Este documento descreve uma proposta de ação pedagógica interdisciplinar para escolas públicas municipais de São Paulo. Ele discute os fundamentos do projeto, incluindo os princípios de participação, descentralização e autonomia. Também aborda as etapas de implementação como estudo preliminar da localidade, escolha de temas geradores e construção de programas. O objetivo geral é transformar as escolas em espaços significativos de construção do conhecimento que consideram a comunidade.
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Cadernos de Formação 01 - um primeiro olhar sobre o projeto
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CADERNOS DE FORMAÇÃO 01
Um primeiro olharsobre o Projeto
Série:
AÇÃO PEDAGÓGICA DA ESCOLA PELA VIA DA
INTERDISCIPLINARIDADE
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO
I – FUNDAMENTOSDO PROJETO
1. Introdução
2. Princípiose prioridades
3. Justificativas
4. Objetivos
5. Características da ação pedagógica interdisciplinar
II – ETAPAS DE ENCAMINHAMENTO
1. Estudo preliminarda localidade
2. Escolham dos temas geradores
3. Construção do Programa
4. Avaliação
III – ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA PARA VIABILIZAR ESTA
AÇÃO PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR
BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA
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“Digo uma coisa muito norte-americana sobre os
resultados: há transformações de todo tamanho.
Minha meta é a mudança social, mas trabalho no
sentido de provocar as transformações possíveis
dentro de cada classe. Frequentemente, o
máximo que posso alcançar em um curso é um
momento de transição da passividade, ou
ingenuidade, para certa percepção crítica”.
Paulo Freire& Ira Shor, Medo e Ousadia: o
cotidiano do professor, p. 47.
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APRESENTAÇÃO
Entre as prioridades da Secretaria Municipal de Educaçãqo, nesta gestão, destaca-se a busca
de uma Nova Qualidade de Ensino. Esta prioridade vem se concretizando, desde 1989 por
várias ações, entre as quais o Movimento de Reorientação Curricular.
Reafirmamos aqui o entendimento de que a reorientação curricular é um processo de
construçãocoletivadoqual participam, necessariamente,diferentesgruposde interlocução: a
escola, a comunidade e os especialistas nas diferentes áreas do conhecimento. Os dois
primeiros momentos deste movimento, a Problematização e a Sistematização (em seu
primeiro nível) atingiram a rede em toda a sua extensão e modalidades de ensino.
A reorientação curricular previa e garante o estímulo e o apoio ao desenvolvimento de
projetos gerados pelas próprias escolas, buscando avançar na direção de sua autonomia.
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Simultaneamente,conformehaviasidoprevisto,iniciou-se o projeto de interdisciplinaridade.
As equipesmultidisciplinaresdosNúcleosde AçãoEducativa, Diretoriade OrientaçãoTécnica e
das Escolas Piloto, com assessoria de professores universitários, empenharam-se na
construção coletiva dos caminhos desta proposta. Aconteceram conquistas, confrontos e
conflitos; viveram-se ansiedades, alegrias e tristezas.
A experiência vivida até agora permite registrar, num trabalho coletivo das equipes
participantes no processo, a descrição, a fundamentação e os procedimentos básicos desta
ação pedagógica. Este texto trata, inicialmente, das considerações preliminares que,
necessariamente, terão aprofundamento nos cadernos desta série.
Deve-se entender, no entanto, que “um primeiro olhar sobre a proposta” não dispensa a
discussão, reflexão e crítica com vistas a uma decisão. Decisão que, certamente, estará
indicando a opção que a escola fará para a organização da sua ação pedagógica.
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I – FUNDAMENTOS DO PROJETO
1. Introdução
A questão da escola pública apresenta-se hoje como um desafio a ser superado. Há
consensoemrelaçãoà crise pelaqual todospassamos.Noentanto, osonhoe o desejo
da transformação existem. As falas frequentes e as atitudes isoladas de educadores
mais críticos bem o demonstram.
Um grande problemaexige umagrande soluçãoe oque aqui se entende comosolução
é mais do que reforma: mudança; mais do que mudança: transformação.
Transformar implica em agir, agir conscientemente, agir construtivamente. Ação
global,coletiva,entendendoaescolacomomaisdo que a soma de partes. A escola do
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real vivido que se relaciona organicamente com a comunidade na qual está inserida.
Espaço significativo de construção do conhecimento.
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Que escola é essa que queremos transformar?
O Documento2, “O Movimentode ReorientaçãoCurricularnaSecretaria Municipal de
Educação de São Paulo – 1990”, explicita algumas características dessa instituição.
Mostra uma escola que dificilmente consegue voltar seus olhos para si mesma numa
dimensão crítica. Uma escola que quase sempre se acomoda à situação política
vigente, aguardando soluções mágicas, prontos, de fora para dentro e de cima para
baixo.
Uma escolaque,teoricamente colocadaa serviço da população, isola-se em relação à
comunidade na qual está inserida.
Isolamento que se coloca em dois níveis: na não consulta da comunidade para o
planejamento da ação educativa e na preocupação com a realidade local.
Outra característica apontada, na fala problematizadora dos educadores, é que o
conhecimento, [p.11] concretizado nos conteúdos escolares, além de ser proposto e
organizado em gabinetes, é compartimentalizado e fragmentado artificialmente,
havendoumadesconsideração total com a interdisciplinaridade natural do objeto do
conhecimento.
Como fruto que somos dessa instituição em crise, nos acostumamos a receber
propostaspedagógicas que nem sempre atendem às especificidades da comunidade
escolar;a usar livrosdidáticoscomoinstrumentosúnicosdonossofazerpedagógico; a
não discutir questões educacionais mais amplas e a nos isolarmos a ponto de
Não perceberoque acontece alémdasquatro paredesde nossaclasse. Perdemos,por
consequencia, a motivação, não nos percebendo como sujeitos do fazer educativo e
portanto, deixando de construir nossa própria identidade.
Este sistema que nos leva a analisar os efeitos, sem atacar as causas, nos mostra um
quadro eufemisticamente chamado de fracasso escolar – evasão e repetência – que
vem sendo enfrentado, [p. 12] ainda que de maneira pontualizada, por educadores
comprometidos com a mudança.
Tais iniciativas apontam para a construção de uma escola que se quer participativa e
decisivanaformaçãodo sujeitosocial,que considere como organismo vivo (pensante
e participante) a comunidade escolar que a usa e que a faz.
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Uma escola onde o educador seja sujeito de sua ação, capaz de refletir e alterar
programase métodos;capazde inserirsuaescola,primeiramente, numa comunidade
que lhe dá razão de existir e, depois, num sistema maior que se quer trasformar.
Nessa direção e tendo em vista a experiência acumulada pelo trabalho realizado nas
dez escolas-piloto, que vem demonstrando ser possível a construção de uma nova
escola, submetemos aos educadores do Ensino Municipal de São Paulo a presente
proposta de fazermos, juntos, um outro caminho. Assim como na relação escola-
conhecimento-comunidade, esta proposta só terá sentido e significado se para ela
convergir a força criadora [p. 13] e transformadora que hoje habita a escola, à espera
do momento e da oportunidade de constituir-se como tal.
Estamos, pois, submetendo ao olhar crítico dos educadores que fazem conosco a
educação pública no município de São Paulo, esta proposta de organização e ação
pedagógicada escola pela da interdisciplinaridade. É um primeiro olhar que não tem
como objetivo o aparecimento de paixões à primeira vista, mas que ambiciona o
fortalecimento de uma relação sólida e duradoura, porque conjunta e coletiva.
2. Princípios e Prioridades
Qualquer que seja a aproximação que a escola faça desta proposta, os princípios e as
prioridadesdeverãoestargarantidos.Dessa forma, esta proposta de ação pedagógica
da escolapelada interdisciplinaridade considera,pressupõee realça a participação e a
descentralização como fundamentais à autonomia, que são os três princípios que
norteiam nossa política [p. 14] educacional.
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