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1ª Edição
São Paulo
Instituto Biológico
2014
Governador do Estado
Geraldo Alckmin
Secretária de Agricultura e Abastecimento
Mônika Bergamaschi
Secretário Adjunto
Alberto José Macedo Filho
Chefe de Gabinete
Silvio Manginelli
Coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
Orlando Melo de Castro
Diretor Técnico de Departamento do Instituto Biológico
Antonio Batista Filho
Cleusa Maria Mantovanello Lucon
Alexandre Levi Rodrigues Chaves
Simone Bacilieri
1ª Edição
São Paulo
Instituto Biológico
2014
Elaboração:
CLEUSA MARIA MANTOVANELLO LUCON – Pesquisadora Científica do
Instituto Biológico (IB-APTA) – mantova@biologico.sp.gov.br
ALEXANDRE LEVI RODRIGUES CHAVES – Pesquisador Científico do Instituto
Biológico (IB-APTA) – chaves@biologico.sp.gov.br
SIMONE BACILIERI – Assistente Técnica de Pesquisa C&T do Instituto
Biológico (IB-APTA) – sbacilieri@biologico.sp.gov.br
Agradecimentos especiais:
Às empresas que gentilmente forneceram as informações de uso de suas
formulações comerciais para o controle de doenças em diversas culturas
vegetais. Ao engenheiro agrônomo José Augusto Maiorano (CATI/SAA)
pela revisão e sugestões. Às biólogas Laura Bononi, Patricia Elias Haddad,
Verônica Nogueira da Silva e Marta Alves Moitinho pelas sugestões
apresentadas.
Ilustrações: Alexandre Levi Rodrigues Chaves
Colorações: Labali
Diagramação e impressão: Gráfica Multipress Ltda.
Revisão de texto: Simone Bacilieri
Tiragem: 2.000 exemplares / Junho 2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Núcleo de Informação e Documentação – IB
Lucon, Cleusa Maria Mantovanello.
Trichoderma: o que é, para que serve e como usar corretamente na
lavoura./[editado por] Cleusa Maria Mantovanello Lucon ; ilustração
Alexandre Levi Rodrigues Chaves ; revisão Simone Bacilieri.
--São Paulo, 2014.
28p. :il
ISBN 978-85-88694-12-5
1. Trichoderma 2. Controle biológico I.Lucon, Cleusa Maria Man-
tovanello II. Chaves, Alexandre Levi Rodrigues III.Bacilieri, Simone
IV. Título.
IB/Bibl./2014/001
Sumário
Apresentação.................................................................1
Introdução....................................................................2
Conceitos e definições de controle biológico e
doença de planta............................................................3
Trichoderma como agente de controle biológico..................7
Como utilizar corretamente produtos à base
de Trichoderma............................................................ 12
Cuidados necessários, associação com outras
práticas e vantagens do uso de Trichoderma.................... 22
Outras informações importantes sobre bioprodutos
comerciais................................................................... 26
Literatura consultada.................................................... 27
APRESENTAÇÃO
Caro amigo, nesta publicação você irá encontrar
muitas informações importantes que o ajudarão a
conhecer melhor o fungo Trichoderma, bem como
utilizá-lo de forma adequada para que sejam obti-
dos os melhores resultados possíveis na sua lavoura.
Este fungo, como tantos outros organismos benéficos
comumente encontrados na natureza, tem um papel
fundamental na ciclagem de nutrientes e na nutrição
de plantas. Estas características, associadas à sua ca-
pacidade de colonizar bem o sistema radicular e pro-
teger as plantas contra vários patógenos, têm permi-
tido que ele se torne uma das principais estratégias
na atualidade para o manejo de doenças de diversas
culturas economicamente importantes. Não deixando
de mencionar que o aumento da utilização de Tri-
choderma tem contribuído para a redução do uso de
agrotóxicos e, por consequência, dos danos causados
por eles à saúde humana e ambiental. Portanto, con-
tribuindo para que a produção agrícola nacional seja
cada vez mais saudável e sustentável.
1
TRICHODERMA:
O QUE É, PARA QUE SERVE E
COMO USAR CORRETAMENTE NA LAVOURA
INTRODUÇÃO
A preocupação com o meio ambiente, o aumento da demanda por
alimentos mais saudáveis e as dificuldades encontradas no controle
químico de algumas doenças de culturas comercialmente importan-
tes têm feito com que os produtores busquem novas tecnologias
ecologicamente mais apropriadas e sustentáveis.
Dentre elas, a utilização de micro-organismos no controle bio-
lógico de doenças1
de plantas tem se destacado, pois colabora di-
retamente para a redução do uso de agrotóxicos nos sistemas de
cultivo convencional e integrado.
Fungos do gênero Trichoderma encontram-se entre os agentes
de controle biológico mais estudados e empregados na produção
agrícola mundial. Isto porque, além de possuírem grande potencial
para melhorar a sanidade e o desenvolvimento de plantas, não são
patogênicos ao homem e ao meio ambiente.
Embora nos últimos anos a disponibilidade de produtos comer-
ciais à base de Trichoderma tenha aumentado no Brasil, alguns en-
traves como a falta de produtos registrados junto ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a carência de in-
formações sobre esses agentes tem dificultado o crescimento deste
novo e promissor mercado.
Portanto, esta cartilha tem por objetivo fornecer informações de-
talhadas sobre Trichoderma, os diversos fatores que interferem no
seu desempenho e suas formas de utilização nas lavouras, visando
colaborar para a ampliação dos conhecimentos de todos os interes-
sados, principalmente dos produtores usuários, para que se possa
obter o máximo potencial de ação desses agentes na produção agrí-
cola nacional.
1
Doença é o mau funcionamento de alguma parte da planta (raízes, caule, folhas
ou sistema vascular), causado por um organismo patogênico (fungo, bactéria, ví-
rus, viroide, nematoide, micoplasma e espiroplasma) ou fator ambiental (tempera-
tura elevada e poluição) que leva ao desenvolvimento de sintomas visíveis (lesões,
podridões, murchas, entre outros).
2
1. Conceitos e definições de controle biológico e
doença de planta
De forma bem simples o controle biológico “é o controle de um
micro-organismo prejudicial às plantas (fitopatógeno2
) por um
micro-organismo benéfico (agente de controle biológico ou anta-
gonista3
)”.
O controle biológico ocorre rotineiramente nos ambientes naturais
(florestas e outros tipos de vegetação nativa) e menos frequente-
mente nos ambientes agrícolas (agroecossistemas), principalmente
nas lavouras convencionais.
2
Fitopatógeno: micro-organismo capaz de causar doença em planta(s).
3
Antagonista: organismo adversário ou inimigo do fitopatógeno.
3
Isto porque, ao contrário do que ocorre na natureza, nessas la-
vouras são realizados os cultivos de poucos tipos de plantas e a
aplicação rotineira de adubos químicos e agrotóxicos que destroem
completamente as relações de equilíbrio entre os diversos organis-
mos presentes (plantas, animais, micro-organismos, etc.) e o meio
ambiente. O desequilíbrio causado por essas práticas afeta direta-
mente a população de antagonistas naturais, deixando as plantas
desprotegidas contra os fitopatógenos que podem ser introduzidos a
qualquer momento nas áreas cultivadas, por exemplo, via semente,
mudas contaminadas, etc.
Por outro lado, nas lavouras manejadas de forma ecológica, co-
nhecidas popularmente como produção orgânica, as doenças prati-
camente não causam problemas aos agricultores porque os ambien-
tes se parecem mais com os naturais, portanto, os fitopatógenos
acabam sendo regulados naturalmente pelos antagonistas presen-
tes no ambiente.
4
Mas então doença só ocorre em lavouras comerciais?
Não, ela ocorre também na natureza, mas causa menos danos
às plantas quando comparada ao que ocorre nos campos cultivados
comercialmente, principalmente devido à baixa diversidade dos or-
ganismos vivos presentes.
É importante enfatizar que a doença é uma exceção e não a
regra, pois ela só ocorre quando o patógeno está presente no local
em quantidade suficiente, a planta está suscetível e as condições
ambientais (temperatura, umidade e pH) estão propícias ao seu
desenvolvimento. Entretanto, mesmo que estes três fatores sejam
favoráveis à ocorrência da doença, os danos às plantas podem ser
reduzidos pelos antagonistas naturalmente presentes no ambiente
ou, ainda, pelos que são introduzidos quando se faz a aplicação de
produtos biológicos (Figura 1).
Figura 1. Componentes da doença e interferência dos agentes de
controle biológico ou antagonistas presentes ou introduzidos no
ambiente.
Como fazer para aumentar o controle biológico na lavoura?
O produtor pode lançar mão de duas estratégias: controle bio-
lógico conservativo ou aumentativo.
No controle biológico conservativo o ambiente agrícola é mo-
dificado ou manipulado para preservar ou aumentar a população
dos Agentes de Controle Biológico (ACBs) que estão presentes no
ambiente. Neste caso, as técnicas de manejo incluem: aumento da
5
diversidade de plantas, pela manutenção ou introdução de plantas
que estimulem ou conservem os ACBs; modificação de fatores am-
bientais (pH, temperatura, umidade) para favorecer os ACBs natu-
rais; adição de fontes de alimentos suplementares (matéria orgâ-
nica) que estimulem o aumento da população de ACBs presentes
e outras práticas culturais, tal como o uso de produtos naturais de
controle seletivo de fitopatógenos.
Dentre as práticas mencionadas, a adição de matéria orgâni-
ca é a mais importante, pois, além de melhorar a estrutura do solo
e fornecer nutrientes para as plantas, favorece o aumento da po-
pulação de micro-organismos benéficos/ACBs, portanto, o controle
biológico de fitopatógenos.
No controle biológico aumentativo, os ACBs são produzidos
em grandes quantidades em laboratórios especializados e aplica-
dos em altas concentrações nas lavouras conduzidas de forma con-
vencional ou integrada, no local onde os fitopatógenos poderiam
se estabelecer. Um dos exemplos mais conhecidos no Brasil é a
aplicação de Trichoderma spp. – o fungo que é o assunto da
nossa conversa - nas culturas da soja e feijão para o controle do
mofo-branco.
6
4
Saprófita: organismo que se alimenta de matéria orgânica morta ou em
processo de decomposição.
2. Trichoderma como agente de controle biológico
Trichoderma é um fungo filamentoso, comumente chamado de
bolor ou mofo, de crescimento rápido e que produz colônias de co-
loração verde (Figura 2).
Devido ao grande potencial de suas espécies, pois são mais de
100 as conhecidas, esse fungo é utilizado rotineiramente em indús-
trias de papel, de alimentos, química, farmacêutica, têxtil e, mais
recentemente, na produção agrícola mundial para melhorar a sa-
nidade, o crescimento e a produtividade de diversas culturas de
importância econômica.
Pode ser encontrado em praticamente todos os tipos de solos,
embora mais frequentemente nos de regiões de clima temperado e
tropical, associado às raízes das plantas e à matéria orgânica morta.
Por ser saprófita4
, ajuda na decomposição dos resíduos vegetais e
animais. Estes, depois de decompostos, retornam ao solo e servem
de alimentos para as plantas. Por colonizar com facilidade solos e
raízes, o Trichoderma compete com os patógenos presentes, cola-
borando para que as plantas permaneçam saudáveis.
7
A B
Figura 2. Aparência das colônias de Trichoderma harzianum (A) e
T. asperellum (B) em meio de cultura BDA (batata-dextrose-agar).
(Foto: João Justi Junior)
Mas que tipo de doença de planta ele controla?
Principalmente as doenças causadas por fungos de solo, ou seja,
aquelas causadas por patógenos que passam a maior parte de seu
ciclo de vida neste ambiente e infectam raízes, a base dos caules
e o sistema vascular das plantas, causando podridões e murchas.
Dentre eles podem ser mencionados Fusarium, Rhizoctonia, Scle-
rotinia, Verticillium, Phytophthora, Pythium, Armillaria e Roselinia,
entre outros.
Veja abaixo a importância das doenças causadas por estes pa-
tógenos.
Algumas linhagens também são recomendadas para o controle
de patógenos que causam lesões e podridões em folhas, ramos,
caules, frutos e/ou flores, como é o caso de Botrytis cinerea que
causa o mofo cinzento em morango e plantas ornamentais.
Importância das doenças causadas por fitopatógeno de solo
na lavoura
Estas doenças estão entre as principais causas de redução na
produtividade das plantas cultivadas em todo o mundo, mas nem
sempre recebem a devida atenção como as doenças foliares. Elas
afetam principalmente as raízes, sendo o seu controle muito difícil,
pois os patógenos evoluíram com as plantas por milhões de anos e
estão altamente adaptados ao ambiente de solo e às plantas culti-
vadas. Alguns deles são capazes de sobreviver por muitos anos no
8
solo, tais como algumas espécies de Fusarium e Verticillium, impos-
sibilitando o cultivo de plantas suscetíveis em algumas regiões do
Brasil.
9
5
Escleródio: consiste de uma massa compacta de hifas entrelaçadas
que apresenta estrutura dura e resistente, de forma e tamanho variável
(Barbosa, 2008).
Como o Trichoderma controla esses patógenos?
Os mecanismos de ação utilizados por Trichoderma no controle
de patógenos de plantas são competição, antibiose, parasitismo e
indução de resistência.
Na competição o patógeno e o antagonista disputam os mes-
mos recursos para sobreviver. Estes recursos são principalmente
alimento e espaço. A competição entre o antagonista e o patógeno
no solo ou na superfície da raiz pode, por exemplo, impedir que as
estruturas de infecção do patógeno que estão presentes no solo en-
trem em contato com a planta para causar danos.
Na antibiose o antagonista produz uma ou mais substâncias que
inibem o crescimento ou a reprodução do fitopatógeno no ambiente
ou na planta.
No parasitismo o antagonista se alimenta do fitopatógeno, en-
fraquecendo ou causando a sua morte.
Algumas linhagens de Trichoderma, se aplicadas de forma pre-
ventiva, antes que o patógeno entre em contato com a planta, po-
dem agir como indutores de resistência em plantas, ou seja, um
tipo de “vacinação” contra diversos tipos de fitopatógenos (vírus,
bactérias e fungos). Isto ocorre porque as barreiras formadas pela
planta para evitar a entrada de micro-organismos indesejados não
são específicas contra um único organismo.
É importante salientar que um ou mais mecanismos de ação po-
dem ser utilizados ao mesmo tempo pelas linhagens de Trichoderma.
Quer dizer que ele pode curar minhas plantas quando elas
estiverem doentes?
Não, na verdade Trichoderma atua de forma preventiva e não
curativa. Isto é, a aplicação deve ser realizada antes que a doen-
ça apareça ou se alastre no campo. Embora, dependendo do fi-
topatógeno, existe a possibilidade do ACB ser aplicado depois da
ocorrência da doença para diminuir a concentração das estruturas
infectivas do patógeno que permanecem no solo em estado de
dormência. Assim, no próximo ciclo de cultivo de uma planta sus-
cetível ao patógeno, haverá redução do número de plantas doentes.
Um exemplo bem conhecido em que o Trichoderma é bastante uti-
lizado no controle da doença é o mofo branco da soja, causado pelo
fungo Sclerotinia sclerotiorum, cujos escleródios5
permanecem
10
em repouso no solo por cerca de 10 anos (Figura 3). Quando isso
ocorre, sempre que o local infestado com os escleródios é semeado
com plantas suscetíveis (soja, feijão, algodão e girassol) e as con-
dições ambientais se encontram favoráveis, o patógeno “acorda” e
volta a causar prejuízos ao produtor. Portanto, é muito importante
que estas estruturas infectivas sejam eliminadas de alguma forma.
Recomenda-se, neste caso, que os produtos à base de Trichoderma
sejam aplicados na palhada.
Figura 3. Solo contaminado com escleródios de Sclerotinia sclerotio-
rum, agente causador do mofo branco. (Foto: João Justi Junior)
	
O que mais ele faz além do controle de doenças?
Bom, ele pode melhorar o crescimento e a produtividade de plan-
tas na sua lavoura. Isto porque, alguns cientistas perceberam que a
colonização de plantas por Trichoderma, frequentemente, está as-
sociada a aumentos no crescimento e desenvolvimento do sistema
radicular; na produtividade das culturas e na resistência das plantas
a estresses causados por fatores ambientais, sendo que os efeitos
mais significativos do fungo foram observados em solos pobres. Ra-
ízes mais desenvolvidas proporcionam um melhor aproveitamento
da água e uma maior absorção de nutrientes minerais do solo. Já
os ácidos produzidos pelo fungo colaboram diretamente para a so-
lubilização de fosfatos, micronutrientes e alguns minerais, incluindo
ferro, manganês e magnésio. Além disso, como participam da de-
composição da matéria orgânica no solo, aumentam a quantidade
de nutrientes que podem ser absorvidos pelas raízes das plantas.
Algumas linhagens do fungo produzem, ainda, substâncias que po-
11
dem atuar como hormônios de crescimento de plantas e/ou induto-
res para a produção de hormônios vegetais.
Mas é importante lembrar que o efeito de Trichoderma na pro-
dutividade varia de acordo com a planta cultivada e a linhagem
introduzida, bem como com as práticas culturais adotadas pelo pro-
dutor que podem ou não favorecer o crescimento e sobrevivência
do fungo no local.
3. Como utilizar corretamente produtos à base de
Trichoderma
Os produtos à base de Trichoderma funcionam em todo o Brasil?
Posso recomendar para meus irmãos que moram no Rio Grande
do Sul e no Mato Grosso?
Embora as linhagens de Trichoderma sejam encontradas em
diversos ambientes terrestres, as que foram escolhidas para uso
na produção agrícola dependem de condições mais específicas
para atingirem seu máximo potencial de ação no controle de fi-
topatógenos.
Para a maioria das linhagens comercializadas no Brasil, a tem-
peratura ideal de crescimento é de 25±20
C; umidade de 60±10%,
pH entre 4,5-5,5 e concentração de matéria orgânica acima de 2%.
Entretanto, é importante mencionar que as linhagens de Trichoder-
ma são bastante tolerantes às amplas variações em todos esses
fatores, podendo atuar mesmo
quando as condições não sejam
consideradas as mais adequa-
das. Assim, cabe às empresas
responsáveis pelos bioprodu-
tos, formulados à base de Tri-
choderma, fornecerem as in-
formações quanto às faixas
de tolerância de seus agentes,
principalmente em relação à
temperatura, umidade e pH,
para que o produtor escolha
o produto mais apropriado às
suas necessidades e consiga
obter o resultado desejado.
Qual deles eu posso comprar para ter certeza que vai funcionar?
Para garantir a sua segurança e a efetividade do bioproduto, re-
12
comendo somente os que são registrados junto ao Ministério da
Agricultura. Isto porque um produto só recebe o número de registro
depois de passar por todos os testes obrigatórios, inclusive os toxi-
cológicos e de eficiência agronômica. Além disso, é muito importan-
te que a aplicação seja feita de acordo com as recomendações da
empresa, principalmente quanto à dosagem e época apropriadas.
Quero deixar claro que o produto biológico é diferente do produto
químico (agrotóxico), pois não é a quantidade de “princípio ati-
vo” (conídios viáveis6
ou unidades formadoras de colônia7
– Figura
4) contida no produto que garante a eficiência do controle da
doença na lavoura, mas sim a capacidade de ação que a li-
nhagem de Trichoderma possui. Em outras palavras, não adian-
ta ter bilhões de propágulos do fungo no produto se o agente não for
bom o suficiente para atuar no controle do fitopatógeno no campo.
Figura 4. Imagem de conídios viáveis e não viáveis ao microscópio
ótico, após 14 horas de crescimento em meio BDA (batata-dextro-
se-agar). (Fotos: Patricia E. Haddad)
Ah! Não se esqueça de verificar se o produto encontra-se dentro
do prazo de validade antes de abrir a embalagem. Outra coisa, qual-
quer dúvida em relação à qualidade do produto solicite à empresa
responsável ou ao seu fornecedor um laudo de algum laboratório
confiável que ateste que a concentração do fungo contido no produto
esteja de acordo com o que foi especificado no rótulo (número de
unidades formadoras de colônia ou conídios viáveis).
6
Conídios viáveis: células assexuadas produzidas por fungos que são
capazes de germinar e dar origem a um novo indivíduo.
7
Unidades formadoras de colônia: qualquer parte do fungo (hifa, coní-
dio ou clamidósporo) que dá origem a uma colônia.
13
Falando em concentração do fungo, dá para explicar melhor
como saber exatamente quanto tem de Trichoderma nas em-
balagens dos produtos comerciais? É bem mais difícil de en-
tender porque é diferente dos agrotóxicos que estou acostu-
mado a usar...
Claro que dá! É realmente bem diferente quando se trata de um
organismo vivo como princípio ativo. A quantificação tanto das uni-
dades formadoras de colônia (UFC) como de conídios viáveis
é fornecida em potência de base 10, notação científica que facilita
na hora de escrever quantidades muito grandes no rótulo, como
acontece no caso dos produtos biológicos. Portanto, quando encon-
trar no rótulo uma quantidade, por exemplo, de 2x109
de conídios
viáveis ou UFCs por grama ou mililitro do produto, significa que
dentro do pacote tem de 2.000.000.000 (dois bilhões) de estruturas
do fungo por grama ou mililitro do produto. É um montão, não é?
Esta notação científica é muito boa mesmo, mas às vezes confunde
o produtor... Por exemplo, sabia que 2x109
é o dobro de 1x109
? Isto
porque 1x109
é igual a 1.000.000.000 (um bilhão) e 2x109
é igual a
2.000.000.000 (dois bilhões). Não é incrível?
Mas preste atenção quando for comprar produtos à base de
Trichoderma!
Algumas empresas em seus rótulos fornecem a quantidade do
fungo em quilo ou litro e outras em grama ou mililitros, unidades de
peso e volume muito diferentes. Por exemplo, se em uma embala-
gem de um quilo tem 1x1012
estruturas do fungo, significa que em
um grama do produto há 1x109
partes do fungo, ou seja, 1 bilhão
delas. Já uma embalagem que tem 1x109
partes do fungo por quilo,
na verdade tem 1x106
estruturas do fungo por grama, ou seja, um
milhão delas.
Para assimilar melhor esta notação científica, veja na Tabela 1
outras quantidades escritas por extenso e depois em potência de
base 10. Observe que a quantidade de casas deslocadas é sempre
igual ao expoente da base 10.
14
Tabela 1. Escrevendo quantidades númericas em potência de base 10.
Quantidade de conídios ou UFC Quantidade em potência de base 10
1.000.000 1x106
13.000.000 1,3x107
100.000.000 1x108
2.400.000.000 2,4x109
10.000.000.000 1x1010
133.000.000.000 1,33x1011
1.000.000.000.000 1x1012
10.000.000.000.000 1x1013
	
Onde e como aplico esses produtos?
A aplicação dos produtos comerciais à base de Trichoderma pode
ser realizada em sementes ou outros materiais de propagação ve-
getal; diretamente no solo; em substratos para a produção de mu-
das; na parte aérea das plantas; em resíduos de culturas ou outros
substratos orgânicos; em frutos ou, ainda, nas plantas utilizadas na
rotação de culturas.
15
No tratamento de sementes deve-se prestar atenção na dosagem
para evitar a diminuição da germinação e do vigor das plantas. É
importante que o produtor saiba que, depois de tratar as sementes
com Trichoderma, elas devem ser plantadas de preferência no mes-
mo dia ou, dependendo da formulação utilizada, em até 48 horas.
Dependendo do tamanho da área e do tipo de formulação, líquida
ou sólida, a aplicação do bioproduto pode ser feita com pulverizado-
res costais, tratorizados, diversos sistemas de irrigação (fertirrigação,
aspersores, pivô, etc.), imersão em suspensão ou polvilhamento.
É essencial que a calda utilizada na aplicação seja mantida de
forma homogênea para garantir uma distribuição uniforme do ingre-
diente ativo na lavoura.
A vazão de aplicação dos equipamentos para os produtos biológi-
cos vai variar de acordo com o tipo de tratamento, por exemplo, no
sulco de plantio, ela pode variar de 30 a 80 L/ha e em pós-colheita
e pós-emergência, via barra, recomenda-se vazões superiores a 80-
100 L/ha.
16
Em que culturas posso usar e quanto aplico de produto para
controlar as doenças?
Produtos à base de Trichoderma têm sido aplicados em diver-
sas culturas importantes, tais como feijão, soja, milho, morango,
hortaliças, ornamentais, etc. As doses vão variar de acordo com o
produto comercial utilizado, já que cada um é composto por uma
linhagem específica em uma determinada concentração. Além disso,
vão variar de acordo com a cultura, forma de tratamento e doença
que o senhor deseja controlar.
Um exemplo clássico é a aplicação de Trichoderma na cultura da
soja para o controle de doenças causadas por patógenos de solo.
Para o controle da podridão radicular, causada por fungos como o
Fusarium spp. e Rhizoctonia solani, recomenda-se o tratamento das
sementes e para o controle do mofo branco, causado por Sclero-
tinia sclerotiorum, uma aplicação após a germinação e/ou na fase
de desenvolvimento do terceiro trifólio. Entretanto, em áreas com
alta incidência de escleródios de S. sclerotiorum no solo, podem ser
sugeridas, dependendo da empresa responsável pelo bioproduto,
outras aplicações antes do florescimento e fechamento da cultura;
na fase de pós-colheita, sobre a palhada, para reduzir os escleródios
presentes no solo que vão causar a doença no próximo ciclo da cul-
tura e, ainda, na cultura utilizada no sistema de rotação, tais como
feijão, girassol e algodão.
Atenção! Utilize sempre a dose recomendada pelo fabricante,
pois o aumento ou diminuição da quantidade recomendada pode
diminuir a eficiência do produto ou prejudicar, por exemplo, a ger-
minação de sementes quando elas são tratadas com uma concen-
tração elevada do bioproduto.
Dá para detalhar melhor como eu uso esses produtos?
Claro! Mas primeiro devemos explicar que no mercado brasileiro
existem poucos produtos registrados à base de Trichoderma. Eles
têm formulações diferentes que são as seguintes: suspensão con-
centrada (SC), granulado dispersível (WG), formulação oleosa (EC)
e pó molhável (WP).
Mas não se preocupe!Todos eles podem ser diluídos em água. O
que mais importa é que eles contêm diferentes linhagens de Tricho-
derma e quantidades do fungo que variam de 1,5x109
a 1x1010
uni-
dades formadoras de colônias (UFC) ou conídios/esporos viáveis por
grama ou mililitro do produto. Como já explicamos anteriormente
o significado dessas unidades, só vamos reforçar que as doses e as
formas de aplicação irão variar de acordo com o produto adquirido.
17
Tenho aqui comigo umas tabelas com as recomendações de apli-
cação de alguns dos fabricantes que possuem seus produtos regis-
trados junto ao MAPA. Vamos ver juntos?
Tabela 2. Informações sobre o uso da formulação WG à base de
Trichoderma sp. para o controle de doenças causadas por fitopató-
genos de solo, em diversas culturas.
Cultura
Formulação WG
Forma de
aplicação
Época e no
de
aplicações
Dose/
Aplicação
Soja
Tratamento de
sementes
Plantio (1)
0,5 g/kg a 1,0
g/kg
Soja Pulverização V2 e V4 (1 a 2) 100 g/ha
Soja Pulverização
Pós-colheita ou
Dessecação (1)
100 g/ha
Feijão Pulverização
Após a germinação e
10/15 dias depois (1 a 2)
100 a 200
g/ha
Milho
Tratamento de
sementes
Plantio 2 g/kg
Algodão
Tratamento de
sementes
Plantio 2 g/kg
Algodão
Pulverização ou
jato dirigido
Primeiros 40 dias (1 a 2) 100 g/ha
Algodão Pulverização
Pós-colheita ou
Dessecação (1)
100 g/ha
Girassol
Tratamento de
sementes
Plantio 2 g/kg
Girassol Pulverização Primeiros 40 dias (1 a 2) 150 g/ha
Girassol Pulverização
Pós-colheita ou
Dessecação (1)
100 g/ha
Alho/cebola Pulverização
Plantio, antes e
depois da diferenciação (3)
200 g/ha
Cenoura Pulverização Plantio, 25 e 40 dias (3) 150 g/ha
Tomate Pulverização
Plantio e após 25 e 50 dias
(2 a 3)
150 g/ha
Tomate Rega Badeja antes do plantio (1)
1 g/L 500 mL/
bandeja
18
Hidroponia Cada renovação reaplicar 750 g/1.000 L
Batata Sulco de plantio Plantio (1) 300 g/ha
Batata Pulverização Amontoa (1) 300 g/ha
Cana-de-
açúcar
Sulco de
plantio
Plantio (1)
200 a 300
g/ha
Banana
Tratamento de
mudas (por
imersão)
Plantio (1) 2 g/L de água
Banana Pulverização
Fase vegetativa
(de 30 em 30 dias)
200 a 300
g/ ha
Morango
Tratamento de
mudas (por
imersão)
Plantio
(de 30 em 30 dias)
2 g/L de água
Morango
Pulverização ou
gotejo
30 dias após o plantio
(de 30 em 30 dias)
200 g/ha
Tabela 3. Informações sobre o uso da formulação SC à base de
Trichoderma sp. para o controle de doenças causadas por fitopató-
genos de solo, em diversas culturas.
Cultura
Formulação SC
Forma de
aplicação
Época de aplicação
Dosagem
recomendada
Alface
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1 mL/bandeja
100 mL/1.000 m² transplante
100 mL/1.000 m² 15 -20 DAT
30-35 DAT
Alho
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Plantio, bulbo, durante
o desenvolvimento
100 mL/1000 m² Plantio
100 mL/1.000 m² 30-35 DAA
100 mL/1.000 m² 60-65 DAA
100 mL/1.000 m² 90-95 DAA
19
Continuação da Tabela 2
Cultura
Formulação WG
Forma de
aplicação
Época e no
de
aplicações
Dose/
Aplicação
Cultura
Formulação SC
Forma de
aplicação
Época de aplicação
Dosagem
recomendada
Cebola
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Plantio direto, bulbo,
durante o
desenvolvimento
100 mL/1.000 m²
Plantio direto ou bulbo
100 mL/1.000 m² 20-25 DAA
100 mL/1.000 m² 40-45 DAA
100 mL/1.000 m² 60-65 DAA
Banana
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
2 L/ha
manutenção 1 L/ha
60/60 dias
Berinjela
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1 mL /bandeja
100 mL/1.000 m² transplante
100 mL/1.000 m² 25-30 DAT
100 mL/1.000 m2
55-60 DAT
Beterraba
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
o,5 L/ha no preparo
do canteiro
0,5 L/ha no plantio
0,5 L/ha após raleio
Brássicas
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1 mL /bandeja
100 mL/1.000 m² transplante
100 mL/1.000 m² 20-30 DAT
100 mL/1.000 m2
40-50 DAT
Cenoura
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
0,5 L/ha no preparo do canteiro
0,5 L/ha no plantio
0,5 L/ha após raleio
Coco verde
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1ª aplicação: 2 L/ha
2ª aplicação: 30 DAA - 1 L/ha
3ª aplicação: 90 DAA - 1 L/ha
4 aplicação: 150 DAA - 1 L/ha
Manutenção: repetir a cada 3-4
meses 1 L/ha
Flores corte
e vaso
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1 mL /bandeja
100 mL/1.000 m² transplante
100 mL/1.000 m²
a cada 20 DAT
Flores
(bulbo)
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
Bulbo: 100 mL/1.000 m²
Berçário: 100 mL/100 m2
Desenvolvimento de bulbo: 100
mL/1.000 m2
Manutenção: 30/30 dias
100 mL/1.000 m²
Frutas de
caroço
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Muda, transplante,
durante o
desenvolvimento
Plantio: 10 mL/planta
30, 60, 90 DAP: 1 L/ha
Manutenção: 2 L/ha com
intervalo de 30 dias em épocas
chuvosas (verão)
20
Continuação da Tabela 3
Hidroponia
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1 mL/bandeja
100 mL/1.000 m²
a cada troca de solução
Morango
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1 mL /bandeja
100 mL/1.000 m² transplante
100 mL/1.000 m² 20-25 DAT
100 mL/1.000 m2
30-40 DAT
Pimentão
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
Muda: 100 mL/100 L
100 mL/1.000 m² transplante
100 mL/1.000 m² 20-40 DAT
100 mL/1.000 m2
60, 90, 120,
150 DAT
Melão/
melancia
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1 mL /bandeja
100 mL/1.000 m² transplante
100 mL/1.000 m² 20-25 DAT
100 mL/1.000 m2
30-40 DAT
Pepino
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1 mL /bandeja
100 mL/1.000 m² transplante
100 mL/1.000 m² 15-20 DAT
100 mL/1.000 m2
30-35 DAT
Pimenta-
do-reino
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
Plantio: 2 mL/planta
Manutenção: a cada 120 dias 2
mL/planta
Tomate
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Bandeja, transplante,
durante o
desenvolvimento
1 mL /bandeja
100 mL/1.000 m² transplante
100 mL/1.000 m² 20 - 30 DAT
100 mL/1.000 m2
40- 50 DAT
Soja
Tratamento de
sementes
Plantio 300 - 400 mL
Feijão
Tratamento de
sementes
Plantio 300 - 400 mL
Milho
Tratamento de
sementes
Plantio 300- 400 mL
Culturas
de inverno
(aveia, trigo,
centeio,
cevada)
Via sistemas
de irrigação,
costal, barra
tratorizada
Desenvolvimento
300- 500 mL,
após germinação
(10-15 cm de altura)
21
*** DAT - Dias Após Transplante***DAA - Dias Após Aplicação
Continuação da Tabela 3
Cultura
Formulação SC
Forma de
aplicação
Época de aplicação
Dosagem
recomendada
Tabela 4. Informações sobre o uso da formulação WP à base de
Trichoderma sp. para o controle de mofo branco.
Patógeno-alvo Culturas
Formulação WP
Forma de
aplicação
No
de
aplicações
Dose/
Aplicação
Sclerotinia
sclerotiorum
Todas que são
suscetíveis ao patógeno
Pulverização 1 a 2
150 a
250 g/ha
Tabela 5. Informações sobre o uso da formulação EC à base de
Trichoderma sp. para o controle de doenças causadas por fitopató-
genos de solo.
Patógeno-alvo Culturas
Formulação EC
Forma de
aplicação
Época e
no
de
aplicações
Dose/
Aplicação
Fusarium solani
f. sp. glycines
Soja Pulverização
Após a
semeadura
1000 mL/ha
Rhizoctonia
solani
Soja Pulverização
Após a
semeadura
1000 mL/ha
Sclerotinia
sclerotiorum
Soja Pulverização
Estágio V3
da planta
1200 mL/ha
Sclerotinia
sclerotiorum
Feijão Pulverização
Estágio V4
da planta
1000 mL/ha
4. Cuidados necessários, associação com outras
práticas e vantagens do uso de Trichoderma
Agora eu gostaria de saber o que pode atrapalhar o efeito de
Trichoderma na lavoura e quanto tempo ele sobrevive no solo?
A eficiência de um produto comercial à base de Trichoderma de-
pende primeiramente da capacidade do fungo nele contido crescer,
colonizar e sobreviver nos ambientes onde é aplicado. Porém, sa-
be-se que, após cerca de 30 dias, a população do agente introduzi-
do no solo diminui, tendendo a se estabilizar ou retornar à situação
original. O tipo de solo, teor de matéria orgânica, pH, temperatura,
quantidade de água, micro-organismos presentes, disponibilidade
de oxigênio e nutrientes influenciam diretamente no tamanho da
população e desempenho do fungo no controle da doença e na
produtividade da lavoura. O efeito de Trichoderma sobre os
22
patógenos e plantas também vai depender do potencial an-
tagônico da linhagem (o quanto ele consegue “brigar” com
o patógeno) e da quantidade de conídios ou outros tipos de
propágulos viáveis (micélio e escleródios) contidas no pro-
duto. Associados à tecnologia e época de aplicação do produto.
Não se esquecendo de mencionar a importância da suscetibilidade
da planta ao patógeno, a concentração de sua população no local
e a sua agressividade. Quanto maior a quantidade do patógeno no
local e mais favoráveis forem as condições ambientais, mais difícil
será para o antagonista controlar a propagação da doença na la-
voura. E não se esqueça! Luz ultravioleta e temperaturas inferiores
a 20ºC e superiores a 30ºC interferem negativamente na eficiência
do isolado.
Mas esses produtos biológicos funcionam mesmo?
Sim, desde que utilizados de forma correta. Embora, como
já falei anteriormente, o efeito desses produtos é preventivo e não
curativo como ocorre com agrotóxicos. O ideal é a aplicação dos bio-
produtos antes da entrada ou do estabelecimento do patógeno na
área, principalmente no plantio ou transplante das mudas.
É importante estar ciente que, por serem organismos vivos, exis-
tem anos em que as condições poderão estar bem mais favoráveis
aos patógenos do que aos agentes de biocontrole.
Por outro lado, caso sua lavoura já esteja infestada com uma
população relativamente alta do patógeno, o uso de agentes de bio-
controle pode proporcionar uma redução gradual da população do
patógeno de solo e, consequentemente, do número de plantas do-
entes no ano seguinte.
Onde e por quanto tempo posso guardar esses produtos an-
tes de aplicar?
Por conterem organismos vivos, os produtos devem ser armaze-
nados em locais frescos ou refrigerados. Embora a validade também
vá depender do tipo de formulação. A formulação suspensão con-
centrada emulsionável (SC), por exemplo, quando armazenada em
local fresco e abrigada do sol, possui um prazo de validade de
120 dias e em ambiente refrigerado de 180 dias. Já a formulação
grânulos dispersíveis em água (WG), quando as embalagens lacra-
das são armazenadas em ambiente apropriado, tem validade de 150
dias e sob refrigeração de 18 meses.
Mas não se esqueça! Os bioprodutos devem ser armazenados em
locais específicos, separadamente dos agroquímicos. Além disso,
independentemente do tipo de formulação, o armazenamento por
longos períodos em temperaturas superiores a 30o
C pode diminuir
consideravelmente a qualidade dos produtos biológicos.
23
Preciso usar EPI para fazer a aplicação de Trichoderma?
Sim, claro que precisa! Embora os produtos biológicos sejam
considerados mais seguros que os agrotóxicos, eles podem causar
alergias e infecções em pessoas imunodeficientes.
Assim, durante a manipulação, preparação de calda ou aplicação,
todos os EPIs (macacão com mangas compridas, capa ou avental
impermeável, óculos protetores, chapéu de abas largas, máscara
protetora especial provida de filtro, botas e luvas impermeáveis)
devem ser utilizados.
Outro cuidado importante, como já falamos anteriormente, é
sempre utilizar produtos registrados, pois eles passaram por di-
versos tipos de análise para comprovarem que são seguros e efi-
cientes antes de serem aprovados pelos órgãos oficiais de controle
e regulação: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Ins-
tituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Reno-
váveis (IBAMA).
Outra pergunta, posso aplicar Trichoderma junto com
químicos?
Sim, desde que o agrotóxico ou o fertilizante seja “compatí-
vel” com a linhagem de Trichoderma contida no produto. Portanto,
para não cometer nenhum erro que afete a eficiência do agente
de biocontrole, é importante que o produtor consulte a lista dos
produtos químicos compatíveis junto ao representante ou empresa
responsável.
Algumas empresas recomendam que o produto biológico seja o
último a ser aplicado para diminuir o tempo de contato com outros
produtos químicos, como é o caso do tratamento de sementes. Já
no campo, recomenda-se aplicar sempre com menos de 3 horas da
realização da mistura dos produtos, evitando-se o contato prolon-
gado de Trichoderma com o(s) agrotóxico(s) ou fertilizante(s). No
caso de produtos incompatíveis, recomenda-se que a aplicação seja
feita com intervalos de 3 a 5 dias, antes ou depois da entrada do(s)
produto(s) químico(s).
No caso de dúvidas deve-se entrar em contato com a empresa
responsável para que ela possa esclarecer ou, se feita a solicitação,
fazer o teste de compatibilidade de algum novo produto.
Quais as vantagens dos produtos biológicos?
Algumas das vantagens do uso do controle biológico são: re-
dução ou eliminação do uso de alguns dos agrotóxicos; redução
de exposição dos produtores e técnicos aos agrotóxicos; ausência
de resíduos nos alimentos; baixíssimo risco de poluição ambiental;
ausência de período de carência entre a liberação do agente de bio-
controle e a colheita.
24
Além disso, eles não causam resistência no patógeno como ocor-
re com os agrotóxicos e oferecem um período de tempo maior de
proteção das plantas contra as doenças. Isto porque, como são or-
ganismos vivos que co-evoluem com o patógeno, eles adaptam-se
às mudanças que ocorrem nos ambientes. Sem falar da capacidade
que possuem para colonizar o solo e as raízes das plantas, perma-
necendo no local de infecção mesmo quando o patógeno não está
presente ou se encontra em menor população.
Outra vantagem bastante interessante para o agricultor é o me-
lhor preço de mercado para alimentos produzidos sem ou com pou-
co agrotóxico, pois os consumidores estão cada vez mais conscien-
tes dos riscos que os resíduos químicos podem provocar à sua saúde
e à de seus familiares.
Quer dizer que eles são bons para o meio ambiente?
Sim, quando comparados ao controle químico, pois os bioprodu-
tos não são tóxicos ao meio ambiente, pois não poluem o ar, a água
e o solo. Além disso, têm menor impacto sobre a biodiversidade dos
agroecossistemas, quando comparados aos agrotóxicos. Estudos
recentes têm demonstrado a capacidade de algumas linhagens de
Trichoderma colaborar para a degradação de alguns tipos de molé-
culas de agrotóxicos no ambiente como, por exemplo, o fungicida
metalaxil e herbicidas do grupo das triazinas, contribuindo para a
eliminação destas moléculas no ambiente agrícola.
25
5. Outras informações importantes sobre bioprodutos
	 As bulas e rótulos devem conter as seguintes informações:
•	 Nome do fabricante/empresa responsável;
•	 Marca comercial do produto;
•	 Número do lote, data de produção e vencimento/validade do pro-
duto;
•	 Nome científico do agente biológico;
•	 Tipo de formulação, concentração e viabilidade dos propágulos
(UFC e/ou conídios viáveis);
•	 Indicação de uso aprovada para culturas e/ou fitopatógenos;
•	 Dose recomendada, forma de aplicação, duração do tratamento e
instruções de uso;
•	 Número e intervalos de aplicação;
•	 Período de carência;
•	 Modo de ação do ACB;
•	 Classificação do potencial de periculosidade ambiental;
•	 Compatibilidade com outras práticas culturais (p.ex.: uso de agro-
tóxicos e adubação química);
•	 Classe toxicológica, advertências, precauções de uso e recomen-
dações gerais quanto à saúde humana e ambiental;
•	 Formas de manipulação do produto;
•	 Condições de armazenamento e tempo de prateleira;
•	 Nome do órgão registrante, número e data do registro.
26
Literatura consultada
BARBOSA, S.R.C. Análise dos níveis de poligalacturonases e glucanases
expressas durante os processos de interação patogênica e saprofítica de
Sclerotinia sclerotiorum. 2008. 62f. Dissertação (Mestrado em Biologia)
– Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás, Goiânia-
-GO, São Paulo. 2008. Disponível em: http://portais.ufg.br/uploads/101/
original_diss_silvioRomero.pdf. Acesso em: 04 mai. 2013.
BETTIOL, W.; GHINI, R. Solos supressivos. In: Michereff, F.; Andrade,
D.E.G.T.; Menezes, M. (Eds.) Ecologia e manejo de patógenos radiculares
em solos tropicais. Recife: Imprensa Universitária da Universidade Federal
Rural de Pernambuco. 2005. p.125-152.
BROTMAN, Y.; GUPTA, K.J.; VITERBO, A. Trichoderma. Current Biology,
v.20, p.R390-R391, 2010.
CARVALHO, D.D.C.; MELLO, S.C.M.; LOBO JÚNIOR, M.; SILVA, M.C. Con-
trole de Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli in vitro e em sementes, e
promoção de crescimento inicial do feijoeiro comum por Trichoderma har-
zianum. Tropical Plant Pathology, v.36, p.28-34, 2011.
FONTENELLE, A.D.B.; GUZZO, S.D.; LUCON, C.M.M.; HARAKAVA, R. Gro-
wth promotion and induction of resistance in tomato plant against Xan-
thomonas euvesicatoria and Alternaria solani by Trichoderma spp. Crop
Protection, v.30, p.1492-1500, 2011.
FORTES, F. O.; SILVA, A. C. F.; ALMANÇA, M. A. K.; TEDESCO, S. B. Pro-
moção de enraizamento de microestacas de um clone de Eucalyptus sp.
por Trichoderma spp. Revista Árvore, v.31, p.221-228, 2007.
GÖRGEN, C.A.; SILVEIRA NETO, A.N. da; CARNEIRO, L.C.; RAGAGNIN,
V.A.; LOBO JUNIOR, M. Controle do mofo-branco com palhada e Tricho-
derma harzianum 1306 em soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.44,
p.1583-1590, 2009.
HARMAM, G.E.; HOWELL, C.R.; VITERBO, A.; CHET, I.; LORITO, M. Tricho-
derma species - opportunistic, avirulent plant symbionts. Nature Reviews
Microbiology, v.2, p.43-56, 2004.
LOBO JUNIOR, M.; BRANDÃO, R.S.; GERALDINE, A.G. Produtividade do
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27
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www.infobibos.com/Artigos/2009_1/trichoderma/index.htm. Acesso em:
04 mai. 2013.
LUCON, C.M.M. Trichoderma no controle de doenças de plantas causadas
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Trichoderma no Brasil: o fungo e o bioagente. Revista de Ciências Agrá-
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MICHEREFF, S. J.; ANDRADE, D. E. G. T.; MENEZES, M. Ecologia e mane-
jo de patógenos radiculares em solos tropicais. Michereff, S.J.; Andrade,
D.E.G.T.; Menezes, M. (Eds.). Recife: UFRPE, Imprensa Universitária,
2005. 398p.
PEDRO, E.A.S.; HARAKAVA, R.; LUCON, C.M.M.; GUZZO, S. D. Promoção
do crescimento do feijoeiro e controle da antracnose por Trichoderma spp.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.47, p.1589-1595, 2012.
RESENDE, M.L.; OLIVEIRA, J.A.; GUIMARÃES, R.M.; VON PINHO, R.G.;
VIEIRA, A. R. Inoculação de sementes de milho utilizando o Trichoderma
harzianum como promotor de crescimento. Ciência e Agrotecnologia, v.28,
p.793-798, 2004.
SILVA, V.N.; GUZZO, S.D.; LUCON, C.M.M.; HARAKAVA, R. Promoção de
crescimento e indução de resistência à antracnose por Trichoderma spp.
em pepineiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.46, p.1609-1618, 2011.
VINALE, F.; SIVASITHAMPARAM, K.; GHISALBERTI, E. L.; MARRA, R.;
BARBETTI, M. J.; LI, H.; WOO, S.L.; LORITO, M. A novel role for Tricho-
derma secondary metabolites in the interactions with plants. Physiological
and Molecular Plant Pathology, v.72, p.80-86, 2008a.
VINALE, F.; SIVASITHAMPARAM, K.; GHISALBERTI, E.L.; MARRA, R.;
WOO, S.L.; LORITO, M. Trichoderma-plant-pathogen interactions. Soil Bio-
logy and Biochemistry, v.40, p.1-10, 2008b.
YEDIDIA, I.; SRIVASTVA, A.K.; KAPULNIK, Y.; CHET, I. Effect of Trichoder-
ma harzianum on microelement concentrations and increased growth of
cucumber plants. Plant and Soil, v.235, p.235-242, 2001.
28
PATROCÍNIO
REALIZAÇÃO
ISBN 978-85-88694-12-5

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Cartilha sobre Trichoderma

  • 2. Governador do Estado Geraldo Alckmin Secretária de Agricultura e Abastecimento Mônika Bergamaschi Secretário Adjunto Alberto José Macedo Filho Chefe de Gabinete Silvio Manginelli Coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios Orlando Melo de Castro Diretor Técnico de Departamento do Instituto Biológico Antonio Batista Filho
  • 3. Cleusa Maria Mantovanello Lucon Alexandre Levi Rodrigues Chaves Simone Bacilieri 1ª Edição São Paulo Instituto Biológico 2014
  • 4. Elaboração: CLEUSA MARIA MANTOVANELLO LUCON – Pesquisadora Científica do Instituto Biológico (IB-APTA) – mantova@biologico.sp.gov.br ALEXANDRE LEVI RODRIGUES CHAVES – Pesquisador Científico do Instituto Biológico (IB-APTA) – chaves@biologico.sp.gov.br SIMONE BACILIERI – Assistente Técnica de Pesquisa C&T do Instituto Biológico (IB-APTA) – sbacilieri@biologico.sp.gov.br Agradecimentos especiais: Às empresas que gentilmente forneceram as informações de uso de suas formulações comerciais para o controle de doenças em diversas culturas vegetais. Ao engenheiro agrônomo José Augusto Maiorano (CATI/SAA) pela revisão e sugestões. Às biólogas Laura Bononi, Patricia Elias Haddad, Verônica Nogueira da Silva e Marta Alves Moitinho pelas sugestões apresentadas. Ilustrações: Alexandre Levi Rodrigues Chaves Colorações: Labali Diagramação e impressão: Gráfica Multipress Ltda. Revisão de texto: Simone Bacilieri Tiragem: 2.000 exemplares / Junho 2014 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Núcleo de Informação e Documentação – IB Lucon, Cleusa Maria Mantovanello. Trichoderma: o que é, para que serve e como usar corretamente na lavoura./[editado por] Cleusa Maria Mantovanello Lucon ; ilustração Alexandre Levi Rodrigues Chaves ; revisão Simone Bacilieri. --São Paulo, 2014. 28p. :il ISBN 978-85-88694-12-5 1. Trichoderma 2. Controle biológico I.Lucon, Cleusa Maria Man- tovanello II. Chaves, Alexandre Levi Rodrigues III.Bacilieri, Simone IV. Título. IB/Bibl./2014/001
  • 5. Sumário Apresentação.................................................................1 Introdução....................................................................2 Conceitos e definições de controle biológico e doença de planta............................................................3 Trichoderma como agente de controle biológico..................7 Como utilizar corretamente produtos à base de Trichoderma............................................................ 12 Cuidados necessários, associação com outras práticas e vantagens do uso de Trichoderma.................... 22 Outras informações importantes sobre bioprodutos comerciais................................................................... 26 Literatura consultada.................................................... 27
  • 6.
  • 7. APRESENTAÇÃO Caro amigo, nesta publicação você irá encontrar muitas informações importantes que o ajudarão a conhecer melhor o fungo Trichoderma, bem como utilizá-lo de forma adequada para que sejam obti- dos os melhores resultados possíveis na sua lavoura. Este fungo, como tantos outros organismos benéficos comumente encontrados na natureza, tem um papel fundamental na ciclagem de nutrientes e na nutrição de plantas. Estas características, associadas à sua ca- pacidade de colonizar bem o sistema radicular e pro- teger as plantas contra vários patógenos, têm permi- tido que ele se torne uma das principais estratégias na atualidade para o manejo de doenças de diversas culturas economicamente importantes. Não deixando de mencionar que o aumento da utilização de Tri- choderma tem contribuído para a redução do uso de agrotóxicos e, por consequência, dos danos causados por eles à saúde humana e ambiental. Portanto, con- tribuindo para que a produção agrícola nacional seja cada vez mais saudável e sustentável. 1
  • 8. TRICHODERMA: O QUE É, PARA QUE SERVE E COMO USAR CORRETAMENTE NA LAVOURA INTRODUÇÃO A preocupação com o meio ambiente, o aumento da demanda por alimentos mais saudáveis e as dificuldades encontradas no controle químico de algumas doenças de culturas comercialmente importan- tes têm feito com que os produtores busquem novas tecnologias ecologicamente mais apropriadas e sustentáveis. Dentre elas, a utilização de micro-organismos no controle bio- lógico de doenças1 de plantas tem se destacado, pois colabora di- retamente para a redução do uso de agrotóxicos nos sistemas de cultivo convencional e integrado. Fungos do gênero Trichoderma encontram-se entre os agentes de controle biológico mais estudados e empregados na produção agrícola mundial. Isto porque, além de possuírem grande potencial para melhorar a sanidade e o desenvolvimento de plantas, não são patogênicos ao homem e ao meio ambiente. Embora nos últimos anos a disponibilidade de produtos comer- ciais à base de Trichoderma tenha aumentado no Brasil, alguns en- traves como a falta de produtos registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a carência de in- formações sobre esses agentes tem dificultado o crescimento deste novo e promissor mercado. Portanto, esta cartilha tem por objetivo fornecer informações de- talhadas sobre Trichoderma, os diversos fatores que interferem no seu desempenho e suas formas de utilização nas lavouras, visando colaborar para a ampliação dos conhecimentos de todos os interes- sados, principalmente dos produtores usuários, para que se possa obter o máximo potencial de ação desses agentes na produção agrí- cola nacional. 1 Doença é o mau funcionamento de alguma parte da planta (raízes, caule, folhas ou sistema vascular), causado por um organismo patogênico (fungo, bactéria, ví- rus, viroide, nematoide, micoplasma e espiroplasma) ou fator ambiental (tempera- tura elevada e poluição) que leva ao desenvolvimento de sintomas visíveis (lesões, podridões, murchas, entre outros). 2
  • 9. 1. Conceitos e definições de controle biológico e doença de planta De forma bem simples o controle biológico “é o controle de um micro-organismo prejudicial às plantas (fitopatógeno2 ) por um micro-organismo benéfico (agente de controle biológico ou anta- gonista3 )”. O controle biológico ocorre rotineiramente nos ambientes naturais (florestas e outros tipos de vegetação nativa) e menos frequente- mente nos ambientes agrícolas (agroecossistemas), principalmente nas lavouras convencionais. 2 Fitopatógeno: micro-organismo capaz de causar doença em planta(s). 3 Antagonista: organismo adversário ou inimigo do fitopatógeno. 3
  • 10. Isto porque, ao contrário do que ocorre na natureza, nessas la- vouras são realizados os cultivos de poucos tipos de plantas e a aplicação rotineira de adubos químicos e agrotóxicos que destroem completamente as relações de equilíbrio entre os diversos organis- mos presentes (plantas, animais, micro-organismos, etc.) e o meio ambiente. O desequilíbrio causado por essas práticas afeta direta- mente a população de antagonistas naturais, deixando as plantas desprotegidas contra os fitopatógenos que podem ser introduzidos a qualquer momento nas áreas cultivadas, por exemplo, via semente, mudas contaminadas, etc. Por outro lado, nas lavouras manejadas de forma ecológica, co- nhecidas popularmente como produção orgânica, as doenças prati- camente não causam problemas aos agricultores porque os ambien- tes se parecem mais com os naturais, portanto, os fitopatógenos acabam sendo regulados naturalmente pelos antagonistas presen- tes no ambiente. 4
  • 11. Mas então doença só ocorre em lavouras comerciais? Não, ela ocorre também na natureza, mas causa menos danos às plantas quando comparada ao que ocorre nos campos cultivados comercialmente, principalmente devido à baixa diversidade dos or- ganismos vivos presentes. É importante enfatizar que a doença é uma exceção e não a regra, pois ela só ocorre quando o patógeno está presente no local em quantidade suficiente, a planta está suscetível e as condições ambientais (temperatura, umidade e pH) estão propícias ao seu desenvolvimento. Entretanto, mesmo que estes três fatores sejam favoráveis à ocorrência da doença, os danos às plantas podem ser reduzidos pelos antagonistas naturalmente presentes no ambiente ou, ainda, pelos que são introduzidos quando se faz a aplicação de produtos biológicos (Figura 1). Figura 1. Componentes da doença e interferência dos agentes de controle biológico ou antagonistas presentes ou introduzidos no ambiente. Como fazer para aumentar o controle biológico na lavoura? O produtor pode lançar mão de duas estratégias: controle bio- lógico conservativo ou aumentativo. No controle biológico conservativo o ambiente agrícola é mo- dificado ou manipulado para preservar ou aumentar a população dos Agentes de Controle Biológico (ACBs) que estão presentes no ambiente. Neste caso, as técnicas de manejo incluem: aumento da 5
  • 12. diversidade de plantas, pela manutenção ou introdução de plantas que estimulem ou conservem os ACBs; modificação de fatores am- bientais (pH, temperatura, umidade) para favorecer os ACBs natu- rais; adição de fontes de alimentos suplementares (matéria orgâ- nica) que estimulem o aumento da população de ACBs presentes e outras práticas culturais, tal como o uso de produtos naturais de controle seletivo de fitopatógenos. Dentre as práticas mencionadas, a adição de matéria orgâni- ca é a mais importante, pois, além de melhorar a estrutura do solo e fornecer nutrientes para as plantas, favorece o aumento da po- pulação de micro-organismos benéficos/ACBs, portanto, o controle biológico de fitopatógenos. No controle biológico aumentativo, os ACBs são produzidos em grandes quantidades em laboratórios especializados e aplica- dos em altas concentrações nas lavouras conduzidas de forma con- vencional ou integrada, no local onde os fitopatógenos poderiam se estabelecer. Um dos exemplos mais conhecidos no Brasil é a aplicação de Trichoderma spp. – o fungo que é o assunto da nossa conversa - nas culturas da soja e feijão para o controle do mofo-branco. 6
  • 13. 4 Saprófita: organismo que se alimenta de matéria orgânica morta ou em processo de decomposição. 2. Trichoderma como agente de controle biológico Trichoderma é um fungo filamentoso, comumente chamado de bolor ou mofo, de crescimento rápido e que produz colônias de co- loração verde (Figura 2). Devido ao grande potencial de suas espécies, pois são mais de 100 as conhecidas, esse fungo é utilizado rotineiramente em indús- trias de papel, de alimentos, química, farmacêutica, têxtil e, mais recentemente, na produção agrícola mundial para melhorar a sa- nidade, o crescimento e a produtividade de diversas culturas de importância econômica. Pode ser encontrado em praticamente todos os tipos de solos, embora mais frequentemente nos de regiões de clima temperado e tropical, associado às raízes das plantas e à matéria orgânica morta. Por ser saprófita4 , ajuda na decomposição dos resíduos vegetais e animais. Estes, depois de decompostos, retornam ao solo e servem de alimentos para as plantas. Por colonizar com facilidade solos e raízes, o Trichoderma compete com os patógenos presentes, cola- borando para que as plantas permaneçam saudáveis. 7
  • 14. A B Figura 2. Aparência das colônias de Trichoderma harzianum (A) e T. asperellum (B) em meio de cultura BDA (batata-dextrose-agar). (Foto: João Justi Junior) Mas que tipo de doença de planta ele controla? Principalmente as doenças causadas por fungos de solo, ou seja, aquelas causadas por patógenos que passam a maior parte de seu ciclo de vida neste ambiente e infectam raízes, a base dos caules e o sistema vascular das plantas, causando podridões e murchas. Dentre eles podem ser mencionados Fusarium, Rhizoctonia, Scle- rotinia, Verticillium, Phytophthora, Pythium, Armillaria e Roselinia, entre outros. Veja abaixo a importância das doenças causadas por estes pa- tógenos. Algumas linhagens também são recomendadas para o controle de patógenos que causam lesões e podridões em folhas, ramos, caules, frutos e/ou flores, como é o caso de Botrytis cinerea que causa o mofo cinzento em morango e plantas ornamentais. Importância das doenças causadas por fitopatógeno de solo na lavoura Estas doenças estão entre as principais causas de redução na produtividade das plantas cultivadas em todo o mundo, mas nem sempre recebem a devida atenção como as doenças foliares. Elas afetam principalmente as raízes, sendo o seu controle muito difícil, pois os patógenos evoluíram com as plantas por milhões de anos e estão altamente adaptados ao ambiente de solo e às plantas culti- vadas. Alguns deles são capazes de sobreviver por muitos anos no 8
  • 15. solo, tais como algumas espécies de Fusarium e Verticillium, impos- sibilitando o cultivo de plantas suscetíveis em algumas regiões do Brasil. 9
  • 16. 5 Escleródio: consiste de uma massa compacta de hifas entrelaçadas que apresenta estrutura dura e resistente, de forma e tamanho variável (Barbosa, 2008). Como o Trichoderma controla esses patógenos? Os mecanismos de ação utilizados por Trichoderma no controle de patógenos de plantas são competição, antibiose, parasitismo e indução de resistência. Na competição o patógeno e o antagonista disputam os mes- mos recursos para sobreviver. Estes recursos são principalmente alimento e espaço. A competição entre o antagonista e o patógeno no solo ou na superfície da raiz pode, por exemplo, impedir que as estruturas de infecção do patógeno que estão presentes no solo en- trem em contato com a planta para causar danos. Na antibiose o antagonista produz uma ou mais substâncias que inibem o crescimento ou a reprodução do fitopatógeno no ambiente ou na planta. No parasitismo o antagonista se alimenta do fitopatógeno, en- fraquecendo ou causando a sua morte. Algumas linhagens de Trichoderma, se aplicadas de forma pre- ventiva, antes que o patógeno entre em contato com a planta, po- dem agir como indutores de resistência em plantas, ou seja, um tipo de “vacinação” contra diversos tipos de fitopatógenos (vírus, bactérias e fungos). Isto ocorre porque as barreiras formadas pela planta para evitar a entrada de micro-organismos indesejados não são específicas contra um único organismo. É importante salientar que um ou mais mecanismos de ação po- dem ser utilizados ao mesmo tempo pelas linhagens de Trichoderma. Quer dizer que ele pode curar minhas plantas quando elas estiverem doentes? Não, na verdade Trichoderma atua de forma preventiva e não curativa. Isto é, a aplicação deve ser realizada antes que a doen- ça apareça ou se alastre no campo. Embora, dependendo do fi- topatógeno, existe a possibilidade do ACB ser aplicado depois da ocorrência da doença para diminuir a concentração das estruturas infectivas do patógeno que permanecem no solo em estado de dormência. Assim, no próximo ciclo de cultivo de uma planta sus- cetível ao patógeno, haverá redução do número de plantas doentes. Um exemplo bem conhecido em que o Trichoderma é bastante uti- lizado no controle da doença é o mofo branco da soja, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, cujos escleródios5 permanecem 10
  • 17. em repouso no solo por cerca de 10 anos (Figura 3). Quando isso ocorre, sempre que o local infestado com os escleródios é semeado com plantas suscetíveis (soja, feijão, algodão e girassol) e as con- dições ambientais se encontram favoráveis, o patógeno “acorda” e volta a causar prejuízos ao produtor. Portanto, é muito importante que estas estruturas infectivas sejam eliminadas de alguma forma. Recomenda-se, neste caso, que os produtos à base de Trichoderma sejam aplicados na palhada. Figura 3. Solo contaminado com escleródios de Sclerotinia sclerotio- rum, agente causador do mofo branco. (Foto: João Justi Junior) O que mais ele faz além do controle de doenças? Bom, ele pode melhorar o crescimento e a produtividade de plan- tas na sua lavoura. Isto porque, alguns cientistas perceberam que a colonização de plantas por Trichoderma, frequentemente, está as- sociada a aumentos no crescimento e desenvolvimento do sistema radicular; na produtividade das culturas e na resistência das plantas a estresses causados por fatores ambientais, sendo que os efeitos mais significativos do fungo foram observados em solos pobres. Ra- ízes mais desenvolvidas proporcionam um melhor aproveitamento da água e uma maior absorção de nutrientes minerais do solo. Já os ácidos produzidos pelo fungo colaboram diretamente para a so- lubilização de fosfatos, micronutrientes e alguns minerais, incluindo ferro, manganês e magnésio. Além disso, como participam da de- composição da matéria orgânica no solo, aumentam a quantidade de nutrientes que podem ser absorvidos pelas raízes das plantas. Algumas linhagens do fungo produzem, ainda, substâncias que po- 11
  • 18. dem atuar como hormônios de crescimento de plantas e/ou induto- res para a produção de hormônios vegetais. Mas é importante lembrar que o efeito de Trichoderma na pro- dutividade varia de acordo com a planta cultivada e a linhagem introduzida, bem como com as práticas culturais adotadas pelo pro- dutor que podem ou não favorecer o crescimento e sobrevivência do fungo no local. 3. Como utilizar corretamente produtos à base de Trichoderma Os produtos à base de Trichoderma funcionam em todo o Brasil? Posso recomendar para meus irmãos que moram no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso? Embora as linhagens de Trichoderma sejam encontradas em diversos ambientes terrestres, as que foram escolhidas para uso na produção agrícola dependem de condições mais específicas para atingirem seu máximo potencial de ação no controle de fi- topatógenos. Para a maioria das linhagens comercializadas no Brasil, a tem- peratura ideal de crescimento é de 25±20 C; umidade de 60±10%, pH entre 4,5-5,5 e concentração de matéria orgânica acima de 2%. Entretanto, é importante mencionar que as linhagens de Trichoder- ma são bastante tolerantes às amplas variações em todos esses fatores, podendo atuar mesmo quando as condições não sejam consideradas as mais adequa- das. Assim, cabe às empresas responsáveis pelos bioprodu- tos, formulados à base de Tri- choderma, fornecerem as in- formações quanto às faixas de tolerância de seus agentes, principalmente em relação à temperatura, umidade e pH, para que o produtor escolha o produto mais apropriado às suas necessidades e consiga obter o resultado desejado. Qual deles eu posso comprar para ter certeza que vai funcionar? Para garantir a sua segurança e a efetividade do bioproduto, re- 12
  • 19. comendo somente os que são registrados junto ao Ministério da Agricultura. Isto porque um produto só recebe o número de registro depois de passar por todos os testes obrigatórios, inclusive os toxi- cológicos e de eficiência agronômica. Além disso, é muito importan- te que a aplicação seja feita de acordo com as recomendações da empresa, principalmente quanto à dosagem e época apropriadas. Quero deixar claro que o produto biológico é diferente do produto químico (agrotóxico), pois não é a quantidade de “princípio ati- vo” (conídios viáveis6 ou unidades formadoras de colônia7 – Figura 4) contida no produto que garante a eficiência do controle da doença na lavoura, mas sim a capacidade de ação que a li- nhagem de Trichoderma possui. Em outras palavras, não adian- ta ter bilhões de propágulos do fungo no produto se o agente não for bom o suficiente para atuar no controle do fitopatógeno no campo. Figura 4. Imagem de conídios viáveis e não viáveis ao microscópio ótico, após 14 horas de crescimento em meio BDA (batata-dextro- se-agar). (Fotos: Patricia E. Haddad) Ah! Não se esqueça de verificar se o produto encontra-se dentro do prazo de validade antes de abrir a embalagem. Outra coisa, qual- quer dúvida em relação à qualidade do produto solicite à empresa responsável ou ao seu fornecedor um laudo de algum laboratório confiável que ateste que a concentração do fungo contido no produto esteja de acordo com o que foi especificado no rótulo (número de unidades formadoras de colônia ou conídios viáveis). 6 Conídios viáveis: células assexuadas produzidas por fungos que são capazes de germinar e dar origem a um novo indivíduo. 7 Unidades formadoras de colônia: qualquer parte do fungo (hifa, coní- dio ou clamidósporo) que dá origem a uma colônia. 13
  • 20. Falando em concentração do fungo, dá para explicar melhor como saber exatamente quanto tem de Trichoderma nas em- balagens dos produtos comerciais? É bem mais difícil de en- tender porque é diferente dos agrotóxicos que estou acostu- mado a usar... Claro que dá! É realmente bem diferente quando se trata de um organismo vivo como princípio ativo. A quantificação tanto das uni- dades formadoras de colônia (UFC) como de conídios viáveis é fornecida em potência de base 10, notação científica que facilita na hora de escrever quantidades muito grandes no rótulo, como acontece no caso dos produtos biológicos. Portanto, quando encon- trar no rótulo uma quantidade, por exemplo, de 2x109 de conídios viáveis ou UFCs por grama ou mililitro do produto, significa que dentro do pacote tem de 2.000.000.000 (dois bilhões) de estruturas do fungo por grama ou mililitro do produto. É um montão, não é? Esta notação científica é muito boa mesmo, mas às vezes confunde o produtor... Por exemplo, sabia que 2x109 é o dobro de 1x109 ? Isto porque 1x109 é igual a 1.000.000.000 (um bilhão) e 2x109 é igual a 2.000.000.000 (dois bilhões). Não é incrível? Mas preste atenção quando for comprar produtos à base de Trichoderma! Algumas empresas em seus rótulos fornecem a quantidade do fungo em quilo ou litro e outras em grama ou mililitros, unidades de peso e volume muito diferentes. Por exemplo, se em uma embala- gem de um quilo tem 1x1012 estruturas do fungo, significa que em um grama do produto há 1x109 partes do fungo, ou seja, 1 bilhão delas. Já uma embalagem que tem 1x109 partes do fungo por quilo, na verdade tem 1x106 estruturas do fungo por grama, ou seja, um milhão delas. Para assimilar melhor esta notação científica, veja na Tabela 1 outras quantidades escritas por extenso e depois em potência de base 10. Observe que a quantidade de casas deslocadas é sempre igual ao expoente da base 10. 14
  • 21. Tabela 1. Escrevendo quantidades númericas em potência de base 10. Quantidade de conídios ou UFC Quantidade em potência de base 10 1.000.000 1x106 13.000.000 1,3x107 100.000.000 1x108 2.400.000.000 2,4x109 10.000.000.000 1x1010 133.000.000.000 1,33x1011 1.000.000.000.000 1x1012 10.000.000.000.000 1x1013 Onde e como aplico esses produtos? A aplicação dos produtos comerciais à base de Trichoderma pode ser realizada em sementes ou outros materiais de propagação ve- getal; diretamente no solo; em substratos para a produção de mu- das; na parte aérea das plantas; em resíduos de culturas ou outros substratos orgânicos; em frutos ou, ainda, nas plantas utilizadas na rotação de culturas. 15
  • 22. No tratamento de sementes deve-se prestar atenção na dosagem para evitar a diminuição da germinação e do vigor das plantas. É importante que o produtor saiba que, depois de tratar as sementes com Trichoderma, elas devem ser plantadas de preferência no mes- mo dia ou, dependendo da formulação utilizada, em até 48 horas. Dependendo do tamanho da área e do tipo de formulação, líquida ou sólida, a aplicação do bioproduto pode ser feita com pulverizado- res costais, tratorizados, diversos sistemas de irrigação (fertirrigação, aspersores, pivô, etc.), imersão em suspensão ou polvilhamento. É essencial que a calda utilizada na aplicação seja mantida de forma homogênea para garantir uma distribuição uniforme do ingre- diente ativo na lavoura. A vazão de aplicação dos equipamentos para os produtos biológi- cos vai variar de acordo com o tipo de tratamento, por exemplo, no sulco de plantio, ela pode variar de 30 a 80 L/ha e em pós-colheita e pós-emergência, via barra, recomenda-se vazões superiores a 80- 100 L/ha. 16
  • 23. Em que culturas posso usar e quanto aplico de produto para controlar as doenças? Produtos à base de Trichoderma têm sido aplicados em diver- sas culturas importantes, tais como feijão, soja, milho, morango, hortaliças, ornamentais, etc. As doses vão variar de acordo com o produto comercial utilizado, já que cada um é composto por uma linhagem específica em uma determinada concentração. Além disso, vão variar de acordo com a cultura, forma de tratamento e doença que o senhor deseja controlar. Um exemplo clássico é a aplicação de Trichoderma na cultura da soja para o controle de doenças causadas por patógenos de solo. Para o controle da podridão radicular, causada por fungos como o Fusarium spp. e Rhizoctonia solani, recomenda-se o tratamento das sementes e para o controle do mofo branco, causado por Sclero- tinia sclerotiorum, uma aplicação após a germinação e/ou na fase de desenvolvimento do terceiro trifólio. Entretanto, em áreas com alta incidência de escleródios de S. sclerotiorum no solo, podem ser sugeridas, dependendo da empresa responsável pelo bioproduto, outras aplicações antes do florescimento e fechamento da cultura; na fase de pós-colheita, sobre a palhada, para reduzir os escleródios presentes no solo que vão causar a doença no próximo ciclo da cul- tura e, ainda, na cultura utilizada no sistema de rotação, tais como feijão, girassol e algodão. Atenção! Utilize sempre a dose recomendada pelo fabricante, pois o aumento ou diminuição da quantidade recomendada pode diminuir a eficiência do produto ou prejudicar, por exemplo, a ger- minação de sementes quando elas são tratadas com uma concen- tração elevada do bioproduto. Dá para detalhar melhor como eu uso esses produtos? Claro! Mas primeiro devemos explicar que no mercado brasileiro existem poucos produtos registrados à base de Trichoderma. Eles têm formulações diferentes que são as seguintes: suspensão con- centrada (SC), granulado dispersível (WG), formulação oleosa (EC) e pó molhável (WP). Mas não se preocupe!Todos eles podem ser diluídos em água. O que mais importa é que eles contêm diferentes linhagens de Tricho- derma e quantidades do fungo que variam de 1,5x109 a 1x1010 uni- dades formadoras de colônias (UFC) ou conídios/esporos viáveis por grama ou mililitro do produto. Como já explicamos anteriormente o significado dessas unidades, só vamos reforçar que as doses e as formas de aplicação irão variar de acordo com o produto adquirido. 17
  • 24. Tenho aqui comigo umas tabelas com as recomendações de apli- cação de alguns dos fabricantes que possuem seus produtos regis- trados junto ao MAPA. Vamos ver juntos? Tabela 2. Informações sobre o uso da formulação WG à base de Trichoderma sp. para o controle de doenças causadas por fitopató- genos de solo, em diversas culturas. Cultura Formulação WG Forma de aplicação Época e no de aplicações Dose/ Aplicação Soja Tratamento de sementes Plantio (1) 0,5 g/kg a 1,0 g/kg Soja Pulverização V2 e V4 (1 a 2) 100 g/ha Soja Pulverização Pós-colheita ou Dessecação (1) 100 g/ha Feijão Pulverização Após a germinação e 10/15 dias depois (1 a 2) 100 a 200 g/ha Milho Tratamento de sementes Plantio 2 g/kg Algodão Tratamento de sementes Plantio 2 g/kg Algodão Pulverização ou jato dirigido Primeiros 40 dias (1 a 2) 100 g/ha Algodão Pulverização Pós-colheita ou Dessecação (1) 100 g/ha Girassol Tratamento de sementes Plantio 2 g/kg Girassol Pulverização Primeiros 40 dias (1 a 2) 150 g/ha Girassol Pulverização Pós-colheita ou Dessecação (1) 100 g/ha Alho/cebola Pulverização Plantio, antes e depois da diferenciação (3) 200 g/ha Cenoura Pulverização Plantio, 25 e 40 dias (3) 150 g/ha Tomate Pulverização Plantio e após 25 e 50 dias (2 a 3) 150 g/ha Tomate Rega Badeja antes do plantio (1) 1 g/L 500 mL/ bandeja 18
  • 25. Hidroponia Cada renovação reaplicar 750 g/1.000 L Batata Sulco de plantio Plantio (1) 300 g/ha Batata Pulverização Amontoa (1) 300 g/ha Cana-de- açúcar Sulco de plantio Plantio (1) 200 a 300 g/ha Banana Tratamento de mudas (por imersão) Plantio (1) 2 g/L de água Banana Pulverização Fase vegetativa (de 30 em 30 dias) 200 a 300 g/ ha Morango Tratamento de mudas (por imersão) Plantio (de 30 em 30 dias) 2 g/L de água Morango Pulverização ou gotejo 30 dias após o plantio (de 30 em 30 dias) 200 g/ha Tabela 3. Informações sobre o uso da formulação SC à base de Trichoderma sp. para o controle de doenças causadas por fitopató- genos de solo, em diversas culturas. Cultura Formulação SC Forma de aplicação Época de aplicação Dosagem recomendada Alface Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1 mL/bandeja 100 mL/1.000 m² transplante 100 mL/1.000 m² 15 -20 DAT 30-35 DAT Alho Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Plantio, bulbo, durante o desenvolvimento 100 mL/1000 m² Plantio 100 mL/1.000 m² 30-35 DAA 100 mL/1.000 m² 60-65 DAA 100 mL/1.000 m² 90-95 DAA 19 Continuação da Tabela 2 Cultura Formulação WG Forma de aplicação Época e no de aplicações Dose/ Aplicação
  • 26. Cultura Formulação SC Forma de aplicação Época de aplicação Dosagem recomendada Cebola Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Plantio direto, bulbo, durante o desenvolvimento 100 mL/1.000 m² Plantio direto ou bulbo 100 mL/1.000 m² 20-25 DAA 100 mL/1.000 m² 40-45 DAA 100 mL/1.000 m² 60-65 DAA Banana Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 2 L/ha manutenção 1 L/ha 60/60 dias Berinjela Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1 mL /bandeja 100 mL/1.000 m² transplante 100 mL/1.000 m² 25-30 DAT 100 mL/1.000 m2 55-60 DAT Beterraba Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento o,5 L/ha no preparo do canteiro 0,5 L/ha no plantio 0,5 L/ha após raleio Brássicas Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1 mL /bandeja 100 mL/1.000 m² transplante 100 mL/1.000 m² 20-30 DAT 100 mL/1.000 m2 40-50 DAT Cenoura Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 0,5 L/ha no preparo do canteiro 0,5 L/ha no plantio 0,5 L/ha após raleio Coco verde Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1ª aplicação: 2 L/ha 2ª aplicação: 30 DAA - 1 L/ha 3ª aplicação: 90 DAA - 1 L/ha 4 aplicação: 150 DAA - 1 L/ha Manutenção: repetir a cada 3-4 meses 1 L/ha Flores corte e vaso Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1 mL /bandeja 100 mL/1.000 m² transplante 100 mL/1.000 m² a cada 20 DAT Flores (bulbo) Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento Bulbo: 100 mL/1.000 m² Berçário: 100 mL/100 m2 Desenvolvimento de bulbo: 100 mL/1.000 m2 Manutenção: 30/30 dias 100 mL/1.000 m² Frutas de caroço Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Muda, transplante, durante o desenvolvimento Plantio: 10 mL/planta 30, 60, 90 DAP: 1 L/ha Manutenção: 2 L/ha com intervalo de 30 dias em épocas chuvosas (verão) 20 Continuação da Tabela 3
  • 27. Hidroponia Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1 mL/bandeja 100 mL/1.000 m² a cada troca de solução Morango Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1 mL /bandeja 100 mL/1.000 m² transplante 100 mL/1.000 m² 20-25 DAT 100 mL/1.000 m2 30-40 DAT Pimentão Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento Muda: 100 mL/100 L 100 mL/1.000 m² transplante 100 mL/1.000 m² 20-40 DAT 100 mL/1.000 m2 60, 90, 120, 150 DAT Melão/ melancia Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1 mL /bandeja 100 mL/1.000 m² transplante 100 mL/1.000 m² 20-25 DAT 100 mL/1.000 m2 30-40 DAT Pepino Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1 mL /bandeja 100 mL/1.000 m² transplante 100 mL/1.000 m² 15-20 DAT 100 mL/1.000 m2 30-35 DAT Pimenta- do-reino Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento Plantio: 2 mL/planta Manutenção: a cada 120 dias 2 mL/planta Tomate Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Bandeja, transplante, durante o desenvolvimento 1 mL /bandeja 100 mL/1.000 m² transplante 100 mL/1.000 m² 20 - 30 DAT 100 mL/1.000 m2 40- 50 DAT Soja Tratamento de sementes Plantio 300 - 400 mL Feijão Tratamento de sementes Plantio 300 - 400 mL Milho Tratamento de sementes Plantio 300- 400 mL Culturas de inverno (aveia, trigo, centeio, cevada) Via sistemas de irrigação, costal, barra tratorizada Desenvolvimento 300- 500 mL, após germinação (10-15 cm de altura) 21 *** DAT - Dias Após Transplante***DAA - Dias Após Aplicação Continuação da Tabela 3 Cultura Formulação SC Forma de aplicação Época de aplicação Dosagem recomendada
  • 28. Tabela 4. Informações sobre o uso da formulação WP à base de Trichoderma sp. para o controle de mofo branco. Patógeno-alvo Culturas Formulação WP Forma de aplicação No de aplicações Dose/ Aplicação Sclerotinia sclerotiorum Todas que são suscetíveis ao patógeno Pulverização 1 a 2 150 a 250 g/ha Tabela 5. Informações sobre o uso da formulação EC à base de Trichoderma sp. para o controle de doenças causadas por fitopató- genos de solo. Patógeno-alvo Culturas Formulação EC Forma de aplicação Época e no de aplicações Dose/ Aplicação Fusarium solani f. sp. glycines Soja Pulverização Após a semeadura 1000 mL/ha Rhizoctonia solani Soja Pulverização Após a semeadura 1000 mL/ha Sclerotinia sclerotiorum Soja Pulverização Estágio V3 da planta 1200 mL/ha Sclerotinia sclerotiorum Feijão Pulverização Estágio V4 da planta 1000 mL/ha 4. Cuidados necessários, associação com outras práticas e vantagens do uso de Trichoderma Agora eu gostaria de saber o que pode atrapalhar o efeito de Trichoderma na lavoura e quanto tempo ele sobrevive no solo? A eficiência de um produto comercial à base de Trichoderma de- pende primeiramente da capacidade do fungo nele contido crescer, colonizar e sobreviver nos ambientes onde é aplicado. Porém, sa- be-se que, após cerca de 30 dias, a população do agente introduzi- do no solo diminui, tendendo a se estabilizar ou retornar à situação original. O tipo de solo, teor de matéria orgânica, pH, temperatura, quantidade de água, micro-organismos presentes, disponibilidade de oxigênio e nutrientes influenciam diretamente no tamanho da população e desempenho do fungo no controle da doença e na produtividade da lavoura. O efeito de Trichoderma sobre os 22
  • 29. patógenos e plantas também vai depender do potencial an- tagônico da linhagem (o quanto ele consegue “brigar” com o patógeno) e da quantidade de conídios ou outros tipos de propágulos viáveis (micélio e escleródios) contidas no pro- duto. Associados à tecnologia e época de aplicação do produto. Não se esquecendo de mencionar a importância da suscetibilidade da planta ao patógeno, a concentração de sua população no local e a sua agressividade. Quanto maior a quantidade do patógeno no local e mais favoráveis forem as condições ambientais, mais difícil será para o antagonista controlar a propagação da doença na la- voura. E não se esqueça! Luz ultravioleta e temperaturas inferiores a 20ºC e superiores a 30ºC interferem negativamente na eficiência do isolado. Mas esses produtos biológicos funcionam mesmo? Sim, desde que utilizados de forma correta. Embora, como já falei anteriormente, o efeito desses produtos é preventivo e não curativo como ocorre com agrotóxicos. O ideal é a aplicação dos bio- produtos antes da entrada ou do estabelecimento do patógeno na área, principalmente no plantio ou transplante das mudas. É importante estar ciente que, por serem organismos vivos, exis- tem anos em que as condições poderão estar bem mais favoráveis aos patógenos do que aos agentes de biocontrole. Por outro lado, caso sua lavoura já esteja infestada com uma população relativamente alta do patógeno, o uso de agentes de bio- controle pode proporcionar uma redução gradual da população do patógeno de solo e, consequentemente, do número de plantas do- entes no ano seguinte. Onde e por quanto tempo posso guardar esses produtos an- tes de aplicar? Por conterem organismos vivos, os produtos devem ser armaze- nados em locais frescos ou refrigerados. Embora a validade também vá depender do tipo de formulação. A formulação suspensão con- centrada emulsionável (SC), por exemplo, quando armazenada em local fresco e abrigada do sol, possui um prazo de validade de 120 dias e em ambiente refrigerado de 180 dias. Já a formulação grânulos dispersíveis em água (WG), quando as embalagens lacra- das são armazenadas em ambiente apropriado, tem validade de 150 dias e sob refrigeração de 18 meses. Mas não se esqueça! Os bioprodutos devem ser armazenados em locais específicos, separadamente dos agroquímicos. Além disso, independentemente do tipo de formulação, o armazenamento por longos períodos em temperaturas superiores a 30o C pode diminuir consideravelmente a qualidade dos produtos biológicos. 23
  • 30. Preciso usar EPI para fazer a aplicação de Trichoderma? Sim, claro que precisa! Embora os produtos biológicos sejam considerados mais seguros que os agrotóxicos, eles podem causar alergias e infecções em pessoas imunodeficientes. Assim, durante a manipulação, preparação de calda ou aplicação, todos os EPIs (macacão com mangas compridas, capa ou avental impermeável, óculos protetores, chapéu de abas largas, máscara protetora especial provida de filtro, botas e luvas impermeáveis) devem ser utilizados. Outro cuidado importante, como já falamos anteriormente, é sempre utilizar produtos registrados, pois eles passaram por di- versos tipos de análise para comprovarem que são seguros e efi- cientes antes de serem aprovados pelos órgãos oficiais de controle e regulação: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Ins- tituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Reno- váveis (IBAMA). Outra pergunta, posso aplicar Trichoderma junto com químicos? Sim, desde que o agrotóxico ou o fertilizante seja “compatí- vel” com a linhagem de Trichoderma contida no produto. Portanto, para não cometer nenhum erro que afete a eficiência do agente de biocontrole, é importante que o produtor consulte a lista dos produtos químicos compatíveis junto ao representante ou empresa responsável. Algumas empresas recomendam que o produto biológico seja o último a ser aplicado para diminuir o tempo de contato com outros produtos químicos, como é o caso do tratamento de sementes. Já no campo, recomenda-se aplicar sempre com menos de 3 horas da realização da mistura dos produtos, evitando-se o contato prolon- gado de Trichoderma com o(s) agrotóxico(s) ou fertilizante(s). No caso de produtos incompatíveis, recomenda-se que a aplicação seja feita com intervalos de 3 a 5 dias, antes ou depois da entrada do(s) produto(s) químico(s). No caso de dúvidas deve-se entrar em contato com a empresa responsável para que ela possa esclarecer ou, se feita a solicitação, fazer o teste de compatibilidade de algum novo produto. Quais as vantagens dos produtos biológicos? Algumas das vantagens do uso do controle biológico são: re- dução ou eliminação do uso de alguns dos agrotóxicos; redução de exposição dos produtores e técnicos aos agrotóxicos; ausência de resíduos nos alimentos; baixíssimo risco de poluição ambiental; ausência de período de carência entre a liberação do agente de bio- controle e a colheita. 24
  • 31. Além disso, eles não causam resistência no patógeno como ocor- re com os agrotóxicos e oferecem um período de tempo maior de proteção das plantas contra as doenças. Isto porque, como são or- ganismos vivos que co-evoluem com o patógeno, eles adaptam-se às mudanças que ocorrem nos ambientes. Sem falar da capacidade que possuem para colonizar o solo e as raízes das plantas, perma- necendo no local de infecção mesmo quando o patógeno não está presente ou se encontra em menor população. Outra vantagem bastante interessante para o agricultor é o me- lhor preço de mercado para alimentos produzidos sem ou com pou- co agrotóxico, pois os consumidores estão cada vez mais conscien- tes dos riscos que os resíduos químicos podem provocar à sua saúde e à de seus familiares. Quer dizer que eles são bons para o meio ambiente? Sim, quando comparados ao controle químico, pois os bioprodu- tos não são tóxicos ao meio ambiente, pois não poluem o ar, a água e o solo. Além disso, têm menor impacto sobre a biodiversidade dos agroecossistemas, quando comparados aos agrotóxicos. Estudos recentes têm demonstrado a capacidade de algumas linhagens de Trichoderma colaborar para a degradação de alguns tipos de molé- culas de agrotóxicos no ambiente como, por exemplo, o fungicida metalaxil e herbicidas do grupo das triazinas, contribuindo para a eliminação destas moléculas no ambiente agrícola. 25
  • 32. 5. Outras informações importantes sobre bioprodutos As bulas e rótulos devem conter as seguintes informações: • Nome do fabricante/empresa responsável; • Marca comercial do produto; • Número do lote, data de produção e vencimento/validade do pro- duto; • Nome científico do agente biológico; • Tipo de formulação, concentração e viabilidade dos propágulos (UFC e/ou conídios viáveis); • Indicação de uso aprovada para culturas e/ou fitopatógenos; • Dose recomendada, forma de aplicação, duração do tratamento e instruções de uso; • Número e intervalos de aplicação; • Período de carência; • Modo de ação do ACB; • Classificação do potencial de periculosidade ambiental; • Compatibilidade com outras práticas culturais (p.ex.: uso de agro- tóxicos e adubação química); • Classe toxicológica, advertências, precauções de uso e recomen- dações gerais quanto à saúde humana e ambiental; • Formas de manipulação do produto; • Condições de armazenamento e tempo de prateleira; • Nome do órgão registrante, número e data do registro. 26
  • 33. Literatura consultada BARBOSA, S.R.C. Análise dos níveis de poligalacturonases e glucanases expressas durante os processos de interação patogênica e saprofítica de Sclerotinia sclerotiorum. 2008. 62f. Dissertação (Mestrado em Biologia) – Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás, Goiânia- -GO, São Paulo. 2008. Disponível em: http://portais.ufg.br/uploads/101/ original_diss_silvioRomero.pdf. Acesso em: 04 mai. 2013. BETTIOL, W.; GHINI, R. Solos supressivos. In: Michereff, F.; Andrade, D.E.G.T.; Menezes, M. (Eds.) Ecologia e manejo de patógenos radiculares em solos tropicais. Recife: Imprensa Universitária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. 2005. p.125-152. BROTMAN, Y.; GUPTA, K.J.; VITERBO, A. Trichoderma. Current Biology, v.20, p.R390-R391, 2010. CARVALHO, D.D.C.; MELLO, S.C.M.; LOBO JÚNIOR, M.; SILVA, M.C. Con- trole de Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli in vitro e em sementes, e promoção de crescimento inicial do feijoeiro comum por Trichoderma har- zianum. Tropical Plant Pathology, v.36, p.28-34, 2011. FONTENELLE, A.D.B.; GUZZO, S.D.; LUCON, C.M.M.; HARAKAVA, R. Gro- wth promotion and induction of resistance in tomato plant against Xan- thomonas euvesicatoria and Alternaria solani by Trichoderma spp. Crop Protection, v.30, p.1492-1500, 2011. FORTES, F. O.; SILVA, A. C. F.; ALMANÇA, M. A. K.; TEDESCO, S. B. Pro- moção de enraizamento de microestacas de um clone de Eucalyptus sp. por Trichoderma spp. Revista Árvore, v.31, p.221-228, 2007. GÖRGEN, C.A.; SILVEIRA NETO, A.N. da; CARNEIRO, L.C.; RAGAGNIN, V.A.; LOBO JUNIOR, M. Controle do mofo-branco com palhada e Tricho- derma harzianum 1306 em soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.44, p.1583-1590, 2009. HARMAM, G.E.; HOWELL, C.R.; VITERBO, A.; CHET, I.; LORITO, M. Tricho- derma species - opportunistic, avirulent plant symbionts. Nature Reviews Microbiology, v.2, p.43-56, 2004. LOBO JUNIOR, M.; BRANDÃO, R.S.; GERALDINE, A.G. Produtividade do feijoeiro comum, em campo, em tratamentos com Trichoderma harzianum e Trichoderma asperellum. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Fei- jão. Comunicado Técnico, v. 184, 4p, 2009 LOBO JUNIOR, M.; GERALDINE, A.G.; CARVALHO, D.D. Controle biológico de patógenos habitantes do solo com Trichoderma spp., na cultura do fei- joeiro comum. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão. Comuni- cado Técnico, v.85, 4p, 2009. 27
  • 34. LORITO, M.; WOO, S.L.; HARMAN, G.E.; MONTE, E. Translational research on Trichoderma: from ´omics to the field. Annual Review of Phytopatholo- gy, v.48, p.19.1–19.23, 2010. LUCON, C.M.M. Promoção de crescimento de plantas com o uso de Tricho- derma spp. Infobibos, Informações Tecnológicas. Disponível em: http:// www.infobibos.com/Artigos/2009_1/trichoderma/index.htm. Acesso em: 04 mai. 2013. LUCON, C.M.M. Trichoderma no controle de doenças de plantas causadas por patógenos de solo. Disponível em: http://www.biologico.sp.gov.br/ar- tigos_ok.php?id_artigo=77. Acesso em: 04 mai. 2013. MACHADO, D.F.M.; PARZIANELLO, F.R.; SILVA, A.C.F.; ANTONIOLLI, Z. I. Trichoderma no Brasil: o fungo e o bioagente. Revista de Ciências Agrá- rias, v.35, n.26, p.274-288, 2012. MICHEREFF, S. J.; ANDRADE, D. E. G. T.; MENEZES, M. Ecologia e mane- jo de patógenos radiculares em solos tropicais. Michereff, S.J.; Andrade, D.E.G.T.; Menezes, M. (Eds.). Recife: UFRPE, Imprensa Universitária, 2005. 398p. PEDRO, E.A.S.; HARAKAVA, R.; LUCON, C.M.M.; GUZZO, S. D. Promoção do crescimento do feijoeiro e controle da antracnose por Trichoderma spp. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.47, p.1589-1595, 2012. RESENDE, M.L.; OLIVEIRA, J.A.; GUIMARÃES, R.M.; VON PINHO, R.G.; VIEIRA, A. R. Inoculação de sementes de milho utilizando o Trichoderma harzianum como promotor de crescimento. Ciência e Agrotecnologia, v.28, p.793-798, 2004. SILVA, V.N.; GUZZO, S.D.; LUCON, C.M.M.; HARAKAVA, R. Promoção de crescimento e indução de resistência à antracnose por Trichoderma spp. em pepineiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.46, p.1609-1618, 2011. VINALE, F.; SIVASITHAMPARAM, K.; GHISALBERTI, E. L.; MARRA, R.; BARBETTI, M. J.; LI, H.; WOO, S.L.; LORITO, M. A novel role for Tricho- derma secondary metabolites in the interactions with plants. Physiological and Molecular Plant Pathology, v.72, p.80-86, 2008a. VINALE, F.; SIVASITHAMPARAM, K.; GHISALBERTI, E.L.; MARRA, R.; WOO, S.L.; LORITO, M. Trichoderma-plant-pathogen interactions. Soil Bio- logy and Biochemistry, v.40, p.1-10, 2008b. YEDIDIA, I.; SRIVASTVA, A.K.; KAPULNIK, Y.; CHET, I. Effect of Trichoder- ma harzianum on microelement concentrations and increased growth of cucumber plants. Plant and Soil, v.235, p.235-242, 2001. 28