão deve ser observada
como um elemento sistêmico inter-relacionado com todos os outros aspectos organizacionais
relevantes, como seus sistemas cognitivos, técnicos, de valores e de gestão.

       Uma proposta coerente com essa visão sistêmica e integrada seria estudar o tema sob o
ponto de vista abrangente de um sistema de gestão específico cujos princípios tenham sido
adotados por uma dada Organização. Dessa forma, é possível contrapor as práticas reais com
o conjunto de direcionamentos teóricos propostos pelo sistema de gestão considerado.


          1.1.1.   Definição do Problema

       Leonard-Barton (1998) propõe que a aptidão tecnológica estratégica das Organizações
constrói-se simultaneamente nas seguintes dimensões:

       a) Qualificações e base cognitiva: são os conhecimentos            e qualificações dos
empregados que formam a base de conhecimentos tácitos da Organização;

       b) Sistemas técnicos e físicos: é o conjunto de conhecimento explícito da
Organização traduzido sob a forma de procedimentos, máquinas, software, bancos de dados,
sistemas de informação, etc.;

       c) Sistemas de gestão: é a estruturação formal da relação entre as pessoas e a
Organização, seus processos, objetivos e o direcionamento estratégico que norteia a utilização
dos recursos disponíveis;
2



       d) Valores e normas: são as premissas que constroem um padrão determinante da
forma de comportamento geral dentro da Organização.

       Partindo dessa proposição, uma Organização que possua bem definidas as dimensões
sistemas técnicos e físicos, sistemas de gestão e os valores e normas, e procure estruturar e
sistematizar a dimensão qualificações e base cognitiva deverá fazê-lo de forma coerente com
as outras três dimensões. Caso o sistema de gestão adotado seja, por exemplo, o Sistema
Toyota de Produção (STP), as ações adotadas para desenvolver as qualificações e a base
cognitiva devem ser coerentes com os princípios subjacentes a esse sistema.

       Spear & Bowen (1999), a partir de um amplo estudo de Organizações que
implementaram o STP, concluíram que o principal fundamento desse sistema é o Método
Científico inerente à aplicação de algumas regras básicas que norteiam o projeto, a operação e
o aprimoramento de todas as atividades, conexões e fluxos do sistema produtivo. Assim, para
uma Organização      que adota o Sistema Toyota de Produção/Lean Production System
(STP/LPS) como sistema de gestão, o desenvolvimento dos conhecimentos e a Aprendizagem
Organizacional deverá considerar, antes de qualquer coisa, o Método Científico inerente
àquele sistema de gestão.

       Jackson & Dyer (1996),       Jackson & Jones (1996), Fisher (1995), entre outros,
apresentam um conjunto estruturado de ferramentas de diagnóstico dos níveis de
aprendizagem de uma Organização em relação aos princípios propostos STP/LPS. Embora o
foco central do caso seja uma análise dos princípios do STP, os princípios básicos da Teoria
das Restrições (TOC) também deverão ser inseridos no modelo de diagnóstico em função da
grande similaridade e complementaridade existente entre esses dois conjuntos de princípios
(ANTUNES JR., 1998). Essas ferramentas, baseadas em longa experiência histórica em
Organizações que atingiram níveis excelentes de aprendizagem sobre aqueles princípios,
possibilitam explicitar e estabelecer o nível de aderência entre as práticas da Organização e
um referencial de atuação em nível de excelência.

       Assim, o problema principal a ser investigado neste trabalho – a questão de pesquisa –
é expresso da seguinte forma: como avaliar o nível de aprendizagem que uma Organização
específica possui acerca dos princípios propostos pelo STP/LPS?

       Além dessa questão básica, o trabalho propõe que os resultados decorrentes da
resposta a essa questão podem se constituir em uma base sólida da melhoria de seu processo
3



de Aprendizagem Organizacional e da criação do conhecimento, visando alcançar padrões de
excelência preconizados pelos princípios do STP/LPS.


         1.1.2.    Justificativa

       Há um razoável conjunto de estudos que busca estabelecer modelos de avaliação do
grau de desenvolvimento dos princípios do STP/LPS em Organizações de diversos tipos.
Boyer (1996) realizou uma série de estudos junto a indústrias norte-americanas que
implementaram a lógica do LPS. O autor procurou estabelecer a relação existente entre o
compromisso da alta direção dessas organizações com os princípios desse sistema de gestão e
o investimento realizado no desenvolvimento do conhecimento e das habilidades necessárias
aos seus empregados para a implementação consistente desse conjunto de princípios.

       No entanto, a abordagem de Boyer (1996) limita-se a avaliar a correlação existente
entre o compromisso declarado da Organização com a Produção Enxuta e os investimentos
realizados em infra-estrutura de suporte ao desenvolvimento da Aprendizagem de sua Força
de Trabalho a respeito dos princípios desse sistema de gestão. A correlação encontrada, como
se esperava, é forte. Porém esse resultado apenas aponta determinados alinhamentos possíveis
entre a problemática da Aprendizagem Organizacional e o STP/LPS.

       De Toni & Tonchia (1996) desenvolveram um modelo mais amplo que propõe um
conjunto de medidores da performance da Empresa sob o ponto de vista processual, de acordo
com alguns princípios do LPS que abrange processos de Desenvolvimento de Produtos,
Manufatura e Logística. Esses medidores apontam a performance da Empresa nesses
processos críticos em termos de Entrega, Flexibilidade, Qualidade e Custos. O modelo
proposto por      De Toni & Tonchia (1996) contempla uma ampla gama de possíveis
indicadores de desempenho da Empresa sob o ponto de vista do processo. No entanto, não
apresenta a forma de sua operacionalização e nem estabelece uma clara ligação entre os
resultados encontrados e o processo de Aprendizagem a respeito dos princípios do sistema de
gestão adotado.

       Karlsson & Ǻhlström (1996), baseando-se nos princípios do LPS propostos por
Womack et al (1992), propõem um conjunto de medidores que direcionam a avaliação do
sistema de manufatura segundo os seguintes aspectos: eliminação de Perdas, melhoria
contínua, zero defeitos, Just-in-Time, produção puxada, multifuncionalidade das equipes,
descentralização das responsabilidades, integração de funções e sistema de informações. Este
4



modelo é abrangente e pode constituir-se em uma referência na busca de padrões de Produção
Enxuta. Entretanto, limita-se a avaliar os aspectos diretamente ligados ao sistema de
manufatura e não ao sistema de gestão na sua forma plena.

       Esses mesmos autores descrevem um processo real de implementação do processo de
melhoria na manufatura que redundou em um enxugamento dos níveis hierárquicos em uma
Organização (ǺHLSTRÖM & KARLSSON, 2000). Essa redução na estrutura criou a
necessidade de descentralização da tomada de decisão e, por conseqüência, a melhoria na
capacitação de pessoas no nível operacional da Empresa. No entanto, não fica estabelecida
uma conexão clara entre a Aprendizagem Organizacional e o sistema de gestão adotado.

       Sánchez & Pérez (2001) também desenvolveram um estudo para testar a validade de
um conjunto de indicadores semelhantes aos propostos por Karlsson & Ǻhlström (1996) aos
quais foram agregados indicadores de envolvimento de clientes e fornecedores no processo de
produção. O trabalho verifica que as Empresas que optaram pela lógica do LPS adotam em
massa esse conjunto de indicadores. Além disso, os autores verificaram os relacionamentos
existentes entre esses indicadores e a influência de sua utilização sobre o foco gerencial
decorrente da adoção do LPS.

       Esses exemplos apresentados são uma mostra de que a questão da avaliação do grau de
aplicação do sistema de gestão – no caso, o STP/LPS – é considerada relevante. Porém, a sua
conexão com a Aprendizagem Organizacional não é objeto de estudos mais estruturados.
Assim, considera-se necessário o desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica que busque,
entre outras coisas, um entendimento – o mais preciso possível – de como as pressuposições
de um sistema de gestão da produção podem ser explicitadas sob o ponto de vista da
Aprendizagem Organizacional de modo a permitir o desenvolvimento de um modelo de
Gestão do Conhecimento organizacional que seja coerente com o sistema de gestão e com a
estratégia da Organização. O STP/LPS possui um conjunto de regras, princípios e técnicas
que podem ser compreendidas dessa forma. São elementos que, uma vez estabelecidos na
Organização, direciona-a para a Aprendizagem.

       Além disso, vários referenciais práticos de Organizações que adotam os princípios
desse sistema de gestão proporcionam um conjunto de melhores práticas que podem constituir
modelos de referência para um diagnóstico consistente no nível de aprendizagem da
Organização    com relação àqueles princípios. Assim, considera-se essencial que a
representação dos níveis de aprendizagem de uma Organização – uma espécie de
“mensuração” da sua aderência aos princípios – seja desenvolvida como um elemento de
5



direcionamento da sua estratégia. Conseqüentemente, considera-se que o desenvolvimento de
instrumentos que possibilitem a operacionalização dessa mensuração torna-se pertinente e
necessária.


            1.1.3.   Relevância do Problema

       Grande parte das abordagens relacionadas com a Aprendizagem Organizacional trata
do assunto em um nível que não possibilita uma clara ligação com os aspectos das práticas
organizacionais, mais especificamente das escolhas estratégicas que determinam essas
práticas.

       Por exemplo, a escolha de um determinado sistema de gestão por uma Organização
estabelecerá um conjunto de necessidades de aprendizagem diferentes das que surgiriam caso
a escolha estratégica tivesse ocorrido em outra direção. No entanto, a maioria dos estudos
tratam essa questão de uma forma um tanto genérica, e, com algumas exceções que serão
exploradas ao longo do presente trabalho, não são consideradas peculiaridades decorrentes
das práticas organizacionais.

       Considerando essa questão e que o STP/LPS constitui-se em um conjunto de
princípios e práticas adotados por Organizações Industriais com níveis excelentes de
desempenho, considera-se relevante e necessário estabelecer as ligações entre os fundamentos
desse sistema de gestão e a Aprendizagem Organizacional.

       Além disso, mais importante que estabelecer e entender essa ligação parece ser a
construção de um modelo de diagnóstico que permita avaliar como uma Organização que
escolheu o STP/LPS como sistema de gestão está utilizando os princípios daquele sistema
para aumentar o seu desempenho.

       Mais ainda, a possibilidade de estudar uma Organização industrial do setor metal-
mecânico do RS, que adota os princípios propugnados pelo STP em um nível avançado é uma
oportunidade de compreender mais profundamente a questão sob o ponto de vista da realidade
da Indústria Brasileira.

       Assim, a relevância do desenvolvimento do presente trabalho abrange e atende os
prismas acadêmico e empresarial. Isso porque está focando uma abordagem pragmática do
campo da Aprendizagem Organizacional e estabelecendo relações entre esse assunto e os
princípios teóricos norteadores do STP. Além disso, propõe-se a desenvolver um modelo que
6



possibilite às Organizações efetuar a avaliação de seu desempenho em relação a um conjunto
de princípios e técnicas mundialmente consagradas pela excelência de seus resultados.


    1.2. Objetivos

       São os seguintes os objetivos geral e específicos do presente trabalho:


          1.2.1.   Objetivo Geral

       O objetivo geral do presente trabalho consiste em desenvolver e estruturar uma
ferramenta    de diagnóstico que permita avaliar o grau de aderência das Organizações
Industriais aos conceitos e princípios do STP/LPS, avaliando o seu nível de Aprendizagem a
respeito desses conceitos e princípios.


          1.2.2.   Objetivos Específicos

       São os seguintes os objetivos específicos do presente trabalho:

                  Analisar as diversas abordagens teóricas que tratam da aprendizagem e
             conhecimento organizacional buscando estabelecer a ligação entre elas e a
             aplicação dos princípios do STP/LPS;

                  Estruturar e construir, com base no referencial teórico e a partir da visão
             das pessoas da Organização, um instrumento de avaliação da aderência da
             Organização aos princípios do STP/LPS;

                  Efetuar a aplicação, em uma Organização Industrial, do instrumento de
             avaliação desenvolvido;

                  Realizar uma análise crítica dos resultados obtidos pela Organização
             pesquisada, tendo como referência a aplicação do instrumento de avaliação
             desenvolvido.


    1.3. Delimitação do trabalho

       O presente trabalho é um Estudo de Caso que busca avaliar uma Empresa do setor
metal-mecânico, que tem suas instalações industriais localizadas no Estado do Rio Grande do
Sul, sob o aspecto do desenvolvimento das competências inerentes aos princípios propostos
7



pelo sistema de gestão adotado – o STP/LPS . Essa avaliação é o elemento de apoio para o
desenvolvimento de um modelo prático de diagnóstico visando compreender qual é o seu
nível atual de aprendizagem e um modelo de atuação visando à busca de níveis excelentes de
aprendizagem daqueles princípios.

       Com esse objetivo, foi construída uma ferramenta de diagnóstico com base em um
conjunto de análises de Organizações que adotam o mesmo sistema de gestão e que podem ser
consideradas como referências de melhores práticas na aplicação dos princípios do STP/LPS.

       O STP/LPS é apresentado de modo que seus elementos componentes (sub-sistemas)
sejam compreendidos. A partir daí busca-se efetuar a ligação entre esses elementos e a análise
do nível de aprendizagem da Organização em relação a eles, de modo que sejam a base da
construção do modelo de atuação.

       No entanto, não foram efetuadas análises comparativas entre os princípios do
STP/LPS e outros sistemas de gestão no sentido de fundamentar sua efetividade. Considera-se
que a discussão dessas questões não é relevante para o escopo do trabalho uma vez que a
Organização estudada possui um posicionamento estratégico que a levou à escolha deste
sistema de gestão por considerá-lo adequado para o atendimento de suas necessidades
competitivas.

       Também não será objeto de estudo detalhado deste trabalho os aspectos referentes às
técnicas e práticas utilizadas pelo STP/LPS exceto quando essa visão pormenorizada
contribuir para o entendimento do sistema e a construção dos modelos de diagnóstico e de
atuação.

       Como o presente trabalho terá a característica de um Estudo de Caso, o resultado final
pretendido deverá limitar-se ao conjunto composto pela construção de um modelo de
diagnóstico e de atuação sem um caráter de intervenção na Organização que, a seu critério,
poderá optar pela aplicação do modelo. Neste trabalho não há pretensão de apresentar os
resultados da aplicação prática do modelo de atuação a ser construído.

       A Aprendizagem Organizacional será apresentada em linhas gerais de forma a
possibilitar um amplo entendimento do assunto. Porém, para efeito da análise pretendida, será
considerada sob o aspecto de como a Organização utiliza seus conhecimentos na direção de
adotar ações práticas, conforme proposto por Argyris (1993).

       Nesse sentido, o modelo de aprendizagem em três níveis proposto por Fujimoto
(1999), como sendo o mecanismo desenvolvido pela Toyota para alcançar suas competências
8



competitivas, parece estabelecer a ligação necessária entre a Aprendizagem Organizacional e
os princípios do STP/LPS.

          Essas duas visões – Argyris (1993) e Fujimoto (1999) – serão integradas de forma
mais pragmática através da analise do Caso sob o ponto de vista dos blocos construtivos da
Organização que Aprende propostos por Garvin (1993).

          Portanto, não serão analisados em detalhes os aspectos ligados à Aprendizagem
individual ou dos grupos, mas os aspectos sistêmicos da Aprendizagem Organizacional
proporcionado por um sistema de gestão – no caso o STP/LPS.

          No presente trabalho não há também pretensão de desenvolver qualquer modelo de
Gestão do Conhecimento do tipo proposto por Davenport e Prusak (1998) ou de gestão dos
Capitais ou Ativos de Conhecimento proposto, por exemplo, por Sveiby (1998) ou Stewart
(1998).

          Assim, o campo de validade do modelo e dos instrumentos de diagnóstico refere-se a
Empresas que adotam como sistema de gestão o STP/LPS. Será avaliada a aderência aos
princípios desse sistema de gestão. Essa aderência será expressa sob a forma de uma escala de
mensuração. A aderência será analisada sob o ponto de vista da integração entre as
proposições de aprendizagem de Argyris (1993), Garvin (1993) e Fujimoto (1999).


    1.4. Estrutura do Trabalho

          Além deste Capítulo introdutório, esta dissertação é composta de outros seis.

          No Capítulo 2 será apresentado o referencial teórico. São delineadas as idéias gerais
que compreendem a construção conceitual referente ao STP/LPS complementadas pela TOC e
a construção conceitual referente à Aprendizagem Organizacional. Finalmente, é discutida a
conexão entre esses conjuntos de idéias.

          No Capítulo 3 efetua-se uma discussão a respeito da escolha metodológica feita pelo
pesquisador e apresentam-se os passos concretos – método de trabalho – adotados para a
consecução dos objetivos propostos.

          No Capítulo 4 apresentam-se as bases teóricas e conceituais que embasaram o
desenvolvimento dos Instrumentos de Pesquisa. É apresentada a lógica utilizada na
construção de todos os elementos do Instrumento de Pesquisa. Também é explicitado o
9



conjunto de habilidades e conhecimentos necessários para que o pesquisador possa, de forma
eficaz, fazer a aplicação do Diagnóstico.

       O Capítulo 5 apresenta o relato do Caso propriamente dito. Descreve a aplicação do
instrumento de diagnóstico na Empresa pesquisada. São apresentadas todas as informações
levantadas e a avaliação do grau de aprendizagem da Organização em relação aos princípios
avaliados.

       O Capítulo 6 faz uma análise crítica dos resultados do diagnóstico. São realizadas
avaliações detalhadas dos resultados obtidos pela Organização pesquisada e apresentadas as
possibilidades de ações a serem adotadas para melhorar os resultados até então obtidos.

       No Capítulo 7 são apresentadas as conclusões e possibilidades de desdobramento das
proposições do trabalho.
Capítulo 2. Referencial teórico

        Neste Capítulo são apresentadas as bases teóricas que sustentam o desenvolvimento do
trabalho. São discutidos os aspectos teóricos referentes ao STP/LPS e da TOC e sua conexão
com os princípios do STP que, de maneira geral, servem de suporte à criação dos
instrumentos de pesquisa. Na seqüência são discutidos os aspectos teóricos referentes à
Aprendizagem Organizacional de uma maneira geral.

        A intenção principal deste Capítulo consiste em estabelecer uma ligação entre as idéias
que sustentam a construção do sistema de gestão (STP/LPS e TOC) e as idéias que sustentam
a teoria sobre a Aprendizagem Organizacional de modo a embasar a construção do
diagnóstico proposto. Além disso, uma breve discussão acerca do desenvolvimento das
Fábricas Focalizadas é estabelecida com intuito de embasar a análise dos resultados da
avaliação da Empresa pesquisada.


    2.1. Sistema Toyota de Produção/Lean Production System

        Vários setores da indústria japonesa despontaram, após as crises do petróleo dos anos
70, com maior capacidade competitiva que a indústria ocidental. Um desses setores foi a
indústria automobilística que apresentou índices de produtividade e competitividade
surpreendentemente altos para os padrões mundiais. Esses fatos evidenciaram que o modelo
de gestão da produção adotado por algumas das indústrias japonesas apresentava muitas
vantagens em relação ao tradicional modelo ocidental. O STP é um dos mais destacado desses
modelos de gestão.


           2.1.1.    As bases do Sistema Toyota de Produção

        O STP tem como pilares a Autonomação2 e o Just-In-Time (OHNO, 1997). A
Autonomação consiste em dotar máquinas, equipamentos e pessoas da autonomia necessária
para parar a linha de produção sempre que uma condição pré-estabelecida for atingida (por
exemplo, quantidade produzida) ou sempre que os padrões de qualidade definidos não forem
atendidos (por exemplo, produto com defeito). A Autonomação, desenvolvida nas industrias

2
  Autonomação é um neologismo decorrente da fusão das palavras Autonomia com Automação e procura
significar que a Função Operação conforme definida por Shingo (1996) é dotada, além da simples automação, de
autonomia para se comportar de acordo com um padrão estabelecido. Essa autonomia tanto pode estar
relacionada com as pessoas como com as máquinas.
11



têxteis do grupo Toyota, representa um rompimento com a lógica um homem/um posto/uma
tarefa presente no Taylorismo/Fordismo. Tal conceito implica a possibilidade da separação do
trabalhador da máquina. Essa mudança de percepção sobre a relação entre homens e máquinas
possibilitou o desenvolvimento de várias ferramentas do STP.

       O Just-In-Time (JIT), pode ser entendido como uma lógica de produção que estabelece
como princípio básico a formação de estoques nos níveis estritamente necessários. O JIT é
considerado um claro rompimento com o modelo tradicional de gestão adotado pelas
indústrias ocidentais, denominados genericamente de Just-In-Case (JIC). O JIC está
geralmente associado à transformação nos métodos de trabalho levada a efeito no início do
século XX por Henry Ford, Frederick W. Taylor, Frank Gilbreth, entre outros.

       Coriat (1994) apresenta essas duas bases – a Autonomação e o JIT – como sendo a
sustentação do chamado “espírito Toyota”. O desenvolvimento do Sistema Toyota decorreu –
em função das particularidades históricas do Japão – da necessidade de um sistema capaz de
produzir séries pequenas de muitos produtos diferenciados (OHNO, 1997. FUJIMOTO,
1999). Essa necessidade fez com que o STP se tornasse particularmente eficaz em ambientes
de grande diversificação, construindo assim o que aparentemente tornou-se o seu principal
fator de diferenciação em relação aos modelos baseados no Fordismo. Todo o conjunto de
técnicas desenvolvidas por Ohno (1997) e Shingo (1996) pode ser percebido a partir dessa
diferença básica.

       Shingo (1996) apresenta a principal transformação do entendimento dos sistemas de
produção introduzida pelo STP/LPS, que ele denominou de Mecanismo da Função Produção
(MFP). Segundo essa lógica, a Função Produção deve ser vista e analisada como uma rede de
Processos e Operações, conforme pode ser visto na Figura 2-1.

       Diferentemente da visão tradicional dos sistemas de produção baseados na lógica da
produção em massa, a Função Processo não é entendida enquanto um simples conjunto de
operações mas como o acompanhamento do fluxo dos materiais no tempo e no espaço, à
medida que vão sendo transformados pelo sistema (SHINGO, 1996). Por outro lado, a Função
Operação pode ser visualizada como sendo o trabalho que é realizado para concretizar essa
transformação do material. A análise da Função Processo examina o fluxo do produto. A
análise da Função Operação examina o trabalho realizado pelos trabalhadores e pelas
máquinas sobre os produtos. A análise da Função Produção feita de acordo com essa visão é a
base para o desenvolvimento do diferencial da lógica do STP. O STP propõe focalizar as
melhorias sobre a Função Processo, ou seja, as melhorias essenciais são associadas aos fluxos.
12



                              Operação



                                        Estoque MPs


                                 Transporte
         o




                                                                                               Transporte:
      ess




                           Espera dos lotes                                                    trabalhadores e
   oc




                                                                                               mecanismos
Pr




                        Processamento

                                                                                         Processamento:
                Lotes esperando processo                                                 Trabalhadores e
                                                                                         máquinas

             Inspeção

                                                                                  Inspeção: trabalhadores e
                                                                                  instrumentos
    Estoque produto




                                          Figura 2-1. A Rede de Processos e Operações.
                                                    Fonte: Shingo (1996 : 38)


             A introdução de melhorias com foco na Função Processo deve ser pensada a partir dos
elementos que a constituem. São cinco esses elementos conforme apresentado por Shingo
(1996):

                 a) Processamento (representado pelo símbolo                       ): significa um elemento de
                        transformação física ou qualitativa do material. É no processamento que ocorre
                        a agregação de valor ao material.

                 b) Inspeção (representado pelo símbolo                  ): significa a comparação do resultado
                        de um processamento com um padrão pré-estabelecido. A inspeção não agrega
                        nenhum valor ao material.

                 c) Transporte (representado pelo símbolo                     ): significa a movimentação do
                        material entre posições na estrutura produtiva. O transporte também não agrega
                        valor ao produto.

                 d) Espera do Processo (representado pelo símbolo                         ): significa que um lote
                        inteiro do material está aguardando enquanto outro lote está sendo processado,
                        inspecionado ou transportado.

                 e) Espera do Lote (representado pelo símbolo                      ): significa o tempo que uma
                        peça de um lote permanece esperando enquanto as outras peças do mesmo lote
13



               estão sendo processadas, inspecionada ou transportada. Esperas, da mesma
               forma que os outros três fenômenos anteriores, não agregam valor ao produto.

       Pensar a introdução de melhorias no Sistema de Produção a partir da ótica proposta
pelo STP estabelece um rompimento substancial com a visão tradicionalmente aceita de que o
Processo é um mero conjunto de Operações. Sob o prisma tradicional (JIC), qualquer
melhoria introduzida em uma Operação implica melhorias no Processo. Mais que isso, na
visão tradicional, a tendência é atuar somente sobre as Operações.

       A visualização da Função Produção como uma rede possibilitou o tratamento das
melhorias considerando também as não-operações, ou seja, os elementos da Função Processo
que não coincidem com a Função Operação – as Esperas. Além disso, ficou explicitamente
estabelecido, através da análise da Função Processo, o conceito de agregação de valor e, por
conseqüência, sua antítese – as Perdas.

       O gerenciamento da produção, sob o ponto de vista do STP baseia-se,
primordialmente, no princípio da minimização dos custos que se amplia para um conceito de
eliminação total das Perdas na forma de efetivar a produção e não apenas a visão tradicional
de desperdícios de materiais. A partir desse princípio, o STP identifica 7 tipos de Perdas no
Sistema de Produção (SHINGO, 1996): Perdas por Superprodução, Perdas por Transporte
(Movimentação Interna de Carga), Perdas no Processamento, Perdas pela Fabricação de
Produtos Defeituosos, Perdas por Geração de Estoques, Perdas por Esperas e Perdas no
Movimento. O detalhamento conceitual das Sete Perdas pode ser visualizado no Apêndice 1.


          2.1.2.   Os Princípios e as Técnicas do Sistema Toyota de Produção

       É possível afirmar que a busca constante e contínua da eliminação das Perdas no
Sistema de Produção levou ao desenvolvimento dos princípios e técnicas do STP. O conceito
de estoque zero (ou estoque minimizado) é a estratégia principal do STP e decorre da
percepção de que a principal Perda é decorrente da superprodução que gera estoques
desnecessários. O JIT, embora seja muitas vezes confundido com o próprio STP, é o princípio
e garante a produção com estoque mínimo.

       O JIT, portanto, é um dos pilares de sustentação do STP pois representa o conjunto de
ações que garantem que o sistema seja alimentado com os itens necessários, na quantidade
necessária e no momento necessário. Desta forma, tende a evitar a geração dos estoques
desnecessários.
14



       O outro pilar de sustentação do STP é a Autonomação, também chamada de
automação com toque humano. É uma evolução do processo de separação entre o trabalhador
e as máquinas e equipamentos efetuada com o objetivo de promover a eficiência da produção
e o aumento da efetividade da utilização dos recursos humanos.

       Esses dois pilares, aliados ao conceito do MFP, permitem o desenvolvimento de um
conjunto geral de ferramentas e técnicas do STP. Antunes Jr. (1998) apresenta esse conjunto
geral de técnicas do STP como constituintes dos Sistemas de Produção com Estoque-Zero e as
classifica dentro de grupos ou subsistemas.

       O ponto inicial dessa classificação diz respeito aos Princípios Básicos de Construção
de Sistemas de Produção com Estoque-Zero. Esses Princípios abrangem o conceito do não-
custo que é a base do tratamento sistemático para a eliminação das Perdas nos Sistemas
Produtivos.

       Esses Princípios Básicos suportam, na construção dos Sistemas de Produção com
Estoque-Zero, um Conjunto de Subsistemas e Técnicas:

           a) Subsistema de Pré-Requisitos básicos de Engenharia de Produção (Troca
              Rápida de Ferramentas, Layout celular, Operação-Padrão);

           b) Subsistema de Defeito-Zero (Autonomação/CQZD/Poka-Yoke);

           c) Subsistema de Quebra-Zero (MPT);

           d) Subsistema de Estoque-Zero (Kanban).

       Além disso, os Sistemas de Produção com Estoque-Zero devem desenvolver uma
Logística de melhorias, baseadas nos seguintes pontos:

           a) A lógica do Kanban amplo (Subsistema de sincronização e melhorias);

           b) Utilização conjunta     de todos os Subsistemas e Técnicas apresentados
              anteriormente.

       Conforme Antunes Jr. (1998), o Subsistema de pré-requisitos básicos da
Administração da Produção é constituído das seguintes Técnicas:

           a) Operação-Padrão: essa técnica tem por objetivo estabelecer uma seqüência
              racional de trabalho que permita que as operações sejam executadas da melhor
              maneira possível. A padronização, segundo conclusões apresentadas por Spear
              & Bowen (1999), é o elemento que possibilitou ao STP o desenvolvimento de
15



                   uma de suas principais características, a flexibilidade garantida pela completa
                   sinalização visual dos padrões;

               b) Troca Rápida de Ferramentas: essa técnica refere-se à busca contínua da
                   redução dos tempos de preparação das máquinas que é a base para a redução
                   dos tamanhos de lote de produção e, por conseqüência, para uma resposta mais
                   rápida às variações de demanda no mercado. Além disso, a redução do
                   tamanho dos lotes diminui a necessidade de estoques de maneira geral e reduz
                   sensivelmente o tempo de atravessamento do sistema. Lotes menores
                   possibilitam ainda a redução de Perdas por fabricação de produtos defeituosos
                   (refugos ou retrabalhos) pois permitem identificar muito rapidamente os
                   desvios de qualidade porventura ocorridos ao longo do processo produtivo.

               c) Layout: a organização do arranjo físico das operações deve seguir a lógica
                   proposta pela redução do tamanho dos lotes. Com lotes pequenos a necessidade
                   de movimentação de materiais em uma estrutura de arranjo físico tradicional
                   funcional, por exemplo, aumentaria muito. Desse modo, sempre que possível,
                   o layout     deve seguir uma lógica de organização celular. Isso possibilita
                   também a introdução mais intensa da multifuncionalidade dos trabalhadores3.

           O Subsistema de Defeito-Zero abrange os seguintes conceitos:

               a) Autonomação: consiste em dotar a Função Operação (trabalhadores, máquinas
                   e equipamentos) da autonomia necessária para parar a produção sempre que
                   algum evento pré-determinado ocorra. Esse evento pode ser um desvio no
                   padrão de qualidade desejada ou a produção da quantidade planejada. A
                   Autonomação, ao promover a separação entre homens e máquinas, possibilitou
                   a introdução do conceito de multifuncionalidade dos trabalhadores.

               b) Controle da Qualidade Zero-Defeito (CQZD): consiste na lógica de migração
                   de estratégias e técnicas de inspeção de qualidade que localizam e eliminam os
                   defeitos para estratégias que previnem a ocorrência dos defeitos, com a
                   implementação da estratégia de Inspeção na Fonte, ou seja, evitar que ocorra o
                   erro, que é a causa do defeito;




3
    Essa multifuncionalidade resulta da separação entre homem e máquina possibilitada pela Autonomação.
16



           c) Poka-Yoke: são dispositivos à prova de falha. Evitam que um produto seja
               fabricado com defeito. É a técnica que operacionaliza a estratégia da Inspeção
               na Fonte e sustenta em grande medida a implementação do CQZD.

       O Subsistema de Quebra-Zero esta relacionado com a Manutenção Produtiva Total –
MPT (Total Productive Maintenance - TPM). Consiste em uma política de utilização conjunta
de todos os tipos de manutenção (corretiva, preventiva, sistêmica e preditiva) e desenvolveu-
se a partir de alguns objetivos básicos:

           a) Obter a maximização da eficiência global dos equipamentos;

           b) Desenvolver um sistema de Manutenção Produtiva que considere toda a vida
               útil do equipamento;

           c) Promover o Envolvimento de todos as áreas interessadas – planejamento,
               projeto, operação e manutenção – na implantação da MPT;

           d) Promover o envolvimento efetivo de todos os empregados, desde a alta
               gerência até os trabalhadores de chão-de-fábrica;

           e) Tornar a MPT um movimento visando à motivação gerencial, através do
               desenvolvimento de atividades autônomas de melhorias por pequenos grupos.

       Esse subsistema, no entanto, evoluiu para uma lógica mais ampla. Conforme Antunes
Jr. & Klippel (2001), ele deve ser visto como um instrumento de gestão mais eficaz dos
Postos de Trabalho, a partir da compreensão ampla dos Sistemas Produtivos identificando as
suas principais restrições (gargalos, CCRs e Postos com problemas de qualidade) e gerindo
estes Postos de Trabalho de forma sistêmica, unificada, integrada e voltada para os resultados.

       Antunes Jr & Klippel (2001) propõem um método prático para essa gestão que unifica
de forma sinérgica os conceitos da TOC e do STP. Esse método possibilita o gerenciamento
dos Postos de Trabalho no sentido de maximizar os resultados econômico-financeiros das
Empresas. Assim, a partir da identificação dos recursos críticos em termos de capacidade, de
demanda e em termos de qualidade, o método identifica as eficiências globais desses recursos
pelo cálculo do Índice de Eficiência Operacional Global – IROG.

       Conforme Antunes Jr & Klippel (2001), o IROG é o obtido pelo produto de três
índices que o compõem: o Índice do Tempo Operacional (ITO), o Índice de Performance
Operacional (IPO) e o Índice de Produtos Aprovados (IPA). O ITO consiste no tempo total
em que a máquina ficou disponível, excluindo-se as paradas que ocorrerem por diversos
17



motivos em relação ao tempo total teórico de utilização possível. O IPO representa os tempos
de operações em vazio, paradas momentâneas não registradas e períodos de queda de
velocidade, elementos de difícil visualização na prática. Por fim, o IPA representa o tempo da
de utilização da máquina para a produção de peças boas, excluindo o tempo gasto com sucata
e retrabalho.

       Assim, a eficiência dos recursos é avaliada tanto em termos de paradas, de reduções de
velocidade e de problemas de qualidade do produto, possibilitando a adoção de ações voltadas
para o aumento dessa eficiência global focada nos recursos críticos da Empresa.

       O Subsistema de Estoque-Zero materializa-se pela operacionalização do conceito de
Kanban. Conforme Antunes Jr. (1998), o Kanban pode ser entendido a partir de dois
significados distintos: é uma ferramenta de Programação e Controle da Produção e, ao mesmo
tempo, uma ferramenta de melhorias do sistema de produção.

       Enquanto ferramenta de Programação e Controle da Produção, procura estabelecer a
sincronização da produção de forma sistemática e permanente, pela utilização de cartões ou
outros dispositivos físicos que sinalizam ao sistema as necessidades de produção através da
aplicação de algumas regras (OHNO, 1997):

           a) O processo seguinte retira do processo anterior as peças e materiais necessários
                nas quantidades necessárias.

           b) O processo anterior produz itens na quantidade e na seqüência indicada pelo
                cartão (Kanban).

           c) Eliminar a superprodução e os transportes excessivos.

           d) O cartão (Kanban) deve funcionar como uma ordem de fabricação afixada
                diretamente nos itens.

           e) Produtos com defeito não devem ser enviados ao processo seguinte.

       Atuando como ferramenta de introdução de melhorias no sistema produtivo o Kanban
permite a observação visual e direta dos problemas que ocorrem na produção e a imediata
atuação no sentido de eliminá-los.

       Esse amplo conjunto de ferramentas atua de forma sistêmica no sentido de buscar o
aumento da Produtividade Econômica (PEconômica = Faturamento/Custos) do sistema. A
Autonomação disponibiliza os meios para, através da garantia da qualidade dos produtos e da
melhor utilização dos ativos, incrementar o faturamento da empresa. O JIT, com a idéia
18



central de eliminação de estoques desnecessários e todas as ações de eliminação de Perdas,
atua na redução dos custos. Se o faturamento cresce e os custos caem, a Produtividade
Econômica aumenta.


         2.1.3.   O Sistema Toyota de Produção como Sistema de Gestão

       O STP, mais que um Sistema de Produção ou de Manufatura, consiste em um Sistema
de Gestão. Fujimoto (1999) apresenta um conjunto de práticas e técnicas de Gestão da
Produção e de Recursos Humanos que se constituem em elementos interligados que levaram a
Toyota a alcançar vantagens competitivas:

       O conjunto de princípios, práticas e técnicas de Gestão da Produção é apresentado a
seguir (FUJIMOTO, 1999):

          a) Redução de Perdas (Muda), balanceamento do fluxo da produção (Mura) e
              diminuição de carga de trabalho (Muri). Estas não são especificamente técnicas
              mas, antes, princípios propostos pelo STP. São critérios gerais que permitem a
              priorização da escolha de práticas e técnicas a serem adotadas. Ohno (1997) e
              Shingo (1996) descrevem sete tipos de Perdas. Além disso, apontam as Perdas
              por Superprodução como as fontes mais graves de problemas, na medida em
              que ocultam a percepção dos outros tipos de Perdas e diminuem as
              possibilidades de introdução de melhorias no processo (por exemplo, se uma
              Empresa possui superprodução de componentes utilizados na montagem do
              produto final, pode não perceber problemas de sincronização da produção
              ligadas à operação de montagem do produto final a partir daqueles
              componentes);

          b) Redução de estoques pela utilização do Kanban: o Kanban é um sistema de
              controle de produção e de estoques no qual as instruções sobre o fornecimento
              de peças necessárias são disparadas pelo consumo dessas peças a partir do final
              da linha (produção puxada), utilizando-se de contenedores padronizados,
              cartões ou outros mecanismos de sinalização das necessidades de
              componentes. Esse sistema permite que o nível de estoque em processo seja
              reduzido ao mínimo necessário para garantir o fluxo de produção.

          c) Nivelamento do volume de produção e do mix de produtos: o nivelamento
              significa uma produção baseada em uma programação detalhada da produção
19



   que facilite o seqüenciamento e a sincronização para reduzir as flutuações
   decorrentes da variedade de produtos e das peculiaridades do processamento de
   cada um deles.

d) Planos de produção baseados em pedidos: este é um princípio que determina a
   produção de quantidades exatamente iguais ao que foi vendido. Os takt-times
   de produção estabelecem-se a partir da demanda dos produtos.

e) Redução dos tempos de preparação e dos tamanhos de lote: esses dois
   princípios estão estreitamente relacionados já que, sendo a redução dos
   tamanhos de lotes uma condição necessária para a redução de estoques em
   processo, os tempos de preparação devem ser reduzidos para garantir a
   flexibilização do sistema produtivo.

f) Lote unitário de transferência entre máquinas: o ideal de lote unitário garantiria
   o fluxo contínuo de produção.

g) Trabalhadores     e   tarefas    multifuncionais:    este    princípio   prevê    o
   desenvolvimento de trabalhadores com múltiplas habilidades capazes de
   utilizar eficazmente os diferentes tipos de equipamentos ao longo do processo.
   Além disso, os trabalhadores estariam preparados para desempenhar outras
   tarefas como auto-inspeção e manutenção de máquinas.

h) Layout de máquinas em forma de U: esta prática facilita a adoção da
   multifuncionalidade pois possibilita que um único trabalhador seja designado
   como operador de mais de uma máquina, diminui a movimentação dos
   trabalhadores e facilita a flexibilização da atribuição de tarefas.

i) Detecção automática de defeitos e parada automática de máquinas: consiste no
   desenvolvimento de mecanismos que detectem defeitos na entrada, no
   processamento ou na saída e que param as máquinas quando isso ocorre. É
   importante salientar que, mesmo quando tecnologicamente possível, as
   máquinas não efetuam a correção automática dos problemas, ficando essa
   responsabilidade sempre a cargo das pessoas, o que força a intervenção
   humana sobre o processo, garantindo a introdução de melhorias, inclusive o
   desenvolvimento de mecanismos de prevenção de erros.
20



j) Mecanismos para prevenção de erros: o defeito é a conseqüência de um erro.
   Esses mecanismos, chamados de poka-yoke, garantem que um erro não
   aconteça evitando, conseqüentemente, a ocorrência do defeito.

k) Resposta em tempo real aos problemas de produção (Andon): significa a
   sinalização em tempo real, combinada com a detecção automática de defeitos,
   dos problemas ocorridos no chão-de-fábrica que aceleram a intervenção de
   trabalhadores e supervisores sobre esses problemas.

l) Inspeção direta feita pelos trabalhadores: este princípio consiste na realização,
   onde for necessária, de inspeção visual para garantia da qualidade garantindo
   que um componente só passe para a etapa seguinte quando estiver com as
   especificações garantidas, eliminando retrabalhos e detectando defeitos o mais
   próximo possível do início da linha.

m) Limpeza, ordem e disciplina no local de trabalho: são os princípios dos
   programas de 5S (Seleção, Ordenação, Limpeza, Higiene e Autodisciplina) que
   auxiliam os operadores a visualizarem a falta de ordem no processo.

n) Gerenciamento visual: o STP adota um amplo conjunto de instrumentos de
   sinalização para os trabalhadores e gerentes que permitem uma rápida tomada
   de decisão sobre que ações adotar em situações específicas.

o) Revisões sistemáticas de procedimentos padrão pelos supervisores: a
   padronização de operações repetitivas no sistema produtivo é similar ao
   sistema Taylorista tradicional, exceto pelo fato de que são de fácil
   entendimento e que são constantemente e sistematicamente revisadas pelos
   líderes de grupo visando aumentar a qualidade e a produtividade.

p) Círculos de Qualidade: são pequenos grupos de trabalhadores voluntários que
   identificam possibilidades de melhorias, discutem possibilidades de solução e
   propõem alternativas de melhoria dos problemas da produção.

q) Ferramentas padronizadas de melhoria da Qualidade: são elementos do
   controle de qualidade total (TQC – Total Quality Control) que funcionam
   como ferramentas de análise (por exemplo, sete ferramentas da qualidade, QC
   Story, etc.) para auxiliar os trabalhadores na solução de problemas e a
   introdução de melhorias contínuas no sistema produtivo.
21



          r) Atuação dos trabalhadores na Manutenção Produtiva (Total Productive
             Maintenance – TPM): atividades de manutenção preventiva como limpeza de
             máquinas, verificação periódica de equipamentos, reparos rápidos são
             delegadas aos próprios trabalhadores.

      O conjunto de praticas e técnicas de Gestão de Recursos Humanos é apresentado
sucintamente a seguir (FUJIMOTO, 1999):

          a) Emprego estável para os trabalhadores: seria quase um princípio de emprego
             vitalício, embora haja uma idade especificada para aposentadoria compulsória.
             As necessidades de mão-de-obra decorrentes de flutuações na demanda são
             supridas com trabalhadores temporários.

          b) Capacitação de longo prazo de trabalhadores multifuncionais: para garantir a
             aplicação dos princípios do sistema, os trabalhadores são constantemente
             capacitados no sentido de desenvolverem competências múltiplas. Um ponto
             importante neste aspecto é a contínua transferência de conhecimento tácito de
             empregados mais experientes para outros empregados através de treinamento
             no local de trabalho (On The Job Training – OJT).

          c) Sistema salarial baseado em parte em desenvolvimento de habilidades –
             coerente com o princípio de desenvolvimento de trabalhadores multifuncionais
             – em parte baseado nas habilidades multifuncionais adquiridas e acumuladas
             pelos trabalhadores.

          d) Sistema de promoção de líderes: como decorrência natural do desenvolvimento
             de habilidades multifuncionais e da acumulação de conhecimentos sobre o
             processo produtivo, os supervisores e líderes de equipe percorrem um caminho
             que os leva a funções mais abrangentes de gerência, de desenvolvimento de
             pessoas ou de solução de problemas.

          e) Supervisores de produção como membros do sindicato: essa situação facilita a
             adoção de mudanças e melhorias nos processos que dependam da aprovação da
             entidade sindical.

          f) Relacionamento cooperativo com o sindicato: essas relações cooperativas são
             resultado de uma evolução histórica iniciada nos anos cinqüenta e envolvem
             negociações sobre salários, automação e racionalização da produção,
             humanização dos processos produtivos, etc.
22



           g) Comunicação e motivação dos trabalhadores: há uma intensa promoção de
              comunicações entre empresa, sindicato e trabalhadores de diversos níveis,
              elemento considerado como chave para a motivação dos empregados.

       Womack et al (1992) e Womack & Jones (1998) contribuíram para o estabelecimento
do termo Lean Thinking (Pensamento Enxuto) e Lean Production System como denominações
diferenciadas para o conjunto de princípios propostos pelo STP. A popularização do assunto
no ocidente proporcionada por esses autores contribui para que se considere o STP como
sinônimo do LPS. No entanto, conforme discutido por Leis (2002), apesar da similaridade
existente entre esses dois conjuntos de princípios, é importante ressaltar algumas sutis
diferenças existentes entre as abordagens propostas.

       Leis (2002) apresenta a lógica de construção do LPS de acordo com cinco princípios
básicos (WOMACK & JONES, 1998):

           1. Especificação de Valor: este princípio é o ponto de partida essencial do
              Sistema e indica que o Valor, expresso em termos de um produto que atenda às
              necessidades do cliente a um preço esperado e em um momento certo, só pode
              ser definido pelo cliente final;

           2. Identificação da Cadeia de Valor: consiste no estabelecimento de todas as
              ações necessárias para que uma matéria-prima transforme-se em produto
              acabado nas mãos do cliente, com o Valor por ele especificado, de modo a
              possibilitar a eliminação de todas as ações desnecessárias, garantindo a
              constante geração de Valor;

           3. Fluxo: significa fazer com que as atividades da Cadeia de Valor ocorram de
              maneira fluida, com uma visão clara de processo, independente da estrutura
              funcional da Organização;

           4. Produção Puxada: significa produzir segundo a demanda do mercado,
              minimizando-se a geração dos estoques desnecessários;

           5. Perfeição: esse princípio é apontado como um caminho natural do Sistema a
              partir da implementação dos outros quatro princípios pois eles geram um
              círculo virtuoso que leva os envolvidos no processo a se engajarem em
              atividades de melhoria contínua.
23



        Leis (2002) compara esses princípios aos do STP e mostra que o princípio 1
(Especificação de Valor) foi a grande contribuição inovadora proposta pelo LPS na forma
apresentada por Womack et al (1992) e Womack & Jones (1998). Estes autores apresentam o
LPS como a forma de produção do século XXI por excelência. Freyssenet (1998), no entanto,
pondera que o STP alcançou sua alta eficiência pois está ligado a duas estratégias de
lucratividade que ele denomina de Volume e Diversidade e Contínua Redução de Custos a
Volumes Constantes.

        Essas considerações, embora apontem certas diferenças entre a visão a respeito da
amplitude de aplicação dos princípios do STP/LPS 4, consolidam de forma consistente a idéia
de que este se trata de um amplo Sistema de Gestão.


    2.2. A Organização Industrial Focalizada

        Harmon & Peterson (1991) apresentam as bases gerais da reorganização de fábricas
em múltiplas unidades menores – fábricas dentro de fábricas – como um elemento
indispensável para o aumento da produtividade industrial. Alegam que, para que as empresas
obtenham uma modernização rentável de suas fábricas, a sua estrutura organizacional deve
estar definida da mesma forma. Assim, conforme as mudanças físicas são levadas a efeito no
chão-de-fábrica, a Organização da Produção e do trabalho deve adequar-se aos novos fluxos
produtivos decorrentes dessas mudanças.

        A Figura 2-2 ilustra as diferenças observadas entre estruturas de fabricação menores
(focalizadas) e as estruturas de fabricação maiores (fora de foco), estabelecidas por Harmon &
Peterson (1991) como dois pontos extremos da complexidade das fábricas, que migram de um
ponto para o outro na medida em que sua estrutura cresce. Além dos aspectos apresentados na
Figura 2-2, esses autores argumentam ainda que as fábricas menores contam com
disponibilidade limitada de recursos financeiros e pouca capacidade de se financiarem. Essas
características levam essas fábricas a trabalhar com níveis mínimos de estoque e a gerenciar
seus ativos de forma a obterem um retorno mais rápido dos investimentos realizados.




4
 Aplicações do STP/LPS como sistema de gestão são relatados em diversos setores além da própria indústria
metal-mecânica como, por exemplo, Construção Civil (Souto, 2000; Macke, 1999), Mineração (Klippel, 1999),
Correios (Lapinscki, 2000) e Concessionárias de Automóveis (Leis, 2002).
24




                 Tipo de
               Estrutura
                                        Focalizada (pequena)                           Fora de Foco (grande)
    Elemento
    De Análise
                            Fácil e rápida. Conhecimento amplo de todos        Difícil, complexa e lenta. Pouco
    Comunicação             a respeito de todos os aspectos de projeto, de     conhecimento da integração entre as
                            produção, de vendas, etc.                          funções organizacionais.
                            Próximo à fábrica. O fluxo de solução de           Distante da fábrica, quase sempre
                            problemas é extremamente rápido.                   dependente de complexos sistemas de
    Gerenciamento
                                                                               informação que não possibilitam a
                                                                               atuação eficaz sobre os problemas.
                            Enxuto, possibilitando uma aproximação             Posições gerenciais e administrativas
    Pessoal
                            estreita entre fornecedores, fábrica e clientes.   especializadas         baseadas      em
    Administrativo
                                                                               procedimentos escritos.
                            Normalmente executados pelos próprios              Centralizado e a cargo de especialistas
    Serviços de Apoio
                            operadores. Pessoas da produção podem              com limitações de capacidade para
    Industrial
                            desempenhar funções administrativas.               atender toda a fábrica.
                            Difusa.    Mínimo      pessoal    de   apoio       Bem definida. Grande distanciamento
    Relação entre           administrativo familiarizado com a operação,       entre escritório e fábrica. Relação
    escritório e fábrica    a produção e a gestão de materiais.                baseada em regras escritas e pouco
                                                                               contato pessoal.
                            Grande envolvimento de todas as pessoas            Estabelecimento de fronteiras funcionais
    Relacionamentos
                            com todos os aspectos relacionados à               e distanciamento de funções de
    Interpessoais
                            produção e aos materiais.                          planejamento e execução.

                       Figura 2-2. As Diferenças entre Fábricas Focalizadas e Fora de Foco.
                               Fonte: Autor, baseado em Harmon & Peterson (1991)


         Essa comparação aponta uma serie de vantagens das fábricas menores em relação às
fábricas maiores. Desse modo, várias organizações optaram pelo estabelecimento de fábricas
menores dentro das fábricas já existentes, criando sub-fábricas5 e aglomerados de sub-
fábricas. Essa opção leva à necessidade de se considerar alguns aspectos relacionados a esse
novo tipo de organização industrial.

         Um desses aspectos refere-se ao dimensionamento das sub-fábricas. Esse
dimensionamento deve levar em consideração a possibilidade de organizar as novas fábricas
em unidades com o menor tamanho possível e organizá-las de acordo com famílias de
produtos ou famílias de componentes. O tamanho ideal das Sub-Fábricas é apontado por
Harmon & Peterson (1991) como um mínimo de 30 e um máximo de 300 empregados. Isso
estabelece, conseqüentemente, uma discussão complementar a respeito da determinação da
estrutura de gerenciamento e de supervisão a ser estabelecida dentro dessa lógica.

         Essa consideração a respeito da estrutura gerencial e de supervisão é importante. Por
exemplo, linhas de montagem muito complexas podem conter mais de uma Sub-Fábrica, ou

5
 Essas fábricas menores também são denominadas, na prática industrial, de Mini-Fábricas ou de Unidades de
Manufatura.
25



seja, compor um aglomerado. Da mesma forma, uma Sub-Fábrica pode ser composta de
várias células de manufatura que podem ser pequenas demais para justificar um supervisor ou
chefe para cada uma delas.

       Harmon & Peterson (1991) argumentam que um dos grandes objetivos da estruturação
da produção em Sub-Fábricas consiste na redução de níveis hierárquicos. Desse modo,
equiparar a organização física de uma fábrica com a organização gerencial e de supervisão
pode ser uma decisão equivocada que pode gerar um desequilíbrio entre as responsabilidades
atribuídas aos diversos ocupantes dessas funções de gestão e supervisão. Essa subordinação
da estrutura gerencial e de supervisão à estrutura física da fábrica – e as possíveis distorções
na estrutura de gestão – é apontada pelos autores como decorrente de uma tendência a se
organizar as Sub-Fábricas exclusivamente por produtos ou por processo.

       Embora Harmon & Peterson (1991) apontem a organização de Sub-Fábricas
exclusivamente por produtos (integração vertical) como um arranjo mais eficiente que a
organização exclusivamente por processo (integração horizontal), a prática da implementação
aponta para uma estruturação mista desses dois tipos.

       O fator crítico para a definição sobre se um processo deve ser integrado verticalmente
(por produto) com outros processos subseqüentes é o grau de balanceamento entre as
capacidades e as velocidades desses processos. Quanto melhor esse balanceamento, tanto
mais indicada é a integração vertical. Por outro lado, quando um processo utiliza grandes
quantidades de matérias primas comuns a um grande número de componentes intermediários
que, por sua vez, podem ter uso comum em vários tipos de produtos, a estruturação por
processo tende a ser a mais indicada.

       No entanto, na maioria das fábricas, em razão do desbalanceamento entre a utilização
de capacidades entre alguns processos, pode ser economicamente mais viável atribuir a uma
ou mais Sub-Fábricas uma lógica de organização por processo de modo que esta Sub-Fábrica
alimente outras Sub-Fábricas organizadas por produto. Assim, uma estruturação que
considere um misto entre processo e produto tende a ser a mais indicada na maior parte dos
casos reais.

       Um ponto de discussão importante diz respeito à estrutura de gerência e supervisão.
Os autores sugerem que a estrutura seja pensada de modo que não se constitua em uma mera
repetição da estruturação física da divisão da fábrica em Sub-Fábricas, evitando-se, desse
26



modo, o aumento desnecessário de níveis hierárquicos na estrutura organizacional da fábrica
como um todo.

       Outro aspecto importante refere-se à Administração de Materiais (HARMON &
PETERSON, 1991). Essa função, que em fábricas menores está mais diretamente relacionada
às atividades da produção, vai sendo descentralizada à medida que as empresas crescem,
devido, em grande medida, ao aumento crescente da quantidade de itens a serem gerenciados.
Isso leva ao desenvolvimento de estruturas especializadas, centralizadas e separadas da
fábrica que são responsáveis pela Administração de Materiais. Harmon & Peterson (1991)
argumentam que a organização da estrutura de produção de acordo com a lógica de Sub-
Fábricas focalizadas possibilita um retorno a métodos e procedimentos simplificados de
controle de materiais existentes em fábricas menores. Isso possibilitaria aumentos de
produtividade decorrentes da eliminação de Perdas relacionadas à Administração de Estoques
e Materiais de forma centralizada.

       A organização sugerida pelos autores com relação à Administração de Materiais indica
que a responsabilidade pela gestão dos estoques de matérias primas e materiais em processo
deve estar a cardo de cada Sub-Fábrica. Já a gestão de estoques de produtos prontos deveria
ficar a cargo de uma estrutura centralizada. Essa centralização da gestão de estoques de
produtos prontos possibilitaria uma maior integração com as funções de comercialização,
expedição e logística.

       Essa estruturação tenderia a propriciar maior facilidade para a descentralização da
responsabilidade pela programação e controle da produção para cada Sub-Fábrica com a
utilização de ferramentas como o Kanban, por exemplo.

       Harmon & Peterson (1991) apresentam ainda considerações a respeito das atividades
relacionadas à Manutenção Industrial, argumentando favoravelmente à descentralização
dessas atividades através da criação de órgãos menores de Manutenção que poderiam ter
melhor controle e oferecer serviços de melhor qualidade. Essa descentralização da execução
da manutenção resolveria um conjunto de problemas relacionados à supervisão dessas
atividades e ao estabelecimento de prioridades que existem numa estrutura de Manutenção
centralizada.

       Assim, a recomendação desses autores é que a execução da Manutenção seja
descentralizada pela alocação de pessoal especializado em cada Sub-Fábrica. No entanto,
recomendam também que essa descentralização seja avaliada em termos do volume de
27



trabalho referente à Manutenção gerado na Sub-Fábrica. Além disso, atividades relacionadas
com serviços e compras de peças de reposição de uso comum devem continuar centralizadas.

       Caberia acrescentar a essa consideração que a execução da Manutenção deveria ser
descentralizada e, na medida do possível, realizada pelos próprios operadores da produção.
No entanto, o planejamento da atividade de manutenção deveria continuar centralizado
possibilitando a adoção de medidas sistêmicas para essa atividade, por exemplo no que se
refere à reforma de máquinas.

        A Engenharia de Produtos é outro aspecto ligado às Fábricas Focalizadas que é
analisado por Harmon & Peterson (1991). Essa atividade é analisada sob o ponto de vista dos
órgãos tradicionais de Engenharia onde as especificações do produto são repassadas “por
cima do muro” para a Engenharia de Processos e para a Garantia da Qualidade que, por sua
vez, usam o mesmo método para repassar o projeto à Fábrica.

       Essa metáfora dos muros sobre os quais cada etapa do desenvolvimento repassa sua
parte do trabalho do projeto ilustram a deficiência de comunicação existente entre os
interessados nas atividades de desenvolvimento de projetos e de fabricação. Os autores
recomendam que os órgãos de Engenharia de Produtos, Engenharia de Processos e Garantia
da Qualidade estejam fisicamente localizados na própria Fábrica, junto aos setores de
produção.

       Além disso, o desenvolvimento de competências multifuncionais dos componentes da
equipe de projeto focalizada deveria constituir-se em um ideal a ser perseguido. Essa
multifuncionalidade significa que Engenheiros de Produto, de Processo e da Qualidade
possam ser intercambiáveis, podendo desenvolver atividades de qualquer uma dessas áreas.
Essa pode ser a base para a implementação eficaz de uma lógica de Engenharia Simultânea6.

       Além de todos esses aspectos técnicos, Harmon & Peterson (1991) tecem também
considerações a respeito das mudanças requeridas na gestão das pessoas para a
implementação da lógica das Fábricas Focalizadas. Nessa lógica organizacional as pessoas
necessitarão, além de habilidades técnicas, um novo conjunto de competências que
possibilitem que as pessoas, em diversos níveis, assumam a tomada de decisões e os riscos
decorrentes dessas decisões.




6
  A lógica conceitual e os benefícios práticos relativos à Engenharia Simultânea são tratados de forma
aprofundada por Hartley (1997).
28



    2.3. Teoria das Restrições (TOC – Theory of Constraints)

       A Teoria das Restrições (TOC – Theory of Constraints) foi desenvolvida pelo físico
israelense Eliyahu M. Goldratt. Consiste de um conjunto de idéias que constituem um
princípio de gerenciamento dos sistemas produtivos de acordo com um conjunto bem
estabelecido de pressupostos que foram divulgados a partir da publicação do livro A Meta
(GOLDRATT & COX, 1993).

       O principal pressuposto que suporta esse conjunto de idéias refere-se ao fato de que
toda e qualquer Empresa, sob o ponto de vista da TOC, deve estabelecer como meta
primordial ganhar dinheiro hoje e no futuro (ALVAREZ, 1996). Subjacente a essa meta e
como elementos de sustentação a ela, a Empresa deveria ainda estabelecer outros dois
objetivos: satisfazer os empregados hoje e no futuro e satisfazer os clientes hoje e no futuro.

       Para que seja as ações adotadas pelas pessoas na Organização a levem na direção de
possível atingir a sua meta, Goldratt & Cox (1993) propõem dois conjuntos de Indicadores
que denominaram de Globais e Locais. Os Indicadores Globais indicam como, globalmente, a
Empresa direciona-se no sentido de sua meta e são os seguintes:

       a) Lucro Líquido;

       b) Retorno Sobre o Investimento;

       c) Caixa.

       No entanto, estes Indicadores Globais, não são normalmente acessíveis aos
responsáveis pelas atividades de rotina da Empresa. Surge então a necessidade do
estabelecimento de outro conjunto de Indicadores que possam relacionar as ações concretas
do dia-a-dia na Empresa com estes Indicadores Globais. Goldratt & Cox (1993) e Goldratt
(1996) propõem o segundo conjunto de Indicadores – denominados Indicadores Locais – que
cumprem essa finalidade:

       a) Ganho: dinheiro gerado pelo sistema através das vendas dos produtos prontos.
           Pode ser entendido como o Faturamento – Despesas Variáveis;

       b) Inventário:    dinheiro   investido   pelo    sistema   em    máquinas,    instalações,
           equipamentos, estoques de matéria-prima, estoque em processo e estoque de
           produtos acabados;
29



       c) Despesas Operacionais: dinheiro gasto pelo sistema para transformar Inventário
             em Ganho.

       Antunes Jr. (1998) sustenta que “os Indicadores Globais (Lucro Líquido, Retorno
Sobre o Investimento e Caixa) e os Indicadores Operacionais (Ganho, Despesas Operacionais
e Inventários) não só são apropriados, como têm um profundo enraizamento na Teoria
Microeconômica da Firma e na Filosofia do Custeio Variável ou Direto” (ANTUNES JR.,
1998:146).

       É importante ressaltar que existe uma forte relação – ver Figura 2-3 – entre os
Indicadores Locais e os Indicadores Globais. Pode-se afirmar que Lucro Líquido é igual a
Ganho menos Despesas Operacionais. Assim, sempre que uma ação local contribuir para
aumentar o Ganho ou para reduzir as Despesas Operacionais, aumenta-se o Lucro Líquido.
Também é possível estabelecer relações entre os dois conjuntos de Indicadores considerando
que o Retorno Sobre o Investimento é a relação entre Lucro Líquido e Inventario. Portanto,
qualquer ação que reduza o Inventário contribui para um desempenho melhor desse Indicador
Global. Da mesma forma, ações locais que aumentem o Ganho, reduzam as Despesas
Operacionais e reduzam o Inventário contribuirão para o Caixa da Empresa.

 Indicadores       Lucro Líquido                        Retorno sobre                    Caixa
 Globais                                                Investimentos




                    (+)                                                                          (-)
                                                (-)
 Indicadores             Ganho                             Despesa                     Inventário
 Locais                                                   Operacional




                         Figura 2-3. As Relações entre Indicadores Globais e Locais.
                                  Fonte: Autor, baseado em Goldratt (1996)



       Assim, esses dois conjuntos de Indicadores asseguram que as ações da Organização a
levem na direção de sua Meta. Desse modo, o Ganho deve ser priorizado em qualquer
iniciativa da Empresa estabelecendo o que Goldratt (1996) denominou de “Mundo dos
Ganhos”. No entanto, o Ganho de uma Empresa é limitado pois existem restrições em seu
Sistema de Produção. A principal restrição, conforme definido por Goldratt & Cox (1993) diz
30



respeito à existência de recursos com Capacidade menor que a Demanda. Esses recursos são
denominados Gargalos.

       Normalmente, um sistema possui uma única ou poucas restrições. No Sistema de
Produção, além do Gargalo, pode ocorrer o que se denomina de Recursos com Restrição de
Capacidade (CCR – Capacity Constrained Resource) que decorrem, via de regra, de
problemas relacionados com a programação e com a sincronização do Processo Produtivo.
Esses recursos críticos – Gargalo e CCR’s – são o eixo de desenvolvimento do que Goldratt
(1993) propõe como o Processo Decisório do “Mundo dos Ganhos” ou Etapas de Focalização
da TOC, a serem adotados na seqüência indicada:

           a) Identificar a Restrição do Sistema;

           b) Maximizar a exploração da Capacidade da Restrição;

           c) Subordinar os demais elementos do Sistema à Restrição;

           d) Elevar (eliminar) a Restrição do Sistema;

           e) Se, nas etapas anteriores, a Restrição foi quebrada, voltar ao primeiro passo.
               Não permitir que a inércia torne-se a Restrição do Sistema.

       Assim, conforme ressalta Goldratt (1996), a TOC trata-se de um princípio de
gerenciamento global que estimula o processo de melhoria contínua pois leva a Organização a
uma constante busca de elevar suas restrições. Isso tende a propiciar novos níveis de Ganho.

       Nesse sentido, a proposição de Antunes Jr. (1998) de complementaridade entre a TOC
e o STP amplia as possibilidades dessas duas teorias na medida em que, estabelecendo
claramente seus recursos críticos, a Organização pode então focalizar a aplicação de um
poderoso conjunto de técnicas e ferramentas de melhoria. As ferramentas de Gestão do Posto
de Trabalho de forma sistêmica, unificada, integrada e voltada para os resultados propostas
por Antunes Jr. & Klippel (2001) pode ser considerada uma das possíveis materializações
pragmáticas dessa conexão entre as duas teorias.


    2.4. Aprendizagem Organizacional

          2.4.1.   As bases da Aprendizagem Organizacional

       O Conhecimento e a Aprendizagem Organizacional têm sido discutidos de forma
intensiva ao longo da última década segundo visões diferenciadas que caracterizam esta época
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota
Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Cadernos de Excelência - Informação e Conhecimento
Cadernos de Excelência - Informação e ConhecimentoCadernos de Excelência - Informação e Conhecimento
Cadernos de Excelência - Informação e ConhecimentoAdeildo Caboclo
 
Cadernos Excelencia - Pessoas
Cadernos Excelencia - PessoasCadernos Excelencia - Pessoas
Cadernos Excelencia - PessoasAdeildo Caboclo
 
GestãO Do Conhecimento Ed Consulting Pdf
GestãO Do Conhecimento Ed Consulting PdfGestãO Do Conhecimento Ed Consulting Pdf
GestãO Do Conhecimento Ed Consulting PdfED Consulting
 
Cadernos de Excelência - Sociedade
Cadernos de Excelência - SociedadeCadernos de Excelência - Sociedade
Cadernos de Excelência - SociedadeAdeildo Caboclo
 
Cadernos de Excelência - Estratégia e Planos
Cadernos de Excelência - Estratégia e PlanosCadernos de Excelência - Estratégia e Planos
Cadernos de Excelência - Estratégia e PlanosAdeildo Caboclo
 
Cadernos de Excelencia - Resultados
Cadernos de Excelencia - ResultadosCadernos de Excelencia - Resultados
Cadernos de Excelencia - ResultadosAdeildo Caboclo
 
Curso Gestão Industrial e Governança Ambiental Urbana
Curso Gestão Industrial e Governança Ambiental UrbanaCurso Gestão Industrial e Governança Ambiental Urbana
Curso Gestão Industrial e Governança Ambiental UrbanaCtcat Brasil
 
Vitoreli. 2011. análise da integração dos sistemas de hgestão normalizados is...
Vitoreli. 2011. análise da integração dos sistemas de hgestão normalizados is...Vitoreli. 2011. análise da integração dos sistemas de hgestão normalizados is...
Vitoreli. 2011. análise da integração dos sistemas de hgestão normalizados is...Lechan Colares
 
Cadernos de Excelência - Clientes
Cadernos de Excelência - ClientesCadernos de Excelência - Clientes
Cadernos de Excelência - ClientesAdeildo Caboclo
 
Cadernos de Excelencia - Processos
Cadernos de Excelencia -  ProcessosCadernos de Excelencia -  Processos
Cadernos de Excelencia - ProcessosAdeildo Caboclo
 

Mais procurados (15)

Cadernos de Excelência - Informação e Conhecimento
Cadernos de Excelência - Informação e ConhecimentoCadernos de Excelência - Informação e Conhecimento
Cadernos de Excelência - Informação e Conhecimento
 
237 237 seget_felismino
237 237 seget_felismino237 237 seget_felismino
237 237 seget_felismino
 
TEX_MBM_Rodrigo_Fonseca
TEX_MBM_Rodrigo_FonsecaTEX_MBM_Rodrigo_Fonseca
TEX_MBM_Rodrigo_Fonseca
 
Cadernos Excelencia - Pessoas
Cadernos Excelencia - PessoasCadernos Excelencia - Pessoas
Cadernos Excelencia - Pessoas
 
GestãO Do Conhecimento Ed Consulting Pdf
GestãO Do Conhecimento Ed Consulting PdfGestãO Do Conhecimento Ed Consulting Pdf
GestãO Do Conhecimento Ed Consulting Pdf
 
Cadernos de Excelência - Sociedade
Cadernos de Excelência - SociedadeCadernos de Excelência - Sociedade
Cadernos de Excelência - Sociedade
 
451 742-1-pb
451 742-1-pb451 742-1-pb
451 742-1-pb
 
Cadernos de Excelência - Estratégia e Planos
Cadernos de Excelência - Estratégia e PlanosCadernos de Excelência - Estratégia e Planos
Cadernos de Excelência - Estratégia e Planos
 
Atps sig
Atps sigAtps sig
Atps sig
 
Cadernos de Excelencia - Resultados
Cadernos de Excelencia - ResultadosCadernos de Excelencia - Resultados
Cadernos de Excelencia - Resultados
 
Curso Gestão Industrial e Governança Ambiental Urbana
Curso Gestão Industrial e Governança Ambiental UrbanaCurso Gestão Industrial e Governança Ambiental Urbana
Curso Gestão Industrial e Governança Ambiental Urbana
 
Vitoreli. 2011. análise da integração dos sistemas de hgestão normalizados is...
Vitoreli. 2011. análise da integração dos sistemas de hgestão normalizados is...Vitoreli. 2011. análise da integração dos sistemas de hgestão normalizados is...
Vitoreli. 2011. análise da integração dos sistemas de hgestão normalizados is...
 
Certificacoes nas-organizacoes-uma-analise-sobre-o-grupo-agropalma
Certificacoes nas-organizacoes-uma-analise-sobre-o-grupo-agropalmaCertificacoes nas-organizacoes-uma-analise-sobre-o-grupo-agropalma
Certificacoes nas-organizacoes-uma-analise-sobre-o-grupo-agropalma
 
Cadernos de Excelência - Clientes
Cadernos de Excelência - ClientesCadernos de Excelência - Clientes
Cadernos de Excelência - Clientes
 
Cadernos de Excelencia - Processos
Cadernos de Excelencia -  ProcessosCadernos de Excelencia -  Processos
Cadernos de Excelencia - Processos
 

Semelhante a Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota

COMO MENSURAR DE FORMA TANGÍVEL O VALOR DE INICIATIVAS DE GOVERNANÇA DE TI
COMO MENSURAR DE FORMA TANGÍVEL O VALOR DE INICIATIVAS DE GOVERNANÇA DE TICOMO MENSURAR DE FORMA TANGÍVEL O VALOR DE INICIATIVAS DE GOVERNANÇA DE TI
COMO MENSURAR DE FORMA TANGÍVEL O VALOR DE INICIATIVAS DE GOVERNANÇA DE TIosantosjr2012
 
01 a etica nas organizacoes - um estudo de caso sobre a empresa moinho globo
01 a etica nas organizacoes - um estudo de caso sobre a empresa moinho globo01 a etica nas organizacoes - um estudo de caso sobre a empresa moinho globo
01 a etica nas organizacoes - um estudo de caso sobre a empresa moinho globoSivanildo Almeida
 
MBIS 2009 A Importância das atividades de um programa de gov. corp. de TI e...
MBIS 2009   A Importância das atividades de um programa de gov. corp. de TI e...MBIS 2009   A Importância das atividades de um programa de gov. corp. de TI e...
MBIS 2009 A Importância das atividades de um programa de gov. corp. de TI e...rodriggosantos
 
MODELO FLEXÍVEL DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO: técnicas, capacitações, di...
MODELO FLEXÍVEL DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO: técnicas, capacitações, di...MODELO FLEXÍVEL DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO: técnicas, capacitações, di...
MODELO FLEXÍVEL DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO: técnicas, capacitações, di...Luiz H. Pantaleão
 
dissertação Marcos Mercuri versão final
dissertação Marcos Mercuri versão finaldissertação Marcos Mercuri versão final
dissertação Marcos Mercuri versão finalMarcos Mercuri
 
FALLEIROS, V - Transferencia de tecnologia do meio academico para o setor pro...
FALLEIROS, V - Transferencia de tecnologia do meio academico para o setor pro...FALLEIROS, V - Transferencia de tecnologia do meio academico para o setor pro...
FALLEIROS, V - Transferencia de tecnologia do meio academico para o setor pro...Vitor Falleiros
 
Gestão de ong de pequeno e médio porte
Gestão de ong de pequeno e médio porteGestão de ong de pequeno e médio porte
Gestão de ong de pequeno e médio portejcfialho
 
GESTAO_DO_CONHECIMENTO_Uma_experiencia_p (1).pdf
GESTAO_DO_CONHECIMENTO_Uma_experiencia_p (1).pdfGESTAO_DO_CONHECIMENTO_Uma_experiencia_p (1).pdf
GESTAO_DO_CONHECIMENTO_Uma_experiencia_p (1).pdfAlexBazzo1
 
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...João Luiz Lellis da Silva
 
Gest_o_de_Riscos__Auditoria_Interna_pdf_1684699292.pdf
Gest_o_de_Riscos__Auditoria_Interna_pdf_1684699292.pdfGest_o_de_Riscos__Auditoria_Interna_pdf_1684699292.pdf
Gest_o_de_Riscos__Auditoria_Interna_pdf_1684699292.pdfMarcoAurlioTrindade2
 
Erp Metodologia Implantacao Alisson Ferreira Adm Uem 2006
Erp Metodologia Implantacao Alisson Ferreira Adm Uem 2006Erp Metodologia Implantacao Alisson Ferreira Adm Uem 2006
Erp Metodologia Implantacao Alisson Ferreira Adm Uem 2006Alisson Gonçalves Ferreira
 
Vitoreli 2011-anlisedaintegraodossistemasdehgestonormalizadosiso9001eohsas180...
Vitoreli 2011-anlisedaintegraodossistemasdehgestonormalizadosiso9001eohsas180...Vitoreli 2011-anlisedaintegraodossistemasdehgestonormalizadosiso9001eohsas180...
Vitoreli 2011-anlisedaintegraodossistemasdehgestonormalizadosiso9001eohsas180...Fafa Alheio
 
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISEMODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISEFredjoger Mendes
 

Semelhante a Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota (20)

COMO MENSURAR DE FORMA TANGÍVEL O VALOR DE INICIATIVAS DE GOVERNANÇA DE TI
COMO MENSURAR DE FORMA TANGÍVEL O VALOR DE INICIATIVAS DE GOVERNANÇA DE TICOMO MENSURAR DE FORMA TANGÍVEL O VALOR DE INICIATIVAS DE GOVERNANÇA DE TI
COMO MENSURAR DE FORMA TANGÍVEL O VALOR DE INICIATIVAS DE GOVERNANÇA DE TI
 
0038859
00388590038859
0038859
 
01 a etica nas organizacoes - um estudo de caso sobre a empresa moinho globo
01 a etica nas organizacoes - um estudo de caso sobre a empresa moinho globo01 a etica nas organizacoes - um estudo de caso sobre a empresa moinho globo
01 a etica nas organizacoes - um estudo de caso sobre a empresa moinho globo
 
MBIS 2009 A Importância das atividades de um programa de gov. corp. de TI e...
MBIS 2009   A Importância das atividades de um programa de gov. corp. de TI e...MBIS 2009   A Importância das atividades de um programa de gov. corp. de TI e...
MBIS 2009 A Importância das atividades de um programa de gov. corp. de TI e...
 
Indicadores.pdf
Indicadores.pdfIndicadores.pdf
Indicadores.pdf
 
MODELO FLEXÍVEL DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO: técnicas, capacitações, di...
MODELO FLEXÍVEL DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO: técnicas, capacitações, di...MODELO FLEXÍVEL DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO: técnicas, capacitações, di...
MODELO FLEXÍVEL DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO: técnicas, capacitações, di...
 
dissertação Marcos Mercuri versão final
dissertação Marcos Mercuri versão finaldissertação Marcos Mercuri versão final
dissertação Marcos Mercuri versão final
 
FALLEIROS, V - Transferencia de tecnologia do meio academico para o setor pro...
FALLEIROS, V - Transferencia de tecnologia do meio academico para o setor pro...FALLEIROS, V - Transferencia de tecnologia do meio academico para o setor pro...
FALLEIROS, V - Transferencia de tecnologia do meio academico para o setor pro...
 
Gestão Empresarial
Gestão EmpresarialGestão Empresarial
Gestão Empresarial
 
Gestão de ong de pequeno e médio porte
Gestão de ong de pequeno e médio porteGestão de ong de pequeno e médio porte
Gestão de ong de pequeno e médio porte
 
GESTAO_DO_CONHECIMENTO_Uma_experiencia_p (1).pdf
GESTAO_DO_CONHECIMENTO_Uma_experiencia_p (1).pdfGESTAO_DO_CONHECIMENTO_Uma_experiencia_p (1).pdf
GESTAO_DO_CONHECIMENTO_Uma_experiencia_p (1).pdf
 
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
 
Gest_o_de_Riscos__Auditoria_Interna_pdf_1684699292.pdf
Gest_o_de_Riscos__Auditoria_Interna_pdf_1684699292.pdfGest_o_de_Riscos__Auditoria_Interna_pdf_1684699292.pdf
Gest_o_de_Riscos__Auditoria_Interna_pdf_1684699292.pdf
 
Empresa contábil
Empresa contábilEmpresa contábil
Empresa contábil
 
Enfamb
EnfambEnfamb
Enfamb
 
SUPORTE ORGANIZACIONAL - TCC - USP - FEA
SUPORTE ORGANIZACIONAL - TCC - USP - FEASUPORTE ORGANIZACIONAL - TCC - USP - FEA
SUPORTE ORGANIZACIONAL - TCC - USP - FEA
 
Erp Metodologia Implantacao Alisson Ferreira Adm Uem 2006
Erp Metodologia Implantacao Alisson Ferreira Adm Uem 2006Erp Metodologia Implantacao Alisson Ferreira Adm Uem 2006
Erp Metodologia Implantacao Alisson Ferreira Adm Uem 2006
 
Cont controladoria 2008.2
Cont controladoria 2008.2Cont controladoria 2008.2
Cont controladoria 2008.2
 
Vitoreli 2011-anlisedaintegraodossistemasdehgestonormalizadosiso9001eohsas180...
Vitoreli 2011-anlisedaintegraodossistemasdehgestonormalizadosiso9001eohsas180...Vitoreli 2011-anlisedaintegraodossistemasdehgestonormalizadosiso9001eohsas180...
Vitoreli 2011-anlisedaintegraodossistemasdehgestonormalizadosiso9001eohsas180...
 
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISEMODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
 

Último

Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaE-Commerce Brasil
 
representações cartograficas - 1 ano.pptx
representações cartograficas - 1 ano.pptxrepresentações cartograficas - 1 ano.pptx
representações cartograficas - 1 ano.pptxCarladeOliveira25
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceConferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)E-Commerce Brasil
 
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensEP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensLuizPauloFerreira11
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasE-Commerce Brasil
 
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdfÉtica NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdfInsttLcioEvangelista
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...E-Commerce Brasil
 
Products Catalogue-01-Electronics thin wall heat shrink tubing wire and cable...
Products Catalogue-01-Electronics thin wall heat shrink tubing wire and cable...Products Catalogue-01-Electronics thin wall heat shrink tubing wire and cable...
Products Catalogue-01-Electronics thin wall heat shrink tubing wire and cable...Welldonelily Skype
 
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnQuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnGustavo144776
 
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...E-Commerce Brasil
 
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?Michael Rada
 
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomiaAnalise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomiaGabrielPasquinelli1
 

Último (20)

Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
 
representações cartograficas - 1 ano.pptx
representações cartograficas - 1 ano.pptxrepresentações cartograficas - 1 ano.pptx
representações cartograficas - 1 ano.pptx
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceConferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
 
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
 
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensEP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
 
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
 
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
 
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdfÉtica NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
 
Products Catalogue-01-Electronics thin wall heat shrink tubing wire and cable...
Products Catalogue-01-Electronics thin wall heat shrink tubing wire and cable...Products Catalogue-01-Electronics thin wall heat shrink tubing wire and cable...
Products Catalogue-01-Electronics thin wall heat shrink tubing wire and cable...
 
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnQuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
 
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
 
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
 
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomiaAnalise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
 

Modelo de diagnóstico da aderência aos princípios do Sistema Toyota

  • 1. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS CENTRO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO LUIZ HENRIQUE PANTALEÃO DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE DIAGNÓSTICO DA ADERÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO (LEAN PRODUCTION SYSTEM): UM ESTUDO DE CASO São Leopoldo – RS 2003
  • 2. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS CENTRO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Luiz Henrique Pantaleão DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE DIAGNÓSTICO DA ADERÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO (LEAN PRODUCTION SYSTEM): UM ESTUDO DE CASO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Prof. Dr. José Antonio Valle Antunes Júnior São Leopoldo 2003
  • 3. À memória de João Pantaleão, cujos sólidos ensinamentos do passado guiam minha trajetória. A Teresa Staciarini, cujas permanentes lições de serenidade e humildade iluminam o meu presente. À Mayara, cujo futuro renova minha esperança de um mundo melhor. À Márcia, cuja presença imprime significado especial às minhas ações.
  • 4. Agradecimentos Sinceros agradecimentos são devidos: Ao professor José Antonio Antunes Junior pela inestimável e incomum orientação, responsável pelo direcionamento deste trabalho para a melhor qualidade possível. Ao professor Luís Henrique Rodrigues pelos incontáveis incentivos no sentido da busca do conhecimento e do desenvolvimento pessoal. Aos professores do Programa de Mestrado em Administração da Unisinos pelo aprendizado proporcionado e pelo auxílio no trabalho científico. Aos funcionários do Programa de Mestrado em Administração da Unisinos pelo incondicional auxílio em todas as situações. Ao Sr. Paulo Nelson Regner pela valiosa colaboração no desenvolvimento prático deste trabalho. Aos colegas do Mestrado: André, Augusto, Bellé, Bavaresco, Camila, Capra, Chico, Cristina, Edemar, Giovana, Iuri, Jéferson, Lagreca, Luciano, Lucile, Margarete, Pinto, Rosângela, Rosário e Roses pelas contribuições dadas no sentido da ampliação da percepção a respeito da vida. Aos profissionais da Empresa pesquisada pela prestimosa colaboração para o entendimento real da problemática relacionada com a gestão do sistema de produção. Aos familiares, próximos e distantes, que compõem a teia de sustentação do equilíbrio necessário às empreitadas do crescimento pessoal. Ao senhor Isaías de Sennes Pinto pelas lúcidas discussões a respeito de idéias teóricas sobre a Administração. Aos amigos da ECT, especialmente os multiplicadores do programa GPAC, pois esse foi um ponto de partida que possibilitou a concretização deste momento específico. Aos amigos Adenilton, André, Cassel, Diogo, Elias, Fabian, Felipe, Guilherme, Ivan, Junico, Klippelzão, Klippelzinho, Luís, Mari, Paulo Boeira, Paulo Schroeder, Pizzato, Rafa, Schuch pelo convívio profissional harmonioso.
  • 5. Resumo A aptidão tecnológica estratégica das Organizações é passível de ser construída simultaneamente em várias dimensões, entre as quais se destacam: a) qualificações e competências e b) sistemas de gestão. Como o sistema de gestão é uma escolha estratégica da Organização e estabelece a defasagem entre o seu posicionamento competitivo atual e o planejado, então a dimensão “competência e qualificações” deve estar alinhada com a dimensão “sistema de gestão”. Partindo dessa proposição, uma Organização que adotou como sistema de gestão o Sistema Toyota de Produção/Lean Production System deve adotar ações para desenvolver as suas qualificações e competências coerentes com os princípios subjacentes a esse sistema. Um conjunto estruturado de ferramentas de diagnóstico sobre os níveis de aprendizagem de uma Organização a respeito dos princípios do Sistema Toyota de Produção/Lean Production System, baseado em ampla experiência de Organizações que atingiram níveis excelentes de aprendizagem sobre aqueles princípios, possibilita explicitar e estabelecer a aderência e a defasagem existentes entre as práticas da Organização e o referencial de atuação em nível de excelência. A proposta deste trabalho consiste em propor um modelo prático para avaliar o nível de aprendizagem que Organizações que atuam no Brasil têm sobre os princípios do Sistema Toyota de Produção/Lean Production System e como essa análise pode ser a base da melhoria de sua Aprendizagem Organizacional e da criação do conhecimento visando os padrões de excelência indicados por aqueles princípios.
  • 6. Abstract The strategic technological aptitude of the Organizations might be built simultaneously in several dimensions, among which stand out: a) qualifications and competences, and b) management systems. As the management system is an Organizations' strategic choice, and it establishes the gap among its current and planned competitive emplacement, then the dimension "competences and qualifications" should be aligned with the dimension "management system". Starting from that proposition, an Organization that has adopted the Toyota Production System/Lean Production System as its management system should adopt actions to develop its qualifications and coherent competences with the underlying principles to that system. A structured set of diagnosis tools about Organization's levels of learning, regarding the principles of the Toyota Production System/Lean Production System and based on the wide experience of Organizations that have reached excellent learning levels about those principles, facilitates to explicit and to establish the adherence and the existent gap between the Organization's practices and the performance referential in excellence level. This work's proposition consists of a practical model to evaluate the learning level that Organizations that act in Brazil have on the principles of the Toyota Production System/Lean Production System and how this analysis can be the base of the improvement of its Organizational Learning, and the base of the creation of the knowledge, seeking the recommended excellence patterns for those principles.
  • 7. SUMÁRIO CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................ 1 1.1.1. Definição do Problema .......................................................................................... 1 1.1.2. Justificativa ............................................................................................................ 3 1.1.3. Relevância do Problema ........................................................................................ 5 1.2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 6 1.2.1. Objetivo Geral ....................................................................................................... 6 1.2.2. Objetivos Específicos ............................................................................................ 6 1.3. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO .......................................................................................... 6 1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................. 8 CAPÍTULO 2. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 10 2.1. SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO/LEAN PRODUCTION SYSTEM ....................................... 10 2.1.1. As bases do Sistema Toyota de Produção ........................................................... 10 2.1.2. Os Princípios e as Técnicas do Sistema Toyota de Produção ............................. 13 2.1.3. O Sistema Toyota de Produção como Sistema de Gestão ................................... 18 2.2. A ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL FOCALIZADA ................................................................. 23 2.3. TEORIA DAS RESTRIÇÕES (TOC – THEORY OF CONSTRAINTS) ......................................... 28 2.4. APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL ............................................................................... 30 2.4.1. As bases da Aprendizagem Organizacional ........................................................ 30 2.4.2. Uma classificação das abordagens sobre Aprendizagem e Gestão do Conhecimento ................................................................................................................... 33 2.4.3. Aprendizagem Organizacional single loop e double loop ................................... 36 2.4.4. O Desenvolvimento de Competências................................................................. 37 2.5. A LIGAÇÃO ENTRE A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO/LEAN PRODUCTION SYSTEM ................................................................................. 40 CAPÍTULO 3. MÉTODO ...................................................................................................... 46 3.1. ESTRATÉGIAS DE PESQUISA ........................................................................................... 46 3.2. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 48 3.2.1. A coleta de dados para o Estudo de Caso ............................................................ 50
  • 8. 3.2.2. A análise dos dados do Estudo de Caso .............................................................. 51 3.2.3. O relato do Caso .................................................................................................. 52 3.3. A ESCOLHA DA ESTRATÉGIA DE PESQUISA .................................................................... 52 3.4. O MÉTODO DE TRABALHO ............................................................................................. 56 CAPÍTULO 4. A ESTRUTURAÇÃO DO DIAGNÓSTICO .............................................. 59 4.1. AS BASES TEÓRICAS PARA A CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO ........................................ 59 4.2. A CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO ..................................................... 71 4.2.1. Roteiros para Entrevista ...................................................................................... 71 4.2.2. Padrões de Referência ......................................................................................... 72 4.2.3. Planilhas de Registro do Diagnóstico .................................................................. 73 4.2.4. Planilha de Consolidação dos Resultados do Diagnóstico .................................. 74 4.2.5. Visualização Gráfica do Resultado do Diagnóstico ............................................ 76 4.3. O MÉTODO DE APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO ..................................... 77 4.3.1. Definição das Pessoas a Serem Entrevistadas e Planejamento das Entrevistas .. 78 4.3.2. Realização das Entrevistas................................................................................... 79 4.3.3. Tratamento das Informações Coletadas............................................................... 80 4.3.4. Análise dos Resultados e Conclusões.................................................................. 81 CAPÍTULO 5. APLICAÇÃO E RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO ........................... 83 5.1. CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA PESQUISADA............................................................... 83 5.2. A ESTRUTURA PRODUTIVA DA EMPRESA PESQUISADA.................................................. 84 5.3. A SELEÇÃO DE PESSOAS A SEREM ENTREVISTADAS ...................................................... 85 5.4. A REALIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS ................................................................................ 86 5.5. TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS .................................................................. 87 5.6. O RESULTADO DO DIAGNÓSTICO SOB O PONTO DE VISTA DO GESTOR – PROPOSTA PRELIMINAR DE OPERACIONALIZAÇÃO .................................................................................. 97 CAPÍTULO 6. ANÁLISE DOS RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO .......................... 101 6.1. O AMBIENTE DE OPERAÇÃO DA EMPRESA PESQUISADA .............................................. 101 6.2. PONTO CHAVE 1. FOCO NO CLIENTE ........................................................................... 106 6.3. PONTO CHAVE 2. LIDERANÇA ..................................................................................... 108 6.4. PONTO CHAVE 3. ORGANIZAÇÃO ENXUTA .................................................................. 108 6.5. PONTO CHAVE 4. PARCERIAS ...................................................................................... 109 6.6. PONTO CHAVE 5. ARQUITETURA DE INFORMAÇÕES .................................................... 111
  • 9. 6.7. PONTO CHAVE 6. CULTURA DE MELHORIAS ................................................................ 111 6.8. PONTO CHAVE 7. FUNÇÃO PROCESSO.......................................................................... 119 6.9. PONTO CHAVE 8. FUNÇÃO OPERAÇÃO ........................................................................ 126 6.9.1. Manutenção Produtiva Total (TPM) .................................................................. 126 6.9.2. Troca Rápida de Ferramentas (TRF) ................................................................. 127 6.9.3. Autonomação ..................................................................................................... 129 6.10. PONTO CHAVE 9. SISTEMA DE INDICADORES ......................................................... 129 6.11. PONTO CHAVE 10. RESULTADOS ........................................................................... 130 6.12. NA DIREÇÃO DE UMA SÍNTESE .............................................................................. 131 6.13. UMA AVALIAÇÃO SOB O PRISMA DA ORGANIZAÇÃO QUE APRENDE ...................... 134 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E POSSIBILIDADES DE DESDOBRAMENTO DO TRABALHO EM TRABALHOS FUTUROS.................................................................... 136 7.1. CONCLUSÕES QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE DIAGNÓSTICO.......... 136 7.2. CONCLUSÕES QUANTO AOS RESULTADOS OBSERVADOS............................................. 138 7.3. LIMITAÇÕES REFERENTES AOS RESULTADOS OBSERVADOS ........................................ 140 7.4. POSSIBILIDADES DE DESDOBRAMENTO DO TRABALHO ................................................ 140 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 142 APÊNDICE 1 – AS SETE PERDAS DO STP.................................................................... 147 APÊNDICE 2 – ESPECIALISTAS QUE REALIZARAM A VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO ............................................................................. 149 APÊNDICE 3 – ROTEIROS PARA ENTREVISTAS ...................................................... 150 APÊNDICE 4 – MODELO DE PADRÃO DE REFERÊNCIA ....................................... 164 APÊNDICE 5 – PLANILHAS DE REGISTRO DO DIAGNÓSTICO ........................... 165 APÊNDICE 6 – PLANILHA DE CONSOLIDAÇÃO DO DIAGNÓSTICO.................. 185
  • 10. RELAÇÃO DE FIGURAS FIGURA 2-1. A REDE DE PROCESSOS E OPERAÇÕES. .................................................................. 12 FIGURA 2-2. AS DIFERENÇAS ENTRE FÁBRICAS FOCALIZADAS E FORA DE FOCO. ..................... 24 FIGURA 2-3. AS RELAÇÕES ENTRE INDICADORES GLOBAIS E LOCAIS........................................ 29 FIGURA 2-4. ESCOLAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO. ............................................................. 34 FIGURA 2-5. ATIVOS REAIS E ATIVOS INTANGÍVEIS. ................................................................... 35 FIGURA 2-6. FORMAS DE APRENDIZAGEM. ................................................................................. 37 FIGURA 2-7. PROCESSO GLOBAL DE CONSTRUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS DA TOYOTA. ................ 43 FIGURA 3-1. ESTRATÉGIAS DE PESQUISA E OS FATORES DE ESCOLHA. ....................................... 47 FIGURA 3-2. A CONEXÕES LÓGICAS DO PROJETO DE ESTUDO DE CASO...................................... 48 FIGURA 3-3. ESTRUTURAÇÃO DO PROJETO DE ESTUDO DE CASO. .............................................. 49 FIGURA 3-4. A LIGAÇÃO ENTRE ESTRATÉGIA E APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL. .................. 54 FIGURA 3-5. A LÓGICA DE CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO. ...................................................... 55 FIGURA 4-1. PRODUÇÃO EM MASSA X LEAN PRODUCTION ........................................................ 61 FIGURA 4-2. A LÓGICA DA CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO (PARTE 1)..................................... 69 FIGURA 4-3. A LÓGICA DA CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO (CONTINUAÇÃO) .......................... 70 FIGURA 4-4. EXEMPLO DE ROTEIRO PARA ENTREVISTA ............................................................ 72 FIGURA 4-5. EXEMPLO DE TABELA DE PADRÃO DE REFERÊNCIA............................................... 73 FIGURA 4-6. EXEMPLO DE PLANILHA DE REGISTRO DO DIAGNÓSTICO. .................................... 74 FIGURA 4-7. EXEMPLO DE PLANILHA DE CONSOLIDAÇÃO DO DIAGNÓSTICO. ........................... 76 FIGURA 4-8. EXEMPLO DA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – O CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS. ............................................. 77 FIGURA 4-9. EXEMPLO DE MATRIZ DE APLICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO. ..................................... 79 FIGURA 5-1. ESTRUTURA DE PRODUÇÃO DA EMPRESA .............................................................. 84 FIGURA 5-2. MATRIZ DE APLICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO ............................................................ 86 FIGURA 5-3. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM1 .................................. 89 FIGURA 5-4. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM1 ...................... 89 FIGURA 5-5. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM2 .................................. 90 FIGURA 5-6. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM2 ...................... 90 FIGURA 5-7. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM3 .................................. 91 FIGURA 5-8. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM3 ...................... 91 FIGURA 5-9. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM4 .................................. 92
  • 11. FIGURA 5-10. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM4 .................... 92 FIGURA 5-11. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM5 ................................ 93 FIGURA 5-12. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM5 .................... 93 FIGURA 5-13. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – UM6 ................................ 94 FIGURA 5-14. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – UM6 .................... 94 FIGURA 5-15. CONSOLIDAÇÃO DO RESULTADO DO DIAGNÓSTICO – GERAL .............................. 96 FIGURA 5-16. CAMPO DE POTENCIALIDADES DE MELHORIAS SISTÊMICAS – GERAL ................. 97 FIGURA 5-17. PÁGINA INICIAL DO MONITOR DOS RESULTADOS ................................................ 99 FIGURA 5-18. DETALHAMENTO DO PONTO CHAVE .................................................................... 99 FIGURA 5-19. DETALHAMENTO DO PONTO DE CONTROLE ....................................................... 100 FIGURA 6-1. ESCALAS DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA ................................ 101 FIGURA 6-2. PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA PRODUÇÃO MUNDIAL DE AUTOMÓVEIS ............. 102 FIGURA 6-3. VOLUME DE PRODUÇÃO DE VEÍCULOS NO BRASIL .............................................. 103 FIGURA 6-4. FATURAMENTO DA INDÚSTRIA DE AUTOPEÇAS NO BRASIL ................................. 103 FIGURA 6-5. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE ITENS PRODUZIDOS ................................................. 104 FIGURA 6-6. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE PRODUÇÃO BRASILEIRO ............................ 106 FIGURA 6-7. MATRIZ DE POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DE MATERIAIS .............................. 110 FIGURA 6-8. ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO E DO TRABALHO – CÉLULA DE MANUFATURA .... 117 FIGURA 6-9. RELACIONAMENTOS ENTRE O PLANEJAMENTO (NÍVEL TÁTICO) E PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO (NÍVEL OPERACIONAL) DA PRODUÇÃO. ........................................................ 123 FIGURA 6-10. POTENCIALIDADES DE MELHORIAS NO PCP ...................................................... 125 FIGURA 6-11. O AMBIENTE DE OPERAÇÃO DA EMPRESA E O DIRECIONAMENTO DE AÇÕES .... 132
  • 12. RELAÇÃO DE SIGLAS E ABREVIATURAS UTILIZADAS ANFAVEA Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores CQZD Controle da Qualidade Zero-Defeito IPA Índice de Produtos Aprovados IPO Índice de Performance Operacional ITO Índice do Tempo Operacional JIC Just-In-Case JIT Just-In-Time LPS Lean Production System MFP Mecanismo da Função Produção MPEM Matriz de Posicionamento Estratégico de Materiais MPT Manutenção Produtiva Total PCP Planejamento e Controle da Produção PMP Plano Mestre de Produção SAE Society of Automotive Engineers STP Sistema Toyota de Produção STP/LPS Sistema Toyota de Produção/Lean Production System TOC Teoria das Restrições (Theory of Constraints) TPM Total Productive Maintenance TRF Troca Rápida de Ferramentas UM Unidade de Manufatura
  • 13. Capítulo 1. Introdução 1.1. Considerações Iniciais A Aprendizagem e o Conhecimento Organizacional têm sido estudados a partir de distintas abordagens que consideram a aprendizagem sob o ponto de vista das pessoas, dos grupos ou da Organização. No entanto, não é usual encontrar modelos que façam a ligação estratégica desses vários níveis procurando estabelecer práticas que possam permitir um fluxo harmônico de aprendizagem por todos os níveis da Organização, desde o estratégico ao mais operacional. Pode constituir-se uma abordagem limitada tratar específica e isoladamente a questão da aprendizagem sem considerar o contexto organizacional como um todo. Pode-se depreender, de uma série de estudos sobre o assunto, que essa questão deve ser observada como um elemento sistêmico inter-relacionado com todos os outros aspectos organizacionais relevantes, como seus sistemas cognitivos, técnicos, de valores e de gestão. Uma proposta coerente com essa visão sistêmica e integrada seria estudar o tema sob o ponto de vista abrangente de um sistema de gestão específico cujos princípios tenham sido adotados por uma dada Organização. Dessa forma, é possível contrapor as práticas reais com o conjunto de direcionamentos teóricos propostos pelo sistema de gestão considerado. 1.1.1. Definição do Problema Leonard-Barton (1998) propõe que a aptidão tecnológica estratégica das Organizações constrói-se simultaneamente nas seguintes dimensões: a) Qualificações e base cognitiva: são os conhecimentos e qualificações dos empregados que formam a base de conhecimentos tácitos da Organização; b) Sistemas técnicos e físicos: é o conjunto de conhecimento explícito da Organização traduzido sob a forma de procedimentos, máquinas, software, bancos de dados, sistemas de informação, etc.; c) Sistemas de gestão: é a estruturação formal da relação entre as pessoas e a Organização, seus processos, objetivos e o direcionamento estratégico que norteia a utilização dos recursos disponíveis;
  • 14. 2 d) Valores e normas: são as premissas que constroem um padrão determinante da forma de comportamento geral dentro da Organização. Partindo dessa proposição, uma Organização que possua bem definidas as dimensões sistemas técnicos e físicos, sistemas de gestão e os valores e normas, e procure estruturar e sistematizar a dimensão qualificações e base cognitiva deverá fazê-lo de forma coerente com as outras três dimensões. Caso o sistema de gestão adotado seja, por exemplo, o Sistema Toyota de Produção (STP), as ações adotadas para desenvolver as qualificações e a base cognitiva devem ser coerentes com os princípios subjacentes a esse sistema. Spear & Bowen (1999), a partir de um amplo estudo de Organizações que implementaram o STP, concluíram que o principal fundamento desse sistema é o Método Científico inerente à aplicação de algumas regras básicas que norteiam o projeto, a operação e o aprimoramento de todas as atividades, conexões e fluxos do sistema produtivo. Assim, para uma Organização que adota o Sistema Toyota de Produção/Lean Production System (STP/LPS) como sistema de gestão, o desenvolvimento dos conhecimentos e a Aprendizagem Organizacional deverá considerar, antes de qualquer coisa, o Método Científico inerente àquele sistema de gestão. Jackson & Dyer (1996), Jackson & Jones (1996), Fisher (1995), entre outros, apresentam um conjunto estruturado de ferramentas de diagnóstico dos níveis de aprendizagem de uma Organização em relação aos princípios propostos STP/LPS. Embora o foco central do caso seja uma análise dos princípios do STP, os princípios básicos da Teoria das Restrições (TOC) também deverão ser inseridos no modelo de diagnóstico em função da grande similaridade e complementaridade existente entre esses dois conjuntos de princípios (ANTUNES JR., 1998). Essas ferramentas, baseadas em longa experiência histórica em Organizações que atingiram níveis excelentes de aprendizagem sobre aqueles princípios, possibilitam explicitar e estabelecer o nível de aderência entre as práticas da Organização e um referencial de atuação em nível de excelência. Assim, o problema principal a ser investigado neste trabalho – a questão de pesquisa – é expresso da seguinte forma: como avaliar o nível de aprendizagem que uma Organização específica possui acerca dos princípios propostos pelo STP/LPS? Além dessa questão básica, o trabalho propõe que os resultados decorrentes da resposta a essa questão podem se constituir em uma base sólida da melhoria de seu processo
  • 15. 3 de Aprendizagem Organizacional e da criação do conhecimento, visando alcançar padrões de excelência preconizados pelos princípios do STP/LPS. 1.1.2. Justificativa Há um razoável conjunto de estudos que busca estabelecer modelos de avaliação do grau de desenvolvimento dos princípios do STP/LPS em Organizações de diversos tipos. Boyer (1996) realizou uma série de estudos junto a indústrias norte-americanas que implementaram a lógica do LPS. O autor procurou estabelecer a relação existente entre o compromisso da alta direção dessas organizações com os princípios desse sistema de gestão e o investimento realizado no desenvolvimento do conhecimento e das habilidades necessárias aos seus empregados para a implementação consistente desse conjunto de princípios. No entanto, a abordagem de Boyer (1996) limita-se a avaliar a correlação existente entre o compromisso declarado da Organização com a Produção Enxuta e os investimentos realizados em infra-estrutura de suporte ao desenvolvimento da Aprendizagem de sua Força de Trabalho a respeito dos princípios desse sistema de gestão. A correlação encontrada, como se esperava, é forte. Porém esse resultado apenas aponta determinados alinhamentos possíveis entre a problemática da Aprendizagem Organizacional e o STP/LPS. De Toni & Tonchia (1996) desenvolveram um modelo mais amplo que propõe um conjunto de medidores da performance da Empresa sob o ponto de vista processual, de acordo com alguns princípios do LPS que abrange processos de Desenvolvimento de Produtos, Manufatura e Logística. Esses medidores apontam a performance da Empresa nesses processos críticos em termos de Entrega, Flexibilidade, Qualidade e Custos. O modelo proposto por De Toni & Tonchia (1996) contempla uma ampla gama de possíveis indicadores de desempenho da Empresa sob o ponto de vista do processo. No entanto, não apresenta a forma de sua operacionalização e nem estabelece uma clara ligação entre os resultados encontrados e o processo de Aprendizagem a respeito dos princípios do sistema de gestão adotado. Karlsson & Ǻhlström (1996), baseando-se nos princípios do LPS propostos por Womack et al (1992), propõem um conjunto de medidores que direcionam a avaliação do sistema de manufatura segundo os seguintes aspectos: eliminação de Perdas, melhoria contínua, zero defeitos, Just-in-Time, produção puxada, multifuncionalidade das equipes, descentralização das responsabilidades, integração de funções e sistema de informações. Este
  • 16. 4 modelo é abrangente e pode constituir-se em uma referência na busca de padrões de Produção Enxuta. Entretanto, limita-se a avaliar os aspectos diretamente ligados ao sistema de manufatura e não ao sistema de gestão na sua forma plena. Esses mesmos autores descrevem um processo real de implementação do processo de melhoria na manufatura que redundou em um enxugamento dos níveis hierárquicos em uma Organização (ǺHLSTRÖM & KARLSSON, 2000). Essa redução na estrutura criou a necessidade de descentralização da tomada de decisão e, por conseqüência, a melhoria na capacitação de pessoas no nível operacional da Empresa. No entanto, não fica estabelecida uma conexão clara entre a Aprendizagem Organizacional e o sistema de gestão adotado. Sánchez & Pérez (2001) também desenvolveram um estudo para testar a validade de um conjunto de indicadores semelhantes aos propostos por Karlsson & Ǻhlström (1996) aos quais foram agregados indicadores de envolvimento de clientes e fornecedores no processo de produção. O trabalho verifica que as Empresas que optaram pela lógica do LPS adotam em massa esse conjunto de indicadores. Além disso, os autores verificaram os relacionamentos existentes entre esses indicadores e a influência de sua utilização sobre o foco gerencial decorrente da adoção do LPS. Esses exemplos apresentados são uma mostra de que a questão da avaliação do grau de aplicação do sistema de gestão – no caso, o STP/LPS – é considerada relevante. Porém, a sua conexão com a Aprendizagem Organizacional não é objeto de estudos mais estruturados. Assim, considera-se necessário o desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica que busque, entre outras coisas, um entendimento – o mais preciso possível – de como as pressuposições de um sistema de gestão da produção podem ser explicitadas sob o ponto de vista da Aprendizagem Organizacional de modo a permitir o desenvolvimento de um modelo de Gestão do Conhecimento organizacional que seja coerente com o sistema de gestão e com a estratégia da Organização. O STP/LPS possui um conjunto de regras, princípios e técnicas que podem ser compreendidas dessa forma. São elementos que, uma vez estabelecidos na Organização, direciona-a para a Aprendizagem. Além disso, vários referenciais práticos de Organizações que adotam os princípios desse sistema de gestão proporcionam um conjunto de melhores práticas que podem constituir modelos de referência para um diagnóstico consistente no nível de aprendizagem da Organização com relação àqueles princípios. Assim, considera-se essencial que a representação dos níveis de aprendizagem de uma Organização – uma espécie de “mensuração” da sua aderência aos princípios – seja desenvolvida como um elemento de
  • 17. 5 direcionamento da sua estratégia. Conseqüentemente, considera-se que o desenvolvimento de instrumentos que possibilitem a operacionalização dessa mensuração torna-se pertinente e necessária. 1.1.3. Relevância do Problema Grande parte das abordagens relacionadas com a Aprendizagem Organizacional trata do assunto em um nível que não possibilita uma clara ligação com os aspectos das práticas organizacionais, mais especificamente das escolhas estratégicas que determinam essas práticas. Por exemplo, a escolha de um determinado sistema de gestão por uma Organização estabelecerá um conjunto de necessidades de aprendizagem diferentes das que surgiriam caso a escolha estratégica tivesse ocorrido em outra direção. No entanto, a maioria dos estudos tratam essa questão de uma forma um tanto genérica, e, com algumas exceções que serão exploradas ao longo do presente trabalho, não são consideradas peculiaridades decorrentes das práticas organizacionais. Considerando essa questão e que o STP/LPS constitui-se em um conjunto de princípios e práticas adotados por Organizações Industriais com níveis excelentes de desempenho, considera-se relevante e necessário estabelecer as ligações entre os fundamentos desse sistema de gestão e a Aprendizagem Organizacional. Além disso, mais importante que estabelecer e entender essa ligação parece ser a construção de um modelo de diagnóstico que permita avaliar como uma Organização que escolheu o STP/LPS como sistema de gestão está utilizando os princípios daquele sistema para aumentar o seu desempenho. Mais ainda, a possibilidade de estudar uma Organização industrial do setor metal- mecânico do RS, que adota os princípios propugnados pelo STP em um nível avançado é uma oportunidade de compreender mais profundamente a questão sob o ponto de vista da realidade da Indústria Brasileira. Assim, a relevância do desenvolvimento do presente trabalho abrange e atende os prismas acadêmico e empresarial. Isso porque está focando uma abordagem pragmática do campo da Aprendizagem Organizacional e estabelecendo relações entre esse assunto e os princípios teóricos norteadores do STP. Além disso, propõe-se a desenvolver um modelo que
  • 18. 6 possibilite às Organizações efetuar a avaliação de seu desempenho em relação a um conjunto de princípios e técnicas mundialmente consagradas pela excelência de seus resultados. 1.2. Objetivos São os seguintes os objetivos geral e específicos do presente trabalho: 1.2.1. Objetivo Geral O objetivo geral do presente trabalho consiste em desenvolver e estruturar uma ferramenta de diagnóstico que permita avaliar o grau de aderência das Organizações Industriais aos conceitos e princípios do STP/LPS, avaliando o seu nível de Aprendizagem a respeito desses conceitos e princípios. 1.2.2. Objetivos Específicos São os seguintes os objetivos específicos do presente trabalho:  Analisar as diversas abordagens teóricas que tratam da aprendizagem e conhecimento organizacional buscando estabelecer a ligação entre elas e a aplicação dos princípios do STP/LPS;  Estruturar e construir, com base no referencial teórico e a partir da visão das pessoas da Organização, um instrumento de avaliação da aderência da Organização aos princípios do STP/LPS;  Efetuar a aplicação, em uma Organização Industrial, do instrumento de avaliação desenvolvido;  Realizar uma análise crítica dos resultados obtidos pela Organização pesquisada, tendo como referência a aplicação do instrumento de avaliação desenvolvido. 1.3. Delimitação do trabalho O presente trabalho é um Estudo de Caso que busca avaliar uma Empresa do setor metal-mecânico, que tem suas instalações industriais localizadas no Estado do Rio Grande do Sul, sob o aspecto do desenvolvimento das competências inerentes aos princípios propostos
  • 19. 7 pelo sistema de gestão adotado – o STP/LPS . Essa avaliação é o elemento de apoio para o desenvolvimento de um modelo prático de diagnóstico visando compreender qual é o seu nível atual de aprendizagem e um modelo de atuação visando à busca de níveis excelentes de aprendizagem daqueles princípios. Com esse objetivo, foi construída uma ferramenta de diagnóstico com base em um conjunto de análises de Organizações que adotam o mesmo sistema de gestão e que podem ser consideradas como referências de melhores práticas na aplicação dos princípios do STP/LPS. O STP/LPS é apresentado de modo que seus elementos componentes (sub-sistemas) sejam compreendidos. A partir daí busca-se efetuar a ligação entre esses elementos e a análise do nível de aprendizagem da Organização em relação a eles, de modo que sejam a base da construção do modelo de atuação. No entanto, não foram efetuadas análises comparativas entre os princípios do STP/LPS e outros sistemas de gestão no sentido de fundamentar sua efetividade. Considera-se que a discussão dessas questões não é relevante para o escopo do trabalho uma vez que a Organização estudada possui um posicionamento estratégico que a levou à escolha deste sistema de gestão por considerá-lo adequado para o atendimento de suas necessidades competitivas. Também não será objeto de estudo detalhado deste trabalho os aspectos referentes às técnicas e práticas utilizadas pelo STP/LPS exceto quando essa visão pormenorizada contribuir para o entendimento do sistema e a construção dos modelos de diagnóstico e de atuação. Como o presente trabalho terá a característica de um Estudo de Caso, o resultado final pretendido deverá limitar-se ao conjunto composto pela construção de um modelo de diagnóstico e de atuação sem um caráter de intervenção na Organização que, a seu critério, poderá optar pela aplicação do modelo. Neste trabalho não há pretensão de apresentar os resultados da aplicação prática do modelo de atuação a ser construído. A Aprendizagem Organizacional será apresentada em linhas gerais de forma a possibilitar um amplo entendimento do assunto. Porém, para efeito da análise pretendida, será considerada sob o aspecto de como a Organização utiliza seus conhecimentos na direção de adotar ações práticas, conforme proposto por Argyris (1993). Nesse sentido, o modelo de aprendizagem em três níveis proposto por Fujimoto (1999), como sendo o mecanismo desenvolvido pela Toyota para alcançar suas competências
  • 20. 8 competitivas, parece estabelecer a ligação necessária entre a Aprendizagem Organizacional e os princípios do STP/LPS. Essas duas visões – Argyris (1993) e Fujimoto (1999) – serão integradas de forma mais pragmática através da analise do Caso sob o ponto de vista dos blocos construtivos da Organização que Aprende propostos por Garvin (1993). Portanto, não serão analisados em detalhes os aspectos ligados à Aprendizagem individual ou dos grupos, mas os aspectos sistêmicos da Aprendizagem Organizacional proporcionado por um sistema de gestão – no caso o STP/LPS. No presente trabalho não há também pretensão de desenvolver qualquer modelo de Gestão do Conhecimento do tipo proposto por Davenport e Prusak (1998) ou de gestão dos Capitais ou Ativos de Conhecimento proposto, por exemplo, por Sveiby (1998) ou Stewart (1998). Assim, o campo de validade do modelo e dos instrumentos de diagnóstico refere-se a Empresas que adotam como sistema de gestão o STP/LPS. Será avaliada a aderência aos princípios desse sistema de gestão. Essa aderência será expressa sob a forma de uma escala de mensuração. A aderência será analisada sob o ponto de vista da integração entre as proposições de aprendizagem de Argyris (1993), Garvin (1993) e Fujimoto (1999). 1.4. Estrutura do Trabalho Além deste Capítulo introdutório, esta dissertação é composta de outros seis. No Capítulo 2 será apresentado o referencial teórico. São delineadas as idéias gerais que compreendem a construção conceitual referente ao STP/LPS complementadas pela TOC e a construção conceitual referente à Aprendizagem Organizacional. Finalmente, é discutida a conexão entre esses conjuntos de idéias. No Capítulo 3 efetua-se uma discussão a respeito da escolha metodológica feita pelo pesquisador e apresentam-se os passos concretos – método de trabalho – adotados para a consecução dos objetivos propostos. No Capítulo 4 apresentam-se as bases teóricas e conceituais que embasaram o desenvolvimento dos Instrumentos de Pesquisa. É apresentada a lógica utilizada na construção de todos os elementos do Instrumento de Pesquisa. Também é explicitado o
  • 21. 9 conjunto de habilidades e conhecimentos necessários para que o pesquisador possa, de forma eficaz, fazer a aplicação do Diagnóstico. O Capítulo 5 apresenta o relato do Caso propriamente dito. Descreve a aplicação do instrumento de diagnóstico na Empresa pesquisada. São apresentadas todas as informações levantadas e a avaliação do grau de aprendizagem da Organização em relação aos princípios avaliados. O Capítulo 6 faz uma análise crítica dos resultados do diagnóstico. São realizadas avaliações detalhadas dos resultados obtidos pela Organização pesquisada e apresentadas as possibilidades de ações a serem adotadas para melhorar os resultados até então obtidos. No Capítulo 7 são apresentadas as conclusões e possibilidades de desdobramento das proposições do trabalho.
  • 22. Capítulo 2. Referencial teórico Neste Capítulo são apresentadas as bases teóricas que sustentam o desenvolvimento do trabalho. São discutidos os aspectos teóricos referentes ao STP/LPS e da TOC e sua conexão com os princípios do STP que, de maneira geral, servem de suporte à criação dos instrumentos de pesquisa. Na seqüência são discutidos os aspectos teóricos referentes à Aprendizagem Organizacional de uma maneira geral. A intenção principal deste Capítulo consiste em estabelecer uma ligação entre as idéias que sustentam a construção do sistema de gestão (STP/LPS e TOC) e as idéias que sustentam a teoria sobre a Aprendizagem Organizacional de modo a embasar a construção do diagnóstico proposto. Além disso, uma breve discussão acerca do desenvolvimento das Fábricas Focalizadas é estabelecida com intuito de embasar a análise dos resultados da avaliação da Empresa pesquisada. 2.1. Sistema Toyota de Produção/Lean Production System Vários setores da indústria japonesa despontaram, após as crises do petróleo dos anos 70, com maior capacidade competitiva que a indústria ocidental. Um desses setores foi a indústria automobilística que apresentou índices de produtividade e competitividade surpreendentemente altos para os padrões mundiais. Esses fatos evidenciaram que o modelo de gestão da produção adotado por algumas das indústrias japonesas apresentava muitas vantagens em relação ao tradicional modelo ocidental. O STP é um dos mais destacado desses modelos de gestão. 2.1.1. As bases do Sistema Toyota de Produção O STP tem como pilares a Autonomação2 e o Just-In-Time (OHNO, 1997). A Autonomação consiste em dotar máquinas, equipamentos e pessoas da autonomia necessária para parar a linha de produção sempre que uma condição pré-estabelecida for atingida (por exemplo, quantidade produzida) ou sempre que os padrões de qualidade definidos não forem atendidos (por exemplo, produto com defeito). A Autonomação, desenvolvida nas industrias 2 Autonomação é um neologismo decorrente da fusão das palavras Autonomia com Automação e procura significar que a Função Operação conforme definida por Shingo (1996) é dotada, além da simples automação, de autonomia para se comportar de acordo com um padrão estabelecido. Essa autonomia tanto pode estar relacionada com as pessoas como com as máquinas.
  • 23. 11 têxteis do grupo Toyota, representa um rompimento com a lógica um homem/um posto/uma tarefa presente no Taylorismo/Fordismo. Tal conceito implica a possibilidade da separação do trabalhador da máquina. Essa mudança de percepção sobre a relação entre homens e máquinas possibilitou o desenvolvimento de várias ferramentas do STP. O Just-In-Time (JIT), pode ser entendido como uma lógica de produção que estabelece como princípio básico a formação de estoques nos níveis estritamente necessários. O JIT é considerado um claro rompimento com o modelo tradicional de gestão adotado pelas indústrias ocidentais, denominados genericamente de Just-In-Case (JIC). O JIC está geralmente associado à transformação nos métodos de trabalho levada a efeito no início do século XX por Henry Ford, Frederick W. Taylor, Frank Gilbreth, entre outros. Coriat (1994) apresenta essas duas bases – a Autonomação e o JIT – como sendo a sustentação do chamado “espírito Toyota”. O desenvolvimento do Sistema Toyota decorreu – em função das particularidades históricas do Japão – da necessidade de um sistema capaz de produzir séries pequenas de muitos produtos diferenciados (OHNO, 1997. FUJIMOTO, 1999). Essa necessidade fez com que o STP se tornasse particularmente eficaz em ambientes de grande diversificação, construindo assim o que aparentemente tornou-se o seu principal fator de diferenciação em relação aos modelos baseados no Fordismo. Todo o conjunto de técnicas desenvolvidas por Ohno (1997) e Shingo (1996) pode ser percebido a partir dessa diferença básica. Shingo (1996) apresenta a principal transformação do entendimento dos sistemas de produção introduzida pelo STP/LPS, que ele denominou de Mecanismo da Função Produção (MFP). Segundo essa lógica, a Função Produção deve ser vista e analisada como uma rede de Processos e Operações, conforme pode ser visto na Figura 2-1. Diferentemente da visão tradicional dos sistemas de produção baseados na lógica da produção em massa, a Função Processo não é entendida enquanto um simples conjunto de operações mas como o acompanhamento do fluxo dos materiais no tempo e no espaço, à medida que vão sendo transformados pelo sistema (SHINGO, 1996). Por outro lado, a Função Operação pode ser visualizada como sendo o trabalho que é realizado para concretizar essa transformação do material. A análise da Função Processo examina o fluxo do produto. A análise da Função Operação examina o trabalho realizado pelos trabalhadores e pelas máquinas sobre os produtos. A análise da Função Produção feita de acordo com essa visão é a base para o desenvolvimento do diferencial da lógica do STP. O STP propõe focalizar as melhorias sobre a Função Processo, ou seja, as melhorias essenciais são associadas aos fluxos.
  • 24. 12 Operação Estoque MPs Transporte o Transporte: ess Espera dos lotes trabalhadores e oc mecanismos Pr Processamento Processamento: Lotes esperando processo Trabalhadores e máquinas Inspeção Inspeção: trabalhadores e instrumentos Estoque produto Figura 2-1. A Rede de Processos e Operações. Fonte: Shingo (1996 : 38) A introdução de melhorias com foco na Função Processo deve ser pensada a partir dos elementos que a constituem. São cinco esses elementos conforme apresentado por Shingo (1996): a) Processamento (representado pelo símbolo ): significa um elemento de transformação física ou qualitativa do material. É no processamento que ocorre a agregação de valor ao material. b) Inspeção (representado pelo símbolo ): significa a comparação do resultado de um processamento com um padrão pré-estabelecido. A inspeção não agrega nenhum valor ao material. c) Transporte (representado pelo símbolo ): significa a movimentação do material entre posições na estrutura produtiva. O transporte também não agrega valor ao produto. d) Espera do Processo (representado pelo símbolo ): significa que um lote inteiro do material está aguardando enquanto outro lote está sendo processado, inspecionado ou transportado. e) Espera do Lote (representado pelo símbolo ): significa o tempo que uma peça de um lote permanece esperando enquanto as outras peças do mesmo lote
  • 25. 13 estão sendo processadas, inspecionada ou transportada. Esperas, da mesma forma que os outros três fenômenos anteriores, não agregam valor ao produto. Pensar a introdução de melhorias no Sistema de Produção a partir da ótica proposta pelo STP estabelece um rompimento substancial com a visão tradicionalmente aceita de que o Processo é um mero conjunto de Operações. Sob o prisma tradicional (JIC), qualquer melhoria introduzida em uma Operação implica melhorias no Processo. Mais que isso, na visão tradicional, a tendência é atuar somente sobre as Operações. A visualização da Função Produção como uma rede possibilitou o tratamento das melhorias considerando também as não-operações, ou seja, os elementos da Função Processo que não coincidem com a Função Operação – as Esperas. Além disso, ficou explicitamente estabelecido, através da análise da Função Processo, o conceito de agregação de valor e, por conseqüência, sua antítese – as Perdas. O gerenciamento da produção, sob o ponto de vista do STP baseia-se, primordialmente, no princípio da minimização dos custos que se amplia para um conceito de eliminação total das Perdas na forma de efetivar a produção e não apenas a visão tradicional de desperdícios de materiais. A partir desse princípio, o STP identifica 7 tipos de Perdas no Sistema de Produção (SHINGO, 1996): Perdas por Superprodução, Perdas por Transporte (Movimentação Interna de Carga), Perdas no Processamento, Perdas pela Fabricação de Produtos Defeituosos, Perdas por Geração de Estoques, Perdas por Esperas e Perdas no Movimento. O detalhamento conceitual das Sete Perdas pode ser visualizado no Apêndice 1. 2.1.2. Os Princípios e as Técnicas do Sistema Toyota de Produção É possível afirmar que a busca constante e contínua da eliminação das Perdas no Sistema de Produção levou ao desenvolvimento dos princípios e técnicas do STP. O conceito de estoque zero (ou estoque minimizado) é a estratégia principal do STP e decorre da percepção de que a principal Perda é decorrente da superprodução que gera estoques desnecessários. O JIT, embora seja muitas vezes confundido com o próprio STP, é o princípio e garante a produção com estoque mínimo. O JIT, portanto, é um dos pilares de sustentação do STP pois representa o conjunto de ações que garantem que o sistema seja alimentado com os itens necessários, na quantidade necessária e no momento necessário. Desta forma, tende a evitar a geração dos estoques desnecessários.
  • 26. 14 O outro pilar de sustentação do STP é a Autonomação, também chamada de automação com toque humano. É uma evolução do processo de separação entre o trabalhador e as máquinas e equipamentos efetuada com o objetivo de promover a eficiência da produção e o aumento da efetividade da utilização dos recursos humanos. Esses dois pilares, aliados ao conceito do MFP, permitem o desenvolvimento de um conjunto geral de ferramentas e técnicas do STP. Antunes Jr. (1998) apresenta esse conjunto geral de técnicas do STP como constituintes dos Sistemas de Produção com Estoque-Zero e as classifica dentro de grupos ou subsistemas. O ponto inicial dessa classificação diz respeito aos Princípios Básicos de Construção de Sistemas de Produção com Estoque-Zero. Esses Princípios abrangem o conceito do não- custo que é a base do tratamento sistemático para a eliminação das Perdas nos Sistemas Produtivos. Esses Princípios Básicos suportam, na construção dos Sistemas de Produção com Estoque-Zero, um Conjunto de Subsistemas e Técnicas: a) Subsistema de Pré-Requisitos básicos de Engenharia de Produção (Troca Rápida de Ferramentas, Layout celular, Operação-Padrão); b) Subsistema de Defeito-Zero (Autonomação/CQZD/Poka-Yoke); c) Subsistema de Quebra-Zero (MPT); d) Subsistema de Estoque-Zero (Kanban). Além disso, os Sistemas de Produção com Estoque-Zero devem desenvolver uma Logística de melhorias, baseadas nos seguintes pontos: a) A lógica do Kanban amplo (Subsistema de sincronização e melhorias); b) Utilização conjunta de todos os Subsistemas e Técnicas apresentados anteriormente. Conforme Antunes Jr. (1998), o Subsistema de pré-requisitos básicos da Administração da Produção é constituído das seguintes Técnicas: a) Operação-Padrão: essa técnica tem por objetivo estabelecer uma seqüência racional de trabalho que permita que as operações sejam executadas da melhor maneira possível. A padronização, segundo conclusões apresentadas por Spear & Bowen (1999), é o elemento que possibilitou ao STP o desenvolvimento de
  • 27. 15 uma de suas principais características, a flexibilidade garantida pela completa sinalização visual dos padrões; b) Troca Rápida de Ferramentas: essa técnica refere-se à busca contínua da redução dos tempos de preparação das máquinas que é a base para a redução dos tamanhos de lote de produção e, por conseqüência, para uma resposta mais rápida às variações de demanda no mercado. Além disso, a redução do tamanho dos lotes diminui a necessidade de estoques de maneira geral e reduz sensivelmente o tempo de atravessamento do sistema. Lotes menores possibilitam ainda a redução de Perdas por fabricação de produtos defeituosos (refugos ou retrabalhos) pois permitem identificar muito rapidamente os desvios de qualidade porventura ocorridos ao longo do processo produtivo. c) Layout: a organização do arranjo físico das operações deve seguir a lógica proposta pela redução do tamanho dos lotes. Com lotes pequenos a necessidade de movimentação de materiais em uma estrutura de arranjo físico tradicional funcional, por exemplo, aumentaria muito. Desse modo, sempre que possível, o layout deve seguir uma lógica de organização celular. Isso possibilita também a introdução mais intensa da multifuncionalidade dos trabalhadores3. O Subsistema de Defeito-Zero abrange os seguintes conceitos: a) Autonomação: consiste em dotar a Função Operação (trabalhadores, máquinas e equipamentos) da autonomia necessária para parar a produção sempre que algum evento pré-determinado ocorra. Esse evento pode ser um desvio no padrão de qualidade desejada ou a produção da quantidade planejada. A Autonomação, ao promover a separação entre homens e máquinas, possibilitou a introdução do conceito de multifuncionalidade dos trabalhadores. b) Controle da Qualidade Zero-Defeito (CQZD): consiste na lógica de migração de estratégias e técnicas de inspeção de qualidade que localizam e eliminam os defeitos para estratégias que previnem a ocorrência dos defeitos, com a implementação da estratégia de Inspeção na Fonte, ou seja, evitar que ocorra o erro, que é a causa do defeito; 3 Essa multifuncionalidade resulta da separação entre homem e máquina possibilitada pela Autonomação.
  • 28. 16 c) Poka-Yoke: são dispositivos à prova de falha. Evitam que um produto seja fabricado com defeito. É a técnica que operacionaliza a estratégia da Inspeção na Fonte e sustenta em grande medida a implementação do CQZD. O Subsistema de Quebra-Zero esta relacionado com a Manutenção Produtiva Total – MPT (Total Productive Maintenance - TPM). Consiste em uma política de utilização conjunta de todos os tipos de manutenção (corretiva, preventiva, sistêmica e preditiva) e desenvolveu- se a partir de alguns objetivos básicos: a) Obter a maximização da eficiência global dos equipamentos; b) Desenvolver um sistema de Manutenção Produtiva que considere toda a vida útil do equipamento; c) Promover o Envolvimento de todos as áreas interessadas – planejamento, projeto, operação e manutenção – na implantação da MPT; d) Promover o envolvimento efetivo de todos os empregados, desde a alta gerência até os trabalhadores de chão-de-fábrica; e) Tornar a MPT um movimento visando à motivação gerencial, através do desenvolvimento de atividades autônomas de melhorias por pequenos grupos. Esse subsistema, no entanto, evoluiu para uma lógica mais ampla. Conforme Antunes Jr. & Klippel (2001), ele deve ser visto como um instrumento de gestão mais eficaz dos Postos de Trabalho, a partir da compreensão ampla dos Sistemas Produtivos identificando as suas principais restrições (gargalos, CCRs e Postos com problemas de qualidade) e gerindo estes Postos de Trabalho de forma sistêmica, unificada, integrada e voltada para os resultados. Antunes Jr & Klippel (2001) propõem um método prático para essa gestão que unifica de forma sinérgica os conceitos da TOC e do STP. Esse método possibilita o gerenciamento dos Postos de Trabalho no sentido de maximizar os resultados econômico-financeiros das Empresas. Assim, a partir da identificação dos recursos críticos em termos de capacidade, de demanda e em termos de qualidade, o método identifica as eficiências globais desses recursos pelo cálculo do Índice de Eficiência Operacional Global – IROG. Conforme Antunes Jr & Klippel (2001), o IROG é o obtido pelo produto de três índices que o compõem: o Índice do Tempo Operacional (ITO), o Índice de Performance Operacional (IPO) e o Índice de Produtos Aprovados (IPA). O ITO consiste no tempo total em que a máquina ficou disponível, excluindo-se as paradas que ocorrerem por diversos
  • 29. 17 motivos em relação ao tempo total teórico de utilização possível. O IPO representa os tempos de operações em vazio, paradas momentâneas não registradas e períodos de queda de velocidade, elementos de difícil visualização na prática. Por fim, o IPA representa o tempo da de utilização da máquina para a produção de peças boas, excluindo o tempo gasto com sucata e retrabalho. Assim, a eficiência dos recursos é avaliada tanto em termos de paradas, de reduções de velocidade e de problemas de qualidade do produto, possibilitando a adoção de ações voltadas para o aumento dessa eficiência global focada nos recursos críticos da Empresa. O Subsistema de Estoque-Zero materializa-se pela operacionalização do conceito de Kanban. Conforme Antunes Jr. (1998), o Kanban pode ser entendido a partir de dois significados distintos: é uma ferramenta de Programação e Controle da Produção e, ao mesmo tempo, uma ferramenta de melhorias do sistema de produção. Enquanto ferramenta de Programação e Controle da Produção, procura estabelecer a sincronização da produção de forma sistemática e permanente, pela utilização de cartões ou outros dispositivos físicos que sinalizam ao sistema as necessidades de produção através da aplicação de algumas regras (OHNO, 1997): a) O processo seguinte retira do processo anterior as peças e materiais necessários nas quantidades necessárias. b) O processo anterior produz itens na quantidade e na seqüência indicada pelo cartão (Kanban). c) Eliminar a superprodução e os transportes excessivos. d) O cartão (Kanban) deve funcionar como uma ordem de fabricação afixada diretamente nos itens. e) Produtos com defeito não devem ser enviados ao processo seguinte. Atuando como ferramenta de introdução de melhorias no sistema produtivo o Kanban permite a observação visual e direta dos problemas que ocorrem na produção e a imediata atuação no sentido de eliminá-los. Esse amplo conjunto de ferramentas atua de forma sistêmica no sentido de buscar o aumento da Produtividade Econômica (PEconômica = Faturamento/Custos) do sistema. A Autonomação disponibiliza os meios para, através da garantia da qualidade dos produtos e da melhor utilização dos ativos, incrementar o faturamento da empresa. O JIT, com a idéia
  • 30. 18 central de eliminação de estoques desnecessários e todas as ações de eliminação de Perdas, atua na redução dos custos. Se o faturamento cresce e os custos caem, a Produtividade Econômica aumenta. 2.1.3. O Sistema Toyota de Produção como Sistema de Gestão O STP, mais que um Sistema de Produção ou de Manufatura, consiste em um Sistema de Gestão. Fujimoto (1999) apresenta um conjunto de práticas e técnicas de Gestão da Produção e de Recursos Humanos que se constituem em elementos interligados que levaram a Toyota a alcançar vantagens competitivas: O conjunto de princípios, práticas e técnicas de Gestão da Produção é apresentado a seguir (FUJIMOTO, 1999): a) Redução de Perdas (Muda), balanceamento do fluxo da produção (Mura) e diminuição de carga de trabalho (Muri). Estas não são especificamente técnicas mas, antes, princípios propostos pelo STP. São critérios gerais que permitem a priorização da escolha de práticas e técnicas a serem adotadas. Ohno (1997) e Shingo (1996) descrevem sete tipos de Perdas. Além disso, apontam as Perdas por Superprodução como as fontes mais graves de problemas, na medida em que ocultam a percepção dos outros tipos de Perdas e diminuem as possibilidades de introdução de melhorias no processo (por exemplo, se uma Empresa possui superprodução de componentes utilizados na montagem do produto final, pode não perceber problemas de sincronização da produção ligadas à operação de montagem do produto final a partir daqueles componentes); b) Redução de estoques pela utilização do Kanban: o Kanban é um sistema de controle de produção e de estoques no qual as instruções sobre o fornecimento de peças necessárias são disparadas pelo consumo dessas peças a partir do final da linha (produção puxada), utilizando-se de contenedores padronizados, cartões ou outros mecanismos de sinalização das necessidades de componentes. Esse sistema permite que o nível de estoque em processo seja reduzido ao mínimo necessário para garantir o fluxo de produção. c) Nivelamento do volume de produção e do mix de produtos: o nivelamento significa uma produção baseada em uma programação detalhada da produção
  • 31. 19 que facilite o seqüenciamento e a sincronização para reduzir as flutuações decorrentes da variedade de produtos e das peculiaridades do processamento de cada um deles. d) Planos de produção baseados em pedidos: este é um princípio que determina a produção de quantidades exatamente iguais ao que foi vendido. Os takt-times de produção estabelecem-se a partir da demanda dos produtos. e) Redução dos tempos de preparação e dos tamanhos de lote: esses dois princípios estão estreitamente relacionados já que, sendo a redução dos tamanhos de lotes uma condição necessária para a redução de estoques em processo, os tempos de preparação devem ser reduzidos para garantir a flexibilização do sistema produtivo. f) Lote unitário de transferência entre máquinas: o ideal de lote unitário garantiria o fluxo contínuo de produção. g) Trabalhadores e tarefas multifuncionais: este princípio prevê o desenvolvimento de trabalhadores com múltiplas habilidades capazes de utilizar eficazmente os diferentes tipos de equipamentos ao longo do processo. Além disso, os trabalhadores estariam preparados para desempenhar outras tarefas como auto-inspeção e manutenção de máquinas. h) Layout de máquinas em forma de U: esta prática facilita a adoção da multifuncionalidade pois possibilita que um único trabalhador seja designado como operador de mais de uma máquina, diminui a movimentação dos trabalhadores e facilita a flexibilização da atribuição de tarefas. i) Detecção automática de defeitos e parada automática de máquinas: consiste no desenvolvimento de mecanismos que detectem defeitos na entrada, no processamento ou na saída e que param as máquinas quando isso ocorre. É importante salientar que, mesmo quando tecnologicamente possível, as máquinas não efetuam a correção automática dos problemas, ficando essa responsabilidade sempre a cargo das pessoas, o que força a intervenção humana sobre o processo, garantindo a introdução de melhorias, inclusive o desenvolvimento de mecanismos de prevenção de erros.
  • 32. 20 j) Mecanismos para prevenção de erros: o defeito é a conseqüência de um erro. Esses mecanismos, chamados de poka-yoke, garantem que um erro não aconteça evitando, conseqüentemente, a ocorrência do defeito. k) Resposta em tempo real aos problemas de produção (Andon): significa a sinalização em tempo real, combinada com a detecção automática de defeitos, dos problemas ocorridos no chão-de-fábrica que aceleram a intervenção de trabalhadores e supervisores sobre esses problemas. l) Inspeção direta feita pelos trabalhadores: este princípio consiste na realização, onde for necessária, de inspeção visual para garantia da qualidade garantindo que um componente só passe para a etapa seguinte quando estiver com as especificações garantidas, eliminando retrabalhos e detectando defeitos o mais próximo possível do início da linha. m) Limpeza, ordem e disciplina no local de trabalho: são os princípios dos programas de 5S (Seleção, Ordenação, Limpeza, Higiene e Autodisciplina) que auxiliam os operadores a visualizarem a falta de ordem no processo. n) Gerenciamento visual: o STP adota um amplo conjunto de instrumentos de sinalização para os trabalhadores e gerentes que permitem uma rápida tomada de decisão sobre que ações adotar em situações específicas. o) Revisões sistemáticas de procedimentos padrão pelos supervisores: a padronização de operações repetitivas no sistema produtivo é similar ao sistema Taylorista tradicional, exceto pelo fato de que são de fácil entendimento e que são constantemente e sistematicamente revisadas pelos líderes de grupo visando aumentar a qualidade e a produtividade. p) Círculos de Qualidade: são pequenos grupos de trabalhadores voluntários que identificam possibilidades de melhorias, discutem possibilidades de solução e propõem alternativas de melhoria dos problemas da produção. q) Ferramentas padronizadas de melhoria da Qualidade: são elementos do controle de qualidade total (TQC – Total Quality Control) que funcionam como ferramentas de análise (por exemplo, sete ferramentas da qualidade, QC Story, etc.) para auxiliar os trabalhadores na solução de problemas e a introdução de melhorias contínuas no sistema produtivo.
  • 33. 21 r) Atuação dos trabalhadores na Manutenção Produtiva (Total Productive Maintenance – TPM): atividades de manutenção preventiva como limpeza de máquinas, verificação periódica de equipamentos, reparos rápidos são delegadas aos próprios trabalhadores. O conjunto de praticas e técnicas de Gestão de Recursos Humanos é apresentado sucintamente a seguir (FUJIMOTO, 1999): a) Emprego estável para os trabalhadores: seria quase um princípio de emprego vitalício, embora haja uma idade especificada para aposentadoria compulsória. As necessidades de mão-de-obra decorrentes de flutuações na demanda são supridas com trabalhadores temporários. b) Capacitação de longo prazo de trabalhadores multifuncionais: para garantir a aplicação dos princípios do sistema, os trabalhadores são constantemente capacitados no sentido de desenvolverem competências múltiplas. Um ponto importante neste aspecto é a contínua transferência de conhecimento tácito de empregados mais experientes para outros empregados através de treinamento no local de trabalho (On The Job Training – OJT). c) Sistema salarial baseado em parte em desenvolvimento de habilidades – coerente com o princípio de desenvolvimento de trabalhadores multifuncionais – em parte baseado nas habilidades multifuncionais adquiridas e acumuladas pelos trabalhadores. d) Sistema de promoção de líderes: como decorrência natural do desenvolvimento de habilidades multifuncionais e da acumulação de conhecimentos sobre o processo produtivo, os supervisores e líderes de equipe percorrem um caminho que os leva a funções mais abrangentes de gerência, de desenvolvimento de pessoas ou de solução de problemas. e) Supervisores de produção como membros do sindicato: essa situação facilita a adoção de mudanças e melhorias nos processos que dependam da aprovação da entidade sindical. f) Relacionamento cooperativo com o sindicato: essas relações cooperativas são resultado de uma evolução histórica iniciada nos anos cinqüenta e envolvem negociações sobre salários, automação e racionalização da produção, humanização dos processos produtivos, etc.
  • 34. 22 g) Comunicação e motivação dos trabalhadores: há uma intensa promoção de comunicações entre empresa, sindicato e trabalhadores de diversos níveis, elemento considerado como chave para a motivação dos empregados. Womack et al (1992) e Womack & Jones (1998) contribuíram para o estabelecimento do termo Lean Thinking (Pensamento Enxuto) e Lean Production System como denominações diferenciadas para o conjunto de princípios propostos pelo STP. A popularização do assunto no ocidente proporcionada por esses autores contribui para que se considere o STP como sinônimo do LPS. No entanto, conforme discutido por Leis (2002), apesar da similaridade existente entre esses dois conjuntos de princípios, é importante ressaltar algumas sutis diferenças existentes entre as abordagens propostas. Leis (2002) apresenta a lógica de construção do LPS de acordo com cinco princípios básicos (WOMACK & JONES, 1998): 1. Especificação de Valor: este princípio é o ponto de partida essencial do Sistema e indica que o Valor, expresso em termos de um produto que atenda às necessidades do cliente a um preço esperado e em um momento certo, só pode ser definido pelo cliente final; 2. Identificação da Cadeia de Valor: consiste no estabelecimento de todas as ações necessárias para que uma matéria-prima transforme-se em produto acabado nas mãos do cliente, com o Valor por ele especificado, de modo a possibilitar a eliminação de todas as ações desnecessárias, garantindo a constante geração de Valor; 3. Fluxo: significa fazer com que as atividades da Cadeia de Valor ocorram de maneira fluida, com uma visão clara de processo, independente da estrutura funcional da Organização; 4. Produção Puxada: significa produzir segundo a demanda do mercado, minimizando-se a geração dos estoques desnecessários; 5. Perfeição: esse princípio é apontado como um caminho natural do Sistema a partir da implementação dos outros quatro princípios pois eles geram um círculo virtuoso que leva os envolvidos no processo a se engajarem em atividades de melhoria contínua.
  • 35. 23 Leis (2002) compara esses princípios aos do STP e mostra que o princípio 1 (Especificação de Valor) foi a grande contribuição inovadora proposta pelo LPS na forma apresentada por Womack et al (1992) e Womack & Jones (1998). Estes autores apresentam o LPS como a forma de produção do século XXI por excelência. Freyssenet (1998), no entanto, pondera que o STP alcançou sua alta eficiência pois está ligado a duas estratégias de lucratividade que ele denomina de Volume e Diversidade e Contínua Redução de Custos a Volumes Constantes. Essas considerações, embora apontem certas diferenças entre a visão a respeito da amplitude de aplicação dos princípios do STP/LPS 4, consolidam de forma consistente a idéia de que este se trata de um amplo Sistema de Gestão. 2.2. A Organização Industrial Focalizada Harmon & Peterson (1991) apresentam as bases gerais da reorganização de fábricas em múltiplas unidades menores – fábricas dentro de fábricas – como um elemento indispensável para o aumento da produtividade industrial. Alegam que, para que as empresas obtenham uma modernização rentável de suas fábricas, a sua estrutura organizacional deve estar definida da mesma forma. Assim, conforme as mudanças físicas são levadas a efeito no chão-de-fábrica, a Organização da Produção e do trabalho deve adequar-se aos novos fluxos produtivos decorrentes dessas mudanças. A Figura 2-2 ilustra as diferenças observadas entre estruturas de fabricação menores (focalizadas) e as estruturas de fabricação maiores (fora de foco), estabelecidas por Harmon & Peterson (1991) como dois pontos extremos da complexidade das fábricas, que migram de um ponto para o outro na medida em que sua estrutura cresce. Além dos aspectos apresentados na Figura 2-2, esses autores argumentam ainda que as fábricas menores contam com disponibilidade limitada de recursos financeiros e pouca capacidade de se financiarem. Essas características levam essas fábricas a trabalhar com níveis mínimos de estoque e a gerenciar seus ativos de forma a obterem um retorno mais rápido dos investimentos realizados. 4 Aplicações do STP/LPS como sistema de gestão são relatados em diversos setores além da própria indústria metal-mecânica como, por exemplo, Construção Civil (Souto, 2000; Macke, 1999), Mineração (Klippel, 1999), Correios (Lapinscki, 2000) e Concessionárias de Automóveis (Leis, 2002).
  • 36. 24 Tipo de Estrutura Focalizada (pequena) Fora de Foco (grande) Elemento De Análise Fácil e rápida. Conhecimento amplo de todos Difícil, complexa e lenta. Pouco Comunicação a respeito de todos os aspectos de projeto, de conhecimento da integração entre as produção, de vendas, etc. funções organizacionais. Próximo à fábrica. O fluxo de solução de Distante da fábrica, quase sempre problemas é extremamente rápido. dependente de complexos sistemas de Gerenciamento informação que não possibilitam a atuação eficaz sobre os problemas. Enxuto, possibilitando uma aproximação Posições gerenciais e administrativas Pessoal estreita entre fornecedores, fábrica e clientes. especializadas baseadas em Administrativo procedimentos escritos. Normalmente executados pelos próprios Centralizado e a cargo de especialistas Serviços de Apoio operadores. Pessoas da produção podem com limitações de capacidade para Industrial desempenhar funções administrativas. atender toda a fábrica. Difusa. Mínimo pessoal de apoio Bem definida. Grande distanciamento Relação entre administrativo familiarizado com a operação, entre escritório e fábrica. Relação escritório e fábrica a produção e a gestão de materiais. baseada em regras escritas e pouco contato pessoal. Grande envolvimento de todas as pessoas Estabelecimento de fronteiras funcionais Relacionamentos com todos os aspectos relacionados à e distanciamento de funções de Interpessoais produção e aos materiais. planejamento e execução. Figura 2-2. As Diferenças entre Fábricas Focalizadas e Fora de Foco. Fonte: Autor, baseado em Harmon & Peterson (1991) Essa comparação aponta uma serie de vantagens das fábricas menores em relação às fábricas maiores. Desse modo, várias organizações optaram pelo estabelecimento de fábricas menores dentro das fábricas já existentes, criando sub-fábricas5 e aglomerados de sub- fábricas. Essa opção leva à necessidade de se considerar alguns aspectos relacionados a esse novo tipo de organização industrial. Um desses aspectos refere-se ao dimensionamento das sub-fábricas. Esse dimensionamento deve levar em consideração a possibilidade de organizar as novas fábricas em unidades com o menor tamanho possível e organizá-las de acordo com famílias de produtos ou famílias de componentes. O tamanho ideal das Sub-Fábricas é apontado por Harmon & Peterson (1991) como um mínimo de 30 e um máximo de 300 empregados. Isso estabelece, conseqüentemente, uma discussão complementar a respeito da determinação da estrutura de gerenciamento e de supervisão a ser estabelecida dentro dessa lógica. Essa consideração a respeito da estrutura gerencial e de supervisão é importante. Por exemplo, linhas de montagem muito complexas podem conter mais de uma Sub-Fábrica, ou 5 Essas fábricas menores também são denominadas, na prática industrial, de Mini-Fábricas ou de Unidades de Manufatura.
  • 37. 25 seja, compor um aglomerado. Da mesma forma, uma Sub-Fábrica pode ser composta de várias células de manufatura que podem ser pequenas demais para justificar um supervisor ou chefe para cada uma delas. Harmon & Peterson (1991) argumentam que um dos grandes objetivos da estruturação da produção em Sub-Fábricas consiste na redução de níveis hierárquicos. Desse modo, equiparar a organização física de uma fábrica com a organização gerencial e de supervisão pode ser uma decisão equivocada que pode gerar um desequilíbrio entre as responsabilidades atribuídas aos diversos ocupantes dessas funções de gestão e supervisão. Essa subordinação da estrutura gerencial e de supervisão à estrutura física da fábrica – e as possíveis distorções na estrutura de gestão – é apontada pelos autores como decorrente de uma tendência a se organizar as Sub-Fábricas exclusivamente por produtos ou por processo. Embora Harmon & Peterson (1991) apontem a organização de Sub-Fábricas exclusivamente por produtos (integração vertical) como um arranjo mais eficiente que a organização exclusivamente por processo (integração horizontal), a prática da implementação aponta para uma estruturação mista desses dois tipos. O fator crítico para a definição sobre se um processo deve ser integrado verticalmente (por produto) com outros processos subseqüentes é o grau de balanceamento entre as capacidades e as velocidades desses processos. Quanto melhor esse balanceamento, tanto mais indicada é a integração vertical. Por outro lado, quando um processo utiliza grandes quantidades de matérias primas comuns a um grande número de componentes intermediários que, por sua vez, podem ter uso comum em vários tipos de produtos, a estruturação por processo tende a ser a mais indicada. No entanto, na maioria das fábricas, em razão do desbalanceamento entre a utilização de capacidades entre alguns processos, pode ser economicamente mais viável atribuir a uma ou mais Sub-Fábricas uma lógica de organização por processo de modo que esta Sub-Fábrica alimente outras Sub-Fábricas organizadas por produto. Assim, uma estruturação que considere um misto entre processo e produto tende a ser a mais indicada na maior parte dos casos reais. Um ponto de discussão importante diz respeito à estrutura de gerência e supervisão. Os autores sugerem que a estrutura seja pensada de modo que não se constitua em uma mera repetição da estruturação física da divisão da fábrica em Sub-Fábricas, evitando-se, desse
  • 38. 26 modo, o aumento desnecessário de níveis hierárquicos na estrutura organizacional da fábrica como um todo. Outro aspecto importante refere-se à Administração de Materiais (HARMON & PETERSON, 1991). Essa função, que em fábricas menores está mais diretamente relacionada às atividades da produção, vai sendo descentralizada à medida que as empresas crescem, devido, em grande medida, ao aumento crescente da quantidade de itens a serem gerenciados. Isso leva ao desenvolvimento de estruturas especializadas, centralizadas e separadas da fábrica que são responsáveis pela Administração de Materiais. Harmon & Peterson (1991) argumentam que a organização da estrutura de produção de acordo com a lógica de Sub- Fábricas focalizadas possibilita um retorno a métodos e procedimentos simplificados de controle de materiais existentes em fábricas menores. Isso possibilitaria aumentos de produtividade decorrentes da eliminação de Perdas relacionadas à Administração de Estoques e Materiais de forma centralizada. A organização sugerida pelos autores com relação à Administração de Materiais indica que a responsabilidade pela gestão dos estoques de matérias primas e materiais em processo deve estar a cardo de cada Sub-Fábrica. Já a gestão de estoques de produtos prontos deveria ficar a cargo de uma estrutura centralizada. Essa centralização da gestão de estoques de produtos prontos possibilitaria uma maior integração com as funções de comercialização, expedição e logística. Essa estruturação tenderia a propriciar maior facilidade para a descentralização da responsabilidade pela programação e controle da produção para cada Sub-Fábrica com a utilização de ferramentas como o Kanban, por exemplo. Harmon & Peterson (1991) apresentam ainda considerações a respeito das atividades relacionadas à Manutenção Industrial, argumentando favoravelmente à descentralização dessas atividades através da criação de órgãos menores de Manutenção que poderiam ter melhor controle e oferecer serviços de melhor qualidade. Essa descentralização da execução da manutenção resolveria um conjunto de problemas relacionados à supervisão dessas atividades e ao estabelecimento de prioridades que existem numa estrutura de Manutenção centralizada. Assim, a recomendação desses autores é que a execução da Manutenção seja descentralizada pela alocação de pessoal especializado em cada Sub-Fábrica. No entanto, recomendam também que essa descentralização seja avaliada em termos do volume de
  • 39. 27 trabalho referente à Manutenção gerado na Sub-Fábrica. Além disso, atividades relacionadas com serviços e compras de peças de reposição de uso comum devem continuar centralizadas. Caberia acrescentar a essa consideração que a execução da Manutenção deveria ser descentralizada e, na medida do possível, realizada pelos próprios operadores da produção. No entanto, o planejamento da atividade de manutenção deveria continuar centralizado possibilitando a adoção de medidas sistêmicas para essa atividade, por exemplo no que se refere à reforma de máquinas. A Engenharia de Produtos é outro aspecto ligado às Fábricas Focalizadas que é analisado por Harmon & Peterson (1991). Essa atividade é analisada sob o ponto de vista dos órgãos tradicionais de Engenharia onde as especificações do produto são repassadas “por cima do muro” para a Engenharia de Processos e para a Garantia da Qualidade que, por sua vez, usam o mesmo método para repassar o projeto à Fábrica. Essa metáfora dos muros sobre os quais cada etapa do desenvolvimento repassa sua parte do trabalho do projeto ilustram a deficiência de comunicação existente entre os interessados nas atividades de desenvolvimento de projetos e de fabricação. Os autores recomendam que os órgãos de Engenharia de Produtos, Engenharia de Processos e Garantia da Qualidade estejam fisicamente localizados na própria Fábrica, junto aos setores de produção. Além disso, o desenvolvimento de competências multifuncionais dos componentes da equipe de projeto focalizada deveria constituir-se em um ideal a ser perseguido. Essa multifuncionalidade significa que Engenheiros de Produto, de Processo e da Qualidade possam ser intercambiáveis, podendo desenvolver atividades de qualquer uma dessas áreas. Essa pode ser a base para a implementação eficaz de uma lógica de Engenharia Simultânea6. Além de todos esses aspectos técnicos, Harmon & Peterson (1991) tecem também considerações a respeito das mudanças requeridas na gestão das pessoas para a implementação da lógica das Fábricas Focalizadas. Nessa lógica organizacional as pessoas necessitarão, além de habilidades técnicas, um novo conjunto de competências que possibilitem que as pessoas, em diversos níveis, assumam a tomada de decisões e os riscos decorrentes dessas decisões. 6 A lógica conceitual e os benefícios práticos relativos à Engenharia Simultânea são tratados de forma aprofundada por Hartley (1997).
  • 40. 28 2.3. Teoria das Restrições (TOC – Theory of Constraints) A Teoria das Restrições (TOC – Theory of Constraints) foi desenvolvida pelo físico israelense Eliyahu M. Goldratt. Consiste de um conjunto de idéias que constituem um princípio de gerenciamento dos sistemas produtivos de acordo com um conjunto bem estabelecido de pressupostos que foram divulgados a partir da publicação do livro A Meta (GOLDRATT & COX, 1993). O principal pressuposto que suporta esse conjunto de idéias refere-se ao fato de que toda e qualquer Empresa, sob o ponto de vista da TOC, deve estabelecer como meta primordial ganhar dinheiro hoje e no futuro (ALVAREZ, 1996). Subjacente a essa meta e como elementos de sustentação a ela, a Empresa deveria ainda estabelecer outros dois objetivos: satisfazer os empregados hoje e no futuro e satisfazer os clientes hoje e no futuro. Para que seja as ações adotadas pelas pessoas na Organização a levem na direção de possível atingir a sua meta, Goldratt & Cox (1993) propõem dois conjuntos de Indicadores que denominaram de Globais e Locais. Os Indicadores Globais indicam como, globalmente, a Empresa direciona-se no sentido de sua meta e são os seguintes: a) Lucro Líquido; b) Retorno Sobre o Investimento; c) Caixa. No entanto, estes Indicadores Globais, não são normalmente acessíveis aos responsáveis pelas atividades de rotina da Empresa. Surge então a necessidade do estabelecimento de outro conjunto de Indicadores que possam relacionar as ações concretas do dia-a-dia na Empresa com estes Indicadores Globais. Goldratt & Cox (1993) e Goldratt (1996) propõem o segundo conjunto de Indicadores – denominados Indicadores Locais – que cumprem essa finalidade: a) Ganho: dinheiro gerado pelo sistema através das vendas dos produtos prontos. Pode ser entendido como o Faturamento – Despesas Variáveis; b) Inventário: dinheiro investido pelo sistema em máquinas, instalações, equipamentos, estoques de matéria-prima, estoque em processo e estoque de produtos acabados;
  • 41. 29 c) Despesas Operacionais: dinheiro gasto pelo sistema para transformar Inventário em Ganho. Antunes Jr. (1998) sustenta que “os Indicadores Globais (Lucro Líquido, Retorno Sobre o Investimento e Caixa) e os Indicadores Operacionais (Ganho, Despesas Operacionais e Inventários) não só são apropriados, como têm um profundo enraizamento na Teoria Microeconômica da Firma e na Filosofia do Custeio Variável ou Direto” (ANTUNES JR., 1998:146). É importante ressaltar que existe uma forte relação – ver Figura 2-3 – entre os Indicadores Locais e os Indicadores Globais. Pode-se afirmar que Lucro Líquido é igual a Ganho menos Despesas Operacionais. Assim, sempre que uma ação local contribuir para aumentar o Ganho ou para reduzir as Despesas Operacionais, aumenta-se o Lucro Líquido. Também é possível estabelecer relações entre os dois conjuntos de Indicadores considerando que o Retorno Sobre o Investimento é a relação entre Lucro Líquido e Inventario. Portanto, qualquer ação que reduza o Inventário contribui para um desempenho melhor desse Indicador Global. Da mesma forma, ações locais que aumentem o Ganho, reduzam as Despesas Operacionais e reduzam o Inventário contribuirão para o Caixa da Empresa. Indicadores Lucro Líquido Retorno sobre Caixa Globais Investimentos (+) (-) (-) Indicadores Ganho Despesa Inventário Locais Operacional Figura 2-3. As Relações entre Indicadores Globais e Locais. Fonte: Autor, baseado em Goldratt (1996) Assim, esses dois conjuntos de Indicadores asseguram que as ações da Organização a levem na direção de sua Meta. Desse modo, o Ganho deve ser priorizado em qualquer iniciativa da Empresa estabelecendo o que Goldratt (1996) denominou de “Mundo dos Ganhos”. No entanto, o Ganho de uma Empresa é limitado pois existem restrições em seu Sistema de Produção. A principal restrição, conforme definido por Goldratt & Cox (1993) diz
  • 42. 30 respeito à existência de recursos com Capacidade menor que a Demanda. Esses recursos são denominados Gargalos. Normalmente, um sistema possui uma única ou poucas restrições. No Sistema de Produção, além do Gargalo, pode ocorrer o que se denomina de Recursos com Restrição de Capacidade (CCR – Capacity Constrained Resource) que decorrem, via de regra, de problemas relacionados com a programação e com a sincronização do Processo Produtivo. Esses recursos críticos – Gargalo e CCR’s – são o eixo de desenvolvimento do que Goldratt (1993) propõe como o Processo Decisório do “Mundo dos Ganhos” ou Etapas de Focalização da TOC, a serem adotados na seqüência indicada: a) Identificar a Restrição do Sistema; b) Maximizar a exploração da Capacidade da Restrição; c) Subordinar os demais elementos do Sistema à Restrição; d) Elevar (eliminar) a Restrição do Sistema; e) Se, nas etapas anteriores, a Restrição foi quebrada, voltar ao primeiro passo. Não permitir que a inércia torne-se a Restrição do Sistema. Assim, conforme ressalta Goldratt (1996), a TOC trata-se de um princípio de gerenciamento global que estimula o processo de melhoria contínua pois leva a Organização a uma constante busca de elevar suas restrições. Isso tende a propiciar novos níveis de Ganho. Nesse sentido, a proposição de Antunes Jr. (1998) de complementaridade entre a TOC e o STP amplia as possibilidades dessas duas teorias na medida em que, estabelecendo claramente seus recursos críticos, a Organização pode então focalizar a aplicação de um poderoso conjunto de técnicas e ferramentas de melhoria. As ferramentas de Gestão do Posto de Trabalho de forma sistêmica, unificada, integrada e voltada para os resultados propostas por Antunes Jr. & Klippel (2001) pode ser considerada uma das possíveis materializações pragmáticas dessa conexão entre as duas teorias. 2.4. Aprendizagem Organizacional 2.4.1. As bases da Aprendizagem Organizacional O Conhecimento e a Aprendizagem Organizacional têm sido discutidos de forma intensiva ao longo da última década segundo visões diferenciadas que caracterizam esta época