A Primeira Guerra teve efeitos desastrosos para a Europa: destruiu fabricas, pontes e estradas, devastou os campos e agrediu duramente o meio ambiente dos países europeus envolvidos no conflito. No caso dos Estados, porém, a história foi outra porque: seu território não foi atingido pela guerra; a guerra lhe proporcionou riqueza, prosperidade e acúmulo de capital; o país passou de devedor a credor mundial.
Capítulo 4 - A grande depressão, o fascismo e o nazismo
1. Capítulo 4 - A Grande Depressão, o fascismo e o nazismo
2. Capítulo 4 - A Grande Depressão, o fascismo e o nazismo
A Primeira Guerra teve efeitos desastrosos para a Europa: destruiu fabricas,
pontes e estradas, devastou os campos e agrediu duramente o meio
ambiente dos países europeus envolvidos no conflito. No caso dos Estados,
porém, a história foi outra porque:
Seu território não foi atingido pela guerra;
A guerra lhe proporcionou riqueza, prosperidade e acúmulo de capital;
O país passou de devedor a credor mundial.
Nos anos 1920 os EUA se transformou na maior economia do mundo. Foram
tempos de prosperidade e otimismo. Por isso, esse período ficou conhecido
como “anos felizes”. A confiança nessa prosperidade, a facilidade da
compra à prestação e a força da propaganda levavam os norte-americanos a
consumir cada vez mais. Os meios de comunicação de massa diziam que
consumir era um ato patriótico. O rádio inaugurou a era das comunicações
de massas e o cinema ajudou a propagar o estilo de vida americano em
todo mundo. Assim, ter um eletrodoméstico de último modelo representava
a essência do estilo de vida norte-americano (american way of life).
3. Os anos 20 foram realmente uma grande festa! Nessa época, as ações estavam
valorizadas por causa da euforia econômica. Mas esse crescimento econômico,
conhecido como o “Grande Boom”, era artificial e aparente. A partir de 1927, os
americanos iludidos com essa aparente prosperidade, compraram várias ações em
diversas empresas, até que no dia 24 de outubro de 1929, começou a pior crise
econômica da história do capitalismo. Vários fatores causaram essa crise:
SUPERPRODUÇÃO AGRÍCOLA: formou-se um excedente de produção agrícola
nos EUA, principalmente de trigo, que não encontrava comprador, interna ou
externamente.
DIMINUIÇÃO DO CONSUMO: a indústria americana cresceu muito, porém, o
poder aquisitivo da população não acompanhava esse crescimento. Aumentava o
número de indústrias e diminuía o de compradores. Em pouco tempo, várias
delas faliram.
LIVRE MERCADO: cada empresário fazia o que queria e ninguém se metia.
A QUEBRA DA BOLSA DE NOVA YORK: de 1920 a 1929, os americanos
compraram ações de diversas empresas. De repente o valor das ações começou a
cair. Os investidores quiseram vende-las, mas ninguém queria comprar. Esse
quadro desastroso culminou na famosa “Quinta-Feira Negra” (24/10/1929). A
quebra trouxe medo, desemprego e falência. Milionários descobriram, de uma
hora para outra, que estavam pobres, e por causa disso alguns se suicidaram. O
número de mendigos aumentou. Era o início da “Grande Depressão”.
4. A crise fez com que os EUA importassem menos de outros países, como
consequência os outros países que exportavam para os EUA, agora estavam com
as mercadorias encalhadas e, automaticamente, entravam na crise. Seus efeitos
econômicos foram o desemprego em massa dos assalariados, o maior da história,
em vários países do mundo, conforme mostra a tabela do historiador Eric
Hobsbawm, a seguir:
5. Em 1933, Roosevelt foi eleito presidente dos EUA e elaborou um plano
chamado New Deal (Novo Acordo), que consistia basicamente em:
Investimento na infraestrutura do país: Foram construídos hospitais,
escolas rodovias, usinas, aeroportos, pontes, hidrelétricas e muitas outras
obras. Além de viabilizar uma vida melhor para os cidadãos, o intuito era
de oferecer empregos.
Redução do horário de trabalho: Com 8h diárias de trabalho, as indústrias
precisariam de mais mão de obra e assim seriam obrigadas a contratar
mais pessoas.
Repercussões da Grande Depressão
A grande depressão repercutiu mundialmente. Os Estados Unidos cortaram os
investimentos externos suspenderam os empréstimos a outros países
reduziram drasticamente suas importações afetando há a muitos exclusive
brasil. Entre 1924 e 1929 o café correspondia a 72,5% das exportações
brasileiras. Com isso nosso maior comprador de café. praticamente
paralisaram suas compras sendo assim o estoque de café aumentou e o preço
caiu drasticamente, arruinando muitos cafeicultores e deixando milhares de
brasileiros sem emprego.
O governo de Roosevelt
6. Incentivo a agricultura: Com empréstimos e auxílios a pequenas e grandes
propriedades, o Governo ajudava os proprietários a pagar dívidas
acumuladas, incentivava a variedade de gêneros agrícolas e atraía as
pessoas para a zona rural, pois o êxodo rural estava em crescimento e
gerando dificuldades sociais na zona urbana.
Modificações nos sistemas: O Governo criou novas leis e passou a ter
controle sobre o sistema financeiro e a controlá-lo. Assim, evitava fraudes e
diminuía ricos bancários.
Intervenção do Estado na Economia: Através do controle dos preços e dos
produtos de empresas, uma das causas da crise foi o aumento demasiado
de produtos, fez com que o Governo tomasse controle do tamanho da
produção, para evitar superprodução seguida de falência e controlar a
inflação. Produtos básicos como o petróleo e o carvão também tiveram
seus preços fixados.
Melhorias para a sociedade: Foi criada a Previdência Social, o Seguro
Desemprego, seguro para idosos acima de 65 anos, proibição do trabalho
infantil, legalização de sindicatos, aumento de salários e um tipo de ajuda
para evitar a miséria em que estavam vivendo os desempregados.
O governo Roosevelt
8. Imagens da Grande Depressão
Estas imagens, de uma mãe e seus filhos em um acampamento de imigrantes.
9. Imagens da Grande Depressão
Muitas famílias tiveram que abandonar seus lares, naqueles dias. Largavam suas
casas e sua terra natal, imigrando para estados mais prósperos.
11. Imagens da Grande Depressão
Desempregados fazem fila para tomar a sopa gratuita em Chicago (EUA), durante
a crise econômica da década de 1930.
12. Imagens da Grande Depressão
Desempregados fazem fila em busca de emprego nos EUA, durante a crise
econômica da década de 1930.
13. Imagens da Grande Depressão
Entre 1929 e 1932, os Estados Unidos da
América conheceram a realidade das favelas,
chamadas “Hooverville”, uma “homenagem”
ao presidente da época, Herbert Hoover.
Nessa época surgiram os “sopões” – estes que
hoje distribuem sopa pelas ruas das grandes
metrópoles. Detalhe interessante: a ideia
partiu de ninguém menos que Al Capone.
14. Imagens da Grande Depressão
Filas se formavam para receber uma ração de pão em Nova York. Não havia
trabalho e a busca por emprego era desesperadora.
15. O fascismo é um regime totalitário de extrema-direita desenvolvido por Benito
Mussolini, a partir de 1919 na Itália. A palavra fascismo tem suas origens no termo
latino “fascio”(feixe), o feixe de varas de bétulas paralelas, entrecortadas por um
machado, era, assim, um símbolo da autoridade dos antigos magistrados romanos.
O fascismo rejeita:
A sociedade liberal do século XIX, organizada segundo a filosofia iluminista,
apoiada no racionalismo, no individualismo e na ideia de progresso.
A democracia, vista como incapaz de satisfazer os “reais” interesses da pátria,
além de ser instrumento de pressão dos grupos economicamente hegemônicos.
O parlamentarismo e o pluralismo partidário, é considerado nocivo e inútil já
que a opção livre do povo resulta na escolha de governantes que não são os
melhores, nem os mais aptos, nem os mais capazes.
O individualismo, pois o homem e seus interesses individuais devem se
subordinar aos interesses maiores da nação.
O marxismo, obviamente porque este é fundamentado na luta de classes, e,
segundo a visão fascista, resulta no enfraquecimento e divisão da sociedade.
O fascismo italiano
16. O fascismo acredita no (a):
nacionalismo exagerado: para os fascistas, a nação é o bem supremo, e em
nome dela qualquer tipo de sacrifício deve ser exigido dos indivíduos.
Racismo: é preciso “purificar” o elemento nacional de qualquer tipo de
“contaminação” do sangue.
expansionismo e militarismo: era visto como uma necessidade básica para os
“povos vigorosos e dotados de vontade”. As fronteiras devem ser alargadas para
se conquistar o “espaço vital”., essencial à expansão e à afirmação do elemento
nacional e racial.
submissão de todos ao estado: que deve ser forte e inquestionável, catalisador
da vontade nacional e instrumento da vontade coletiva.
Unipartidarismo: para os fascistas o pluripartidarismo conduz a divisão.
culto ao chefe: entendido como o líder, o guia infalível aquele que encarna em si
a vontade nacional.
construção de um novo homem: moldado segundo a visão do partido, do
estado, do líder. Este novo homem deve ser viril, insensível em relação aos fracos,
porta voz da vontade nacional, etnicamente puro, intuitivo, capaz de executar
sem discutir, hierarquizado e obediente.
O fascismo italiano
17. Entre as principais características do fascismo podemos destacar:
Totalitarismo – Colocava todo o poder nas mãos do governo.
Nacionalismo – Pregava a ideologia de que apenas o que
pertencia ao país tinha valor.
Militarismo – Fortalecimento das forças armadas investindo na
produção de armas e equipamentos de guerra.
Culto à força física – Preparar os jovens fisicamente para se
tornarem soldados fortes para enfrentarem a guerra.
Censura – Para garantir que nenhuma notícia negativa fosse
direcionada contra o governo. Aqueles que o fizessem corriam
risco de serem presos e até mortos.
Propaganda – Utilização dos meios de comunicação para
divulgar suas ideologias.
Anticomunismo – Defendia o capitalismo e era contrário ao
socialismo.
19. A MARCHA SOBRE ROMA foi uma gigantesca e poderosa manifestação
fascista, com característica de golpe de estado, ocorrida em 28 de outubro
de 1922 na capital da Itália, com o afluxo na cidade de dezenas de milhares
de militantes fascistas que se aproveitando da crise politica vivida pela
sociedade italiana, reivindicavam maior espaço no governo.
Entre 1922 e 1924, Benito Mussolini governou de forma conciliatória, não se
sobrepondo ao poder do rei Vítor Emanuel III. Primeiro organizou as tropas
fascistas que promoveram uma série de atentados terroristas contra os
políticos da oposição. Nessa fase, seu governo se caracterizou pelo
nacionalismo extremado e pela construção de um Estado autoritário.
Após se consolidar no poder, Mussolini pode implantar a ditadura fascista na
Itália, tornando-se chefe supremo do estado. Reprimiu os protestos dos
trabalhadores e conseguiu recuperar a economia da Itália. Preocupou-se
com a educação pública como meio de transmitir a doutrina fascista à
sociedade. Em 1926 criou as leis fascistíssimas, que lhe dava poderes
excepcionais.
No plano externo, Mussolini desenvolveu uma agressiva política de
expansão e em 1936, tropas italianas ocuparam a Etiópia. A Liga das Nações
protestou mas não conseguiu deter o avanço fascista.
20. O Nazismo na Alemanha
O nazismo alemão também tirou proveito da conjuntura de crise herdada da Primeira
Guerra para ganhar espaço e poder. A enorme indenização do Tratado de Versalhes, a
desvalorização da moeda e a hiperinflação tiveram efeito devastador sobre a
economia alemã, desorganizando a produção e o comércio.
No plano político, a situação também era grave, pois vários golpes de direita e
esquerda se sucederam, todos fracassados. Com a crise, Hitler organizou um golpe
para tomar o poder, em 1923, na cidade de Munique, mas o povo não o seguiu. Após
um conflito com a polícia, Hitler foi ferido, preso e condenado a cinco anos de prisão.
Lá aproveitou o tempo ocioso para escrever o livro Mein Kampf (Minha Luta) onde
expunha as principais ideias do nazismo, entre as quais destacamos:
A superioridade da raça ariana: superior a todas as outras, os homens e mulheres
deveriam lutar pela pureza dessa raça.
o espaço vital: (espaço necessário à sobrevivência alemã q seria obtido pelo
expansionismo militar).
Antissemitismo: aversão aos judeus e atribuição da culpa da decadência
econômica alemã a esse e outros povos (como poloneses, ciganos, negros etc.) na
Europa e, em especial, nos países germânicos (Alemanha e Áustria).
Anticomunismo – um perigo que ameaçava a existência do povo alemão.
Totalitarismo – Estado forte, conduzido por um parido único e um chefe
supremo, a quem todos deveriam obedecer cegamente.
21. Reabilitação da Alemanha
Em 1925, subiu ao poder como presidente da República, o
antigo marechal da Primeira Guerra, Von Hindenburg.
Com ele, parecia que a Alemanha começava a sair da crise.
No entanto, a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929,
arrasou com a economia alemã. O medo do socialismo
voltou à cabeça da burguesia, após a Alemanha explodir
em novas greves e agitações operárias. Para a burguesia
alemã só restava uma alternativa de salvar o capitalismo: a
ditadura nazista.
Aproveitando-se da situação, os nazistas ganham a maioria
do Parlamento nas eleições de 1933, obrigando o
presidente Hindenburg a convidar Hitler para ocupar o
cargo de Chanceler (primeiro-ministro).
22. A ditadura nazista do Terceiro Reich
No poder, Hitler implantou uma das mais cruéis ditaduras de todos os
tempos: dissolveu sindicatos e partidos de oposição, fechou jornais,
prendeu comunistas, judeus e democratas e proclamou a criação do
Terceiro Reich (império, em alemão). Ainda criou a Gestapo (policia
secreta nazista), e incendiou o prédio do parlamento (Reichstag), pondo
a culpa no partido comunista (foram os próprios nazistas os
responsáveis pelo incêndio). A partir daí se instalou a mais sangrenta
ditadura da História.
Joseph Goebbels, ministro da Propaganda, usando a máxima de que:
“uma mentira contada repetidas vezes se torna uma verdade”, criou a
Câmara Cultural do Reich para perseguir artistas e cientistas contrários
ao nazismo.
Com a morte do presidente Hindenburg, em 1934, Hitler assumiu a
presidência da república, com o título de Führer (guia) e passou a impor
leis racistas (1935), interveio na Espanha, em favor do ditador Franco, e
promoveu os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, onde tentaria provar
sua teoria racista de superioridade da raça alemã, no que foi fracassado.
23. Aqui ele venceu os 100 metros rasos com
o tempo de 10,3 s.
Aqui ele venceu os 200 metros rasos com
o tempo de 20,7 s
Jesse Owens se tornou conhecido mundialmente por
ganhar quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de
Berlim, em 1936: os 100 e 200 m rasos, o salto em distância
(8,05 metros) e o revezamento 4x100 m. Vejas os vídeos.
24. A economia alemã sob o nazismo
Nos primeiros anos do regime nazista, a economia da Alemanha recuperou-se e
cresceu de maneira extremamente rápida, o que foi considerado "um milagre"
por muitos economistas. O desemprego do começo dos anos 1920 e 1930 foi
reduzido de seis milhões de desempregados para menos de um milhão em
1936. A produção nacional cresceu 102%, de 1932 a 1937, e a renda nacional
dobrou. Em 1933 a política econômica nazista diminuiu o desemprego com a
expansão de obras públicas e o estímulo à empresas privadas. O crédito
governamental foi fornecido com a criação de fundos especiais e a isenção de
impostos às empresas que aumentassem o emprego e seus gastos de capital. O
governo alemão se declarava na época um defensor da livre-iniciativa e da
propriedade privadas. A destruição da antiga organização da máquina sindical
sufocou qualquer manifestação de resistência operária.
Uma das bases da recuperação alemã foi o rearmamento e a indústria bélica,
para o qual a ditadura nazista dirigiu sua força econômica a partir de 1938,
quando Hitler destinou quase 60 % do Orçamento alemão para fins militares. A
operação de escravização recrutou 5 milhões de pessoas de outros países, das
quais somente 200.000 de forma voluntária. Foi a maior operação de trabalho
escravo da história. Por tudo isso e muito mais, estava bem claro que a
Alemanha estava se preparando para uma guerra que estava por vir.