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INTRODUÇÃO
Durante o estágio supervisionado na educação infantil, despertou-nos grande
interesse em aprofundar o conhecimento sobre o uso dos jogos cooperativos e
analisar a didática dos docentes que desenvolvem essa prática na sala de aula.
Contanto, um dos motivos deste trabalho é fundamentar que a utilização dos
jogos cooperativos na sala de aula contribui na formação do indivíduo, auxiliando a
construção de conhecimento, a cooperação e a relação social. Esse estudo não
pretende substituir a competição pela cooperação, mas sim demonstrar uma forma
de jogo flexível, em que o interesse dos jogadores esteja na participação de todos,
na diversão e compartilhar o conhecimento de maneira significativa.
A proposta deste trabalho visa contextualizar o significado dos jogos
cooperativos e sondar a importância de desenvolvê-los na sala de educação infantil,
refletindo-o como instrumento que promove desenvolvimento na criança de modo
integral, além de identificá-lo como recurso que produz lições educativas de forma
recreativa e prazerosa.
A metodologia deste trabalho será composta de pesquisa qualitativa
bibliográfica fundamentada na reflexão de leituras de livros, artigos e
complementada a pesquisa de campo.
A pesquisa possui como referencial teórico ANTUNES (2011), BROTTO
(1997), KAMII (1991), KISHIMOTO (2009) e SOLER (2011).
O primeiro capítulo contextualiza a história dos jogos e seus significados,
desde o princípio aos dias atuais, e em seguida, classifica-se a distinção dos termos
jogo, brinquedo e brincadeira. Nota-se a importância do docente conhecer sobre as
fases de desenvolvimento da criança, neste sentido SOLER (2011), relata as fases
de desenvolvimento da criança no brincar desde o zero aos cinco anos de idade. A
seguir KAMII (1991), descreve os objetivos do jogo na educação infantil e menciona
determinados critérios para elaboração de um bom jogo.
No segundo capítulo, SOLER (2011), classifica a diferença entre o jogo
cooperativo e o jogo competitivo, onde BROTTO (1997), apresenta um quadro
comparativo que demonstra os efeitos positivos e negativos entre as duas
12
categorias. E em seguida, os autores relatam critérios importantes que deve conter
no jogo cooperativo e menciona a maneira adequada para o educador conduzir os
jogos em sala de aula.
O terceiro capítulo consiste na análise realizada através da pesquisa de
campo, com a exposição das informações obtidas por meios das entrevistas
realizadas em duas escolas localizadas no município de Carapicuíba e uma escola
localizada no município de Barueri. O objetivo foi analisar entre as unidades
escolares e docentes a frequência que são desenvolvidas as atividades cooperativas
de forma lúdica em seu cotidiano escolar e sondar os efeitos positivos alcançados
quando desenvolve os jogos cooperativos na sala de aula.
13
CAPÍTULO I
OS JOGOS NO DESENVOLVIMENTO E FORMAÇÃO DA CRIANÇA
O jogo com propósitos educativos na sala de aula trata-se de um recurso
fundamental para o processo de desenvolvimento integral do indivíduo, sobretudo,
na educação infantil, de modo que passa a trabalhar todos os aspectos, segundo a
Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional (LDBEN) n° 9394/96, artigo 29°:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até os cinco anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Entende-se que, o jogo propõe a criança conciliar a aprendizagem ao seu
cotidiano, de modo que o conhecimento passa a ser adquirido de forma natural. No
entanto, Almeida (1998), relata que em alguns momentos históricos, como por
exemplo, no cristianismo, o jogo era considerado imoral e sem nenhuma
significação.
1.1 A história dos jogos
Segundo Almeida (1998), no período da Grécia antiga Platão afirmava que os
primeiros anos da criança deveriam ser ocupados com jogos educativos e
considerava que a educação deveria iniciar aos sete anos de idade. Platão investia
contra o espírito competitivo dos jogos, pois considerava causar danos a formação
da criança. Para os egípcios, romanos e maias, os jogos eram uma forma de a
geração jovem aprender com seus ancestrais valores éticos e conhecimento, além
de normas de padrões de vida social.
Carneiro (2012), relata sobre a vida do rei da França Luís XIII (1610-1643),
que durante sua infância, participava de jogos de cartas e de azar e através desses
jogos, consequentemente, muitas fortunas foram desfalcadas, de modo que
acabavam sendo transferidas para outras pessoas.
Segundo (ARIÈS, 1981 apud CARNEIRO, 2012), os jogos de azar não
promoviam censura para a população francesa, de maneira que não havia motivo de
14
proibir a participação das crianças, contanto possui registros de várias cenas com
crianças jogando cartas, dados e gamão.
Carneiro (2012), salienta que durante o século XVI, há registros de pinturas
de crianças realizando várias brincadeiras como cabra-cega e esconde-esconde.
Durante essa fase não havia separação entre os jogadores por tamanho ou idade,
de forma que tanto o adulto quanto a criança frequentavam ambientes como festas e
teatros. Portanto, os jogos não eram praticados especificamente por crianças, mas
sim, praticados por todos de maneira conjunta. No século seguinte a relação entre
os indivíduos baseava-se nos jogos e durante esse período, não havia preocupação
com seu valor moral, pois seu propósito na época não era educativo, mas sim para
diversão de todos. Foi a partir dos séculos XVII e XVIII que os jogos passaram ater
valores morais. Desde então, as atividades que eram praticadas entre adultos e
crianças foram apropriadas conforme a idade de cada indivíduo. Contanto, surgiram
as seguintes distinções: os indivíduos que aceitavam a igualdade sem discriminação
ou censura e moralistas que condenavam um ambiente de igualdade absoluta. A
partir desse período, os jogos começaram a ser vistos como vício, buscando o
desenvolvimento da inteligência entre os participantes, como por exemplo, o jogo de
xadrez.
De acordo com (ÁRIES, 1978 apud TEIXEIRA, 2010 apud CARNEIRO, 2012),
os povos jesuítas foram os primeiros a perceber a capacidade educativa composta
nos jogos, recomendando que os utilizasse durante seus programas, considerando
como meio educativo tão significativo quanto os estudos, de maneira que
precisavam ser utilizados de forma controlada. Nesta perspectiva (TEIXEIRA, 2010
apud CARNEIRO, 2012 p 14), ressalta:
A atividade lúdica nem sempre foi valorizada ou vista como
instrumento que faz parte da aprendizagem e do desenvolvimento da
criança, apenas com a ruptura do pensamento romântico que a
valorização da brincadeira ganha espaço na educação das crianças.
Através da brincadeira a criança tem possibilidade de transformar o
desconhecido em conhecido, tornando-se capaz de alterar o mundo
em sua volta, as crianças são capazes de aprender brincando,
porque nesses momentos as crianças levantam questões, discutem
inventam, criam e transformam, revelando-se, nesse brincar, o
teórico e o historiador que são característica de todo ser humano.
15
Neste sentido, percebe-se a importância do jogo como instrumento que
promove o desenvolvimento do indivíduo, de maneira que a própria criança começa
a ampliar sua compreensão do mundo e durante o jogo passa-se a produzir
aprendizagem significativa, onde levantam questões, inventam e passam a
desenvolver naturalmente sua autonomia.
Segundo (KISHIMOTO, 1994 apud BLANCO, 2007), através de Froebel
(1782-1852), o jogo passa a fazer parte da educação escolar e por meio de recursos
como bola, cubo e cilindro a criança passa a adquirir noções básicas de matemática
e física. Blanco (2007), relata que Froebel foi criador do jardim de infância de
maneira que motivou o uso dos jogos como instrumento que promove a aquisição de
conhecimento.Através de Froebel o jogo tornou-se parte fundamental no currículo de
educação infantil e cerca de cinquenta anos suas idéias contribuíram na educação
das crianças em que foram modificadas após o movimento da Escola Nova,
representado por Dewey.
Compreende-se que os jogos antigamente tratavam de atividades recreativas
em que não havia censura em relação a gênero ou idade, de maneira que todos
participavam dos mesmos ambientes. Com o avanço, os jogos passaram a constituir
valores morais e através de Froebel os jogos começaram ser vistos de forma
educativa e introduzidos na escola, tornando-se fundamental no currículo de
educação infantil.
1.2 Os jogos tradicionais
Segundo Kishimoto (2009), o jogo tradicional infantil é considerado como
elemento cultural popular, em que assume origens anônimas, portanto seus
criadores são desconhecidos. Trata-se de um elemento folclórico em que são
passados por gerações e grande parte da população preserva-se sua estrutura
original. Eles ocorrem de forma livre e espontânea, de modo que a criança brinca
por prazer. A tradição e generalização desses jogos colocam-se no fato em que
populações antigas como a Grécia e Oriente em que brincavam de amarelinha,
empinar pipa e jogar pedrinhas, brincadeiras que são realizadas atualmente pelas
crianças de forma similar a sua origem e permanecem na memória infantil. Para
16
compreensão sobre a origem dos jogos tradicionais infantis requer uma investigação
de raízes folclóricas e sobre a origem dos povos nativos.
Kishimoto (2009), salienta que há diversos estudos em que se relata a origem
da nação brasileira, o qual teve origem na mistura de três povos: os europeus (que
são figura dos primeiros portugueses), indígenas e africanos.
1.3 A influência dos povos Portugueses, Africanos e Indígenas nos
jogos
De acordo com Kishimoto (2009), a influência dos povos portugueses nos
jogos, originou-se desde a história da colonização brasileira, por volta de 1500 com
Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e Fernando Magalhães. Por falta de mão-de-
obra humana para as tarefas domésticas, os povos portugueses passaram a utilizar
dos índios e a partir da resistência dos povos indígenas, tornou-se a prática do uso
dos negros para os serviços domésticos e de engenho. A mistura dos povos
portugueses, indígenas e africanos que se originou a nação brasileira. A influência
dos portugueses no Brasil foi através dos versos, adivinhas e parlendas. Entre os
jogos tradicionais popularizados no mundo como amarelinha, bolinha de gude e pião
foram introduzidos no Brasil pelos primeiros portugueses. Kishimoto (2009), ressalta
que o jogo pião foi divulgado pelos portugueses durante os primeiros tempos da
colonização no Brasil.
Segundo (CASCUDO 1984 apud KISHIMOTO 2009, p. 23 e 24), há registros
da seguinte adivinhação produzida em versos portugueses, conhecida popularmente
na região do nordeste, local em que a brincadeira de pião é mais constante:
Para andar lhe pus a capa
E tirei para andar
Que ele sem capa não anda
Nem com ela pode andar
Com capa não dança
Para dançar bota a capa
17
Tira-se a capa para dançar.
Em relação à influência dos negros, Kishimoto (2009), relata que contribuíram
por meio dos contos de fada, lendas, mitos, os deuses e os animais encantados. Na
época, as mães negras transmitiam aos seus filhos estórias sobre sua terra nativa e
o melhor brinquedo delas eram montar a cavalos ou carneiros e por falta desses,
montavam-se uns aos outros. Kishimoto (2009), salienta que nos tempos de
escravidão destacava brincadeiras de faz-de-conta em que participavam a
sinhazinha e a menina negra. A temática da brincadeira representava o cotidiano da
época: a senhora mandando nas criadas, as bonecas eram as filhas e as meninas
negras como servas que obedeciam as sinhazinhas. Esses jogos simbólicos
auxiliavam as meninas brancas e negras a compreender sobre os costumes da
época, em que menina escrava desde pequena se preparava para obedecer à
menina branca. Atualmente nas regiões Sudeste e Nordeste preservam-se
brincadeiras originárias dos negros como: chicotinho, cinturão queimado, cipozinho
queimado, quente-frio e peia quente.
E por fim, Kishimoto (2009), afirma que os povos indígenas trouxeram
diversas contribuições ao folclore brasileiro, em que ressalta que entre algumas
tribos, as mães indígenas confeccionam brinquedos compostos de barro cozido, de
modo que os representava em formato de animais e de seres humanos
predominantes do sexo feminino.
Conforme (KOCH-GRÜNBERG, 1979 p.35 apud KISHIMOTO, 2009), afirmam
que as meninas das tribos de Roraima não possuem bonecas de formato humano,
entretanto, quando oferece uma boneca de louça, as índias batizam de “tupama” em
que a tradução significa “santo”. Elas utilizam esse objeto como instrumento de
adoração.
De acordo com (KOCH–GRÜNBERG, 1979 apud KISHIMOTO, 2009), o
primeiro brinquedo do menino indígena é o chocalho de casca de frutas ou unhas de
veado que se amarra em torno de uma boneca. Outro brinquedo bastante apreciado
de origem indígena é a peteca, confeccionada com palha de milho e o miolo em
forma de argola, brinquedo originário de tribos tupis no Brasil. Com o passar dos
18
anos, os indígenas passam a apreciar jogos em grupo e a brincadeira refere-se à
imitação de animais.
1.4 Jogo, brinquedo e brincadeira
De acordo com Blanco (2007), o jogo, brinquedo e brincadeira
frequentemente são termos utilizados como significados similares, entretanto,
quando passamos a trabalhar o jogo com propósito educativo, percebe-se que estes
termos possuem significados distintos.
Segundo (KISHIMOTO, 1994 apud BLANCO, 2007 p.51), esses termos
podem ser classificados da seguinte maneira:
 brinquedo: objeto, suporte de brincadeira;
 brincadeira: descrição de uma conduta estruturada com regras;
 jogo infantil: designa tanto o objeto e as regras do jogo e da criança;
Sendo assim, (KISHIMOTO, 2007 apud CARNEIRO, 2012 p.17), salienta que
o jogo possui a seguinte definição:
(...) o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade
lhe atribui. É este aspecto que nos mostra porque, dependendo do
lugar e da época, os jogos assumem significações distintas. Se o
arco e a flecha hoje aparecem como brinquedo, em certas culturas
indígenas representavam instrumentos para arte e para pesca.
Neste sentido, entende-se que os jogos sofreram várias alterações durante o
período histórico e em cada local assume múltiplos significados, pois em cada região
o jogo é representado segundo a história e a cultura da comunidade.
As autoras (KISHIMOTO, 2007 apud CARNEIRO, 2012), destacam o
significado do termo brinquedo como um objeto que fornece suporte à brincadeira.
Distinto de jogo, o brinquedo atribui uma relação íntima com o indivíduo, de modo
que o brincar é conduzido segundo a história e a rotina de cada criança.
19
Do mesmo modo que o jogo possui múltiplos significados, o brinquedo trata-
se de um objeto que pode representar significados distintos em cada indivíduo. Para
a criança, uma boneca pode ser o suporte que a conduzirá a brincadeira, já para um
adolescente ou adulto, o brinquedo pode ser considerado como uma peça
decorativa.
E por fim, (KISHIMOTO, 2007 apud CARNEIRO, 2012), interpretam a
brincadeira como a ação que o indivíduo executa ao concretizar as regras de um
jogo. A criança quando realiza o ato de brincar, aprende e desenvolve habilidades
físicas, intelectuais e sociais, portanto, trata-se de um período fundamental para que
sua aprendizagem ocorra de forma significativa e espontânea.
1.5 A criança e a evolução do brincar
Para Soler (2011), a criança passa a brincar desde o seu convívio no útero
materno. A princípio ela nem precisa de brinquedo, de modo que passa a brincar
com o próprio corpo ou com quem está ao seu redor. Nesse sentido Soler (2011),
produz uma síntese, que descreve a evolução do brincar de forma progressiva:
 0 a 1 mês: nesta fase a criança passa a brincar com o olhar e através dele
passa a ter uma relação com os outros e gradativamente, passa a sorrir para os
seus pais;
 2 meses: durante essa fase a criança passa a compreender os primeiros
sons;
 3 meses: fase que a criança começa a ter contato com objetos através do
auxílio de seus pais, portanto, passa a exercitar e desenvolver a motricidade;
 4 meses: começa a brincadeira de esconder utilizando lençóis, e desde então
começa a pegar objetos de modo espontâneo.
 7 meses: a criança passa a participar da brincadeira de forma mais ativa e
espontaneamente pega e joga objetos ao chão, exercitando noções de distância e
altura.
 9 meses: iniciam-se as imitações através de gestos e sons.
 12 meses: a criança começa a andar e articular suas primeiras palavras, as
brincadeiras tornam-se mais ativas e consegue separar, unir e encaixar objetos;
20
 18 meses: o contato com a água, terra e areia contribuem em seu
desenvolvimento e durante esse estágio, ela percebe o som que sai dos objetos;
 2 anos: fase que ela participa da brincadeira com outras crianças, entretanto
prevalece o egocentrismo de forma que se apegam aos objetos e não os renunciam.
 3 anos: nesse período a criança começa a reconhecer cores e formas. Ela
passa a gostar dos jogos de montar estimulando assim, sua imaginação;
 4 anos: a criança elimina gradativamente o egocentrismo e passa a brincar
de forma cooperativa. Segundo Antunes (2011), é a fase que o animismo se torna
presente, etapa em que ela passa a dar vida aos objetos, uma vez que a fantasia
passa a estar bastante presente, de modo que ela confunde a fantasia com a
realidade.
 5 anos: fase onde ela começa a participar de jogos de regras simples e
dependendo do modo que o educador apresenta o jogo, a competição torna-se mais
frequente.
Percebe-se o quanto é importante ter conhecimento sobre as definições e o
processo evolutivo da criança, visando também seu desenvolvimento no brincar até
a fase em que ela passa a participar dos jogos de regras e interagir com seus
semelhantes, pois o avanço da criança ocorre através da relação humana e também
sob a interação com os brinquedos.
Nota-se também o quanto é importante o professor ter conhecimento sobre as
fases de desenvolvimento do indivíduo, pois a partir desse conhecimento ele terá
autonomia para criar e conduzir um bom jogo. O educador que respeita o estágio de
desenvolvimento da criança desperta ao educando a curiosidade, vontade de
permanecer ao jogo e cria-se também um ambiente em que as próprias crianças
elaborem novas possibilidades de jogar.
1.6 O jogo e seu significado
De acordo com Antunes (2011), é comum em nossa cultura relacionar a
palavra jogo com o termo “competição”, ou seja, quando se relata a respeito de um
jogo de futebol, é natural imaginar um duelo entre equipes que restarão no final o
vencido e o vencedor. A ideia do “jogo” na educação, não se confunde com o
21
sentido popular atribuído a essa palavra. Sobre o ponto de vista educativo, a palavra
jogo aproxima-se de sua origem latina a qual se refere à diversão, brincadeira ou
passatempo, considerando que representa uma relação entre dois ou mais
indivíduos realizando determinadas regras. Dessa maneira, percebe-se que
passamos boa parte do nosso tempo jogando, pois estamos frequentemente
interagindo com outras pessoas e respeitando as regras da sociedade. Neste
sentido, entende-se que o jogo trata de um elemento importante em todas as etapas
da vida psicológica da criança, e representa um erro inaceitável considerá-lo como
uma perda de tempo.
Para (HUZINGA, 1996 apud SOLER, 2011), o jogo trata-se de uma atividade
voluntária e quando essa ação passa a ser sujeita a ordens deixa de ser um jogo,
podendo transformar no máximo em uma espécie de uma imitação forçada.
Soler (2011), baseou-se nas obras de Piaget e relata que existem três tipos
de jogos infantis:
 Jogo de exercício: inicia quando a criança possui cerca de 0 à 1 ano de vida,
no período que é conhecido como sensório motor, que fará parte da estrutura dos
próximos jogos. Inicialmente a criança brinca com seu corpo e passa a evoluir o
brincar ao corpo da sua mãe e aos poucos vai passando para objetos e brinquedos,
respeitando sempre seu nível de desenvolvimento.
 Jogo simbólico: ocorre quando a criança está entre 1 à 7 anos de vida. Ele
trata de uma representação corporal do imaginário com predominância à fantasia.
Ao brincar de faz de conta, a criança passa a criar símbolos e nessa fase o poder de
fantasiar é muito maior do que poder se explicar. Através do jogo simbólico, a
criança passa a exercitar sua capacidade cognitiva, além de também trabalhar suas
habilidades psicomotoras. Portanto, ele é de fundamental importância, pois contribui
no desenvolvimento intelectual, motor, afetivo, social e psíquico.
 Jogo de construção: aparece quando a criança tem cerca de 4 à 7 anos de
vida, considerado de grande importância por produzir a criatividade e desenvolver
habilidades a criança que joga. Neste jogo de construção, a criança procura criar
com sua ação situações próximas à sua realidade. Por meio desses jogos ela passa
a expressar seus anseios, seu conhecimento ao meio e também de manipular
22
objetos. Entre o jogo de construção permanece a fantasia, entretanto a criança
passa a distinguir cada vez mais entre ela e a realidade.
 Jogos de Regras: aparecem em torno de 7 à 11 anos de idade, apesar de
começar a surgir por volta dos 4 anos. É sobre essa fase que a competição
predomina com mais intensidade, pois as pessoas não sabem dissociar o jogo da
competição, de maneira que acreditam que um não vive sem o outro. Os jogos de
regras despertam a competição e também a cooperação, pois suas determinadas
regras propõem respeitar o combinado, esperar a sua vez e também enxergar o
outro que joga. Ao trabalhar com jogos de regras, o educador precisa criar um
ambiente onde seus próprios alunos se sintam livres para criação de suas próprias
regras.
Portanto Soler (2011), relata que existem alguns pilares para ensinar a criança
a construir as regras de um jogo:
1) É importante o educador perguntar aos seus alunos o que eles acham sobre
algumas atitudes praticadas no jogo, pois entre os diferentes pontos de vista,
poderão perceber a necessidade de criar novas regras e também a importância de
situá-las;
2) Permitir que as crianças debatam sobre o jogo, pois desse modo estarão
exercitando o desenvolvimento moral, o que as tornarão gradativamente pessoas
autônomas. Para tanto, o educador nunca deve impor as regras, e sim deixá-las
surgir a partir das crianças, pois dessa maneira permite que as atividades do jogo
sejam desenvolvidas com tranquilidade e disciplina, sendo assim, as regras tornam-
se mais significativas e as crianças participam da criação delas de forma ativa. Ao
oportunizá-los a construção de novas regras, estimula-se seu desenvolvimento
autônomo, sua criatividade, independência e cooperação;
3) É importante a atuação do professor durante o jogo, participando de maneira
igual aos alunos e de forma conjunta, recebendo e oferecendo novas ideias para
novas regras, atuando como facilitador e não como inibidor;
4) Estimular os participantes como será a escolha dos times de maneira
democrática, criando alternativas e de certo modo, evitar a exclusão.
Compreende-se que o jogo atribui funções essenciais, importantes na
formação humana, no sentido que serve para refletir sobre o mundo, além de refletir
sobre nossas próprias atitudes. Ele permite que as relações se tornem mais
23
saudáveis podendo modificar o relacionamento interpessoal, além de produzir
normas, valores e atitudes e também tornar uma pessoa mais livre.
Nota-se que durante o jogo é necessário que o professor atue como
facilitador, promovendo a oportunidade dos alunos produzirem suas regras e
desenvolverem sua autonomia, pois o educador tem a incumbência de conduzir um
ambiente de igualdade e respeito entre todos os jogadores. O professor quando
administra o jogo de forma adequada participa com seus alunos de forma conjunta e
oferece a oportunidade de todos jogarem de maneira ativa, desenvolvendo assim a
socialização, criatividade e cooperação.
1.7 Objetivos do jogo na educação infantil
Segundo Kamii (1991), para considerarmos um jogo útil ao desenvolvimento
da criança é necessário que ele alcance os seguintes objetivos:
 desenvolver autonomia: para o jogo tornar-se um instrumento útil no
processo educacional, visa-se que ele desenvolva “autonomia”, termo que pode-se
definir como “autogoverno”, ao contrário de “heteronomia” que significa “ser
governado por outro”. Ser autônomo não significa ter liberdade total para se realizar
tudo aquilo que almeja, mas sim, requer diálogo e negociação para se chegar a uma
decisão adequada a todos os envolvidos. O termo autonomia geralmente é
confundido com independência, como por exemplo, habilidade de manter um
emprego e pagar suas próprias contas, entretanto, o que difere esses dois termos é
que o ser autônomo adota as regras quando ela têm sentido a ele, que convém
apenas em certas circunstâncias. É importante o professor ter cuidado em aplicar
jogos ou qualquer outro tipo de atividade, pois dependendo da maneira que são
aplicados, podem alcançar resultados opostos, ou seja, ao contrário de formar seres
autônomos, livres e argumentativos, podem-se tornar indivíduos heterônomos,
dóceis e obedientes. A autonomia não é somente convívio social, mas também
intelectual. De maneira que as regras morais e sociais devem ser reconstruídas por
cada criança para tornar-se suas, o conhecimento também deve ser construído por
cada indivíduo. Uma vez que as crianças pensam que as respostam corretas vêm
24
somente da cabeça do professor, tornam-se mais heterônomas do que antes de
entrar em contato com os professores.
 desenvolver a habilidade de coordenar diferentes pontos de vista: este
objetivo trata-se como extensão do primeiro, que almeja formar alunos com
capacidade de coordenar diferentes pontos de vista. Para alcançar esse objetivo, é
necessário que haja cooperação entre os indivíduos. As interações com colegas
tornam-se fundamentais para o desenvolvimento moral, pois ambas estão em
situações de igualdade de maneira que as auxiliam a construírem valores morais
muito mais livremente do que a cooperação com os adultos. Acredita-se que a
cooperação, ou coordenação de pontos de vista não ocorrem sem a descentração.
O termo “descentrar” aqui se refere como capacidade de ver algo a partir de um
ponto de vista que difere de si próprio. As interações com outras crianças tornam-se
relevantes por mais duas razões: Primeiro, porque o ponto de vista de uma criança é
mais similar á visão de outra criança que a de um adulto e segundo, porque grande
parte da vida social da criança passa-se com seus colegas e não com adultos.
 despertar a curiosidade e a imaginação da criança e criar um ambiente
onde elas possam relacionar coisas umas com as outras: este objetivo visa
formar alunos curiosos, com agilidade mental e pensamento crítico, objetivo que é
extraído através do construtivismo. O conhecimento é construído ativamente pela
criança daquilo que ela já tem, e não por um conhecimento que é despejado na
cabeça como se fosse um copo vazio. Uma das qualidades fundamentais para a
construção do conhecimento é a confiança na sua própria capacidade de encontrar
soluções, e através do construtivismo possibilita-se que a criança descubra não
somente a resposta de sua própria maneira, mas sim, de elaborar suas próprias
perguntas.
Percebe-se que o jogo trabalha a autonomia, imaginação e contribui para a
formação de indivíduos que saibam argumentar, interagir e respeitar diferentes
pontos de vista, pois quando a criança argumenta e respeita a visão do outro passa
a criar um ambiente de harmonia e cooperação, promovendo a construção de
conhecimento em conjunto de forma significativa.
25
1.8 Critérios para um bom jogo
Os jogos sendo aplicados de forma adequada tornam-se um recurso que
oferece uma série de benefícios para o desenvolvimento da criança. Nesta
perspectiva, Kamii (1991), descreve três critérios importantes para o jogo tornar-se
útil durante processo educacional:
 propor algo desafiador de maneira que desperte o interesse da
criança:para despertar interesse do jogador, primeiramente é necessário que o jogo
seja aplicado de acordo com estágio de desenvolvimento da criança, essa análise
deve ser realizada pelo docente à medida que o mesmo adquire uma base teórica
piagetiana. Entende-se que, quando as crianças interessam pelo jogo elas próprias
criam novas regras de como jogá-lo.
 permitir que a própria criança avalie seu desempenho: para avaliar seu
próprio desempenho, naturalmente a criança avalia se conseguiu um resultado
positivo, ou seja, estão naturalmente interessadas no sucesso de sua ação. Este
critério torna-se importante, pois nos jogos que as crianças conseguem
imediatamente se avaliar com sua própria conclusão, cria-se uma determinada
autonomia.
 participação ativa dos jogadores durante o jogo: trata-se de outro critério
importante, pois implica saber a capacidade de envolvimento de cada criança
durante um jogo. Quando relatamos a participação ativa, refere-se ao envolvimento
e a atividade mental do aluno, participação que dependerá de seu nível de
desenvolvimento. Para uma criança pequena, consideramos que sua participação
ativa será representada pelo seu desempenho físico, pois o seu pensamento não foi
completamente diferenciado de sua ação. No entanto, um bom jogo estimula a
capacidade mental da criança e também sua capacidade de cooperação.
Contanto, compreende-se que para o educador construir e conduzir um jogo é
necessário que ele adote alguns critérios, para que sua aula possa produzir
aprendizagem ampla e desafiadora, de maneira que desperte o interesse e a
participação de todos, permitindo que as crianças avaliem seu próprio desempenho.
26
CAPITULO II
OS JOGOS COOPERATIVOS E SUA IMPORTÂNCIA NA SALA DE AULA
Para (BARRETO, 2000 apud SOLER 2011, p.21), os jogos cooperativos têm
por objetivo de despertar a interação entre os jogadores e conscientizá-los que é
possível trabalhar em um ambiente onde se predomina a cooperação.
Segundo Soler (2011), os jogos cooperativos sempre existiram, entretanto,
passaram a ser sistematizados nos Estados Unidos por volta de 1950, através do
precursor Ted Lentz, que desenvolveu o livro “Vencendo a competição”, leitura que
serve como referência a todos os trabalhos que tratam sobre o assunto cooperação.
No entanto, no Brasil contamos com a contribuição do mestre Fabio Otuzi Brotto,
pioneiro dos jogos cooperativos, sendo ele membro co-fundador do Projeto
Cooperação.
Compreende-se que ao mesmo tempo em que o jogo coletivo desperta
cooperação entre os indivíduos, pode criar jogadores competitivos. Contanto,
percebe-se a necessidade de conceituar os seguintes termos: cooperação e
competição.
2.1 Jogos cooperativos e suas características
Segundo Soler (2011), durante um jogo coletivo que trabalha cooperação, a
participação de todos torna-se contínua e a satisfação se completa de modo que
ninguém corra o risco de sentir-se inferiorizado entre os demais participantes. Em
um ambiente que se impera a cooperação, torna-se mais fácil criar um ambiente em
grupo, de maneira que a solidariedade, amizade, amor e respeito estejam sempre
presentes, criando a todos um ambiente familiar repleto de afeto.
Soler (2011), salienta que através dos jogos devemos desenvolver atitudes
que são consideradas de total importância, sendo elas:
 a empatia: capacidade de se colocar ao lugar do outro;
 a cooperação: a capacidade de todos trabalharem a favor de uma meta em
comum;
27
 a comunicação: trata-se de uma relação de diálogo e troca de sentimentos,
conhecimentos, problemas e perspectivas.
Compreende-se que os jogos coletivos que trabalham a cooperação torna-se
a criança participativa, dando-lhe satisfação ao brincar de modo que ninguém se
sinta inferior, assim em um ambiente agradável sua participação é ativa e passa a
ter a capacidade de colocar-se no lugar do outro e age de forma cooperativa e no
decorrer do processo ela transpareça seus conhecimentos com os demais,
trabalhando e desenvolvendo suas habilidades por meio da comunicação.
Conforme (ORLICK, 1989 apud SOLER, 2011 p. 26 e 27), os jogos coletivos
que despertam cooperação dividem-se em categorias diferenciadas, e cabe ao
educador adequar os jogos ao grupo que se propõe a jogar e classificam-se da
seguinte maneira:
 jogos cooperativos sem perdedores: são jogos que todos os jogadores
fazem parte de um único time. São considerados plenamente cooperativos.
 jogos de resultado coletivo: permite a constituição de duas ou mais equipes
de modo que há uma forte interação sobre cada participante, e a cooperação passa
estar presente entre eles e o objetivo principal é realizar metas em comum.
 jogos de inversão: são realizados por meio de aproximação e troca de
jogadores que iniciam em times diferentes, como por exemplo, o voleibol que após
sacar os jogadores mudam de posição.
 Jogos semicooperativos: para trabalhar ao início dos jogos cooperativos,
especialmente com adolescente, em um contexto de aprendizagem esportiva e
oferece a oportunidade de todos os alunos jogarem por diferentes posições.
Nota-se que através dessas categorias, existem várias possibilidades de
conduzir um jogo cooperativo e a escolha da categoria será realizada após o
educador conhecer o perfil da sua classe para assim, analisar a necessidade que o
grupo apresenta e adaptar-se a categoria ideal.
28
2.2 Objetivos e habilidades desenvolvidas durante o jogo cooperativo
De acordo com Soler (2011), quando trabalhamos com jogos em grupo onde
imperam a cooperação, podem-se alcançar positivamente vários objetivos, sendo
eles:
 participar de atividades coletivas, utilizando-se de um comportamento
construtivo, solidário e responsável, criando um ambiente de respeito mútuo, de
modo que haja respeito e aceitação pelas diferenças de cada ser, respeitando
elementos como idade, gênero, aspectos físicos e intelectuais além de respeitar a
personalidade de cada um;
 respeitar e valorizar a diferença entre os demais grupos e desconsiderar todo
tipo de discriminação;
 utilizar a comunicação oral para compartilhamento de ideias, respeitando as
próprias regras, para um intercâmbio comunicativo;
 utilizar através do corpo a comunicação não verbal, para assim compreender
mensagens expressivas, vindas de outras pessoas.
Além dos objetivos citados, o trabalho com os jogos cooperativos estimula a
aprendizagem dos alunos de forma prazerosa, tendo em vista que suas habilidades
e competências devem ser desenvolvidas. Neste sentido, Soler (2011), relata certas
habilidades que desenvolvem durante os jogos cooperativos:
 habilidades intelectuais: incentiva os jogadores a imaginar, concentrar,
perguntar, adivinhar e inclusive, decidir.
 habilidades interpessoais: capacita o jogador e incentiva a encorajar-se,
retribuir, ajudar e explicar.
 Habilidades em relação aos outros: promove respeito, paciência,
apreciação, apoio e positividade.
 habilidades físicas: falar, ouvir, observar, coordenar e escrever.
 habilidades pessoais: alegria, compreensão, entusiasmo e sinceridade.
Percebe-se que o trabalho com os jogos cooperativos se alcança vários
objetivos, a criança passa a participar da atividade de forma conjunta, promovendo o
respeito e a integração de todos. Contudo, a criança passa a desenvolver no jogo
suas habilidades e competências a aprende como interagir na sociedade.
29
2.3 O jogo e a competição
Para Kamii (1991), a palavra competição frequentemente é carregada por
conotações negativas. De modo que os educadores preocupam-se com o tipo de
competição que pode provocar rivalidade, além de sentimentos de fracasso e
rejeição, e por essa série de motivos evitam trabalhar com jogos em grupo.
Kamii (1991), complementa que para os educadores, os jogos incomodam as
crianças que perdem, porque acreditam que elas por sua natureza são competitivas
demais, portanto, considera-se inadequado colocá-las em situações que as tornem
ainda mais competitivas, e por último, acham que já existe bastante competitividade
em nossa sociedade e as crianças logo estarão expostas a ela. Quando a criança
ganha uma competição, normalmente os adultos reforçam o sentimento de
superioridade dando-lhe prêmios, de modo que acabam valorizando bastante o fato
de ganhar, algo que pode ser evitado, pois desse modo, a criança cresce e passa a
lidar com a competição de forma natural sem se preocupar com o fato de ganhar.
Kamii (1991), salienta que uma vez que a competição esteja presente, é
importante ensiná-las a cooperar uma com as outras, para que assim, todas
concordem com as regras e passem a segui-las. Segundo Kamii (1991), a
expressão “cooperação” significa “operar junto” e negociar regras que pareçam
justas a todos os envolvidos. A competição de jogos coletivos é totalmente diferente
do que uma competitividade em um sistema sócio econômico pela seguinte razão:
num jogo, não existem ganhos materiais ou acumulação de riqueza, e aqueles que
não jogam de forma honesta são constantemente rejeitados.
Neste sentido entende-se que, é de extrema importância que o professor
saiba trabalhar com os aspectos de ganhar e perder. É fundamental o educador
deixar claro aos alunos que ganhar um jogo é uma ocorrência normal, pois quando a
criança passa a jogar apenas para receber prêmios em troca, o ganhador passa a
inferiorizar os perdedores, desse modo é importante esclarecer que aqueles que
perdem não se tornam inferiores ou incompetentes, mas sim ressalta a importância
de se divertir do que jogar para ganhar.
30
2.4 Somos competitivos por natureza?
Para Soler (2011), cooperar e competir, são comportamentos que cabem ao
ser humano decidir qual deles os farão evoluir. Durante anos a humanidade foi
condicionada que a melhor forma para se jogar e sobreviver era de forma
competitiva. Quando o assunto são jogos cooperativos é muito comum ouvir a
seguinte afirmação: “Mas o ser humano é competitivo por natureza, o mundo é dos
mais fortes.” Entretanto, os seres humanos não são competitivos por natureza, pelo
contrário, é durante a infância que passam a interagir-se socialmente e passam a
aprender comportamentos cooperativos ou competitivos.
Contudo, a competição sem medida a cada dia distancia o ser humano de
uma relação harmoniosa. O autor Soler (2011 p.34 e 35), relata um mito que
compara esse processo competitivo semelhante ao desenvolvimento do câncer:
O aspecto mais característico do câncer dentro de um corpo
humano, ou dentro de uma sociedade, é que as células cancerosas
cuidam somente de si próprias. Elas se alimentam das outras partes
do seu hospedeiro, até efetivamente matá-lo. Consequentemente,
elas cometem suicídio biológico, uma vez que uma célula cancerosa
não sobrevive fora do corpo em que ela iniciou seu desenvolvimento
descuidado e egocêntrico.
Sendo assim, compreende-se que caso os seres humanos não voltem a uma
direção cooperativa e harmoniosa, consequentemente em um futuro próximo não
passarão a existir vencedores, mas sim apenas perdedores.
O autor Brotto (1997, p 43), destaca que o termo competição manifesta-se de
modo positivo e negativo:
 positivo: manifesta-se por interesse pelo bem estar dos outros, de modo que
o indivíduo luta pelo seu crescimento e desenvolvimento de suas capacidades e
habilidades sem prejudicar os demais, visando um modo de vida superior.
31
 negativo: provoca no indivíduo o interesse de lutar a seu benefício próprio,
com desejo de dominar os outros resultando um elevado sentimento de inferioridade
e despertando falta de interação social.
Assim, entende-se que o termo competição passa a ser ruim apenas quando
o ser humano passa a competir sem medida, sem ética e sem piedade ao seu
semelhante. A competição existe e sempre existirá, no entanto, cabe aos indivíduos
saber como lidar com ela de forma positiva, pois o grande mal que a competição
possa gerar é a exclusão e contra ela que devemos intervir.
Soler (2011), menciona que competição sem medida chegou ao ponto de
privilegiar apenas os que conquistam o primeiro lugar, de modo que os demais que
alcancem o segundo e os posteriores lugares não passam a ser valorizados.
Acredita-se que para ser aceito como ser humano não trata de considerar-se o
melhor ou o mais rápido, isso não depende de um mero resultado.
Nesta perspectiva, torna-se fundamental a seguinte questão: O que é melhor,
cooperar ou competir?
Para Kamii (1991), essa resposta cabe a criança decidir, após conhecer
claramente as duas maneiras de jogar, resposta que será dada sem influência, para
que assim tenha liberdade de escolha.
2.5 Benefícios de trabalhar com jogos cooperativos
Os jogos cooperativos contribuem em diversos aspectos durante o processo
educativo. De acordo com (DEUTSCH, 1949 apud SOLER, 2011), acredita-se que
os participantes de grupos cooperativos se ajudam com mais frequência do que
membros de grupos que trabalham de forma competitiva e sem dúvidas ocorrem
uma maior manifestação de amizade entre os grupos cooperativos do que os
membros do grupo competitivo.
Sendo assim, (BROWN, 1994 apud SOLER, 2011, p.72), mostra um quadro
comparativo com características que despertam através de um jogo competitivo e
um jogo cooperativo:
32
FORMA COMPETITIVA FORMA COOPERATIVA
Individualista Grupal
Participação limitada Todos participam
Desordem Organização
Ganhador/Perdedor Todos ganham
Desunião União
Trapaça/Esperteza Honestidade
Frustrante Reconfortante
Limitante Amplo
Repúdio Acolhida
Conformismo Desafio coletivo
O jogo sou eu O jogo somos nós
Nota-se que trabalhar com o modo cooperativo é estimulante, prazeroso e
desafiador, participando de um cenário onde se atua de forma livre e sem medo
algum de ser excluídos durante o processo. Percebe-se que no jogo cooperativo o
participante sente-se verdadeiramente parte de uma grande equipe e desenvolvem
em todos os aspectos sem qualquer inibição.
2.6 Jogos cooperativos e autoestima
A proposta de trabalhar jogos cooperativos visa integrar a todos, pois
ninguém nasceu para ser excluído, mas sim para trabalhar junto, tanto no ambiente
escolar quanto ao convívio familiar e profissional. Neste sentido, (BROWN, 1994
apud SOLER, 2011), compreende-se que o ser humano, principalmente a criança
tem por necessidade de saber o quanto é capaz e de sentir-se valorizada, assim,
evita participar de jogos competitivos, pois não se sente segura da vitória e procura
não arriscar a possibilidade de fracassar.
Nota-se que os jogos competitivos são apresentados de forma rígida, de
modo que não permitem a mudança das regras, ao contrário dos jogos cooperativos
que, sobretudo, estimulam os participantes a criarem novas regras com a
expectativa de desenvolver autonomia. Para Soler (2011), quando se trabalha com
os jogos cooperativos, o principal objetivo é desenvolver ao indivíduo a autoestima,
autoconfiança, que são elementos importantes para o bem estar psicológico.
33
Neste sentido, (ORLICK, 1978 apud BROTTO, 1997, p.64), apresentam um
quadro que demonstra alternativas de conduzir o jogo na visão competitiva e
cooperativa:
JOGOS COMPETITIVOS JOGOS COOPERATIVOS
São divertidos apenas para alguns. São divertidos para todos
A maioria tem um sentimento de
derrota.
Todos têm um sentimento de vitória.
Alguns são excluídos por sua falta de
habilidade.
Há mistura de grupos que brincam
juntos criando alto nível de
aceitação mútua.
Aprende-se a ser desconfiado.
Todos participam e ninguém é
rejeitado ou excluído.
Os perdedores ficam de fora do jogo e
simplesmente se tornam
observadores.
Os jogadores aprendem a ter um
senso de unidade e a compartilhar o
sucesso.
Os jogadores não se solidarizam e
ficam felizes quando alguma coisa
“ruim” acontece aos outros.
Desenvolvem autoconfiança porque
todos são bem aceitos.
Pouca tolerância à derrota desenvolve
em alguns jogadores um sentimento
de desistência face a dificuldades.
A habilidade de preservar face as
dificuldades é fortalecida.
Poucos se tornam bem sucedidos.
Para cada jogo é um caminho de co-
evolução.
Nota-se que os jogos cooperativos e competitivos são diferentes pelos
seguintes fatores: o jogo competitivo torna a criança individualista, com o desejo e o
prazer de ganhar, criando um cenário em que todos almejam o primeiro lugar e os
demais que não possuem certas habilidades passam a ser eliminados, tendo em
vista que, o jogo cooperativo há um forte trabalho em equipe, criando um ambiente
divertido, de maneira que todos são bem aceitos e todos compartilham do sucesso.
2.7 Elementos importantes para criar jogos cooperativos
De acordo com (BROWN, 1994 apud SOLER, 2011), para que um novo jogo
possa alcançar todas as expectativas, algumas perguntas devem ser elaboradas
para que assim, os objetivos do novo jogo possam contribuir de forma educativa.
Formulam-se as seguintes perguntas:
34
 o jogo reflete um bom humor? nesse sentido, o novo jogo deve contribuir
um ambiente que todos possam rir juntos.
 o jogo é cooperativo? o novo jogo precisa criar um ambiente de
coletividade, de modo que todos participem e que tenha em vista prazer no jogo e
não em seu resultado final.
 o jogo é positivo? o novo jogo precisa propor aos participantes um ambiente
que todos se sintam bem e deve incentivar aos alunos a se apoiar de modo
recíproco.
 o jogo é participativo? sob essa questão, o novo jogo necessita propor que
os participantes tornem-se mais unidos durante e depois do jogo, além de animá-los
durante o processo.
 o jogo desperta criatividade? Ele deve criar um ambiente onde os
participantes trabalhem sua criatividade de modo espontâneo.
 há igualdade de todos os participantes durante o jogo? o jogo necessita
ser elaborado de forma que o educador atue em igualdade com seus alunos.
 o jogo oferece desafio? o jogo é um elemento que deve promover um
ambiente onde os objetivos tornam-se desafios a serem alcançados.
Elencando essas questões, se o novo jogo propuser esses elementos,
considera-se que o educador estará conduzindo um jogo cooperativo e, sem
dúvidas, terá fundamentalmente sua contribuição nesse processo.
2.8 A postura do Educador: como se comportar durante os jogos
Durante os jogos, primeiramente, o educador necessita saber como
coordenar esse processo de modo adequado. Neste sentido, a sua postura deve ser
repletamente mediadora, onde ele precisa estimular o interesse e entusiasmo de
seus participantes. (BROWN, 1994 apud SOLER, 2011, p 82), salienta:
Facilitar implica ter uma atitude de empatia: a capacidade de se
colocar no lugar do outro; de assumir seu lugar. Significa escutar e,
partindo disso, formular nossa mensagem, levando em conta o
destinatário.
35
Percebe-se que o educador precisa se colocar sempre ao lugar dos
participantes do jogo, escutando-os para que ocorra a troca de experiências, pois
quanto mais o grupo perguntar, interferir e mudar, melhor será o resultado final.
Quando o indivíduo expressa suas ideias e porventura são aceitas, como resultado,
os fortalecerá para tentar sobre uma próxima oportunidade de jogo.
No entanto (BROWN, 1994 apud SOLER, 2011), elabora algumas
características que esse facilitador deve conter:
 comunicativo: o facilitador não tem apenas o compromisso de explicar o
jogo, e sim criar um ambiente de reflexão e transmitir o seu significado.
 amável amigo: necessita criar um elo de solidariedade e união, uma vez que
o mesmo atua como companheiro e amigo e também se diverte com o jogo.
 criativo: precisa estar atento para saber quando intervir ou não durante o
jogo, ou qual adaptação deverá ser feita.
 flexível: o facilitador deve ter flexibilidade, pois em muitos casos, é preciso
mudar algo, portanto ele precisa ter essa capacidade.
 alegre: os jogos devem produzir um ambiente de alegria, e o facilitador tem a
incumbência de motivar seus participantes.
 sensível: tem a missão de se sensibilizar as necessidades do grupo e ao
processo que se vive.
 paciente: ele necessita ter a virtude de saber esperar, tendo em vista que os
resultados nem sempre ocorrem como planejamos.
 sensual: deve estar atento a todos os sentidos. Pois o verdadeiro educador
passa a enxergar as potencialidades e também as limitações de todos que praticam
o jogo. Ele também, desperta a autoconfiança e oferece oportunidade igual a todos,
de modo que todo integrante sinta-se importante para o grupo.
Kamii (1991), relata que em muitos casos, pais e gestores escolares se
opõem aos jogos praticados em sala de aula. Normalmente, os pais ficam mais
satisfeitos quando as crianças voltam da escola com lições para casa, como maneira
de comprovar a aprendizagem do filho. Para muitos, os jogos não passam apenas
de diversão e recreação, portanto, cabe ao professor justificar de forma clara o
quanto esse recurso alcança por muitas vezes, melhores resultados do que
exercícios pelo seguinte motivo: nas lições e exercícios o professor é o único que
36
corrige confirmando se o resultado está correto ou incorreto, ao contrário dos jogos,
pois quando uma criança não joga conforme as regras, seus próprios colegas
realizam a intervenção. Considera-se mais produtivo encorajar seus alunos a jogar
em grupo para desenvolver autonomia do que ocupar-se corrigindo folhas de
exercícios.
Kamii (1991), ressalta outra vantagem de trabalhar com jogos em grupo como
desenvolver no indivíduo a autoconfiança, fator essencial para desenvolvimento
posterior da criança em todas as áreas, pois o indivíduo autoconfiante consegue
ganhar jogos sem ser agressivos e perdê-los sem se traumatizar e futuramente
enfrentar tarefas difíceis sem se abater facilmente.
Contudo, compreende-se que para os jogos em grupo atingirem resultados
positivos dependerá totalmente da maneira como o professor intervirá enquanto joga
com seus alunos. Se o objetivo do educador é apenas ensinar as crianças a jogar
corretamente, o valor do jogo desaparecerá por completo, pois como consequência,
formará crianças obedientes, dóceis e dependentes.
37
CAPÍTULO III
ANALISANDO OS BENEFÍCIOS DOS JOGOS COOPERATIVOS ATRAVÉS
DA PESQUISA DE CAMPO
A pesquisa de campo tem como objetivo analisar entre as unidades escolares
e docentes a frequência que são desenvolvidas as atividades cooperativas de forma
lúdica em seu cotidiano escolar, verificar entre os professores se houve o contato
com os jogos cooperativos durante a faculdade ou após sua formação por meio de
cursos e sondar entre os docentes os efeitos positivos alcançados quando
desenvolve os jogos cooperativos na sala de aula.
As entrevistas foram realizadas em três instituições de ensino, uma delas
localizada na região de Barueri e as demais localizadas no Município de
Carapicuíba. Os nomes mencionados são fictícios para a preservação da identidade
dos professores. A primeira entrevista foi realizada em um colégio de pequeno porte
na região de Carapicuíba em que possui 8 salas, sendo 3 de maternal e 5 de pré-
escola. Além das salas, possui um pequeno espaço para as práticas de educação
física e sala de vídeo. A equipe de trabalho é composta de 19 funcionários sendo
que 8 são professores, 3 auxiliares de classe e os demais cargos estão divididos
entre auxiliares de cozinha, limpeza e administrativo. A escola é pública e fica
localizada em comunidade carente e atende filhos de trabalhadores com baixa
renda.
Nesta instituição foram realizadas duas entrevistas. A primeira entrevista foi
com a Pedagoga Michele que leciona há 5 anos e atualmente trabalha com a fase
pré-escolar em que estão na idade entre quatro a cinco anos. A segunda entrevista
nesta unidade foi com a professora Viviane que leciona há 7 anos e atualmente
trabalha em sala de maternal nível II, que as crianças estão na faixa entre três a
quatro anos de idade.
A segunda pesquisa foi realizada em um colégio do município de Carapicuíba
que é mantido pela rede de ensino Mackenzie. A instituição possui 15 salas sendo 6
de pré-escola, 6 de berçário e 3 salas de maternal.A equipe de trabalho é composta
de 30 funcionários, sendo 12 professores, 12 auxiliares de classe e os demais
cargos estão divididos entre auxiliares de cozinha, limpeza, administrativo e
38
voluntários. É uma instituição filantrópica confessional e atende público de classe
média.
Nesta instituição foram realizadas 3 entrevistas. A primeira foi com a
Pedagoga Maria que leciona há 7 anos e atualmente trabalha em sala de maternal
nível II, em que as crianças estão na faixa entre três a quatro anos de idade. A
segunda entrevista foi com a docente Tatiane que leciona há 8 anos e atualmente
trabalha em sala de maternal nível II, que as crianças estão na faixa entre três a
quatro anos de idade. A terceira entrevistada nesta unidade foi Sheila que leciona há
7anos e atualmente trabalha com a fase pré-escolar em que estão na idade entre
quatro a cinco anos de idade.
A terceira pesquisa foi realizada em uma escola localizada no município de
Barueri. A escola possui 5 salas de aula, sala da direção, secretaria, sala dos
professores,parque infantil, quadra de esportes coberta,sala de leitura, cozinha,
refeitório e almoxarifado. A escola funciona entre o período manhã e tarde, portanto,
a equipe de trabalho é composta de 50 funcionários sendo divididos entre
professores, assistentes, auxiliares de cozinha, limpeza e corpo administrativo.
Nesta instituição entrevistamos a pedagoga Nadia que leciona há 24 anos,
atualmente trabalha com alunos na fase maternal nível II, que as crianças estão na
faixa entre três a quatro anos de idade. Nadia além de obter a formação em
pedagogia possui graduação em direito e se especializou em áudio comunicação.
3.1 Formação dos docentes voltada aos jogos cooperativos
No decorrer da pesquisa de campo analisamos entre as educadoras se houve
durante sua formação, aulas voltadas aos jogos cooperativos ou se no decorrer da
sua carreira obteve especialização. Com base nos questionários, chegamos aos
seguintes resultados:
39
Unidades Escolares Professoras
Fez curso ou teve
aula sobre
Jogos
Cooperativos?
SIM NÃO
1ª Escola
Viviane X
Michele X
2ª Escola
Sheila X
Maria X
Tatiane X
3ª Escola Nadia X
A professora Viviane durante a entrevista relata que quando realizou o curso
pedagogia eram separados pelas seguintes áreas: educação infantil, ensino
fundamental e gestão. Sua atuação foi voltada a educação infantil, portanto, as aulas
eram relativas a esta categoria de jogo. A professora Tatiane afirma que obteve
aulas sobre os jogos cooperativos durante sua formação no curso de pedagogia.
As demais professoras Michele, Sheila, Maria e Nadia relatam que durante
sua formação não obtiveram aulas específicas sobre os jogos cooperativos e não
realizaram especializações sobre essa área.
Portanto, percentualmente, alcançaram-se aos seguintes resultados:
SIM
33%
NÃO
67%
Percentual de docentes que fizeram curso ou obtiveram
aula sobre jogos cooperativos:
SIM NÃO
40
Percebe-se que entre as entrevistadas, cerca de 67% não obtiveram durante
sua formação aulas específicas com fundamentação teórica voltada ao uso dos
jogos cooperativos e a minoria, cerca de 33% obtiveram conhecimento durante sua
formação, em que elas complementaram em seus depoimentos que os seus mestres
apresentavam teoricamente os benefícios dos jogos que envolvem ação cooperativa
e salientam que durante as aulas, participavam desenvolviam atividades práticas.
3.2 A frequência que são ministradas os jogos cooperativos nas
unidades escolares
Durante os depoimentos, perguntamos às pedagogas a freqüência em que
trabalham com os jogos cooperativos seus alunos. As respostas foram os seguintes:
Com base aos resultados acima, elencamos os seguintes resultados:
Professoras
Frequência que são ministrados os
Jogos Cooperativos
2x por
semana
1x por
semana
2x ao
mês
Não
trabalha
1ª Escola
Viviane X
Michele X
2ª Escola
Sheila X
Maria X
3ª Escola
Tatiane X
Nadia X
41
Nota-se que a maioria das educadoras utiliza o recurso semanalmente e segundo
seus depoimentos, consideram essa quantidade adequada, excepcionalmente a
professora Riceli que acredita que os jogos cooperativos devem ser trabalhados a
partir da fase pré-escolar I.
3.3 Desenvolvimento, interação e efeito significativo causado entre os
indivíduos na prática dos jogos cooperativos
Os autores Antunes (2011), Kamii (1991) e Kishimoto (2009), consideram os
jogos cooperativos como recursos que promove o desenvolvimento nos aspectos
físico, cognitivo, social e afetivo. Entre eles, Soler (2011), relata determinados
objetivos e comportamentos causados entre os indivíduos durante um jogo ou
atividade cooperativa e percebe que através dos jogos as crianças tornem-se
solidárias, demonstrando atitudes de respeito, compreendendo e aceitando as
diferenças individuais, entre idade, sexo, personalidade, características físicas e
intelectuais.
Durante a entrevista a professora Nadia relata que as crianças desenvolvem
de forma integral não somente na aprendizagem pedagógica como também para
toda a vida, pois cooperam e aprendem a lidar com as perdas e ganhos. Ela
complementa que o jogo cooperativo auxilia as pessoas a se libertarem da
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
Frequência que os docentes trabalham os Jogos
Cooperativos
2 ou mais vezes
por semana
Semanalmente
Quinzenalmente
Não trabalha com
jogos coperativos
42
competição e que o objetivo maior é a participação de todos por uma meta em
comum, sem agressão física e cada um em seu próprio ritmo.Nadia conclui que o
efeito mais significativo causado por esses jogos é a ajuda mútua, promovendo um
ambiente de cooperação coletividade.
Os pensamentos da professora Nadia assemelham-se aos de (DEUTSCH,
1949 apud SOLER, 2011), em que acreditam que os participantes de grupos
cooperativos se ajudam com mais frequência do que membros de grupos que
trabalham de forma competitiva de maneira que ocorre uma grande manifestação de
amizade entre os grupos cooperativos do que os membros do grupo competitivo.
Percebemos que o trabalho cooperativo contribui no desenvolvimento integral
da criança, pois o jogo cooperativo envolve todos os participantes sem discriminação
de gênero, idade, ou personalidade. Os alunos se desenvolvem e compartilham
seus conhecimentos e aprendem a respeitar a individualidade de cada integrante.
Acreditamos que é de grande valor esse trabalho em sala de aula, em que se
identifica o respeito, a ética e o cuidado com o outro.
A pedagoga Tatiane em seu depoimento relata que as crianças adoram
quando fala sobre jogos em grupo ou cooperativos, pois todos participam de forma
conjunta, de maneira que a interação e o desenvolvimento são positivos.
Tatiane e Sheila consideram necessário inserir na prática pedagógica o
trabalho cooperativo entre as crianças, pois auxilia a criar pessoas capazes de
interagir com o próximo de forma competitiva e que visa à cooperação entre eles. A
pedagoga complementa que os efeitos significativos causados pelo jogo cooperativo
são: a cooperação, o respeito, a ética, a participação e o cuidado com o outro.
As docentes Michele e Viviane em relação a esse fator possuem opiniões
semelhantes, em que relatam que o desenvolvimento dos alunos é positivo, de
maneira em que eles compartilham suas idéias e saberes. Elas consideram
necessário inserir na prática pedagógica o trabalho cooperativo entre as crianças,
pois acreditam que auxiliam no desenvolvimento das habilidades e competências
dos alunos. Viviane salienta que o efeito mais significativo causado pelo jogo
cooperativo é o respeito, já Michele considera como efeito mais significativo a troca
de conhecimentos.
43
A professora Maria afirma que não utiliza essa prática em sala de aula, pois
acredita que seus alunos não compreendem essa espécie de jogo. Portanto, Maria
acredita que os jogos cooperativos são possíveis apenas a partir da pré-escola, pois
segundo ela, é a partir da fase pré-escolar que os alunos já entendem o sentido da
cooperação e da competição.
3.4 A visão do pedagogo com relação ao uso dos jogos cooperativos
Durante os depoimentos, verificamos entre as docentes como elas
desenvolvem os jogos cooperativos na sala de aula e perguntamos se consideravam
que os jogos cooperativos contribuem em seu sucesso de trabalho.
No decorrer de seu depoimento, Nadia considera que essa pratica contribui
em seu sucesso de trabalho, pois através dos jogos cooperativos as crianças
aprendem a dividir, compartilhar experiências e principalmente a ajudar aos seus
colegas, criando um ambiente em que todos são valorizados sem ser estigmatizados
por saber ou não saber algo.
Nadia menciona que quando trabalha com essa modalidade de jogo seu
objetivo é propor regras e leis, em vez de impô-las. As pessoas ao elaborarem,
decidirem e colocarem em prática as regras estará exercitando uma atividade
política e moral em que possibilita a troca de ideias para chegar a um acordo sobre
elas, praticando a descontração e coordenação de pontos de vista, lembrando que
um ponto de vista é apenas a vista de um ponto. Ela acredita que o jogo deve
estimular de todas as formas o desenvolvimento da autonomia e possibilitar ações
que motivem as pessoas que integram ao grupo a serem mentalmente ativas.Os
pensamentos de Nadia conciliam aos pensamentos de Kamii (1991 p. 24 ):
(...) gostaríamos que as crianças desenvolvessem a capacidade de descentrar e
coordenar diferentes pontos de vista.
Com base ao relato de Nadia percebemos que o trabalho cooperativo ensina
a criança a respeitar os diferentes pontos de vista e incentiva ao próprio aluno
elaborar novas regras durante o jogo. Essa atitude estimula a criatividade da criança
e passa a desenvolver gradativamente sua autonomia.
44
A professora Tatiane considera necessário inserir na prática pedagógica o
trabalho cooperativo entre as crianças, pois acredita que esse recurso auxilia criar
pessoas capazes de interagir com o próximo de forma competitiva e ao mesmo
tempo visa a cooperação entre eles. Tatiane complementa que os jogos contribuem
em seu sucesso de trabalho, pois acredita que nos jogos cooperativos as crianças
apreendem de forma conjunta e assim leva para a vida toda.
A docente Sheila considera fundamental inserir o jogo cooperativo na prática
pedagógica e salienta que utiliza com frequência, pois através do recurso ela
percebe que as crianças participam da aula com mais entusiasmo. Ela complementa
que os jogos contribuem bastante ao desenvolvimento dos alunos, pois através do
recurso trabalha-se com objetivos e regras de maneira que o aluno aprenda de
forma significativa e prazerosa.
A professora Viviane considera relevante incluir os jogos cooperativos na
pratica pedagógica, pois ensinam as crianças a dividir e complementa que trabalha
com alunos que estão durante a fase em que brigam com os colegas para dividir os
brinquedos.Ela afirma que os jogos cooperativos contribuem em seu sucesso de
trabalho, entretanto acredita que os jogos competitivos também dever ser
introduzidos à pratica educativa, pois tudo deve ser ensinado na medida certa.
Durante o depoimento de Viviane percebemos que o jogo competitivo também
necessita ser trabalhado na unidade escolar, pois temos que preparar o aluno para a
sociedade competitiva, contanto, temos que desenvolver o aspecto competitivo de
maneira positiva. Brotto (1997, p 43), relata o efeito positivo que o jogo competitivo
pode promover ao aluno:
“manifesta-se por interesse pelo bem estar dos outros, de modo que o indivíduo luta
pelo seu crescimento e desenvolvimento de suas capacidades e habilidades sem prejudicar
os demais, visando um modo de vida superior.”
A professora Michele afirma que os jogos cooperativos contribuem em seu
trabalho, pois seus alunos aprendem e se divertem ao mesmo tempo.
E por fim, a docente Maria não respondeu as seguintes questões, pois não
utiliza desse recurso em seu plano de aula.
45
Contudo, compreendemos que o trabalho dos jogos cooperativos na sala de
aula desenvolvem diversas qualidades na criança e promove aprendizagem
significativa, em que desperta entusiasmo de modo que todos os envolvidos
participam e constroem seus próprios conhecimentos. Através dessa metodologia as
crianças aprendem, elaboram, descobrem e ao mesmo cria-se um ambiente de
diversão, afeto e respeito.
A partir dos depoimentos nota-se que grande parte das educadoras
adquiriram conhecimentos sobre os jogos cooperativos através de suas experiências
em sala de aula, de maneira que não aprofundaram o conhecimento ao tema
através de pesquisas ou especializações. As educadoras acreditam que os jogos
contribuem no aspecto social, no entanto, acreditamos que além de desenvolver a
socialização, o jogo cooperativo desenvolve no aspecto físico, através de jogos que
trabalham os movimentos, no aspecto cognitivo que se trabalha por meio dos jogos
simbólicos e no aspecto afetivo em que o professor terá o papel fundamental em
desenvolver esse aspecto e as demais habilidades.
46
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluí-se que os jogos cooperativos são recursos pedagógicos
fundamentais no desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos e
auxilia os educadores na formação de indivíduos autônomos, autoconfiantes e com
autoestima, além de contribuir no desenvolvimento integral do aluno.
Compreendemos a relevância de o educador conhecer as fases de
desenvolvimento do educando, pois a partir desses conhecimentos ele terá
autonomia de elaborar e conduzir jogos que despertem a curiosidade e estimulem o
desenvolvimento integral de todos os participantes.
Notamos que o jogo cooperativo promove um ambiente de união, afetividade,
respeito mútuo e trabalho em equipe, de maneira que todos os jogadores participem,
construam e compartilhem seus conhecimentos de forma significativa e prazerosa.
Percebemos que grande parte dos educadores não obtiveram o
conhecimento durante a formação referente aos jogos cooperativos e não buscaram
uma qualificação relacionada a esse assunto , portanto, alguns descobrem os
verdadeiros benefícios desse recurso com o passar dos anos, durante sua
experiência em sala de aula e outros por falta de conhecimento não utilizam desse
instrumento e como resultado, aplicam jogos na sala de aula sem objetivos
específicos, de modo que contribuem para o desenvolvimento de crianças que
queiram vencer a qualquer custo e lutam ao seu benefício próprio.
Através dos depoimentos dos professores percebemos que a competição
sempre existirá dentro e fora da unidade escolar, portanto é importante o pedagogo
trabalhar com o aspecto cooperativo e competitivo, pois contribui na formação de um
indivíduo que visa seu crescimento sem prejudicar seu semelhante, valorizando
prioritariamente a ética e o respeito mútuo.
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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9ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 1998.
ANTUNES, Celso O jogo e a educação Infantil: falar e dizer, olhar e ver, escutar
e ouvir, fascículo 15 Celso Antunes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
BLANCO, Marcilene Regina, 2007 Jogos Cooperativos e a Educação Infantil
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-10122007-155211/pt-
br.php.> (Acesso em 24/08/14 as 21:58)
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional. Lei n° 9.394/96, de 20
de dezembro de 1996.
BROTO, Fabio Otuzi Jogos Cooperativos - Se o importante é competir, o
fundamental é cooperar! Fabio Otuzi Brotto. 3ª Ed – Ed. Renovada. Santos SP,
1997.
CARNEIRO, Claudinéia Velozo Matias, 2012 Jogo, Brinquedo e Brincadeira na
educaçãoinfantil<http://www.cneccapivari.br/libdig/index.php?option=com_rubberdo
c&view=doc&id=547&format=raw>.(Acesso em 24/08/2014 as 23:40).
CASCUDO, Luís da Câmara Vaqueiros e cantadores Belo Horizonte: editora da
universidade de São Paulo, 1984
KAMII, Constance Jogos em grupo na Educação Infantil: implicações e teoria de
Jean Piaget Constance Kamii e Rheta DeVries São Paulo: Trajetória Cultural, 1991.
KISHIMOTO, Tizuco Morchida Jogos Infantis: o jogo, a criança e a educação15.
Ed. Petrópolis, RJ, 2009.
______________O jogo e a educação infantil São Paulo. Livraria Pioneira, 1994.
KOCH-GRÜNBERG, Theodor. Del Roraima AL Orinoco Tomo I, II e III. Venezuela:
Ediciones Del Banco Central de Venezuela, 1979.
SOLER, Reinaldo Jogos cooperativos para a educação infantil. Reinaldo Soler.
Rio de Janeiro-3ª Edição: Sprint, 2011.
48
TEIXEIRA, Sirlândia Reis de Oliveira. Jogos, brinquedos, brincadeiras e
brinquedoteca: Implicações no processo de aprendizagem e desenvolvimento.
Rio de Janeiro: Wak, 2010.

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  • 1. 11 INTRODUÇÃO Durante o estágio supervisionado na educação infantil, despertou-nos grande interesse em aprofundar o conhecimento sobre o uso dos jogos cooperativos e analisar a didática dos docentes que desenvolvem essa prática na sala de aula. Contanto, um dos motivos deste trabalho é fundamentar que a utilização dos jogos cooperativos na sala de aula contribui na formação do indivíduo, auxiliando a construção de conhecimento, a cooperação e a relação social. Esse estudo não pretende substituir a competição pela cooperação, mas sim demonstrar uma forma de jogo flexível, em que o interesse dos jogadores esteja na participação de todos, na diversão e compartilhar o conhecimento de maneira significativa. A proposta deste trabalho visa contextualizar o significado dos jogos cooperativos e sondar a importância de desenvolvê-los na sala de educação infantil, refletindo-o como instrumento que promove desenvolvimento na criança de modo integral, além de identificá-lo como recurso que produz lições educativas de forma recreativa e prazerosa. A metodologia deste trabalho será composta de pesquisa qualitativa bibliográfica fundamentada na reflexão de leituras de livros, artigos e complementada a pesquisa de campo. A pesquisa possui como referencial teórico ANTUNES (2011), BROTTO (1997), KAMII (1991), KISHIMOTO (2009) e SOLER (2011). O primeiro capítulo contextualiza a história dos jogos e seus significados, desde o princípio aos dias atuais, e em seguida, classifica-se a distinção dos termos jogo, brinquedo e brincadeira. Nota-se a importância do docente conhecer sobre as fases de desenvolvimento da criança, neste sentido SOLER (2011), relata as fases de desenvolvimento da criança no brincar desde o zero aos cinco anos de idade. A seguir KAMII (1991), descreve os objetivos do jogo na educação infantil e menciona determinados critérios para elaboração de um bom jogo. No segundo capítulo, SOLER (2011), classifica a diferença entre o jogo cooperativo e o jogo competitivo, onde BROTTO (1997), apresenta um quadro comparativo que demonstra os efeitos positivos e negativos entre as duas
  • 2. 12 categorias. E em seguida, os autores relatam critérios importantes que deve conter no jogo cooperativo e menciona a maneira adequada para o educador conduzir os jogos em sala de aula. O terceiro capítulo consiste na análise realizada através da pesquisa de campo, com a exposição das informações obtidas por meios das entrevistas realizadas em duas escolas localizadas no município de Carapicuíba e uma escola localizada no município de Barueri. O objetivo foi analisar entre as unidades escolares e docentes a frequência que são desenvolvidas as atividades cooperativas de forma lúdica em seu cotidiano escolar e sondar os efeitos positivos alcançados quando desenvolve os jogos cooperativos na sala de aula.
  • 3. 13 CAPÍTULO I OS JOGOS NO DESENVOLVIMENTO E FORMAÇÃO DA CRIANÇA O jogo com propósitos educativos na sala de aula trata-se de um recurso fundamental para o processo de desenvolvimento integral do indivíduo, sobretudo, na educação infantil, de modo que passa a trabalhar todos os aspectos, segundo a Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional (LDBEN) n° 9394/96, artigo 29°: A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os cinco anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Entende-se que, o jogo propõe a criança conciliar a aprendizagem ao seu cotidiano, de modo que o conhecimento passa a ser adquirido de forma natural. No entanto, Almeida (1998), relata que em alguns momentos históricos, como por exemplo, no cristianismo, o jogo era considerado imoral e sem nenhuma significação. 1.1 A história dos jogos Segundo Almeida (1998), no período da Grécia antiga Platão afirmava que os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados com jogos educativos e considerava que a educação deveria iniciar aos sete anos de idade. Platão investia contra o espírito competitivo dos jogos, pois considerava causar danos a formação da criança. Para os egípcios, romanos e maias, os jogos eram uma forma de a geração jovem aprender com seus ancestrais valores éticos e conhecimento, além de normas de padrões de vida social. Carneiro (2012), relata sobre a vida do rei da França Luís XIII (1610-1643), que durante sua infância, participava de jogos de cartas e de azar e através desses jogos, consequentemente, muitas fortunas foram desfalcadas, de modo que acabavam sendo transferidas para outras pessoas. Segundo (ARIÈS, 1981 apud CARNEIRO, 2012), os jogos de azar não promoviam censura para a população francesa, de maneira que não havia motivo de
  • 4. 14 proibir a participação das crianças, contanto possui registros de várias cenas com crianças jogando cartas, dados e gamão. Carneiro (2012), salienta que durante o século XVI, há registros de pinturas de crianças realizando várias brincadeiras como cabra-cega e esconde-esconde. Durante essa fase não havia separação entre os jogadores por tamanho ou idade, de forma que tanto o adulto quanto a criança frequentavam ambientes como festas e teatros. Portanto, os jogos não eram praticados especificamente por crianças, mas sim, praticados por todos de maneira conjunta. No século seguinte a relação entre os indivíduos baseava-se nos jogos e durante esse período, não havia preocupação com seu valor moral, pois seu propósito na época não era educativo, mas sim para diversão de todos. Foi a partir dos séculos XVII e XVIII que os jogos passaram ater valores morais. Desde então, as atividades que eram praticadas entre adultos e crianças foram apropriadas conforme a idade de cada indivíduo. Contanto, surgiram as seguintes distinções: os indivíduos que aceitavam a igualdade sem discriminação ou censura e moralistas que condenavam um ambiente de igualdade absoluta. A partir desse período, os jogos começaram a ser vistos como vício, buscando o desenvolvimento da inteligência entre os participantes, como por exemplo, o jogo de xadrez. De acordo com (ÁRIES, 1978 apud TEIXEIRA, 2010 apud CARNEIRO, 2012), os povos jesuítas foram os primeiros a perceber a capacidade educativa composta nos jogos, recomendando que os utilizasse durante seus programas, considerando como meio educativo tão significativo quanto os estudos, de maneira que precisavam ser utilizados de forma controlada. Nesta perspectiva (TEIXEIRA, 2010 apud CARNEIRO, 2012 p 14), ressalta: A atividade lúdica nem sempre foi valorizada ou vista como instrumento que faz parte da aprendizagem e do desenvolvimento da criança, apenas com a ruptura do pensamento romântico que a valorização da brincadeira ganha espaço na educação das crianças. Através da brincadeira a criança tem possibilidade de transformar o desconhecido em conhecido, tornando-se capaz de alterar o mundo em sua volta, as crianças são capazes de aprender brincando, porque nesses momentos as crianças levantam questões, discutem inventam, criam e transformam, revelando-se, nesse brincar, o teórico e o historiador que são característica de todo ser humano.
  • 5. 15 Neste sentido, percebe-se a importância do jogo como instrumento que promove o desenvolvimento do indivíduo, de maneira que a própria criança começa a ampliar sua compreensão do mundo e durante o jogo passa-se a produzir aprendizagem significativa, onde levantam questões, inventam e passam a desenvolver naturalmente sua autonomia. Segundo (KISHIMOTO, 1994 apud BLANCO, 2007), através de Froebel (1782-1852), o jogo passa a fazer parte da educação escolar e por meio de recursos como bola, cubo e cilindro a criança passa a adquirir noções básicas de matemática e física. Blanco (2007), relata que Froebel foi criador do jardim de infância de maneira que motivou o uso dos jogos como instrumento que promove a aquisição de conhecimento.Através de Froebel o jogo tornou-se parte fundamental no currículo de educação infantil e cerca de cinquenta anos suas idéias contribuíram na educação das crianças em que foram modificadas após o movimento da Escola Nova, representado por Dewey. Compreende-se que os jogos antigamente tratavam de atividades recreativas em que não havia censura em relação a gênero ou idade, de maneira que todos participavam dos mesmos ambientes. Com o avanço, os jogos passaram a constituir valores morais e através de Froebel os jogos começaram ser vistos de forma educativa e introduzidos na escola, tornando-se fundamental no currículo de educação infantil. 1.2 Os jogos tradicionais Segundo Kishimoto (2009), o jogo tradicional infantil é considerado como elemento cultural popular, em que assume origens anônimas, portanto seus criadores são desconhecidos. Trata-se de um elemento folclórico em que são passados por gerações e grande parte da população preserva-se sua estrutura original. Eles ocorrem de forma livre e espontânea, de modo que a criança brinca por prazer. A tradição e generalização desses jogos colocam-se no fato em que populações antigas como a Grécia e Oriente em que brincavam de amarelinha, empinar pipa e jogar pedrinhas, brincadeiras que são realizadas atualmente pelas crianças de forma similar a sua origem e permanecem na memória infantil. Para
  • 6. 16 compreensão sobre a origem dos jogos tradicionais infantis requer uma investigação de raízes folclóricas e sobre a origem dos povos nativos. Kishimoto (2009), salienta que há diversos estudos em que se relata a origem da nação brasileira, o qual teve origem na mistura de três povos: os europeus (que são figura dos primeiros portugueses), indígenas e africanos. 1.3 A influência dos povos Portugueses, Africanos e Indígenas nos jogos De acordo com Kishimoto (2009), a influência dos povos portugueses nos jogos, originou-se desde a história da colonização brasileira, por volta de 1500 com Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e Fernando Magalhães. Por falta de mão-de- obra humana para as tarefas domésticas, os povos portugueses passaram a utilizar dos índios e a partir da resistência dos povos indígenas, tornou-se a prática do uso dos negros para os serviços domésticos e de engenho. A mistura dos povos portugueses, indígenas e africanos que se originou a nação brasileira. A influência dos portugueses no Brasil foi através dos versos, adivinhas e parlendas. Entre os jogos tradicionais popularizados no mundo como amarelinha, bolinha de gude e pião foram introduzidos no Brasil pelos primeiros portugueses. Kishimoto (2009), ressalta que o jogo pião foi divulgado pelos portugueses durante os primeiros tempos da colonização no Brasil. Segundo (CASCUDO 1984 apud KISHIMOTO 2009, p. 23 e 24), há registros da seguinte adivinhação produzida em versos portugueses, conhecida popularmente na região do nordeste, local em que a brincadeira de pião é mais constante: Para andar lhe pus a capa E tirei para andar Que ele sem capa não anda Nem com ela pode andar Com capa não dança Para dançar bota a capa
  • 7. 17 Tira-se a capa para dançar. Em relação à influência dos negros, Kishimoto (2009), relata que contribuíram por meio dos contos de fada, lendas, mitos, os deuses e os animais encantados. Na época, as mães negras transmitiam aos seus filhos estórias sobre sua terra nativa e o melhor brinquedo delas eram montar a cavalos ou carneiros e por falta desses, montavam-se uns aos outros. Kishimoto (2009), salienta que nos tempos de escravidão destacava brincadeiras de faz-de-conta em que participavam a sinhazinha e a menina negra. A temática da brincadeira representava o cotidiano da época: a senhora mandando nas criadas, as bonecas eram as filhas e as meninas negras como servas que obedeciam as sinhazinhas. Esses jogos simbólicos auxiliavam as meninas brancas e negras a compreender sobre os costumes da época, em que menina escrava desde pequena se preparava para obedecer à menina branca. Atualmente nas regiões Sudeste e Nordeste preservam-se brincadeiras originárias dos negros como: chicotinho, cinturão queimado, cipozinho queimado, quente-frio e peia quente. E por fim, Kishimoto (2009), afirma que os povos indígenas trouxeram diversas contribuições ao folclore brasileiro, em que ressalta que entre algumas tribos, as mães indígenas confeccionam brinquedos compostos de barro cozido, de modo que os representava em formato de animais e de seres humanos predominantes do sexo feminino. Conforme (KOCH-GRÜNBERG, 1979 p.35 apud KISHIMOTO, 2009), afirmam que as meninas das tribos de Roraima não possuem bonecas de formato humano, entretanto, quando oferece uma boneca de louça, as índias batizam de “tupama” em que a tradução significa “santo”. Elas utilizam esse objeto como instrumento de adoração. De acordo com (KOCH–GRÜNBERG, 1979 apud KISHIMOTO, 2009), o primeiro brinquedo do menino indígena é o chocalho de casca de frutas ou unhas de veado que se amarra em torno de uma boneca. Outro brinquedo bastante apreciado de origem indígena é a peteca, confeccionada com palha de milho e o miolo em forma de argola, brinquedo originário de tribos tupis no Brasil. Com o passar dos
  • 8. 18 anos, os indígenas passam a apreciar jogos em grupo e a brincadeira refere-se à imitação de animais. 1.4 Jogo, brinquedo e brincadeira De acordo com Blanco (2007), o jogo, brinquedo e brincadeira frequentemente são termos utilizados como significados similares, entretanto, quando passamos a trabalhar o jogo com propósito educativo, percebe-se que estes termos possuem significados distintos. Segundo (KISHIMOTO, 1994 apud BLANCO, 2007 p.51), esses termos podem ser classificados da seguinte maneira:  brinquedo: objeto, suporte de brincadeira;  brincadeira: descrição de uma conduta estruturada com regras;  jogo infantil: designa tanto o objeto e as regras do jogo e da criança; Sendo assim, (KISHIMOTO, 2007 apud CARNEIRO, 2012 p.17), salienta que o jogo possui a seguinte definição: (...) o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este aspecto que nos mostra porque, dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações distintas. Se o arco e a flecha hoje aparecem como brinquedo, em certas culturas indígenas representavam instrumentos para arte e para pesca. Neste sentido, entende-se que os jogos sofreram várias alterações durante o período histórico e em cada local assume múltiplos significados, pois em cada região o jogo é representado segundo a história e a cultura da comunidade. As autoras (KISHIMOTO, 2007 apud CARNEIRO, 2012), destacam o significado do termo brinquedo como um objeto que fornece suporte à brincadeira. Distinto de jogo, o brinquedo atribui uma relação íntima com o indivíduo, de modo que o brincar é conduzido segundo a história e a rotina de cada criança.
  • 9. 19 Do mesmo modo que o jogo possui múltiplos significados, o brinquedo trata- se de um objeto que pode representar significados distintos em cada indivíduo. Para a criança, uma boneca pode ser o suporte que a conduzirá a brincadeira, já para um adolescente ou adulto, o brinquedo pode ser considerado como uma peça decorativa. E por fim, (KISHIMOTO, 2007 apud CARNEIRO, 2012), interpretam a brincadeira como a ação que o indivíduo executa ao concretizar as regras de um jogo. A criança quando realiza o ato de brincar, aprende e desenvolve habilidades físicas, intelectuais e sociais, portanto, trata-se de um período fundamental para que sua aprendizagem ocorra de forma significativa e espontânea. 1.5 A criança e a evolução do brincar Para Soler (2011), a criança passa a brincar desde o seu convívio no útero materno. A princípio ela nem precisa de brinquedo, de modo que passa a brincar com o próprio corpo ou com quem está ao seu redor. Nesse sentido Soler (2011), produz uma síntese, que descreve a evolução do brincar de forma progressiva:  0 a 1 mês: nesta fase a criança passa a brincar com o olhar e através dele passa a ter uma relação com os outros e gradativamente, passa a sorrir para os seus pais;  2 meses: durante essa fase a criança passa a compreender os primeiros sons;  3 meses: fase que a criança começa a ter contato com objetos através do auxílio de seus pais, portanto, passa a exercitar e desenvolver a motricidade;  4 meses: começa a brincadeira de esconder utilizando lençóis, e desde então começa a pegar objetos de modo espontâneo.  7 meses: a criança passa a participar da brincadeira de forma mais ativa e espontaneamente pega e joga objetos ao chão, exercitando noções de distância e altura.  9 meses: iniciam-se as imitações através de gestos e sons.  12 meses: a criança começa a andar e articular suas primeiras palavras, as brincadeiras tornam-se mais ativas e consegue separar, unir e encaixar objetos;
  • 10. 20  18 meses: o contato com a água, terra e areia contribuem em seu desenvolvimento e durante esse estágio, ela percebe o som que sai dos objetos;  2 anos: fase que ela participa da brincadeira com outras crianças, entretanto prevalece o egocentrismo de forma que se apegam aos objetos e não os renunciam.  3 anos: nesse período a criança começa a reconhecer cores e formas. Ela passa a gostar dos jogos de montar estimulando assim, sua imaginação;  4 anos: a criança elimina gradativamente o egocentrismo e passa a brincar de forma cooperativa. Segundo Antunes (2011), é a fase que o animismo se torna presente, etapa em que ela passa a dar vida aos objetos, uma vez que a fantasia passa a estar bastante presente, de modo que ela confunde a fantasia com a realidade.  5 anos: fase onde ela começa a participar de jogos de regras simples e dependendo do modo que o educador apresenta o jogo, a competição torna-se mais frequente. Percebe-se o quanto é importante ter conhecimento sobre as definições e o processo evolutivo da criança, visando também seu desenvolvimento no brincar até a fase em que ela passa a participar dos jogos de regras e interagir com seus semelhantes, pois o avanço da criança ocorre através da relação humana e também sob a interação com os brinquedos. Nota-se também o quanto é importante o professor ter conhecimento sobre as fases de desenvolvimento do indivíduo, pois a partir desse conhecimento ele terá autonomia para criar e conduzir um bom jogo. O educador que respeita o estágio de desenvolvimento da criança desperta ao educando a curiosidade, vontade de permanecer ao jogo e cria-se também um ambiente em que as próprias crianças elaborem novas possibilidades de jogar. 1.6 O jogo e seu significado De acordo com Antunes (2011), é comum em nossa cultura relacionar a palavra jogo com o termo “competição”, ou seja, quando se relata a respeito de um jogo de futebol, é natural imaginar um duelo entre equipes que restarão no final o vencido e o vencedor. A ideia do “jogo” na educação, não se confunde com o
  • 11. 21 sentido popular atribuído a essa palavra. Sobre o ponto de vista educativo, a palavra jogo aproxima-se de sua origem latina a qual se refere à diversão, brincadeira ou passatempo, considerando que representa uma relação entre dois ou mais indivíduos realizando determinadas regras. Dessa maneira, percebe-se que passamos boa parte do nosso tempo jogando, pois estamos frequentemente interagindo com outras pessoas e respeitando as regras da sociedade. Neste sentido, entende-se que o jogo trata de um elemento importante em todas as etapas da vida psicológica da criança, e representa um erro inaceitável considerá-lo como uma perda de tempo. Para (HUZINGA, 1996 apud SOLER, 2011), o jogo trata-se de uma atividade voluntária e quando essa ação passa a ser sujeita a ordens deixa de ser um jogo, podendo transformar no máximo em uma espécie de uma imitação forçada. Soler (2011), baseou-se nas obras de Piaget e relata que existem três tipos de jogos infantis:  Jogo de exercício: inicia quando a criança possui cerca de 0 à 1 ano de vida, no período que é conhecido como sensório motor, que fará parte da estrutura dos próximos jogos. Inicialmente a criança brinca com seu corpo e passa a evoluir o brincar ao corpo da sua mãe e aos poucos vai passando para objetos e brinquedos, respeitando sempre seu nível de desenvolvimento.  Jogo simbólico: ocorre quando a criança está entre 1 à 7 anos de vida. Ele trata de uma representação corporal do imaginário com predominância à fantasia. Ao brincar de faz de conta, a criança passa a criar símbolos e nessa fase o poder de fantasiar é muito maior do que poder se explicar. Através do jogo simbólico, a criança passa a exercitar sua capacidade cognitiva, além de também trabalhar suas habilidades psicomotoras. Portanto, ele é de fundamental importância, pois contribui no desenvolvimento intelectual, motor, afetivo, social e psíquico.  Jogo de construção: aparece quando a criança tem cerca de 4 à 7 anos de vida, considerado de grande importância por produzir a criatividade e desenvolver habilidades a criança que joga. Neste jogo de construção, a criança procura criar com sua ação situações próximas à sua realidade. Por meio desses jogos ela passa a expressar seus anseios, seu conhecimento ao meio e também de manipular
  • 12. 22 objetos. Entre o jogo de construção permanece a fantasia, entretanto a criança passa a distinguir cada vez mais entre ela e a realidade.  Jogos de Regras: aparecem em torno de 7 à 11 anos de idade, apesar de começar a surgir por volta dos 4 anos. É sobre essa fase que a competição predomina com mais intensidade, pois as pessoas não sabem dissociar o jogo da competição, de maneira que acreditam que um não vive sem o outro. Os jogos de regras despertam a competição e também a cooperação, pois suas determinadas regras propõem respeitar o combinado, esperar a sua vez e também enxergar o outro que joga. Ao trabalhar com jogos de regras, o educador precisa criar um ambiente onde seus próprios alunos se sintam livres para criação de suas próprias regras. Portanto Soler (2011), relata que existem alguns pilares para ensinar a criança a construir as regras de um jogo: 1) É importante o educador perguntar aos seus alunos o que eles acham sobre algumas atitudes praticadas no jogo, pois entre os diferentes pontos de vista, poderão perceber a necessidade de criar novas regras e também a importância de situá-las; 2) Permitir que as crianças debatam sobre o jogo, pois desse modo estarão exercitando o desenvolvimento moral, o que as tornarão gradativamente pessoas autônomas. Para tanto, o educador nunca deve impor as regras, e sim deixá-las surgir a partir das crianças, pois dessa maneira permite que as atividades do jogo sejam desenvolvidas com tranquilidade e disciplina, sendo assim, as regras tornam- se mais significativas e as crianças participam da criação delas de forma ativa. Ao oportunizá-los a construção de novas regras, estimula-se seu desenvolvimento autônomo, sua criatividade, independência e cooperação; 3) É importante a atuação do professor durante o jogo, participando de maneira igual aos alunos e de forma conjunta, recebendo e oferecendo novas ideias para novas regras, atuando como facilitador e não como inibidor; 4) Estimular os participantes como será a escolha dos times de maneira democrática, criando alternativas e de certo modo, evitar a exclusão. Compreende-se que o jogo atribui funções essenciais, importantes na formação humana, no sentido que serve para refletir sobre o mundo, além de refletir sobre nossas próprias atitudes. Ele permite que as relações se tornem mais
  • 13. 23 saudáveis podendo modificar o relacionamento interpessoal, além de produzir normas, valores e atitudes e também tornar uma pessoa mais livre. Nota-se que durante o jogo é necessário que o professor atue como facilitador, promovendo a oportunidade dos alunos produzirem suas regras e desenvolverem sua autonomia, pois o educador tem a incumbência de conduzir um ambiente de igualdade e respeito entre todos os jogadores. O professor quando administra o jogo de forma adequada participa com seus alunos de forma conjunta e oferece a oportunidade de todos jogarem de maneira ativa, desenvolvendo assim a socialização, criatividade e cooperação. 1.7 Objetivos do jogo na educação infantil Segundo Kamii (1991), para considerarmos um jogo útil ao desenvolvimento da criança é necessário que ele alcance os seguintes objetivos:  desenvolver autonomia: para o jogo tornar-se um instrumento útil no processo educacional, visa-se que ele desenvolva “autonomia”, termo que pode-se definir como “autogoverno”, ao contrário de “heteronomia” que significa “ser governado por outro”. Ser autônomo não significa ter liberdade total para se realizar tudo aquilo que almeja, mas sim, requer diálogo e negociação para se chegar a uma decisão adequada a todos os envolvidos. O termo autonomia geralmente é confundido com independência, como por exemplo, habilidade de manter um emprego e pagar suas próprias contas, entretanto, o que difere esses dois termos é que o ser autônomo adota as regras quando ela têm sentido a ele, que convém apenas em certas circunstâncias. É importante o professor ter cuidado em aplicar jogos ou qualquer outro tipo de atividade, pois dependendo da maneira que são aplicados, podem alcançar resultados opostos, ou seja, ao contrário de formar seres autônomos, livres e argumentativos, podem-se tornar indivíduos heterônomos, dóceis e obedientes. A autonomia não é somente convívio social, mas também intelectual. De maneira que as regras morais e sociais devem ser reconstruídas por cada criança para tornar-se suas, o conhecimento também deve ser construído por cada indivíduo. Uma vez que as crianças pensam que as respostam corretas vêm
  • 14. 24 somente da cabeça do professor, tornam-se mais heterônomas do que antes de entrar em contato com os professores.  desenvolver a habilidade de coordenar diferentes pontos de vista: este objetivo trata-se como extensão do primeiro, que almeja formar alunos com capacidade de coordenar diferentes pontos de vista. Para alcançar esse objetivo, é necessário que haja cooperação entre os indivíduos. As interações com colegas tornam-se fundamentais para o desenvolvimento moral, pois ambas estão em situações de igualdade de maneira que as auxiliam a construírem valores morais muito mais livremente do que a cooperação com os adultos. Acredita-se que a cooperação, ou coordenação de pontos de vista não ocorrem sem a descentração. O termo “descentrar” aqui se refere como capacidade de ver algo a partir de um ponto de vista que difere de si próprio. As interações com outras crianças tornam-se relevantes por mais duas razões: Primeiro, porque o ponto de vista de uma criança é mais similar á visão de outra criança que a de um adulto e segundo, porque grande parte da vida social da criança passa-se com seus colegas e não com adultos.  despertar a curiosidade e a imaginação da criança e criar um ambiente onde elas possam relacionar coisas umas com as outras: este objetivo visa formar alunos curiosos, com agilidade mental e pensamento crítico, objetivo que é extraído através do construtivismo. O conhecimento é construído ativamente pela criança daquilo que ela já tem, e não por um conhecimento que é despejado na cabeça como se fosse um copo vazio. Uma das qualidades fundamentais para a construção do conhecimento é a confiança na sua própria capacidade de encontrar soluções, e através do construtivismo possibilita-se que a criança descubra não somente a resposta de sua própria maneira, mas sim, de elaborar suas próprias perguntas. Percebe-se que o jogo trabalha a autonomia, imaginação e contribui para a formação de indivíduos que saibam argumentar, interagir e respeitar diferentes pontos de vista, pois quando a criança argumenta e respeita a visão do outro passa a criar um ambiente de harmonia e cooperação, promovendo a construção de conhecimento em conjunto de forma significativa.
  • 15. 25 1.8 Critérios para um bom jogo Os jogos sendo aplicados de forma adequada tornam-se um recurso que oferece uma série de benefícios para o desenvolvimento da criança. Nesta perspectiva, Kamii (1991), descreve três critérios importantes para o jogo tornar-se útil durante processo educacional:  propor algo desafiador de maneira que desperte o interesse da criança:para despertar interesse do jogador, primeiramente é necessário que o jogo seja aplicado de acordo com estágio de desenvolvimento da criança, essa análise deve ser realizada pelo docente à medida que o mesmo adquire uma base teórica piagetiana. Entende-se que, quando as crianças interessam pelo jogo elas próprias criam novas regras de como jogá-lo.  permitir que a própria criança avalie seu desempenho: para avaliar seu próprio desempenho, naturalmente a criança avalia se conseguiu um resultado positivo, ou seja, estão naturalmente interessadas no sucesso de sua ação. Este critério torna-se importante, pois nos jogos que as crianças conseguem imediatamente se avaliar com sua própria conclusão, cria-se uma determinada autonomia.  participação ativa dos jogadores durante o jogo: trata-se de outro critério importante, pois implica saber a capacidade de envolvimento de cada criança durante um jogo. Quando relatamos a participação ativa, refere-se ao envolvimento e a atividade mental do aluno, participação que dependerá de seu nível de desenvolvimento. Para uma criança pequena, consideramos que sua participação ativa será representada pelo seu desempenho físico, pois o seu pensamento não foi completamente diferenciado de sua ação. No entanto, um bom jogo estimula a capacidade mental da criança e também sua capacidade de cooperação. Contanto, compreende-se que para o educador construir e conduzir um jogo é necessário que ele adote alguns critérios, para que sua aula possa produzir aprendizagem ampla e desafiadora, de maneira que desperte o interesse e a participação de todos, permitindo que as crianças avaliem seu próprio desempenho.
  • 16. 26 CAPITULO II OS JOGOS COOPERATIVOS E SUA IMPORTÂNCIA NA SALA DE AULA Para (BARRETO, 2000 apud SOLER 2011, p.21), os jogos cooperativos têm por objetivo de despertar a interação entre os jogadores e conscientizá-los que é possível trabalhar em um ambiente onde se predomina a cooperação. Segundo Soler (2011), os jogos cooperativos sempre existiram, entretanto, passaram a ser sistematizados nos Estados Unidos por volta de 1950, através do precursor Ted Lentz, que desenvolveu o livro “Vencendo a competição”, leitura que serve como referência a todos os trabalhos que tratam sobre o assunto cooperação. No entanto, no Brasil contamos com a contribuição do mestre Fabio Otuzi Brotto, pioneiro dos jogos cooperativos, sendo ele membro co-fundador do Projeto Cooperação. Compreende-se que ao mesmo tempo em que o jogo coletivo desperta cooperação entre os indivíduos, pode criar jogadores competitivos. Contanto, percebe-se a necessidade de conceituar os seguintes termos: cooperação e competição. 2.1 Jogos cooperativos e suas características Segundo Soler (2011), durante um jogo coletivo que trabalha cooperação, a participação de todos torna-se contínua e a satisfação se completa de modo que ninguém corra o risco de sentir-se inferiorizado entre os demais participantes. Em um ambiente que se impera a cooperação, torna-se mais fácil criar um ambiente em grupo, de maneira que a solidariedade, amizade, amor e respeito estejam sempre presentes, criando a todos um ambiente familiar repleto de afeto. Soler (2011), salienta que através dos jogos devemos desenvolver atitudes que são consideradas de total importância, sendo elas:  a empatia: capacidade de se colocar ao lugar do outro;  a cooperação: a capacidade de todos trabalharem a favor de uma meta em comum;
  • 17. 27  a comunicação: trata-se de uma relação de diálogo e troca de sentimentos, conhecimentos, problemas e perspectivas. Compreende-se que os jogos coletivos que trabalham a cooperação torna-se a criança participativa, dando-lhe satisfação ao brincar de modo que ninguém se sinta inferior, assim em um ambiente agradável sua participação é ativa e passa a ter a capacidade de colocar-se no lugar do outro e age de forma cooperativa e no decorrer do processo ela transpareça seus conhecimentos com os demais, trabalhando e desenvolvendo suas habilidades por meio da comunicação. Conforme (ORLICK, 1989 apud SOLER, 2011 p. 26 e 27), os jogos coletivos que despertam cooperação dividem-se em categorias diferenciadas, e cabe ao educador adequar os jogos ao grupo que se propõe a jogar e classificam-se da seguinte maneira:  jogos cooperativos sem perdedores: são jogos que todos os jogadores fazem parte de um único time. São considerados plenamente cooperativos.  jogos de resultado coletivo: permite a constituição de duas ou mais equipes de modo que há uma forte interação sobre cada participante, e a cooperação passa estar presente entre eles e o objetivo principal é realizar metas em comum.  jogos de inversão: são realizados por meio de aproximação e troca de jogadores que iniciam em times diferentes, como por exemplo, o voleibol que após sacar os jogadores mudam de posição.  Jogos semicooperativos: para trabalhar ao início dos jogos cooperativos, especialmente com adolescente, em um contexto de aprendizagem esportiva e oferece a oportunidade de todos os alunos jogarem por diferentes posições. Nota-se que através dessas categorias, existem várias possibilidades de conduzir um jogo cooperativo e a escolha da categoria será realizada após o educador conhecer o perfil da sua classe para assim, analisar a necessidade que o grupo apresenta e adaptar-se a categoria ideal.
  • 18. 28 2.2 Objetivos e habilidades desenvolvidas durante o jogo cooperativo De acordo com Soler (2011), quando trabalhamos com jogos em grupo onde imperam a cooperação, podem-se alcançar positivamente vários objetivos, sendo eles:  participar de atividades coletivas, utilizando-se de um comportamento construtivo, solidário e responsável, criando um ambiente de respeito mútuo, de modo que haja respeito e aceitação pelas diferenças de cada ser, respeitando elementos como idade, gênero, aspectos físicos e intelectuais além de respeitar a personalidade de cada um;  respeitar e valorizar a diferença entre os demais grupos e desconsiderar todo tipo de discriminação;  utilizar a comunicação oral para compartilhamento de ideias, respeitando as próprias regras, para um intercâmbio comunicativo;  utilizar através do corpo a comunicação não verbal, para assim compreender mensagens expressivas, vindas de outras pessoas. Além dos objetivos citados, o trabalho com os jogos cooperativos estimula a aprendizagem dos alunos de forma prazerosa, tendo em vista que suas habilidades e competências devem ser desenvolvidas. Neste sentido, Soler (2011), relata certas habilidades que desenvolvem durante os jogos cooperativos:  habilidades intelectuais: incentiva os jogadores a imaginar, concentrar, perguntar, adivinhar e inclusive, decidir.  habilidades interpessoais: capacita o jogador e incentiva a encorajar-se, retribuir, ajudar e explicar.  Habilidades em relação aos outros: promove respeito, paciência, apreciação, apoio e positividade.  habilidades físicas: falar, ouvir, observar, coordenar e escrever.  habilidades pessoais: alegria, compreensão, entusiasmo e sinceridade. Percebe-se que o trabalho com os jogos cooperativos se alcança vários objetivos, a criança passa a participar da atividade de forma conjunta, promovendo o respeito e a integração de todos. Contudo, a criança passa a desenvolver no jogo suas habilidades e competências a aprende como interagir na sociedade.
  • 19. 29 2.3 O jogo e a competição Para Kamii (1991), a palavra competição frequentemente é carregada por conotações negativas. De modo que os educadores preocupam-se com o tipo de competição que pode provocar rivalidade, além de sentimentos de fracasso e rejeição, e por essa série de motivos evitam trabalhar com jogos em grupo. Kamii (1991), complementa que para os educadores, os jogos incomodam as crianças que perdem, porque acreditam que elas por sua natureza são competitivas demais, portanto, considera-se inadequado colocá-las em situações que as tornem ainda mais competitivas, e por último, acham que já existe bastante competitividade em nossa sociedade e as crianças logo estarão expostas a ela. Quando a criança ganha uma competição, normalmente os adultos reforçam o sentimento de superioridade dando-lhe prêmios, de modo que acabam valorizando bastante o fato de ganhar, algo que pode ser evitado, pois desse modo, a criança cresce e passa a lidar com a competição de forma natural sem se preocupar com o fato de ganhar. Kamii (1991), salienta que uma vez que a competição esteja presente, é importante ensiná-las a cooperar uma com as outras, para que assim, todas concordem com as regras e passem a segui-las. Segundo Kamii (1991), a expressão “cooperação” significa “operar junto” e negociar regras que pareçam justas a todos os envolvidos. A competição de jogos coletivos é totalmente diferente do que uma competitividade em um sistema sócio econômico pela seguinte razão: num jogo, não existem ganhos materiais ou acumulação de riqueza, e aqueles que não jogam de forma honesta são constantemente rejeitados. Neste sentido entende-se que, é de extrema importância que o professor saiba trabalhar com os aspectos de ganhar e perder. É fundamental o educador deixar claro aos alunos que ganhar um jogo é uma ocorrência normal, pois quando a criança passa a jogar apenas para receber prêmios em troca, o ganhador passa a inferiorizar os perdedores, desse modo é importante esclarecer que aqueles que perdem não se tornam inferiores ou incompetentes, mas sim ressalta a importância de se divertir do que jogar para ganhar.
  • 20. 30 2.4 Somos competitivos por natureza? Para Soler (2011), cooperar e competir, são comportamentos que cabem ao ser humano decidir qual deles os farão evoluir. Durante anos a humanidade foi condicionada que a melhor forma para se jogar e sobreviver era de forma competitiva. Quando o assunto são jogos cooperativos é muito comum ouvir a seguinte afirmação: “Mas o ser humano é competitivo por natureza, o mundo é dos mais fortes.” Entretanto, os seres humanos não são competitivos por natureza, pelo contrário, é durante a infância que passam a interagir-se socialmente e passam a aprender comportamentos cooperativos ou competitivos. Contudo, a competição sem medida a cada dia distancia o ser humano de uma relação harmoniosa. O autor Soler (2011 p.34 e 35), relata um mito que compara esse processo competitivo semelhante ao desenvolvimento do câncer: O aspecto mais característico do câncer dentro de um corpo humano, ou dentro de uma sociedade, é que as células cancerosas cuidam somente de si próprias. Elas se alimentam das outras partes do seu hospedeiro, até efetivamente matá-lo. Consequentemente, elas cometem suicídio biológico, uma vez que uma célula cancerosa não sobrevive fora do corpo em que ela iniciou seu desenvolvimento descuidado e egocêntrico. Sendo assim, compreende-se que caso os seres humanos não voltem a uma direção cooperativa e harmoniosa, consequentemente em um futuro próximo não passarão a existir vencedores, mas sim apenas perdedores. O autor Brotto (1997, p 43), destaca que o termo competição manifesta-se de modo positivo e negativo:  positivo: manifesta-se por interesse pelo bem estar dos outros, de modo que o indivíduo luta pelo seu crescimento e desenvolvimento de suas capacidades e habilidades sem prejudicar os demais, visando um modo de vida superior.
  • 21. 31  negativo: provoca no indivíduo o interesse de lutar a seu benefício próprio, com desejo de dominar os outros resultando um elevado sentimento de inferioridade e despertando falta de interação social. Assim, entende-se que o termo competição passa a ser ruim apenas quando o ser humano passa a competir sem medida, sem ética e sem piedade ao seu semelhante. A competição existe e sempre existirá, no entanto, cabe aos indivíduos saber como lidar com ela de forma positiva, pois o grande mal que a competição possa gerar é a exclusão e contra ela que devemos intervir. Soler (2011), menciona que competição sem medida chegou ao ponto de privilegiar apenas os que conquistam o primeiro lugar, de modo que os demais que alcancem o segundo e os posteriores lugares não passam a ser valorizados. Acredita-se que para ser aceito como ser humano não trata de considerar-se o melhor ou o mais rápido, isso não depende de um mero resultado. Nesta perspectiva, torna-se fundamental a seguinte questão: O que é melhor, cooperar ou competir? Para Kamii (1991), essa resposta cabe a criança decidir, após conhecer claramente as duas maneiras de jogar, resposta que será dada sem influência, para que assim tenha liberdade de escolha. 2.5 Benefícios de trabalhar com jogos cooperativos Os jogos cooperativos contribuem em diversos aspectos durante o processo educativo. De acordo com (DEUTSCH, 1949 apud SOLER, 2011), acredita-se que os participantes de grupos cooperativos se ajudam com mais frequência do que membros de grupos que trabalham de forma competitiva e sem dúvidas ocorrem uma maior manifestação de amizade entre os grupos cooperativos do que os membros do grupo competitivo. Sendo assim, (BROWN, 1994 apud SOLER, 2011, p.72), mostra um quadro comparativo com características que despertam através de um jogo competitivo e um jogo cooperativo:
  • 22. 32 FORMA COMPETITIVA FORMA COOPERATIVA Individualista Grupal Participação limitada Todos participam Desordem Organização Ganhador/Perdedor Todos ganham Desunião União Trapaça/Esperteza Honestidade Frustrante Reconfortante Limitante Amplo Repúdio Acolhida Conformismo Desafio coletivo O jogo sou eu O jogo somos nós Nota-se que trabalhar com o modo cooperativo é estimulante, prazeroso e desafiador, participando de um cenário onde se atua de forma livre e sem medo algum de ser excluídos durante o processo. Percebe-se que no jogo cooperativo o participante sente-se verdadeiramente parte de uma grande equipe e desenvolvem em todos os aspectos sem qualquer inibição. 2.6 Jogos cooperativos e autoestima A proposta de trabalhar jogos cooperativos visa integrar a todos, pois ninguém nasceu para ser excluído, mas sim para trabalhar junto, tanto no ambiente escolar quanto ao convívio familiar e profissional. Neste sentido, (BROWN, 1994 apud SOLER, 2011), compreende-se que o ser humano, principalmente a criança tem por necessidade de saber o quanto é capaz e de sentir-se valorizada, assim, evita participar de jogos competitivos, pois não se sente segura da vitória e procura não arriscar a possibilidade de fracassar. Nota-se que os jogos competitivos são apresentados de forma rígida, de modo que não permitem a mudança das regras, ao contrário dos jogos cooperativos que, sobretudo, estimulam os participantes a criarem novas regras com a expectativa de desenvolver autonomia. Para Soler (2011), quando se trabalha com os jogos cooperativos, o principal objetivo é desenvolver ao indivíduo a autoestima, autoconfiança, que são elementos importantes para o bem estar psicológico.
  • 23. 33 Neste sentido, (ORLICK, 1978 apud BROTTO, 1997, p.64), apresentam um quadro que demonstra alternativas de conduzir o jogo na visão competitiva e cooperativa: JOGOS COMPETITIVOS JOGOS COOPERATIVOS São divertidos apenas para alguns. São divertidos para todos A maioria tem um sentimento de derrota. Todos têm um sentimento de vitória. Alguns são excluídos por sua falta de habilidade. Há mistura de grupos que brincam juntos criando alto nível de aceitação mútua. Aprende-se a ser desconfiado. Todos participam e ninguém é rejeitado ou excluído. Os perdedores ficam de fora do jogo e simplesmente se tornam observadores. Os jogadores aprendem a ter um senso de unidade e a compartilhar o sucesso. Os jogadores não se solidarizam e ficam felizes quando alguma coisa “ruim” acontece aos outros. Desenvolvem autoconfiança porque todos são bem aceitos. Pouca tolerância à derrota desenvolve em alguns jogadores um sentimento de desistência face a dificuldades. A habilidade de preservar face as dificuldades é fortalecida. Poucos se tornam bem sucedidos. Para cada jogo é um caminho de co- evolução. Nota-se que os jogos cooperativos e competitivos são diferentes pelos seguintes fatores: o jogo competitivo torna a criança individualista, com o desejo e o prazer de ganhar, criando um cenário em que todos almejam o primeiro lugar e os demais que não possuem certas habilidades passam a ser eliminados, tendo em vista que, o jogo cooperativo há um forte trabalho em equipe, criando um ambiente divertido, de maneira que todos são bem aceitos e todos compartilham do sucesso. 2.7 Elementos importantes para criar jogos cooperativos De acordo com (BROWN, 1994 apud SOLER, 2011), para que um novo jogo possa alcançar todas as expectativas, algumas perguntas devem ser elaboradas para que assim, os objetivos do novo jogo possam contribuir de forma educativa. Formulam-se as seguintes perguntas:
  • 24. 34  o jogo reflete um bom humor? nesse sentido, o novo jogo deve contribuir um ambiente que todos possam rir juntos.  o jogo é cooperativo? o novo jogo precisa criar um ambiente de coletividade, de modo que todos participem e que tenha em vista prazer no jogo e não em seu resultado final.  o jogo é positivo? o novo jogo precisa propor aos participantes um ambiente que todos se sintam bem e deve incentivar aos alunos a se apoiar de modo recíproco.  o jogo é participativo? sob essa questão, o novo jogo necessita propor que os participantes tornem-se mais unidos durante e depois do jogo, além de animá-los durante o processo.  o jogo desperta criatividade? Ele deve criar um ambiente onde os participantes trabalhem sua criatividade de modo espontâneo.  há igualdade de todos os participantes durante o jogo? o jogo necessita ser elaborado de forma que o educador atue em igualdade com seus alunos.  o jogo oferece desafio? o jogo é um elemento que deve promover um ambiente onde os objetivos tornam-se desafios a serem alcançados. Elencando essas questões, se o novo jogo propuser esses elementos, considera-se que o educador estará conduzindo um jogo cooperativo e, sem dúvidas, terá fundamentalmente sua contribuição nesse processo. 2.8 A postura do Educador: como se comportar durante os jogos Durante os jogos, primeiramente, o educador necessita saber como coordenar esse processo de modo adequado. Neste sentido, a sua postura deve ser repletamente mediadora, onde ele precisa estimular o interesse e entusiasmo de seus participantes. (BROWN, 1994 apud SOLER, 2011, p 82), salienta: Facilitar implica ter uma atitude de empatia: a capacidade de se colocar no lugar do outro; de assumir seu lugar. Significa escutar e, partindo disso, formular nossa mensagem, levando em conta o destinatário.
  • 25. 35 Percebe-se que o educador precisa se colocar sempre ao lugar dos participantes do jogo, escutando-os para que ocorra a troca de experiências, pois quanto mais o grupo perguntar, interferir e mudar, melhor será o resultado final. Quando o indivíduo expressa suas ideias e porventura são aceitas, como resultado, os fortalecerá para tentar sobre uma próxima oportunidade de jogo. No entanto (BROWN, 1994 apud SOLER, 2011), elabora algumas características que esse facilitador deve conter:  comunicativo: o facilitador não tem apenas o compromisso de explicar o jogo, e sim criar um ambiente de reflexão e transmitir o seu significado.  amável amigo: necessita criar um elo de solidariedade e união, uma vez que o mesmo atua como companheiro e amigo e também se diverte com o jogo.  criativo: precisa estar atento para saber quando intervir ou não durante o jogo, ou qual adaptação deverá ser feita.  flexível: o facilitador deve ter flexibilidade, pois em muitos casos, é preciso mudar algo, portanto ele precisa ter essa capacidade.  alegre: os jogos devem produzir um ambiente de alegria, e o facilitador tem a incumbência de motivar seus participantes.  sensível: tem a missão de se sensibilizar as necessidades do grupo e ao processo que se vive.  paciente: ele necessita ter a virtude de saber esperar, tendo em vista que os resultados nem sempre ocorrem como planejamos.  sensual: deve estar atento a todos os sentidos. Pois o verdadeiro educador passa a enxergar as potencialidades e também as limitações de todos que praticam o jogo. Ele também, desperta a autoconfiança e oferece oportunidade igual a todos, de modo que todo integrante sinta-se importante para o grupo. Kamii (1991), relata que em muitos casos, pais e gestores escolares se opõem aos jogos praticados em sala de aula. Normalmente, os pais ficam mais satisfeitos quando as crianças voltam da escola com lições para casa, como maneira de comprovar a aprendizagem do filho. Para muitos, os jogos não passam apenas de diversão e recreação, portanto, cabe ao professor justificar de forma clara o quanto esse recurso alcança por muitas vezes, melhores resultados do que exercícios pelo seguinte motivo: nas lições e exercícios o professor é o único que
  • 26. 36 corrige confirmando se o resultado está correto ou incorreto, ao contrário dos jogos, pois quando uma criança não joga conforme as regras, seus próprios colegas realizam a intervenção. Considera-se mais produtivo encorajar seus alunos a jogar em grupo para desenvolver autonomia do que ocupar-se corrigindo folhas de exercícios. Kamii (1991), ressalta outra vantagem de trabalhar com jogos em grupo como desenvolver no indivíduo a autoconfiança, fator essencial para desenvolvimento posterior da criança em todas as áreas, pois o indivíduo autoconfiante consegue ganhar jogos sem ser agressivos e perdê-los sem se traumatizar e futuramente enfrentar tarefas difíceis sem se abater facilmente. Contudo, compreende-se que para os jogos em grupo atingirem resultados positivos dependerá totalmente da maneira como o professor intervirá enquanto joga com seus alunos. Se o objetivo do educador é apenas ensinar as crianças a jogar corretamente, o valor do jogo desaparecerá por completo, pois como consequência, formará crianças obedientes, dóceis e dependentes.
  • 27. 37 CAPÍTULO III ANALISANDO OS BENEFÍCIOS DOS JOGOS COOPERATIVOS ATRAVÉS DA PESQUISA DE CAMPO A pesquisa de campo tem como objetivo analisar entre as unidades escolares e docentes a frequência que são desenvolvidas as atividades cooperativas de forma lúdica em seu cotidiano escolar, verificar entre os professores se houve o contato com os jogos cooperativos durante a faculdade ou após sua formação por meio de cursos e sondar entre os docentes os efeitos positivos alcançados quando desenvolve os jogos cooperativos na sala de aula. As entrevistas foram realizadas em três instituições de ensino, uma delas localizada na região de Barueri e as demais localizadas no Município de Carapicuíba. Os nomes mencionados são fictícios para a preservação da identidade dos professores. A primeira entrevista foi realizada em um colégio de pequeno porte na região de Carapicuíba em que possui 8 salas, sendo 3 de maternal e 5 de pré- escola. Além das salas, possui um pequeno espaço para as práticas de educação física e sala de vídeo. A equipe de trabalho é composta de 19 funcionários sendo que 8 são professores, 3 auxiliares de classe e os demais cargos estão divididos entre auxiliares de cozinha, limpeza e administrativo. A escola é pública e fica localizada em comunidade carente e atende filhos de trabalhadores com baixa renda. Nesta instituição foram realizadas duas entrevistas. A primeira entrevista foi com a Pedagoga Michele que leciona há 5 anos e atualmente trabalha com a fase pré-escolar em que estão na idade entre quatro a cinco anos. A segunda entrevista nesta unidade foi com a professora Viviane que leciona há 7 anos e atualmente trabalha em sala de maternal nível II, que as crianças estão na faixa entre três a quatro anos de idade. A segunda pesquisa foi realizada em um colégio do município de Carapicuíba que é mantido pela rede de ensino Mackenzie. A instituição possui 15 salas sendo 6 de pré-escola, 6 de berçário e 3 salas de maternal.A equipe de trabalho é composta de 30 funcionários, sendo 12 professores, 12 auxiliares de classe e os demais cargos estão divididos entre auxiliares de cozinha, limpeza, administrativo e
  • 28. 38 voluntários. É uma instituição filantrópica confessional e atende público de classe média. Nesta instituição foram realizadas 3 entrevistas. A primeira foi com a Pedagoga Maria que leciona há 7 anos e atualmente trabalha em sala de maternal nível II, em que as crianças estão na faixa entre três a quatro anos de idade. A segunda entrevista foi com a docente Tatiane que leciona há 8 anos e atualmente trabalha em sala de maternal nível II, que as crianças estão na faixa entre três a quatro anos de idade. A terceira entrevistada nesta unidade foi Sheila que leciona há 7anos e atualmente trabalha com a fase pré-escolar em que estão na idade entre quatro a cinco anos de idade. A terceira pesquisa foi realizada em uma escola localizada no município de Barueri. A escola possui 5 salas de aula, sala da direção, secretaria, sala dos professores,parque infantil, quadra de esportes coberta,sala de leitura, cozinha, refeitório e almoxarifado. A escola funciona entre o período manhã e tarde, portanto, a equipe de trabalho é composta de 50 funcionários sendo divididos entre professores, assistentes, auxiliares de cozinha, limpeza e corpo administrativo. Nesta instituição entrevistamos a pedagoga Nadia que leciona há 24 anos, atualmente trabalha com alunos na fase maternal nível II, que as crianças estão na faixa entre três a quatro anos de idade. Nadia além de obter a formação em pedagogia possui graduação em direito e se especializou em áudio comunicação. 3.1 Formação dos docentes voltada aos jogos cooperativos No decorrer da pesquisa de campo analisamos entre as educadoras se houve durante sua formação, aulas voltadas aos jogos cooperativos ou se no decorrer da sua carreira obteve especialização. Com base nos questionários, chegamos aos seguintes resultados:
  • 29. 39 Unidades Escolares Professoras Fez curso ou teve aula sobre Jogos Cooperativos? SIM NÃO 1ª Escola Viviane X Michele X 2ª Escola Sheila X Maria X Tatiane X 3ª Escola Nadia X A professora Viviane durante a entrevista relata que quando realizou o curso pedagogia eram separados pelas seguintes áreas: educação infantil, ensino fundamental e gestão. Sua atuação foi voltada a educação infantil, portanto, as aulas eram relativas a esta categoria de jogo. A professora Tatiane afirma que obteve aulas sobre os jogos cooperativos durante sua formação no curso de pedagogia. As demais professoras Michele, Sheila, Maria e Nadia relatam que durante sua formação não obtiveram aulas específicas sobre os jogos cooperativos e não realizaram especializações sobre essa área. Portanto, percentualmente, alcançaram-se aos seguintes resultados: SIM 33% NÃO 67% Percentual de docentes que fizeram curso ou obtiveram aula sobre jogos cooperativos: SIM NÃO
  • 30. 40 Percebe-se que entre as entrevistadas, cerca de 67% não obtiveram durante sua formação aulas específicas com fundamentação teórica voltada ao uso dos jogos cooperativos e a minoria, cerca de 33% obtiveram conhecimento durante sua formação, em que elas complementaram em seus depoimentos que os seus mestres apresentavam teoricamente os benefícios dos jogos que envolvem ação cooperativa e salientam que durante as aulas, participavam desenvolviam atividades práticas. 3.2 A frequência que são ministradas os jogos cooperativos nas unidades escolares Durante os depoimentos, perguntamos às pedagogas a freqüência em que trabalham com os jogos cooperativos seus alunos. As respostas foram os seguintes: Com base aos resultados acima, elencamos os seguintes resultados: Professoras Frequência que são ministrados os Jogos Cooperativos 2x por semana 1x por semana 2x ao mês Não trabalha 1ª Escola Viviane X Michele X 2ª Escola Sheila X Maria X 3ª Escola Tatiane X Nadia X
  • 31. 41 Nota-se que a maioria das educadoras utiliza o recurso semanalmente e segundo seus depoimentos, consideram essa quantidade adequada, excepcionalmente a professora Riceli que acredita que os jogos cooperativos devem ser trabalhados a partir da fase pré-escolar I. 3.3 Desenvolvimento, interação e efeito significativo causado entre os indivíduos na prática dos jogos cooperativos Os autores Antunes (2011), Kamii (1991) e Kishimoto (2009), consideram os jogos cooperativos como recursos que promove o desenvolvimento nos aspectos físico, cognitivo, social e afetivo. Entre eles, Soler (2011), relata determinados objetivos e comportamentos causados entre os indivíduos durante um jogo ou atividade cooperativa e percebe que através dos jogos as crianças tornem-se solidárias, demonstrando atitudes de respeito, compreendendo e aceitando as diferenças individuais, entre idade, sexo, personalidade, características físicas e intelectuais. Durante a entrevista a professora Nadia relata que as crianças desenvolvem de forma integral não somente na aprendizagem pedagógica como também para toda a vida, pois cooperam e aprendem a lidar com as perdas e ganhos. Ela complementa que o jogo cooperativo auxilia as pessoas a se libertarem da 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Frequência que os docentes trabalham os Jogos Cooperativos 2 ou mais vezes por semana Semanalmente Quinzenalmente Não trabalha com jogos coperativos
  • 32. 42 competição e que o objetivo maior é a participação de todos por uma meta em comum, sem agressão física e cada um em seu próprio ritmo.Nadia conclui que o efeito mais significativo causado por esses jogos é a ajuda mútua, promovendo um ambiente de cooperação coletividade. Os pensamentos da professora Nadia assemelham-se aos de (DEUTSCH, 1949 apud SOLER, 2011), em que acreditam que os participantes de grupos cooperativos se ajudam com mais frequência do que membros de grupos que trabalham de forma competitiva de maneira que ocorre uma grande manifestação de amizade entre os grupos cooperativos do que os membros do grupo competitivo. Percebemos que o trabalho cooperativo contribui no desenvolvimento integral da criança, pois o jogo cooperativo envolve todos os participantes sem discriminação de gênero, idade, ou personalidade. Os alunos se desenvolvem e compartilham seus conhecimentos e aprendem a respeitar a individualidade de cada integrante. Acreditamos que é de grande valor esse trabalho em sala de aula, em que se identifica o respeito, a ética e o cuidado com o outro. A pedagoga Tatiane em seu depoimento relata que as crianças adoram quando fala sobre jogos em grupo ou cooperativos, pois todos participam de forma conjunta, de maneira que a interação e o desenvolvimento são positivos. Tatiane e Sheila consideram necessário inserir na prática pedagógica o trabalho cooperativo entre as crianças, pois auxilia a criar pessoas capazes de interagir com o próximo de forma competitiva e que visa à cooperação entre eles. A pedagoga complementa que os efeitos significativos causados pelo jogo cooperativo são: a cooperação, o respeito, a ética, a participação e o cuidado com o outro. As docentes Michele e Viviane em relação a esse fator possuem opiniões semelhantes, em que relatam que o desenvolvimento dos alunos é positivo, de maneira em que eles compartilham suas idéias e saberes. Elas consideram necessário inserir na prática pedagógica o trabalho cooperativo entre as crianças, pois acreditam que auxiliam no desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos. Viviane salienta que o efeito mais significativo causado pelo jogo cooperativo é o respeito, já Michele considera como efeito mais significativo a troca de conhecimentos.
  • 33. 43 A professora Maria afirma que não utiliza essa prática em sala de aula, pois acredita que seus alunos não compreendem essa espécie de jogo. Portanto, Maria acredita que os jogos cooperativos são possíveis apenas a partir da pré-escola, pois segundo ela, é a partir da fase pré-escolar que os alunos já entendem o sentido da cooperação e da competição. 3.4 A visão do pedagogo com relação ao uso dos jogos cooperativos Durante os depoimentos, verificamos entre as docentes como elas desenvolvem os jogos cooperativos na sala de aula e perguntamos se consideravam que os jogos cooperativos contribuem em seu sucesso de trabalho. No decorrer de seu depoimento, Nadia considera que essa pratica contribui em seu sucesso de trabalho, pois através dos jogos cooperativos as crianças aprendem a dividir, compartilhar experiências e principalmente a ajudar aos seus colegas, criando um ambiente em que todos são valorizados sem ser estigmatizados por saber ou não saber algo. Nadia menciona que quando trabalha com essa modalidade de jogo seu objetivo é propor regras e leis, em vez de impô-las. As pessoas ao elaborarem, decidirem e colocarem em prática as regras estará exercitando uma atividade política e moral em que possibilita a troca de ideias para chegar a um acordo sobre elas, praticando a descontração e coordenação de pontos de vista, lembrando que um ponto de vista é apenas a vista de um ponto. Ela acredita que o jogo deve estimular de todas as formas o desenvolvimento da autonomia e possibilitar ações que motivem as pessoas que integram ao grupo a serem mentalmente ativas.Os pensamentos de Nadia conciliam aos pensamentos de Kamii (1991 p. 24 ): (...) gostaríamos que as crianças desenvolvessem a capacidade de descentrar e coordenar diferentes pontos de vista. Com base ao relato de Nadia percebemos que o trabalho cooperativo ensina a criança a respeitar os diferentes pontos de vista e incentiva ao próprio aluno elaborar novas regras durante o jogo. Essa atitude estimula a criatividade da criança e passa a desenvolver gradativamente sua autonomia.
  • 34. 44 A professora Tatiane considera necessário inserir na prática pedagógica o trabalho cooperativo entre as crianças, pois acredita que esse recurso auxilia criar pessoas capazes de interagir com o próximo de forma competitiva e ao mesmo tempo visa a cooperação entre eles. Tatiane complementa que os jogos contribuem em seu sucesso de trabalho, pois acredita que nos jogos cooperativos as crianças apreendem de forma conjunta e assim leva para a vida toda. A docente Sheila considera fundamental inserir o jogo cooperativo na prática pedagógica e salienta que utiliza com frequência, pois através do recurso ela percebe que as crianças participam da aula com mais entusiasmo. Ela complementa que os jogos contribuem bastante ao desenvolvimento dos alunos, pois através do recurso trabalha-se com objetivos e regras de maneira que o aluno aprenda de forma significativa e prazerosa. A professora Viviane considera relevante incluir os jogos cooperativos na pratica pedagógica, pois ensinam as crianças a dividir e complementa que trabalha com alunos que estão durante a fase em que brigam com os colegas para dividir os brinquedos.Ela afirma que os jogos cooperativos contribuem em seu sucesso de trabalho, entretanto acredita que os jogos competitivos também dever ser introduzidos à pratica educativa, pois tudo deve ser ensinado na medida certa. Durante o depoimento de Viviane percebemos que o jogo competitivo também necessita ser trabalhado na unidade escolar, pois temos que preparar o aluno para a sociedade competitiva, contanto, temos que desenvolver o aspecto competitivo de maneira positiva. Brotto (1997, p 43), relata o efeito positivo que o jogo competitivo pode promover ao aluno: “manifesta-se por interesse pelo bem estar dos outros, de modo que o indivíduo luta pelo seu crescimento e desenvolvimento de suas capacidades e habilidades sem prejudicar os demais, visando um modo de vida superior.” A professora Michele afirma que os jogos cooperativos contribuem em seu trabalho, pois seus alunos aprendem e se divertem ao mesmo tempo. E por fim, a docente Maria não respondeu as seguintes questões, pois não utiliza desse recurso em seu plano de aula.
  • 35. 45 Contudo, compreendemos que o trabalho dos jogos cooperativos na sala de aula desenvolvem diversas qualidades na criança e promove aprendizagem significativa, em que desperta entusiasmo de modo que todos os envolvidos participam e constroem seus próprios conhecimentos. Através dessa metodologia as crianças aprendem, elaboram, descobrem e ao mesmo cria-se um ambiente de diversão, afeto e respeito. A partir dos depoimentos nota-se que grande parte das educadoras adquiriram conhecimentos sobre os jogos cooperativos através de suas experiências em sala de aula, de maneira que não aprofundaram o conhecimento ao tema através de pesquisas ou especializações. As educadoras acreditam que os jogos contribuem no aspecto social, no entanto, acreditamos que além de desenvolver a socialização, o jogo cooperativo desenvolve no aspecto físico, através de jogos que trabalham os movimentos, no aspecto cognitivo que se trabalha por meio dos jogos simbólicos e no aspecto afetivo em que o professor terá o papel fundamental em desenvolver esse aspecto e as demais habilidades.
  • 36. 46 CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluí-se que os jogos cooperativos são recursos pedagógicos fundamentais no desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos e auxilia os educadores na formação de indivíduos autônomos, autoconfiantes e com autoestima, além de contribuir no desenvolvimento integral do aluno. Compreendemos a relevância de o educador conhecer as fases de desenvolvimento do educando, pois a partir desses conhecimentos ele terá autonomia de elaborar e conduzir jogos que despertem a curiosidade e estimulem o desenvolvimento integral de todos os participantes. Notamos que o jogo cooperativo promove um ambiente de união, afetividade, respeito mútuo e trabalho em equipe, de maneira que todos os jogadores participem, construam e compartilhem seus conhecimentos de forma significativa e prazerosa. Percebemos que grande parte dos educadores não obtiveram o conhecimento durante a formação referente aos jogos cooperativos e não buscaram uma qualificação relacionada a esse assunto , portanto, alguns descobrem os verdadeiros benefícios desse recurso com o passar dos anos, durante sua experiência em sala de aula e outros por falta de conhecimento não utilizam desse instrumento e como resultado, aplicam jogos na sala de aula sem objetivos específicos, de modo que contribuem para o desenvolvimento de crianças que queiram vencer a qualquer custo e lutam ao seu benefício próprio. Através dos depoimentos dos professores percebemos que a competição sempre existirá dentro e fora da unidade escolar, portanto é importante o pedagogo trabalhar com o aspecto cooperativo e competitivo, pois contribui na formação de um indivíduo que visa seu crescimento sem prejudicar seu semelhante, valorizando prioritariamente a ética e o respeito mútuo.
  • 37. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Paulo Nunes de Educação Lúdica – Técnica de Jogos Pedagógicos. 9ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 1998. ANTUNES, Celso O jogo e a educação Infantil: falar e dizer, olhar e ver, escutar e ouvir, fascículo 15 Celso Antunes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. BLANCO, Marcilene Regina, 2007 Jogos Cooperativos e a Educação Infantil <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-10122007-155211/pt- br.php.> (Acesso em 24/08/14 as 21:58) BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional. Lei n° 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. BROTO, Fabio Otuzi Jogos Cooperativos - Se o importante é competir, o fundamental é cooperar! Fabio Otuzi Brotto. 3ª Ed – Ed. Renovada. Santos SP, 1997. CARNEIRO, Claudinéia Velozo Matias, 2012 Jogo, Brinquedo e Brincadeira na educaçãoinfantil<http://www.cneccapivari.br/libdig/index.php?option=com_rubberdo c&view=doc&id=547&format=raw>.(Acesso em 24/08/2014 as 23:40). CASCUDO, Luís da Câmara Vaqueiros e cantadores Belo Horizonte: editora da universidade de São Paulo, 1984 KAMII, Constance Jogos em grupo na Educação Infantil: implicações e teoria de Jean Piaget Constance Kamii e Rheta DeVries São Paulo: Trajetória Cultural, 1991. KISHIMOTO, Tizuco Morchida Jogos Infantis: o jogo, a criança e a educação15. Ed. Petrópolis, RJ, 2009. ______________O jogo e a educação infantil São Paulo. Livraria Pioneira, 1994. KOCH-GRÜNBERG, Theodor. Del Roraima AL Orinoco Tomo I, II e III. Venezuela: Ediciones Del Banco Central de Venezuela, 1979. SOLER, Reinaldo Jogos cooperativos para a educação infantil. Reinaldo Soler. Rio de Janeiro-3ª Edição: Sprint, 2011.
  • 38. 48 TEIXEIRA, Sirlândia Reis de Oliveira. Jogos, brinquedos, brincadeiras e brinquedoteca: Implicações no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Wak, 2010.