SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 20
CAPÍTULO 1 – Evolucionismo e Diferença
Grafite de Banksy. Foto de 2008.
Neste capítulo vamos discutir:
1 - A construção do pensamento antropológico;
2 - Parentesco e propriedade: modos de organização social;
3 - Sociedades indígenas e o mundo contemporâneo;
4 - Mitos, narrativas e estruturalismo;
5 - Populações indígenas no Brasil.
Iniciamos esta unidade por um fato que marcou a História: o encontro, a partir
do século XVI, entre os europeus e as sociedades das Américas, da África e da
Ásia, que os europeus até então desconheciam. E por que escolhemos esse
momento? Porque o contato entre essas civilizações possibilitou a construção do
sistema social que predomina no mundo atual. Muito mais tarde, no século XIX, o
próprio nascimento das Ciências Sociais teve origem na reflexão sobre o encontro
entre diferentes culturas e suas consequências.
Inicialmente, vamos tomar como base os modelos que os europeus utilizaram
para pensar os nativos daqueles lugares que consideravam “distantes”. A partir
dessa visão de mundo, vamos refletir sobre as diferenças — sociais, culturais,
étnicas, políticas, entre outras —, um tema fundamental para entender as
sociedades de um ponto de vista antropológico.
1 - A CONSTRUÇAO DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO
O avanço colonialista europeu não resultou apenas em dominações. Esses encontros
geraram relatos de viagem, narrativas descritivas, investigações e todo tipo de
documentos históricos. Essa documentação gerou a produção de um conhecimento
que hoje chamamos de ANTROPOLÓGICO.
Os cientistas tentaram sistematizar o conhecimento das populações ditas selvagens em
narrativas que podem ser consideradas histórias de evolução. Uma dessas narrativas de
evolução criada pelo antropólogo norte-americano Lewis Henry Morgan (1818-1881),
divide a história da humanidade em três etapas: selvageria, barbárie e civilização.
Entre outros intelectuais fundamentais, podemos citar o inglês Edward B. Tylor
(1832-1917) e o escocês James G. Frazer (1854-1941). Cada um narrou à sua maneira a
história de evolução, sem chegar a um acordo sobre a posição de cada sociedade nos
degraus da escada evolutiva e sobre as linhas evolutivas da humanidade. Todos eles
partiam da ideia de progresso. Ou seja, pressupunham que as diferentes sociedades
sempre avançavam em direção à civilização.
Mas para que serve o conhecimento produzido pelas ciências sociais? Para dominar.
Não é bem uma dominação. Estamos apenas civilizando, e isso é um favor. Os adeptos
das teorias evolucionistas estavam convictos de que a escalada para o progresso só
poderia se dar num sentido: os europeus eram os civilizados e todos os demais eram
atrasados. Assim, o encontro com populações não europeias resultou tanto numa
teoria sobre a história da humanidade como em justificativa para a dominação pelos
europeus.
O evolucionismo social é comumente associado ao evolucionismo biológico,
proposto por Charles Darwin (1809-1882), que defendia uma evolução pela melhor
adaptação ao ambiente. Os evolucionistas sociais defendiam a ideia de progresso,
inspirados pelo filósofo inglês Herbert Spencer (1820-1903). Um conjunto de teorias
elaboradas na Inglaterra e nos Estados Unidos na década de 1870 se tornou conhecido
como darwinismo social. Essas teorias defendiam a existência de diferenças
fundamentais nos grupos humanos, que se expressavam em raças distintas.
A noção de raça foi introduzida no século XIX pelo naturalista francês Georges
Cuvier (1769-1832), que dividiu a humanidade em três raças: caucasiana, etíope e
mongólica (branca, negra e amarela). Outros autores teceram variações dessa teoria,
sempre relacionando heranças fisiológicas a distintas capacidades intelectuais e
qualidades morais. A miscigenação deveria ser evitada, já que a mistura traria
decadência racial e social. Sempre privilegiando a “raça” branca, essas teorias
serviram de justificativa para a dominação colonial, da mesma forma que o
evolucionismo social.
O darwinismo social também deu origem à eugenia, teoria que busca produzir uma
seleção nos grupos humanos, com base em leis genéticas. Essa teoria defende a ideia
de separar as raças e até mesmo eliminar aquelas consideradas inferiores. Com base
nesses princípios, políticas eugênicas foram instauradas em vários países,
incentivando a separação entre as raças, proibindo casamentos inter-raciais e
incitando todo tipo de exclusão racial.
Para Saber Mais: Evolucionismo × darwinismo social
Nesta imagem da historia em quadrinhos Tintim na África, do cartunista belga Herge (1907-1983), vemos o final da narrativa,
quando Tintim parte do pais africano apos “ensinar” muito aos congoleses. Observe que ha ate um totem ou altar erigido a Tintim e
ao seu cão, Milu. A figura e representativa do evolucionismo social, pois coloca no centro aquele que criou essa teoria: o europeu
branco.
2 – PARENTESCO E PROPRIEDADE: MODOS DE ORGANIZAÇÃO
SOCIAL.
Ao olhar para as sociedades ditas “primitivas”, os estudiosos europeus e
estadunidenses do século XIX observaram que elas não possuíam uma
organização burocrática que centralizasse decisões: o governo ou
Estado. Os estudiosos das sociedades ocidentais construíram uma
hierarquia dos povos humanos.
O progresso tecnológico é um critério que fundamentou essa
hierarquização de fundamental importância para as sociedades. Quem
primeiro explicitou esse critério foi Lewis Henry Morgan. e o
britânico Henry Sumner Maine (1822-1888) que elaboraram uma
resposta a essa questão: o que possibilitava a sociedade "primitiva" se
organizar? O parentesco. O que costumamos chamar de "família" nada
mais é que um nome para um sistema de parentesco. Para eles, a
passagem da barbárie para a civilização se dava pela adoção da
propriedade como modo de organização da vida de uma população.
Eles definiam como uma sociedade avançada aquela onde existia a
propriedade privada.
O QUE FALAVAM OS ESTUDIOSOS EUROPEUS DAS SOCIEDADES
PRIMITIVAS NO SÉCULO XIX?
 Eles observaram que elas não possuíam uma organização burocrática que
centralizasse decisões. Não tinham um Estado, que é um elemento importante e
fundamental na organização moderna do mundo. As sociedades primitivas
pareciam desorganizadas.
 Para eles o que chamamos de "família" nada mais é que um nome para o
sistema de parentesco. Há sociedades matrilineares (descendência pela linha
materna).
 Em diversos lugares do mundo se tem um estilo onde não é encontrado o
"padrão" que é mãe, pai e filhos;
 Algumas sociedades não tem Estado, mas seguem regras baseadas no sistema de
parentesco.
 Numa sociedade com Estado diversas questões são resolvidas por um sistema
jurídico criado para regular a vida social.
 Numa sociedade sem Estado não há regras separadas, é um conjunto de regras
relativas à ordem do parentesco e são elas que permitem a vida em sociedade.
 Para os intelectuais, sociedades organizadas pelo parentesco representam um
estágio anterior de desenvolvimento.
Nesta foto de 1918, vemos Malinowski entre os nativos das ilhas Trobriand.
3 - SOCIEDADES INDÍGENAS E O MUNDO CONTEMPORÂNEO
Desde o fim do século XIX, a própria Antropologia se dedicou a questionar os
modelos evolucionistas. O principal recurso para a construção dessa crítica foi o
conceito de cultura.
A partir do século XX, as teorias evolucionistas passaram a ser vistas pelos
antropólogos como etnocêntricas, isto é, construídas com base em critérios válidos
para quem as formulou. Afirmar que a evolução tecnológica é um parâmetro para
avaliar a evolução das sociedades só poderia ocorrer em uma sociedade cuja
evolução tecnológica é muito valorizada. Ou seja, quando analisamos outras
sociedades por meio de critérios próprios da nossa, estamos sendo etnocêntricos.
Do final do século XIX até meados do século XX, antropólogos se dedicaram a
documentar a vida indígena em vários lugares do mundo com uma preocupação
generalizada: a de que os povos indígenas estavam "acabando". Havia a convicção
de que o avanço do sistema capitalista levaria à extinção dessas populações. Alguns
acreditavam que isso aconteceria inevitavelmente, como um fator natural da
evolução social. Outros simplesmente constatavam que o capitalismo impedia
aquelas sociedades de continuar a se reproduzir como vinham fazendo
tradicionalmente. E como isso acontecia? Com a expansão gradual do controle e
invasão de terras indígenas. Para tomar um exemplo brasileiro, o interesse pelas
terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas levou aos maiores abusos.
O antropólogo brasileiro Mércio Pereira Gomes (1950-), em seu livro Os índios e o
Brasil (Vozes, 1988), cita o caso dos índios Canela Fina, na Vila de Caxias, no sul do
Maranhão, que por volta de 1816 receberam como “presente” de fazendeiros
interessados em suas terras roupas infectadas com varíola, que causaram o
espalhamento do contágio e grande morticínio, o que levaria ao extermínio das
sociedades indígenas.
Uma questão crucial para as populações indígenas da atualidade é sua relação com
a sociedade capitalista. Essas populações não recusam o que chamamos de
tecnologia, e em muitos casos se valem dela para expressar seus pontos de vista.
Muitos indígenas produzem vídeos para registrar suas cerimônias, gravar suas
narrativas, expressar seus modos de ver o mundo. O uso de tecnologia não os
torna menos indígenas, ao contrário do que alguns imaginam. O uso de tecnologia
não impede que os indígenas reproduzam seus modos de viver.
CONCLUSÃO
Apesar dos números e relatos que demonstram a dizimação de grupos indígenas
durante os séculos pós-conquista colonial, as nações indígenas praticaram ações e
estratégias de resistência física e cultural. Ao longo do século XX, muitas delas se
mobilizaram para defender seus direitos. O fim do século XX testemunhou uma
revitalização das populações indígenas, embora em muitos lugares do mundo os
processos de opressão permaneçam.
Na aldeia Ipatse, no Parque Indígena do Xingu, integrantes do Coletivo Kuikuro
de Cinema entrevistam visitante. Foto de 2007.
4 - MITOS, NARRATIVAS E ESTRUTURALISMO
Nossa ideia das sociedades indígenas é bastante deturpada porque elas são
diferentes demais da nossa própria sociedade e essa diferença parece uma
barreira intransponível. Mas a Antropologia, desde o começo do século XX, vem
procurando construir uma ponte, dando sentido à experiência das populações
indígenas (e de outras populações, como as camponesas, as tribos urbanas, as
elites, os grupos religiosos, os imigrantes, etc.)
Ao "atravessarmos a ponte", deparamo-nos com mundos cujas complexidade e
sofisticação estavam como que escondidas por nossos preconceitos. Ajudar a
enxergar essa complexidade é uma das tarefas da Antropologia, e um dos efeitos
dela é desestabilizar aquelas certezas evolutivas produzidas no século XIX e até
hoje presentes em nossa vida. Assim, qualquer tentativa de estabelecer uma linha
de evolução entre as sociedades é equivocada.
O francês Claude Lévi-Strauss (1908--2009), o mais célebre antropólogo do século
XX, cuja obra influenciou e continua a influenciar o pensamento social
contemporâneo, desenvolveu um método de análise que chamou de
ESTRUTURALISMO e fez um mergulho pela enorme complexidade dos MITOS
provenientes de diversas populações, do sul até o norte das Américas, revelando
por meio deles o que denominava PENSAMENTO AMERÍNDIO.
Para Levi-Strauss, os mitos demonstram um pensamento sofisticado e
complexo. Segundo ele, os mitos traduzem preocupações
fundamentais das populações que os criam e fazem uma distinção
entre natureza e cultura. Essas populações estariam empenhadas em
se separar da natureza, aspecto que o olhar etnocêntrico tem
dificuldade de entender.
A essência de uma teoria complexa como o estruturalismo, que
pretende demonstrar que o pensamento humano se organiza em torno
de oposições (alto e baixo, fora e entro, quente e frio, etc.) deve muito
ao próprio pensamento ameríndio. É como se Levi-Strauss pensasse o
mito a partir do pensamento dos nativos das Américas. O
estruturalismo, um método quase matemático, foi aplicado também ao
estudo do parentesco, buscando reduzir a multiplicidade de sistemas e
chegar a uma conjunto de sistemas genéricos, que serviriam de
modelos ou padrões para todas as variedades de pensamento.
A arte também foi objeto da reflexão sistemática de Lévi-Strauss, e,
nesse caso, a sensibilidade artística das populações ameríndias foi
fundamental para sua análise.
expedições pelo interior brasileiro, onde estudou comunidades indígenas e teve a sua grande
vocação para a etnologia desperta. É o registro dessas viagens que está presente em Tristes
Trópicos (1955), livro que mescla elementos antropológicos de estudos acadêmicos com a
descrição pessoal e narrativa literária.
Contrário à ideia de superioridade e privilégio da civilização ocidental, acreditava e enfatizava
que a mente selvagem e tribal é igual à mente civilizada. O antropólogo rejeita a ideia de
privilégio do ser humano no mundo, e acredita que nós devamos mudar nosso
comportamento em prol de um mundo melhor, conforme sua célebre frase dita em 2005,
quando recebeu o 17º Prêmio Internacional Catalunha: " Meu único desejo é um pouco mais
de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é
algo que sempre deveríamos ter presente".
Claude Lévi-Strauss (1908-2009) foi um grande antropólogo,
etnólogo e professor francês. Formado em direito e filosofia
na França e produtor de uma vasta obra, Lévi-Strauss foi o
criador da antropologia estrutural e um dos maiores
pensadores do século XX.
Após completar seus primeiros estudos de graduação, foi
convidado, em 1935, a lecionar na recém-criada
Universidade de São Paulo através de uma missão
universitária francesa. A estadia, que foi até 1939, não
poderia ter sido mais produtiva: muito mais do que
colaborar para o estabelecimento da maior universidade
brasileira, durante esse período, Lévi-Strauss fez diversas
Indígena com zarabatana na Aldeia Rouxinol,
habitada por grupos Barasano e Tuiuca, as
margens do igarapé Tarumã-Açu. Manaus
(AM), 2008.
Curare, cipó
venenoso para
flecha, Floresta
Amazônica, 2008.
Antes da chegada dos portugueses o que viria a ser o Brasil era uma área
densamente povoada por uma enorme diversidade de populações indígenas.
Os processos levados a cabo por esse contato resultaram em grandes
mudanças, como o avanço da mortalidade, a desestruturação de sociedades
e sua dispersão, grandes deslocamentos, que por sua vez produziram
conflitos entre populações indígenas, ajuntamentos remanescentes de
diferentes etnias.
A história das populações indígenas no Brasil desmente a imagem fantasiosa
de povos cujo modo de vida permaneceu o mesmo desde a chegada dos
europeus ao continente americano. Estudos antropológicos, arqueológicos e
linguísticos indicam intensos processos de transformação, adaptação e
mudança entre as populações indígenas, processos dos quais temos apenas
alguns vislumbres, já que as fontes para o estudo são raras ou inexistentes.
Segundo a antropóloga luso-brasileira, Manuela Carneiro da Cunha, em
1500 havia entre 1 e 8,5 milhões de indígenas (as estimativas são muito
imprecisas). Em 150 anos, acredita-se que até 95% dessa populações tenha
sido dizimada, seja por doenças espalhadas pelos europeus, seja pelo
confronto direto, seja por guerras decorrentes dos deslocamentos
provocados pela colonização ou ainda pelos rigores do trabalho forçado.
No início da colonização, os portugueses mantiveram contatos
relativamente amigáveis com os indígenas, mas logo passaram a escravizá-
los, obrigando-os a trabalhar. Entretanto, os indígenas foram também
aliados dos colonizadores nas lutas para conter ou expulsar franceses,
holandeses e espanhóis, como uma "fronteira viva", segundo afirma a
antropóloga brasileira Nádia Farage.
Entre os séculos XVII e XVIII, prevaleceu o modelo de catequização jesuítica,
o que gerou conflitos em torno do trabalho forçado e disputas políticas com
a Coroa portuguesa. No século XIX, com o avanço da escravidão africana, o
foco mudou: nesse momento interessavam mais as terras do que o trabalho
dos indígenas.
A constituição de 1988 marcou uma virada na percepção dos indígenas:
foram deixadas de lado as iniciativas de "civilizá-los" e formulados artigos
que reconhecem o direito de suas populações à posse da terra e à
conservação de seus costumes e tradições. Hoje, segundo o Instituto
Socioambiental (ISA), há no Brasil cerca de 240 povos indígenas, falantes de
mais de 180 línguas diferentes. De acordo com dados do Censo 2010 do
IBGE, somam 817.963 pessoas, das quais 502.783 vivem em áreas rurais.
Correspondem a 0,42% da população brasileira.
Em fotografia de 1972, construção da rodovia Transamazônica no trecho iniciado em
Altamira-PA.
FIM
Bibliografia: Sociologia Hoje
Henrique Amorim
Celso Rocha de Barros
Igor José de Renó Machado

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

01 - O que é Sociologia
01 - O que é Sociologia01 - O que é Sociologia
01 - O que é Sociologia
Claudio Henrique Ramos Sales
 
Atividades de sociologia interpretação de textos e charges
Atividades de sociologia interpretação de textos e chargesAtividades de sociologia interpretação de textos e charges
Atividades de sociologia interpretação de textos e charges
Atividades Diversas Cláudia
 

Mais procurados (20)

Sociologia brasileira
Sociologia brasileiraSociologia brasileira
Sociologia brasileira
 
Jogo de Tabuleiro Sociologia - Correntes Sociológicas
Jogo de Tabuleiro Sociologia - Correntes Sociológicas Jogo de Tabuleiro Sociologia - Correntes Sociológicas
Jogo de Tabuleiro Sociologia - Correntes Sociológicas
 
Questões de Sociologia - Ensino Médio - Discursiva - Objetiva
Questões de Sociologia - Ensino Médio - Discursiva - ObjetivaQuestões de Sociologia - Ensino Médio - Discursiva - Objetiva
Questões de Sociologia - Ensino Médio - Discursiva - Objetiva
 
Democracia, cidadania e direitos humanos
Democracia, cidadania e direitos humanos Democracia, cidadania e direitos humanos
Democracia, cidadania e direitos humanos
 
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre A Liberdade Filosófica
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre A Liberdade FilosóficaSlides da aula de Filosofia (João Luís) sobre A Liberdade Filosófica
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre A Liberdade Filosófica
 
Sociologia - Aula Introdutória
Sociologia - Aula IntrodutóriaSociologia - Aula Introdutória
Sociologia - Aula Introdutória
 
Sociologia Capítulo 18 - Cultura e Ideologia
Sociologia Capítulo 18 - Cultura e IdeologiaSociologia Capítulo 18 - Cultura e Ideologia
Sociologia Capítulo 18 - Cultura e Ideologia
 
Sociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambienteSociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambiente
 
01 - O que é Sociologia
01 - O que é Sociologia01 - O que é Sociologia
01 - O que é Sociologia
 
Atividades de sociologia interpretação de textos e charges
Atividades de sociologia interpretação de textos e chargesAtividades de sociologia interpretação de textos e charges
Atividades de sociologia interpretação de textos e charges
 
Sociologia espaco urbano_13
Sociologia espaco urbano_13Sociologia espaco urbano_13
Sociologia espaco urbano_13
 
CHSA 1ª Série 3º Bimestre Esudante.pdf
CHSA 1ª Série 3º Bimestre Esudante.pdfCHSA 1ª Série 3º Bimestre Esudante.pdf
CHSA 1ª Série 3º Bimestre Esudante.pdf
 
Cultura
CulturaCultura
Cultura
 
Atividades de Reflexão - Sociologia 1
Atividades de Reflexão - Sociologia 1Atividades de Reflexão - Sociologia 1
Atividades de Reflexão - Sociologia 1
 
Atividade subjetiva contratualismo 3º ano
Atividade subjetiva contratualismo 3º anoAtividade subjetiva contratualismo 3º ano
Atividade subjetiva contratualismo 3º ano
 
ATIVIDADE - INDÚSTRIA CULTURAL - Prof. Noe Assunção
ATIVIDADE - INDÚSTRIA CULTURAL - Prof. Noe AssunçãoATIVIDADE - INDÚSTRIA CULTURAL - Prof. Noe Assunção
ATIVIDADE - INDÚSTRIA CULTURAL - Prof. Noe Assunção
 
Exercícios de Sociologia (Correntes Sociológicas)
Exercícios de Sociologia (Correntes Sociológicas)Exercícios de Sociologia (Correntes Sociológicas)
Exercícios de Sociologia (Correntes Sociológicas)
 
As relações entre indivíduo e sociedade
As relações entre indivíduo e sociedadeAs relações entre indivíduo e sociedade
As relações entre indivíduo e sociedade
 
Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.
 
Etnocentrismo e relativismo
Etnocentrismo e relativismoEtnocentrismo e relativismo
Etnocentrismo e relativismo
 

Semelhante a Capítulo 1 - Evolucionismo e Diferença

Resenha Raça e diversidade, de Lilia Schwarcz
Resenha Raça e diversidade, de Lilia SchwarczResenha Raça e diversidade, de Lilia Schwarcz
Resenha Raça e diversidade, de Lilia Schwarcz
Teka Montenegro Ramos
 
Resenha O espetaculo das raças, de Lilia Schwarcz
Resenha O espetaculo das raças, de Lilia SchwarczResenha O espetaculo das raças, de Lilia Schwarcz
Resenha O espetaculo das raças, de Lilia Schwarcz
Teka Montenegro Ramos
 
Antropologia - Disciplina de Fundamentos de Filosofia e Ciências Humanas
Antropologia - Disciplina de Fundamentos de Filosofia e Ciências HumanasAntropologia - Disciplina de Fundamentos de Filosofia e Ciências Humanas
Antropologia - Disciplina de Fundamentos de Filosofia e Ciências Humanas
danielaleite59
 
Edgardo lander-org-a-colonialidade-d
Edgardo lander-org-a-colonialidade-dEdgardo lander-org-a-colonialidade-d
Edgardo lander-org-a-colonialidade-d
Felix
 

Semelhante a Capítulo 1 - Evolucionismo e Diferença (20)

Resenha Raça e diversidade, de Lilia Schwarcz
Resenha Raça e diversidade, de Lilia SchwarczResenha Raça e diversidade, de Lilia Schwarcz
Resenha Raça e diversidade, de Lilia Schwarcz
 
O espetáculo das raças antropologia brasileira
O espetáculo das raças antropologia brasileiraO espetáculo das raças antropologia brasileira
O espetáculo das raças antropologia brasileira
 
Capítulo 2 - Padrões, Normas e Culturas
Capítulo 2 - Padrões, Normas e CulturasCapítulo 2 - Padrões, Normas e Culturas
Capítulo 2 - Padrões, Normas e Culturas
 
Capítulo 5 - Temas Contemporâneos da Antropologia
Capítulo 5 - Temas Contemporâneos da AntropologiaCapítulo 5 - Temas Contemporâneos da Antropologia
Capítulo 5 - Temas Contemporâneos da Antropologia
 
Antropologia (1).ppt
Antropologia (1).pptAntropologia (1).ppt
Antropologia (1).ppt
 
Teoria da comunicação unidade vi
Teoria da comunicação unidade viTeoria da comunicação unidade vi
Teoria da comunicação unidade vi
 
Resenha O espetaculo das raças, de Lilia Schwarcz
Resenha O espetaculo das raças, de Lilia SchwarczResenha O espetaculo das raças, de Lilia Schwarcz
Resenha O espetaculo das raças, de Lilia Schwarcz
 
Kehl e delfino - eugenistas sob uma perspectiva comparada
Kehl e delfino - eugenistas sob uma perspectiva comparadaKehl e delfino - eugenistas sob uma perspectiva comparada
Kehl e delfino - eugenistas sob uma perspectiva comparada
 
Aula diversidade diferença identidade
Aula diversidade diferença identidadeAula diversidade diferença identidade
Aula diversidade diferença identidade
 
Antropologia - Disciplina de Fundamentos de Filosofia e Ciências Humanas
Antropologia - Disciplina de Fundamentos de Filosofia e Ciências HumanasAntropologia - Disciplina de Fundamentos de Filosofia e Ciências Humanas
Antropologia - Disciplina de Fundamentos de Filosofia e Ciências Humanas
 
Nova história cultural
Nova história culturalNova história cultural
Nova história cultural
 
Antrop. contêmp
Antrop. contêmpAntrop. contêmp
Antrop. contêmp
 
Edgardo lander-org-a-colonialidade-d
Edgardo lander-org-a-colonialidade-dEdgardo lander-org-a-colonialidade-d
Edgardo lander-org-a-colonialidade-d
 
Aa 43 o_pinho
Aa 43 o_pinhoAa 43 o_pinho
Aa 43 o_pinho
 
História da Antropologia_ teoria, método e colonialismo.pdf
História da Antropologia_ teoria, método e colonialismo.pdfHistória da Antropologia_ teoria, método e colonialismo.pdf
História da Antropologia_ teoria, método e colonialismo.pdf
 
Conceito e origem da antropologia
Conceito e origem da antropologiaConceito e origem da antropologia
Conceito e origem da antropologia
 
Antropologia da ciência biológica à social [laraia]
Antropologia    da ciência biológica à social [laraia]Antropologia    da ciência biológica à social [laraia]
Antropologia da ciência biológica à social [laraia]
 
Conceito de modernidade eurocentrismo
Conceito de modernidade eurocentrismoConceito de modernidade eurocentrismo
Conceito de modernidade eurocentrismo
 
Apostila raçaetnicidade
Apostila raçaetnicidadeApostila raçaetnicidade
Apostila raçaetnicidade
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 

Mais de Marcos Antonio Grigorio de Figueiredo

Mais de Marcos Antonio Grigorio de Figueiredo (20)

Reforma da Previdencia 2019
Reforma da Previdencia 2019Reforma da Previdencia 2019
Reforma da Previdencia 2019
 
A Greve dos Caminhonheiros
A Greve dos CaminhonheirosA Greve dos Caminhonheiros
A Greve dos Caminhonheiros
 
Insalubridade e Periculosidade
Insalubridade e PericulosidadeInsalubridade e Periculosidade
Insalubridade e Periculosidade
 
Capítulo 10 e 11 - O Imperio e a decadência de Roma
Capítulo 10 e 11 - O Imperio e a decadência de RomaCapítulo 10 e 11 - O Imperio e a decadência de Roma
Capítulo 10 e 11 - O Imperio e a decadência de Roma
 
Capítulo 7 - Expansão e ouro na américa portuguesa
Capítulo 7 - Expansão e ouro na américa portuguesaCapítulo 7 - Expansão e ouro na américa portuguesa
Capítulo 7 - Expansão e ouro na américa portuguesa
 
Capítulo 9 - Roma Antiga
Capítulo 9 - Roma AntigaCapítulo 9 - Roma Antiga
Capítulo 9 - Roma Antiga
 
Capítulo 6 - A Era Vargas
Capítulo 6 - A Era VargasCapítulo 6 - A Era Vargas
Capítulo 6 - A Era Vargas
 
Capítulo 4 - A grande depressão, o fascismo e o nazismo
Capítulo 4 - A grande depressão, o fascismo e o nazismoCapítulo 4 - A grande depressão, o fascismo e o nazismo
Capítulo 4 - A grande depressão, o fascismo e o nazismo
 
Capítulo 3 - Primeira República - dominação e resistência
Capítulo 3 - Primeira República - dominação e resistênciaCapítulo 3 - Primeira República - dominação e resistência
Capítulo 3 - Primeira República - dominação e resistência
 
A Revolução Russa
A Revolução RussaA Revolução Russa
A Revolução Russa
 
Capítulo 5 - A América portuguesa e a presença holandesa
Capítulo 5 - A América portuguesa e a presença holandesaCapítulo 5 - A América portuguesa e a presença holandesa
Capítulo 5 - A América portuguesa e a presença holandesa
 
Capítulos 7-8 - Grécia Antiga
Capítulos 7-8 - Grécia AntigaCapítulos 7-8 - Grécia Antiga
Capítulos 7-8 - Grécia Antiga
 
Capítulo 3 - Povos indígenas no Brasil
Capítulo 3 - Povos indígenas no BrasilCapítulo 3 - Povos indígenas no Brasil
Capítulo 3 - Povos indígenas no Brasil
 
Capítulo 2 - América indígena
Capítulo 2 - América indígenaCapítulo 2 - América indígena
Capítulo 2 - América indígena
 
Capítulo 5 - Hebreus, fenícios e persas
Capítulo 5 - Hebreus, fenícios e persasCapítulo 5 - Hebreus, fenícios e persas
Capítulo 5 - Hebreus, fenícios e persas
 
Capítulo 4 - África Antiga: egito e núbia
Capítulo 4 - África Antiga: egito e núbiaCapítulo 4 - África Antiga: egito e núbia
Capítulo 4 - África Antiga: egito e núbia
 
Capítulo 3 - Mesopotâmia
Capítulo 3 - MesopotâmiaCapítulo 3 - Mesopotâmia
Capítulo 3 - Mesopotâmia
 
Princesa Leopoldina
Princesa LeopoldinaPrincesa Leopoldina
Princesa Leopoldina
 
Operação Carne Fraca
Operação Carne FracaOperação Carne Fraca
Operação Carne Fraca
 
Capítulo 1 - Renascimento e Reformas Religiosas
Capítulo 1 -  Renascimento e Reformas ReligiosasCapítulo 1 -  Renascimento e Reformas Religiosas
Capítulo 1 - Renascimento e Reformas Religiosas
 

Último

Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
marlene54545
 

Último (20)

Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptxPlano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptxSeminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
 
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptxProdução de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
 
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 

Capítulo 1 - Evolucionismo e Diferença

  • 1. CAPÍTULO 1 – Evolucionismo e Diferença Grafite de Banksy. Foto de 2008.
  • 2. Neste capítulo vamos discutir: 1 - A construção do pensamento antropológico; 2 - Parentesco e propriedade: modos de organização social; 3 - Sociedades indígenas e o mundo contemporâneo; 4 - Mitos, narrativas e estruturalismo; 5 - Populações indígenas no Brasil. Iniciamos esta unidade por um fato que marcou a História: o encontro, a partir do século XVI, entre os europeus e as sociedades das Américas, da África e da Ásia, que os europeus até então desconheciam. E por que escolhemos esse momento? Porque o contato entre essas civilizações possibilitou a construção do sistema social que predomina no mundo atual. Muito mais tarde, no século XIX, o próprio nascimento das Ciências Sociais teve origem na reflexão sobre o encontro entre diferentes culturas e suas consequências. Inicialmente, vamos tomar como base os modelos que os europeus utilizaram para pensar os nativos daqueles lugares que consideravam “distantes”. A partir dessa visão de mundo, vamos refletir sobre as diferenças — sociais, culturais, étnicas, políticas, entre outras —, um tema fundamental para entender as sociedades de um ponto de vista antropológico.
  • 3. 1 - A CONSTRUÇAO DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO O avanço colonialista europeu não resultou apenas em dominações. Esses encontros geraram relatos de viagem, narrativas descritivas, investigações e todo tipo de documentos históricos. Essa documentação gerou a produção de um conhecimento que hoje chamamos de ANTROPOLÓGICO. Os cientistas tentaram sistematizar o conhecimento das populações ditas selvagens em narrativas que podem ser consideradas histórias de evolução. Uma dessas narrativas de evolução criada pelo antropólogo norte-americano Lewis Henry Morgan (1818-1881), divide a história da humanidade em três etapas: selvageria, barbárie e civilização. Entre outros intelectuais fundamentais, podemos citar o inglês Edward B. Tylor (1832-1917) e o escocês James G. Frazer (1854-1941). Cada um narrou à sua maneira a história de evolução, sem chegar a um acordo sobre a posição de cada sociedade nos degraus da escada evolutiva e sobre as linhas evolutivas da humanidade. Todos eles partiam da ideia de progresso. Ou seja, pressupunham que as diferentes sociedades sempre avançavam em direção à civilização. Mas para que serve o conhecimento produzido pelas ciências sociais? Para dominar. Não é bem uma dominação. Estamos apenas civilizando, e isso é um favor. Os adeptos das teorias evolucionistas estavam convictos de que a escalada para o progresso só poderia se dar num sentido: os europeus eram os civilizados e todos os demais eram atrasados. Assim, o encontro com populações não europeias resultou tanto numa teoria sobre a história da humanidade como em justificativa para a dominação pelos europeus.
  • 4. O evolucionismo social é comumente associado ao evolucionismo biológico, proposto por Charles Darwin (1809-1882), que defendia uma evolução pela melhor adaptação ao ambiente. Os evolucionistas sociais defendiam a ideia de progresso, inspirados pelo filósofo inglês Herbert Spencer (1820-1903). Um conjunto de teorias elaboradas na Inglaterra e nos Estados Unidos na década de 1870 se tornou conhecido como darwinismo social. Essas teorias defendiam a existência de diferenças fundamentais nos grupos humanos, que se expressavam em raças distintas. A noção de raça foi introduzida no século XIX pelo naturalista francês Georges Cuvier (1769-1832), que dividiu a humanidade em três raças: caucasiana, etíope e mongólica (branca, negra e amarela). Outros autores teceram variações dessa teoria, sempre relacionando heranças fisiológicas a distintas capacidades intelectuais e qualidades morais. A miscigenação deveria ser evitada, já que a mistura traria decadência racial e social. Sempre privilegiando a “raça” branca, essas teorias serviram de justificativa para a dominação colonial, da mesma forma que o evolucionismo social. O darwinismo social também deu origem à eugenia, teoria que busca produzir uma seleção nos grupos humanos, com base em leis genéticas. Essa teoria defende a ideia de separar as raças e até mesmo eliminar aquelas consideradas inferiores. Com base nesses princípios, políticas eugênicas foram instauradas em vários países, incentivando a separação entre as raças, proibindo casamentos inter-raciais e incitando todo tipo de exclusão racial. Para Saber Mais: Evolucionismo × darwinismo social
  • 5. Nesta imagem da historia em quadrinhos Tintim na África, do cartunista belga Herge (1907-1983), vemos o final da narrativa, quando Tintim parte do pais africano apos “ensinar” muito aos congoleses. Observe que ha ate um totem ou altar erigido a Tintim e ao seu cão, Milu. A figura e representativa do evolucionismo social, pois coloca no centro aquele que criou essa teoria: o europeu branco.
  • 6. 2 – PARENTESCO E PROPRIEDADE: MODOS DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL. Ao olhar para as sociedades ditas “primitivas”, os estudiosos europeus e estadunidenses do século XIX observaram que elas não possuíam uma organização burocrática que centralizasse decisões: o governo ou Estado. Os estudiosos das sociedades ocidentais construíram uma hierarquia dos povos humanos. O progresso tecnológico é um critério que fundamentou essa hierarquização de fundamental importância para as sociedades. Quem primeiro explicitou esse critério foi Lewis Henry Morgan. e o britânico Henry Sumner Maine (1822-1888) que elaboraram uma resposta a essa questão: o que possibilitava a sociedade "primitiva" se organizar? O parentesco. O que costumamos chamar de "família" nada mais é que um nome para um sistema de parentesco. Para eles, a passagem da barbárie para a civilização se dava pela adoção da propriedade como modo de organização da vida de uma população. Eles definiam como uma sociedade avançada aquela onde existia a propriedade privada.
  • 7. O QUE FALAVAM OS ESTUDIOSOS EUROPEUS DAS SOCIEDADES PRIMITIVAS NO SÉCULO XIX?  Eles observaram que elas não possuíam uma organização burocrática que centralizasse decisões. Não tinham um Estado, que é um elemento importante e fundamental na organização moderna do mundo. As sociedades primitivas pareciam desorganizadas.  Para eles o que chamamos de "família" nada mais é que um nome para o sistema de parentesco. Há sociedades matrilineares (descendência pela linha materna).  Em diversos lugares do mundo se tem um estilo onde não é encontrado o "padrão" que é mãe, pai e filhos;  Algumas sociedades não tem Estado, mas seguem regras baseadas no sistema de parentesco.  Numa sociedade com Estado diversas questões são resolvidas por um sistema jurídico criado para regular a vida social.  Numa sociedade sem Estado não há regras separadas, é um conjunto de regras relativas à ordem do parentesco e são elas que permitem a vida em sociedade.  Para os intelectuais, sociedades organizadas pelo parentesco representam um estágio anterior de desenvolvimento.
  • 8. Nesta foto de 1918, vemos Malinowski entre os nativos das ilhas Trobriand.
  • 9. 3 - SOCIEDADES INDÍGENAS E O MUNDO CONTEMPORÂNEO Desde o fim do século XIX, a própria Antropologia se dedicou a questionar os modelos evolucionistas. O principal recurso para a construção dessa crítica foi o conceito de cultura. A partir do século XX, as teorias evolucionistas passaram a ser vistas pelos antropólogos como etnocêntricas, isto é, construídas com base em critérios válidos para quem as formulou. Afirmar que a evolução tecnológica é um parâmetro para avaliar a evolução das sociedades só poderia ocorrer em uma sociedade cuja evolução tecnológica é muito valorizada. Ou seja, quando analisamos outras sociedades por meio de critérios próprios da nossa, estamos sendo etnocêntricos. Do final do século XIX até meados do século XX, antropólogos se dedicaram a documentar a vida indígena em vários lugares do mundo com uma preocupação generalizada: a de que os povos indígenas estavam "acabando". Havia a convicção de que o avanço do sistema capitalista levaria à extinção dessas populações. Alguns acreditavam que isso aconteceria inevitavelmente, como um fator natural da evolução social. Outros simplesmente constatavam que o capitalismo impedia aquelas sociedades de continuar a se reproduzir como vinham fazendo tradicionalmente. E como isso acontecia? Com a expansão gradual do controle e invasão de terras indígenas. Para tomar um exemplo brasileiro, o interesse pelas terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas levou aos maiores abusos.
  • 10. O antropólogo brasileiro Mércio Pereira Gomes (1950-), em seu livro Os índios e o Brasil (Vozes, 1988), cita o caso dos índios Canela Fina, na Vila de Caxias, no sul do Maranhão, que por volta de 1816 receberam como “presente” de fazendeiros interessados em suas terras roupas infectadas com varíola, que causaram o espalhamento do contágio e grande morticínio, o que levaria ao extermínio das sociedades indígenas. Uma questão crucial para as populações indígenas da atualidade é sua relação com a sociedade capitalista. Essas populações não recusam o que chamamos de tecnologia, e em muitos casos se valem dela para expressar seus pontos de vista. Muitos indígenas produzem vídeos para registrar suas cerimônias, gravar suas narrativas, expressar seus modos de ver o mundo. O uso de tecnologia não os torna menos indígenas, ao contrário do que alguns imaginam. O uso de tecnologia não impede que os indígenas reproduzam seus modos de viver. CONCLUSÃO Apesar dos números e relatos que demonstram a dizimação de grupos indígenas durante os séculos pós-conquista colonial, as nações indígenas praticaram ações e estratégias de resistência física e cultural. Ao longo do século XX, muitas delas se mobilizaram para defender seus direitos. O fim do século XX testemunhou uma revitalização das populações indígenas, embora em muitos lugares do mundo os processos de opressão permaneçam.
  • 11. Na aldeia Ipatse, no Parque Indígena do Xingu, integrantes do Coletivo Kuikuro de Cinema entrevistam visitante. Foto de 2007.
  • 12. 4 - MITOS, NARRATIVAS E ESTRUTURALISMO Nossa ideia das sociedades indígenas é bastante deturpada porque elas são diferentes demais da nossa própria sociedade e essa diferença parece uma barreira intransponível. Mas a Antropologia, desde o começo do século XX, vem procurando construir uma ponte, dando sentido à experiência das populações indígenas (e de outras populações, como as camponesas, as tribos urbanas, as elites, os grupos religiosos, os imigrantes, etc.) Ao "atravessarmos a ponte", deparamo-nos com mundos cujas complexidade e sofisticação estavam como que escondidas por nossos preconceitos. Ajudar a enxergar essa complexidade é uma das tarefas da Antropologia, e um dos efeitos dela é desestabilizar aquelas certezas evolutivas produzidas no século XIX e até hoje presentes em nossa vida. Assim, qualquer tentativa de estabelecer uma linha de evolução entre as sociedades é equivocada. O francês Claude Lévi-Strauss (1908--2009), o mais célebre antropólogo do século XX, cuja obra influenciou e continua a influenciar o pensamento social contemporâneo, desenvolveu um método de análise que chamou de ESTRUTURALISMO e fez um mergulho pela enorme complexidade dos MITOS provenientes de diversas populações, do sul até o norte das Américas, revelando por meio deles o que denominava PENSAMENTO AMERÍNDIO.
  • 13. Para Levi-Strauss, os mitos demonstram um pensamento sofisticado e complexo. Segundo ele, os mitos traduzem preocupações fundamentais das populações que os criam e fazem uma distinção entre natureza e cultura. Essas populações estariam empenhadas em se separar da natureza, aspecto que o olhar etnocêntrico tem dificuldade de entender. A essência de uma teoria complexa como o estruturalismo, que pretende demonstrar que o pensamento humano se organiza em torno de oposições (alto e baixo, fora e entro, quente e frio, etc.) deve muito ao próprio pensamento ameríndio. É como se Levi-Strauss pensasse o mito a partir do pensamento dos nativos das Américas. O estruturalismo, um método quase matemático, foi aplicado também ao estudo do parentesco, buscando reduzir a multiplicidade de sistemas e chegar a uma conjunto de sistemas genéricos, que serviriam de modelos ou padrões para todas as variedades de pensamento. A arte também foi objeto da reflexão sistemática de Lévi-Strauss, e, nesse caso, a sensibilidade artística das populações ameríndias foi fundamental para sua análise.
  • 14. expedições pelo interior brasileiro, onde estudou comunidades indígenas e teve a sua grande vocação para a etnologia desperta. É o registro dessas viagens que está presente em Tristes Trópicos (1955), livro que mescla elementos antropológicos de estudos acadêmicos com a descrição pessoal e narrativa literária. Contrário à ideia de superioridade e privilégio da civilização ocidental, acreditava e enfatizava que a mente selvagem e tribal é igual à mente civilizada. O antropólogo rejeita a ideia de privilégio do ser humano no mundo, e acredita que nós devamos mudar nosso comportamento em prol de um mundo melhor, conforme sua célebre frase dita em 2005, quando recebeu o 17º Prêmio Internacional Catalunha: " Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente". Claude Lévi-Strauss (1908-2009) foi um grande antropólogo, etnólogo e professor francês. Formado em direito e filosofia na França e produtor de uma vasta obra, Lévi-Strauss foi o criador da antropologia estrutural e um dos maiores pensadores do século XX. Após completar seus primeiros estudos de graduação, foi convidado, em 1935, a lecionar na recém-criada Universidade de São Paulo através de uma missão universitária francesa. A estadia, que foi até 1939, não poderia ter sido mais produtiva: muito mais do que colaborar para o estabelecimento da maior universidade brasileira, durante esse período, Lévi-Strauss fez diversas
  • 15. Indígena com zarabatana na Aldeia Rouxinol, habitada por grupos Barasano e Tuiuca, as margens do igarapé Tarumã-Açu. Manaus (AM), 2008. Curare, cipó venenoso para flecha, Floresta Amazônica, 2008.
  • 16. Antes da chegada dos portugueses o que viria a ser o Brasil era uma área densamente povoada por uma enorme diversidade de populações indígenas. Os processos levados a cabo por esse contato resultaram em grandes mudanças, como o avanço da mortalidade, a desestruturação de sociedades e sua dispersão, grandes deslocamentos, que por sua vez produziram conflitos entre populações indígenas, ajuntamentos remanescentes de diferentes etnias. A história das populações indígenas no Brasil desmente a imagem fantasiosa de povos cujo modo de vida permaneceu o mesmo desde a chegada dos europeus ao continente americano. Estudos antropológicos, arqueológicos e linguísticos indicam intensos processos de transformação, adaptação e mudança entre as populações indígenas, processos dos quais temos apenas alguns vislumbres, já que as fontes para o estudo são raras ou inexistentes. Segundo a antropóloga luso-brasileira, Manuela Carneiro da Cunha, em 1500 havia entre 1 e 8,5 milhões de indígenas (as estimativas são muito imprecisas). Em 150 anos, acredita-se que até 95% dessa populações tenha sido dizimada, seja por doenças espalhadas pelos europeus, seja pelo confronto direto, seja por guerras decorrentes dos deslocamentos provocados pela colonização ou ainda pelos rigores do trabalho forçado.
  • 17. No início da colonização, os portugueses mantiveram contatos relativamente amigáveis com os indígenas, mas logo passaram a escravizá- los, obrigando-os a trabalhar. Entretanto, os indígenas foram também aliados dos colonizadores nas lutas para conter ou expulsar franceses, holandeses e espanhóis, como uma "fronteira viva", segundo afirma a antropóloga brasileira Nádia Farage. Entre os séculos XVII e XVIII, prevaleceu o modelo de catequização jesuítica, o que gerou conflitos em torno do trabalho forçado e disputas políticas com a Coroa portuguesa. No século XIX, com o avanço da escravidão africana, o foco mudou: nesse momento interessavam mais as terras do que o trabalho dos indígenas. A constituição de 1988 marcou uma virada na percepção dos indígenas: foram deixadas de lado as iniciativas de "civilizá-los" e formulados artigos que reconhecem o direito de suas populações à posse da terra e à conservação de seus costumes e tradições. Hoje, segundo o Instituto Socioambiental (ISA), há no Brasil cerca de 240 povos indígenas, falantes de mais de 180 línguas diferentes. De acordo com dados do Censo 2010 do IBGE, somam 817.963 pessoas, das quais 502.783 vivem em áreas rurais. Correspondem a 0,42% da população brasileira.
  • 18. Em fotografia de 1972, construção da rodovia Transamazônica no trecho iniciado em Altamira-PA.
  • 19.
  • 20. FIM Bibliografia: Sociologia Hoje Henrique Amorim Celso Rocha de Barros Igor José de Renó Machado