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CAPÍTULO 6 - PENSANDO A SOCIEDADE
Trabalhadores do mundo, uni-vos! Grafite na cidade de Bristol, Inglaterra, Reino Unido, 2009.
A Sociologia é uma ciência que se concentra no estudo das relações
sociais. Seu fundamento, no entanto, dá ênfase às relações sociais
que têm certa regularidade.
O estudo sociológico entende que há determinados modos de vida,
de comportamento e de conduta que se reproduzem e aparecem
historicamente com frequência. A vida em sociedade não pode ser
entendida como um processo aleatório, no qual tudo pode acontecer.
Pelo contrário, as relações sociais são sempre resultado de processos
históricos, isto é, têm sua base em um passado de outras relações
sociais. Ao explicitar as regularidades sociais, a Sociologia tem como
base a história humana.
Neste capítulo vamos conhecer os três grandes clássicos da
Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. A introdução ao
pensamento desses autores é de fundamental importância, pois é
com base em suas obras que a Sociologia se constituiu como
disciplina científica distinta das ciências da natureza e das ciências
exatas.
1. O CAPITALISMO E A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO CLÁSSICO
Desde o século XVI, diversas transformações sociais vêm caracterizando o que hoje
chamamos de capitalismo. A vida em sociedade ganhou um formato específico, isto é,
formas de produção, de conhecimento, de cultura e de consumo foram constituídas ao
longo dos últimos cinco séculos, conferindo uma feição particular à sociedade
capitalista, que é diferente daquelas que a precederam. Entretanto, o capitalismo teve
origem nas sociedades feudais, organizadas em torno do trabalho servil e da produção
agrícola localizada nos feudos.
Com o passar do tempo, novos interesses ligados ao comércio e ao mercado se
constituíram como o eixo central da nova sociedade capitalista que se estruturava.
As cidades substituíram a vida no campo, as manufaturas e depois as indústrias
substituíram as relações de produção da velha sociedade, e o consumo ganhou
proporções cada vez maiores diante da necessidade de desenvolvimento da produção
de mercadorias.
A vida em sociedade se desenvolveu com base em uma série de acontecimentos
históricos. A sociedade em que vivemos hoje é resultado de transformações históricas
geradas nos séculos anteriores. O acúmulo de experiências sociais constitui o conjunto
das condutas sociais, necessidades, padrões culturais e de comportamento, formas de
organização política e do conhecimento científico que reproduzimos hoje. A produção
e a reprodução social são, portanto, uma síntese de acontecimentos históricos.
Trabalhadores servis arando a
terra (primeiro plano) e
semeando (ao fundo). Iluminura
de um breviário (livro de orações
cotidianas) italiano do fim do
século XV.
Fotos: The Bridgeman Art Library/Keystone
Gravura (c. 1830) representando mulheres e crianças
trabalhadoras em fábrica de tecidos inglesa,
operando máquinas movidas a água e a vapor. À
esquerda, máquina para desembaraçar as fibras do
algodão.
VOCÊ JÁ PENSOU NISTO?
Você já imaginou que nosso modo de viver hoje em dia está relacionado à história passada?
Que a maneira como organizamos nosso cotidiano, o modo como trabalhamos e produzimos
influenciam nossa forma de pensar, de conhecer e de compreender o mundo? Que nossas
escolhas e nosso gosto por determinadas coisas são influenciados por um padrão que
herdamos social e historicamente? Vimos que a sociedade capitalista é resultado de
acontecimentos históricos. Agora procure refletir sobre padrões sociais presentes na sua
vida, suas preferências e gostos, formas de agir, de produzir, de trabalhar e observe como
tudo isso pode ser o resultado de fatos históricos.
A formação da Sociologia é também resultado do processo de consolidação da
sociedade capitalista. Esse campo de estudo só pôde se manifestar porque já
existiam os elementos sociais necessários ao seu surgimento. Como todo e
qualquer acontecimento histórico, a origem da Sociologia tem relação direta
com as necessidades sociais que se manifestaram no momento de seu
nascimento. Ou seja, a origem da Sociologia está relacionada à própria forma
como o capitalismo se difundiu nos séculos XIX e XX.
A indústria teve grande desenvolvimento, transformando os modos de
organização das cidades. Na Europa do século XVIII, em que a dinâmica da
sociedade era ditada pela indústria de tecidos, um dos objetivos da ciência era
incrementar a produção de mercadorias, a fim de torná-la mais eficiente,
rápida e barata. Com a introdução das máquinas, a produtividade aumentou
vertiginosamente, e o trabalhador foi condicionado ao ritmo das máquinas. À
semelhança da divisão do trabalho na indústria, o conhecimento científico
começou a sofrer divisões.
Novas práticas científicas e novas formas de conhecer a vida em sociedade
seguiram o padrão de desenvolvimento industrial. Assim, as transformações
produtivas tiveram grande influência e peso sobre a origem da Sociologia e de
outras Ciências Sociais, como a Economia, a Antropologia e a Ciência Política.
Foi nesse contexto que surgiram os três grandes pensadores clássicos da Sociologia:
Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Na Alemanha do século XIX, Marx
argumentava que as condições materiais de existência eram determinantes na vida em
sociedade. Segundo ele, a humanidade é responsável por realizar sua própria história.
Não há, assim, um destino predeterminado. A luta entre grupos sociais com
interesses antagônicos constitui a base da mudança e das transformações sociais.
Com isso, as explicações fundamentadas em crenças espirituais devem dar lugar à
ideia de que a vida em sociedade é condicionada pelo conflito entre grupos com
interesses opostos. Essas forças sociais conflitantes determinam as transformações
históricas e estruturam o modo de vida de cada sociedade.
Já o sociólogo francês Émile Durkheim, na virada do século XIX para o XX, aproximou a
Sociologia do método das Ciências Naturais. Para ele, a sociedade era como um
organismo vivo, e cada parte desse organismo se relacionava com o todo (o
organismo social) na medida em que dependia dele. A integração social foi tema
central de sua obra, sobretudo porque ele considerava que a sociedade exercia uma
força (uma coerção) sobre os indivíduos, moldando-os à sua semelhança.
No início do século XX, Max Weber inverteu o princípio geral de Durkheim. Em lugar
de pensar a sociedade espelhada nos indivíduos, ele entendia que as ações dos
indivíduos eram orientadas por outras ações, isto é, uma ação social tinha como
referência um conjunto de outras ações. Nesse sentido, a ação social tanto era
influenciada por outras ações individuais como as influenciava. Weber elegeu, assim,
a ação social como objeto central de sua análise sociológica.
A hora do jantar: Wigan (1874), óleo sobre tela do pintor inglês Eyre Crowe (1824-1910). A
tela representa mulheres trabalhadoras em tecelagens num momento de descanso para a
refeição do final do dia. A cena se passa na cidade de Wigan, importante centro
manufatureiro do norte da Inglaterra. Em seu livro The Condition of the Working Classes in
England in 1844, Friedrich Engels observou: “Em todas as cidades onde há manufaturas
vemos multidões de pessoas, especialmente mulheres e crianças, caminhando descalças […]”.
2. ÉMILE DURKHEIM: COESÃO E FATO SOCIAL
Émile Durkheim nasceu em 1858, na França. Influenciado pela obra do
filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), que sistematizou pela primeira
vez a Sociologia como ciência específica, aproximando-a dos métodos das
ciências naturais, Durkheim procurou consolidar a Sociologia como ciência
social distinta das ciências naturais. Com esse objetivo, preocupou-se em
desenvolver uma teoria e um método de análise com conceitos específicos
para o estudo da vida em sociedade. Como veremos a seguir, os fundamentos
da sociologia de Durkheim podem ser resumidos nos conceitos de coesão, de
divisão do trabalho (ou especialização do trabalho) e de fato social.
“ASSIM FALOU... DURKHEIM
[...] a divisão do trabalho [...] não serviria apenas para dotar nossas
sociedades de luxo, invejável talvez, mas supérfluo; ela seria uma condição de
existência da sociedade. Graças à divisão do trabalho, ou pelo menos por seu
intermédio, se garantiria a coesão social; ela determinaria os traços essenciais
da constituição da sociedade. Por isso mesmo [...] caso seja essa realmente a
função da divisão do trabalho, ela deve ter um caráter moral, porque as
necessidades de ordem, de harmonia e de solidariedade social são
geralmente consideradas morais.
Lembrando o que vimos no primeiro item deste capítulo,
Durkheim foi particularmente influenciado pelos desdobramentos
históricos dos séculos XVIII e XIX. A Europa do século XIX
desenvolveu-se em torno dos preceitos da Revolução Industrial e
da Revolução Francesa. A Revolução Industrial, iniciada em meados
do século XVIII, intensificou brutalmente a produção de
mercadorias. Valendo-se dos avanços tecnológicos introduzidos
nas fábricas, a produção industrial na Inglaterra do século XVIII se
expandiu para outros países no século XIX, tornando-se o centro
de organização da vida social.
Já a Revolução Francesa, que teve seu desfecho em 1789, foi
marcada por transformações políticas estruturais. A sociedade
feudal, que precedeu a sociedade capitalista, foi destruída. As
instituições políticas feudais deram lugar às organizações políticas
capitalistas. A monarquia foi substituída por instituições políticas
que tinham como fundamento os ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade.
VOCÊ JÁ PENSOU NISTO?
No mundo atual, a especialização profissional pode ser vista nas fábricas, nas escolas, nos
hospitais, no comércio. A divisão do trabalho está presente em todos os setores da sociedade. A
vida das pessoas gira em torno de suas profissões e qualificações profissionais. Você já procurou
entender de que modo o cotidiano de seus pais e familiares está relacionado à profissão que eles
exercem? Com base no que foi discutido até aqui, reflita sobre como as qualificações
profissionais influenciam a vida de seus parentes e conhecidos.
Manifestantes de
diferentes categorias
profissionais e sociais se
unem em protesto
político em Londres,
Inglaterra, em 2010.
Entre os professores, por exemplo, estão os que ensinam Matemática,
Física, Sociologia, Antropologia, Biologia, Arte, Educação Física, etc. Para
Durkheim, essas sociedades são mais especializadas, têm maior grau de
divisão profissional, o que acaba por caracterizar indivíduos muito
diferenciados entre si.
A divisão do trabalho é, para Durkheim, o elemento social que impulsiona
o desenvolvimento das sociedades. As funções sociais são fundamentais
para sua análise, e, por isso, a Sociologia desse autor foi considerada
“funcionalista”.
Esse foi o aspecto que influenciou os antropólogos que estudamos no
capítulo 2. Entretanto, para refletir sobre a divisão do trabalho, Durkheim
desenvolveu outros conceitos importantes. Entre eles, o conceito de fato
social, essencial para definir o que é próprio ou não do campo sociológico.
Com o objetivo de criar conceitos com o maior rigor possível, Durkheim
entendia o fato social como uma coisa, um fenômeno tão apreensível
quanto qualquer elemento físico ou biológico. Os fatos sociais seriam,
assim, formas de pensar, sentir e agir que exercem uma força externa
(uma coerção) sobre os indivíduos.
Para Durkheim, a sociedade precedia os indivíduos e agia sobre
eles, determinando suas formas de ser. Assim, um fato social
poderia ser reconhecível com base na coerção social imposta a
um ou mais indivíduos. Levando isso em conta, só seria
considerado fato social o fenômeno que apresentasse:
1. uma generalidade (que estivesse presente e fosse
reconhecível em toda uma sociedade ou grupo social);
2. uma externalidade ou exterioridade (que fosse exterior às
consciências sociais, isto é, que existisse independentemente da
vontade e dos anseios do indivíduo); e
3. uma força coercitiva ou coercitividade externa aos indivíduos,
moldando as vontades individuais ao coletivo. Nesse sentido, a
sociologia de Durkheim, além de funcionalista, é também
considerada estruturalista, na medida em que a sociedade (a
estrutura social) determinaria as condutas individuais.
Ao lado,
ilustração de um
manuscrito
francês do
século XV sobre
os trabalhos
agrícolas nos
diferentes
meses do ano.
Ao lado, na foto de 2010,
trabalhadoras chinesas montam
componentes eletrônicos em
fábrica de Shenzen, na China,
subsidiária de uma multinacional
de Taiwan. As imagens
representam, respectivamente,
formas de divisão do trabalho no
feudalismo e no capitalismo.
VOCÊ JÁ PENSOU NISTO?
Nossa vida em sociedade depende de funções exercidas por outras pessoas. A
sociedade capitalista cria funções cada vez mais especializadas e das quais
dependemos cada vez mais. Com isso, forma-se uma rede de interdependência entre
os indivíduos. Dependemos do pedreiro, do carpinteiro, do jornalista, que por sua vez
depende do lojista, do comerciante, do industrial, que depende do vendedor de
seguros, do vendedor de carros, do programador de software, que depende do
pedreiro, do carpinteiro, e assim por diante. Ou seja: as funções sociais que
desempenhamos criam laços de interdependência social. Tente observar em sua
escola como se dão essas relações de funcionalidade e interdependência profissional.
Exemplos de fatos sociais são o direito, a educação, a divisão do trabalho, as crenças religiosas e
políticas, os esportes. O futebol, por exemplo, é um fato social na medida em que está presente
em toda a sociedade brasileira. É externo aos indivíduos, pois sua existência não depende da
vontade individual. É também coercitivo, pois impõe aos indivíduos um padrão esportivo. Além
disso, muitos meninos brasileiros desejam ser, em primeiro lugar, jogadores de futebol. Esse
“desejo” pode ser visto como coerção externa, propriamente social.
Nos termos de Durkheim, a Sociologia deve ter como fundamento o estudo dos fatos sociais.
Aqueles fenômenos que não estiverem dentro de sua definição serão considerados do domínio
de outras ciências. Para Émile Durkheim, a Sociologia é a ciência que estuda os fatos sociais.
PERFIL
ÉMILE DURKHEIM
Émile Durkheim viveu entre 1858 e 1917, na França. Formou- se em Filosofia na École
Normale Supérieure (ENS), em Paris. Desde cedo se interessou pelo estudo da sociedade,
influenciado pela leitura do pensador inglês Herbert Spencer e do filósofo francês Augusto
Comte. Passou um tempo na Alemanha, em seguida trabalhou na Universidade de Bordeaux,
já como cientista social, e aí fundou o primeiro departamento de Sociologia da Europa. Depois
passou a lecionar Sociologia na Sorbonne (Universidade de Paris), ganhando grande prestígio
internacional.
O trabalho intelectual de Durkheim o tornou conhecido como um dos pais da Sociologia,
responsável por estabelecer o ponto de vista sociológico como fundamental para o
entendimento da vida em sociedade. Suas percepções sobre o fato social, a coesão social, a
importância do sistema social e do método sociológico foram muito influentes no mundo
inteiro. A sociologia de Durkheim e sua preocupação com a ordem e o equilíbrio foram
essenciais na constituição da Sociologia como disciplina reconhecida academicamente.
Sua obra foi também fundamental para o desenvolvimento da Antropologia, principalmente
As formas elementares da vida religiosa, texto obrigatório nos cursos de formação
antropológica. Sua influência sobre a antropologia inglesa, por um lado, e francesa (através de
seu sobrinho Marcel Mauss) ajudou a definir a Antropologia no século XX.
3. MAX WEBER: AÇÃO SOCIAL E TIPOS IDEAIS
Max Weber nasceu na Alemanha, em 1864. Suas principais obras estão
concentradas entre a primeira e a segunda décadas do século XX e estabelecem
um novo estágio para as Ciências Sociais. Weber também se empenhou em
sistematizar a Sociologia, mas sua análise difere muito da de Durkheim, sobretudo
no que se refere à importância do indivíduo e de sua ação social. Diferente de
Durkheim, Weber não considerava a sociedade algo exterior e superior aos
indivíduos. Para ele, a sociedade deveria ser analisada com base no conjunto das
ações individuais.
Mas o que significa isso? Segundo Weber, qualquer ação individual é orientada por
outras ações, ou seja, quando agimos, levamos em conta e nos orientamos pela
ação de outras pessoas. Com base na expectativa de como nossa ação será
recebida, agimos de uma ou de outra maneira. Nossa ação individual é considerada
por Weber social, pois está inserida em um contexto social e histórico que qualifica
todas as ações individuais.
Nesse sentido, os fenômenos sociais são consequências de ações individuais, o que
nos leva a entender que não há oposição entre o indivíduo e a sociedade, pois,
para Weber, só é possível compreender a sociedade na medida em que a ação
individual a manifesta. Assim, o indivíduo não é considerado produto de um ...
todo coercitivo. Ele é, pelo contrário, responsável por seus atos. A
sociedade não tem um sentido próprio, mas sim é reproduzida pelos
indivíduos, que com suas ações lhe conferem sentido. Portanto, a
sociologia de Weber tem como um de seus principais fundamentos a
indicação de que a compreensão de fenômenos sociais estruturais —
como o capitalismo, os Estados, as religiões, os regimes políticos e as
formas de poder e dominação — reside na análise das ações individuais
ou de um conjunto dessas ações.
ASSIM FALOU... WEBER
[a Sociologia é a] ciência que tem como meta a compreensão
interpretativa da ação social de maneira a obter uma explicação de suas
causas, de seu curso e de seus efeitos. Por “ação” se designará toda a
conduta humana, cujos sujeitos vinculem a esta ação um sentido
subjetivo. Tal comportamento pode ser mental ou exterior; poderá
consistir de ação ou omissão no agir. O termo “ação social” será
reservado à ação cuja intenção fomentada pelos indivíduos envolvidos se
refere à conduta de outros, orientando-se de acordo com ela.
Ao votar, o eleitor pratica uma ação
individual que é orientada pela ação dos
outros indivíduos. (Charge de 2010)
Eleitor vota em urna eletrônica no Rio de
Janeiro, em outubro de 2010.
Podemos, portanto, entender que a ação social é o objeto de análise central da sociologia
de Weber. Mas o que é uma ação social? Para Weber, trata--se de qualquer ação do
indivíduo que é orientada pela ação de outros indivíduos. Por exemplo, as eleições. O eleitor
vota, orientando-se pelos comentários, pela intenção e até mesmo pelo voto de outros
eleitores. Ou seja, a ação é individual, mas só se torna compreensível sociologicamente na
medida em que a escolha de determinado candidato tem como referência o conjunto dos
demais eleitores.
Nascido em Erfurt, na Alemanha, Max Weber (1864--1920) foi um dos
mais importantes cientistas sociais de todos os tempos, e seus trabalhos
tiveram grande influência sobre o estudo da sociedade moderna.
Embora reconhecesse, como Marx, a importância do trabalho e da
economia sobre a vida social, Weber se interessou mais pelo modo
como a economia era, por sua vez, influenciada por outros aspectos da
sociedade, em especial pela religião. Em sua obra mais famosa, A ética
protestante e o espírito do capitalismo, Weber analisa a maneira pela
qual algumas ideias protestantes, como a valorização do trabalho e a
doutrina da predestinação de Calvino (segundo a qual os predestinados
por Deus à salvação seriam também bem-sucedidos neste mundo)
favoreceram o desenvolvimento do capitalismo nos países onde o
protestantismo era mais forte. Weber não afirmou que só os países
protestantes se tornariam desenvolvidos (o Japão, por exemplo, seria
uma exceção óbvia), mas sim que, no contexto europeu, algumas ideias
de origem religiosa podem ter favorecido o surgimento do capitalismo.
Por outro lado, Weber via na sociedade moderna um processo crescente de racionalização: vários
aspectos da vida deixaram de ser regulados pela tradição e passaram a ser organizados segundo
regras claras que favorecem a previsibilidade e a eficiência. Na economia, por exemplo, as formas
tradicionais de trabalho foram substituídas pela fábrica e pela gestão científica da produção; na
política, a obediência à tradição foi substituída pelo respeito à lei. Embora todos esses aspectos
favoreçam a eficiência, Weber temia que, com o tempo, a racionalização causasse uma deterioração
dos valores (não só religiosos, mas também os valores liberais ligados à liberdade individual, à
democracia) que produziram a própria sociedade moderna.
PERFIL
ÉMILE DURKHEIM
Os procedimentos de análise, que garantem a objetividade dos resultados, estão diretamente
relacionados à construção de tipos ideais ou tipos puros. O tipo ideal é uma “ferramenta” que o
pesquisador usa para se aproximar da realidade. Comparando com a Física, podemos dizer que
o tipo ideal é uma régua para medir determinado elemento. Trata-se de um recurso para medir
a realidade, para compreender o conteúdo dessa realidade.
Como a realidade é múltipla e impossível de ser descrita em sua totalidade, Weber constrói
tipos ideais para se aproximar o máximo possível da realidade analisada. Esses tipos ideais são
construídos com base em regularidades sociais por ele observadas. Note que a construção de
um tipo ideal, apesar de amparada na realidade, é apenas uma elaboração teórica do
pesquisador. Algo como escolher certas características regulares de determinada sociedade e
construir um tipo ideal de pai de família. Quando o pesquisador for analisar uma sociedade
específica, esse tipo ideal de pai de família, apesar de não se encaixar exatamente na realidade,
servirá de base para compreender como, por exemplo, alguns pais estabelecem relações com
suas famílias em determinada comunidade.
Weber construiu quatro tipos ideais de ação social:
1. a ação social com relação a fins;
2. a ação social com relação a valores;
3. a ação tradicional;
4. a ação afetiva.
Por ser tipos ideais, essas ações não são exatamente reconhecíveis na realidade. Mas com base
nessas construções teóricas, podemos observar a realidade e constatar algumas ações
individuais caracterizadas por um ou mais tipos ideais de ação. O importante aqui é entender
que esse mecanismo favorece o entendimento da sociedade na medida em que aproxima o
pesquisador da realidade estudada.
4. KARL MARX: TRABALHO E CLASSES SOCIAIS
A principal obra de Karl Marx, O capital, veio a público em 1867, ano de lançamento
do primeiro volume. Os outros dois volumes foram publicados após a morte do autor,
em 1883. Marx foi um dos maiores pensadores de seu tempo. Sua análise foi marcada
pela investigação das relações de força entre os indivíduos. Para ele, a questão-chave
para explicar as transformações sociais é a relação conflituosa entre forças sociais, isto
é, entre classes sociais distintas com interesses contrários.
ASSIM FALOU... MARX
A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes. [Homem] livre e
escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burgueses de corporação e oficial, em suma,
opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma
luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma
reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em
luta. […]
A moderna sociedade burguesa, saída do declínio da sociedade feudal, não aboliu as
oposições de classes. Apenas pôs novas classes, novas condições de opressão, novas
configurações de luta, no lugar das antigas. A nossa época, a época da burguesia,
distingue-se, contudo, por ter simplificado as oposições de classes. A sociedade toda
cinde-se, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que
diretamente se enfrentam: burguesia e proletariado.
Karl Marx nasceu em Trier, no Reino da Prússia, hoje Alemanha, em 5
de maio de 1818, e morreu em Londres, em 14 de março de 1883. De
origem judaica, foi o segundo filho dos nove de Henriette Pressburg e
Herschel Marx. Sua teoria foi marcada principalmente por três
correntes de pensamento a ele contemporâneas. A primeira delas foi
a Filosofia Idealista Alemã, que teve como referência central o filósofo
Georg Friedrich Hegel (1770-1831). A segunda foi a Economia Política
Clássica, sobretudo, o economista escocês Adam Smith (1723-1790) e
o inglês David Ricardo (1772-1823), e a terceira, mas não menos
importante, foi a Historiografia Socialista, que tem entre seus
principais nomes os franceses Saint-Simon (1760-1825) e Charles
Fourier (1772-1837) e o galês Robert Owen (1771-1858).
PERFIL
KARL MARX
Em O capital, Marx expõe a lógica do processo de valorização do capital, isto é,
como o capital se reproduz com base na exploração do trabalho. Mostra, assim, o
objetivo do capital de, ao se reproduzir como a relação social hegemônica, ampliar
sua dominação com base no aumento dos lucros capitalistas.
Teórico, militante político revolucionário e um dos maiores pensadores críticos da
sociedade capitalista, Marx escreveu várias obras sobre a relação de exploração e
dominação social do capital em relação ao trabalho. Marx pode ser considerado um
autor atual, já que as relações de produção capitalistas e a exploração do trabalho
assalariado são ainda questões centrais nas sociedades contemporâneas.
O argumento central de Marx é o de que as sociedades se dividem
em classes sociais. Essa divisão é fruto de um processo histórico de
lutas em que uma das classes sociais torna-se dominante e acaba
por subjugar os interesses de outra. No capitalismo, Marx observa
que a burguesia, a classe capitalista, tornou-se dominante, primeiro
derrotando a nobreza e, a seguir, instaurando um novo tipo de
sociedade. A burguesia passou a constituir, à sua maneira, as
formas de governo, a cultura, a política. As leis, as regras, as
normas, os gostos e os padrões de consumo, de organização da
economia, da ciência e da política passaram a ser determinados
pelos interesses da burguesia. Ou seja, a sociedade capitalista em
que vivemos tem como objetivo central reproduzir a forma de vida
da burguesia, fundamentada na formação do lucro e estruturada na
produção de mercadorias.
Para reproduzir a forma de vida da burguesia, é necessário que haja uma classe produtora de
mercadorias, cujo trabalho é explorado pelos capitalistas. Assim, ao mesmo tempo que se constitui
historicamente a burguesia, forma-se uma classe antagônica a ela: a classe trabalhadora, ou
proletariado. No processo histórico de formação do capitalismo, a burguesia nascente já explorava o
trabalho de pequenos produtores. Com o crescimento dessa forma de produção, a burguesia torna-se
dominante e o coletivo de trabalhadores, antigos servos e produtores rurais, aumenta vigorosamente
na forma de um proletariado industrial. Portanto, as classes sociais fundamentais da sociedade
capitalista são a burguesia (a classe capitalista) e o proletariado (a classe trabalhadora). Mas por que a
classe trabalhadora se deixa explorar? Por que não há igualdade econômica entre os indivíduos?
Segundo Marx, ao longo da História, a classe trabalhadora foi expropriada de seus meios de
produção, isto é, de suas terras,
Greve, detalhe do óleo sobre tela
do pintor russo Boris Kustodiev
(1878-1927).
VOCÊ JÁ PENSOU NISTO?
Para Marx, o trabalho que enfrentamos todos os dias tem como objetivo gerar lucro ao capitalista. Toda a
produção é organizada com base nesse objetivo. Porém, os trabalhadores ficam apenas com uma parte da
produção. A outra parte é exatamente o lucro. Você já se perguntou o porquê desse tipo de produção?
Quais são os mecanismos de organização do trabalho para que a produção seja sempre maior? Como o
empregador controla o trabalho dos empregados? Já pensou na forma como os trabalhadores produzem
e no que eles produzem? Reflita sobre alguns aspectos da organização do seu trabalho ou do trabalho de
pessoas de sua família.
de suas ferramentas, de suas casas e de seus locais de trabalho. A burguesia, ao se apropriar dos meios
de produção, força o trabalhador a vender seu trabalho em troca de um salário. O trabalhador é
obrigado a se submeter a determinado salário, a certo ritmo de trabalho, a determinadas condições de
trabalho, a jornadas determinadas e, sobretudo, a determinada produtividade. A classe trabalhadora
não tem escolha. Se quiser sobreviver, deve a todo momento vender seu trabalho a um capitalista, seja
no comércio, seja na indústria, seja em uma escola particular, seja cortando cana-de-açúcar para uma
usina produtora de álcool.
A classe capitalista tem como ponto central de sua dominação reproduzir a exploração do trabalho. Para
isso, a produção industrial é cada vez mais incrementada, tanto as formas de gerência quanto as novas
tecnologias introduzidas. Mas por que é sempre necessário desenvolver mais e mais a produção de
mercadorias? Marx entende que quanto mais o trabalhador é controlado, maior será sua produtividade
e menor será seu poder político. Assim, a substituição do trabalhador por uma máquina é uma iniciativa
do capitalista para obter um número maior de mercadorias, aumentando a produtividade do trabalho.
Com a máquina a produção aumenta, e aumenta também o controle do capitalista, pois os
trabalhadores passam a responder ao ritmo e ao tempo da máquina. Ou seja, o capitalista usa a
máquina ou o robô tanto produtivamente quanto politicamente. Ao submeter o trabalhador a um ritmo
que ele não comanda, o capitalista força o trabalhador a aumentar a produtividade do trabalho.
Podemos resumir essa questão com a seguinte frase: é preciso que tudo
mude para que nada se transforme. Ou seja, é preciso sempre desenvolver
a produção com novas tecnologias e formas de organização, para que:
1. A produção aumente e, com isso, aumentem os lucros dos capitalistas;
2. Aumente o controle do capitalista sobre a classe trabalhadora.
Portanto, para Marx, o desenvolvimento do capitalismo se baseia na
exploração e na dominação da classe trabalhadora pela classe capitalista.
Nesse sentido, as classes sociais se chocam e as transformações históricas
e sociais se desenrolam.
Vemos, por exemplo, que de um lado os trabalhadores reivindicam, por
meio dos seus sindicatos, melhores salários e condições de trabalho. De
outro lado, os capitalistas querem aumentar seu lucro. Existe, então, um
embate entre forças sociais opostas. Uma quer ampliar seu lucro,
empregando técnicas produtivas cada vez mais sofisticadas; a outra resiste,
a fim de manter e/ou ampliar suas condições materiais de sobrevivência.
Temos, portanto, uma sociedade baseada em relações contraditórias, que
inspiram confrontos políticos originários da divisão social em classes.
5. SOCIOLOGIA: ASPECTOS ESTRUTURAIS E CONJUNTURAIS
Vimos, no decorrer deste capítulo, que a formação da Sociologia como ciência é
fruto de transformações históricas. Isso significa que as características gerais da
Sociologia têm relação com a maneira como a sociedade se organizou no fim do
século XIX e no início do século XX. A forma da organização da vida em sociedade
nesse período, isto é, a forma de organizar a indústria, o comércio, as relações
monetárias, a política dos Estados, a educação e o conhecimento em geral
constituem a base para refletir sobre a razão de a Sociologia ter se estruturado
como uma ciência particular, distinta da História e da Filosofia.
Cada um dos autores que estudamos neste capítulo analisa a sociedade capitalista
de sua época e enfatiza elementos que considera centrais.
As sociedades, sejam elas indígenas, escravistas, africanas, orientais, monogâmicas,
socialistas ou capitalistas, têm elementos gerais que se reproduzem ao longo do
tempo. Esses elementos gerais são o alicerce da sociedade e se caracterizam como
elementos típicos, isto é, elementos que tornam uma sociedade diferente de
outra. A estrutura social, portanto, é formada por características gerais que dão
particularidade à sociedade e se reproduzem ao longo do tempo. Assim, podemos
entender que se uma sociedade tem seus elementos estruturais destruídos, ela
perde sua particularidade, transformando-se em outro tipo de sociedade.
Portanto, por um lado, o trabalho em geral permanece, e por isso é um
elemento central da estrutura social. Por outro lado, em cada conjuntura
histórica o trabalho ganha características específicas, mas nem por isso
perde suas características gerais. Por exemplo, temos um trabalho
remunerado, isto é, trabalhamos em troca de um salário. No entanto,
esse salário pode variar em razão de crises econômicas, da introdução
de novas tecnologias, da inflação, da qualificação profissional, das
greves, etc.
Vimos, então, que a conjuntura histórica, isto é, um dado período da
História, repõe os elementos estruturais da sociedade. Assim, na
conjuntura podem existir novas manifestações sociais, sejam individuais,
sejam grupais, mas essas manifestações estão, de alguma forma,
relacionadas a aspectos gerais, à forma de organização histórica das
sociedades. Podemos afirmar, portanto, que a sociedade é
fundamentalmente uma construção histórica e que a Sociologia é uma
ciência que busca observar os elementos de regularidade na relação que
se dá entre o que é permanente e o que é ocasional.
Trabalhadores em linha de montagem de
fábrica de automóveis em Minnesota,
Estados Unidos, em foto de 1935.
Empregados de grande multinacional japonesa
trabalham em fábrica localizada em Tochigi,
Japão, em foto de 1990.
VOCÊ JÁ PENSOU NISTO?
Vivemos em sociedades que se transformam a cada segundo. Novas tecnologias, novos meios de
comunicação, novos tipos de trabalho, novas formas de aprendizagem, novos métodos
científicos. No entanto, ainda fazemos parte de uma sociedade com características que
permanecem ao longo do tempo. Nossos hábitos parecem sempre novos, mas se pararmos para
pensar veremos que existem padrões que herdamos e que se fundamentam na história de nossa
sociedade. Com base nisso, pense sobre o que é realmente novo nas suas práticas cotidianas.
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A origem da Sociologia e os três grandes pensadores clássicos

  • 1. CAPÍTULO 6 - PENSANDO A SOCIEDADE Trabalhadores do mundo, uni-vos! Grafite na cidade de Bristol, Inglaterra, Reino Unido, 2009.
  • 2. A Sociologia é uma ciência que se concentra no estudo das relações sociais. Seu fundamento, no entanto, dá ênfase às relações sociais que têm certa regularidade. O estudo sociológico entende que há determinados modos de vida, de comportamento e de conduta que se reproduzem e aparecem historicamente com frequência. A vida em sociedade não pode ser entendida como um processo aleatório, no qual tudo pode acontecer. Pelo contrário, as relações sociais são sempre resultado de processos históricos, isto é, têm sua base em um passado de outras relações sociais. Ao explicitar as regularidades sociais, a Sociologia tem como base a história humana. Neste capítulo vamos conhecer os três grandes clássicos da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. A introdução ao pensamento desses autores é de fundamental importância, pois é com base em suas obras que a Sociologia se constituiu como disciplina científica distinta das ciências da natureza e das ciências exatas.
  • 3. 1. O CAPITALISMO E A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO CLÁSSICO Desde o século XVI, diversas transformações sociais vêm caracterizando o que hoje chamamos de capitalismo. A vida em sociedade ganhou um formato específico, isto é, formas de produção, de conhecimento, de cultura e de consumo foram constituídas ao longo dos últimos cinco séculos, conferindo uma feição particular à sociedade capitalista, que é diferente daquelas que a precederam. Entretanto, o capitalismo teve origem nas sociedades feudais, organizadas em torno do trabalho servil e da produção agrícola localizada nos feudos. Com o passar do tempo, novos interesses ligados ao comércio e ao mercado se constituíram como o eixo central da nova sociedade capitalista que se estruturava. As cidades substituíram a vida no campo, as manufaturas e depois as indústrias substituíram as relações de produção da velha sociedade, e o consumo ganhou proporções cada vez maiores diante da necessidade de desenvolvimento da produção de mercadorias. A vida em sociedade se desenvolveu com base em uma série de acontecimentos históricos. A sociedade em que vivemos hoje é resultado de transformações históricas geradas nos séculos anteriores. O acúmulo de experiências sociais constitui o conjunto das condutas sociais, necessidades, padrões culturais e de comportamento, formas de organização política e do conhecimento científico que reproduzimos hoje. A produção e a reprodução social são, portanto, uma síntese de acontecimentos históricos.
  • 4. Trabalhadores servis arando a terra (primeiro plano) e semeando (ao fundo). Iluminura de um breviário (livro de orações cotidianas) italiano do fim do século XV. Fotos: The Bridgeman Art Library/Keystone
  • 5. Gravura (c. 1830) representando mulheres e crianças trabalhadoras em fábrica de tecidos inglesa, operando máquinas movidas a água e a vapor. À esquerda, máquina para desembaraçar as fibras do algodão. VOCÊ JÁ PENSOU NISTO? Você já imaginou que nosso modo de viver hoje em dia está relacionado à história passada? Que a maneira como organizamos nosso cotidiano, o modo como trabalhamos e produzimos influenciam nossa forma de pensar, de conhecer e de compreender o mundo? Que nossas escolhas e nosso gosto por determinadas coisas são influenciados por um padrão que herdamos social e historicamente? Vimos que a sociedade capitalista é resultado de acontecimentos históricos. Agora procure refletir sobre padrões sociais presentes na sua vida, suas preferências e gostos, formas de agir, de produzir, de trabalhar e observe como tudo isso pode ser o resultado de fatos históricos.
  • 6. A formação da Sociologia é também resultado do processo de consolidação da sociedade capitalista. Esse campo de estudo só pôde se manifestar porque já existiam os elementos sociais necessários ao seu surgimento. Como todo e qualquer acontecimento histórico, a origem da Sociologia tem relação direta com as necessidades sociais que se manifestaram no momento de seu nascimento. Ou seja, a origem da Sociologia está relacionada à própria forma como o capitalismo se difundiu nos séculos XIX e XX. A indústria teve grande desenvolvimento, transformando os modos de organização das cidades. Na Europa do século XVIII, em que a dinâmica da sociedade era ditada pela indústria de tecidos, um dos objetivos da ciência era incrementar a produção de mercadorias, a fim de torná-la mais eficiente, rápida e barata. Com a introdução das máquinas, a produtividade aumentou vertiginosamente, e o trabalhador foi condicionado ao ritmo das máquinas. À semelhança da divisão do trabalho na indústria, o conhecimento científico começou a sofrer divisões. Novas práticas científicas e novas formas de conhecer a vida em sociedade seguiram o padrão de desenvolvimento industrial. Assim, as transformações produtivas tiveram grande influência e peso sobre a origem da Sociologia e de outras Ciências Sociais, como a Economia, a Antropologia e a Ciência Política.
  • 7. Foi nesse contexto que surgiram os três grandes pensadores clássicos da Sociologia: Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Na Alemanha do século XIX, Marx argumentava que as condições materiais de existência eram determinantes na vida em sociedade. Segundo ele, a humanidade é responsável por realizar sua própria história. Não há, assim, um destino predeterminado. A luta entre grupos sociais com interesses antagônicos constitui a base da mudança e das transformações sociais. Com isso, as explicações fundamentadas em crenças espirituais devem dar lugar à ideia de que a vida em sociedade é condicionada pelo conflito entre grupos com interesses opostos. Essas forças sociais conflitantes determinam as transformações históricas e estruturam o modo de vida de cada sociedade. Já o sociólogo francês Émile Durkheim, na virada do século XIX para o XX, aproximou a Sociologia do método das Ciências Naturais. Para ele, a sociedade era como um organismo vivo, e cada parte desse organismo se relacionava com o todo (o organismo social) na medida em que dependia dele. A integração social foi tema central de sua obra, sobretudo porque ele considerava que a sociedade exercia uma força (uma coerção) sobre os indivíduos, moldando-os à sua semelhança. No início do século XX, Max Weber inverteu o princípio geral de Durkheim. Em lugar de pensar a sociedade espelhada nos indivíduos, ele entendia que as ações dos indivíduos eram orientadas por outras ações, isto é, uma ação social tinha como referência um conjunto de outras ações. Nesse sentido, a ação social tanto era influenciada por outras ações individuais como as influenciava. Weber elegeu, assim, a ação social como objeto central de sua análise sociológica.
  • 8. A hora do jantar: Wigan (1874), óleo sobre tela do pintor inglês Eyre Crowe (1824-1910). A tela representa mulheres trabalhadoras em tecelagens num momento de descanso para a refeição do final do dia. A cena se passa na cidade de Wigan, importante centro manufatureiro do norte da Inglaterra. Em seu livro The Condition of the Working Classes in England in 1844, Friedrich Engels observou: “Em todas as cidades onde há manufaturas vemos multidões de pessoas, especialmente mulheres e crianças, caminhando descalças […]”.
  • 9. 2. ÉMILE DURKHEIM: COESÃO E FATO SOCIAL Émile Durkheim nasceu em 1858, na França. Influenciado pela obra do filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), que sistematizou pela primeira vez a Sociologia como ciência específica, aproximando-a dos métodos das ciências naturais, Durkheim procurou consolidar a Sociologia como ciência social distinta das ciências naturais. Com esse objetivo, preocupou-se em desenvolver uma teoria e um método de análise com conceitos específicos para o estudo da vida em sociedade. Como veremos a seguir, os fundamentos da sociologia de Durkheim podem ser resumidos nos conceitos de coesão, de divisão do trabalho (ou especialização do trabalho) e de fato social. “ASSIM FALOU... DURKHEIM [...] a divisão do trabalho [...] não serviria apenas para dotar nossas sociedades de luxo, invejável talvez, mas supérfluo; ela seria uma condição de existência da sociedade. Graças à divisão do trabalho, ou pelo menos por seu intermédio, se garantiria a coesão social; ela determinaria os traços essenciais da constituição da sociedade. Por isso mesmo [...] caso seja essa realmente a função da divisão do trabalho, ela deve ter um caráter moral, porque as necessidades de ordem, de harmonia e de solidariedade social são geralmente consideradas morais.
  • 10. Lembrando o que vimos no primeiro item deste capítulo, Durkheim foi particularmente influenciado pelos desdobramentos históricos dos séculos XVIII e XIX. A Europa do século XIX desenvolveu-se em torno dos preceitos da Revolução Industrial e da Revolução Francesa. A Revolução Industrial, iniciada em meados do século XVIII, intensificou brutalmente a produção de mercadorias. Valendo-se dos avanços tecnológicos introduzidos nas fábricas, a produção industrial na Inglaterra do século XVIII se expandiu para outros países no século XIX, tornando-se o centro de organização da vida social. Já a Revolução Francesa, que teve seu desfecho em 1789, foi marcada por transformações políticas estruturais. A sociedade feudal, que precedeu a sociedade capitalista, foi destruída. As instituições políticas feudais deram lugar às organizações políticas capitalistas. A monarquia foi substituída por instituições políticas que tinham como fundamento os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
  • 11. VOCÊ JÁ PENSOU NISTO? No mundo atual, a especialização profissional pode ser vista nas fábricas, nas escolas, nos hospitais, no comércio. A divisão do trabalho está presente em todos os setores da sociedade. A vida das pessoas gira em torno de suas profissões e qualificações profissionais. Você já procurou entender de que modo o cotidiano de seus pais e familiares está relacionado à profissão que eles exercem? Com base no que foi discutido até aqui, reflita sobre como as qualificações profissionais influenciam a vida de seus parentes e conhecidos. Manifestantes de diferentes categorias profissionais e sociais se unem em protesto político em Londres, Inglaterra, em 2010.
  • 12. Entre os professores, por exemplo, estão os que ensinam Matemática, Física, Sociologia, Antropologia, Biologia, Arte, Educação Física, etc. Para Durkheim, essas sociedades são mais especializadas, têm maior grau de divisão profissional, o que acaba por caracterizar indivíduos muito diferenciados entre si. A divisão do trabalho é, para Durkheim, o elemento social que impulsiona o desenvolvimento das sociedades. As funções sociais são fundamentais para sua análise, e, por isso, a Sociologia desse autor foi considerada “funcionalista”. Esse foi o aspecto que influenciou os antropólogos que estudamos no capítulo 2. Entretanto, para refletir sobre a divisão do trabalho, Durkheim desenvolveu outros conceitos importantes. Entre eles, o conceito de fato social, essencial para definir o que é próprio ou não do campo sociológico. Com o objetivo de criar conceitos com o maior rigor possível, Durkheim entendia o fato social como uma coisa, um fenômeno tão apreensível quanto qualquer elemento físico ou biológico. Os fatos sociais seriam, assim, formas de pensar, sentir e agir que exercem uma força externa (uma coerção) sobre os indivíduos.
  • 13. Para Durkheim, a sociedade precedia os indivíduos e agia sobre eles, determinando suas formas de ser. Assim, um fato social poderia ser reconhecível com base na coerção social imposta a um ou mais indivíduos. Levando isso em conta, só seria considerado fato social o fenômeno que apresentasse: 1. uma generalidade (que estivesse presente e fosse reconhecível em toda uma sociedade ou grupo social); 2. uma externalidade ou exterioridade (que fosse exterior às consciências sociais, isto é, que existisse independentemente da vontade e dos anseios do indivíduo); e 3. uma força coercitiva ou coercitividade externa aos indivíduos, moldando as vontades individuais ao coletivo. Nesse sentido, a sociologia de Durkheim, além de funcionalista, é também considerada estruturalista, na medida em que a sociedade (a estrutura social) determinaria as condutas individuais.
  • 14. Ao lado, ilustração de um manuscrito francês do século XV sobre os trabalhos agrícolas nos diferentes meses do ano.
  • 15. Ao lado, na foto de 2010, trabalhadoras chinesas montam componentes eletrônicos em fábrica de Shenzen, na China, subsidiária de uma multinacional de Taiwan. As imagens representam, respectivamente, formas de divisão do trabalho no feudalismo e no capitalismo. VOCÊ JÁ PENSOU NISTO? Nossa vida em sociedade depende de funções exercidas por outras pessoas. A sociedade capitalista cria funções cada vez mais especializadas e das quais dependemos cada vez mais. Com isso, forma-se uma rede de interdependência entre os indivíduos. Dependemos do pedreiro, do carpinteiro, do jornalista, que por sua vez depende do lojista, do comerciante, do industrial, que depende do vendedor de seguros, do vendedor de carros, do programador de software, que depende do pedreiro, do carpinteiro, e assim por diante. Ou seja: as funções sociais que desempenhamos criam laços de interdependência social. Tente observar em sua escola como se dão essas relações de funcionalidade e interdependência profissional.
  • 16. Exemplos de fatos sociais são o direito, a educação, a divisão do trabalho, as crenças religiosas e políticas, os esportes. O futebol, por exemplo, é um fato social na medida em que está presente em toda a sociedade brasileira. É externo aos indivíduos, pois sua existência não depende da vontade individual. É também coercitivo, pois impõe aos indivíduos um padrão esportivo. Além disso, muitos meninos brasileiros desejam ser, em primeiro lugar, jogadores de futebol. Esse “desejo” pode ser visto como coerção externa, propriamente social. Nos termos de Durkheim, a Sociologia deve ter como fundamento o estudo dos fatos sociais. Aqueles fenômenos que não estiverem dentro de sua definição serão considerados do domínio de outras ciências. Para Émile Durkheim, a Sociologia é a ciência que estuda os fatos sociais. PERFIL ÉMILE DURKHEIM Émile Durkheim viveu entre 1858 e 1917, na França. Formou- se em Filosofia na École Normale Supérieure (ENS), em Paris. Desde cedo se interessou pelo estudo da sociedade, influenciado pela leitura do pensador inglês Herbert Spencer e do filósofo francês Augusto Comte. Passou um tempo na Alemanha, em seguida trabalhou na Universidade de Bordeaux, já como cientista social, e aí fundou o primeiro departamento de Sociologia da Europa. Depois passou a lecionar Sociologia na Sorbonne (Universidade de Paris), ganhando grande prestígio internacional. O trabalho intelectual de Durkheim o tornou conhecido como um dos pais da Sociologia, responsável por estabelecer o ponto de vista sociológico como fundamental para o entendimento da vida em sociedade. Suas percepções sobre o fato social, a coesão social, a importância do sistema social e do método sociológico foram muito influentes no mundo inteiro. A sociologia de Durkheim e sua preocupação com a ordem e o equilíbrio foram essenciais na constituição da Sociologia como disciplina reconhecida academicamente. Sua obra foi também fundamental para o desenvolvimento da Antropologia, principalmente As formas elementares da vida religiosa, texto obrigatório nos cursos de formação antropológica. Sua influência sobre a antropologia inglesa, por um lado, e francesa (através de seu sobrinho Marcel Mauss) ajudou a definir a Antropologia no século XX.
  • 17. 3. MAX WEBER: AÇÃO SOCIAL E TIPOS IDEAIS Max Weber nasceu na Alemanha, em 1864. Suas principais obras estão concentradas entre a primeira e a segunda décadas do século XX e estabelecem um novo estágio para as Ciências Sociais. Weber também se empenhou em sistematizar a Sociologia, mas sua análise difere muito da de Durkheim, sobretudo no que se refere à importância do indivíduo e de sua ação social. Diferente de Durkheim, Weber não considerava a sociedade algo exterior e superior aos indivíduos. Para ele, a sociedade deveria ser analisada com base no conjunto das ações individuais. Mas o que significa isso? Segundo Weber, qualquer ação individual é orientada por outras ações, ou seja, quando agimos, levamos em conta e nos orientamos pela ação de outras pessoas. Com base na expectativa de como nossa ação será recebida, agimos de uma ou de outra maneira. Nossa ação individual é considerada por Weber social, pois está inserida em um contexto social e histórico que qualifica todas as ações individuais. Nesse sentido, os fenômenos sociais são consequências de ações individuais, o que nos leva a entender que não há oposição entre o indivíduo e a sociedade, pois, para Weber, só é possível compreender a sociedade na medida em que a ação individual a manifesta. Assim, o indivíduo não é considerado produto de um ...
  • 18. todo coercitivo. Ele é, pelo contrário, responsável por seus atos. A sociedade não tem um sentido próprio, mas sim é reproduzida pelos indivíduos, que com suas ações lhe conferem sentido. Portanto, a sociologia de Weber tem como um de seus principais fundamentos a indicação de que a compreensão de fenômenos sociais estruturais — como o capitalismo, os Estados, as religiões, os regimes políticos e as formas de poder e dominação — reside na análise das ações individuais ou de um conjunto dessas ações. ASSIM FALOU... WEBER [a Sociologia é a] ciência que tem como meta a compreensão interpretativa da ação social de maneira a obter uma explicação de suas causas, de seu curso e de seus efeitos. Por “ação” se designará toda a conduta humana, cujos sujeitos vinculem a esta ação um sentido subjetivo. Tal comportamento pode ser mental ou exterior; poderá consistir de ação ou omissão no agir. O termo “ação social” será reservado à ação cuja intenção fomentada pelos indivíduos envolvidos se refere à conduta de outros, orientando-se de acordo com ela.
  • 19. Ao votar, o eleitor pratica uma ação individual que é orientada pela ação dos outros indivíduos. (Charge de 2010) Eleitor vota em urna eletrônica no Rio de Janeiro, em outubro de 2010. Podemos, portanto, entender que a ação social é o objeto de análise central da sociologia de Weber. Mas o que é uma ação social? Para Weber, trata--se de qualquer ação do indivíduo que é orientada pela ação de outros indivíduos. Por exemplo, as eleições. O eleitor vota, orientando-se pelos comentários, pela intenção e até mesmo pelo voto de outros eleitores. Ou seja, a ação é individual, mas só se torna compreensível sociologicamente na medida em que a escolha de determinado candidato tem como referência o conjunto dos demais eleitores.
  • 20. Nascido em Erfurt, na Alemanha, Max Weber (1864--1920) foi um dos mais importantes cientistas sociais de todos os tempos, e seus trabalhos tiveram grande influência sobre o estudo da sociedade moderna. Embora reconhecesse, como Marx, a importância do trabalho e da economia sobre a vida social, Weber se interessou mais pelo modo como a economia era, por sua vez, influenciada por outros aspectos da sociedade, em especial pela religião. Em sua obra mais famosa, A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber analisa a maneira pela qual algumas ideias protestantes, como a valorização do trabalho e a doutrina da predestinação de Calvino (segundo a qual os predestinados por Deus à salvação seriam também bem-sucedidos neste mundo) favoreceram o desenvolvimento do capitalismo nos países onde o protestantismo era mais forte. Weber não afirmou que só os países protestantes se tornariam desenvolvidos (o Japão, por exemplo, seria uma exceção óbvia), mas sim que, no contexto europeu, algumas ideias de origem religiosa podem ter favorecido o surgimento do capitalismo. Por outro lado, Weber via na sociedade moderna um processo crescente de racionalização: vários aspectos da vida deixaram de ser regulados pela tradição e passaram a ser organizados segundo regras claras que favorecem a previsibilidade e a eficiência. Na economia, por exemplo, as formas tradicionais de trabalho foram substituídas pela fábrica e pela gestão científica da produção; na política, a obediência à tradição foi substituída pelo respeito à lei. Embora todos esses aspectos favoreçam a eficiência, Weber temia que, com o tempo, a racionalização causasse uma deterioração dos valores (não só religiosos, mas também os valores liberais ligados à liberdade individual, à democracia) que produziram a própria sociedade moderna. PERFIL ÉMILE DURKHEIM
  • 21. Os procedimentos de análise, que garantem a objetividade dos resultados, estão diretamente relacionados à construção de tipos ideais ou tipos puros. O tipo ideal é uma “ferramenta” que o pesquisador usa para se aproximar da realidade. Comparando com a Física, podemos dizer que o tipo ideal é uma régua para medir determinado elemento. Trata-se de um recurso para medir a realidade, para compreender o conteúdo dessa realidade. Como a realidade é múltipla e impossível de ser descrita em sua totalidade, Weber constrói tipos ideais para se aproximar o máximo possível da realidade analisada. Esses tipos ideais são construídos com base em regularidades sociais por ele observadas. Note que a construção de um tipo ideal, apesar de amparada na realidade, é apenas uma elaboração teórica do pesquisador. Algo como escolher certas características regulares de determinada sociedade e construir um tipo ideal de pai de família. Quando o pesquisador for analisar uma sociedade específica, esse tipo ideal de pai de família, apesar de não se encaixar exatamente na realidade, servirá de base para compreender como, por exemplo, alguns pais estabelecem relações com suas famílias em determinada comunidade. Weber construiu quatro tipos ideais de ação social: 1. a ação social com relação a fins; 2. a ação social com relação a valores; 3. a ação tradicional; 4. a ação afetiva. Por ser tipos ideais, essas ações não são exatamente reconhecíveis na realidade. Mas com base nessas construções teóricas, podemos observar a realidade e constatar algumas ações individuais caracterizadas por um ou mais tipos ideais de ação. O importante aqui é entender que esse mecanismo favorece o entendimento da sociedade na medida em que aproxima o pesquisador da realidade estudada.
  • 22. 4. KARL MARX: TRABALHO E CLASSES SOCIAIS A principal obra de Karl Marx, O capital, veio a público em 1867, ano de lançamento do primeiro volume. Os outros dois volumes foram publicados após a morte do autor, em 1883. Marx foi um dos maiores pensadores de seu tempo. Sua análise foi marcada pela investigação das relações de força entre os indivíduos. Para ele, a questão-chave para explicar as transformações sociais é a relação conflituosa entre forças sociais, isto é, entre classes sociais distintas com interesses contrários. ASSIM FALOU... MARX A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes. [Homem] livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burgueses de corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta. […] A moderna sociedade burguesa, saída do declínio da sociedade feudal, não aboliu as oposições de classes. Apenas pôs novas classes, novas condições de opressão, novas configurações de luta, no lugar das antigas. A nossa época, a época da burguesia, distingue-se, contudo, por ter simplificado as oposições de classes. A sociedade toda cinde-se, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que diretamente se enfrentam: burguesia e proletariado.
  • 23. Karl Marx nasceu em Trier, no Reino da Prússia, hoje Alemanha, em 5 de maio de 1818, e morreu em Londres, em 14 de março de 1883. De origem judaica, foi o segundo filho dos nove de Henriette Pressburg e Herschel Marx. Sua teoria foi marcada principalmente por três correntes de pensamento a ele contemporâneas. A primeira delas foi a Filosofia Idealista Alemã, que teve como referência central o filósofo Georg Friedrich Hegel (1770-1831). A segunda foi a Economia Política Clássica, sobretudo, o economista escocês Adam Smith (1723-1790) e o inglês David Ricardo (1772-1823), e a terceira, mas não menos importante, foi a Historiografia Socialista, que tem entre seus principais nomes os franceses Saint-Simon (1760-1825) e Charles Fourier (1772-1837) e o galês Robert Owen (1771-1858). PERFIL KARL MARX Em O capital, Marx expõe a lógica do processo de valorização do capital, isto é, como o capital se reproduz com base na exploração do trabalho. Mostra, assim, o objetivo do capital de, ao se reproduzir como a relação social hegemônica, ampliar sua dominação com base no aumento dos lucros capitalistas. Teórico, militante político revolucionário e um dos maiores pensadores críticos da sociedade capitalista, Marx escreveu várias obras sobre a relação de exploração e dominação social do capital em relação ao trabalho. Marx pode ser considerado um autor atual, já que as relações de produção capitalistas e a exploração do trabalho assalariado são ainda questões centrais nas sociedades contemporâneas.
  • 24. O argumento central de Marx é o de que as sociedades se dividem em classes sociais. Essa divisão é fruto de um processo histórico de lutas em que uma das classes sociais torna-se dominante e acaba por subjugar os interesses de outra. No capitalismo, Marx observa que a burguesia, a classe capitalista, tornou-se dominante, primeiro derrotando a nobreza e, a seguir, instaurando um novo tipo de sociedade. A burguesia passou a constituir, à sua maneira, as formas de governo, a cultura, a política. As leis, as regras, as normas, os gostos e os padrões de consumo, de organização da economia, da ciência e da política passaram a ser determinados pelos interesses da burguesia. Ou seja, a sociedade capitalista em que vivemos tem como objetivo central reproduzir a forma de vida da burguesia, fundamentada na formação do lucro e estruturada na produção de mercadorias. Para reproduzir a forma de vida da burguesia, é necessário que haja uma classe produtora de mercadorias, cujo trabalho é explorado pelos capitalistas. Assim, ao mesmo tempo que se constitui historicamente a burguesia, forma-se uma classe antagônica a ela: a classe trabalhadora, ou proletariado. No processo histórico de formação do capitalismo, a burguesia nascente já explorava o trabalho de pequenos produtores. Com o crescimento dessa forma de produção, a burguesia torna-se dominante e o coletivo de trabalhadores, antigos servos e produtores rurais, aumenta vigorosamente na forma de um proletariado industrial. Portanto, as classes sociais fundamentais da sociedade capitalista são a burguesia (a classe capitalista) e o proletariado (a classe trabalhadora). Mas por que a classe trabalhadora se deixa explorar? Por que não há igualdade econômica entre os indivíduos? Segundo Marx, ao longo da História, a classe trabalhadora foi expropriada de seus meios de produção, isto é, de suas terras, Greve, detalhe do óleo sobre tela do pintor russo Boris Kustodiev (1878-1927).
  • 25. VOCÊ JÁ PENSOU NISTO? Para Marx, o trabalho que enfrentamos todos os dias tem como objetivo gerar lucro ao capitalista. Toda a produção é organizada com base nesse objetivo. Porém, os trabalhadores ficam apenas com uma parte da produção. A outra parte é exatamente o lucro. Você já se perguntou o porquê desse tipo de produção? Quais são os mecanismos de organização do trabalho para que a produção seja sempre maior? Como o empregador controla o trabalho dos empregados? Já pensou na forma como os trabalhadores produzem e no que eles produzem? Reflita sobre alguns aspectos da organização do seu trabalho ou do trabalho de pessoas de sua família. de suas ferramentas, de suas casas e de seus locais de trabalho. A burguesia, ao se apropriar dos meios de produção, força o trabalhador a vender seu trabalho em troca de um salário. O trabalhador é obrigado a se submeter a determinado salário, a certo ritmo de trabalho, a determinadas condições de trabalho, a jornadas determinadas e, sobretudo, a determinada produtividade. A classe trabalhadora não tem escolha. Se quiser sobreviver, deve a todo momento vender seu trabalho a um capitalista, seja no comércio, seja na indústria, seja em uma escola particular, seja cortando cana-de-açúcar para uma usina produtora de álcool. A classe capitalista tem como ponto central de sua dominação reproduzir a exploração do trabalho. Para isso, a produção industrial é cada vez mais incrementada, tanto as formas de gerência quanto as novas tecnologias introduzidas. Mas por que é sempre necessário desenvolver mais e mais a produção de mercadorias? Marx entende que quanto mais o trabalhador é controlado, maior será sua produtividade e menor será seu poder político. Assim, a substituição do trabalhador por uma máquina é uma iniciativa do capitalista para obter um número maior de mercadorias, aumentando a produtividade do trabalho. Com a máquina a produção aumenta, e aumenta também o controle do capitalista, pois os trabalhadores passam a responder ao ritmo e ao tempo da máquina. Ou seja, o capitalista usa a máquina ou o robô tanto produtivamente quanto politicamente. Ao submeter o trabalhador a um ritmo que ele não comanda, o capitalista força o trabalhador a aumentar a produtividade do trabalho.
  • 26. Podemos resumir essa questão com a seguinte frase: é preciso que tudo mude para que nada se transforme. Ou seja, é preciso sempre desenvolver a produção com novas tecnologias e formas de organização, para que: 1. A produção aumente e, com isso, aumentem os lucros dos capitalistas; 2. Aumente o controle do capitalista sobre a classe trabalhadora. Portanto, para Marx, o desenvolvimento do capitalismo se baseia na exploração e na dominação da classe trabalhadora pela classe capitalista. Nesse sentido, as classes sociais se chocam e as transformações históricas e sociais se desenrolam. Vemos, por exemplo, que de um lado os trabalhadores reivindicam, por meio dos seus sindicatos, melhores salários e condições de trabalho. De outro lado, os capitalistas querem aumentar seu lucro. Existe, então, um embate entre forças sociais opostas. Uma quer ampliar seu lucro, empregando técnicas produtivas cada vez mais sofisticadas; a outra resiste, a fim de manter e/ou ampliar suas condições materiais de sobrevivência. Temos, portanto, uma sociedade baseada em relações contraditórias, que inspiram confrontos políticos originários da divisão social em classes.
  • 27. 5. SOCIOLOGIA: ASPECTOS ESTRUTURAIS E CONJUNTURAIS Vimos, no decorrer deste capítulo, que a formação da Sociologia como ciência é fruto de transformações históricas. Isso significa que as características gerais da Sociologia têm relação com a maneira como a sociedade se organizou no fim do século XIX e no início do século XX. A forma da organização da vida em sociedade nesse período, isto é, a forma de organizar a indústria, o comércio, as relações monetárias, a política dos Estados, a educação e o conhecimento em geral constituem a base para refletir sobre a razão de a Sociologia ter se estruturado como uma ciência particular, distinta da História e da Filosofia. Cada um dos autores que estudamos neste capítulo analisa a sociedade capitalista de sua época e enfatiza elementos que considera centrais. As sociedades, sejam elas indígenas, escravistas, africanas, orientais, monogâmicas, socialistas ou capitalistas, têm elementos gerais que se reproduzem ao longo do tempo. Esses elementos gerais são o alicerce da sociedade e se caracterizam como elementos típicos, isto é, elementos que tornam uma sociedade diferente de outra. A estrutura social, portanto, é formada por características gerais que dão particularidade à sociedade e se reproduzem ao longo do tempo. Assim, podemos entender que se uma sociedade tem seus elementos estruturais destruídos, ela perde sua particularidade, transformando-se em outro tipo de sociedade.
  • 28. Portanto, por um lado, o trabalho em geral permanece, e por isso é um elemento central da estrutura social. Por outro lado, em cada conjuntura histórica o trabalho ganha características específicas, mas nem por isso perde suas características gerais. Por exemplo, temos um trabalho remunerado, isto é, trabalhamos em troca de um salário. No entanto, esse salário pode variar em razão de crises econômicas, da introdução de novas tecnologias, da inflação, da qualificação profissional, das greves, etc. Vimos, então, que a conjuntura histórica, isto é, um dado período da História, repõe os elementos estruturais da sociedade. Assim, na conjuntura podem existir novas manifestações sociais, sejam individuais, sejam grupais, mas essas manifestações estão, de alguma forma, relacionadas a aspectos gerais, à forma de organização histórica das sociedades. Podemos afirmar, portanto, que a sociedade é fundamentalmente uma construção histórica e que a Sociologia é uma ciência que busca observar os elementos de regularidade na relação que se dá entre o que é permanente e o que é ocasional.
  • 29. Trabalhadores em linha de montagem de fábrica de automóveis em Minnesota, Estados Unidos, em foto de 1935. Empregados de grande multinacional japonesa trabalham em fábrica localizada em Tochigi, Japão, em foto de 1990. VOCÊ JÁ PENSOU NISTO? Vivemos em sociedades que se transformam a cada segundo. Novas tecnologias, novos meios de comunicação, novos tipos de trabalho, novas formas de aprendizagem, novos métodos científicos. No entanto, ainda fazemos parte de uma sociedade com características que permanecem ao longo do tempo. Nossos hábitos parecem sempre novos, mas se pararmos para pensar veremos que existem padrões que herdamos e que se fundamentam na história de nossa sociedade. Com base nisso, pense sobre o que é realmente novo nas suas práticas cotidianas.
  • 30. Bibliografia: Sociologia Hoje, Ática, 2013 Henrique Amorim Celso Rocha de Barros Igor José de Renó Machado

Notas do Editor

  1. ASSIM FALOU... WEBER “[a sociologia é a] ciência que tem como meta a compreensão interpretativa da ação social de maneira a obter uma explicação de suas causas, de seu curso e de seus efeitos. Por “ação” se designará toda a conduta humana, cujos sujeitos vinculem a esta ação um sentido subjetivo. Tal comportamento pode ser mental ou exterior; poderá consistir de ação ou omissão no agir. O termo “ação social” será reservado à ação cuja intenção fomentada pelos indivíduos envolvidos se refere à conduta de outros, orientando-se de acordo com ela.