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CUIDADO INTEGRAL À
SAÚDE DO ADULTO I
Renata de Paula Fara Rocha
Técnicas e cuidado
de enfermagem na
quimioterapia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Relacionar a biossegurança com a técnica de administração de
quimioterápicos.
 Descrever as formas de aplicação de quimioterapia e os locais de
administração.
 Demonstrar a Sistematização da Assistência de Enfermagem que
aborda a administração, manutenção e retirada dos quimioterápicos.
Introdução
Aquimioterapiaéumamodalidadedetratamentodocâncerquepodelevar
à cura ou ser utilizada para minimizar o sofrimento causado pelo câncer
nos cuidados paliativos. Nesse tipo de tratamento, são utilizados medica-
mentos com potencial para destruir as células tumorais. No entanto, para
a administração de quimioterápicos, muitos pontos precisam ser avaliados.
Neste capítulo, você vai ver como relacionar a biossegurança com a
técnica de administração de quimioterápicos, vai aprender a descrever
as formas de aplicação de quimioterapia e os locais de administração e
demonstrar a Sistematização da Assistência de Enfermagem que aborda
a administração, manutenção e retirada dos quimioterápicos.
Biossegurança e administração de
quimioterápicos
A biossegurança é um conjunto de ações que tem como objetivo prevenir,
controlar ou eliminar os riscos relacionados à assistência em saúde (BRASIL,
2010), já que os quimioterápicos apresentam risco para o profissional que
manipula essa droga. Além disso, é importante destacar que os agentes qui-
mioterápicos não são específicos para a célula tumoral, eles agem em células
que estão em divisão celular, ou seja, atingem células saudáveis também.
Sendo assim, o contato com essas substâncias pode causar efeitos adversos
em pessoas saudáveis também e, como a equipe de enfermagem está em con-
tato direto com o paciente, esses profissionais podem ser afetados. Por isso,
é fundamental que a equipe adote medidas de biossegurança na manipulação
dos agentes quimioterápicos.
O contato com a droga pode acontecer em diversos momentos: durante o
preparo, na administração, através de partículas no ar, nas excretas do paciente
e no descarte dos materiais. Para minimizar o risco e evitar a exposição a
esses agentes, medidas de biossegurança devem ser adotadas. Por exemplo, os
profissionais devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) para
manipulação das drogas e recomenda-se o uso de jalecos de manga longa,
óculos, luvas de procedimento e máscara de carvão ativado.
O preparo dos quimioterápicos deve ser realizado em capelas de fluxo
laminar por profissional treinado e capacitado e deve haver uma sala específica
para preparo dos quimioterápicos (Figura 1).
Essas medidas de biossegurança, se adotadas, podem ajudar a prevenir e
proteger o profissional da exposição aos quimioterápicos.
Figura 1. Preparo dos quimioterápicos em capelas de fluxo laminar.
Fonte: Méndez Castillo (2015, documento on-line).
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
2
Para a administração dos quimioterápicos (Figura 2), as medidas de
biossegurança que podem ser implementadas para minimizar os riscos são:
utilização de campos descartáveis, equipos e seringas luer lock, manter gaze
próxima para eventual vazamento, não retirar o ar de seringas e equipos (de-
vem vir prontos para administração), avaliar todas as conexões para prevenir
vazamentos.
Figura 2. Administração de quimioterápicos.
Fonte: Maia (2010, documento on-line).
O descarte de materiais deve ser feito em recipientes próprios, de acordo
com a classificação de resíduos de saúde, o que também configura medida
de biossegurança. Os resíduos químicos estão no grupo B, conforme mostra
a Figura 3, a seguir.
3
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
Figura 3. Descarte de resíduos.
Fonte: Wons (2017, documento on-line).
Para saber mais sobre o gerenciamento dos resíduos de saúde, acesse o manual da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
https://qrgo.page.link/VNXwn
Essas estratégias de biossegurança são importantes para a manipulação,
administração e para o descarte de qualquer agente quimioterápico cuja forma
de apresentação seja ampola ou frasco-ampola. Independentemente da via de
administração (intravenosa, intratecal, intra-arterial, intracavitária, intramus-
cular, intralesional ou intravesical), as medidas são as mesmas.
Quanto às vias de administração oral e tópica, os cuidados de biossegurança
estão relacionados ao fracionamento e acondicionamento dessas drogas, e são
os mesmos descritos anteriormente (uso de EPIs para manipulação e descarte
adequado), com exceção dos cuidados descritos relacionados à administração.
Outras medidas de biossegurança também são importantes, como a atenção
que deve ser dada às excretas do paciente (fezes, urina e vômitos), pois podem
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
4
conter agentes quimioterápicos. Ao desprezar as excretas, deve-se evitar res-
pingos e tampar o vaso sanitário antes de dar a descarga.
A manipulação de roupas contaminadas deve ser feita com luvas, e o descarte,
em saco plástico duplo e identificado.
No caso de acidentes com quimioterápicos, devem ser tomadas as medidas
listadas a seguir.
 Pele: retirar todo o EPI contaminado e descartar, lavar a pele com água
e sabão.
 Olhos: lavar com soro fisiológico 0,9% ou água por 5 minutos.
 Ambiente: isolar a área, usar compressas para absorver o medicamento,
lavar a área com água e sabão.
 Inalação: usar máscara de carvão ativado para prevenção.
Formas de aplicação de quimioterapia e os locais
de administração
O câncer é uma doença que engloba mais de 100 tipos diferentes de patologias
e origina-se do crescimento anormal e descontrolado de determinada célula. A
partir de um agente carcinogênico, o DNA celular sofre uma mutação e, a partir
daí, ocorre um crescimento celular desordenado, gerando um tumor (Figura 4).
Figura 4. Desenvolvimento de câncer.
Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com.
5
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
Para o tratamento do câncer, existem três modalidades básicas: a qui-
mioterapia, a radioterapia e a cirurgia. A cirurgia pode ser do tipo: cura-
tiva (quando o tumor é completamente retirado); diagnóstica (que são as
biópsias, nas quais um fragmento de tecido é retirado para diagnóstico)
e paliativa (quando o objetivo é aliviar os efeitos colaterais causados pelo
câncer) (BRASIL, 2016).
A radioterapia consiste na aplicação de radiação ionizante para destruir
ou controlar o crescimento tumoral. Pode ser de dois tipos: a radioterapia
externa (em que a radiação é emitida por um aparelho e direcionada para o
local do tumor) e a braquiterapia (um material radioativo é inserido dentro
ou próximo do tumor).
A quimioterapia consiste no uso de medicamentos para controlar e destruir
a célula tumoral. Na atualidade, a forma mais utilizada é a poliquimioterapia,
que consiste na combinação de duas ou mais drogas, com ação complementar.
Essa modalidade apresenta resultados e reduz os efeitos colaterais. Assim, é
uma forma de tratamento considerada sistêmica. É administrada em ciclos, ou
seja, os medicamentos são administrados em intervalos regulares, que podem
ser a cada três, quatro, cinco ou seis semanas, já que não ocorre a destruição
de 100% das células tumorais em apenas um ciclo; dessa forma, as células
restantes precisam ser destruídas nos próximos ciclos.
O primeiro ciclo de quimioterapia é chamado de indução, e seu objetivo
é alcançar a remissão total (menos de 5% de células neoplásicas na medula
óssea) ou parcial da doença (menos de 20% de células neoplásicas na medula
óssea) (MAIA, 2010).
Classificação
Os agentes quimioterápicos podem ser classificados de acordo com a fina-
lidade, a especificidade no ciclo celular e a estrutura química/mecanismo
de ação.
De acordo com a finalidade, a quimioterapia pode ser paliativa, tratamento
temporário, neoadjuvante, adjuvante ou curativa, tipos descritos a seguir.
 A quimioterapia paliativa é utilizada para aliviar os efeitos do câncer,
sem possibilidade de cura.
 O tratamento temporário é semelhante ao da quimioterapia paliativa,
mas pode ser repetido por vários ciclos, mesmo sem possibilidade de
cura da doença. É indicado para tumores de evolução crônica, que
permitem longa sobrevida.
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
6
 A quimioterapia neoadjuvante, também chamada de prévia ou citor-
redutora, consiste na administração de quimioterápicos para redução
de tumores avançados para posterior intervenção cirúrgica.
 A quimioterapia adjuvante ou profilática é indicada após a ressecção
cirúrgica completa do tumor. É utilizada como prevenção.
 A quimioterapia curativa tem por objetivo curar e destruir comple-
tamente as células tumorais.
Quanto à especificidade no ciclo celular, podem ser classificados como
ciclo-específicos ou ciclo-inespecíficos.
As células tumorais caracterizam-se pelo crescimento constante e desor-
denado. Sendo assim, algumas drogas podem agir em fases específicas do
ciclo celular e impedir a atividade mitótica.
O ciclo celular (Figura 5) é dividido em fases: G0 (repouso), G1 (aumenta
de tamanho e sintetiza RNA e proteínas), S (síntese de DNA), G2 (duplicação
de organelas), M (mitose).
Figura 5. Ciclo celular.
Fonte: Alila Medical Midia/Shutterstock.com.
Sendo assim, os agentes quimioterápicos que agem em uma fase específica
do ciclo celular são chamados de ciclo-específicos. Já os agentes que atuam
em qualquer momento do ciclo celular são chamados de ciclo-inespecíficos.
7
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
Quanto à estrutura química/mecanismo de ação, os agentes quimioterápi-
cos podem ser: agentes alquilantes, antimetabólitos, antibióticos, alcaloides,
agentes múltiplos e hormônios. Esses agentes podem ser ciclo-específicos ou
ciclo-inespecíficos.
Os agentes alquilantes causam alterações na cadeia de DNA das células,
interferindo, assim, na sua replicação. Agem também recrutando células em
fase G0 para iniciar a divisão celular, o que potencializa a ação dos agentes
ciclo-específicos. Exemplo de agentes alquilantes são: cisplatina, ciclofosfa-
mida, ifosfamida.
Os antimetabólitos são substâncias que possuem estrutura química seme-
lhante à de metabólitos normais, mas não exercem a função desse metabólito.
Assim, eles se ligam a receptores e são incorporados na célula bloqueando
a produção de substâncias fundamentais para que a divisão celular ocorra.
Metotrexato, ara-C e tioguanina são exemplos de antimetabólitos.
Os antibióticos antitumorais são agentes que interferem na síntese dos
ácidos nucleicos. Exemplos de antibióticos são daunoblastina, doxorrubicina
e idarrubicina.
Os alcaloides são agentes que inibem a mitose por causar destruição dos
microtúbulos, o que impede a polarização dos cromossomos — por exemplo:
vincristina, vimblastina, etoposide.
Os agentes múltiplos , como asparaginase, bleomicina e hidroxiureia, são
uma classe de quimioterápicos que possuem variados mecanismos de ação.
Finalmente, os hormônios e antagonistas hormonais são uma classe
composta por diversas substâncias hormonais que podem recrutar células
para a divisão celular. Exemplos desses hormônios são prednisona, metil-
prednisolona e dexametasona.
Vias de administração
Os agentes quimioterápicos podem ser administrados por diversas vias. A via
oral é a mais simples e indolor, mas apresenta limitações devido à absorção das
drogas e aos efeitos gastrointestinais. São exemplos de drogas administradas
por via oral os hormônios corticosteroides e a hidroxiureia.
As vias intramuscular e subcutânea são as menos utilizadas devido às
características tóxicas dos agentes quimioterápicos. Por via intramuscular,
pode-se administrar a asparaginase e, pela via subcutânea, a citarabina.
A via intratecal é utilizada para a administração de agentes quimioterá-
picos no líquor e realizada através da punção lombar (Figura 6), por isso, é
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
8
feita pelo médico. O objetivo de administrar drogas no espaço subaracnoide é
impedir a proliferação do câncer no sistema nervoso central. As drogas mais
utilizadas por essa via são o metotrexato e a citarabina.
Figura 6. Punção lombar.
Fonte: Casa nafayana/Shutterstock.com.
Na Figura 7, você pode ver os espaços entre as meninges. A administração
via intratecal utiliza o espaço subaracnoide.
Figura 7. Espaço entre as meninges para administração de quimioterápico
por via intratecal.
Fonte: Systemoff/Shutterstock.com.
9
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
A via endovenosa é, sem dúvida, a via mais utilizada para a administração
dos quimioterápicos. Para a administração de medicamentos por essa via,
pode-se utilizar uma punção periférica normal com dispositivos como os
ilustrados na Figura 8. O calibre a ser utilizado dependerá das condições do
vaso e do volume da infusão.
Figura 8. Dispositivos para administração via endovenosa.
Fonte: Piyawan Chanpetch/Shutterstock.com.
Algumas drogas são consideradas vesicantes, ou seja, se extravasarem, têm
o potencial de causar lesão (Figura 9). Por isso, é muito importante garantir
um bom acesso venoso para administração de quimioterápicos.
Em casos de extravasamento, o conteúdo deve ser aspirado através de pressão
negativa no êmbolo da seringa, o acesso venoso deve ser retirado e deve-se aplicar
compressa fria, com exceção dos extravasamentos por alcaloides da vinca (vin-
cristina e vimblastina), em que se deve aplicar compressa quente (MAIA, 2010).
Figura 9. Lesões por administração de quimioterápicos.
Fonte Martins (2013, documento on-line).
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
10
Para evitar a ocorrência de extravasamentos e as múltiplas punções, existem
acessos vasculares de longa permanência utilizados no tratamento quimiote-
rápico, os cateteres semi-implantados e os totalmente implantados.
Os cateteres totalmente implantados são implantados pelo médico. Nesse
tipo de cateter, existe uma porção que é colocada na região do tórax, no tecido
subcutâneo, e, ligado a ela, existe um cateter que acessa o vaso. Veja, na Figura
10, o posicionamento do cateter.
Figura 10. Posicionamento do cateter.
Fonte: Adaptada de rumruay/Shutterstock.com.
O cateter totalmente implantado fica sob a pele, não há nenhuma parte
exposta. Somente durante a administração do medicamento é que o enfermeiro
punciona a porção que fica no subcutâneo.
Já no cateter semi-implantado (Figura 11), uma porção do cateter fica
posicionada no tórax do paciente, enquanto a porção interna é inserida através
de um trajeto no subcutâneo até acessar o vaso.
11
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
Figura 11. Cateter semi-implantado.
Fonte: Adaptada de rumruay/Shutterstock.com.
Para saber mais sobre os cuidados com os acessos vasculares para quimioterapia, leia
o artigo no link a seguir.
https://qrgo.page.link/VheG4
Efeitos colaterais dos quimioterápicos
Por apresentar ação sistêmica, além das células tumorais, os agentes quimiote-
rápicos atingem também células sadias em processo de divisão celular. Dessa
forma, o tratamento quimioterápico apresenta diversos efeitos colaterais.
Os tecidos que apresentam altas taxas de divisão celular são os mais
sensíveis à ação das drogas quimioterápicas; são eles: as mucosas, o tecido
germinativo capilar e a medula óssea. A gravidade dos efeitos colaterais
depende da dose do quimioterápico, do tempo de exposição das células ao
agente, da toxicidade de cada quimioterápico, do metabolismo e do estado
geral do paciente (MAIA, 2010).
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
12
Para minimizar os efeitos colaterais da quimioterapia, o paciente precisa
apresentar condições mínimas, que são:
 ter perdido menos de 10% do peso corporal (referência é o peso do
início da doença);
 não apresentar contraindicação clínica para uso dos quimioterápicos
escolhidos;
 não apresentar infecção, ou, no caso de infecção, deve estar controlada;
 quanto à capacidade funcional, deve apresentar índice de Zubrod 0, 1
ou 2 e Karnofsky maior que 50%.
Quanto aos exames laboratoriais, o paciente deve apresentar:
 leucócitos > 4.000/mm³
;
 neutrófilos > 2.000/mm³
;
 plaquetas > 150.000/mm³
;
 hemoglobina > 10 g/dl;
 ureia < 50 mg/dl;
 creatinina < 1,5 mg/dl;
 bilirrubina total < 3,0 mg/dl;
 ácido úrico < 5,0 mg/dl;
 aminotransferases (transaminases) < 50 Ul/ml.
Os índices de Zubrod e Karnofsky avaliam a capacidade funcional do paciente. A
classificação é a seguinte:
 Zubrod 0, Karnofsky 100%–90%: doente assintomático ou com sintomas mínimos.
 Zubrod 1, Karnofsky 89%–70%: doente sintomático, mas com capacidade para o
comparecimento ambulatorial.
 Zubrod 2, Karnofsky 69%–50%: doente permanece no leito menos da metade do dia.
 Zubrod 3, Karnofsky 49%-30%: doente permanece no leito mais da metade do dia.
 Zubrod 4, Karnofsky 29%–10%: doente acamado, necessitando de cuidados
constantes.
 Karnofsky < 9%: doente agônico.
Fonte: Brasil (2016).
13
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
Distúrbios hematológicos
Os agentes quimioterápicos podem causar toxicidade hematológica e, dessa
forma, causar distúrbios como leucopenia, plaquetopenia e anemia.
As complicações que ocorrem são a infecção, decorrente da neutropenia,
os sangramentos, decorrentes da plaquetopenia e a anemia, decorrente da
diminuição do número de hemácias.
Os cuidados de enfermagem para distúrbios hematológicos são:
 monitorar temperatura, pois a febre é uma importante manifestação
clínica de infecção;
 orientar o paciente sobre o risco de infecção;
 atentar para que não ocorra quebra de técnica na realização dos pro-
cedimentos invasivos;
 avaliar sinais e sintomas de infecção: taquipneia, taquicardia, tremores
e calafrios, hipotensão, disúria, alterações intestinais;
 orientar o paciente quanto às medidas de higiene oral e corporal e de
higiene dos alimentos;
 minimizar risco de trauma como causa de sangramento;
 evitar injeção intramuscular e subcutânea;
 minimizar venopunções, cateterismos vesicais e outros invasivos;
 prover medidas de segurança para evitar quedas;
 inspecionar locais com potencial de sangramento (pele, nariz, boca, etc.);
 fazer teste para sangue oculto (fluidos — urina, fezes, vômito);
 monitorar hemograma;
 realizar transfusão de plaquetas se plaquetas < 10.000 mm3
;
 orientar paciente e família acerca da possibilidade de sangramento.
Náuseas e vômitos
A ocorrência de náuseas e vômitos depende da droga e da característica de
cada paciente. Existem drogas que causam náuseas e vômitos com maior
frequência, como, por exemplo, ciclofosfamida, cisplatina e metotrexato.
Esses efeitos colaterais podem causar leve desconforto ou situações gra-
ves, como desequilíbrios hidroeletrolíticos e déficits nutricionais. Além do
impacto fisiológico, geram um impacto importante na qualidade de vida, pois
interferem nas atividades de vida diária.
Cuidados de enfermagem para náuseas e vômitos são:
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
14
 manter o ambiente arejado, sem odores;
 ajustar a dieta, priorizando alimentos leves e fracionando a dieta;
 priorizar alimentos frios, líquidos gelados ou pedaços de gelo;
 evitar alimentos com cheiro forte, evitar carne vermelha, derivados do
leite, café e chocolate;
 administrar antieméticos antes e após a administração da quimioterapia;
 avaliar as eliminações;
 realizar e/ou orientar a realização de higiene oral;
 manter cabeceira elevada, lateralizar cabeça durante os episódios de
vômitos;
 avaliar equilíbrio eletrolítico, instalar balanço hídrico;
 estimular ingestão líquidos ou realizar hidratação venosa ou subcutânea;
 promover conforto através de terapias complementares tais como acu-
puntura, relaxamento, técnicas de distração.
Mucosite
Trata-se de uma resposta inflamatória que acomete a cavidade oral princi-
palmente, mas pode atingir todo o trato gastrointestinal. Manifesta-se por
ulcerações, disfagia, eritema, sialorreia, sangramento, dor.
A dor é um fator importante e limitante, que interfere na alimentação e
algumas vezes leva à hospitalização. Em casos graves, a nutrição parenteral
pode ser necessária.
As drogas com maior potencial para causar mucosite (Figura 12) são:
daunoblastina, doxorrubicina, metotrexato.
Figura 12. Mucosite.
Fonte: Silva (2016, documento on-line).
15
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
Cuidados de enfermagem com a mucosite são:
 realizar higiene oral;
 manter acompanhamento odontológico durante tratamento
quimioterápico;
 inspecionar cavidade oral;
 utilizar escova macia;
 hidratar os lábios;
 remover próteses dentárias;
 avaliar a dor e medicar conforme intensidade da dor;
 orientar a ingestão de alimentos com consistência mais pastosa, evitar
alimentos condimentados, ácidos ou muito salgados, evitar alimentos
quentes;
 avaliar sangramento.
Alopecia
É um efeito colateral caracterizado pela queda de cabelo, causado pelo efeito
dos agentes quimioterápicos nas células do tecido germinativo capilar, pois são
células que apresentam altas taxas de divisão celular. É indolor e temporário;
seu principal impacto está na autoimagem, o que traz prejuízo importante
na qualidade de vida. Muitos quimioterápicos causam alopecia, mas os mais
comuns são os agentes alquilantes.
Cuidados de enfermagem para essa condição são:
 orientar o uso peruca, chapéus, lenços, se for da vontade do paciente;
 estimular a participação da família;
 informar que é um efeito passageiro e que o cabelo volta a crescer após
o tratamento;
 estimular autoestima;
 encaminhar para a psicologia;
 estimular a participação em grupos de apoio.
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
16
Sistematização da Assistência de Enfermagem:
administração, manutenção e retirada dos
quimioterápicos
O enfermeiro é o profissional que está presente em todas as fases do tratamento
do paciente oncológico. A quimioterapia envolve diversas ações de enfermagem
tanto na administração quanto no manejo dos efeitos colaterais. A seguir,
acompanhe um caso de um paciente com diagnóstico de câncer de cólon e a
Sistematização da Assistência de Enfermagem apliacada a ele.
23/05/2019 – 10 horas.
M. D. V., 72 anos, sexo feminino, natural da Bahia, casada, mãe de 4 filhos. Tem histórico
de câncer de ovário há 10 anos, realizou histerectomia e evoluiu com a cura da doença.
Tem histórico de câncer colorretal na família. Refere que, ao longo da vida, manteve
uma alimentação rica em carne vermelha e frituras. É sedentária e nunca gostou de
praticar atividade física. Apresenta bom padrão de sono.
História da doença atual: há 6 meses, apresentou mudança de padrão intestinal
(diarreia frequente) e dor abdominal. Nos últimos meses, observou a presença de sangue
nas fezes e, por isso, procurou o serviço de saúde. Foi realizada uma colonoscopia com
biópsia que diagnosticou o câncer de cólon.
M. D. V. recebeu ressecção cirúrgica do tumor e quimioterapia adjuvante. A quimio-
terapia adjuvante teve início 4 semanas após a cirurgia. As drogas escolhidas foram a
5-fluorouracila e a oxaliplatina via endovenosa, 6 ciclos com intervalo de 3 semanas
entre os ciclos, e as drogas foram aprazadas para as 16 horas.
No momento, está internada para a realização do terceiro ciclo de quimioterapia.
Ao exame físico: lúcida e orientada. Refere dor abdominal, náuseas e vômitos, apre-
sentando prejuízo do sono por isso. Hipocorada, respirando em ar ambiente, eupneica.
Bastante emagrecida, refere hiporexia. Cavidade oral com presença de múltiplas
ulcerações. Presença de cateter totalmente implantado em região torácica direita.
À ausculta cardíaca, bulhas normofonéticas em dois tempos. À ausculta respiratória,
murmúrios vesiculares universalmente audíveis. Ao exame abdominal, ruídos hidro-
aéreos hiperativos, abdomem distendido, refere dor à palpação superficial. MMSS e
MMII sem alterações. Eliminações urinárias presentes e eliminações intestinais com
presença de sangue visível.
SSVV: Tax = 37,6ºC; FR = 23 irpm; PA = 100 x 60 mmHg; P = 82 bpm; Sat O2
= 97%.
Exames laboratoriais: hematócrito = 27%; hemoglobina = 8 mg/dL; plaquetas =
50.000; leucócitos = 2000 mm3
.
17
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
Diagnóstico de
enfermagem
Planejamento Aprazamento
Dor crônica relacionada
ao câncer de colón
e caracterizada por
relato verbal e dor à
palpação abdominal
Paciente apresentará
melhora da dor
em até 6 horas
Intervenções de enfermagem
Avaliar a dor por meio de escalas a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06
Administrar analgésicos prescritos
conforme intensidade da dor
CPM (conforme
prescrição médica)
Avaliar ação dos medicamentos administrados CPM
Implementar medidas não farmacológicas
para alívio da dor, tais como: meditação,
massagens, compressas a cada 4 horas
10 14 18 22 02 06
Monitorar sinais vitais a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06
Diagnóstico de
enfermagem
Planejamento Aprazamento
Náusea relacionada ao
tratamento quimioterápico
caracterizada por
relato de náuseas e
presença de vômitos
Paciente apresentará
melhora das
náuseas e vômitos
em curto prazo
Intervenções de enfermagem
Manter o ambiente arejado, sem odores Contínuo
Ajustar a dieta, priorizando alimentos
leves e fracionando a dieta
08 12 17 21
Priorizar alimentos frios, líquidos
gelados ou pedaços de gelo
08 12 17 21
Evitar alimentos com cheiro forte, carne
vermelha, derivados do leite, café e chocolate
08 12 17 21
Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos
(Continua)
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
18
Intervenções de enfermagem
Administrar antieméticos antes e após
a administração da quimioterapia
15
Avaliar as eliminações a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06
Realizar e/ou orientar a realização de higiene oral 10
Manter cabeceira elevada, lateralizar cabeça
durante os episódios de vômitos
Contínuo
Instalar balanço hídrico 18 06
Administrar hidratação venosa
conforme prescrição médica
CPM
Promover conforto através de terapias
complementares, tais como relaxamento,
técnicas de distração a cada 6 horas
12 18 24 06
Diagnóstico de
enfermagem
Planejamento Aprazamento
Mucosa oral prejudicada
relacionada ao tratamento
quimioterápico e
caracterizada por múltiplas
ulcerações em cavidade oral
Paciente apresentará
melhora das lesões
em médio prazo
Intervenções de enfermagem
Realizar higiene oral 4 vezes ao dia 08 12 17 22
Inspecionar cavidade oral a cada 6 horas 12 18 24 06
Utilizar escova macia a cada higienização 08 12 17 22
Hidratar os lábios 3 vezes ao dia 08 14 22
Remover próteses dentárias 10
Avaliar a dor a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06
Administrar medicamentos
conforme intensidade da dor
CPM
Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos
(Continua)
(Continuação)
19
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
Intervenções de enfermagem
Orientar a ingestão de alimentos com consistência
mais pastosa, evitar alimentos condimentados,
ácidos ou muito salgados e alimentos quentes
10
Avaliar sangramento a cada 6 horas 12 18 24 06
Encaminhar para acompanhamento odontológico
durante tratamento quimioterápico
10
Diagnóstico de
enfermagem Planejamento Aprazamento
Nutrição desequilibrada
menor que as
necessidades corporais
relacionada a mucosite,
náuseas e vômitos e
caracterizada por hiporexia
e emagrecimento
Paciente apresentará
melhora da nutrição
em médio prazo
Intervenções de enfermagem
Fracionar a dieta 10 14 18 22 02 06
Oferecer alimentos de acordo com a
tolerância, preferencialmente pastosos
10 14 18 22 02 06
Avaliar aceitação da dieta 10 14 18 22 02 06
Avaliar a necessidade de outras vias de alimentação
(enteral ou parenteral) a cada 12 horas
10 22
Realizar adequado controle da dor a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06
Realizar adequado controle das náuseas
e vômitos a cada 4 horas
10 14 18 22 02 06
Pesar diariamente em jejum 06
Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos
(Continuação)
(Continua)
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
20
Diagnóstico de
enfermagem
Planejamento Aprazamento
Risco de infecção
relacionado à leucopenia
Paciente não
apresentará infecção
durante o tratamento
Intervenções de enfermagem
Monitorar temperatura a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06
Orientar o paciente sobre o risco de infecção 10 (na visita)
Atentar para que não ocorra quebra de técnica
na realização dos procedimentos invasivos
Contínuo
Avaliar sinais e sintomas de infecção: taquipneia,
taquicardia, tremores e calafrios, hipotensão,
disúria, alterações intestinais a cada 4 horas
10 14 18 22 02 06
Orientar o paciente quanto às medidas de
higiene oral e corporal, higiene dos alimentos
10 (na visita)
Diagnóstico de
enfermagem
Planejamento Aprazamento
Risco de sangramento
relacionado à
plaquetopenia
Paciente não
apresentará
sangramento durante
o tratamento
Intervenções de enfermagem
Realizar avaliação neurológica a cada 2 horas 10 12 14 16 18 20
22 24 02 04 06 08
Manter repouso absoluto no leito ATENÇÃO
Monitorar sangramento a cada 2 horas 10 12 14 16 18 20
22 24 02 04 06 08
Fazer controle de diurese a cada 6 horas 12 18 24 06
Monitorar exames laboratoriais uma vez ao dia 10 (na visita)
Minimizar procedimentos invasivos:
sondagens, punções
10 (na visita)
Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos
(Continuação)
(Continua)
21
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
Diagnóstico de
enfermagem
Planejamento Aprazamento
Sono prejudicado
relacionado a dor, náuseas
e vômitos e caracterizado
por relato de padrão
de sono alterado
Paciente apresentará
melhora do sono
em curto prazo
Intervenções de enfermagem
Manter ambiente adequado que favoreça o sono 22
Promover o sono com medidas de conforto 22
Realizar adequado controle da dor a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06
Realizar adequado controle das náuseas
e vômitos a cada 4 horas
10 14 18 22 02 06
Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos
(Continuação)
BRASIL. Ministério da Saúde. Biossegurançaemsaúde: prioridades e estratégias de ação.
Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
BRASIL. Ministério da Saúde. Oncologia: manual de bases técnicas. SIA/SUS: Sistema de
informações ambulatoriais. 23. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
MAIA, V. R. Assistência de quimioterapia antineoplásica no tratamento de hemopatias
malignas. Rio de Janeiro: HEMORIO, 2010.
MARTINS, D. Erro em quimioterapia quase leva à amputação do braço. O Liberdade.
com, 25 mar. 2013. Disponível em: http://www.oliberdade.com.br/saude/erro-medico-
-a-dor-do-descaso. Acesso em: 9 jun. 2019.
SILVA, M. H. C. R. Mucosite pós-quimioterapia. Falando sobre Câncer, 07 set. 2016. Dis-
ponível em: http://falandosobrecancer.com.br/mucosite-pos-quimioterapia/. Acesso
em: 9 jun. 2019.
Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
22
WONS, F. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS. Licen-
ciador Ambiental, 5 jun. 2017. Disponível em: http://licenciadorambiental.com.br/plano-
-de-gerenciamento-de-residuos-de-servicos-de-saude-pgrss/. Acesso em: 9 jun. 2019.
Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 958, de 26 de setembro de 2014. Disponível
em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/24/MINUTA-
-Portaria-SAS-DDT-Colon-e-Reto-23-09-2014-corrigido-em-24-11-2014.pdf. Acesso
em: 09 jun. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 140, de 27 de fevereiro de 2014. Dis-
ponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2014/prt0140_27_02_2014.
html. Acesso em: 9 jun. 2019.
CENDOROGLO NETO, M. et al. Guia de protocolos e medicamentos para tratamento em
oncologia e hematologia. São Paulo: Hospital Albert Einstein, 2013.
CHEEVER, K. H.; HINKLE, J. L. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
-cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2016.
ESPÍRITO SANTO, E. A. R.; VANZELER, M. L. A. Reações adversas ao tratamento com
5-fluouracil em pacientes portadores de câncer colorretal. Cogitare Enfermagem, v. 11,
n. 2, p. 176-177, maio/ago. 2006.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. ABCdoCâncer: abordagens básicas para o controle
do câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2011.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Açõesdeenfermagemparaocontroledocâncer: uma
proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. Rio de Janeiro: INCA, 2008.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Manualdeboaspráticas: exposição ao risco químico
na central de quimioterapia conceitos e deveres. Rio de Janeiro: INCA, 2015.
MÉNDEZ CASTILLO, E. Central de Mezclas cumple con estándares internacionales
de calidad. Sociedad 3.0, 29 jun. 2015. Disponível em: http://sociedadtrespuntocero.
com/2015/06/central-de-mezclas-cumple-con-estandares-internacionales-de-calidad/.
Acesso em: 9 jun. 2019.
RODRIGUES, A. B.; MARTIN, L. G. R.; MORAES, M. W. Oncologia multiprofissional: bases
para assistência. Barueri: Manole, 2016.
SCHERR, A. J. O. etal.Protocoloestadualdequimioteapiaantineoplástica: oncologia clínica
1. Aracaju: Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe/FUNESA, 2016.
23
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Cuidados na quimioterapia

  • 1. CUIDADO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO I Renata de Paula Fara Rocha
  • 2. Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Relacionar a biossegurança com a técnica de administração de quimioterápicos.  Descrever as formas de aplicação de quimioterapia e os locais de administração.  Demonstrar a Sistematização da Assistência de Enfermagem que aborda a administração, manutenção e retirada dos quimioterápicos. Introdução Aquimioterapiaéumamodalidadedetratamentodocâncerquepodelevar à cura ou ser utilizada para minimizar o sofrimento causado pelo câncer nos cuidados paliativos. Nesse tipo de tratamento, são utilizados medica- mentos com potencial para destruir as células tumorais. No entanto, para a administração de quimioterápicos, muitos pontos precisam ser avaliados. Neste capítulo, você vai ver como relacionar a biossegurança com a técnica de administração de quimioterápicos, vai aprender a descrever as formas de aplicação de quimioterapia e os locais de administração e demonstrar a Sistematização da Assistência de Enfermagem que aborda a administração, manutenção e retirada dos quimioterápicos. Biossegurança e administração de quimioterápicos A biossegurança é um conjunto de ações que tem como objetivo prevenir, controlar ou eliminar os riscos relacionados à assistência em saúde (BRASIL,
  • 3. 2010), já que os quimioterápicos apresentam risco para o profissional que manipula essa droga. Além disso, é importante destacar que os agentes qui- mioterápicos não são específicos para a célula tumoral, eles agem em células que estão em divisão celular, ou seja, atingem células saudáveis também. Sendo assim, o contato com essas substâncias pode causar efeitos adversos em pessoas saudáveis também e, como a equipe de enfermagem está em con- tato direto com o paciente, esses profissionais podem ser afetados. Por isso, é fundamental que a equipe adote medidas de biossegurança na manipulação dos agentes quimioterápicos. O contato com a droga pode acontecer em diversos momentos: durante o preparo, na administração, através de partículas no ar, nas excretas do paciente e no descarte dos materiais. Para minimizar o risco e evitar a exposição a esses agentes, medidas de biossegurança devem ser adotadas. Por exemplo, os profissionais devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) para manipulação das drogas e recomenda-se o uso de jalecos de manga longa, óculos, luvas de procedimento e máscara de carvão ativado. O preparo dos quimioterápicos deve ser realizado em capelas de fluxo laminar por profissional treinado e capacitado e deve haver uma sala específica para preparo dos quimioterápicos (Figura 1). Essas medidas de biossegurança, se adotadas, podem ajudar a prevenir e proteger o profissional da exposição aos quimioterápicos. Figura 1. Preparo dos quimioterápicos em capelas de fluxo laminar. Fonte: Méndez Castillo (2015, documento on-line). Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 2
  • 4. Para a administração dos quimioterápicos (Figura 2), as medidas de biossegurança que podem ser implementadas para minimizar os riscos são: utilização de campos descartáveis, equipos e seringas luer lock, manter gaze próxima para eventual vazamento, não retirar o ar de seringas e equipos (de- vem vir prontos para administração), avaliar todas as conexões para prevenir vazamentos. Figura 2. Administração de quimioterápicos. Fonte: Maia (2010, documento on-line). O descarte de materiais deve ser feito em recipientes próprios, de acordo com a classificação de resíduos de saúde, o que também configura medida de biossegurança. Os resíduos químicos estão no grupo B, conforme mostra a Figura 3, a seguir. 3 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 5. Figura 3. Descarte de resíduos. Fonte: Wons (2017, documento on-line). Para saber mais sobre o gerenciamento dos resíduos de saúde, acesse o manual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. https://qrgo.page.link/VNXwn Essas estratégias de biossegurança são importantes para a manipulação, administração e para o descarte de qualquer agente quimioterápico cuja forma de apresentação seja ampola ou frasco-ampola. Independentemente da via de administração (intravenosa, intratecal, intra-arterial, intracavitária, intramus- cular, intralesional ou intravesical), as medidas são as mesmas. Quanto às vias de administração oral e tópica, os cuidados de biossegurança estão relacionados ao fracionamento e acondicionamento dessas drogas, e são os mesmos descritos anteriormente (uso de EPIs para manipulação e descarte adequado), com exceção dos cuidados descritos relacionados à administração. Outras medidas de biossegurança também são importantes, como a atenção que deve ser dada às excretas do paciente (fezes, urina e vômitos), pois podem Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 4
  • 6. conter agentes quimioterápicos. Ao desprezar as excretas, deve-se evitar res- pingos e tampar o vaso sanitário antes de dar a descarga. A manipulação de roupas contaminadas deve ser feita com luvas, e o descarte, em saco plástico duplo e identificado. No caso de acidentes com quimioterápicos, devem ser tomadas as medidas listadas a seguir.  Pele: retirar todo o EPI contaminado e descartar, lavar a pele com água e sabão.  Olhos: lavar com soro fisiológico 0,9% ou água por 5 minutos.  Ambiente: isolar a área, usar compressas para absorver o medicamento, lavar a área com água e sabão.  Inalação: usar máscara de carvão ativado para prevenção. Formas de aplicação de quimioterapia e os locais de administração O câncer é uma doença que engloba mais de 100 tipos diferentes de patologias e origina-se do crescimento anormal e descontrolado de determinada célula. A partir de um agente carcinogênico, o DNA celular sofre uma mutação e, a partir daí, ocorre um crescimento celular desordenado, gerando um tumor (Figura 4). Figura 4. Desenvolvimento de câncer. Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com. 5 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 7. Para o tratamento do câncer, existem três modalidades básicas: a qui- mioterapia, a radioterapia e a cirurgia. A cirurgia pode ser do tipo: cura- tiva (quando o tumor é completamente retirado); diagnóstica (que são as biópsias, nas quais um fragmento de tecido é retirado para diagnóstico) e paliativa (quando o objetivo é aliviar os efeitos colaterais causados pelo câncer) (BRASIL, 2016). A radioterapia consiste na aplicação de radiação ionizante para destruir ou controlar o crescimento tumoral. Pode ser de dois tipos: a radioterapia externa (em que a radiação é emitida por um aparelho e direcionada para o local do tumor) e a braquiterapia (um material radioativo é inserido dentro ou próximo do tumor). A quimioterapia consiste no uso de medicamentos para controlar e destruir a célula tumoral. Na atualidade, a forma mais utilizada é a poliquimioterapia, que consiste na combinação de duas ou mais drogas, com ação complementar. Essa modalidade apresenta resultados e reduz os efeitos colaterais. Assim, é uma forma de tratamento considerada sistêmica. É administrada em ciclos, ou seja, os medicamentos são administrados em intervalos regulares, que podem ser a cada três, quatro, cinco ou seis semanas, já que não ocorre a destruição de 100% das células tumorais em apenas um ciclo; dessa forma, as células restantes precisam ser destruídas nos próximos ciclos. O primeiro ciclo de quimioterapia é chamado de indução, e seu objetivo é alcançar a remissão total (menos de 5% de células neoplásicas na medula óssea) ou parcial da doença (menos de 20% de células neoplásicas na medula óssea) (MAIA, 2010). Classificação Os agentes quimioterápicos podem ser classificados de acordo com a fina- lidade, a especificidade no ciclo celular e a estrutura química/mecanismo de ação. De acordo com a finalidade, a quimioterapia pode ser paliativa, tratamento temporário, neoadjuvante, adjuvante ou curativa, tipos descritos a seguir.  A quimioterapia paliativa é utilizada para aliviar os efeitos do câncer, sem possibilidade de cura.  O tratamento temporário é semelhante ao da quimioterapia paliativa, mas pode ser repetido por vários ciclos, mesmo sem possibilidade de cura da doença. É indicado para tumores de evolução crônica, que permitem longa sobrevida. Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 6
  • 8.  A quimioterapia neoadjuvante, também chamada de prévia ou citor- redutora, consiste na administração de quimioterápicos para redução de tumores avançados para posterior intervenção cirúrgica.  A quimioterapia adjuvante ou profilática é indicada após a ressecção cirúrgica completa do tumor. É utilizada como prevenção.  A quimioterapia curativa tem por objetivo curar e destruir comple- tamente as células tumorais. Quanto à especificidade no ciclo celular, podem ser classificados como ciclo-específicos ou ciclo-inespecíficos. As células tumorais caracterizam-se pelo crescimento constante e desor- denado. Sendo assim, algumas drogas podem agir em fases específicas do ciclo celular e impedir a atividade mitótica. O ciclo celular (Figura 5) é dividido em fases: G0 (repouso), G1 (aumenta de tamanho e sintetiza RNA e proteínas), S (síntese de DNA), G2 (duplicação de organelas), M (mitose). Figura 5. Ciclo celular. Fonte: Alila Medical Midia/Shutterstock.com. Sendo assim, os agentes quimioterápicos que agem em uma fase específica do ciclo celular são chamados de ciclo-específicos. Já os agentes que atuam em qualquer momento do ciclo celular são chamados de ciclo-inespecíficos. 7 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 9. Quanto à estrutura química/mecanismo de ação, os agentes quimioterápi- cos podem ser: agentes alquilantes, antimetabólitos, antibióticos, alcaloides, agentes múltiplos e hormônios. Esses agentes podem ser ciclo-específicos ou ciclo-inespecíficos. Os agentes alquilantes causam alterações na cadeia de DNA das células, interferindo, assim, na sua replicação. Agem também recrutando células em fase G0 para iniciar a divisão celular, o que potencializa a ação dos agentes ciclo-específicos. Exemplo de agentes alquilantes são: cisplatina, ciclofosfa- mida, ifosfamida. Os antimetabólitos são substâncias que possuem estrutura química seme- lhante à de metabólitos normais, mas não exercem a função desse metabólito. Assim, eles se ligam a receptores e são incorporados na célula bloqueando a produção de substâncias fundamentais para que a divisão celular ocorra. Metotrexato, ara-C e tioguanina são exemplos de antimetabólitos. Os antibióticos antitumorais são agentes que interferem na síntese dos ácidos nucleicos. Exemplos de antibióticos são daunoblastina, doxorrubicina e idarrubicina. Os alcaloides são agentes que inibem a mitose por causar destruição dos microtúbulos, o que impede a polarização dos cromossomos — por exemplo: vincristina, vimblastina, etoposide. Os agentes múltiplos , como asparaginase, bleomicina e hidroxiureia, são uma classe de quimioterápicos que possuem variados mecanismos de ação. Finalmente, os hormônios e antagonistas hormonais são uma classe composta por diversas substâncias hormonais que podem recrutar células para a divisão celular. Exemplos desses hormônios são prednisona, metil- prednisolona e dexametasona. Vias de administração Os agentes quimioterápicos podem ser administrados por diversas vias. A via oral é a mais simples e indolor, mas apresenta limitações devido à absorção das drogas e aos efeitos gastrointestinais. São exemplos de drogas administradas por via oral os hormônios corticosteroides e a hidroxiureia. As vias intramuscular e subcutânea são as menos utilizadas devido às características tóxicas dos agentes quimioterápicos. Por via intramuscular, pode-se administrar a asparaginase e, pela via subcutânea, a citarabina. A via intratecal é utilizada para a administração de agentes quimioterá- picos no líquor e realizada através da punção lombar (Figura 6), por isso, é Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 8
  • 10. feita pelo médico. O objetivo de administrar drogas no espaço subaracnoide é impedir a proliferação do câncer no sistema nervoso central. As drogas mais utilizadas por essa via são o metotrexato e a citarabina. Figura 6. Punção lombar. Fonte: Casa nafayana/Shutterstock.com. Na Figura 7, você pode ver os espaços entre as meninges. A administração via intratecal utiliza o espaço subaracnoide. Figura 7. Espaço entre as meninges para administração de quimioterápico por via intratecal. Fonte: Systemoff/Shutterstock.com. 9 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 11. A via endovenosa é, sem dúvida, a via mais utilizada para a administração dos quimioterápicos. Para a administração de medicamentos por essa via, pode-se utilizar uma punção periférica normal com dispositivos como os ilustrados na Figura 8. O calibre a ser utilizado dependerá das condições do vaso e do volume da infusão. Figura 8. Dispositivos para administração via endovenosa. Fonte: Piyawan Chanpetch/Shutterstock.com. Algumas drogas são consideradas vesicantes, ou seja, se extravasarem, têm o potencial de causar lesão (Figura 9). Por isso, é muito importante garantir um bom acesso venoso para administração de quimioterápicos. Em casos de extravasamento, o conteúdo deve ser aspirado através de pressão negativa no êmbolo da seringa, o acesso venoso deve ser retirado e deve-se aplicar compressa fria, com exceção dos extravasamentos por alcaloides da vinca (vin- cristina e vimblastina), em que se deve aplicar compressa quente (MAIA, 2010). Figura 9. Lesões por administração de quimioterápicos. Fonte Martins (2013, documento on-line). Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 10
  • 12. Para evitar a ocorrência de extravasamentos e as múltiplas punções, existem acessos vasculares de longa permanência utilizados no tratamento quimiote- rápico, os cateteres semi-implantados e os totalmente implantados. Os cateteres totalmente implantados são implantados pelo médico. Nesse tipo de cateter, existe uma porção que é colocada na região do tórax, no tecido subcutâneo, e, ligado a ela, existe um cateter que acessa o vaso. Veja, na Figura 10, o posicionamento do cateter. Figura 10. Posicionamento do cateter. Fonte: Adaptada de rumruay/Shutterstock.com. O cateter totalmente implantado fica sob a pele, não há nenhuma parte exposta. Somente durante a administração do medicamento é que o enfermeiro punciona a porção que fica no subcutâneo. Já no cateter semi-implantado (Figura 11), uma porção do cateter fica posicionada no tórax do paciente, enquanto a porção interna é inserida através de um trajeto no subcutâneo até acessar o vaso. 11 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 13. Figura 11. Cateter semi-implantado. Fonte: Adaptada de rumruay/Shutterstock.com. Para saber mais sobre os cuidados com os acessos vasculares para quimioterapia, leia o artigo no link a seguir. https://qrgo.page.link/VheG4 Efeitos colaterais dos quimioterápicos Por apresentar ação sistêmica, além das células tumorais, os agentes quimiote- rápicos atingem também células sadias em processo de divisão celular. Dessa forma, o tratamento quimioterápico apresenta diversos efeitos colaterais. Os tecidos que apresentam altas taxas de divisão celular são os mais sensíveis à ação das drogas quimioterápicas; são eles: as mucosas, o tecido germinativo capilar e a medula óssea. A gravidade dos efeitos colaterais depende da dose do quimioterápico, do tempo de exposição das células ao agente, da toxicidade de cada quimioterápico, do metabolismo e do estado geral do paciente (MAIA, 2010). Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 12
  • 14. Para minimizar os efeitos colaterais da quimioterapia, o paciente precisa apresentar condições mínimas, que são:  ter perdido menos de 10% do peso corporal (referência é o peso do início da doença);  não apresentar contraindicação clínica para uso dos quimioterápicos escolhidos;  não apresentar infecção, ou, no caso de infecção, deve estar controlada;  quanto à capacidade funcional, deve apresentar índice de Zubrod 0, 1 ou 2 e Karnofsky maior que 50%. Quanto aos exames laboratoriais, o paciente deve apresentar:  leucócitos > 4.000/mm³ ;  neutrófilos > 2.000/mm³ ;  plaquetas > 150.000/mm³ ;  hemoglobina > 10 g/dl;  ureia < 50 mg/dl;  creatinina < 1,5 mg/dl;  bilirrubina total < 3,0 mg/dl;  ácido úrico < 5,0 mg/dl;  aminotransferases (transaminases) < 50 Ul/ml. Os índices de Zubrod e Karnofsky avaliam a capacidade funcional do paciente. A classificação é a seguinte:  Zubrod 0, Karnofsky 100%–90%: doente assintomático ou com sintomas mínimos.  Zubrod 1, Karnofsky 89%–70%: doente sintomático, mas com capacidade para o comparecimento ambulatorial.  Zubrod 2, Karnofsky 69%–50%: doente permanece no leito menos da metade do dia.  Zubrod 3, Karnofsky 49%-30%: doente permanece no leito mais da metade do dia.  Zubrod 4, Karnofsky 29%–10%: doente acamado, necessitando de cuidados constantes.  Karnofsky < 9%: doente agônico. Fonte: Brasil (2016). 13 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 15. Distúrbios hematológicos Os agentes quimioterápicos podem causar toxicidade hematológica e, dessa forma, causar distúrbios como leucopenia, plaquetopenia e anemia. As complicações que ocorrem são a infecção, decorrente da neutropenia, os sangramentos, decorrentes da plaquetopenia e a anemia, decorrente da diminuição do número de hemácias. Os cuidados de enfermagem para distúrbios hematológicos são:  monitorar temperatura, pois a febre é uma importante manifestação clínica de infecção;  orientar o paciente sobre o risco de infecção;  atentar para que não ocorra quebra de técnica na realização dos pro- cedimentos invasivos;  avaliar sinais e sintomas de infecção: taquipneia, taquicardia, tremores e calafrios, hipotensão, disúria, alterações intestinais;  orientar o paciente quanto às medidas de higiene oral e corporal e de higiene dos alimentos;  minimizar risco de trauma como causa de sangramento;  evitar injeção intramuscular e subcutânea;  minimizar venopunções, cateterismos vesicais e outros invasivos;  prover medidas de segurança para evitar quedas;  inspecionar locais com potencial de sangramento (pele, nariz, boca, etc.);  fazer teste para sangue oculto (fluidos — urina, fezes, vômito);  monitorar hemograma;  realizar transfusão de plaquetas se plaquetas < 10.000 mm3 ;  orientar paciente e família acerca da possibilidade de sangramento. Náuseas e vômitos A ocorrência de náuseas e vômitos depende da droga e da característica de cada paciente. Existem drogas que causam náuseas e vômitos com maior frequência, como, por exemplo, ciclofosfamida, cisplatina e metotrexato. Esses efeitos colaterais podem causar leve desconforto ou situações gra- ves, como desequilíbrios hidroeletrolíticos e déficits nutricionais. Além do impacto fisiológico, geram um impacto importante na qualidade de vida, pois interferem nas atividades de vida diária. Cuidados de enfermagem para náuseas e vômitos são: Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 14
  • 16.  manter o ambiente arejado, sem odores;  ajustar a dieta, priorizando alimentos leves e fracionando a dieta;  priorizar alimentos frios, líquidos gelados ou pedaços de gelo;  evitar alimentos com cheiro forte, evitar carne vermelha, derivados do leite, café e chocolate;  administrar antieméticos antes e após a administração da quimioterapia;  avaliar as eliminações;  realizar e/ou orientar a realização de higiene oral;  manter cabeceira elevada, lateralizar cabeça durante os episódios de vômitos;  avaliar equilíbrio eletrolítico, instalar balanço hídrico;  estimular ingestão líquidos ou realizar hidratação venosa ou subcutânea;  promover conforto através de terapias complementares tais como acu- puntura, relaxamento, técnicas de distração. Mucosite Trata-se de uma resposta inflamatória que acomete a cavidade oral princi- palmente, mas pode atingir todo o trato gastrointestinal. Manifesta-se por ulcerações, disfagia, eritema, sialorreia, sangramento, dor. A dor é um fator importante e limitante, que interfere na alimentação e algumas vezes leva à hospitalização. Em casos graves, a nutrição parenteral pode ser necessária. As drogas com maior potencial para causar mucosite (Figura 12) são: daunoblastina, doxorrubicina, metotrexato. Figura 12. Mucosite. Fonte: Silva (2016, documento on-line). 15 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 17. Cuidados de enfermagem com a mucosite são:  realizar higiene oral;  manter acompanhamento odontológico durante tratamento quimioterápico;  inspecionar cavidade oral;  utilizar escova macia;  hidratar os lábios;  remover próteses dentárias;  avaliar a dor e medicar conforme intensidade da dor;  orientar a ingestão de alimentos com consistência mais pastosa, evitar alimentos condimentados, ácidos ou muito salgados, evitar alimentos quentes;  avaliar sangramento. Alopecia É um efeito colateral caracterizado pela queda de cabelo, causado pelo efeito dos agentes quimioterápicos nas células do tecido germinativo capilar, pois são células que apresentam altas taxas de divisão celular. É indolor e temporário; seu principal impacto está na autoimagem, o que traz prejuízo importante na qualidade de vida. Muitos quimioterápicos causam alopecia, mas os mais comuns são os agentes alquilantes. Cuidados de enfermagem para essa condição são:  orientar o uso peruca, chapéus, lenços, se for da vontade do paciente;  estimular a participação da família;  informar que é um efeito passageiro e que o cabelo volta a crescer após o tratamento;  estimular autoestima;  encaminhar para a psicologia;  estimular a participação em grupos de apoio. Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 16
  • 18. Sistematização da Assistência de Enfermagem: administração, manutenção e retirada dos quimioterápicos O enfermeiro é o profissional que está presente em todas as fases do tratamento do paciente oncológico. A quimioterapia envolve diversas ações de enfermagem tanto na administração quanto no manejo dos efeitos colaterais. A seguir, acompanhe um caso de um paciente com diagnóstico de câncer de cólon e a Sistematização da Assistência de Enfermagem apliacada a ele. 23/05/2019 – 10 horas. M. D. V., 72 anos, sexo feminino, natural da Bahia, casada, mãe de 4 filhos. Tem histórico de câncer de ovário há 10 anos, realizou histerectomia e evoluiu com a cura da doença. Tem histórico de câncer colorretal na família. Refere que, ao longo da vida, manteve uma alimentação rica em carne vermelha e frituras. É sedentária e nunca gostou de praticar atividade física. Apresenta bom padrão de sono. História da doença atual: há 6 meses, apresentou mudança de padrão intestinal (diarreia frequente) e dor abdominal. Nos últimos meses, observou a presença de sangue nas fezes e, por isso, procurou o serviço de saúde. Foi realizada uma colonoscopia com biópsia que diagnosticou o câncer de cólon. M. D. V. recebeu ressecção cirúrgica do tumor e quimioterapia adjuvante. A quimio- terapia adjuvante teve início 4 semanas após a cirurgia. As drogas escolhidas foram a 5-fluorouracila e a oxaliplatina via endovenosa, 6 ciclos com intervalo de 3 semanas entre os ciclos, e as drogas foram aprazadas para as 16 horas. No momento, está internada para a realização do terceiro ciclo de quimioterapia. Ao exame físico: lúcida e orientada. Refere dor abdominal, náuseas e vômitos, apre- sentando prejuízo do sono por isso. Hipocorada, respirando em ar ambiente, eupneica. Bastante emagrecida, refere hiporexia. Cavidade oral com presença de múltiplas ulcerações. Presença de cateter totalmente implantado em região torácica direita. À ausculta cardíaca, bulhas normofonéticas em dois tempos. À ausculta respiratória, murmúrios vesiculares universalmente audíveis. Ao exame abdominal, ruídos hidro- aéreos hiperativos, abdomem distendido, refere dor à palpação superficial. MMSS e MMII sem alterações. Eliminações urinárias presentes e eliminações intestinais com presença de sangue visível. SSVV: Tax = 37,6ºC; FR = 23 irpm; PA = 100 x 60 mmHg; P = 82 bpm; Sat O2 = 97%. Exames laboratoriais: hematócrito = 27%; hemoglobina = 8 mg/dL; plaquetas = 50.000; leucócitos = 2000 mm3 . 17 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 19. Diagnóstico de enfermagem Planejamento Aprazamento Dor crônica relacionada ao câncer de colón e caracterizada por relato verbal e dor à palpação abdominal Paciente apresentará melhora da dor em até 6 horas Intervenções de enfermagem Avaliar a dor por meio de escalas a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Administrar analgésicos prescritos conforme intensidade da dor CPM (conforme prescrição médica) Avaliar ação dos medicamentos administrados CPM Implementar medidas não farmacológicas para alívio da dor, tais como: meditação, massagens, compressas a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Monitorar sinais vitais a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Diagnóstico de enfermagem Planejamento Aprazamento Náusea relacionada ao tratamento quimioterápico caracterizada por relato de náuseas e presença de vômitos Paciente apresentará melhora das náuseas e vômitos em curto prazo Intervenções de enfermagem Manter o ambiente arejado, sem odores Contínuo Ajustar a dieta, priorizando alimentos leves e fracionando a dieta 08 12 17 21 Priorizar alimentos frios, líquidos gelados ou pedaços de gelo 08 12 17 21 Evitar alimentos com cheiro forte, carne vermelha, derivados do leite, café e chocolate 08 12 17 21 Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos (Continua) Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 18
  • 20. Intervenções de enfermagem Administrar antieméticos antes e após a administração da quimioterapia 15 Avaliar as eliminações a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Realizar e/ou orientar a realização de higiene oral 10 Manter cabeceira elevada, lateralizar cabeça durante os episódios de vômitos Contínuo Instalar balanço hídrico 18 06 Administrar hidratação venosa conforme prescrição médica CPM Promover conforto através de terapias complementares, tais como relaxamento, técnicas de distração a cada 6 horas 12 18 24 06 Diagnóstico de enfermagem Planejamento Aprazamento Mucosa oral prejudicada relacionada ao tratamento quimioterápico e caracterizada por múltiplas ulcerações em cavidade oral Paciente apresentará melhora das lesões em médio prazo Intervenções de enfermagem Realizar higiene oral 4 vezes ao dia 08 12 17 22 Inspecionar cavidade oral a cada 6 horas 12 18 24 06 Utilizar escova macia a cada higienização 08 12 17 22 Hidratar os lábios 3 vezes ao dia 08 14 22 Remover próteses dentárias 10 Avaliar a dor a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Administrar medicamentos conforme intensidade da dor CPM Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos (Continua) (Continuação) 19 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 21. Intervenções de enfermagem Orientar a ingestão de alimentos com consistência mais pastosa, evitar alimentos condimentados, ácidos ou muito salgados e alimentos quentes 10 Avaliar sangramento a cada 6 horas 12 18 24 06 Encaminhar para acompanhamento odontológico durante tratamento quimioterápico 10 Diagnóstico de enfermagem Planejamento Aprazamento Nutrição desequilibrada menor que as necessidades corporais relacionada a mucosite, náuseas e vômitos e caracterizada por hiporexia e emagrecimento Paciente apresentará melhora da nutrição em médio prazo Intervenções de enfermagem Fracionar a dieta 10 14 18 22 02 06 Oferecer alimentos de acordo com a tolerância, preferencialmente pastosos 10 14 18 22 02 06 Avaliar aceitação da dieta 10 14 18 22 02 06 Avaliar a necessidade de outras vias de alimentação (enteral ou parenteral) a cada 12 horas 10 22 Realizar adequado controle da dor a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Realizar adequado controle das náuseas e vômitos a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Pesar diariamente em jejum 06 Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos (Continuação) (Continua) Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 20
  • 22. Diagnóstico de enfermagem Planejamento Aprazamento Risco de infecção relacionado à leucopenia Paciente não apresentará infecção durante o tratamento Intervenções de enfermagem Monitorar temperatura a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Orientar o paciente sobre o risco de infecção 10 (na visita) Atentar para que não ocorra quebra de técnica na realização dos procedimentos invasivos Contínuo Avaliar sinais e sintomas de infecção: taquipneia, taquicardia, tremores e calafrios, hipotensão, disúria, alterações intestinais a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Orientar o paciente quanto às medidas de higiene oral e corporal, higiene dos alimentos 10 (na visita) Diagnóstico de enfermagem Planejamento Aprazamento Risco de sangramento relacionado à plaquetopenia Paciente não apresentará sangramento durante o tratamento Intervenções de enfermagem Realizar avaliação neurológica a cada 2 horas 10 12 14 16 18 20 22 24 02 04 06 08 Manter repouso absoluto no leito ATENÇÃO Monitorar sangramento a cada 2 horas 10 12 14 16 18 20 22 24 02 04 06 08 Fazer controle de diurese a cada 6 horas 12 18 24 06 Monitorar exames laboratoriais uma vez ao dia 10 (na visita) Minimizar procedimentos invasivos: sondagens, punções 10 (na visita) Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos (Continuação) (Continua) 21 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia
  • 23. Diagnóstico de enfermagem Planejamento Aprazamento Sono prejudicado relacionado a dor, náuseas e vômitos e caracterizado por relato de padrão de sono alterado Paciente apresentará melhora do sono em curto prazo Intervenções de enfermagem Manter ambiente adequado que favoreça o sono 22 Promover o sono com medidas de conforto 22 Realizar adequado controle da dor a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Realizar adequado controle das náuseas e vômitos a cada 4 horas 10 14 18 22 02 06 Quadro 1. Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente com quimioterápicos (Continuação) BRASIL. Ministério da Saúde. Biossegurançaemsaúde: prioridades e estratégias de ação. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Série B. Textos Básicos de Saúde). BRASIL. Ministério da Saúde. Oncologia: manual de bases técnicas. SIA/SUS: Sistema de informações ambulatoriais. 23. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. MAIA, V. R. Assistência de quimioterapia antineoplásica no tratamento de hemopatias malignas. Rio de Janeiro: HEMORIO, 2010. MARTINS, D. Erro em quimioterapia quase leva à amputação do braço. O Liberdade. com, 25 mar. 2013. Disponível em: http://www.oliberdade.com.br/saude/erro-medico- -a-dor-do-descaso. Acesso em: 9 jun. 2019. SILVA, M. H. C. R. Mucosite pós-quimioterapia. Falando sobre Câncer, 07 set. 2016. Dis- ponível em: http://falandosobrecancer.com.br/mucosite-pos-quimioterapia/. Acesso em: 9 jun. 2019. Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia 22
  • 24. WONS, F. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS. Licen- ciador Ambiental, 5 jun. 2017. Disponível em: http://licenciadorambiental.com.br/plano- -de-gerenciamento-de-residuos-de-servicos-de-saude-pgrss/. Acesso em: 9 jun. 2019. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 958, de 26 de setembro de 2014. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/24/MINUTA- -Portaria-SAS-DDT-Colon-e-Reto-23-09-2014-corrigido-em-24-11-2014.pdf. Acesso em: 09 jun. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 140, de 27 de fevereiro de 2014. Dis- ponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2014/prt0140_27_02_2014. html. Acesso em: 9 jun. 2019. CENDOROGLO NETO, M. et al. Guia de protocolos e medicamentos para tratamento em oncologia e hematologia. São Paulo: Hospital Albert Einstein, 2013. CHEEVER, K. H.; HINKLE, J. L. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico- -cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2016. ESPÍRITO SANTO, E. A. R.; VANZELER, M. L. A. Reações adversas ao tratamento com 5-fluouracil em pacientes portadores de câncer colorretal. Cogitare Enfermagem, v. 11, n. 2, p. 176-177, maio/ago. 2006. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. ABCdoCâncer: abordagens básicas para o controle do câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2011. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Açõesdeenfermagemparaocontroledocâncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. Rio de Janeiro: INCA, 2008. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Manualdeboaspráticas: exposição ao risco químico na central de quimioterapia conceitos e deveres. Rio de Janeiro: INCA, 2015. MÉNDEZ CASTILLO, E. Central de Mezclas cumple con estándares internacionales de calidad. Sociedad 3.0, 29 jun. 2015. Disponível em: http://sociedadtrespuntocero. com/2015/06/central-de-mezclas-cumple-con-estandares-internacionales-de-calidad/. Acesso em: 9 jun. 2019. RODRIGUES, A. B.; MARTIN, L. G. R.; MORAES, M. W. Oncologia multiprofissional: bases para assistência. Barueri: Manole, 2016. SCHERR, A. J. O. etal.Protocoloestadualdequimioteapiaantineoplástica: oncologia clínica 1. Aracaju: Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe/FUNESA, 2016. 23 Técnicas e cuidado de enfermagem na quimioterapia