1) A Grécia antiga abrangia diversas regiões da península balcânica e ilhas circundantes, além de áreas da Ásia Menor e sul da Itália.
2) Os antigos gregos foram influenciados pela civilização cretense, centrada na ilha de Creta, que se desenvolveu o comércio marítimo e uso de carros.
3) Por volta de 1450 a.C., muitos assentamentos cretenses foram destruídos por incêndios, possivelmente causados pela invasão dos aqueus.
4. A Grécia antiga abrangia as terras da península balcânica e um grande número
de ilhas situadas a sua volta além disso, ao longo do tempo os gregos ocuparam
uma extensa faixa de terra na Ásia menor a porção sul da península itálica e a
ilha da Sicília.
A Civilização Cretense
Os antigos gregos foram muito influenciados por uma civilização que se formou
tendo com centro a ilha de Creta. Inicialmente, os cretenses cultivavam cereais,
criavam bois, porcos, cabras, etc. Posteriormente, se voltaram para o comércio
marítimo, se apoiando numa poderosa esquadra naval, chegando a dominar o
comércio pelo Mar Mediterrâneo. No auge de seu poderio, as cidades eram
ligadas por boas estradas, utilizava-se carros puxados por cavalos para ir de um
local ao outro.
Os cretenses desenvolveram uma escrita própria (Linear A). Essa escrita ainda
não foi decifrada, mas já se sabe que não é grega. Por volta de 1450 a.C., muitos
povoados foram destruídos por incêndios. Não se sabe os motivos desses
incêndios. É possível que tenham sido causados pela invasão e conquista dos
aqueus na região.
O mundo grego e a democracia
6. Os aqueus ocuparam o sul da Grécia, fundaram várias cidades, sendo
Micenas a principal delas. Ao se expandirem pelo Mar Mediterrâneo, eles
entraram em contato com os cretenses. Através deles, aprenderam novas
técnicas de construção naval e o trabalho com metais. Tais recursos os
ajudaram a conquistar Creta.
Os palácios aqueus eram murados e construídos no alto de colinas. Sua
grandeza indica o poder que esse povo chegou a ter. No palácio foram
encontradas imagens da escrita linear-B. que pode ter sido usada para
anotar os impostos, cereais armazenados, a distribuição de bens, as
cabeças de gado, etc., pagos pela população. Por volta de 2000 a.C., os
palácios aqueus foram destruídos. Não se sabe porque isso aconteceu, mas
com a destruição dos palácios, alguns povos foram abandonados e a escrita
desapareceu por cerca de 400 anos. Esse longo tempo (de 1800 a 800 a.C.)
é chamado de Período Homérico, pois as fontes de pesquisa usadas pelos
historiadores são dois poemas épicos, a Ilíada e a Odisseia, atribuídos ao
poeta grego Homero.
Civilização Micênica
8. No Período Homérico, a sociedade grega estava dividida em genos, uma
espécie de clã familiar, cujos membros descendiam de um antepassado
em comum, e que cultivavam um deus protetor. Cada genos era chefiado
por um patriarca (o pater, membro mais velho do grupo), que
concentrava o poder militar, político, religioso e jurídico.
A economia no genos era agrícola e pastoril, auto-suficiente, ou seja,
toda a família morava em uma grande propriedade e a terra era
explorada coletivamente.
No final do Período Homérico, o crescimento populacional, a falta de
terras produtivas e consequentemente de alimentos gerou conflitos
violentos no interior dos genos. Então, decidiram dividir as terras
conforme o grau de parentesco, ou seja, quanto mais próximo do
patriarca, maior e melhor era a herança territorial. Os mais afastados
ficaram sem terras, trabalhando como escravos, no artesanato ou na
terra para os grandes proprietários. Surge então, a propriedade privada e
a sociedade de classes na Grécia.
9. Possivelmente ocorrido entre 1300 a.C. e 1200 a.C., os gregos enfrentaram a
cidade de Tróia (Ilion) que controlava o estreito de Bósforo, ponto de partida
para alcançar as ricas e férteis terras do Mar Negro.
A guerra foi narrada pelo poeta Homero nas clássicas obras A Ilíada e a Odisseia.
A Guerra de Troia
10. A colonização grega
Na Grécia, a partir do século VIII a.C., o uso do ferro na
fabricação de ferramentas agrícolas e a diversificação
econômica provocaram um aumento da população e a
necessidade de mais terras para o cultivo. Entretanto, a
maior parte das terras estavam nas mãos dos grandes
proprietários, pois muitos pequenos proprietários
estavam endividados e acabavam por isso sendo
escravizados.
Entre 750 e 550 a.C., os gregos fundaram mais de 150
colônias no Mar Mediterrâneo, difundindo a civilização
grega do Mar Negro ao Estreito de Gibraltar e chegando
ao sul da Itália que foi chamado de Magna Grécia.
13. Atenas, o berço da democracia
Atenas foi fundada na Ática, península do mar Egeu, pelo jônios, que ali se
estabeleceram de forma pacífica, ao lado de eólios e aqueus, antigos habitantes da
região. No início, o poder político estava sob o controle dos eupátridas, donos das
terras mais produtivas. Na cidade, um soberano, o basileus, comandava a guerra, a
justiça e a religião. Uma espécie de conselho, o Areópago, limitava seu poder. Com o
tempo, os basileus perderam poder e se transformaram em simples membros do
Arcontado, órgão formado por uma oligarquia. Insatisfeitos com a situação,
comerciantes e soldados exigiam participação política na vida da cidade. Ao mesmo
tempo, a população mais pobre protestava cada vez mais contra as desigualdades
sociais. Diante da enorme pressão, os eupátridas viram-se obrigados a fazer
concessões.
Para conciliar os conflitos sociais, surgiram os legisladores, membros da aristocracia,
especialmente indicados para elaborar leis. Dois desses legisladores foram Drácon e
Sólon. Este último promoveu reformas em 594 a.C. com as seguintes características:
Cancelou dívidas;
Extinguiu a escravidão por dívidas entre os cidadãos atenienses;
Dividiu os cidadãos em quatro categorias, de acordo com o grau de riqueza
agrícola, limitando os cargos importantes no governo aos mais ricos.
Criou a Boulé (Conselho dos 400) e a Eclésia (Assembleia Popular) e o Helieu
(Tribunal de Justiça).
15. Os legisladores não conseguiram resolver os problemas
sociais e abriram espaço para os tiranos. Os tiranos eram
os indivíduos que tomavam o poder com o uso da força,
mas o termo só adquire um sentido de crueldade como
em nossos dias após o Governo dos Trinta Tiranos em
Atenas. Psístrato foi o mais importante tirano ateniense
(560-527 a.C.). Ele tomou algumas medidas populares e
foi sucedido por seus filhos, Hípias e Hiparco. Mas a tirania
será derrotada e abrirá espaço para uma nova fase na
Grécia. O governo de tiranos será substituído por
oligarquias ou democracias, que caracterizam o Período
Clássico da Grécia.
A tirania
16. Em 508 a.C., o arconte Clístenes assumiu o comando de Atenas e realizou
um vasto programa de reformas, no qual se estendeu os direitos de
participação política a todos os homens livres nascidos em Atenas: os
cidadãos. Também ampliou de 4 para 10 o número de tribos em Atenas,
distribuídas entre todas as classes sociais e regiões da Grécia, diminuindo,
assim, a influencia da aristocracia nas decisões. Desse modo, consolidava-
se a democracia ateniense. Contudo, a participação política era restrita a
10% dos habitantes da cidade, pois eram excluídos da vida pública:
estrangeiros (os metecos), escravos e mulheres. Ou seja, a maior parte da
população. Assim, os principais órgãos da democracia ateniense nessa
época eram:
a Assembleia do Povo (Eclésia);
o Conselho dos 500 (Boulé);
os Estrategos (10 magistrados, sorteados na Eclésia, com mandato de 1
ano).
Com as reformas de Clístenes, todos os cidadãos, ricos ou pobres, podiam
participar diretamente do governo, daí por que ele foi chamado de “o pai
da democracia”.
Clístenes e a democracia ateniense
17. Clístenes criou o ostracismo, novo
dispositivo legal contra qualquer
indivíduo acusado de ameaçar a
estabilidade da democracia.
O ostracismo condenava o acusado
à perda de seus direitos políticos e
ao exílio durante 10 anos, sem a
perda de suas propriedades. O
termo foi inspirado no processo
que conduzia alguém a esse tipo de
punição política.
Clístenes e a criação do ostracismo
Para isso, era feita a convocação de uma grande assembleia formada por
mais de 6 mil membros. Nela, seus participantes utilizavam fragmentos de
cerâmica em forma de ostra (ostrakón) onde escreviam secretamente o
nome dos acusados. Aquele que tivesse seu nome citado mais de seis mil
vezes, era condenado ao ostracismo.
18. No governo de Péricles (495-429 a.C.) a
democracia ateniense foi aperfeiçoada:
criou-se um Tribunal Popular, composto
por 6 mil cidadãos, para julgar toda
espécie de causas. Nele o júri fazia o papel
do próprio juiz, dando a palavra final.
Também foi instituída a remuneração para
os ocupantes de cargos públicos
(mistoforia), permitindo aos mais pobres
deixarem o trabalho por um tempo para
participar a política.
Péricles promoveu a reconstrução da parte
alta de Atenas, realizou obras públicas e
estimulou o desenvolvimento intelectual e
artístico, sobretudo do teatro. Por isso, o
tempo em que esteve no governo é
conhecido como “O século de Péricles”.
O governo de Péricles
19. Esparta era diferente de Atenas em vários aspectos. Enquanto Atenas era marcada por
sua proximidade com o mar e uma produção cultural intensa, Esparta situava-se no
interior, rodeada por montanhas e voltada para a vida militar. Esparta foi fundada pelos
dórios no século IX a.C., na planície da Lacônia e parecia um acampamento em armas
Política em Esparta – Na política, ao contrário de Atenas, os espartanos adotavam
governos aristocráticos, comandados por oligarquias. Sua estrutura politica estava
composta da seguinte forma:
Gerúsia: grupo de 30 anciãos, com mais de 60 anos, que exerciam o cargo para a vida
toda. Nesse grupo estavam incluídos os dois reis. O poder dos gerontes era grande:
propunham leis, decidiam se a cidade devia ou não participar de uma guerra,
julgavam causas criminais, etc.
Eforato: o órgão mais poderoso de Esparta, formado por 5 membros, eleitos
anualmente pela Ápela. Os éforos controlavam a aplicação das leis e a educação dos
jovens, presidiam a Gerúsia e a Ápela, administravam a justiça e ainda
supervisionavam os reis.
Ápela: Assembleia de espartanos acima de 30 anos, votava, sem discutir, as
propostas da Gerúsia. Essa limitação da participação política em Esparta, mostra
porque a chamada oligarquia, ou "governo de poucos", trata-se de um regime
político em que o poder é exercido por uma minoria.
Diarquia: 2 reis, membros de duas famílias importantes da cidade, desempenhavam
funções militares e religiosas.
21. Esparta era muito voltada para as atividades militares. Desta forma, a
educação recebeu forte influência da área militar. Extremamente rigorosa,
a educação espartana tinha como objetivo principal formar soldados fortes,
valentes e capazes para a guerra. Logo, as atividades físicas eram muito
valorizadas. Por volta dos sete anos de idade, os meninos espartanos eram
levados por suas mães para uma espécie de escola, onde as atividades
físicas seriam trabalhadas. Já na adolescência, entravam em contado com a
utilização de armas de guerra.
O senso crítico e artístico não eram valorizados em Esparta, pois os jovens
estudantes tinham que aprender a aceitar ordens dos superiores e falar
somente o necessário. As meninas espartanas também tinham uma
educação específica. A educação feminina tinha como objetivo formar boas
esposas e mães. Elas também participavam de atividades desportivas e
torneios. A função deste tipo de educação para as meninas era formar
mulheres saudáveis e fortes, para que pudessem, futuramente, dar a luz a
soldados saudáveis e fortes para Esparta.
Uma Educação voltada para a Guerra
25. Cultura, religião e arte grega - A fragmentação foi uma das características de Grécia
antiga, mas os helenos falavam a mesma língua e partilhavam uma cultura comum,
que marcou profundamente a cultura ocidental, daí a relevância dela para nós.
Os antigos gregos eram politeístas e representavam os deuses de forma
antropomórfica, tais e quais os seres humanos, com virtudes e defeitos. Os deuses
habitavam o monte Olimpo. Os mais famosos 15 deuses gregos são:
Zeus - Deus do céu e senhor do Olimpo;
Hera - Deusa do casamento;
Ares - Deus da guerra;
Ártemis - Deusa da caça;
Afrodite - Deusa do amor e da beleza;
Poseidon - Deus dos mares;
Atena - Deusa da inteligência e da sabedoria;
Deméter - Deusa da fertilidade e da colheita;
Apolo - Deus da música, das artes e da razão;
Hefesto - Deus do fogo e da metalurgia;
Hermes - Deus dos mensageiros;
Héstia - Deusa dos lares;
Hades - Deus do reino dos mortos;
Hebe – Deusa da juventude;
Dionísio - Deus do vinho.
26. Os gregos cultuavam seus deuses protetores em templos erguidos para eles. Todos os atos
cívicos incluíam oferendas aos deuses, e o gregos faziam festas religiosas com procissões e
cultos públicos, por isso se diz que a religião dos antigos gregos era uma religião cívica.
Os gregos também cultuavam os heróis ou semideuses, nascidos do relacionamento entre
deuses e mortais. Eles também podiam ser personagens respeitados por seus feitos. A
Mitologia é o conjunto de relatos por meio dos quais um povo busca explicar a origem do
mundo, dos seres humanos e dos fenômenos naturais e gira em torno das aventuras dos
deuses e dos heróis ou semideuses. Esses heróis distinguiram-se por ações extraordinárias,
feitos e proezas que estavam acima da capacidade dos mortais.
Cada cidade grega cultuava a memória de um herói. Os atenienses, por exemplo, cultuavam
Teseu, fundador de sua cidade. Atribuíam-lhe a pacificação do país, outrora cheio de
salteadores, e também a morte do Minotauro, um ser metade homem e metade touro.
Hércules foi o herói grego mais conhecido e amado. Filho de Zeus e de uma mortal, Alcmena,
foi perseguido pela cólera de Hera. Ela obrigou-o a se colocar a serviço de seu primo Eristeu,
que lhe impôs duras provas, das quais Hércules sempre saiu vencedor. Essas provas são
conhecidas como “Os 12 trabalhos de Hércules”.
Outro herói grego famoso foi Prometeu, que segundo a lenda, roubou o fogo de Zeus e
ensinou os homens a usá-lo. Havia ainda Perseu, herói de Tirinto, que decepou a cabeça da
Medusa, monstro que transformava em pedra quem a olhasse, e Édipo, herói de Tebas, que
decifrou o enigma da esfinge, monstro com cabeça de mulher e corpo de leão. Ela propunha
enigmas aos viajantes nas proximidades de Tebas e devorava quem não os decifrasse. Édipo
conseguiu decifrar o enigma proposto a ele e o monstro, furioso, precipitou-se no mar.
Uma religião cívica
27. Os Jogos Olímpicos
Os Jogos Olímpicos são um grande evento internacional, com modalidades
esportivas de verão e de inverno, em que milhares de atletas participam de várias
competições. Atualmente são realizados a cada dois anos pares, com os Jogos
Olímpicos de Verão e de Inverno se alternando, embora ocorram a cada quatro
anos no âmbito dos respectivos Jogos sazonais. Originalmente foram realizados em
Olímpia, na Grécia, em 776 a.C. No século XIX, o barão Pierre de Coubertin fundou
o Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1894, e que se tornou no órgão dirigente
do Movimento Olímpico, cuja estrutura e as ações são definidas pela Carta
Olímpica.
28. As Artes
Os antigos gregos produziram artes expressivas, duradouras e centradas no
ser humano como corpo, comportamento e ideais.
O teatro - Durante as celebrações, que duravam seis dias, em honra ao
deus, em meio a procissões e com o uso de fantasias e máscaras, eram
entoados cantos líricos, que mais tarde evoluíram para a forma de
representação plenamente cênica. Os espetáculos atraíam muitas pessoas,
sendo gratuito e permitido também a entrada dos mais pobres. Os
governantes atenienses suspendiam todos os deveres e trabalhos do dia
para poder apreciar as peças de teatro. de Dois gêneros se destacaram no
teatro: a Tragédia e a Comédia.
O autor mais conhecido da comédia grega foi Aristófanes. Ele usava o
humor para criticar costumes, satirizar os políticos e questionar o
funcionamento das instituições. Os autores mais conhecidos da tragédia
grega foram: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Na comédia era permitido
palavrões. Numa, os jovens saiam às ruas, fantasiados de animais, batendo
de porta em porta, pedindo prendas, brincando com os habitantes da
cidade. Num segundo tipo, era celebrada a fertilidade da natureza.
30. As artes eram feitas para a coletividade. A maioria das obras era encomendada e paga
pelo governo da cidade.
Arquitetura – As obras eram feitas para serem vistas e demonstrar a capacidade de seus
realizadores. Por isso o exterior dos prédios era decorado com relevos e esculturas.
Empregavam nas construções (templos) materiais duráveis como o mármore. Havia três
estilos arquitetônicos distintos na Grécia antiga: Jônico, dórico e coríntio. Veja as
imagens a seguir, com cada estilo:
As diferenças entre os três estilos estão principalmente na coluna e no capitel: No
dórico, a coluna era grossa e se apoiava diretamente no degrau mais elevado, e o capitel
era simples; No jônico, o capitel era ornamentado e a coluna era mais fina, sugerindo
leveza, e se apoiava sobre uma base decorada; No coríntio, o capitel era rebuscado, a
coluna possuía inúmeros sulcos e se apoiava sobre uma base de forma circulares e lisas.
Escultura - As esculturas gregas serviram sobretudo para embelezar os locais públicos e
eram quase sempre encomendadas. Escultores gregos do Período Clássico procuravam
reproduzir a figura humana de maneira fiel, de modo que O observador tivesse uma
ideia de movimento.
31. A pintura em cerâmica foi muito valorizada pelos antigos gregos. As
pinturas reproduzem cenas da mitologia ou do cotidiano dos antigos
gregos. Os gregos desenvolveram duas importantes técnicas de
pintura: a técnica de figuras negras e a de figuras vermelhas.
Pintura
Aquiles e Ajax jogando damas na tenda Lutador com Atena e Hermes
32. Durante muito tempo, os antigos gregos recorreram a mitologia para explicar o
universo, os seres humanos e os acontecimentos. Os gregos começam a pensar
sobre o mundo, sobre o papel dos seres humanos, sobre a natureza, sobre a vida e
suas inquietações. Desta forma, surge a Filosofia palavra que em grego quer dizer
“amor a sabedoria”. A filosofia pode ser definida como uma reflexão sobre o mundo,
os seres humanos e os fenômenos.
Tales de Mileto teria sido o primeiro filósofo da história da humanidade. Não o
primeiro a utilizar o termo filósofo para referir-se a si mesmo, já que este foi
Pitágoras (570-497 a.C.), mas o primeiro a fazer jus ao título por sua forma de
proceder, ao promover um afastamento da visão mitológica do mundo e buscar as
causas primeiras, ou a causa primeira única, das coisas e fenômenos da natureza
com base, exclusivamente, na razão e observação da própria natureza. Embora sua
biografia seja marcada por diversas lendas e fatos não comprovados pela História,
temos dados e informações importantes sobre sua vida.
“Conhece-te a ti mesmo” - Sócrates (469-399 a.C.) - Grande pensador, acreditava
que o aprimoramento do homem se daria pela educação e pelo uso da razão. Sua
frase “Só sei que nada sei” ficou famosa por questionar a condição humana e suas
contradições. Por tornar público o que pensava, foi condenado a beber cicuta
(veneno mortal), pois as autoridades consideravam-no um mau exemplo para a
juventude.
A filosofia
33. Platão e o mundo das ideias - Platão (427-348 a.C.) fundou em Atenas uma
Escola de Filosofia chamada academia, na qual se estudava filosofia,
matemática e se praticava ginastica. Platão era radicalmente contrário a
democracia ateniense. Segundo ele, o governo de uma cidade deveria ser
entregue aos filósofos, isto é, aos poucos indivíduos com capacidade para
tratar os problemas humanos com sabedoria. Platão usou a metáfora do
“Mito da Caverna” para explicar que vivemos num mundo das aparências. E
que para enxergar as coisas como elas são realmente e ter a verdadeira
liberdade e felicidade, precisamos refletir e buscar o conhecimento de como
as coisas são na realidade.
Aristóteles e a lógica - Segundo Aristóteles (384-322 a.C.), o homem é um ser
social, por natureza, pois precisa conviver e estabelecer relações com outros
seres humanos. Para ele, a sociedade deve ser organizada, visando o bem
comum. Desta forma a polis ou a Cidade-Estado deve ser dirigida pelo
homem.
Aristóteles contribuiu também para a sistematização da lógica, conjunto de
regras e procedimentos necessários ao desenvolvimento do raciocínio e da
argumentação. Além disso, escreveu sobre política. É dele a ideia de que “o
homem é um animal político”.
34. História - Heródoto viveu no século V a.C. e assumiu quase sempre uma postura crítica
em suas narrativas. Tendo viajado por muitos lugares em diversos continentes, ele
optou por compreender os fatos antes de julgá-los, atitude própria do historiador.
Escreveu uma obra chamada História, em que além da narrativa de fatos passados,
guerras, etc., incluía muitas informações adicionais, como fonte escritas, orais, crenças,
etc., registrando tudo o que descobria sobre cada nação. Já o historiador Tucídides
concentrou sua narrativa na ação humana e se esforçou para ser imparcial, procurando
as múltiplas razoes de determinados episódios.
Medicina - Na Grécia Antiga a medicina ensaiou seus primeiros passos. O esforço de
observação do corpo e das doenças teve como principal representante Hipócrates, da
ilha de Cós. Ele contribuiu decisivamente para os seguintes conhecimentos:
as doenças possuíam causas naturais e eram vistas como fatalidades e não havia
interesse em investigar o corpo humano;
o médico podia prever a evolução de uma doença mediante o acompanhamento
de determinado número de casos;
o estilo de vida e a dieta são tão importantes para a conservação da saúde quanto
para a recuperação física de uma pessoa.
Segundo a mitologia grega, os conhecimentos médicos, a princípio, eram considerados
exclusividade dos deuses imortais e haviam sidos passados para os mortais por Quíron,
o centauro educador de heróis. Assim, na Grécia antiga, Hipócrates é considerado o
“pai da medicina” ocidental.
36. Juramento de Hipócrates.
"Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo
por testemunhas todos os deuses e deusas, cumprir, segundo meu
poder e minha razão, a promessa que se segue:
Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte;
fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens;
ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se
eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem
compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de
todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos
inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e
entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém.
A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um
conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma
mulher uma substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado;
deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de
toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres, com homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício profissão ou fora dele, e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que
não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha
profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário
aconteça."
37. As guerras greco-pérsicas ou médicas
A riqueza de cidades como Atenas, Esparta e Tebas acabou atraindo a cobiça do então
poderoso Império Persa, que, liderado por Dario, atacou as cidades gregas. Estas, por sua
vez, deixaram de lado as suas diferenças e se uniram contra um inimigo comum. Atenas,
detentora da melhor frota naval, e Esparta, possuidora da melhor força terrestre, lideraram
a luta contra os persas. Nos onze anos de duração das guerras greco-pérsicas ocorreram
quatro grandes batalhas:
MARATONA (490 a.C.) - Batalha marítima vencida pelos gregos, sob o comando do
ateniense Milcíades.
TERMÓPILAS (480 a.C.) - Batalha terrestre vencida pelos persas comandados por Xerxes,
contra os 300 espartanos do rei Leônidas.
SALAMINA (480 a.C.) - Batalha marítima vencida pelos atenienses, liderados por
Temístocles.
PLATEIA (479 a.C.) - Vitória dos gregos, liderados por Pausânias.
Com o fim da guerra, os atenienses convenceram as outras cidades a se unirem, alegando
que os persas poderiam atacar a qualquer momento. Formou-se então a Confederação de
Delos: união das cidades gregas sob a liderança de Atenas. Esparta reagiu ao imperialismo
ateniense, aliando-se a outras cidades descontentes com sua posição na confederação,
como Tebas e Corinto, e formando com elas a Liga do Peloponeso. A rivalidade entre Atenas
e Esparta e suas respectivas aliadas levou à Guerra do Peloponeso. As guerras sucessivas
entre os gregas enfraqueceram as pólis, que não resistiram ao ataque do exército de Filipe
II, rei da Macedônia, que invadiu e conquistou a Grécia.
39. Os macedônios eram povos que viviam ao norte da Grécia numa região
montanhosa. O rei Felipe II havia lutado a vida inteira para unificá-los sob o seu
comando. Informado por seu médico, Nicômaco, da sabedoria de Aristóteles, seu
filho, mandou-o vir de Atenas para ser educador de Alexandre. Após a morte de
Felipe II, e terminada a educação recebida de Aristóteles, Alexandre conquistou
toda a Grécia e se preparou para conquistar o mundo.
Depois da Grécia, Alexandre conquistou todos os portos da costa mediterrânea da
Pérsia, um após outro, e depois o Egito. Sua intenção era poder atacar a parte
principal da Pérsia localizada na Mesopotâmia sem que ela pudesse contra atacar
por mar os gregos. A batalha final foi em Dardanelos, na qual a Pérsia foi vencida.
Alexandre, o Grande, agora era senhor do mundo conhecido na época, desde a
Grécia até a fronteira com a Índia.
Pouco tempo depois, Alexandre morreu vítima de uma simples febre. O príncipe
herdeiro e toda a família imperial foram mortos pelos generais de Alexandre que
disputavam o trono. Porém, nenhum deles conseguiu ficar com o império todo.
Ptolomeu ficou com o Egito, Selêuco com o Oriente, Antígono com a Síria e a
Turquia, e Cassando com a Macedônia. Mais tarde, Antígono foi derrotado e os
selêucidas ficaram também com a Síria. O resultado final foi a divisão do mundo
inteiro em monarquias de reis greco-macedônios.
Os macedônios e o Império de Alexandre
41. O período helenístico foi um marco entre o domínio da cultura grega e o advento da
civilização romana. Os sopros inspiradores da Grécia se disseminaram por toda as
regiões conquistadas por Alexandre da Macedônia. Houve um entrelaçamento da
cultura grega com as culturas orientais, nascendo daí a cultura helenística ou
simplesmente o helenismo. As ciências tiveram extraordinário desenvolvimento. A
cidade de Alexandria era o grande centro da cultura helenística, abrigando uma
biblioteca com cerca de 700 mil volumes.
Entre os mais importantes cientistas helenísticos estão: Aristarco, astrônomo que
lançou a hipótese heliocêntrica; Euclides, que desenvolveu a geometria e fundou a
primeira escola de Matemática de Alexandria; e Arquimedes, que fez grandes
descobertas e invenções como: o parafuso, a roldana e as rodas dentadas.
Foi Arquimedes quem determinou o Princípio da hidrostática ou de Arquimedes, cujo
enunciado é: “Qualquer corpo mergulhado na água perde uma parte de seu peso igual
ao peso do volume de água que desloca”. Ele fez esta importante descoberta
enquanto se banhana em sua banheira. Percebendo a importância da descoberta,
saiu gritando pela rua: “Eureka!, Eureka!”, que, em grego, significa “Achei!, Achei!”.
Este termo é até os dias de hoje usado quando uma pessoa faz uma grande
descoberta.
O Helenismo