A aula discute a farmacologia da contratilidade cardíaca, incluindo os mecanismos celulares e moleculares da contração cardíaca, patologias como angina e insuficiência cardíaca, e classes de fármacos que afetam a contratilidade como antianginosos, inotrópicos positivos, e antiarrítmicos.
Aula - SNC - Tratamento para dor neuropática e dor inflamatória
AULA DE FARMACOLOGIA CARDÍACA: CONTRATILIDADE, ANGINA E ARRITMIAS
1. AULA DE FARMACOLOGIA:
FARMACOLOGIA DA CONTRATILIDADE CARDÍACA
Prof. Dr. Mauro Cunha Xavier Pinto
Departamento de Farmacologia
Instituto de Ciências Biológicas
Contato: pintomcx@ufg.br
2. FARMACOLOGIA DA CONTRATILIDADE CARDÍACA
3- Fármacos antianginosos
4- Fármacos que aumentam contração
cardíaca.
5- Fármacos antiarrítmicos
1- Bases celulares e moleculares
•O coração
•Acoplamento excitação-contração
•Regulação da contratilidade cardíaca por receptores
beta-adrenérgicos
•Regulação do fluxo de Ca+2
no miócito cardíaco
•Proteínas contráteis cardíacas e o ciclo de contração
2- Patologias
•Angina pectoris e Infarto do miocárdio
•Insuficiência cardíaca
•Arritmias cardíaca
8. Regulação da contratilidade cardíaca por receptores -
adrenérgicos
Os receptores beta adrenérgicos
aumentam a contratilidade dos miócitos
cardíacos mas também intensificam o
relaxamento.
Receptores beta-adrenérgicos são
acoplados a proteína Gs.
Ativam a adenilato ciclase,
cAMP ativa PKA.
PKA fosforila e ativa os canais de Ca+2
PKA fosforila a fosfolamban.
A bomba de SERCA torna se desinibida e
bombeia o Ca2+ para o interior do retículo
sarcoplasmático;
O cAMP é convertido em AMP pela
fosfodiesterase.
9. Regulação do fluxo de Ca+2
no cardiomiócito
Entrada de cálcio e contração Saída de cálcio e relaxamento
13. Fatores de risco para doenças cardíacas
Diabetes
Doenças
Cardíacas
HipertensãoDoença
valvar
Remodelamento
Cardíaco
Infarto
Doença
de
Chagas
Hiper-
tiroidismo
Estenose
aórtica
Toxinas Taquicardia
Distúrbios
genéticos
Distúrbios
congênitos
Infecções
Inflamação
14. Angina pectoris & Infarto do miocárdio
A angina de peito ou angina pectoris é uma dor
torácica devida ao baixo abastecimento de
oxigênio e nutrientes (isquemia) ao músculo
cardíaco (miocárdio).
Geralmente é devida à obstrução parcial ou
espasmos (contrações musculares
involuntárias) das artérias coronárias (os vasos
sanguíneos do coração).
O infarto agudo do miocárdio ocorre quando a
circulação de sangue para uma parte do coração
é interrompida, causando lesões no músculo
cardíaco.
O sintoma mais comum é dor no peito ou
desconforto que se pode espalhar para o ombro,
costas, pescoço ou maxilar.
15. Insuficiência cardíaca
Insuficiência Cardíaca Aguda (ICA)
É um acontecimento súbito e catastrófico de grande risco
e que ocorre devido à qualquer situação que torne o
coração incapaz de realizar sua função.
Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)
É o estado fisiopatológico em que o coração é incapaz de
bombear sangue a uma taxa satisfatória às
necessidades dos tecidos metabolizadores, ou pode
fazê-lo apenas a partir de uma pressão de enchimento
elevada.
16. Arritmias cardíacas
Arritmia cardíaca é uma condição em que o batimento cardíaco apresenta-se irregular. Podem
ser causados por defeitos na formação de impulsos ou defeitos na condução de sinal.
DEFEITOS NA FORMAÇÃO DO IMPULSO DEFEITOS NA CONDUÇÃO DO IMPULSO
18. O trinitrato de glicerila e mononitrato de isossorbina são nitratos orgânicos usados para o
tratamento de angina.
Nitratos orgânicos
Atuam através do óxido nítrico, ao qual são
metabolizados. O óxido nítrico estimula a formação de
GMPc e, assim, ativa a proteína quinase G, afetando
tanto as proteínas contráteis (cadeias leves de miosina)
quanto a regulação do Ca2+
Estes fármacos são potentes vasodilatadores. A
eficácia na angina decorre, em parte, da redução da
carga cardíaca e, em parte, da dilatação dos vasos
coronarianos colaterais, causando uma distribuição
mais eficaz do flux o coronariano.
Efeitos colaterais:
•Cefaleia e
•Hipotensão postural.
•Metemoglobinemia (Casos raros de sobredose).
19. Antagonistas dos canais de cálcio
Os antagonistas dos canais de cálcio do tipo L causam vasodilatação arterial generalizada,
embora agentes individuais exibam padrões distintos de potência regional.
O verapamil atua no coração (efeitos cronotrópico e inotrópico negativos), além de causar
vasodilatação; O diltiazem apresenta especificidade no coração e na musculatura lista.
20. No coração, a ativação de receptores β1-adrenérgicos causa um potente efeito estimulante tanto
na frequência cardíaca (efeito cronotrópico) quanto na força de contração (efeito inotrópico). Isto
aumento o débito cardíaco e o consumo de O2 no coração.
Beta-bloqueadores
Propranolol
22. Agonistas βadrenérgicos
Dobutamina é um agonista β1 seletivo com
maior efeito inotrópico que cronotrópico.
Aumenta a força de contração e facilita a
passagem do impulso elétrico pelo coração.
Este simpatomimético desenvolvido nos anos
70 que era usado para tratar a insuficiência
circulatória cardiogênica aguda.
Não deve ser usado em caso de isquemia, pois
aumenta a demanda do coração por oxigênio.
Pode causar hipertensão, angina e arritmia
fatal.
Esses fármacos também induzem tolerância
através da rápida infra-regulação dos receptores
adrenérgicos na superfície das células dos
órgãos-alvo.
23. Digitálicos
1- A digoxina liga-se à Na+
/K+
-ATPase,
inibindo-a. Acúmulo de Na+ intracelular.
2- O aumento do Na+
intracelular diminui a
força propulsora para o trocador de Na+
/Ca2+
.
Logo, a extrusão de Ca2+
diminui e ele se
acumula no interior da célula.
3- A seguir, a quantidade aumentada de Ca2+
é
bombeada pela SERCA Ca2+
-ATPase no
retículo sarcoplasmático, criando um aumento
efetivo de Ca Ca2+
disponível para liberação
durante contrações subseqüentes.
4. Aumento da liberação de Ca2+
intracelular
aumenta o inotropismo.
24. Digitálicos: Interações importantes
Interações farmacodinâmicas:
• Bloqueadores β-adrenérgicos
Diminuem a condução do nó AV >>> bloqueio AV de alto grau;
• Bloqueadores dos canais de Ca+2
Diminui a contratilidade cardíaca;
• Diuréticos de alça
Diminuir a concentração plasmática de K+ >>> toxicidade da digoxina.
Interações farmacocinéticas podem resultar de alterações:
• Na absorção
Muitos antibióticos podem aumentar a absorção da digoxina;
• No volume de distribuição
Verapamil ou quinidina podem aumentar os níveis plasmáticos de digoxina;
• Na depuração renal
Insuficiência renal >>> toxicidade da digoxina.
Desintoxicação
• Normalização dos níveis plasmáticos de K+;
• Redução do potencial de arritmias ventriculares;
• Anticorpos antidigoxina.
27. Classe I : fármacos que bloqueiam canais de sódio sensíveis a
voltagem
Os bloqueadores dos canais de Na+ diminuem a automaticidade das células do nó SA ao: (1)
deslocar o limiar para potenciais mais positivos e (2) diminuir a inclinação da despolarização da
fase 4.
Usos clínicos dos antiarrítmicos da classe I
• Classe Ia (p. ex ., disopiramida)
– Arritmias ventriculares;
– Prevenção de fibrilação atrial paroxística recorrente desencadeada por hiperatividade vagal.
• Classe Ib (p. ex ., lidocaína intravenosa)
– Tratamento e prevenção de taquicardia ventricular e fibrilação ventricular durante e
imediatamente após infarto do miocárdio.
• Classe Ic
– Prevenção de fibrilação atrial paroxística (flecainida);
– Taquiarritmias recorrentes associadas a vias de condução anormais (p.ex ., síndrome de Wolff-
Parkinson-White).
28. Classe I : fármacos que bloqueiam canais de sódio sensíveis a
voltagem
29. Classe II : antagonistas dos receptores β- adrenérgicos
O infarto do miocárdio causa aumento da atividade simpática, fornecendo uma
fundamentação para o uso de β- bloqueadores.
A condução AV depende da atividade simpática; os β- bloqueadores aumentam o período
refratário do nó AV.
Os β- bloqueadores também são usados para
prevenir crises de fibrilação atrial quando estas
ocorrem em situação de ativação simpática.
Os fármacos da classe II compreendem os
antagonistas dos receptores β- adrenérgicos (p.ex.,
metoprolol, propranolol).
Usados após o infarto!
30. Classe III : fármacos que prolongam o potencial de ação cardíaco.
A amiodarona e o sotalol têm mais de um mecanismo de ação antiarrítmica. A
característica especial que os define como fármacos da classe III é que
prolongam, substancialmente, o potencial de ação cardíaco.
O mecanismo deste efeito não foi ainda inteiramente compreendido, mas envolve
o bloqueio de alguns dos canais de potássio envolvidos na repolarização.
O aumento período refratário pela amiodarona interrompe taquicardias reentrantes e
suprime atividade ectópica.
No entanto, os fármacos que prolongam o potencial de ação cardíaco pode causar
arritmias.
31. Os agentes da classe IV atuam bloqueando canais de
cálcio sensíveis à voltagem. Os fármacos da classe IV em
uso terapêutico para arritmias (p. ex ., verapamil) atuam
sobre os canais do tipo L.
Os fármacos da classe IV tornam mais lenta a condução nos nós
AS e AV, onde a propagação do potencial de ação depende
da corrente de entrada lenta de Ca2+.
Tem reduz a frequência e força de contração.
Classe IV : Antagonistas do cálcio.
Insuficiência Cardíaca Aguda (ICA)
É um acontecimento súbito e catastrófico de grande risco e que ocorre devido à qualquer situação que torne o coração incapaz de realizar sua função.
Geralmente a Insuficiência Cardíaca Aguda pode ser consequência de um infarto do miocárdio ou a uma arritmia severa do coração. Também pode ocorrer devido a hemorragia, traumatismo craniano ou choque elétrico
Insuficiência Cardíaca Aguda (ICA)
É um acontecimento súbito e catastrófico de grande risco e que ocorre devido à qualquer situação que torne o coração incapaz de realizar sua função.
Geralmente a Insuficiência Cardíaca Aguda pode ser consequência de um infarto do miocárdio ou a uma arritmia severa do coração. Também pode ocorrer devido a hemorragia, traumatismo craniano ou choque elétrico
Estrutura do miócito cardíaco. Cada miócito cardíaco contém miofibrilas e mitocôndrias circundadas por uma membrana plasmática especializada, denominada sarcolema. As invaginações do sarcolema, denominadas túbulos T, fornecem condutos para o influxo de Ca2+. No interior da célula, um retículosarcoplasmático extenso armazena o Ca2+ para uso durante a contração. O Ca2+ extracelular penetra através do sarcolema e dos túbulos T durante a fase 2do potencial de ação. Esse Ca2+ desencadeante liga-se a canais na membrana do retículo sarcoplasmático, causando liberação de um grande reservatório dodenominado Ca2+ de ativação no citosol. O aumento do Ca2+ citosólico inicia a contração das miofibrilas. O sarcômero é a unidade funcional da miofibrila.Cada sarcômero consiste em bandas interdigitadas de actina e miosina. Essas bandas formam estruturas distintas ao microscópio eletrônico. As bandas Acorrespondem a regiões de superposição da actina e miosina. As linhas Z demarcam as bordas de cada sarcômero. As bandas I estendem-se entre sarcômerosadjacentes e correspondem a regiões da actina sem superposição da miosina. Durante a contração do miócito cardíaco, as bandas I tornam-se mais curtas(isto é, as linhas Z aproximam-se uma da outra), porém as bandas A mantêm um comprimento constante.
Regulação da contratilidade cardíaca por receptores -adrenérgicos. Os receptores -adrenérgicos aumentam a contratilidade dosmiócitos cardíacos mas também intensificam o relaxamento. A ligação de umagonista endógeno ou exógeno aos receptores 1-adrenérgicos na superfíciedos miócitos cardíacos induz as proteínas G a ativar a adenilil ciclase, quepor sua vez catalisa a conversão do ATP em cAMP. O cAMP ativa múltiplasproteinocinases, incluindo a proteinocinase A (PKA). A PKA fosforila e ativa oscanais de Ca2+ do sarcolema, portanto, aumenta a contratilidade dos miócitoscardíacos. A PKA também fosforila a fosfolamban. A bomba de SERCA tornase desinibida e bombeia o Ca2+ para o interior do retículo sarcoplasmático;a taxa aumentada de seqüestro de Ca2+ intensifica o relaxamento dosmiócitos cardíacos. O cAMP é convertido em AMP pela fosfodiesterase, comconseqüente término das ações mediadas pelos receptores 1-adrenérgicos.A fosfodiesterase é inibida pela anrinona, um fármaco que pode ser utilizadono tratamento da insuficiência cardíaca
Regulação do fluxo de Ca2+ no miócito cardíaco. A. Durantea contração: 1. O Ca2+ extracelular penetra no miócito cardíaco através doscanais de Ca2+ no sarcolema. 2. Esse Ca2+ desencadeante induz a liberaçãode Ca2+ do retículo sarcoplasmático para o citosol (a denominada liberação deCa2+ induzida por Ca2+). 3. O aumento do Ca2+ citosólico facilita a contraçãodas miofibrilas. B. Durante o relaxamento: 4. O trocador de Na+/Ca2+ (NCX)remove o Ca2+ do citosol, utilizando o gradiente de Na+ como força impulsora.5. A Na+/K+-ATPase mantém o gradiente de Na+, mantendo, assim, o miócitocardíaco hiperpolarizado. 6. A Ca2+-ATPase do retículo sarcoendoplasmático(SERCA) na membrana do retículo sarcoplasmático é tonicamente inibida pelafosfolamban. A fosforilação da fosfolamban pela proteinocinase A (PKA) retiraa inibição da Ca2+-ATPase, permitindo o seqüestro do Ca2+ citosólico no retículosarcoplasmático
Relação estrutura atividade dos fármacos adrenérgicos; Fármacos simpatomiméticos ação direta; Efeitos dos agonistas de receptores adrenérgicos: Musculo Liso, Coração, Metabolismo e outros; Agonistas seletivos; Fármacos adrenérgicos
Mecanismo inotrópico positivo da digoxina. 1. A digoxina liga-seà Na+/K+-ATPase, inibindo-a. A extrusão diminuída de Na+ (setas tracejadas)leva a um aumento na concentração de Na+. 2. O aumento do Na+ intracelulardiminui a força propulsora para o trocador de Na+/Ca2+ (setas tracejadas),resultando em extrusão diminuída de Ca2+ do miócito cardíaco para o espaçoextracelular e em concentração citosólica aumentada de Ca2+. 3. A seguir, aquantidade aumentada de Ca2+ é bombeada pela SERCA Ca2+-ATPase (setagrande) no retículo sarcoplasmático, criando um aumento efetivo de Ca2+,disponível para liberação durante contrações subseqüentes. 4. Durante cadacontração, a liberação aumentada de Ca2+ pelo retículo sarcoplasmático levaa um aumento da contração das miofibrilas e, portanto, a um aumento doinotropismo cardíaco.
Além de seus efeitos sobre a contratilidade do miocárdio,a digoxina exerce efeitos autônomos através de sua ligação abombas de sódio nas membranas plasmáticas dos neurôniosno sistema nervoso central e sistema nervoso periférico. Essesefeitos consistem em inibição do efluxo nervoso simpático,
sensibilização dos barorreceptores e aumento do tônus parassimpático (vagal). A digoxina também altera as propriedadeseletrofisiológicas do coração através de uma ação direta sobre osistema de condução cardíaca.