1) O documento discute conceitos fundamentais da estética, arte e religião, incluindo definições de beleza, feio, arte, religião e seus elementos constituintes.
2) A filosofia é definida como a decisão de questionar crenças e sentimentos cotidianos em busca de compreensão.
3) A arte não é definida por uma essência intrínseca, mas pelo estatuto que recebe por meio de críticos, historiadores e locais culturais.
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Conceitos Básicos - Literatura
1. em quase todas as religiões. Uma classificação amplamente aceita
identifica como cinco aspectos:
• A fé é a parte interna da religião (fundamento); o
Não se pode penetrar no universo artístico sem antes uma
que as pessoas acreditam, seus sentimentos de temor, quizilas ou
“iniciação”, pois alguns conceitos são chave para a compreensão
ehô (africano) e reverência, prece individual, etc...
do objeto estético. Você sabe o que é a Estética? Você sabe o que
é Arte? Você sabe como percebemos o mundo? Pois bem, vamos • O culto/rituais é tudo que está envolvido na
estudar então os conceitos básicos que possibilitarão que você, devoção – construções, feitura de òrìsàs (religião africana),
estudante, possa entender os diversos textos literários. imagens, altares, rituais, sacralização de animais (em várias
religiões).
• A comunidade é o aspecto social da religião –
os devotos em seu templo/igreja ou no ilé africano (casa de religião
Nós possuímos áreas de domínio do conhecimento, a
africana)
saber:
• O credo envolve todas as crenças e idéias
O Senso comum mantidas pela religião como um todo, incluindo escrituras e idéias
O senso comum é visto como a compreensão de todas as sobre Deus, anjos, o céu, o inferno e a salvação.
coisas por meio do saber social, ou seja, é o saber que se adquire
através de experiências vividas ou ouvidas do cotidiano. Engloba
• O código envolve a suas crenças religiosas e
costumes, hábitos, tradições, normas, éticas e tudo aquilo que se inclui-se éticas, tabus e idéias sobre o pecado, o que é certo e o
necessita para viver bem. No senso comum não é necessário que que é errado ritualisticamente, porque, entre o fundamento e
haja um parecer científico para que se comprove o que é dito, é um rituais têm que haver lógica, e a santidade.
saber informal que se origina de opiniões de um determinado
indivíduo ou grupo que é avaliado conforme o efeito que produz A Filosofia
nas pessoas. É um saber imediato, subjetivo, heterogêneo e Em “Convite à Filosofia”, Marilena Chauí nos dá uma
acrítico, pois se conforma com o que é dito para se realizar, utiliza didática e eficiente lição sobre o que vem a ser esta forma de
várias idéias e não busca conhecimento científico para ser conhecer o mundo:
comprovado. De maneira espontânea e sem querer as pessoas “Imaginemos, alguém que tomasse uma decisão muito
utilizam o senso comum a quase todo o momento: Ex: Quando se estranha e começasse a fazer perguntas inesperadas. Em vez de
está com o intestino preguiçoso e a vizinha diz que ameixa e "que horas são?" ou "que dia é hoje?", perguntasse: O que é o
mamão é bom para ajudar o intestino, o que é que se faz? Corre tempo? Em vez de dizer "está sonhando" ou "ficou maluca",
para casa e se empanturra de ameixa e mamão. Isso é senso quisesse saber: O que é o sonho? A loucura? A razão? Se essa
comum, a utilização de um método criado a partir de uma pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas
experiência natural. afirmações por outras: "Onde há fumaça, há fogo", ou "não saia na
chuva para não ficar resfriado", por: O que é causa? O que é
A Ciência efeito?; "seja objetivo ", ou "eles são muito subjetivos", por: O que é
Talvez a maneira mais sucinta de caracterizar o a objetividade? O que é a subjetividade?; "Esta casa é mais bonita
conhecimento científico é descrever como ele estuda e não o que do que a outra", por: O que é "mais"? O que é "menos"? O que é o
ele estuda. A ciência poderia em principio estudar qualquer coisa: A belo? Em vez de gritar "mentiroso!", questionasse: O que é a
estrutura do átomo, a origem do universo, a existência do mundo verdade? O que é o falso? O que é o erro? O que é a mentira?
espiritual, o processo pelo qual aprendemos uma língua, etc. Em Quando existe verdade e por quê? Quando existe ilusão e por quê?
tese todas as “ciências” , as naturais ou sociais, deveriam usar o Se, em vez de falar na subjetividade dos namorados, inquirisse: O
mesmo método, embora possam lançar mão de técnicas diferentes. que é o amor? O que é o desejo? O que são os sentimentos? Se,
Um método pode ser definido como uma série de regras para tentar em lugar de discorrer tranqüilamente sobre "maior" e "menor" ou
resolver um problema. No caso do método científico, estas regras "claro" e "escuro", resolvesse investigar: O que é a quantidade? O
são bem gerais. Há um método para testar criticamente e que é a qualidade? E se, em vez de afirmar que gosta de alguém
selecionar as melhores hipóteses e é nesse sentido que podemos porque possui as mesmas idéias, os mesmos gostos, as mesmas
questionar se há um método científico. A ciência não é uma preferências e os mesmos valores, preferisse analisar: O que é um
coleção de fatos e teorias definitivamente estabelecidas, mas um valor? O que é um valor moral? O que é um valor artístico? O que
conhecimento racional – porque crítico-, conjectural, provisório é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Alguém que
,sempre capaz de ser questionado e corrigido. A ciência não é uma tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana
representação completa e perfeita de fenômenos diretamente e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os
observáveis , mas uma reconstrução idealizada e parcial da sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência. Ao
realidade, que explica o visível pelo invisível. O cientista não tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando
realiza uma observação pura e imparcial dos fatos, mas uma conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que
observação guiada por hipóteses e teorias. O cientista não sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse
descobre nem verifica hipóteses por procedimentos indutivos, mas alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude
inventa conjecturas ousadas, surgida de sua imaginação, que serão filosófica. Assim, uma primeira resposta à pergunta "O que é
testadas o mais severamente possível, através de tentativas de Filosofia?" poderia ser: A decisão de não aceitar como óbvias e
refutação que façam uso de experimentos controlados. Desse evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os
modo, ele busca teoria cada vez mais amplas, precisas, profundas, comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los
de maior grau de corroboração, com maior poder preditivo e, talvez, sem antes havê-los investigado e compreendido.”
mais próximas da verdade. Finalmente, a visão de ciências exposta
neste trabalho pode e deve ser criticada. Novos critérios para A Arte
avaliar hipóteses e teorias científicas devem (e estão sendo ) Em seu livro, intitulado “O que é Arte”, Jorge Coli faz uma
proposto. excelente explanação sobre o conceito de arte:
“Para decidir o que é ou não arte, nossa cultura possui
A Religião instrumentos específicos. Um deles, essencial, é o discurso sobre o
A religião é feita tanto de crenças e rituais quanto de objeto artístico, ao qual reconhecemos competência e autoridade.
práticas. A teologia acadêmica (especialmente no Ocidente e em Esse discurso é o que proferem o crítico, o historiador da arte, o
relação ao cristianismo) tende a se concentrar na crença. Todavia, perito, o conservador de museu. São eles que conferem o estatuto
é importante observar que em algumas sociedades não há uma de arte a um objeto. Nossa cultura também prevê locais específicos
palavra correta para religião. Não se trata de um compartimento onde a arte pode manifestar-se, quer dizer, locais que também dão
separado da vida – é um modo de compreender e viver a própria estatuto de arte a um objeto. Num museu, numa galeria, sei de
vida. Mesmo assim, é possível distinguir vários aspectos diferentes antemão que encontrarei obras de arte; num cinema "de arte",
1
2. filmes que escapam à "banalidade" dos circuitos normais; numa categorias, pois entende-se que Belo é a forma artística que guarda
sala de concerto, música "erudita", etc. Esses locais garantem-me harmonia, senso de medida, fruição serena e tranqüila.
assim o rótulo "arte" às coisas que apresentam, enobrecendo-as. Sobre isso, Bruyne afirma: “A arte não produz unicamente
(...) o importante é termos em mente que o estatuto da arte não o belo, mas também o feio, o horrível, o monstruoso (...)”.
parte de uma definição abstrata, lógica ou teórica, do conceito, mas Considerando o Belo apenas uma categoria do estético, Kainz
de atribuições feitas por instrumentos de nossa cultura, dignificando resume:
os objetos sobre os quais ela recai. A crítica, portanto, tem o poder “A palavra belo exprime, em primeiro lugar, aquilo que nos produz
não só de atribuir o estatuto de arte a um objeto, mas de o um máximo de satisfação plena e tranqüila do gosto estético (...)
classificar numa ordem de excelências, segundo critérios próprios. Entretanto, quando definimos a estética como a ciência do belo,
Existe mesmo uma noção em nossa cultura, que designa a posição nao há dúvida de que tomamos, e temos necessariamente que
máxima de uma obra de arte nessa ordem: o conceito de obra- tomar, como base desta definição, uma acepção distinta e mais
prima. Desse modo, o "em si" da obra de arte, ao qual nos ampla deste conceito... Daí dizer-se que o objeto sobre o qual
referimos, não é uma imanência, é uma projeção. Somos nós que recaem as investigações da estética não é belo, no sentido usual,
enunciamos o "em si" da arte, aquilo que nos objetos é, para nós, estrito e próprio da palavra, mas sim tudo que influi estéticamente
arte. Mário de Andrade disse uma vez que a arte não é um em nós, incluindo-se aí até certas ásperas categorias que lidam já
elemento vital, mas um elemento da vida. Não nos é imediatamente com o feio... (...)”.
necessária como a comida, as roupas, o transporte e descobrimos Quanto as questões de terminologia, como disse Jacques
nela a constante do supérfluo, do inútil. Uma lâmina num cabo é Maritain, adota-se a que se deseja. Porém, é bem verdade que
uma faca, mas é preciso que o cabo seja esculpido, que a lâmina seria injusto definir estética pelo belo, excluindo o feio já que muitos
seja gravada, para que a faca, objeto de um trabalho supérfluo, artistas quiseram manifestar justamente isso. Sendo assim,
exprima o amor e a atenção que o homem consagrou a ela. Se a definiremos aqui a Estética como a FILOSOFIA DA BELEZA e essa
arte é associada a um objeto útil, ela é, nele, o supérfluo. Podemos beleza inclui o amargo, o feio e o harmônico, o belo.
dizer também que a arte, em certos casos, torna-se a insígnia de Platão, sobre a beleza, afirmava que “a beleza de um
uma "superioridade" que um grupo determinado confere a si objeto depende da maior ou menos comunicação que ele tem com
mesmo. Interessar se pela arte significa ser mais "culto", ter espírito uma beleza superior”. Já Aristóteles dizia que “a beleza do objeto
"mais elevado", ser diferente, melhor que o comum dos mortais. A depende da ordem ou harmonia que exista entre suas partes”. A
arte propõe uma viagem de rumo imprevisto - da qual não sabemos nenhum destes grandes pensadores ocorreu que a beleza pode
as conseqüências. Porém, empreendendo-a, o que conta não é a não ser uma propriedade do objeto, mas do sujeito, como disse
chegada, é a evasão. Buscamos a arte pelo prazer que ela nos Kant. Assim, segundo ele, existe a inteligência, a vontade e o juízo
causa. Uma sinfonia, um quadro, um romance são refúgios, pois de gosto (domina a sensação de prazer ou desprazer). A partir
instauram um universo para o qual nos podemos bandear, fugindo disso, podemos dizer que a grande contribuição de Kant na
das asperezas de nossa vida "real", procurando as delícias das estética, foi mostrar que a beleza não é puramente intelectual nem
emoções "não reais". No fundo, são os mesmos motivos que nos puramente sensível. Sobre isso, Lalo afirmou “(...) é nossa maneira
fazem assistir a um jogo de futebol. A diferença é o corolário que de pensá-los que faz a beleza dos objetos ou das pessoas, assim
enunciamos acima: as emoções artísticas são ricas e fecundas, o como também sua feiúra. Porque em si eles não são belos nem
prazer e a evasão só são "alienações" num primeiro momento: feios: são o que são, e qualquer outra qualificação lhes é extrínseca
transformando nossa sensibilidade, elas transformam também e vem-lhes exclusivamente de nós”.
nossa relação com o mundo. “ Hoje a palavra Estética está muito associada à beleza
física, pois vivemos em uma sociedade do espetáculo, em que a
imagem, a aparência, supera, por vezes, a própria essência dos
objetos. É sempre bom lembrar que “a Beleza está nos olhos de
“A ARTE É A MAIS BELA DAS quem vê”. Sei que é um clichê, mas a verdade é que possuímos
MENTIRAS.” muitos olhares, e, cada um, tem seu modo de perceber o mundo.
(Claude Debussy) Vejamos o que nos ensina Marilena Chauí, em seu livro
“Convite à Filosofia”, em capítulo intitulado “A Percepção”:
“O conhecimento sensível também é chamado de conhecimento empírico ou experiência sensível e suas formas principais são a sensação
e a percepção. A tradição filosófica, até formas de sedistinguia sensação de percepção pelo grau de complexidade. A sensação é o que
Como podemos perceber, há várias o século XX, fazer
arte, dentredá asaqualidades pintura, a escultura, e, evidentemente,
nos elas música, a exteriores e interiores, isto é, as qualidades dos objetos e os efeitos internos dessas qualidades sobre nós. Na
Chegamos, finalmente, ao que, conceitualmente,
a literatura. Sim, vemos, tocamos, tipo de arte, que tem por objeto puras e diretas: cores, odores, sabores, texturas. Sentimos o quente e o frio, o
sensação a Literatura é um sentimos, ouvimos qualidades a
interessa-nos mais: o conceito de Literatura. Sabemos que é um que
palavra, seja ela oral ou o liso e (embora oo vermelho Literatura nas Sentir é algo ambíguo, pois o sensível é, ao mesmo tempo, a qualidade
doce e o amargo, escrita o rugoso, ensino de e o ve rde, etc.
escolas brasileiras possuisentimento interno que nosso corpo possui das qualidadesesentidas. Por isso, a seja, suacostuma dizer que o uso
está no objeto e o uma tradição de majoritariamente ensinar tipo de arte que seu objeto, ou tradição matéria-prima, é a sensação
a literatura escrita). corporal de adentrarmos, propriamente, na externa, sem não oseja possívelou espontâneo,ato da sensação, o estímulo
é uma reação Antes imediata a um estímulo ou excitação da palavra, que uso casual, distinguir, no mas um uso especial,
Literatura, precisamos entender o que vem a distinção só poderia ser feita num a palavra ganha um sentindo novo,anatomia, fisiologia e sistema
exterior e o sentimento interior. Essa ser a Estética. em que laboratório, com análise de nossa metafórico, conotativa,
nervoso. Quando examinamos a sensação, notamos que ninguém diz que sente oaquente, vê o azulporengole lê. amargo. Pelo contrário,
cifrado, codificado, ser desvendado e quem o
dizemos que a água está quente, que o céu é azul e que o alimento está amargo. Isto é, sentimos se pronuncia clara é a de que de seres
Primeira questão que as qualidades como integrantes a
mais amplos e complexos do que a sensação isolada de cada qualidade. é umisso, se diz que, na simbólica, e como, diria Platão, sob a
Literatura Por tipo de linguagem realidade, só temos sensações
forma de percepções, isto é, de sínteses de sensações.”
A Estética é considerada, ainda hoje, um saber filosófico em seu livro Fedro, a linguagem é ume espécie de “pharmakon”,
sobre o Belo ou sobre a Arte. Tradicionalmente, sempre foi possui pois três sentidos: remédio, veneno e cosmético. Podemos
entendida como a Filosofia do Belo ou da Arte. O Belo é uma conhecer, comunicar-se, encantar-se e, também, enganar-se.
propriedade característica de um dado objeto, no caso da arte, um Então, a força da linguagem é assustadora (mitos, crenças,
objeto artístico. Vários pensadores entendiam que o Belo pode religiões, palavras-tabu, discursos, preces, depoimentos, poemas,
estar tanto na Arte quanto na Natureza. Como bem nos ensina romances, enfim).
Ariano Suassuna, em seu livro “Iniciação à Estética”, “é a partir do Como linguagem simbólica, a Literatura é essencialmente
idealismo germânico que o Belo da Arte começa a ser considerado figurativa, poética, e, sobretudo, metafórica. “A literatura é uma
superior ao belo da Natureza”, pois, para Hegel, a Beleza Artística arte, a arte da palavra, isto é, um produto da imaginação criadora,
possui mais dignidade que a própria Beleza da Natureza, porque cujo meio específico é a palavra, e cuja finalidade é despertar no
esta é nascida uma vez, aquela é como que nascida duas vezes do leitor ou no ouvinte o prazer” (Afrânio Coutinho). Faz sonhar,
Espírito. Mais adiante, Kant transforma o conceito do Belo em uma provoca reflexões, diverte, constrói a identidade de um povo, e,
categoria, e, por essa razão, a Estética deve ser tratada como uma evidentemente, denuncia a realidade. Literatura é ficção, é criação,
ciência. Assim, estético seria algum efeito que transmita certa imaginação. O escritor recria livremente a realidade, dando origem
beleza, e a Estética seria a ciência que estudaria este fenômeno. a uma realidade ficcional.
E qual o espaço do Feio ou do Cômico, ou do Risível? Até
para o filósofo Aristóteles, o estético contemplaria todas as Assim, surge um conceito novo, para a nossa discussão:
o conceito de “mímesis”:
2
3. conferir a esses seres não-humanos inteligência e sentimentos
fazem parte do heterocosmo poético, cujas leis podem ser
Do gr. mímesis, “imitação” (imitatio, em latim), designa a homólogas, no máximo, mas nunca idênticas às do mundo real. A
ação ou faculdade de imitar; cópia, reprodução ou representação literatura de ficção supera a antítese do ser e do não ser, do real e
da natureza, o que constitui, na filosofia aristotélica, o fundamento do imaginário: a personagem artística é, porque foi criada por seu
de toda a arte. Heródoto foi o primeiro a utilizar o conceito e autor, e, ao mesmo tempo, não é, porque nunca existiu no plano
Aristófanes, em Tesmofórias (411), já o aplica. O fenômeno não é histórico.
um exclusivo do processo artístico, pois toda atividade humana
inclui procedimentos miméticos como a dança, a aprendizagem de
línguas, os rituais religiosos, a prática desportiva, o domínio das Outra forte característica de um texto literário é a
novas tecnologias, etc. Por esta razão, Aristóteles defendia que era polissemia ou plurissignificação, que consiste na qualidade que tem
a mimesis que nos distinguia dos animais. a linguagem simbólica, de, a um só tempo, dizer e esconder, ou
Os conceitos de mímesis e poeisis são nucleares na seja, é um signo aberto a inúmeras interpretação
filosofia de Platão, na poética de Aristóteles e no pensamento A polissemia (capacidade de engendrar significados
teórico posterior sobre estética, referindo-se à criação da obra de diversos), por exemplo, constitui-se como qualidade no texto
arte e à forma como reproduz objetos pré-existentes. O primeiro literário, possibilitando que diferentes leitores identifiquem-se com o
termo aplica-se a artes tão autônomas e ao mesmo tempo tão mesmo texto e produzam sentidos distintos, como também ao
próximas entre si como a poesia, a música e a dança, onde o mesmo leitor realizar diferentes interpretações da mesma obra.
artista se destaca pela forma como consegue imitar a realidade. Entretanto, como conceber que uma notícia, texto não literário, dê a
Não se parte da ideia de uma construção imitativa passiva, como possibilidade de múltiplos sentidos ao leitor? O texto literário, dessa
acontece na diegesis platônica, mas de uma visão do mundo forma, constitui-se por uma exploração da linguagem diversa da
necessariamente dinâmica. A mímesis pode indiciar a imitação do que é realizada no cotidiano. O leitor é desestabilizado e obrigado a
movimento dos animais ou o seu som, a imitação retórica de uma usar sua criatividade para abandonar a forma de articulação da
personagem conhecida, a imitação do simbolismo de um ícone ou a linguagem cotidiana, que geralmente prima pela objetividade e pelo
imitação de um ato musical. Estes exemplos podemos colhê-los sentido único, fechado - lembre-se a comparação anteriormente
facilmente na literatura grega clássica. As posições iniciais de feita entre a obra literária e a notícia -, e criar significados novos
Platão, na República, para quem a imitação é sobretudo produção (Mello apud Saraiva, Mügge, 2006, p. 31).
de imagens e resultado de pura inspiração e entusiasmo do artista
perante a natureza das coisas aparentemente reais (o que se vê
em particular na comédia e na tragédia), e de Aristóteles, na
Poética, para quem o poeta é um imitador do real por excelência, A conotação remete para as ideias e as associações que
mas seu intérprete, função que compete ao cientista, foram se acrescentam ao sentido original de uma palavra ou expressão,
largamente discutidas até hoje. Em particular, a questão da poesia para as completar ou precisar a sua correcta aplicação num dado
ainda permanece em aberto: seguimos com Platão se aceitarmos contexto. Por outras palavras, tudo aquilo que podemos atribuir a
que a imitação fica ao nível da lexis, ou seguimos com Aristóteles, uma palavra para além do seu sentido imediato e dentro de uma
se aceitarmos que todo o mundo representado ou logos está em certa lógica discursiva entra no domínio da conotação. Uma mesma
causa e que não resta ao artista outra coisa que não seja descrever expressão pode aplicar-se a coisas iguais e produzir diferentes
o mundo das coisas possíveis de acontecer, coisas a que associações, ou seja, diferentes conotações: "constante" pode
chamamos verossimilhanças e não propriamente representações aplicar-se a diferentes pessoais ou estados, diremos então que o
diretas do real? Os tratadistas latinos, como Horácio, vão defender seu primeiro sentido é o de "contínuo", "continuado", mas conforme
o princípio aristotélico, reclamando que a pintura como a poesia (ut a aplicação do conceito variar em função da natureza da coisa a
pictura poesis), por exemplo, são artes de imitação. que se aplica e do contexto em que se aplica, assim podemos dizer
Também é interessante entender o conceito de que essa coisa "constante" significa "tenaz", "uníssono", "leal",
verossimilhança. "inabalável", "estóico", "durável", "assíduo", "certo", "fixo", etc.
Estes sentidos para além da primeira associação sinonímica
constituem conotações. O uso corrente destas associações tende a
Qualidade que faz a arte parecer verdadeira, apesar de generalizar-se de tal forma que muitas vezes falamos em
todas as coisas impossíveis que ela possa dizer. A arte não é conotação para qualquer variação ou diferenciação de sentido em
verdadeira, não é verídica, ela é verossímil, é semelhante à relação ao sentido que esperávamos para um dado termo ou
verdade. A arte desperta a ilusão - tem como referencial a expressão.
impressão da verdade. De acordo com Salvatore D’Onofrio, em seu Uma dica interessante: D, de dicionário, sentido direto,
livro “Teoria do Texto”, real da palavra; C, de criatividade ou contexto, por isso Conotação.
A obra de arte, por não ser relacionada diretamente com
um referente do mundo exterior, não é verdadeira, mas possui a Há uma magnífica forma de você entender o conceito de
equivalência da verdade, a verossimilhança, que é a característica, uma metáfora: o filme “O carteiro e o poeta”, de 1994, que conta
que é característica indicadora do poder ser do poder acontecer. um pouco da história do extraordinário poeta Pablo Neruda. Há um
Distinguimos uma verossimilhança interna à própria obra, conferida trecho que merece ser apresentado aqui:
pela conformidade com seus postulados hipotéticos e pela
coerência de seus elementos estruturais: a motivação e a
causalidade das seqüências narrativas, a equivalência dos Poeta - “Metáfora é quando fala uma coisa, mas compara
atributos e das ações das personagens, a isotopia, a homorritmia, o com outra. Por exemplo, o céu chora, o que quer dizer que
paralelismo, etc.; e uma verossimilhança externa, que confere ao está chovendo”.
imaginário a caução formal do real pelo respeito às regras do bom Carteiro – “E por que tem um nome tão complicado?”.
senso e da opinião comum. Se faltar a verossimilhança interna, Poeta – “O homem não tem direito sobre a simplicidade e a
dizemos que a obra é incoerente ou aloucada, aproximando-se do complexidade das coisas”.
não-sentido; se faltar a verossimilhança externa, entramos no Quando o carteiro pediu para que ele explicasse melhor, o
domínio do gênero fantástico, definido por Todorov como uma poeta acrescenta:
hesitação entre o estranho e o maravilhoso, entre uma explicação “Quando tentamos explicar, a poesia se torna banal. Melhor
natural e uma explicação sobrenatural dos acontecimentos do que qualquer explicação é a experiência das emoções
evocados. Mais importante é a verossimilhança interna, a que a poesia revela para uma alma disposta a compreendê-
la”.
coerência estrutural da obra, porque, quanto à verossimilhança
Mais tarde, o carteiro pergunta: “Como me torno um poeta?”.
externa, a fuga para o fantástico, para o mundo da imaginação, é O poeta – “Vá caminhando ao longo da baía e observe tudo”.
comum à literatura. Transformar um homem em animal (O asno de Carteiro – “E vou aprender a criar metáforas?”.
ouro, de Apuleio) uo em inseto (A metamorfose, de Kafka) e Poeta – “Certamente”.
3
5. Ou seja, a metáfora é uma transferência de significado,
ou, para ficar bem simplificado, é o uso criativo da palavra, fazendo ÍCARO
com que ela adquira novos significados. Aristóteles diz: "A metáfora
consiste em dar a uma coisa um nome que pertence a outra coisa: Quem fere
transferência que pode realizar-se do gênero para a espécie, da o pássaro
espécie para o gênero, de uma espécie para outra ou com base fere
numa analogia" (Poética., 21, 1457 b 7). Sendo assim, a o vôo
semelhança entre um objeto se dá de forma real ou imaginária: fere
dentes do pente; pé da mesa; o fumo da glória; serra, que no latim a si mesmo
clássico era só a ferramenta do carpinteiro, passou no latim vulgar, (in)tenso
no português, no espanhol e no catalão a indicar cadeia de Ícaro
montanhas, dada a semelhança das cristas com os dentes da
ferramenta. Há expressões que, a princípio, iniciaram-se como o vôo
metáfora e que, pelo uso, tornam-se cotidianas. É importante é o alicerce do pássaro
entender que, no caso da Literatura, não há gratuidade nem (não o contrário)
inconsciência quanto à criação de metáforas. O escritor tem
consciência sobre os aspectos da linguagem e, no íntimo, brinca o vôo
com as palavras. Por isso, uma das características da metáfora é o - imagina-se
“estranhamento”; outra, é o deslocamento do significado. Ou seja, é mais leve que o ar.
há uma impertinência, algo incomum, que fugiu à normalidade, que
nos surpreendeu. Constatada a impertinência, o receptor da André Ricardo Aguiar
mensagem vai aplicar à situação um algoritmo metafórico. Se a
aplicação for plausível teremos a metáfora, caso contrário, um
lapso, uma impropriedade ou outro fenômeno. O algoritmo da
metáfora comporta até quatro elementos:
• comparado. Outro exemplo muito bom é dado pelo compositor Gilberto
Gil, na canção “Metáfora”:
• comparante.
• atributo explícito.
• atributo implícito. Uma lata existe para conter algo
Assim como na comparação, o objetivo da metáfora é dar Mas quando o poeta diz: "lata"
expressividade a uma atribuição. A metáfora é uma comparação Pode estar querendo dizer o incontível
elíptica em que sempre está ausente o atributo comum. Em muitos
casos também faltam as balizas de comparação: 'como', 'tal qual', Uma meta existe para ser um alvo
etc. A metáfora agrega significação ao discurso relativamente ao Mas quando o poeta diz: "meta"
enunciado próprio que vem da sua decifração. Esse agregado de Pode estar querendo dizer o inatingível
significação é que torna a metáfora um recurso espetacular de
expressão, insubstituível, em muitos casos, por outros recursos. Por isso, não se meta a exigir do poeta
A metáfora, juntamente com um conjunto de figuras de Que determine o conteúdo em sua lata
linguagem, insere-se em uma categoria denominada Tropos (= Na lata do poeta tudonada cabe
girar), em que há uma mudança de significado. Funcionam assim, Pois ao poeta cabe fazer
como figuras de linguagem, a sinédoque, a metonímia, a ironia, a Com que na lata venha caber
alegoria, o oximoro, a hipérbole. O incabível
Conceito tradicional e essencial para a compreensão do
processo de significação da linguagem humana, a metáfora pode Deixe a meta do poeta, não discuta
ser definida como uma transferência de significado que tem como Deixe a sua meta fora da disputa
base uma analogia: dois conceitos são relacionados por Meta dentro e fora, lata absoluta
apresentarem, na concepção do falante, algum ponto em comum. A Deixe-a simplesmente metáfora
partir daí, amplia-se o campo de abrangência do vocábulo,
instaurando-se a polissemia, essencial para que se realize qualquer
processo de mudança, que exige variação e continuidade. Em
termos cognitivos, os procedimentos analógicos apóiam-se em
conceitos mais concretos e mais próximos à experiência do
indivíduo. Dessa maneira, ele pode estender sua compreensão
para níveis mais complexos e abstratos de apreensão e
conhecimento da realidade. Esse procedimento é altamente
produtivo na ampliação e renovação do vocabulário de uma língua.
É possível reconhecer que, em praticamente, todas as figuras
de linguagem, por excelência, existe um raciocínio metafórico, pois
partem de criações humanas no universo da linguagem. Cabe a
cada um, em grau maior ou menor, buscar suas metáforas, seja na
literatura, seja na vida.
Mais uma vez, citarei um poeta paraibano para nos ilustrar um
pouco o sentido da metáfora poética:
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6. É preciso esclarecer que as seis funções não se excluem
Qualquer processo de comunicação se compõe - dificilmente temos, em uma mensagem, apenas uma dessas
basicamente dos seguintes elementos: funções. Entretanto, é engano pensar que todas estejam presentes
simultaneamente. O que pode ocorrer é o domínio de uma das
funções; assim, temos mensagens predominantemente
referenciais, predominantemente expressivas, etc.
Atualmente, a tendência é considerar duas grandes
funções da linguagem: a cognitiva ou referencial e a pragmática ou
interacional. Ingedore Koch, em “Linguagem e Interação”, ao
procurar descrever e explicar as estratégias lingüísticas utilizadas
pelo ser humano para interagir socialmente, discute as diferentes
concepções de linguagem:
"A linguagem humana tem sido concebida, no curso da História, de maneiras bastante diversas, que podem ser sintetizadas em
três principais:
a) como representação ("espelho") do mundo e do pensamento;
b) como instrumento ('ferramenta") de comunicação;
c) como forma ("lugar") de ação ou interação.
A mais antiga destas concepções é, sem dúvida, a primeira, embora continue tendo seus defensores na atualidade. Segundo ela,
o homem representa para si o mundo através da linguagem e, assim sendo, a função da língua é representar (= refletir) seu pensamento e
seu conhecimento de mundo.
A segunda concepção considera a língua como um código através do qual um emissor comunica a um receptor determinadas
A multiplicidade de funções da linguagem verbal
mensagens. A principal função da linguagem é, neste caso, a transmissão de informações.
possibilita a cada terceira concepção,da sociedade, aquela que encara a linguagem como atividade, como forma de ação, ação interindividual
A homem participar finalmente, é integrando-se
em um finalisticamente orientada; comoPartindo do pressupostopossibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais diversos tipos de
processo cultural mais amplo. lugar de interação que de
que a língua que vão exigir cultura e tem, portanto, um e/ou comportamentos, levando ao estabelecimento de vínculos e compromissos
atos, representa uma dos semelhantes reações valor de
representação, inúmeros lingüistas desenvolveram hipóteses de um jogo que se joga na sociedade, na interlocução, e é no interior de seu
anteriormente inexistentes. Trata-se, como diz Geraldi (1991),
teóricas na tentativa de descrever um conjunto mais as regras de tal jogo."
funcionamento que se pode procurar estabelecer amplo de
funções.
Karl Bühler, lingüista e psicólogo alemão, sistematizou as
funções da linguagem tomando, como ponto de partida, a
representação - característica, por excelência, da língua - e
reconhecendo duas outras funções, a manifestação psíquica e o
apelo. Jakobson, por sua vez, manteve as três funções apontadas
anteriormente, mas atribuiu-lhes novos nomes: referencial, emotiva
e conativa, respectivamente. Além disto, introduziu três novas
funções: fática, metalingüística e poética. Distinguiu, portanto, seis
funções ao todo, relacionando cada uma delas a um dos
componentes do processo comunicativo. Desta forma, em cada ato
de fala, dependendo de sua finalidade, destaca-se um dos
elementos da comunicação, e, por conseguinte, uma das funções
da linguagem.
Para transmitir mensagens, o fundamental é que haja uma
fonte e um destino, distintos no tempo e no espaço. A fonte é
geradora da mensagem e o destino é o fim para o qual a As figuras de linguagem classificam-se em:
mensagem se dirige. Nesse caminho de passagem, o que a) Figuras de palavra
possibilita à mensagem caminhar é o canal. Na verdade o que b) Figuras de pensamento
transita pelo canal são sinais físicos, concretos, codificados. c) Figuras de construção ou de sintaxe
Codificar significa obedecer a determinadas convenções d) Figuras sonoras ou de harmonia
preestabelecidas pela fonte e pelo destino, que conhecem o que foi
estabelecido a respeito daqueles sinais. Quer dizer: código é a OBSERVAÇÃO:
organização dos elementos que compõem um conjunto, com regras Em concursos públicos, são raras as questões sobre figuras de
de permissão e de proibição que determinam o modo da ocorrência linguagem. Já em vestibulares a ocorrência é grande.
da combinação desses sinais físicos. Isto é, só há mensagem se Figuras de palavra
houver codificação. Em síntese: a fonte codifica sinais, constrói As figuras de palavra consistem no emprego de uma palavra num
mensagens sobre certo objeto , e as envia a um destinatário, sentido não convencional, ou seja, num sentido conotativo.
usando um suporte físico, que é o canal.Acrescente-se aos São figuras de palavra a comparação, a metáfora, a catacrese, a
anteriores, o contexto histórico, pois a linguagem é, por natureza metonímia, a antonomásia e d sinestesia.
social, dinâmica, e, sendo assim, há modificações em todos os
elementos da comunicação, quando submetidos a processos COMPARAÇÃO
históricos. Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois
elementos que se identificam, ligados por nexos comparativos
Quadro das funções da linguagem explícitos - como, tal qual, assim como, que nem, feito, etc. - e
por alguns verbos - parecer, assemelharse, etc.
Elementos da comunicação Função da Linguagem ”E há poetas que são artistas
E trabalham nos seus versos
Contexto (referente) Referencial
Como um carpinteiro nas tábuas!” (Alberto Caeiro)
Remetente Emotiva ”E flutuou no ar como se fosse um príncipe.
Mensagem Poética E se acabou no chão feito um pacote bêbado.” (Chico Buarque
Destinatário Conativa de Holanda)
Canal Fática
Código Metalingüística METÁFORA
Essa figura de palavra ocorre quando um termo substitui outro a
partir de uma relação de semelhança entre os elementos que esses
6
7. termos designam. A metáfora também pode ser entendida como OBSERVAÇÃO: Nos casos m, n, o, p e q encontramos
uma comparação abreviada, em que o nexo comparativo não está sinédoque, um tipo especial de substituição. Modernamente, a
expresso, mas subentendido: metonímia compreende a sinédoque.
”Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira.” (Chico Buarque de Holanda) ANTONOMÁSIA
”O tempo é uma cadeira ao so!, e nada mais.” (Carlos Drummond É a figura que consiste em designar uma pessoa por uma
de Andrade) ”Meu cartão de crédito é uma navalha.” (Cazuza) característica, feito ou fato que a tornou notória:
O Príncipe dos Poetas notabilizou-se também por suas atividades
CATACRESE cívicas.
É uma espécie de metáfora em que se emprega uma palavra no (= Olavo Bilac)
sentido figurado por hábito ou esquecimento de sua etimologia: O Boca do Inferno satirizou costumes e princípios. (= Gregório de
”Usei a casa da lua As asas do vento Os braços do mar O pé da Matos Guerra)
montanha Outros exemplos:
Criei uma criatura O Poeta dos Escravos (= Castro Alves)
Um bicho, uma coisa Lampião (= Virgulino Ferreira) O Corso (= Napoleão Bonaparte)
Um não-sei-que-lá
Composição estranha.” (Ronaldo Tapajós e Renato Rocha) SINESTESIA
”Ninguém coca as costas da cadeira. Consiste no cruzamento de palavras que transmitem sensações
Ninguém chupa a manga da camisa. diferentes. Tais sensações podem ser físicas ou psicológicas:
O piano jamais abana a cauda. Um doce abraço indicava que o pai o desculpara, (sensações
Tem asa, porém não voa, a xícara.” (José Paulo Paes) gustativa e tátil, respectivamente)
As derrotas do Corinthians deixam um gostinho de prazer nos
METONÍMIA adversários, (sensações gustativa e psicológica, respectivamente)
É o emprego de um nome por outro em virtude de haver entre eles Figuras de pensamento
algum relacionamento. As figuras de pensamento são recursos que se relacionam à
A metonímia ocorre quando se emprega: semântica, ou seja, ao significado das palavras. Classificam-se em:
a) a causa pelo efeito. antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopéia,
Vivo do meu trabalho, (do produto do trabalho = alimento) paradoxo, perífrase, apóstrofe e ironia.
b) o efeito pela causa:
Aquele poeta bebeu a morte. (= veneno) ANTÍTESE
c) o instrumento pelo usuário: É o emprego de palavras ou expressões de significados opostos:
Os microfones corriam no gramado. (= repórteres) ”No sonho em que se perdeu,
d) o autor pela obra: Banhou-se toda em luar...
Leio Drummond, o nosso poeta. (= a obra de Carlos Drummond de Queria subir ao céu,
Andrade) Queria descer ao mar...” (Alphonsus de Guimaraens)
e) o continente pelo conteúdo: ”Não sou alegre nem sou triste:
”Bebeu uma xícara de café requentado.” (= o conteúdo de uma sou poeta.” (Cecília Meireles)
xícara)
(Ézio Pinto Monteiro) EUFEMISMO
f) o símbolo pelo simbolizado: É o recurso utilizado para atenuar um pensamento desagradável ou
A coroa foi disputada pelos irmãos. (= poder) chocante:
g) o concreto pelo abstrato: ”Era incapaz de apropriar-se do alheio.” (= roubar)
”E mães, a agonizar de fome e de cansaço, Levam com o coração • (José Américo)
mais do que com os braços Os filhos pequeninos.” (= sentimento) O infeliz pôs termo à vida tragicamente. (= suicidou-se)
(Vicente de Carvalho)
h) o abstrato pelo concreto: Obs.: Lítotes consiste em afirmar o positivo pelo negativo, ou seja,
Um dia a virtude vencerá. (= os virtuosos) nega-se o contrário do que se deseja afirmar (negação do oposto
i) o lugar de produção pelo produto: ou contrário). Quando dizemos, por exemplo, que “Paulo não está
”Corria o champanhe, gargalhava-se, a pândega ia avante.” no seu juízo perfeito”, nossa intenção é, na verdade, dizer que
(= vinho espumante da região de Champagne, França) “Paulo está louco”. Essa atenuação do pensamento serve à ênfase
(Maria Archer) dissimulada, o que aproxima o Lítotes do eufemismo e da ironia.
j) o inventor pelo invento: Daí considerar-se esta figura de linguagem sinônima aproximada
Gutenberg possibilitou a difusão do conhecimento. (= a invenção de Eufemismo e antônimo de Hipérbole (exagero).
de Gutenberg - imprensa)
l) a parte pelo todo: GRADAÇÃO
Falta-me um teto hospitaleiro. (= casa) É a seqüência de palavras que intensificam uma mesma idéia:
m) o todo pela parte: ”Porque gado a gente marca, Tange, ferra, engorda e mata,
”Ele morava na Rua do Senador Eusébio.” Mas com gente é diferente.” (Geraldo Vandré)
(= numa casa da Rua do Senador Eusébio) ”E, homem, há de morrer como viveu: sozinho!
(Artur Azevedo) sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!” (Olavo
n) o material pelo objeto: Bilac)
”Deram agora seis horas Nos bronzes
Da enorme catedral.” (= sinos) HIPERBOLE
(Antônio Boto) É o recurso de expressão pelo qual se engrandece ou diminui de
o) o singular pelo plural. forma exagerada uma afirmação:
”No Brasil, convencionou-se que o carioca e o baiano são ”Ai mamãe, minha mãe, o travesseiro
carnavalizadores. (= todos os cariocas; todos os baianos) eu ensopei de lágrimas ardentes.” (Carlos Drummond de
(Afonso de Sant’Ana) Andrade)
p) o nome próprio pelo comum (o indivíduo pela espécie): ”Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
Na calada da noite, revelou-se um judas. (= traidor)
q) a marca pelo produto: PROSOPOPÉIA
”Põe meia dúzia de Brahma pra gelar, muda a roupa de cama, eu Consiste em emprestar ação, voz ou sentimento humanos a seres
tô voltando.” (= cerveja) (Maurício Tapajós / Paulo C. Pinheiro) inanimados, irracionais ou imaginários:
”Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume.” (Machado de Assis)
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8. ”Dorme, ruazinha, é tudo escuro.” (Mário Qumtana) ”Tão bom se ela estivesse viva me ver assim.” (= Tão bom se ela
estivesse viva para me ver assim.) (Antônio Olavo Pereira)
PARADOXO ”A tarde talvez fosse azul, Não houvesse tantos desejos.” (= Se não
Consiste no emprego de palavras de sentido oposto que parecem houvesse tantos desejos)
excluir-se mutuamente, mas, no contexto, reforçam a expressão. (Carlos Drummond de Andrade)
”... e estirado no leito... ri, num doloroso riso, deste mundo
burlesco e sórdido.” ZEUGMA
(Eça de Queirós) Ocorre quando se omitem termos já expressos no texto:
”... se me afigurava ser um pedaço de cera, que se derretia, com ”O meu pai era paulista
horrenda delícia, num forno rubro e rugidor!” Meu avô, pernambucano (= Meu avô era pernambucano O meu
(Eça de Queirós) bisavô, mineiro O meu bisavô era mineiro Meu tataravô, baiano.”
Meu tataravô era baiano.)
Obs.: Oximoro é o recurso estilístico que representa um (Chico Buarque de Holanda)
«paradoxo intelectual», revelador da atitude do sujeito poético/de ”Vieira vivia para fora, para a cidade, para a corte, para o mundo;
enunciação perante determinada realidade. Por sua vez, o Bernardes para a cela, para si, para o seu coração.” ( = Bernardes
paradoxo, apesar de ser uma das características do oxímoro, é um vivia para a cela, para si, para o seu coração.)
termo mais abrangente, que se aplica a todas as situações em que (Antônio Feliciano de Castilho)
o insólito e o ilógico se destaquem.
PLEONASMO
QUIASMO (de Grego, Khiasmós = disposto em cruz) É a repetição de uma idéia ou de uma função sintática. A sua
Que por seu turno, deriva da letra grega [X] qui. O quiasmo é finalidade é enfatizar a mensagem.
uma espécie de antítese; também conhecido como antimetábole. Repetição de idéias
Consiste no cruzamento de grupos sintáticos paralelos (dois ou Repetição de função sintática
quatro vocábulos), de forma que o grupo de vocábulos do primeiro Choramos um choro sentido.
se repete no segundo em ordem inversa (AB x BA): VTD OD
Melhor é merecê-los [a] sem os ter [b] Ele sempre viveu uma vida simples e calma.
Que possuí-los [b] sem os merecer. [a] (Os Lusíadas, c IX, VTD OD
93) A ti nada te devo.
Com dois elementos: OI OD OI VTDI pleonástico
Desfeito em cinzas, Este erro, jamais o cometerei novamente.
Em lágrimas desfeito. OD OD VTD
O quiasmo também pode ser encontrado na prosa: pleonástico
“De certos homens, dizia Sócrates, que não comiam para Outros exemplos:
viver, mas só viviam para comer.“ (Pe. Antônio Vieira) ”Todos nus e da cor da treva escura.” (Camões)
“Risos que se umedeciam de lágrimas e lágrimas que se ”A esse, Deus lhe dará uma vida de novo.” (Jorge de Lima)
esmaltavam de risos.” (Antônio Patrício) ”O ato do vizinho é muito mais importante do que lhe parece a ele.”
(Carlos Drummond de Andrade)
PERÍFRASE
É uma expressão que designa um ser através de alguma de suas OBSERVAÇÃO: O pleonasmo, quando perde seu caráter enfático,
características ou atributos, ou de um fato que o tornou conhecido: é chamado vicioso. Esse tipo de pleonasmo será estudado no
Visitaremos a cidade maravilhosa. (= Rio de Janeiro) capítulo sobre vícios de linguagem.
O ouro negro jorrou em vários pontos do continente de Colombo.
(= petróleo, América) ASSÍNDETO
É a supressão de um conectivo entre elementos coordenados:
APÓSTROFE ”Todo coberto de medo, juro, minto, afirmo, assino.” (Cecília
É a interpelação enfática de pessoas ou seres personificados: Meireles)
”Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?” (Castro Alves) ”Agachou-se, atiçou o fogo, apanhou uma brasa com a colher,
”Desce do espaço imenso, ó águia do oceano.” (Castro Alves) ”- acendeu o
Ó vida futura! nós te criaremos.” (Carlos Drummond de Andrade) cachimbo, pôs-se a chupar o canudo do taquari cheio de sarro.”
(Gradliano Ramos)
IRONIA ”Luciana subia à janela da cozinha, sondava os arredores, bradava
É o recurso lingüístico que consiste em afirmar o contrário do que com desespero...”
se pensa, geralmente num tom depreciativo e sarcástico: (Graciliano Ramos)
Vejam os magníficos feitos desses honestíssimos políticos:
dilapidaram os bens do país e fomentaram a corrupção. POLISSÍNDETO
”Moça linda, bem tratada, Consiste na repetição intencional de um conectivo coordenativo
três séculos de família, (geralmente a conjunção e):
burra como uma porta: ”... e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre...” (Clarice Lispector)
um amor.” (Mário de Andrade) ”E o olhar estaria ansioso esperando
Figuras de construção ou de sintaxe e a cabeça ao sabor da mágoa balançando
As figuras de construção ou de sintaxe são os desvios que se e o coração fugindo e o coração voltando
evidenciam na construção normal do período. Ocorrem na e os minutos passando e os minutos passando...” (Vinícius de
concordância, na ordem e na construção dos termos da oração. Moraes)
São as seguintes: elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto, ”E os olhos não choram.
polissíndeto, anacoluto, hipérbato, hipálage, anáfora e silepse. E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.” (Carlos Drummond de Andrade)
ELIPSE
Ocorre quando se omitem termos facilmente identificáveis pelo ANACOLUTO
contexto: É a expressão que deixa um termo inicial sintaticamente desligado
”Estava à toa na vida O meu amor me chamou Pra ver a banda do restante do período. O tipo mais comum é aquele em que um
passar elemento parece que vai ser o sujeito da oração, mas acaba
Cantando coisas de amor.” (= Eu estava à toa na vida) (Chico ficando sem função sintática.
Buarque de Holanda)
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9. ”Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.” ALITERAÇÃO
(Alcântara Machado) Ocorre quando fonemas consonantais se repetem ordenadamente
”Tua mãe, não há idade nem desgraça que lhe amolgue a índole na frase: ”Será que ela mexe o chocalho Ou é o chocalho que
rancorosa.” mexe com ela.” (Chico Buarque de Holanda)
(Camilo Castelo Branco) O vento vazava zunindo pelos vãos das velhas venezianas.
”Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas
botassem as mãos.” ASSONÂNCIA
(Camilo Castelo Branco) Consiste na seqüência ordenada de fonemas vocálicos ao longo da
frase:
HIPÉRBATO ”Quando a manhã madrugava
É o deslocamento dos termos da oração ou das orações no calma
penado: alta
”Bendito o que, na Terra, fez o fogo, e o teto.” (= Bendito o que fez clara
o fogo e o teto na Terra.) Clara morria de amor.” (Caetano Veloso)
(Olavo Bilac) ”É esta ”Sou Ana, da cama da cana, fulana, bacana
de teu querido pai a mesma barba a mesma boca e testa.” Sou Ana de Amsterdã.” (Chico Buarque de Holanda)
(= É esta a mesma barba, a mesma boca e testa de teu querido
pai.) (Tomás Antônio Gonzaga) PARONOMASIA
Ocorre quando se aproximam palavras de sons parecidos, porém
HIPÁLAGE de significados diferentes:
Ocorre quando se atribui a uma palavra uma característica que ”Quem vê um fruto
pertence a outra da mesma frase: Não vê um furto.” (Mário Quintana)
”Em cada olho um grito castanho de ódio.” (Dalton Trevisan) (= ”Oxalá estejam limpas
Em cada olho castanho um grito de ódio.) as roupas brancas da sexta
”Houve um ruído domingueiro de saias engomadas.” (Eça de as roupas brancas da cesta.” (Paulo Lemmski)
Queirós) (= Houve um ruído de saias domingueiras engomadas.)
ONOMATOPÉIA
ANÁFORA A onomatopéia consiste no emprego de uma palavra ou conjunto
É a repetição da mesma palavra ou expressão no início de várias de palavras que sugerem o ruído natural dos seres:
orações, períodos ou versos: ”Chocalhos tilintariam pelos arredores.” (Graciliano Ramos)
” Tudo é silêncio, tudo calma, tudomudez.” (Olavo Bilac) ” - Porque o tic-tic, o toc-toc, ou o puc-puc da máquina me picota
” Vi uma estrela tão alta, a cuca.”
Vi uma estrela tão fria! (Mário Quíntana)
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.” (Manuel Bandeira) VÍCIOS DE LINGUAGEM
Vícios de linguagem são desvios das normas gramaticais do
SILEPSE idioma, ou seja, o desrespeito às regras da língua-padrão em
Ocorre quando a concordância se faz com a idéia subentendida, e virtude de desconhecimento ou má assimilação dessas regras por
não com os termos expressos. parte de quem fala ou escreve.
A silepse pode ser: Os vícios de linguagem classificam-se em: barbarismo,
a) de gênero: solecismo, ambigüidade ou anfibologia, cacofonia, pleonasmo
Moro na velha Santos. t palavra expressa: masculina vicioso, eco, colisão e hiato.
Outros exemplos:
”Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” (Guimarães Rosa) Barbarismo
”Admitindo a idéia de que eu fosse capaz de semelhante vilania, É o emprego de palavras ou expressões estranhas ao idioma.
S. M. foi cruelmente injusto para comigo.” Existem os seguintes tipos de barbarismo:
(Alexandre Herculano) a) cacografia - é a má grafia ou flexão de uma palavra:
pobrema (em vez de problema) ?
b) de número: magérrimo (em vez de macérrimo)
idéia plural: pessoas excessão (em vez de exceção)
”Corria gente de todos os lados, e gritavam.” (Mário Barreto) mendingo (em vez de mendigo)
Outros exemplos: mortandela (em vez de mortadela)
”Muita gente anda no mundo sem saber pra quê: vivem porque interviram (em vez de intervieram)
vêem os outros viverem.” uma dó (em vez de um dó)
(J. Simões Lopes Neto) b) silabada - é o deslocamento do acento prosódico de uma
”Um grupo mais numeroso descia da ladeira e parava a alguns palavra:
passos. púdico (em vez de pudico)
Falavam alto, comentando ainda as peripécias do leilão.” filântropo (em vez de filantropo)
(Afrânio Peixoto) catéter (em vez de cateter)
ibero (em vez de ibero) rubrica (em vez de rubrica)
c) de pessoa: latex (em vez de látex) ínterim (em vez de ínterinj)
Os brasileiros somos bastante otimistas.
Outros exemplos: ’ ”Na noite seguinte estávamos reunidas c) estrangeirismo - é o emprego de palavras pertencentes a
algumas pessoas.” línguas estrangeiras. De acordo com a origem, recebem o nome de
(Machado de Assis) galicismo ou francesismo, anglicismo, italianismo,
”Quanto à pátria da Origem, todos os homens somos do Céu.” germanismo, etc. A rigor, o estrangeirismo ocorre quando se grafa
(Pe. Manuel Bernardes) uma palavra como na língua de origem:
carnet (em vez de carne ou talão de compras)
Figuras sonoras ou de harmonia pedigree (em vez de linhagem, raça)
As figuras sonoras ou de harmonia constituem na utilização de shampoo (em vez de xampu)
efeitos da linguagem para reproduzir os sons produzidos pelos comer (em vez de escanteio)
seres. São elas a aliteração, a assonância, a paronomasia e a démodé (em vez de fora de moda)
onomatopéia. rentrée (em vez de retorno, volta, reapresentação)
week-end (em vez de fim de semana)
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10. site (em vez de sítio) do que sou. A identidade se constrói nessa relação dinâmica com a
alteridade.
Solecismo Por fim, texto passa a significar:
É qualquer erro cometido contra as regras da sintaxe. Os
desacertos de concordância, regência e colocação são o lugar da interação e os interlocutores, como
denominados solecismos. sujeitos ativos que – dialogicamente – nele se constroem e
0 solecismo, portanto, consiste nos desvios da sintaxe: são construídos. Desta forma, há lugar, no texto, para toda
a) de concordância: uma gama de implícitos, dos mais variados tipos, somente
Ainda falta cinco minutos para as oito horas, (em vez de: faltam) detectáveis quando se tem, como plano de fundo, o
b) de regência: contexto sociocognitivo dos participantes da interação.
Devemos obedecer os mais velhos, (em vez de: aos mais velhos) (Fávero e Koch)
c) de colocação:
Darei-te todo o meu apoio, (em vez de: Dar-te-ei)
Ambigüidade ou anfibologia
É o sentido ambíguo resultante da má construção da frase: O sentido de um texto é, portanto, construído na interação
O guarda conduzia o garoto para sua casa. (casa de quem?) O pai texto-sujeitos e não algo que preexista a essa interação. Texto é
discutia com o filho sobre sua educação, (educação de quem?) um evento comunicativo no qual convergem ações lingüísticas,
cognitivas e sociais (caráter dialogal), designando toda e qualquer
Cacofonia manifestação da capacidade textual do ser humano (uma música,
Ocorre quando sílabas de palavras diferentes se encontram, um filme, uma escultura, um poema etc.), e, em se tratando de
resultando em uma terceira palavra de sentido ridículo ou, às linguagem verbal, temos o discurso, atividade comunicativa de um
vezes, indecoroso: sujeito, numa situação de comunicação dada, englobando o
Da beca dela só sai asneiras. conjunto de enunciados produzidos pelo locutor (ou pelo locutor e
Na vez passada nós ganhamos o jogo. interlocutor, no caso dos diálogos) e o evento de sua enunciação
Pleonasmo vicioso (Fávero e Koch, 1983, p. 25).
É o uso de palavras ou expressões redundantes e desnecessárias:
A bola saiu para fora do campo.
Fabiano é o principal protagonista de Vidas Secas. A expressão tipo textual é usada para designar uma
I OBSERVAÇÃO espécie de seqüência teoricamente definida pela natureza
Quando se emprega com valor enfático, o pleonasmo deixa de ser lingüística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos,
vicioso: ”Ri tua face um riso acerbo e doente.” (Cruz e Sousa) tempos verbais, relações lógicas).
Eco Basicamente, há os seguintes tipos textuais:
É o efeito sonoro desagradável produzido por uma seqüência de Descrição: consiste em descrever as características que compõem
palavras com a mesma terminação: um determinado objeto, ambiente, paisagem ou pessoa, lembrando que, esta
João teve a sensação de que a sua atuação foi uma decepção. última pode ser descrita/caracterizada, pelo seu lado físico, psicológico ou
Também naquele armazém ninguém conhecia o Araquém! por suas ações.
Colisão É difícil separar descrição de narração, pois o que é
É o efeito sonoro desagradável produzido pela repetição de narrado se desenvolve em um espaço que possui uma
fonemas consonantais idênticos ou semelhantes: funcionalidade e que, por sua vez, envolve personagens
A rica rainha reinava radiante e sorridente. devidamente caracterizadas. A descrição do espaço e das
Talvez fosse necessário que você permitisse que a Clarisse personagens nele envolvidas constituem uma forma narrativa.
mentisse para você. Dizemos isto, porque é comum, que características opostas das
Hiato personagens revelem o conflito de uma narrativa, bem como, a
É a seqüência de palavras com fonemas vocálicos que produzem descrição do espaço pode revelar traços psicológicos das
um efeito sonoro desagradável: personagens.
Receba a Aurora agora, por favor. Narração: consiste em contarmos um ou mais fatos,
Todos sabiam que eh a agradava a toa. reais ou imaginários, que ocorreram em determinado tempo e
lugar, envolvendo certas personagens. O processo narrativo é
dinâmico, pois está sujeito a transformações, expressas em
Para entendermos o que vem a ser um texto, é necessário equilíbrios e desequilíbrios.
antes compreendermos o que é Língua, Sujeito e Sentido. A Os elementos básicos são: enredo, narrador,
concepção de Sujeito da linguagem varia de acordo com a personagens, tempo, espaço e conflito.
concepção de Língua: Dissertação: consiste na exposição de nossas idéias,
[1] A língua é um instrumento que se encontra à disposição dos nossas opiniões, nossos pontos de vista, seguidos de argumentos
indivíduos → SUJEITO CONSCIENTE (interpretar é descobrir a que os comprovem.
intenção do falante) Para se escrever um texto dissertativo é necessário ter
[2] A língua é um discurso anterior que fala através dele (mundo conhecimento sobre o assunto e assim, tomar uma posição crítica
ideológico) → ASSUJEITAMENTO (quem fala é um sujeito social) com relação a ele. Para a formação de nossa opinião, precisamos
[3] A língua como um lugar de interação → SUJEITO nos munir de dados, informações, idéias e, também, opiniões de
PSICOSSOCIAL (o caráter ativo dos sujeitos na produção mesma pessoas relacionadas diretamente com assunto.
do social e da interação e defendendo a posição de que os sujeitos Texto injuntivo é o tipo de texto que leva o leitor a mais
(re)produzem o social na medida em que participam ativamente da que uma simples informação. Instrui o leitor! Não é o texto que
definição da situação na qual se acham engajados, e que são argumenta, que narra, que debate, mas que leva o leitor a
atores na atualização das imagens e das representações sem as determinada orientação transformadora. O texto injuntivo-
quais a comunicação não poderia existir. instrucional pode ter o poder de transformar o comportamento do
Assim, Língua torna-se uma atividade interativa altamente leitor.
complexa de produção dos sentidos, que se realiza, evidentemente, Para que se fique claro: o tipo textual é um
com base nos elementos lingüísticos presentes na superfície comportamento característico de cada texto em caso concreto
textual e na sua forma de organização, mas que requer a (gênero). Ou seja, para se narrar um fato, recorre-se ao uso de
mobilização de um vasto conjunto de saberes e sua reconstrução verbos, geralmente, no pretérito perfeito. Para se descrever uma
no interior do evento comunicativo. cena, utiliza-se de verbos não-nocionais, bem como o uso de
Sujeito é um sujeito social, histórica e ideologicamente substantivos e adjetivos, enfim, são marcas contidas em cada
situado, que se constitui na interação com o outro. Eu sou na realização textual. Um boletim de ocorrência é um gênero textual,
medida em que interajo com o outro. É o outro quem dá a medida que apresenta tanto a tipologia narrativa, como a tipologia
10
11. descritiva. Um romance é um gênero textual, que usa
predominantemente do tipo narrativo, mas pode trazer elementos “É a qualidade particular de tudo o que toca o espírito, provocando
descritivos e até mesmo argumentativos (Romance Tese). emoção e prazer estético” (MAIA: 2004).
A expressão gênero textual é usada como uma noção
propositalmente vaga para referir os textos materializados que II) CARACTERÍSTICAS
encontramos em nossa vida diária e que apresentam característica
sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades a) O poema é uma expressão verbal rítmica → a magia dos sons;
funcionais, estilo e composição características. b) Harmonia das palavras;
c) Versificação;
d) Musicalização;
e) Sentimentalismo;
O conhecimento ocidental sobre os gêneros literários tem f) Imaginação;
sua origem no pensamento filosófico grego, em especial Platão e g) Rimas;
Aristóteles. No livro A República, parte 3, Platão (reproduzindo o h) Liberdade criadora;
pensamento de Sócrates) nos ensina que há três tipos de obras i) Sonoridade
poéticas: “inteiramente imitação”, que seria a Tragédia e a Comédia j) Forma (fixa ou livre)
(Dramática); “um simples relato”, isso encontraríamos nos
ditirambos (seria um antepassado na Lírica, embora com algumas CARACTERÍRTICAS COMUNS À PROSA E À POESIA
distinções); “o terceiro tipo une ambas as coisas” (Épica ou
Epopéia), em que há manifestações do próprio poeta, seja quando a) Correção → conhecer a língua;
o poeta constrói suas personagens. Aristóteles, em A Arte b) Concisão → o máximo de expressividade com o mínimo
Poética, até certo ponto traz a mesma idéia de seu mestre. Para dispêndio verbal;
Aristóteles, há várias maneiras literárias de imitar (mímesis) a c) Clareza → ser compreendido sem dificuldades;
natureza, em especial, a Dramática, a Lírica e a Epopeia. d) Precisão;
Por mais que muitos teóricos critiquem (com e) Naturalidade;
certa razão), a teoria dos três gêneros, como arquiformas literárias, f) Nobreza de linguagem;
ainda se mantém inabalada. Ao se estudar as formas literárias, g) Originalidade→ criação poética;
principalmente, os gêneros literários, é comum que partamos de h) Harmonia.
uma compreensão normativa destes fenômenos. Assim,
desconsidera-se a relação dialética existente no fenômeno estético, III) NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO
entre a a forma de expressão e o conteúdo formalizado. Passa-se a
entender os gêneros como institutos absolutos dotados de 1) O QUE É O VERSO:
regramento próprio. Anatol Rosenfeld nos alerta para a
artificialidade dessa visão: “É a unidade rítmica do poema” (MANUEL BANDEIRA)
2) CONTAGEM DAS SÍLABAS DO VERSO
Estabelece um esquema a que a realidade literária ESCANSÃO → é a contagem dos sons dos versos.
multiforme, na sua grande variedade histórica, nem
sempre corresponde. Tampouco deve ela ser REGRAS:
entendida como um sistema de normas a que os
autores teriam de ajustar a sua atividade a fim de 1) Contam-se os versos somente até a última sílaba tônica;
produzirem obras líricas puras, obras épicas puras ou “As armas e os barões assinalados”
obras dramáticas puras. A pureza em matéria de
literatura não é necessariamente um valor positivo. 2) Quando a última sílaba terminar em vogal átona e a primeira
Ademais, não existe pureza de gêneros em sentido sílaba da palavra seguinte começar por vogal átona, ocorrerá a
absoluto (2004, p.16). ELISÃO → junção das vogais.
“Amo-te, ó cruz no vértice firmada
De esplêndidas igrejas” (Herculano)
O citado crítico nos ensina ainda que, no estudo dos 3) NÚMERO DE SÍLABAS
gêneros literários, é possível apresentar um duplo significado:
Substantivo, associado mais à estrutura dos gêneros (A Lírica, A a) MONOSSÍABOS: uma única sílaba
Épica e A Dramática); Adjetivo, associado a traços estilísticos
contidos em qualquer texto que, em grau maior ou menor, podem Renato Travassos e seu menor soneto do mundo
aparecer em qualquer gênero. Ou seja, um poema pertence ao
gênero Lírico, mas é possível encontrar um poema-épico ou um “Ó
poema narrativo, ou até mesmo um poema dramático (como em Vem!
Morte e Vida Severina), ou um romance poético (em Iracema). O Tem
significado substantivo, de certa forma, “fecha” a noção de gênero; Dó...”
ao passo que o significado adjetivo dá uma amplitude maior ao
gênero literário, inclusive para a aceitação desses traços em um Bem
ambiente extra-linguístico. Jó,
Quem
Só
Num poema lírico, uma voz central (eu-lírico) exprime um Dor
estado de alma e o traduz em palavras. Trata-se essencialmente da Se
expressão de emoções e disposições psíquicas, muitas vezes Faz
também de concepções, reflexões e visões enquanto intensamente Por
vividas e experimentadas. Em virtude do cunho emotivo-reflexivo, é Ti...
comum encontrarmos como característica deste gênero certa Vês!”
brevidade (a poesia é mais curta que a prosa).
b) DISSÍLABOS: versos de duas sílabas
I) CONCEITO DE POESIA:
11
12. “Tu, ontem,
na dança j) DECASSÍLABOS: versos de dez sílabas
que cansa
voavas, “Sete anos de pastor Jacob servia
com as faces Labão, pai de Raquel, serrana e bela;
em rosas Mas não servia ao pai, servia a ela,
formosas, Que a ela só por prêmio pretendia.”
de vivo (LUIS DE CAMÕES)
carmim...”
(Cassimiro de Abreu) k) HENDECASSÍBALOS: versos de onze sílabas
c) TRISSÍLABOS: versos de três sílabas “Acerva-se a lenha da vasta fogueira,
entesa-se a corda da embira ligeira,
“Vem a aurora adorna-se a maça com penas gentis”
pressurosa, (Gonçalves Dias)
cor de rosa,
que se cora l) ALEXANDRINOS: versos de 12 sílabas
de carmim;
a seus raios “Choro não ter colhido o beijo que perdeste...”
as estrelas (Menotti del Picchia)
que eram belas
tem desmaios m) VERSOS LIVRES: sem nenhum esquema métrico ou silábico
já por fim”
(Gonçalves Dias)
d) TETRASSÍLABOS: versos de quatro sílabas 4) RITMO: sucessão alternada de sons tônicos e átonos, repetidos
com intervalos regulares.
“O inverno brasa
forçando as portas... a) Binários: duas partes iguais
Oh! Que revoada
De folhas mortas “Belo belo / minha bela
O vento espalha Tenho tudo / que não quero”
Por sobre o chão” (Manuel Bandeira)
(Alphonsus de Guimaraens)
b) Ternário: três partes iguais
e) REDONDILHA MENOR: versos de cinco sílabas
“Era pequena /, era elegante /, era discreta”
“Meu canto de morte, (Carlos Drummond de Andrade)
guerreiros, ouvi:
sou filho das selvas, c) Cumulativo: superior a quatro partes iguais
nas selvas cresci;
guerreiros, descendo “Ruge /, brame /, urde intrigas /, atraiçoa”
da tribo tipi.” (Raimundo Correia)
(Gonçalves Dias)
d) Crescente: mais longo
f) HEXASSÍLABO: versos de seis sílabas
“Aqui / ondina louca / vogavas sobre os mares
“E o Cavaleiro passa Ali / silvo ligeiro / na murta ias dormir”
ante a sombria porta (Castro Alves)
da lúgubre Desgraça”
(Alphonsus de Guimaraens) 5) RIMA: é a identidade ou semelhança de sons no final ou no
interior dos versos.
g) REDONDILHA MAIOR: versos de sete sílabas 5.1) Externas:
“Não sei se é preciso guerra, a) Emparelhadas (Paralelas ou Geminadas): AABB
mas sei quanto a guerra custa.
Não sei se a bondade é justa, “Pode em redor de ti, tudo se aniquilar:
Mas sei que a justiça erra” - Tu renascerá cantando ao teu olhar,
(Otacílio Batista) tudo, mares e céus, árvores e montanhas,
porque a vida perpétua arde em tuas entranhas”
h) OCTOSSÍLABO: versos com oito sílabas (Olavo Bilac)
“No ar sossegado, um sino canta...
Um sino canta no ar sombrio” b) Interpoladas (oposta): ABBA
(Olavo Bilac)
“Eu me lembro! Eu me lembro! – Era pequeno
i) ENEASSÍLABO: versos de nove sílabas E brincava na praia; o mar bramia
E, erguendo o dorso altivo sacudia
“Ó guerreiros da taba sagrada. A branca espuma para o céu sereno”
Ó guerreiros da tribo tupi! (Cassimiro de Abreu)
Falam deuses nos cantos do piaga!
Ó guerreiros, meus cantos ouvi” c) Alternadas (Cruzadas): ABAB
(Gonçalves Dias)
12
13. d) Misturadas (Deslocadas): não seguem esquematização
O ENREDO
e) Continuadas: repetem-se ao longo do poema 1) Linear – a história apresenta começo, meio e fim; a seqüência
dos fatos é clara, direta, com continuidade lógica e cronológica,
5.2) Internas: com o desenrolar passo a passo dos acontecimentos;
2) Não-Linear – acontecem saltos na seqüência das ações,
a) Aliterantes: fonemas consonantais idênticos ou semelhantes. quebrando-se a seqüência lógica e cronológica
b) Encadeadas: final de um verso e início do verso seguinte. PARTES DA HISTÓRIA
1) APRESENTAÇÃO: primeiros dados sobre o mundo narrativo;
c) Coroadas: dentro do mesmo verso 2) COMPLICAÇÃO: incidente que subverte a ordem estabelecida,
instaurando o conflito;
d) Leoninas: rimas de mesma métrica 3) CLÍMAX: momento de maior tensão da história;
4) DESFEECHO ou DESENLACE: solução do conflito.
5.3) Verso Branco: não há rima.
FOCO NARRATIVO (PONTO DE VISTA): perspectiva adotada
6) ESTROFE: é um agrupamento de linhas (versos), que formam pelo narrador para contar a história. Pode ser:
uma unidade rítmica e psicológica.
a) Externo - narrativa objetiva, feita por um observador “de fora”,
a) Monóstico: um verso; que não conhece nem o pensamento, nem o passado das
personagens. Ele exprime uma visão incompleta.
b) Dístico: dois versos; b) Interno – uma das personagens possui uma visão dos
acontecimentos. Exprime uma visão parcial, subjetiva.
c) Terceto: três versos; c) Onisciente – os fatos são apresentados por um narrador que
conhece todos os fatos e pensamentos das personagens. Exprime
d) Quadra: quatro versos populares; uma visão global.
e) Quarteto: quatro versos eruditos (sonetos); PERSONAGENS:
f) Quintilha: cinco versos; 1) Quanto à função:
a) PROTAGONISTA – personagem central;
g) Sextilha: seis versos. b) ANTAGONISTA – opositor do protagonista;
c) SECUNDÁRIOS – de pouca importância, também chamados de
h) Setilha: sete versos; coadjuvantes;
d) NARRADOR – quem conta a história.
i) Oitava: oito versos;
2) Quanto à caracterização:
j) Nona: nove versos; a) INDIVÍDUO – possuidor de características marcantes,
individualizantes;
k) Décima: dez versos; b) CARICATURA – possuidor de traços exagerados de sua
personalidade;
l) Irregulares: mais de dez versos. c) TÍPICA – representante de um grupo social, nacional, regional,
profissional, etc.
OBS: REFRÃO: verso que se repete a intervalos regulares
3) Quanto à evolução:
7) O POEMA CONCRETO a) PLANAS ou ESTACIONÁRIAS – inalteráveis na narrativa;
b) ESFÉRICAS ou EVOLUTIVAS - são definidas no decorrer da
7.1) CARACTERÍSTICAS narrativa, evoluindo e, algumas vezes, surpreendendo o leitor.
a) Ruptura com a sintaxe tradicional e a disposição das palavras; 4) Quanto à apresentação feita pelo Narrador:
b) Abolição do verso linear e a ampliação das possibilidades de a) IMPLÍCITA ou INDIRETA – a personagem se revela pela
leitura; dedução do leitor;
c) A associação da comunicação verbal e visual. b) EXPLÍCITA ou DIRETA – a personagem é revelada diretamente,
por meio de descrições e comentários feitos ou pelo narrador, ou
pelas personagens.
O gênero narrativo decorre do gênero Épico, embora este O TEMPO
originariamente ter sua forma em versos, aquele, com a evolução 1) Tempo cronológico;
do gênero, aproxima-se mais do romance, que não pode ser 2) Tempo psicológico;
entendido aqui como uma “história de amor”, como muitos leigos 3) Flashback – apresentação de fatos anteriores à seqüência
acreditam. Romance é simplesmente uma narrativa que, inclusive, narrativa;
com as questões atuais, pode não narrar nada e se voltar para as 4) Flashforward – apresentação de fatos posteriores à seqüência
questões existenciais, como bem o fez Clarice Lispector. narrativa;
Narração: uma progressão marcada por peripécias ou 5) Elipses – saltos temporais, tornando a narrativa mais ágil.
incidentes e, geralmente, portadora de uma moral. Ou seja, algo 6) Cena – acelera o ritmo narrativo, pois coincide tempo dos
aconteceu a alguém, em um certo tempo, em um certo lugar, e isso acontecimentos e tempo do discurso;
gerou conseqüências. 7) Sumário – o narrador resume diversos acontecimentos em um
tempo de discurso sensivelmente mais curto.
ELEMENTOS DA NARRATIVA:
O ESPAÇO
1) Narrador;
1) Físico;
2) Personagens;
2) Psicológico – espaço de nosso universo subjetivo.
3) Ações;
4) Tempo;
EXEMPLOS DE NARRATIVAS:
5) Espaço.
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