O documento discute o construtivismo pós-piagetiano e como ele se relaciona com a cibercultura. Explica que a cibercultura é a cultura estruturada pelo uso das tecnologias digitais e que redes educativas e espaços multirreferenciais de aprendizagem são importantes nesse contexto. Também apresenta os princípios do construtivismo pós-piagetiano, como a ênfase no papel das interações sociais na construção do conhecimento.
1. CIBERCULTURA E O CONSTRUTIVISMO
PÓS-PIAGETIANISMO
Novas Tecnologias no Ensino da Matemática
José R. S. Filho
São Paulo
2015
2. QUE É CIBERCULTURA?
A cibercultura é a cultura contemporânea estruturada pelo
uso das tecnologias digitais em rede nas esferas do
ciberespaço e das cidades. Compreendemos tais esferas
como espaços tempos cotidianos de ensino
aprendizagem, que preferimos nomear de redes
educativas ou espaços multirreferenciais de
aprendizagem.
Redes educativas são espaçostempos que se instituem
em múltiplos contextos, nos quais vamos tecendo o
conhecimento (Alves, 2010).
3. QUE É CIBERCULTURA?
Os espaços multirreferenciais de aprendizagem são
aqueles que contemplam e articulam diversos espaços,
tempos, linguagens, tecnologias para além dos espaços
legitimados pela tradição da ciência moderna.
Aprendemos com a diversidade e a pluralidades de
referências. Essas referências são compreendidas como
“estruturantes”, e não meros adereços (Macedo, 2011).
Para Santaella, “o ciberespaço é todo e qualquer espaço
informacional multidimensional que, dependente da
interação do usuário, permite a este o acesso, a
manipulação, a transformação e o intercâmbio de seus
fluxos codificados de informação” (2004, p. 45).
4. QUE É CIBERCULTURA?
Esse espaço informacional se constitui e é constituído
pelas tecnologias digitais em rede, que é para nosso
tempo um dos mais importantes artefatos técnico-
culturais, pois ampliam e potencializam a nossa
capacidade de memória, armazenamento, processamento
de informações e conhecimentos, e, sobretudo, de
comunicação.
Atualmente, principalmente por conta da emergência das
tecnologias e dispositivos móveis, compreendemos a
cibercultura cada vez mais como a cultura da e na
interface entre o ciberespaço e as cidades – e por que não
falarmos também nos campos.
5. QUE É CIBERCULTURA?
Se analisarmos mais profundamente, a cibercultura,
mesmo antes do fenômeno da mobilidade conectada, já
se instituía nos espaços urbanos, por conta das relações
que estabelecíamos e ainda estabelecemos com as
tecnologias digitais em nossas operações cotidianas com
os equipamentos das cidades, a exemplos das operações
bancárias, dos ambientes culturais, comerciais, industriais
e agrícolas, entre outros.
“As novas tecnologias da informação não são
simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas
processos a serem desenvolvidos” (Castells, 1999, p. 51).
6. QUE É CIBERCULTURA?
A educação online é o conjunto de ações de
ensinoaprendizagem mediadas por interfaces digitais em
rede no ciberespaço (interfaces, ambientes virtuais de
aprendizagem, redes sociais da internet) e nas cidades
(laboratórios de informática, infocentros, telecentros, lan
houses, computadores e dispositivos móveis em espaços
multirreferenciais – escolas, ONGs, empresas e
universidades, entre outros).
7. A PEDAGOGIA
A pedagogia ocupa-se das tarefas de formação humana
em contextos determinados por marcos espaciais e
temporais. A investigação do seu objeto, a educação,
implica considerá-lo como uma realidade em mudança.
A realidade atual mostra um mundo ao mesmo tempo
homogêneo e heterogêneo, num processo de
globalização e individuação, afetando sentidos e
significados de indivíduos e grupos, criando múltiplas
culturas, múltiplas relações, múltiplos sujeitos.
A pedagogia quer compreender como fatores
socioculturais e institucionais atuam nos processos de
transformação dos sujeitos, mas, também, em que
condições esses sujeitos aprendem melhor.
8. A CORRENTE NEOCOGNITIVISTA
Nesta denominação estão incluídas correntes que
introduzem novos aportes ao estudo da aprendizagem, do
desenvolvimento, da cognição e da inteligência.
9. CONSTRUTIVISMO PÓS-PIAGETIANISMO
O construtivismo, no campo da educação, refere-se a uma
teoria em que a aprendizagem humana é resultado de
uma construção mental realizada pelos sujeitos com base
na sua ação sobre o mundo e na interação com outros.
O ser humano tem uma potencialidade para aprender a
pensar que pode ser desenvolvida porque a faculdade de
pensar não é inata e nem é provida de fora.
O construtivismo pós-piagetiano incorpora contribuições
de outras fontes tais como o lugar do desejo e do outro na
aprendizagem, o predomínio da linguagem em relação à
razão, o papel da interação social na construção do
conhecimento, a singularidade e a pluralidade dos
sujeitos. (Grossi e Bordin, 1993).
10. CONSTRUTIVISMO PÓS-PIAGETIANISMO
Nessa mesma perspectiva, o socioconstrutivismo mantém
o papel da ação e da experiência do sujeito no
desenvolvimento cognitivo, mas introduz com mais vigor o
componente social na aprendizagem, tornando claro o
papel determinante das significações sociais e das
interações sociais na construção de conhecimentos.
Instrumentos cognitivos utilizados pelas crianças são,
também, reestruturações de representações sociais
reformadas nas interações sociais.
11. CONSTRUTIVISMO PÓS-PIAGETIANISMO
Uma das noções chave desse paradigma é o conflito
sócio-cognitivo que surge em situações de interação, nas
quais estão também envolvidas experiências sociais e
culturais que interveêm nas aprendizagens. (Garnier,
Bednarz e Ulanovskaya, 1996).
12. CIBERCULTURA E O CONSTRUTIVISMO PÓS-
PIAGETIANISMO
As pedagogias modernas não precisam necessariamente
acreditar numa ciência inquestionável. Nem ignoram os
vínculos entre o saber e o poder. Mas não podem recusar
toda a ciência e sua conversão em conteúdos científicos
para uso escolar. Acredita que o mundo da escola é o
mundo dos saberes: saber ciência, saber cultura, saber
experiência, saber modos de agir
Uma visão crítica da cultura consiste em promover a
reflexão compartilhada sobre as próprias representações
e facilitar a abertura ao entendimento e experimentação
de representações alheias, distantes e afastados no
espaço e no tempo, o que supõe a apropriação teórico-
crítica da cultura sistematizada. (Perez Gómez, 2000).
13. CIBERCULTURA E O CONSTRUTIVISMO PÓS-
PIAGETIANISMO
Numa perspectiva claramente imbuída do paradigma
moderno da consciência, a teoria histórico-cultural iniciada
com Vygotksy e expandida por várias gerações de
seguidores, formula a integração entre o mundo
sociocultural e a subjetividade, entre a racionalização e a
subjetivação.
A atividade humana supõe, para desenvolver-se, as
mediações culturais. A atividade de aprendizagem, ao
apropriar-se da experiência sociocultural, assegura a
formação do pensamento teórico-científico dos indivíduos,
mediante atividades socioculturais, já que as ações
individuais ocorrem em contextos socioculturais e
institucionais.
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIBÂNEO, José Carlos. As teorias pedagógicas
modernas resignificadas pelo debate contemporâneo
na educação. 2005. Disponível em:
http://ntem.lanteuff.org/pluginfile.php/
5727/mod_resource/content/4/teoria_debatecontempo.pdf,
acesso em 18 de fev. de 2015.
SNATOS, Edméa. Tempos de mobilidade e redes
sociais: conversando com os cotidianos. 2010.
Disponível em:
http://ntem.lanteuff.org/pluginfile.php/5728/mod_resource/
content/3/Cibercultura.pdf, acesso em 18 de fev. de 2015.