2. Texto de referência
MAZOYER, Marcel e ROUDART, Laurence.
História das agriculturas no mundo: do neolítico
à crise contemporânea. São Paulo/Brasília,
UNESP/NEAD, 2010. (cap.8, p.353-396)*
3. Teoria dos Sistemas Agrários: uma
abordagem sistêmica
• Analisa e concebe um objeto complexo em
termos de sistema (um todo), delimitando-o, ou
seja, traçando uma fronteira entre o objeto e o
que lhe é externo.
• Analisa o funcionamento do sistema como uma
combinação de funções interdependentes e
complementares, que asseguram as trocas
internas e as relações com o exterior (de matéria,
de energia...)
4. SISTEMAS AGRÁRIOS
• Constitui um complexo sistema social produtivo
(ou sistema técnico, econômico e social) que
envolve os seguintes elementos: força de
trabalho (saber), meios de produção (meios
materiais inertes - como equipamentos e
instrumentos -, e matéria viva).
• Ecossistema cultivado (ou agroecossistema)
constitui um de seus subsistemas.
5. Sistema Social Produtivo
• O sistema de produção de um estabelecimento
agrícola se define pela combinação (a natureza e as
proporções) de suas atividades produtivas e de seus
meios de produção.
• A categoria social de um estabelecimento se define
pelo estatuto social de sua mão-de-obra (familiar,
assalariada, cooperativa, escrava, serviçal), pelo
estatuto do agricultor e pelo seu modo de acesso à
terra (livre acesso às terras comunais, reserva
senhorial, posses servis, exploração direta, parceria,
arrendamento...) e pela dimensão do estabelecimento
agrícola.
6. Sistema Social Produtivo
• O sistema social produtivo de um sistema
agrário corresponde a uma combinação
particular de um número limitado de tipos de
estabelecimentos, definidos técnica,
econômica e socialmente.
7. Ecossistema Cultivado
• Possui uma organização, é composto por vários
subsistemas complementares e proporcionados,
por exemplo, as hortas, as terras cultiváveis, os
campos de ceifa, as pastagens e as florestas.
Obs: Trajetória da Agricultura
espécies selvagens espécies
domésticas espécies engenheiradas
8. Ecossistema Cultivado
• Seu funcionamento pode ser decomposto, por
sua vez, em várias funções:
- função de desmatamento e de contenção da
vegetação selvagem (derrubada-queimada,
aração manual ou com arado, tratamento para
eliminar ervas invasoras...);
- função de renovação da fertilidade (pousio de
longa e de curta duração, estrume, dejeções
animais, adubos minerais...);
- condução dos cultivos (rotações, itinerários
técnicos, operações culturais...)
9. Ecossistema Cultivado
• Essas funções, que asseguram a circulação
interna de matéria e de energia no ecossistema
cultivado, se abrem igualmente a trocas
exteriores mais ou menos importantes com
ecossistemas próximos ou longínquos.
• A isso se relaciona o modo de renovação ou
reprodução da fertilidade (questão central para
a teoria dos sistemas agrários).
SOLO produção e reprodução da fertilidade
11. Noções básicas de Pedologia
• Processos ativos na formação do solo:
solubilização, nitrificação, decomposição
(humificação e mineralização), formação de
agregados ou grumos do solo (complexo
argilo-húmico), migração de elementos finos
(drenagem, lixiviação, evaporação)
• Características: textura e estrutura do solo,
porosidade e humidade
12. Noções básicas de Pedologia
• A fertilidade húmica e mineral de um solo cultivado é
facilitada, inicialmente, pelo clima, pela rocha-mãe e
pelo povoamento original, mas essa fertilidade não
está assegurada para sempre.
• A fertilidade do solo pode ser mantida em nível
constante desde que ele receba quantidades de
matérias orgânicas e minerais suficientes para
compensar ao mesmo tempo as perdas de húmus por
mineralização e as perdas minerais por drenagem,
lixiviação, por desnitrificação e pelas colheitas.
13. Fertilidade como variável histórica
• A partir do momento em que um solo é cultivado, sua
fertilidade se torna uma variável histórica,
amplamente influenciada pelos sistemas agrários que
se sucedem.
• Um sistema agrário não pode se desenvolver e durar se
a fertilidade das terras cultivadas não for mantida em
um nível suficiente para garantir, sustentavelmente, as
colheitas necessárias para a população.
14. Fertilidade como variável histórica
• Existem poucos solos como os solos negros (tchernozems)
ou solos siltosos (loess) pouco lixiviados, nos quais a
mineralização da rocha-mãe e a fixação de nitrogênio do ar
parecem permitir produzir indefinidamente colheitas
suficientes para suprir as necessidades da população.
A todo o sistema agrário (durável e expandido)
corresponde, portanto, necessariamente, um
método ou modo eficaz de renovação da
fertilidade.
16. Reprodução da Fertilidade
• A fertilidade global de um ecossistema
corresponde à sua capacidade em produzir de
modo durável a biomassa vegetal.
• A fertilidade útil é medida pela sua
capacidade de produzir de forma sustentável
matérias orgânicas vegetais úteis ao homem
ou aos animais domésticos, que são as
colheitas.
17. Produção da matéria orgânica
• A matéria orgânica é primeiro produzida pelas plantas
por meio do processo de fotossíntese e tem como
origem a combinação de água, retirada do solo pelas
raízes, e de gás carbônico do ar absorvido pelas folhas.
• As plantas se nutrem principalmente da água obtida do
solo por suas raízes e do gás carbônico do ar absorvido
pelas folhas e nutrem-se também de minerais variados
que elas absorvem pelas raízes sob forma de sais em
solução na água do solo.
• A água representa 80% do peso das plantas. Ela
captura e veicula todas as outras substâncias orgânicas
e minerais que constituem a matéria seca, ou
biomassa em sentido estrito.
18. Produção da matéria orgânica
• Uma parte da matéria orgânica proveniente da
fotossíntese fornece às plantas, assim como aos
animais, a energia necessária a sua subsistência e
a sua reprodução.
• Com sua morte, as substâncias orgânicas se
acham na forma de matéria orgânica morta, ou
cama, mais ou menos dispersa sobre o solo. A
cama se decompõe utilizando oxigênio e
liberando água, gás carbônico e sais minerais.
19. Um ecossistema está em equilíbrio
quando a quantidade de matéria orgânica
produzida a cada ano pela fotossíntese é
igual à quantidade de matéria orgânica
destruída pela respiração e pela
decomposição do leito. Um ecossistema
estável não “cria” nem “perde” nada, mas
recicla tudo.
20. Dinâmica dos Sistemas Agrários:
Desenvolvimento Desigual e Contraditório
Cada sistema agrário é a expressão teórica de um tipo de
agricultura historicamente constituído e geograficamente
localizado. Ele é composto de um ecossistema cultivado e
de um sistema social produtivo, que permite explorar
sustentavelmente a fertilidade do ecossistema cultivado
correspondente.
-O sistema produtivo é caracterizado pelo tipo de
instrumento e de energia utilizado para transformar o
ecossistema, para renovar e para explorar sua fertilidade.
-O tipo de instrumento e de energia utilizados é, por sua
vez, condicionado pela divisão do trabalho que predomina
na sociedade da época.
21. Sistemas Agrários na Antiguidade
• OS SISTEMAS AGRÁRIOS COM ALQUEIVE E CULTIVO COM
TRAÇÃO LEVE DAS REGIÕES TEMPERADAS tiveram origem
nos Sistemas de Cultivo Temporários de Derrubada-queimada
que ocupavam o meio arborizado dessas regiões
desde a época neolítica.
• Por volta do ano 1000 a.C., essas regiões conheceram a
Revolução Agrícola Antiga. Os sistemas de cultivo com
alqueive e tração leve tornaram novamente exploráveis essas
regiões que haviam sido tão desmatadas e degradadas que
não podiam mais ser exploradas pelo sistema de derrubada-queimada.
22. Antiguidade: Tração Leve e Arado
Escarificador
Modelo de arado com dois homens e dois bois
Reino Médio (cerca de 2.000 aC)
Col. Agrícola Museu do Cairo Antigo - Inv. N º 1457
Foto do Boistesselin Arnaud
www.museum.agropolis.fr/pages/expos/egypte/fr/museum_cairo/items/model_plough.htm
Arado escarificador
Tunísia, Século XX
Col. Labouesse Francis, Agropolis Museum -
Inv. 94.5.1.1 e 1.2
www.museum.agropolis.fr/pages/expos/fresque/zm_mod7.htm
23. Sistemas Agrários na Antiguidade
Funcionamento dos Sistemas de Cultivo com Alqueive e
Tração Leve: rotação bienal do cultivo de cereais com o
alqueive herbáceo
• Cultivava-se um cereal de inverno (semeado no
outono e colhido no verão do ano seguinte) que
ocupava a parcela durante cerca de nove meses. Após
a colheita, o alqueive era realizado durante quinze
meses, do fim do verão até o outono do ano seguinte.
• ALQUEIVE: pousio herbáceo de curta duração, “terra
lavrada não semeada”.
25. O alqueive e suas funções
• O alqueive corresponde à prática de manter uma terra de
cultivo em rotação, não semeada durante vários meses, mas
submetida ao pastoreio dos animais domésticos e arada.
• O período de alqueive é utilizado para realizar uma série de
operações combinadas destinadas a colocar o solo em estado
de produzir uma nova colheita.
• Essas operações têm duas funções: a primeira consiste em
renovar a fertilidade do solo, levando-lhe matéria orgânica; a
segunda consiste em livrá-lo das ervas adventícias, que
tendem a se proliferar durante todo o tempo de alqueive.
26. Sistemas Agrários na Idade Média
• OS SISTEMAS AGRÁRIOS COM ALQUEIVE E CULTIVO COM
TRAÇÃO PESADA DAS REGIÕES TEMPERADAS FRIAS
(introdução dos campos de ceifa e da estabulação,
possibilitados por uma melhor atrelagem e pelo
desenvolvimento do arado tipo charrua)
• A foice, as carretas, o arado charrua, o feno, a estabulação
do gado durante a estação fria, o emprego da estrumação e
toda uma série de meios e de práticas complementares
eram conhecidos no Ocidente desde a Antiguidade ou da
alta Idade Média. Mas foi apenas na Idade Média central –
dos séculos XI ao XIII – que os sistemas com alqueive e
tração pesados tiveram amplo desenvolvimento no norte
da Europa
27. Arado tipo charrua
Arado tipo charrua
Implemento agrícola tracionado
no qual a lâmina de corte
(constituída de uma ou mais
“aivecas” ou “discos” metálicos)
é posicionada assimetricamente
em relação ao eixo ou estrutura
principal do equipamento.
Assim, o arado realiza um
trabalho de solo com maior
profundidade, produzindo leivas
e torrões de solo que são
revirados
29. Sistemas Agrários na Idade Média
• Em rotação trienal, o cereal de inverno, que durava nove
meses, era seguido de um pequeno alqueive de oito
meses, ao qual sucedia um cereal de primavera de
quatro meses ou de três meses. Enfim, um grande
alqueive de quinze meses completava a rotação.
30. Rotação Afolhamento
Folha n.1 Folha n.2 Folha n. 3
1º. ano grande alqueive cereal de inverno cereal de primavera
2º. ano cereal de inverno cereal de primavera grande alqueive
3º. ano cereal de primavera grande alqueive cereal de inverno
O afolhamento correspondente a esta nova rotação podia ser
representado da seguinte maneira:
Rotação de 3 anos
agosto.......outubro novembro.......julho agosto.......março abril.......julho
grande alqueive cereal de inverno pequeno alqueive cereal de primavera
15 meses 9 meses 8 meses 4 meses
31. SISTEMAS AGRÁRIOS NA TRANSIÇÃO
PARA A MODERNIDADE
PRIMEIRA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA DA MODERNIDADE
• Difusão de sistemas agrários ditos “sem pousio”: o
Alqueive é substituído por pastagens artificiais de
gramíneas ou de leguminosas forrageiras, ou ainda por
“plantas mondadas” forrageiras.
• Novas rotações: as forragens passam a se alternar com
os cereais e as terras cultiváveis passam a produzir
tanto forragem quanto pastagens e os campos de ceifa.
Também são introduzidos outros cultivos, mais
exigentes – plantas mondadas alimentares e plantas
industriais.
32. PRIMEIRA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA DA
MODERNIDADE
• Aumento dos rebanhos, com o aumento dos produtos
de origem animal, força de tração e esterco.
Os novos sistemas produziram pelo menos 2 vezes mais
que os precedentes e permitiram alimentar uma
população total bem maior. Como os excedentes da
produção foram obtidos com muito pouco investimento
e trabalho suplementar, resultaram num forte aumento
da produtividade do trabalho e do excedente agrícola. A
partir do fim do séc. XIX, mais da metade da população
ativa dos países industrializados pôde dedicar-se a
atividades não agrícolas (Mazoyer e Roudart, 2001, 354).
33. Porém o novo sistema levou tempo
para se propagar. Por quê?
34. • “A lentidão dessa progressão não pode ser explicada
por razões técnicas. Os verdadeiros obstáculos ao
desenvolvimento dessa nova revolução agrícola eram
outros. Na verdade, enquanto os obstáculos jurídicos,
como o direito de livre pastejo nos alqueives e de
afolhamento obrigatório, não fossem banidos pela
instauração do direito de propriedade exclusiva e do
direito de usar livremente as terras cultivadas, o cultivo
dos alqueives não seria possível. Enquanto os
resquícios de servidão, as obrigações e as taxas
feudais não fossem abolidas, os camponeses
massacrados pelos encargos não teriam a possibilidade
de lançar-se num tal desenvolvimento (Mazoyer e
Roudart, 2001, 354).”
35. PRIMEIRA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA DA
MODERNIDADE
• Estrutura social agrária herdada das reformas
nas leis:
- estabelecimentos em modo de exploração
direto, em arrendamento e parceria
- estabelecimentos agrícolas com assalariados
e estabelecimentos agrícolas familiares
36. Qual a relação entre a nova revolução
agrícola e o desenvolvimento
industrial, comercial e urbano
observado entre os séculos XVI ao XIX?
37. 1. O NASCIMENTO DA NOVA
AGRICULTURA
• A NOVA “FRONTEIRA” AGRÍCOLA a ser explorada
após a conquista de regiões mais frias: as áreas de
ALQUEIVE.
Antiga rotação trienal com alqueive
Ano 1 Ano 2 Ano 3
agosto.........outubro novembro.........julho agosto.........março abril.........julho
grande alqueive cereal de inverno pequeno alqueive cereal de primavera
15 meses 9 meses 8 meses 4 meses
Nova rotação trienal “sem alqueive”
pastagens artificiais cereais de inverno cultivo de forrageira
“furtiva” de outono
cereal de primavera
38. 1. O NASCIMENTO DA NOVA
AGRICULTURA
• A nova rotação produz tanta forragem quanto
as pastagens e os campos de ceifa juntos.
• O rebanho pode dobrar de tamanho, da
mesma forma a produção de esterco.
39. “(...) a primeira revolução agrícola não consistiu na
busca do aumento imediato da produção alimentar
substituindo diretamente o alqueive por um cultivo
de grãos destinados ao consumo humano, mesmo
sendo este cultivo o de planta leguminosa ou de
planta “mondada”. Consistiu, isso sim – e aí está seu
diferencial –, em buscar indiretamente o aumento dos
rendimentos cerealíferos, substituindo os alqueives
por cultivos de forrageiras que permitissem
desenvolver a criação e a produção de esterco
(Mazoyer e Roudart, 2001, 359).”
40. 1. O NASCIMENTO DA NOVA
AGRICULTURA
• A primeira revolução agrícola deu um passo à
frente no sentido de uma integração cada vez
mais estreita do cultivo com a criação.
• Mais produtivos em forragem, em gado, em
esterco e, enfim, mais produtivos em grãos e
outros produtos alimentares do que os
sistemas com alqueive, os novos sistemas
sem alqueive finalmente se diversificaram.
41. 2. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
DOS SISTEMAS SEM ALQUEIVE
Um modo de renovação da fertilidade mais
eficaz que o antigo sistema. Por quê?
42. 2. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
DOS SISTEMAS SEM ALQUEIVE
• Maior transferência de fertilidade, maior
retenção e absorção dos minerais dada a
melhor absorção da solução do solo:
43. “(...) nas novas rotações, as pastagens artificiais e as
plantas “mondadas” forrageiras que substituíam o
alqueive se desenvolviam rapidamente, num terreno
bem-preparado para esse fim. Suas raízes estendiam-se
em largura e em profundidade, exploravam intensamente
a solução do solo e absorviam grandes quantidades de
minerais fertilizantes, que escapavam assim à drenagem e
à desnitrificação. São precisamente esses minerais
subtraídos às perdas por drenagem e por desnitrificação,
incorporados à biomassa das novas forragens e
consumidos no estábulo por um rebanho crescente que
se encontravam essencialmente no esterco suplementar
assim produzido (Mazoyer e Roudart, 2001, 361).”
44. 2. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
DOS SISTEMAS SEM ALQUEIVE
• Redução da lixiviação
• Adubação verde
• Uso do esterco
(Fosse proveniente do adubo verde, fosse do
esterco, a quantidade suplementar de matéria
orgânica enterrada cada ano levava, num prazo
longo, a um aumento significativo do teor do solo
em húmus.)
• Plantio de plantas leguminosas
45. A RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO
AGRÍCOLA E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
• A RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO AGRÍCOLA E
CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO não é simples e
unívoca, mas ao contrário, uma relação
contraditória e mutável, conforme as
condições do desenvolvimento agrícola.
46. • “Não concluímos, como Malthus (1992), que, sem a
limitação voluntária de nascimentos, a população aumente
muito mais depressa que a produção. Na verdade, quando o
conjunto das condições necessárias ao desenvolvimento
rápido de um novo sistema mais produtivo encontra-se
reunido, a produção agrícola pode muito bem aumentar
mais rapidamente que a população (isto é, a produtividade
do trabalho agrícola aumenta), e então o excedente agrícola
aparece, o que permite à população aumentar, além de
ainda melhorar sua alimentação e desenvolver as atividades
não agrícolas e as cidades. Foi o que aconteceu durante os
séculos XI e XII no noroeste da Europa, com o
desenvolvimento do cultivo com tração pesada. E o que
acontecerá, conforme veremos no próximo capítulo, nos
séculos XVIII e XIX, com o desenvolvimento dos sistemas
sem alqueive (Mazoyer e Roudart, 2001, 351).”
47. GLOSSÁRIO:
Plantas mondadas: plantas cultivadas que, no decorrer do seu
ciclo vegetativo, prestam-se à destruição manual ou mecânica de
ervas adventícias intercalares.
Alqueive: Tendo em vista que a prática do “alqueive” pressupõe o
trabalho do solo (uma ou várias preparações do solo ao longo de
vários meses com vistas a incorporar resíduos agrícolas ou esterco
animal e controlar o desenvolvimento das ervas indesejáveis)
optou-se por descartar o termo “pousio” para designar esta
prática agrícola.
Pousio: o termo “pousio” será empregado para denominar, no
sistema de cultivo de derrubada-queimada, a prática agrícola que
consiste no abandono de uma parcela agrícola após um curto
período de cultivo, com vistas a permitir o estabelecimento de
uma vegetação espontânea local.