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Dedo em Gatilho
SERVIÇO DE ORTOPEDIA E
TRAUMATOLOGIA IMIP/HMA
ANDRÉ CIPRIANO
2017
Introdução
• Processo inflamatório da bainha dos tendões flexores
dos dedos
• Caráter estenosante
• Causa bloqueio da extensão ativa
Anatomia
• Tendões flexores são mantidos próximos ao osso e ao
centro de rotação da articulação pelas polias flexoras
• A 1ª polia anular (A1), que fica na região da
metacarpofalangeana, é a que se relaciona ao dedo em
gatilho
• A1 é a maior responsável pela eficácia do sistema de
polias
Fisiopatologia
• Desproporção entre conteúdo (tendão flexor, sinóvia e
líquido sinovial) e o continente (túnel osteofibroso e
sistema de polias)
• Processo inflamatório, edema e nodulações aumentam
o diâmetro do conteúdo
• O continente é inexpansível
• Ocorre o bloqueio do deslizamento do tendão
(excursão diminuída)
Epidemiologia
• A forma primária (não relacionada a outras doenças) é
a mais comum
• Predomina no sexo feminino (6:1)
• Acomete mais o lado dominante
• 5ª e 6ª décadas de vida
• Maior incidência em pacientes diabéticos (5x)
Epidemiologia
• Dedo médio e indicador são os mais acometidos
• Se houver colagenose sistêmica, o risco de
acometimento múltiplo é maior
Diagnóstico e Quadro Clínico
• Diagnóstico eminentemente clínico
• Exames de imagem podem evidenciar tumorações que
mimetizam o dedo em gatilho
• Pode se apresentar em diversos estágios que vão da
simples irritação sinovial até a deformidade fixa em
flexão
Diagnóstico e Quadro Clínico
• Palpação da região volar:
– Verifica área de dor
– Crepitação na passagem do tendão pela polia
– Nodulações podem estar presentes
• A observação da flexão-extensão dos dedos
(ativa e passiva) costuma ser suficiente para
definir o diagnóstico
Classificação de Green
• Grau 0
– Dor e crepitação sem bloqueio
• Grau 1
– Dor e bloqueio esporádico
• Grau 2
– Bloqueio constante, porém reduzível pelo próprio paciente
• Grau 3
– Desbloqueio somente passivo
• Grau 4
– Deformidade fixa
Tratamento
• Medidas conservadoras:
– AINES
– Imobilizações
– Infiltração com corticoides
– Mudança de atividades
– Cura espontânea é possível nos estágios iniciais
Tratamento Cirúrgico
• Abertura de A1
• Tenólise dos flexores
• Forma aberta e percutânea (resultados similares)
• Indicada principalmente nos graus mais avançados
• Mobilidade precoce no pós-operatório deve ser
encorajada
Dedo em Gatilho Congênito
• Flexão IF do polegar, impossibilidade de extensão devido
ao nódulo de Notta
• 1/2000 nascimentos
• Difícil diagnóstico antes dos 4 meses de idade
Dedo em Gatilho Congênito
• Qualquer dedo pode ser acometido na faixa pediátrica, mas o
polegar é o mais comum (10x)
• Não se sabe se a condição é realmente congênita
• Bilateralidade é comum (25%)
• Condição rara
• Deformidade fixa é comum
• Se associa à trissomia do 13 e mucopolissacaridose
Dedo em Gatilho Congênito
• Pode ter resolução espontânea
• Tratamento mais eficaz é a liberação cirúrgica de A1 (as
vezes precisa ser extensivo até A3)
• Idade indicada para o procedimento = 2 anos
• Resultados costumam ser bons
Bowler Thumb (Polegar do Jogador de
Boliche)
• Fibrose perineural
• Compressão repetida do nervo digital ulnar do polegar
• Ocorre no posicionamento da mão na bola de boliche
• Pessoas que jogam boliche 3-4 vezes por semana
• Dor e hiperextesia são os principais sintomas
• Tratamento conservador no quadro agudo
• Neurólise e transferência dorsal podem ser necessárias no caso crônico
Bibliografia
• Pardini Ortopedia
• Campbell 12º
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  • 1. Dedo em Gatilho SERVIÇO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA IMIP/HMA ANDRÉ CIPRIANO 2017
  • 2. Introdução • Processo inflamatório da bainha dos tendões flexores dos dedos • Caráter estenosante • Causa bloqueio da extensão ativa
  • 3. Anatomia • Tendões flexores são mantidos próximos ao osso e ao centro de rotação da articulação pelas polias flexoras • A 1ª polia anular (A1), que fica na região da metacarpofalangeana, é a que se relaciona ao dedo em gatilho • A1 é a maior responsável pela eficácia do sistema de polias
  • 4.
  • 5. Fisiopatologia • Desproporção entre conteúdo (tendão flexor, sinóvia e líquido sinovial) e o continente (túnel osteofibroso e sistema de polias) • Processo inflamatório, edema e nodulações aumentam o diâmetro do conteúdo • O continente é inexpansível • Ocorre o bloqueio do deslizamento do tendão (excursão diminuída)
  • 6. Epidemiologia • A forma primária (não relacionada a outras doenças) é a mais comum • Predomina no sexo feminino (6:1) • Acomete mais o lado dominante • 5ª e 6ª décadas de vida • Maior incidência em pacientes diabéticos (5x)
  • 7. Epidemiologia • Dedo médio e indicador são os mais acometidos • Se houver colagenose sistêmica, o risco de acometimento múltiplo é maior
  • 8. Diagnóstico e Quadro Clínico • Diagnóstico eminentemente clínico • Exames de imagem podem evidenciar tumorações que mimetizam o dedo em gatilho • Pode se apresentar em diversos estágios que vão da simples irritação sinovial até a deformidade fixa em flexão
  • 9. Diagnóstico e Quadro Clínico • Palpação da região volar: – Verifica área de dor – Crepitação na passagem do tendão pela polia – Nodulações podem estar presentes • A observação da flexão-extensão dos dedos (ativa e passiva) costuma ser suficiente para definir o diagnóstico
  • 10.
  • 11. Classificação de Green • Grau 0 – Dor e crepitação sem bloqueio • Grau 1 – Dor e bloqueio esporádico • Grau 2 – Bloqueio constante, porém reduzível pelo próprio paciente • Grau 3 – Desbloqueio somente passivo • Grau 4 – Deformidade fixa
  • 12. Tratamento • Medidas conservadoras: – AINES – Imobilizações – Infiltração com corticoides – Mudança de atividades – Cura espontânea é possível nos estágios iniciais
  • 13. Tratamento Cirúrgico • Abertura de A1 • Tenólise dos flexores • Forma aberta e percutânea (resultados similares) • Indicada principalmente nos graus mais avançados • Mobilidade precoce no pós-operatório deve ser encorajada
  • 14.
  • 15.
  • 16. Dedo em Gatilho Congênito • Flexão IF do polegar, impossibilidade de extensão devido ao nódulo de Notta • 1/2000 nascimentos • Difícil diagnóstico antes dos 4 meses de idade
  • 17. Dedo em Gatilho Congênito • Qualquer dedo pode ser acometido na faixa pediátrica, mas o polegar é o mais comum (10x) • Não se sabe se a condição é realmente congênita • Bilateralidade é comum (25%) • Condição rara • Deformidade fixa é comum • Se associa à trissomia do 13 e mucopolissacaridose
  • 18. Dedo em Gatilho Congênito • Pode ter resolução espontânea • Tratamento mais eficaz é a liberação cirúrgica de A1 (as vezes precisa ser extensivo até A3) • Idade indicada para o procedimento = 2 anos • Resultados costumam ser bons
  • 19.
  • 20. Bowler Thumb (Polegar do Jogador de Boliche) • Fibrose perineural • Compressão repetida do nervo digital ulnar do polegar • Ocorre no posicionamento da mão na bola de boliche • Pessoas que jogam boliche 3-4 vezes por semana • Dor e hiperextesia são os principais sintomas • Tratamento conservador no quadro agudo • Neurólise e transferência dorsal podem ser necessárias no caso crônico
  • 21.
  • 22. Bibliografia • Pardini Ortopedia • Campbell 12º • Sizínio 4º • Netters