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APOSTILA PARCIAL DA DISCIPLINA
"ÉTICA PROFISSIONAL E"ÉTICA PROFISSIONAL E
ORGANIZACIONAL"ORGANIZACIONAL"
PROF. Alexandre Moura
ÉTICA PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL
INTRODUÇÃO
Para que possamos estudar um assunto precisamos de uma noção preliminar. Na nossa disciplina
não será diferente. Antes de estudarmos ÉTICA PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL
propriamente dita, vamos verificar resumidamente as teorias éticas fundamentais ao longo da
antiga Grécia, Idade Média, Moderna e Contemporânea (temas provavelmente já abordados nas
aulas de filosofia). Depois, falaremos em ética e seus conceitos atuais, ética profissional, ética
organizacional, ética nas empresas, valores, sem deixar de lado a parte prática do futuro
administrador de empresas, aquele que deverá ser o guardião da ética na empresa onde estiver.
Na condição de professor atuante na área de Direito, a legislação sobre ética, é claro, estará
presente nos diálogos de praticamente todas as aulas.
AS TEORIAS FUNDAMENTAIS SOBRE A ÉTICA AO LONGO DO TEMPO
As teorias éticas nascem e desenvolvem-se em diferentes sociedades como resposta aos
problemas resultantes das relações entre os homens. Os contextos históricos são elementos muito
importantes para se perceber as condições que estiveram na origem de certas problemáticas
morais que ainda hoje permanecem atuais. Vejamos algumas concepções sobre ética ao longo dos
períodos históricos:
ANTIGA GRÉCIA
Sócrates (470-399 a.C). Defende o caráter eterno de certos valores como o Bem, Virtude, Justiça,
Saber. O valor supremo da vida é atingir a perfeição e tudo deve ser feito em função deste ideal, o
qual só pode ser obtido através do saber. Na vida privada ou na vida pública, todos tinham a
obrigação de se aperfeiçoarem fazendo o Bem, sendo justos. O homem sábio só pode fazer o
bem, sendo as injustiças próprias dos ignorantes (Intelectualismo Moral).
Platão (427-347 a.C.). Defende o valor supremo do Bem. O ideal que todos os homens livres
deveriam tentar atingir. Para isto acontecesse deveriam ser reunidas, pelo menos duas condições:
1. Os homens deviam seguir apenas a razão desprezando os instintos ou as paixões; 2. A
sociedade devia de ser reorganizada, sendo o poder confiado aos sábios, de modo a evitar que as
almas fossem corrompidas pela maioria, composta por homens ignorantes e dominados pelos
instintos ou paixões.
Aristóteles (384-322 a.C.). Defende o valor supremo da felicidade.A finalidade de todo o homem
é ser feliz. Para que isto aconteça é necessário que cada um siga a sua própria natureza, evite os
excessos, seguindo sempre a via do "meio termo" (Justa Medida). Ninguém consegue todavia ser
feliz sozinho. Aristóteles, à semelhança de Platão coloca a questão da necessidade de reorganizar
a sociedade de modo a proporcionar que cada um do seus membros possa ser feliz na sua
respectiva condição. Ética e política acabam sempre por estar unidas.
IDADE MÉDIA
O longo período que se estende entre o século IV e o século XV, é marcado pelo predomínio
absoluto da moral cristã. Deus é identificado com o Bem, Justiça e Verdade. É o modelo que
todos os homens deviam procurar seguir. Neste contexto dificilmente se concebe a existência de
teorias éticas autônomas da doutrina da Igreja Cristã, dado que todas elas de uma forma ou outra
teriam que estar de concordo com os seus princípios.
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Santo Agostinho (354-430). Fundamentou a moral cristã, com elementos filosóficos da filosofia
clássica. O objetivo da moral é ajudar os seres humanos a serem felizes, mas a felicidade suprema
consiste num encontro amoroso do homem com Deus. Só através pela graça de Deus podemos
ser verdadeiramente felizes.
St. Tomás Aquino (1225-1274). No essencial concorda com Santo Agostinho, mas procura
fundamentar a ética tendo em conta as questões colocadas na antiguidade clássica por Aristóteles.
IDADE MODERNA
Entre os séculos XVI e XVIII, a sociedade Européia é varrida por profundas mudanças que
alteram completamente as concepções anteriores. Vejamos as mudanças que ajudaram a definir
teorias éticas da época:
Renascimento. Na Itália a partir do século XIV desenvolve-se um movimento filosófico e
artístico que retoma explicitamente idéias da Antiguidade Clássica. O homem ocupa nestas idéias
o lugar central (antropocentrismo). Este movimento acaba por ser difundir por toda a Europa a
partir do século XVI.
Descobertas Geográficas. A aventura iniciada em 1415 pelos portugueses, teve um profundo
impacto na sociedade européia. Em conseqüência destas descobertas as concepções sobre a Terra
e o Universo tiveram que ser alteradas. A terra, o Sol, mas também o Homem perderam neste
processo a sua importância e significado. As descobertas revelaram igualmente a existência de
outros povos, culturas, religiões até aí desconhecidas. A realidade tornou-se muitíssima mais
complexa e plural.
Divisões na Igreja. O século XVI é marcado por diversos movimentos de ruptura no cristianismo,
que provocam o aparecimento de novas igrejas, cada uma reclamando para si a interpretação mais
correta da palavra divina. Não admira que este período seja marcado numerosos e sangrentos
conflitos religiosos. O resultado global foi o aumento da descrença, o desenvolvimento do
ateísmo.
Ciência Moderna. O grande critério do conhecimento deixa de ser a tradição, a autoridade e passa
a ser a experiência. Fato que coloca radicalmente em causa crenças milenares.
É o resultado destes e muitos outros fatores, que assistimos ao longo de toda a Idade Moderna ao
desenvolvimento do Individualismo e a afirmação da razão humana. O grande sinal desta
mudança foi a multiplicação das teorias éticas, muitas das quais em contradição com os
fundamentos do próprio cristianismo. Vejamos:
Descartes (1596-1650). Este filósofo simboliza toda a fé que a Idade Moderna depositava na
razão humana. Só ela nos permitiria construir um conhecimento absoluto. Em termos morais
mostrou-se, todavia, muito cauteloso. Neste caso reconheceu que seria impossível estabelecer
princípios seguros para a ação humana. Limitou-se a recomendar uma moral provisória de
tendência estóica: o seu único princípio ético consistia em seguir as normas e os costumes morais
que visse a maioria seguir, evitando deste modo rupturas ou conflitos.
John Locke (1632-1704). Este filósofo parte do princípio que todos os homens nascem com os
mesmos direitos (Direito á Liberdade, à Propriedade, à Vida). A sociedade foi constituída, através
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de um contrato social, que visava garantir e reforçar estes mesmos direitos. Neste sentido, as
relações entre os homens devem ser pautadas pelo seu escrupuloso respeito.
David Hume (1711-1778). Defende que as nossas ações são em geral motivadas pelas paixões.
Os dois princípios éticos fundamentais são a utilidade e a simpatia.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), concebe o homem como um ser bom por natureza (mito
do "bom selvagem”) e atribui a causa de todos os males à sociedade e à moral que o
corromperam. O Homem sábio é aquele que segue a natureza e despreza as convenções sociais. A
natureza é entendida como algo harmonioso e racional.
IDADE CONTEMPORÂNEA
Se quisermos estabelecer um começo para a Idade Contemporânea, temos que recuar até aos
finais do século XVIII. O que então se iniciou na Europa veio a contribuir de forma decisiva para
formar o mundo em que vivemos.
Revoluções. A Revolução Francesa (1789) marcou uma ruptura deliberada e radical com o
passado. Depois dela muitas outras ocorreram até aos nossos dias com idênticos propósitos.
Quase sempre foram iniciadas em nome da libertação do povo da opressão (ditaduras, regimes
colonialistas etc). Prometeram criar novas sociedades e homens, mas o que produziram foi
freqüentemente novas matanças.
Guerras Mundiais. A partilha do mundo, a conquista de recursos naturais, o saques de riquezas
acumulados foram sempre uma constante ao longo da história da Humanidade. A grande
novidade na Idade Contemporânea assentou numa aspectos essencial: a crescente eficiência da
barbárie praticada por poderosas máquinas de guerra passaram a operar numa escala cada vez
mais global. A França napoleônica, no inicio do século XIX, mostrou o caminho que outros
países ou alianças de países haviam de prosseguir na guerra e no saque de povos. A dimensão
desta barbárie colocou os causa os fundamentos da racionalidade e moralidade do mundo
ocidental.
Progresso científico e tecnológico. A ciência substituiu o lugar que antes era ocupado pela
religião na condução dos homens. Os cientistas foram apontados como os novos sacerdotes. O
balanço desta substituição continua a ser objeto de enormes polemicas, mas três coisas são hoje
evidentes:
a) A ciência e a tecnologia mudaram o mundo possibilitando uma melhoria muito significativa
da vida de uma parte significativa da humanidade. Apesar do imenso bem estar por
proporcionado, a verdade é que as desigualdades a nível mundial não diminuíram antes se
acentuaram. Uns não sabem o que fazer a tanto desperdício, outros lutam diariamente por obter
restos que lhes permitam sobreviver.
b) Não parecem existir limites para o desenvolvimento da ciência e da técnica.Aquilo que era
antes impensável tornou-se hoje banal: manipulações genéticas, clonagem de seres, inseminação
artificial, morte assistida etc. Valores tidos por sagrados são agora quotidianamente aniquilados
por experiências científicas.
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c) O progresso humano fez-se mais lentamente que o progresso científico e tecnológico, ou dito
de outro modo, o progresso moral não acompanhou o científico. Ao longo de todo o século XX
inúmeras foram as figuras do mundo da ciência e da técnica envolvidas em intermináveis de atos
de pura bárbarie, em nada se distinguindo dos antigos "selvagens".
O século XIX e XX foi por tudo isto marcado pelo aparecimento de um enorme número de
teorias éticas, mas também pela própria crítica dos fundamentos da moral. Esta pluralidade revela
igualmente a enorme dificuldade que os homens têm sentido em estabelecer consensos sobre as
normas em que devem de assentar as suas relações. Vejamos:
Kant (1724-1804). Partindo de uma concepção universalista do homem, afirma que este só age
moralmente quando, pela sua livre vontade, determina as suas ações com a intenção de respeitar
os princípios que reconheceu como bons. O que o motiva, neste caso, é o puro dever de cumprir
aquilo que racionalmente estabeleceu sem considerar as suas conseqüências. A moral assume
assim, um conteúdo puramente formal, isto é, não nos diz o que devemos fazer (conteúdo da
ação), mas apenas o princípio (forma) que devemos seguir para que a ação seja considerada boa.
Jeremy Bentham(1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873) desenvolveram uma ética baseada no
princípio da utilidade. As ações morais são avaliadas em função das conseqüências morais que
originam para quem as pratica, mas também para quem recai os resultados. Princípio que deve
nortear a ação moral: "A máxima felicidade possível para o maior número possível de pessoas".
O Bom é aquilo que for útil para o maior número de pessoas, melhorando o bem-estar de todos, e
o Mal o seu contrário.
Habermas (1929). Após a 2ª.Guerra Mundial, Habermas surge a defender uma ética baseada no
diálogo entre indivíduos em situação de equidade e igualdade. A validade das normas morais
depende de acordos livremente discutidos e aceites entre todos os implicados na ação.
Hans Jonas (1903-1993). Perante a barbárie quotidiana e a ameaça da destruição do planeta,
Hans Jonas, defende uma moral baseada na responsabilidade que todos temos em preservar e
transmitir às gerações futuras uma terra onde a vida possa ser vivida com autenticidade. Daí o seu
princípio fundamental: "Age de tal modo que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a
permanência da uma vida humana autêntica na terra".
Novas Problemáticas . As profundas transformações sociais, culturais e científicas das nossas
sociedades colocaram novos problemas éticos, nomeadamente em domínios como a tecnociência
(clonagem, manipulação genética, eutanásia,etc), ecologia, comunicação de massas, etc.
CONCEITOS GERAIS DE ÉTICA
- Ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado.
- É um modelo de conduta humana que seja capaz de guiar o indivíduo, concomitantemente, ao
bem pessoal e ao bem público no sentido de coletivo, do que é bom para a sociedade.
- É um conjunto de princípios e valores morais aceitáveis pela sociedade humana num período
específico.
- A ética brota de dentro do ser humano, daqueles elementos que o caracterizam como ser
humano.
- Ética é o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um
grupo social ou de uma sociedade.
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- Ética - princípios ou pautas da conduta humana, também denominada filosofia moral. Como
ramo da filosofia, é considerada uma ciência normativa.
- Ser ético é fazer o que tem de ser feito dentro dos critérios aceitos pelo grupo humano.
Concluindo...
- Ética é vida! Sem princípios éticos é inviável a organização social.
- Ética empresarial é a alma do negócio. É o que garante o conceito público e a perpetuidade.
ÉTICA DA CONVICÇÃO E ÉTICA DA RESPONSABILIDADE
Max Weber ensina que há pelo menos duas teorias éticas que configuram dois modos diferentes
de tomar decisões, cada qual derivando de uma matriz ética distinta:
1) A Ética da convicção (tratado do deveres)
2) A Ética da responsabilidade (estudo dos fins humanos)
Não quer dizer que a ética da convicção seja idêntica à ausência de responsabilidade e a ética da
responsabilidade seja com ausência de convicção. Não se trata disso. Todavia as atitudes são
diferentes para quem age segunda as máximas da ética da convicção - em linguagem religiosa
diremos: ‘O cristão faz o seu dever e no que diz respeito ao resultado da ação remete-se a Deus’ –
e a atitude de quem age segundo a ética da responsabilidade, que diz: ‘Devemos responder pelas
conseqüências previsíveis de nossos atos’.
De forma simplificada, a máxima da ética da convicção diz: ‘cumpra as suas obrigações’ ou
‘siga as prescrições’. Implicitamente celebra impecáveis dicotomias quando advoga: ‘tudo ou
nada; sim ou não, branco ou preto’. Argumenta que não há meia gravidez e nem virgindade
relativa; descarta meios-tons e não tolera incertezas. É uma teoria que se pauta por valores e
normas previamente estabelecidos, cujo efeito primeiro consiste em moldar as ações que deverão
ser praticadas. Em um mundo assim regrado, deixam de existir dilemas ou questionamentos, não
restam dúvidas a dilacerar consciências e sobram preceitos a serem implementados; tal qual a
mãe católica praticante que nega qualquer cogitação de aborto. Essa matriz, todavia, desdobra-se
em duas vertentes:
1. A de princípio, que se atém rigorosamente às normas morais estabelecidas, em um deliberado
desinteresse pelas circunstâncias, e cuja máxima sentencia: ‘ respeite as regras, haja o que
houver’;
2. A da esperança que ancora em ideais, moldada por uma fé capaz de mover montanhas, pois
convicta que todas as coisas podem melhorar cuja máxima preconiza: ‘ o sonho antes de tudo’.
A ética da responsabilidade, por sua vez, apregoa que somos responsáveis por aquilo que
fazemos. Em vez de aplicar ordenamentos previamente estabelecidos, os agentes realizam uma
análise situacional: avaliam os efeitos previsíveis que uma ação produz; planejam obter
resultados positivos para a coletividade; e ampliam o leque das escolhas ao preconizar que ‘dos
males o menor’ ou ao visar ‘fazer mais bem ao número maior de pessoas’. A tomada de decisão
deixa de ser dedutiva, como ocorre na teoria da convicção, par a ser indutiva. Ou seja, a ética da
responsabilidade: obriga-se ao conhecimento das circunstâncias vigentes; configura uma análise
de riscos; supõe uma análise de custos e benefícios; e funda-se sempre na presunção de que serão
alcançados conseqüências ou fins muitos valiosos.
A ética da responsabilidade não converte princípios ou ideais em práticas do cotidiano, como faz
a ética da convicção, nem aplica normas ou crenças previamente estipuladas, independente de
impactos que possam ocasionar. Ou seja, ganha legitimidade a ação que produz um bem maior ou
evita um mal maior. Assim como ocorre com a ética da convicção, a ética da responsabilidade
expressa duas vertentes:
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1. A utilitarista exige que as ações produzam o máximo de bem para o maior número, isto é, que
possam combinar a mais intensa felicidade possível com a maior abrangência populacional: “faça
o maior bem para mais gente”.
2. A da finalidade determina que a bondade dos fins justifica as ações empreendidas, desde que
coincida com o interesse coletivo, e supõe que todas as medidas necessárias sejam tomadas:
“alcance objetivos altruístas, custe o que custar”.
O contraponto entre a ética da convicção e a ética da responsabilidade fica claro: as ações
cometidas pelos praticantes da ética da convicção decorrem imediatamente da aplicação de
prescrições anteriormente definidas (princípios ou ideais) e as ações cometidas pelos praticantes
da ética da responsabilidade decorrem da expectativa de alcançar fins almejados (finalidade) ou
conseqüências presumidas (utilitarismo).
Vejamos algumas ilustrações de diferenças, às vezes sutis, das duas teorias éticas:
Ética da convicção
a) Como sou aluno, cumpre-me respeitar os
meus mestres e seguir as orientações da minha
escola.
b) Como sou brasileiro, sinto me obrigado a
amar a minha pátria e defendê-la se esta for
agredida.
c) Como sou empregado, tenho de vestir a
camisa da empresa.
Ética da responsabilidade
a) Como sou aluno, é sensato não perturbar as
aulas...
b) Como sou brasileiro, faz sentido eu ser
patriota...
c) Como sou empregado, é importante me
empenhar com seriedade...
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ÉTICA, ÉTICA PROFISSIONAL e ÉTICA ORGANIZACIONAL
Ética de forma simples pode-se definir como sendo um ramo da filosofia que lida com o que é
moralmente bom ou mau, certo ou errado. Parece simples, mas é complexo. Os desafios éticos
surgem, ás vezes, de uma forma violenta e cruel, e necessitam ser resolvidos, mesmo que,
pareçam ser intransponíveis.
O uso popular do termo ética implica em diferentes significados. Regras éticas são quebradas a
todo o momento. Existem éticas para a sociedade e ética dentro de grupos determinados.
Já a ética profissional é a parte da ética que ensina o homem a agir em sua profissão, tendo em
vista os princípios da moral. Ela é a aplicação geral no campo das atividades profissionais.
Assim, a ética profissional do estudante de Administração, do Contador etc., consiste em
conhecer a ética, nela acreditar e viver eticamente, na vida privada como na vida pública.
Então, ética profissional trata dos deveres e dos direitos, dos agentes administrativos e
contabilistas, entre outros. Assume o compromisso do crescimento ético - retidão de consciência.
Do ponto de vista organizacional a ética deve ser vista como um conceito utilitário com o sentido
de uma ferramenta útil ao dirigente de qualquer organização. Enquanto a ética profissional está
voltada para as profissões e os profissionais do setor correspondente, a ética organizacional
atinge as empresas e organizações em geral.
Portanto, vamos definir ética organizacional como um comportamento regido por padrões claros,
explícitos, que correspondem à postura real dos dirigentes dessa organização. Ou seja, a ética é
parte daquilo que se define como cultura ou filosofia organizacional: são padrões de
comportamento que correspondem a valores reais, aceitos e assumidos pelos componentes da
organização, a partir de sua cúpula. Isso significa que a ética organizacional não corresponde
necessariamente a padrões morais ou religiosos, embora seja de esperar e desejar que isso ocorra.
Valores são critérios gerais, padrões ou princípios que as pessoas utilizam para determinar quais
comportamentos, eventos e situações são desejáveis ou indesejáveis.
Temos exemplos de ética organizacional em setores cujos negócios são ilegais ou até amorais.
Um exemplo típico são os bicheiros: eles têm a sua ética, um padrão de comportamento claro,
que permite que as pessoas apostem usando um pedacinho de papel como comprovante e tenham
a certeza de receber seus prêmios.
A importância dessa clareza organizacional fica óbvia quando se sabe que a população - e são as
pesquisas que indicam - confia mais nos bicheiros do que nos comerciantes, industriais ou
banqueiros. Por quê? A resposta é óbvia: há mais clareza nas posições dos bicheiros do que nas
dos outros grupos mencionados. Portanto, é preciso não apenas adotar princípios éticos nas
organizações, como deixá-los claros aos diversos públicos com que elas se relacionam.
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ÉTICA NAS EMPRESAS
Inserido no gênero da “ética organizacional”, vamos abordar um tema atualíssimo e muito
importante para o desenvolvimento e a credibilidade de uma empresa no mercado.
Atualmente, para que uma empresa possa adquirir e garantir credibilidade junto ao mercado, não
basta somente oferecer produtos ou serviços de qualidade, preços competitivos e obter exposição
na mídia. Embora estes fatores sejam fundamentais e os consumidores estejam cada vez mais
exigentes, a conquista da credibilidade junto ao público exige mais, pois engloba outros fatores
tão cruciais quanto os primeiros. A ética é, com certeza, um destes principais itens.
O ambiente empresarial se encontra em constante mudança e aqueles empresários mais
preparados devem enxergar a necessidade de acompanhar os novos tempos. Passamos por
algumas fases, onde a modernidade nos trouxe a necessidade da obtenção da qualidade, através
da ISO-9000. Depois, passamos à preocupação com o meio ambiente, que introduziu a ISO-
14000 e chegamos à época da ISO-Ética. É a intenção de se adotar certificados de qualidade ética
para as empresas.
Analisemos nosso próprio comportamento como consumidores, ao escolher entre adquirir
produtos ou serviços de uma empresa que é reconhecida no mercado como detentora de padrões
éticos e responsáveis e de outra que fere os princípios da ética e da responsabilidade social para
colocar seus produtos ou serviços no mercado. Com quem você negociaria?
Enfim, estamos na "Era da Ética" e tal consciência tem feito aumentar o número de causas
submetidas à Justiça, o que nos mostra uma cobrança crescente para que se obedeça a parâmetros
que suplantem as necessidades imediatas e primárias, instintivas. Por isso a importância da
certificação ISO-Ética. Ou seja, a busca de um padrão respeitável, global, vanguardista e
lucrativo de atuação nas relações comerciais e, como conseqüência, eleva-se o nível dos
relacionamentos, estreitam-se laços de parceria, minimiza-se a desconfiança do consumidor em
relação ao produto oferecido e simplificam-se os contratos comerciais.
Hoje, para que uma empresa consiga credibilidade junto ao mercado, não basta só auferir
qualidade a seus produtos ou serviços. Embora esse fator seja primordial e o público consumidor
esteja cada vez mais exigente nesse sentido, a conquista da credibilidade é mais ampla. Ela
engloba outros itens – e a ética é, notadamente, um desses principais itens.
Não existe, na grande maioria das empresas, a preocupação com a ética sistematizada para a
organização. Existe a necessidade da preparação de um Código de Ética, que seja seguido por
todos os colaboradores da empresa e seus fornecedores.
Exemplo simples de comportamento ético:
Imaginemos duas empresas que atuem num mesmo segmento de negócios. Vamos chamar estas
empresas de A e B. No nosso exemplo, ambas atuam no segmento de panificação.
Na empresa A o empreendedor, zeloso por manter uma postura ética e não apenas comercial,
ajusta o layout (as instalações) de seu estabelecimento para permitir livre trânsito a pessoas
portadoras de necessidades especiais (deficientes físicos e pessoas da terceira idade), instalando
rampas de acesso no interior de sua panificadora, aumentando a distância interna das gôndolas,
demarcando vagas preferenciais no seu estacionamento, fazendo a identificação de produtos em
braile, demarcando o chão do estabelecimento com sinalizadores especiais para pessoas
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portadoras de deficiência visual, entre outras medidas. Certamente todos estes ajustes e alterações
terão um custo financeiro.
Por outro lado, a empresa B não adota nenhuma dessas medidas por considerar que a legislação
do município onde está instalada não obriga a adoção de tais providências. Qual o resultado
prático desses comportamentos diferenciados?
O custo adicional suportado pela empresa A será de alguma forma compensado? A resposta a
esta pergunta é muito simples. Num mercado saturado, onde a concorrência é acirrada, empresa
A com certeza sairá ganhando.
Na medida em que os consumidores identificam as alterações promovidas por seu empreendedor
para permitir o adequado atendimento de pessoas com necessidades especiais, a mensagem que
ficará gravada na mente do consumidor é que se trata de uma empresa ética, que não só respeita
as pessoas, mas também se importa com seu bem estar.
Dessa forma, a empresa A terá alcançado um diferencial de mercado positivo em relação à
empresa B, que, mesmo não agindo contra a lei, terá maior dificuldade em cativar e manter sua
clientela (este processo é conhecido como fidelização de clientes). Desta forma, além da
possibilidade de atender a demanda de pessoas portadoras de necessidades especiais, ainda
manterá sua cliente habitual e terá uma imagem de excelência que certamente atrairá novos
consumidores.
Este é apenas um dos exemplos que ilustram, de forma clara, que a adoção de comportamentos
eticamente responsáveis podem resultar num diferencial positivo em relação ao público
consumidor.
CONSULTORIA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES
O movimento de ética empresarial surgiu nos EUA a fim de reduzir os conflitos existentes entre
os valores morais da sociedade e a prática adotada por organizações empresariais na busca de
atingir suas metas e objetivos financeiro-econômicos. O que deveria promover uma reflexão
sobre a relação entre a sustentabilidade destas organizações e o bem-estar da sociedade,
entretanto, terminou por dar à ética o caráter de ferramenta gerencial de controle disciplinar.
Como resultado, criou-se um mercado milionário de escritórios de consultoria e firmas que
prestam serviços em ética empresarial. Estas empresas oferecem pacotes de serviços que incluem
meios de comunicação alternativos e confidenciais para que funcionários possam denunciar
comportamentos considerados “antiéticos”, sessões de treinamento, seminários, cartazes e
publicações suplementares, revisões periódicas dos códigos de conduta das empresas, exercícios
de aplicação hipotética do código com gerentes etc. Outro fenômeno resultante da preocupação
com os prejuízos financeiros da conduta antiética em solo norte-americano é a proliferação de
cargos e funções hierárquicas de supervisão e controle e a criação de departamentos de ética, com
equipes permanentes, objetivos definidos, sistemas de avaliação etc., estruturas que chegam a
consumir orçamentos anuais de um milhão de dólares. Enquanto o exercício da ética nas
organizações é restrito à descoberta de fraudes, abusos e outros crimes corporativos, raramente
parece ser relacionado a efeitos nocivos à sociedade de forma mais global, como problemas
causados ao meio ambiente e desemprego. Hoje, as organizações como um todo – incluindo as
governamentais e as ONGs – são eticamente corretos, se possuírem, antes de tudo, excelência na
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proteção ambiental, melhoria na educação, assistência médica, políticas internas a respeito de
salários justos, condições adequadas de trabalho, respeito às diferenças sociais, intelectuais, de
sexo, crença ou raça. Isso não é válido apenas para as instituições que têm como missão o serviço
à sociedade.
O ACADÊMICO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS E A QUESTÃO DA ÉTICA
As universidades têm participado com importantes contribuições às comunidades que as cercam,
principalmente pela divulgação do conhecimento e ampliação dos horizontes do pensamento e
das oportunidades pessoais e profissionais. Além disso, despertam as práticas da cidadania,
possibilitando não somente aos estudantes, mas à comunidade que estes participam, a descoberta
de direitos e valores desconhecidos.
Observa-se que muitos cursos universitários, preocupados com a conduta dos profissionais das
mais diversas áreas do conhecimento, se preocupam com o estudo da Ética, matéria esta que não
se resume, simplesmente, aos ambientes de graduação, mas chegando aos cursos de pós-
graduação com uma grande atenção dirigida não só por parte dos professores, mas pelo grande
interesse dos alunos. O tema é tão relevante que o MEC - Ministério da Educação e Cultura
sugeriu formalmente que todos os cursos de administração, em nível de graduação e pós-
graduação, incluíssem em seu currículo a disciplina de ética. O CEUNSP - Centro Universitário
Nossa Senhora do Patrocínio atende a instrução do MEC ao instituir a disciplina Ética
profissional e organizacional, nosso objeto de estudo.
O ADMINISTRADOR EMPRESAS
Antes de voltarmos para a questão da ética é interessante conhecermos um pouco sobre o
Administrador de Empresas.
A profissão do Administrador, como profissão regulamentada, surgiu com a promulgação da Lei
nº. 4.769, de 09/09/1965, a qual foi regulamentada pelo Decreto nº. 61.934, de 27/12/1967. O dia
do Administrador é comemorado em 09 de setembro, pois é a data em que a Lei nº. 4.769/65, que
regulamenta a profissão, foi promulgada.
Existem órgãos que orientam e disciplinam o exercício da profissão do administrador. Na esfera
Federal temos o Conselho Federal de Administração (CFA) que é o órgão normativo, consultivo,
orientador e disciplinador do exercício da profissão de Administrador, bem como, controlador e
fiscalizador das atividades financeiras e administrativas do Sistema CFA/CRAs. Nos estados
temos os Conselhos Regionais de Administração (CRA) como órgão consultivo, orientador,
disciplinador e fiscalizador do exercício da profissão de Administrador. O Sistema CFA/CRAs
tem como missão promover a difusão da Ciência da Administração e a valorização da profissão
do Administrador visando a defesa da Sociedade. Vejamos as Finalidades dos conselhos:
CFA:
a) propugnar por uma adequada compreensão dos problemas administrativos e sua racional
solução;
b) orientar e disciplinar o exercício da profissão de Administrador;
c) elaborar seu regimento interno;
d) dirimir dúvidas suscitadas nos Conselhos Regionais;
e) examinar, modificar e aprovar os regimentos internos dos Conselhos Regionais;
f) julgar, em última instância, os recursos de penalidades impostas pelo CRA;
g) votar e alterar o Código de Deontologia Administrativa, bem como zelar pela sua fiel
execução, ouvidos os CRAs;
h) aprovar anualmente o orçamento e as contas da autarquia; e
i) promover estudos e campanhas em prol da racionalização administrativa do País.
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CRA:
a) dar execução às diretrizes formuladas pelo Conselho Federal de Administração;
b) fiscalizar, na área da respectiva jurisdição, o exercício da profissão de Administrador;
c) organizar e manter o registro de Administrador;
d) julgar as infrações e impor as penalidades;
e) expedir as carteiras profissionais dos Administradores; e
f) elaborar o seu regimento interno para exame.
O PAPEL DO ADMINISTRADOR NAS ORGANIZAÇÕES
• Cuidar de todas as operações de uma empresa, desde a organização de seus recursos
humanos, materiais e financeiros até o desenvolvimento de estratégias de mercado;
• Organizar e coordenar as atividades financeiras de um estabelecimento, lidando com
patrimônio, capital de giro e análise de orçamentos como: custos, orçamentos e fluxo de
caixa;
• Gerenciar projetos;
• Gerenciar processos de seleção, admissão e demissão de funcionários;
• Implantação e implementação de planos de carreira, programas de benefícios, de
treinamento e de capacitação de funcionários;
• Coordenar a compra de matérias-primas e insumos;
• Envolver-se com a publicidade e o marketing promovendo a vinda de produtos ou
serviços da empresa;
• Gerenciar os sistemas de tecnologia de informação de uma empresa, atualizando seus
equipamentos e programas necessários ao negócio;
• Gerenciar as atividades comerciais de uma empresa com organizações de outros países,
identificando oportunidades de negócios e cuidando dos processos de importação e
exportação de mercadorias;
• Acompanhar a análise e os exames periciais das operações contábeis de uma organização;
Planejar e coordenar as operações de ONGs, gerindo a captação de recursos e sua
aplicação em projetos ambientais, educacionais, profissionalizantes ou comunitários;
• Supervisionar o processo produtivo em indústrias, da análise da matéria-prima à
qualidade do produto final;
• Gerenciar hospitais, prontos-socorros e convênios médicos;
• Dirigir empresas rurais e agroindustriais, controlando o processo de produção, a
distribuição e a comercialização da produção.
NOVO CARGO PARA O ADMINISTRADOR: GUARDIÃO DE ÉTICA DAS EMPRESAS
Deontologista é o nome de um cargo que está crescendo nos organogramas das principais
empresas francesas. O termo deriva de deontologia, que segundo o "Aurélio" é "o estudo dos
princípios, fundamentos e sistemas de moral". Logo, por definição, trata-se do executivo que tem
a missão de ser o guardião da ética da empresa, formalizando regras de boa conduta e instituindo
regulamentos para os funcionários. A novidade foi lançada na França e parte da Europa e deve
invadir o mundo.
Com tantos papéis importantes o administrador deve se preparar. A questão ética é um bom
começo, pois deve ser vista como um conceito utilitário com o sentido de uma ferramenta útil ao
dirigente de qualquer organização.
12
Uma atuação profissional ética implica sabermos quais são nossos princípios éticos e aqueles das
organizações para as quais trabalhamos. É preciso ter respostas claras a perguntas como:
• Os empregados sabem como a organização se comporta em casos de corrupção? Oferece
suborno? Paga ou não paga a comissão ou o jabaculê solicitado por políticos, fiscais,
compradores etc.? Pune ou não pune quem for apanhado aceitando suborno? Ou pagando?
• Na postura ambiental, cumpre a legislação, procura ser melhor que a lei ou está preocupada em
fazer do jeito mais barato?
• E em relação ao consumidor? O código é respeitado? A propaganda, a promoção e a
embalagem são leais em relação ao que o consumidor vai receber ou buscam enganá-lo? E a
qualidade, corresponde ao preço ou ao serviço?
• Em relação à concorrência - ela é limpa ou procura prejudicar os outros sempre que possível?
• Se a empresa é monopolista ou oligopolista, até que ponto abusa disso?
• A relação com os empregados é aberta ou dissimulada? O que se diz nos comunicados e
informes internos é verdade ou tentativa de vender gato por lebre?
• Os impostos são pagos ou sonegados?
A atuação do administrador no campo da ética empresarial é de extrema importância.
Os lideres empresariais descobriram que a ética passou a ser um fator de competitividade.
Por isso é crescente a preocupação, entre os empresários brasileiros, com a adoção de padrões
éticos para suas organizações. Sem dúvida, os integrantes dessas organizações serão analisados
através do comportamento e das ações por eles praticadas, tendo como base um conjunto de
princípios e valores.
Da mesma forma que o indivíduo é analisado pelos seus atos, as empresas (que são formadas por
indivíduos) passaram a ter sua conduta mais controlada e analisada, sobretudo após a edição de
leis que visam a defesa de interesses coletivos.
A credibilidade de uma instituição é o reflexo da prática efetiva de valores como a integridade,
honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito ao consumidor,
entre outros.
Nessa dimensão ética distinguem-se dois grandes planos de ação que são propostos como desafio
às organizações: de um lado, em termos de projeção de seus valores para o exterior, fala-se em
empresa cidadã, no sentido de respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho voluntário,
realização de algum benefício para a comunidade, responsabilidade social, etc.
De outro lado, sob a perspectiva de seu público mais próximo, como executivos, empregados,
colaboradores, fornecedores, acionistas, envidam-se esforços para a criação de um sistema que
assegure um modo ético de operar, sempre respeitando os princípios gerais da organização e
princípios do direito.
13
Abre-se aqui uma nova área de atuação para os administradores, que se desenvolverá mediante a
assessoria na elaboração e implantação de códigos de ética ou de conduta, criação de comitês de
ética, orientação para os que se ocupam com treinamento dos empregados, contribuindo na
revisão de critérios e tomadas de decisões, visando auxiliar na solução dos dilemas, respeitando a
legislação aplicável e executando um trabalho de consultoria preventiva.
São muito pesados os ônus impostos às empresas que, despreocupadas com a ética, enfrentam
situações que muitas vezes, em apenas um dia, destroem uma imagem que consumiu anos para
ser conquistada. Multas elevadas, quebra da rotina normal, empregados desmotivados, fraude
interna, perda da confiança na reputação da empresa, são exemplos desses ônus.
Daí o motivo de muitas empresas terem adotado elevados padrões pessoais de conduta para
seleção de seus empregados, cientes de que, atualmente, a integridade nos negócios exige
profissionais altamente capazes de compaginar princípios pessoais e valores empresariais.
É perfeitamente plausível e absolutamente necessário aliar lucros, resultados, produtividade,
qualidade e eficiência de produtos e serviços, além de outros valores típicos de empresa, com
valores pessoais, tais como: honestidade, justiça, cooperação, tenacidade, compreensão,
exigência, prudência, entre outros.
Por essa razão muitas empresas de respeito empreenderam um esforço organizado, a fim de
encorajar a conduta ética entre seus empregados. Para tanto, implantam códigos de ética,
reciclam o aprendizado de seus executivos e empregados, idealizam programas (hoje em dia
programas virtuais) de treinamento, criam comitês de ética, capacitam lideres que percorrem os
estabelecimentos da organização incentivando a desenvolvimento de um clima ético.
Nessa perspectiva servem-se de consultores externos que assessoram na elaboração de códigos de
conduta, no desenvolvimento do clima ético, sensibilizando seus integrantes, mediante cursos e
palestras, participando ativamente de treinamentos, procurando adequar tudo à legislação
aplicável ao assunto.
Dentre tantas áreas de especialização que surgiram neste início de milênio, está o vastíssimo
campo da ética empresarial. Fica lançado o desafio para aqueles que desejam trabalhar na área de
consultoria ética empresarial.
VALORES NAS EMPRESAS
Os valores são os pilares internos das organizações, são ações que se apresentam em condutas
que definem "o caráter da Empresa".
Por Exemplo, comprometimento no atendimento ao cliente, respeitando-o, resolvendo e
solucionando seu problema ou, ouvindo sua sugestão pode ser definido pelo grupo de executivos
como um valor corporativo na empresa, e que deve ser multiplicado no dia-a-dia pelos
funcionários no seu relacionamento com o cliente quer seja interno ou externo, quando ele
fornece uma resposta, quando é contatado ou presta alguma orientação. Este valor pode ser
transportado para outras condutas internas, que deverão refletir no comportamento do
funcionário. Comprometimento nas tarefas que desenvolve, nas responsabilidades que assume
no atendimento de um problema interno, com a imagem da Empresa, salvaguardando-a de
qualquer conduta que venha a denegri-la.
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Outros exemplos de valores:
Integridade: pessoas comprometidas a agir com integridade em suas atividades.
Justiça: justiça com o significado de "equidade", ou seja, tratar todo mundo de uma maneira
justa e igual.
Responsabilidade Social: a coisa mais socialmente responsável que uma empresa pode fazer é
realizar um trabalho excepcional no atendimento às necessidades da sociedade. Apoiar projetos
sociais das comunidades.
Ambiente de trabalho: ter um ambiente de trabalho em que possamos usar novos dons e
habilidades. Criar um ambiente saudável, requer uma visão positiva da humanidade, que começa
com as pessoas que trabalham na empresa.
Valorizar a pontualidade, a qualidade de cada serviço e presteza no.atendimento.
Comportamento ético e desenvolvido de acordo com a legislação vigente.
Lealdade para com a Empresa.
Tratamento justo, cortês e respeitoso entre os colegas de trabalho.
Justiça e consideração apropriadas aos interesses de outras pessoas vinculadas à Empresa:
acionistas, clientes, outros parceiros comerciais, autoridades governamentais e o público em
geral.
Respeito e proteção ao meio ambiente.
Valores no ambiente de trabalho que devemos ter sempre do nosso lado: Dinamismo –
Observação – Esperteza – Sensibilidade – Emotividade – Criatividade – Liderança - Espírito de
equipe – Humildade - Atualização
Lembre-se: a postura ética constrói ou destrói a reputação de uma empresa. A adoção de um
comportamento ético consagra valor à imagem da empresa.
VALORES – DILEMAS ÉTICOS
Valores são princípios, fundações sobre as quais erguemos o edifício de nossas vidas – eles
orientam as nossas ações. A maioria dos nossos valores são mitos, tabus que aceitamos como
importante e verdadeiro porque herdamos de nossos pais, demais familiares, depois com
professores, colegas etc., enfim, surge das nossas relações com outras pessoas.
O mundo dos valores é o mundo das escolhas, da apreciação dos atos e objetos em que a ação
humana impõe uma demarcação entre o desejável, o bem e o mal, a honestidade e a
desonestidade, o amor e o ódio ou a justiça e a injustiça.
Exemplos de valores considerados importantes no COTIDIANO: honestidade, responsabilidade,
respeito, compaixão, justiça, liberdade, coragem moral, tolerância, lealdade, paz, honra,
humildade, generosidade, obediência...
Exemplos de valores considerados importantes como bandeiras de luta de UM POVO OU DE
UMA NAÇÃO: igualdade, liberdade, justiça, fraternidade, solidariedade, dignidade, tolerância,
progresso, ordem, comida...
Exemplos de valores considerados importantes para uma EMPRESA: compromisso com a
qualidade, defesa ao meio ambiente, respeito mútuo, ética nos negócios, solidez, transparência,
empreendedorismo, excelência, união, satisfação do cliente, liderança, respeito à sociedade...
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Os valores devem se apresentar de forma hierárquica subordinando-se uns aos outros segundo o
grau de importância que cada um manifesta para nós. Cada indivíduo nas mais diversas
circunstâncias orienta-se por uma escala de valores que o leva a realizar determinado ato em vez
de outro. Cada sociedade e cultura estabelecem igualmente uma hierarquia de valores e esses
valores exercem influências nas nossas preferências podendo causar impactos na conduta
individual. Determinadas sociedades apresentam valores que a nós causam estranheza como na
Índia que a vaca é venerada sendo inconcebível o sacrifício da espécie tendo até punições. Para
outras sociedades essa atitude não tem nenhum significado.
CHOQUE DE VALORES
Pelo que foi apresentado até o momento já percebemos que cada pessoa apresenta suas próprias
crenças e seus valores, buscando alcançar os seus interesses particulares. Vimos ainda que a
sociedade como um todo também cultua valores e exige que esses valores sejam respeitados. Em
determinados momentos as pessoas precisam decidir qual interesse atender em primeiro plano. A
decisão adotada pode trazer prejuízos de seu próprio interesse, do outro, ou para toda a sociedade.
Em relação à área da Administração de Empresas existe o risco do choque de valores. Os valores
de um indivíduo podem vir a chocar-se com o sistema de valores da empresa e com isso
desencadeia-se o conflito. Se as crenças e valores corporativos definidos pela Alta
Administração, forem muito diferentes dos valores individuais, a convivência dos empregados
no ambiente de trabalho será muito mais difícil, prejudicando o desenvolvimento da organização.
Por outro lado, quanto mais próximos forem os valores de um indivíduo daqueles preconizados
pela organização maior será a produtividade para a mesma, além da promoção de estado mais
elevado de realização das pessoas. Em um enfoque mais cruel, temos o conflito de ‘valores
empresariais’ com ‘valores pessoais’ quando certas exigências feitas pelas empresas são
antiéticas ou imorais. As empresas devem analisar seriamente suas crenças e valores, já que cada
vez mais, as pessoas querem trabalhar com cultura ética e moral, onde encontrem significado
para as suas vidas e possam fazer diferença com seu trabalho.
Ao se deparar com um conflito existe a necessidade de um ’ponto de entendimento’. Entra em
campo a ÉTICA, que tem por objeto o comportamento humano no interior de cada sociedade, o
objetivo da ética é entender os conflitos, buscando suas razões e estabelecer tipos de
comportamentos que permitam a convivência em níveis aceitáveis na sociedade. Cada um tem a
sua própria reação diante de um fato e acha que a sua reação é a ‘certa’. Isso precisa ser
organizado.
PERFIL DAS POSTURAS MORAIS
Qual o seu perfil moral? Para saber, responda ao exercício que segue, obedecendo rigorosamente
às instruções.
INSTRUÇÕES
Logo abaixo estão listadas dez situações em que dois conjuntos de proposições deverão ser
classificados. Tente identificar-se melhor com um dos conjuntos.
Na coluna à direita, você deverá atribuir a cada conjunto (de cada situação) uma nota. Você
dispõe apenas de três pontos para distribuir entre os dois conjuntos, baseado na importância que
você atribui a cada um. Assim, as possibilidades são apenas quatro:
Letra 3 0 2 1
Letra 0 3 1 2
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Quando você terminar, tabule os resultados. Você deverá computar um total de 30 pontos, ou
seja, dez situações multiplicadas por três pontos.
• Não existem respostas certas ou erradas; seja então absolutamente sincero.
• Não diga o que você gostaria de ser ou de pensar se o mundo fosse diferente, mas como você é
e pensa na atual realidade.
• Não deixe de classificar conjunto algum.
• Não repita nem divida notas.
Situação 1 Situação 2
Evito ao máximo subornar fiscais e sonegar
impostos. Mas se um fiscal forçar a barra, eu
pago, e se minha empresa estiver em
dificuldade, sonego e pronto. Nos negócios,
bom senso e pragmatismo são fundamentais.
A
Lamento que muita gente lance mão de
expedientes, no velho estilo do Brasil
tradicional. Numa economia aberta, quem
não fornece qualidade, atendimento
personalizado, preços competitivos, garantias
pós-venda, está fadado a desaparecer. Minha
empresa veio para ficar e não para fazer
negócios com uma visão imediatista.
A
Estou convencido de que um comportamento
reconhecido como idôneo pelos clientes traz
bons negócios em prazo médio e longo. De
modo que a sonegação de impostos ou o
suborno de fiscais são práticas difundidas que
só merecem repulsa, porque prejudicam a
coletividade, bem como a imagem da
empresa.
B
Penso, que não se deve misturar negócios e
questões morais. Afinal, quem põe capital de
risco quer ganhar dinheiro; não está aí para
fazer caridade ou para bancar o missionário.
Vamos deixar de hipocrisia: quem faz
negócios não pode ser santo. Dadas as muitas
complicações que existem no Brasil, é
preciso ter jogo de cintura para que as coisas
funcionem. Quem tem juízo sabe corno se
virar.
B
Situação 3 Situação 4
Acho que maximizar os lucros dos acionistas
não pode ser o único dínamo das empresas:
estas precisam agir com claro sentido de
responsabilidade social. Por exemplo, devem
repartir ganhos com clientes e funcionários,
além de respeitar o meio ambiente.
A
Penso que a única maneira de sobreviver
para as empresas é preparar-se para o que der
e vier. A concorrência está cada vez mais
acirrada e desleal. Seria ingênuo arriscar o
negócio bancando o bom-moço. Cabe um
acordo entre as empresas para que não haja
concorrência predatória e para que não se
ponha em perigo o emprego de muita gente.
A
Creio que a frase anterior só faz sentido se
outros agentes forem contidos em seu apetite:
as autoridades com seus impostos, os
sindicatos com seus pleitos, os ecologistas
com suas exigências, os fornecedores com
seus preços, os bancos com seus juros e suas
taxas.
B
Não importa o tipo de concorrência, se
estrangeira ou nacional. Quem é competente
sabe reduzir custos e repensar o próprio
negócio, sabe inovar sempre e lançar
produtos novos, com qualidade e bom
design. Apelar para o vale-tudo é uma atitude
desesperada de curto alcance.
B
Situação 5 Situação 6
Se eu souber que a empresa em que trabalho
vai adquirir uma empresa concorrente cujas
ações estão a um preço muito baixo, compro
um lote de ações, já que seu valor
certamente subirá.
A Se eu, como presidente de uma empresa,
souber que um concorrente acabou de
desenvolver uma nova tecnologia que vai lhe
garantir boa fatia do mercado, faço com que
um dos especialistas deste concorrente me
repasse o know-how. Como todo mundo
procura se defender, também me adapto às
circunstâncias, embora o faça a contragosto.
Quem está na chuva é para se molhar.
A
17
Não compro ação alguma, a não ser que a
minha empresa autorize tal procedimento,
porque, caso contrário, eu estaria me
valendo de informações confidenciais que
podem trazer prejuízo à operação como um
todo.
B
Procuro manter-me sempre atualizado e não
me deixar surpreender pelos concorrentes.
Lanço produtos com inovações, me valendo
apenas da inteligência competitiva, e não da
espionagem econômica. A meu ver, quem se
socorre de manobras escusas não merece o
respeito de ninguém e demonstra miopia
empresarial.
B
Situação 7 Situação 8
Acredito que as empresas devem adotar
políticas criteriosas na área da publicidade, na
qualidade dos produtos ou dos serviços
prestados, no atendimento aos clientes e nos
preços competitivos. Enganar os clientes ou
omitir deficiências pode realmente dar
resultados imediatos, mas está errado. Além
de poder trazer problemas com o Código de
Defesa do Consumidor, o Procon, a mídia e
até a Justiça. Não faço negócio com
espertezas.
A
Obedeço à praxe do mercado e considero que
oferecer brindes, presentes e gratificações a
compradores e gerentes das empresas
clientes é uma atitude de boa educação.
Danço conforme a música, como todo
mundo faz. Aliás, quem deixa de fazê-lo
perde negócios e reduz suas próprias
oportunidades.
A
Seria ingenuidade minha lançar um produto e
não ressaltar todas as suas qualidades, ao
mesmo tempo em que omito naturalmente as
possíveis deficiências ou insuficiências. Isso
não quer dizer que eu deixe de ter produtos
competitivos. O mercado está aberto para
qualquer um poder comparar os produtos e os
preços, os serviços prestados e o tipo de
atendimento. Os clientes não são crianças que
devem ser pajeadas. Cabe a eles apreciarem a
publicidade que se faz e aquilo que compram.
Minha responsabilidade é para com os
acionistas em primeiro lugar.
B
Acho que é preciso estabelecer uma política
explícita e restritiva no tocante à aceitação
ou à oferta de convites, favores, brindes e
presentes. Trata-se de um dos itens que o
código de conduta empresarial deve ter,
porque deixar cada funcionário orientar-se
segundo sua própria consciência é abandoná-
lo num mato sem cachorro.
B
Situação 9 Situação 10
Sendo eu presidente de urna empresa, não vejo
miada de errado em possuir ações de uma
companhia com a qual minha empresa faz negócios
regularmente. É um modo inteligente de
estabelecer uma boa parceria. E mais: não vejo por
que não sentar juntos para procurar regular o
mercado (acabando com a guerra entre os
concorrentes) e para descobrir o melhor método de
contornar tantos impostos - afinal, a carga
tributária mio Brasil é altíssima e bem mal
distribuída.
A
Não basta elaborar um código de conduta, é
preciso conscientizar os funcionários a
respeito das normas morais neles contidas e
controlar o que fazem sem esmorecer. Isso
significa que o código de conduta é para
valer, devendo corresponder a cada uma das
práticas de gestão.
A
Acho inadequado possuir ações de um concorrente
se eu for presidente de uma empresa. Certamente
haverá conflito de interesses e eu ficaria impedido
de tomar certas decisões. E mais: é um absurdo
combinar os preços dos produtos com as empresas
concorrentes, porque isso prejudica os clientes.
Mas cabe apoiar-se mutuamente no que diz
respeito aos interesses do setor para pressionar o
Executivo e o Legislativo e conseguir diminuir a
carga tributária.
B
Códigos de conduta acabam servindo para
jogar poeira nos olhos do pessoal de fora.
Quem conhece a realidade dos negócios sabe
disso. Afinal, o que se escreve não é para ser
cumprido, caso contrário não se faria mais
negócio algum. Felizmente, nós aprendemos
a dissociar desde sempre o discurso e os atos.
Então, vamos deixar isso para lá e parar com
esses modismos tolos.
B
TABULAÇÃO
Cuidado com as letras!
18
Identifique as notas que você deu em cada situação, nas colunas à direita, e lance, diante de cada
letra, a nota respectiva.
No final, some as notas por coluna.
Situação COLUNA I COLUNA II
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
B =
A =
A =
B =
B =
B =
A =
B =
B =
A =
A =
B =
B =
A =
A =
A =
B =
A =
A =
B =
TOTAIS = 30
Não alcançando exatamente 30 pontos, reveja sua pontuação: é possível que tenha ocorrido
algum erro de lançamento.
DUPLA MORAL BRASILEIRA
Duas pesquisas de âmbito nacional feitas pelo Ibope recentemente registraram que 64% dos
entrevistados consideravam que, no Brasil, quando uma pessoa tem a oportunidade de conseguir
uma vantagem fazendo algo errado, e sabe ter poucas chances de ser descoberta, ela age
ilegalmente. E mais:
• 65% acreditavam que o povo brasileiro é um povo desonesto;
• 81% disseram que se os supermercados não vigiassem as prateleiras sofreriam muito mais
roubos do que hoje;
• 93% afirmaram que a maioria dos brasileiros tenta dar uma “caixinha” para se livrar de multa;
• 82% consideraram que a maioria das leis não é obedecida;
• 86% acharam que existem certas pessoas que, mesmo que façam coisas erradas, nunca serão
punidas pela justiça;
• 80% acreditavam que as leis só existem para os pobres e que a Justiça brasileira não trata os
pobres e os ricos da mesma maneira;
• 59% estavam convencidas de que os advogados não são pessoas honestas;
• 64% diziam o mesmo dos policiais;
• 63% afirmaram que a maioria dos guardas rodoviários deixa de multar quando recebe uma
boa “caixinha”;
• 64% disseram o mesmo dos fiscais; mas
• 78% dos entrevistados responderam que devem cumprir a lei independentemente de sua
opinião sobre ela.
Foi feito um exercício/pesquisa em 23 de maio de 2006 pelo prof. José Carlos Clementino com os
alunos do 7º Semestre das turmas A e B, da disciplina Ética Profissional e Organizacional, do
Curso de Administração de empresas do CEUNSP que revelou o seguinte:
Turmas A e B – 94 alunos avaliados
43% - moral do oportunismo
36% - Relações confusas com a moral da integridade – padecem de grande ambigüidade
21% - Moral da Integridade com concessões à moral do oportunismo
0% - Moral da Integridade (pura)
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Podemos enxergar a dupla moral brasileira (moral da integridade e moral do oportunismo).
Vejamos em que consiste a Moral da integridade: Trata-se do sistema de normas morais que
corresponde ao imaginário oficial brasileiro e configura o comportamento considerado decente e
virtuoso. Essa moral é ensinada nas escolas e nas igrejas, serve de pauta aos tribunais e à mídia
mais responsável. Enumera as qualidades que moldam as “pessoas de bem” ou distinguem
aquelas que possuem “retidão de caráter”. Os chamados rigoristas a praticam - agentes
escrupulosos e severos no cumprimento das normas morais, sérios e dignos de confiança.
A moral da integridade:
1. Estriba-se nos seguintes valores: honestidade, lealdade, idoneidade, decoro, lisura no trato
da coisa pública, fidelidade à palavra empenhada, cumprimento das obrigações, obediência aos
costumes vigentes, respeito à verdade e à legalidade, amor ao próximo.
2. Caracteriza a pessoa confiável.
3. Demarca o que faz de alguém um sujeito digno de crédito.
4. Subordina os interesses individuais ao bem comum.
5. Enaltece a probidade como imperativo categórico.
6. Não tolera a desonestidade, o engodo, a fraude, o blefe, a manipulação da inocência dos
outros.
Em conseqüência, molda-se no cadinho da ética da convicção, vertente de princípio. É uma moral
do dever: “Faço algo porque é um mandamento.”
E o que vem a ser a segunda moral brasileira- a moral do oportunismo? O sistema de normas
morais que corresponde ao imaginário oficioso brasileiro e que configura o comportamento dito
esperto:
1. Consiste em que o agente individual se saia bem, ainda que em detrimento dos interesses
dos outros.
2. Floresce na sombra da malícia.
3. Nutre-se de franca hipocrisia, pois, em público, todos simulam aderir a da integridade.
4. Pratica-se de modo informal, graças à complacência, ao respaldo ou à cumplicidade dos
mais íntimos - sócios, parentes, compadres, amigos, colegas, vizinhos, comparsas. Corresponde
ao triunfo da conveniência sobre os princípios ou sobre a responsabilidade social.
Suas formas de agir transgridem as normas morais oficiais e são consideradas imorais do ponto
de vista da oficial. Mas nem por isso perturbam as consciências daqueles que as adotam. Ao
contrário:
1. Desnudam uma face interesseira no burburinho das patotas, das turmas, das igrejinhas, dos
clãs familiares.
2. Expõem a compulsão em “levar vantagem em tudo” como uma espécie de vocação.
3. Traduzem uma visão trapaceira e parasitária do mundo que, ao fim e ao cabo, manipula os
outros em proveito próprio.
4. Expressam de algum modo a clássica ruptura, tão amplamente detectada em estudos
antropológicos, entre o espaço público - em que supostamente primam normas universais e com
as quais se mantêm posturas complacentes (a rua) - e o espaço privado - em que reinam a
fidelidade e as relações pessoais (a casa).
5. Revivem a velha dicotomia entre conquistadores nômades empenhados em saquear e
produtores sedentários empenhados em labutar.
A moral do oportunismo repousa no mais estreito interesse pessoal, num egoísmo mesquinho
que, na ânsia de obter vantagens e saciar caprichos, despe-se de quaisquer escrúpulos. Os
agentes:
1. Fazem o que lhes traz o máximo de bem, independentemente dos efeitos produzidos sobre
os outros: “Faço algo porque me convém”.
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2. Fogem às obrigações ou às responsabilidades.
3. Proferem uma fala que, embora pronunciada em voz baixa, desfruta de larga difusão, e
recorta diagonalmente todas as classes sociais.
4. Adotam procedimentos como o jeitinho, o quebra-galho, o calote, o suborno, o engodo, a
trapaça, a bajulação, a burla, a manha.
5. Não se furtam a proclamar, com cinismo, que não dão a mínima pelas conseqüências, desde
que isso lhes permita “sair-se bem”. Quanto aos outros, sentenciam: “Ninguém mandou ser
trouxa”, vale dizer, otário, poeta, caxias, bobo, tolo, panaca, babaca, sonso, banana, bolha,
paspalho.
Os adeptos do oportunismo exaltam a malandragem ao gosto de Macunaíma, o “herói sem
nenhum caráter”, e ludibriam a boa fé dos demais, como se a malandragem não passasse de uma
lei da natureza ou de simples travessura. No livro de Mário de Andrade, Macunaíma é um herói
ambivalente, por vezes responsável e corajoso, por outras vezes irresponsável, covarde e mau-
caráter.
Os oportunistas:
1. Celebram o anseio centenário de “ficar à toa por aí”.
2. Apostam na permissividade e na impunidade, esses fatos correntes na sociedade brasileira -
“A lei? Ora, a lei”.
3. Lançam mão de argumentos repetidos para justificar seus ardis – “só os espertalhões
sobrevivem; “quem não chora não mama”.
4. Alardeiam, com ironia, que “quem segue a linha, é pego pelo trem”.
5. Dão a impressão de que a astúcia tudo move e que a inadvertência de quem é vitima é
causa de seus transtornos - “caiu na esparrela e agora vai ficar esperto”.
6. Estão convencidos de que o mundo pertence àqueles que arquitetam artimanhas, têm
ginga, são matreiros e “sabem se virar”, num modo específico de vencer na vida, fora do alcance
dos coitados que só sabem se lamuriar e que, por isso mesmo, merecem o desprezo dos que “vão
à luta”, “põem o pé na estrada”, “botam a cara para bater”.
A moral do oportunismo é assumida por aqueles que:
1. Magnificam as próprias conveniências, destituídos de consciência social e de ideais
coletivos.
2. Maximizam sua própria utilidade na linguagem dos economistas e glorificam o proveito
pessoal acima de qualquer outra consideração.
3. Valorizam o enriquecimento fácil e rápido.
4. Celebram o egotismo aproveitador.
5. Consagram o lema do “cada um por si”.
6. Cultivam a histeria do “salve-se quem puder”.
7. Consideram que tais estipulações se justificam desde que o propósito seja alcançado, não
importa a licitude ou a legitimidade dos meios.
Assim, no Brasil:
• Poucos perdem a oportunidade de beneficiar um amigo ou uma amiga numa seleção entre
candidatos por um posto de trabalho.
• Poucos deixam de sonegar impostos, se puderem.
• Poucos acusam espontaneamente os defeitos de um carro ou de uma casa que colocam à
venda.
• Raros recusam utilizar os serviços de um despachante para acelerar o andamento de
processos em repartições públicas ou para “azeitar a máquina”, numa forma cômoda de
terceirizar a consciência.
21
• Raros deixam de pagar propinas a fiscais para reduzir ou esquecer uma multa, tirar um
alvará, liberar cargas nos portos.
• Quase ninguém declara o preço real de um imóvel que foi negociado para pagar menos
impostos ou encobrir a posse de “dinheiro frio”.
• Quase ninguém deixa de conceder ou de pedir precedência a um parente que esteja
aguardando a vez para submeter-se a uma cirurgia de emergência, ainda que a fila de pacientes
tenha idêntica urgência.
• Muitos desembolsam os honorários de médicos ou dentistas sem a contrapartida de um
recibo para poder usufruir o desconto oferecido.
• Muitos compram produtos de origem duvidosa das mãos de camelôs, legitimando processos
marginais como a informalidade, a sonegação fiscal, o desrespeito à legislação trabalhista, a
pirataria de bens simbólicos, o contrabando, o roubo de cargas...
Tênue fica então a fronteira que separa o oportunismo da corrupção, num movimento muitas
vezes transposto de forma insensível. Diante disso, é importante indagar: manteria esta moral
alguma relação com a ética da responsabilidade, na sua vertente da finalidade? A resposta é
terminantemente negativa, porque a moral do oportunismo:
1. Centra-se no mais estreito particularismo.
2. Torna absoluto o cálculo de conveniência.
3. Assume uma postura tão ensimesmada que violenta o caráter altruísta da ética da
responsabilidade.
4. Constitui o extremo oposto da moral da integridade.
5. Situa-se no limbo da marginalidade ética e configura-se como antiética.
Os efeitos da moral do oportunismo apontam para uma situação em que todos desconfiam de
todos o tempo todo:
• Gestores “ficam de olho” nos subordinados no seio das empresas.
• Concorrentes se estranham por dever de ofício.
• Clientes “não se deixam levar” pelos fornecedores.
• Autoridades governamentais vigiam as empresas, conceituadas como potencialmente
trapaceiras.
• As empresas vêem aquelas como farsantes e abusivas.
Mas não só isso. Pairam ameaças de todo lado, vindas até daqueles de quem não se deveria
duvidar, dos que desfrutam de irrestrita confiança e dos que partilham os segredos da intimidade
(amigos, parentes, compadres, cônjuges e filhos). Ora, é possível viver acuado com tantas
suspeitas rondando? Como segurar este mundo que desaba quando o impossível acontece? Por
exemplo, quando:
• o amigo rouba a namorada do amigo do peito;
• o filho perde uma fortuna no jogo e falsifica os cheques do pai;
• o parente dá um desfalque na empresa familiar;
• o compadre engravida a filha do compadre;
• o colega mais chegado se apropria de um projeto que representa o investimento de uma vida;
• o marido trai a mulher com a cunhada...
Como deixar de ficar atordoado quando se é “passado para trás”, iludido, enganado,
atraiçoado? Como não ficar em pânico quando se verifica que nem mesmo a “integridade
particularista” ou o respeito sagrado pelos mais íntimos constituem portos seguros?
Embora muitos pratiquem a moral do oportunismo, há também um anseio generalizado por
alguns nichos de dignidade, algumas ilhas de honradez em que uns possam confiar nos outros,
sem precisar o tempo todo estar alerta, à espreita, adivinhando segundas intenções, desvelando
duplicidades e precavendo-se contra ciladas, tramóias e maquinações.
22
Existe uma aspiração por um ambiente asseado, asséptico, livre de tantas malvadezas urdidas
nas sombras. Há um horror pelo deboche que os oportunistas fazem dos íntegros, num padrão que
já foi temido há muitas décadas por Rui Barbosa - o de “ter vergonha de ser honesto”.
Os brasileiros não se dividem discretamente em agentes oportunistas e em agentes íntegros.
Mesmo que existam alguns visceralmente oportunistas, estranhos a qualquer gesto decente, e
outros essencialmente íntegros, que quase nunca prevaricam. A maior parte dos brasileiros vive
oscilando entre as duas morais, ora inescrupulosos, ora idôneos. Agentes híbridos. Ambíguos
quanto às suas culpas e inseguros quanto às suas razões. Moldados por uma moralidade casuística
- tão louvada quanto o são a mistura das comidas, a miscigenação das raças, o sincretismo das
religiões, ou o jogo das inversões nos carnavais, em que se confundem hierarquias, gêneros ou
papéis.
Mas, quando vêm a lume as mil falcatruas que a moral do oportunismo estimula e justifica,
quando espocam escândalos - como a denúncia de fiscais que extorquem comerciantes, de
vereadores que utilizam funcionários pagos pelo erário para atividades domésticas, de
administradores públicos que agem movidos por propinas, de altos funcionários governamentais
que usam informações privilegiadas, de juízes venais que mantêm uma tabela para julgar certos
processos, de empresários que armam conluios para vencer licitações públicas, de fornecedores
que fraudam a qualidade ou o volume dos produtos entregues, de laboratórios que falsificam
remédios -, a grita é geral, a mídia fica alvoroçada, os promotores agitam dedos em riste, as
polícias entram em alerta, as comissões parlamentaras de inquérito deixam de hibernar sob o
calor dos holofotes, a opinião pública procura culpados e torce o nariz de tanto asco.
Esquizofrenia? Não. A todo mundo parece intolerável que se estabeleçam vasos comunicantes
entre aquilo que medra no escuro dos porões e o que se pode expor à luz do dia. Equivale a
mostrar eviscerar o boi que será logo servido... Realismo imperdoável? Equivale a mostrar uma
linda moça se depilando... Impostura da beleza? Ninguém consegue orgulhar-se disso em
público. “Ser pego com a mão na cumbuca”, na linguagem popular, horroriza a população. De
fato, ela fica estarrecida e exausta com suas tripas à mostra; não agüenta mais ver tanta “falta de
vergonha” campeando.
A duplicidade moral convive contraditoriamente na cabeça de todos nós. Basta que os
interesses próprios sejam seriamente ameaçados para que não se cumpram mais promessas, não
se respeitem mais acordos, não se sigam mais regras. É como se fosse uma peça de teatro em que
os atores, feito demônios multifaces, se revezassem no desempenho de diferentes personagens:
íntegros quando nada lhes aperta o calo; anti-heróis quando os acontecimentos assim o exigem;
às vezes vilões; quase sempre espertos. Situação que provoca funda ansiedade e que exige de
cada qual precauções e salvaguardas que deixam a todos sem fôlego.
O senso comum, porém, distingue os oportunistas contumazes, sujeitos intrinsecamente de
“mau caráter”, e os oportunistas de ocasião, pessoas em geral “honradas” e que, premidas pelas
circunstâncias, eventualmente se desviam do bom caminho. Esses pecadores, tão humanos na sua
falibilidade, são vistos com alguma indulgência e passam a gozar de uma condição atenuante, já
que, na maioria das vezes, podem ser confiáveis...
A LEGISLAÇÃO E A ÉTICA
Na “Lei Maior”, além de outros dispositivos constitucionais, onde a ética permeia, verifica-se que
é no capítulo VII, do título III da Constituição Federal de 1988, que se encontra de forma mais
evidente a imposição da necessidade da ética, no exercício da honrosa função de servir a
sociedade, estando esse princípio dentre os mais importantes da Administração Pública, a saber:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
23
No âmbito da atividade empresarial, o § 4º, do art. 173, da Constituição Federal de 1988,
estabeleceu as práticas que devem ser evitadas na exploração da atividade econômica, por ferir a
ética empresarial, dispondo que: "A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros".
Verificamos ainda que a Constituição Federal brasileira defende o uso da propriedade em
atendimento ao seu fim social e o respeito ao meio ambiente. Tudo isso só tem resultado prático
se forem observados os deveres éticos.
Na legislação ordinária, existem leis que motivam os empresários a adotarem posturas levando
em conta a repercussão social que suas decisões possam gerar, tal como a legislação ambiental,
que orienta a empresa para que respeite a natureza que é um bem da coletividade.
O Governo Federal regulamentou a participação dos empregados nos resultados gerados pela
empresa, o que representa uma possibilidade de distribuição de renda realizada pela iniciativa
privada. Desta forma, empresários poderão proporcionar um incentivo incomensurável a seus
funcionários, podendo gerar melhoria na produtividade e na qualidade de trabalho.
Outra lei importante a ser ressaltada é o Código de Defesa do Consumidor. Na medida em que a
ética permear as preocupações dos empresários, o Código de Defesa do Consumidor será
utilizado esporadicamente e exatamente para punir os poucos marginais que sobrarem no
mercado. É provável que até que tenhamos condições de vivenciar este estágio decorra ainda um
longo tempo, mas é importante ter consciência de que é possível o aperfeiçoamento ético das
empresas, se dirigentes e funcionários se engajarem nesse processo. Foram citados, de forma
esparsa, alguns mandamentos legais apenas para demonstrar que a legislação referente ao tema
estudado advém de várias fontes. O Estado de Direito tem como fundamento o cumprimento de
leis, que de vem ser observadas e respeitadas.
Devemos lembrar que a tradicional ética normativa, na qual a conduta ética está intimamente
ligada a obediência às leis, deve acompanhar a ética valorativa, no sentido de se levar em
consideração os valores da pessoa humana. Valores são critérios gerais, padrões ou princípios que
as pessoas utilizam para determinar quais comportamentos, eventos e situações são desejáveis ou
indesejáveis.
A empresa goza, através de seus órgãos administrativos, de liberdade para decidir sobre o
caminho a trilhar na condução de seus negócios. Dentro do que está permitido por lei, existe uma
margem de discricionariedade. A conduta da empresa irá influir não somente na sua imagem
perante o mercado, como também, auxiliará no alcance do êxito de suas operações. A empresa
tem autonomia para determinar qual será sua conduta e seus dirigentes devem responsabilizar-se
pelos atos que venham a praticar. Uma norma importante para organizar tudo isso é o Código de
Ética da empresa e os profissionais de administração do Brasil (caso dos alunos do CEUNSP)
têm em sua formação a base necessária para implementar e aplicar códigos de conduta nas
corporações em que trabalhem, uma vez que recebem já nos cursos de graduação orientações
neste sentido.
PROGRAMA DE ÉTICA NA EMPRESA – CÓDIGO DE ÉTICA
O primeiro passo para estabelecer um programa de ética numa empresa é a criação de um código
com a participação de todos os níveis da organização. A segunda etapa é a de treinamento para a
aceitação dos valores do código, e, neste caso, para que funcione efetivamente deve ser
transmitido pelo chefe direto do funcionário. O compromisso com o código de ética como um
24
todo deve valer também para os chefes, que serão avaliados como qualquer funcionário. É bom
lembrar que o programa de ética deve vigorar a partir da seleção do pessoal que concorre a uma
vaga na empresa – daí o importante papel do setor de RH para captar o histórico dos interessados
a um determinado posto na empresa. O último passo para estabelecer um programa de ética
numa organização é punir os infratores para que sirvam de exemplo. Uma dica para garantir o
funcionamento do programa de ética é a criação de um canal de comunicação interno na empresa,
inclusive com a instituição do cargo de "ombudsman interno". O código de ética é uma iniciativa
viva, cada vez mais simples de ser cumprida, mas exige uma mudança na cultura da empresa.
Alguns exemplos de condutas antiéticas
- A empresa diz não ter preconceito, mas não se vê um só negro trabalhando lá dentro.
- Suborno indireto: os compradores negociam corretamente, mas aceitam vantagens políticas e às
vezes até sexuais de seus fornecedores.
- O comprador se envolve com o fornecedor e acaba favorecendo-o mesmo sem a intenção de
fazê-lo.
- Comprador para fornecedor: ou você aceita o preço ou seu concorrente aceita. Este
procedimento acaba liquidando os pequenos.
- A empresa ter informantes em Brasília.
- A contratação de pessoal do concorrente para obter informações.
- Subfaturar o produto: o concorrente A pesquisa o mercado e estima que o valor justo para um
determinado produto é de R$ 100,00, computando entre outros itens o seu custo, mão-de-obra e
suas vantagens. No entanto, o concorrente B fatura o mesmo produto por R$ 50,00 e paga o
restante por fora.
- Dois concorrentes combinam abaixar o preço de um produto para liquidar um terceiro.
- Violar o meio ambiente.
- A empresa que opta por uma publicidade enganosa, abusiva ou escandalosa, uma vez que ela
tem responsabilidade nesta escolha e não só a agência.
- Vender sonho ao invés de produto: propaganda de um sabão que vende o sonho de uma viagem
para a Europa, por exemplo, e não o produto.
A quem recorrer para implantar um programa
- Fundação e Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (Fides) – entidade privada
de caráter educativo e cultural sem fins lucrativos, organiza palestras com o tema "Ética
Empresarial" para serem ministradas nas empresas, entre outras atividades.
- Centro de Estudo de Ética nas Organizações – composto por alunos e professores da FGV, o
órgão ajuda as empresas interessadas em todo processo: da confecção do código de ética à
implantação do programa e assessoria para treinamento.
- Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social – é uma associação de empresas
criada para ajudar as organizações a adotar práticas socialmente responsáveis, junto a
trabalhadores, fornecedores, clientes, comunidade onde estão inseridas e o poder público.
Apresentamos cinco dicas básicas para a inserção da ética na cultura das empresas:
- A primeira é que o exemplo deve vir de cima, com a diretoria e as chefias demonstrando
preocupação com o sucesso da empreitada.
- A empresa deve definir o que entende por ética, montando um código de conduta (Código de
Ética).
- A terceira medida é treinar funcionários e dirigentes para a prática da teoria registrada no
manual.
- Avaliar o histórico dos candidatos a funcionários, para selecionar os mais afinados com o novo
padrão.
25
- É preciso criar estratégias e mecanismos concretos para a implantação do conceito na empresa.
Falhas éticas "arranham" a imagem da empresa e as levam a perder clientes e fornecedores
importantes, dificultando o estabelecimento de parcerias, pois na hora de dar as mãos, além de
levantar as afinidades culturais e comerciais, as empresas também verificam se existe
compatibilidade ética entre elas. Recuperar a imagem de uma empresa é tarefa muito difícil.
Quando uma companhia age corretamente, o tempo de vida do fato na memória do público é de
cinco minutos, mas a lembrança de uma transgressão à ética pode durar cinqüenta anos. A
percepção do público tem um impacto direto sobre os lucros da empresa e a empresa que quiser
competir com sucesso nos mercados nacional e mundial, terá que manter uma sólida reputação de
comportamento ético.
Melhorar a sociedade, é uma questão prática que requer um comportamento ético das empresas,
comportamento este plenamente consistente com a estratégica de sobrevivência de qualquer delas
e com o enfoque sistêmico que deve nortear um negócio que pretenda ser bem sucedido.
Alguns dos valores que caracterizam o comportamento ético são:
Para o Empresário, como líder inovador
- busca do bem comum;
- atuação a nível político;
- responsabilidade social; e
- visão de futuro;
Para a empresa, como comunidade e agente moral
- administração participativa;
- transparência;
- diálogo e negociação;
- destino social do lucro (reinvestimento);
- respeito ao funcionário e ao consumidor;
- preservação do ambiente natural.
Se os líderes empresariais não emergirem da rotina, da busca incessante e desesperada do lucro
imediatista, da vantagem pessoal pura e simples, e da falta de solidariedade social, suas empresas
submergirão no mar de suas contradições morais. Atualmente, se a mídia eletrônica, rápida e
global pode ser utilizada para enganar o consumidor incauto e subtrair-lhe alguns trocados pode,
também e felizmente, ser o veículo que irá decretar o fim de uma corporação, por práticas anti-
éticas, mesmo que levadas a cabo num longínquo lugar do planeta.
Seja como preocupação sincera ou como um mero instrumento de marketing, o fato é que a ética
entrou na pauta de discussão das empresas. Tal fenômeno pode ter se acelerado com o caso
Enron, no final de 2001. A gigante norte-americana de energia pediu concordata após uma série
de denúncias de fraudes contábeis e fiscais que envolveram também a firma de auditoria Artur
Andersen.
CÓDIGO DE ÉTICA
A tendência da maioria das organizações quando se decide a implantar programas de ética é criar
um código, a partir de idéias e valores copiados de outras empresas ou entidades.
O código de ética é um instrumento importante na implantação dos programas, mas só funciona
26
se os dirigentes maiores estiverem convencidos de que ele existe para ser aplicado. Não faz
sentido ter um código de ética se as pessoas de maior nível aceitam burlá-lo.
Um dos papéis do profissional Administração é ajudar na implantação do Código de Ética. Os
passos para implantar são:
• Identificar os valores reais, praticados
• Fazer acordo, consenso geral, sobre os pontos em que não haja dúvidas (mesmo que mínimos).
Como? Através de grupos de trabalho
• Assunção da responsabilidade, do compromisso pelo acionista (no caso de empresa fechada) ou
pelo administrador geral (no caso de empresa aberta ou entidade)
• Estabelecer sistemas de acompanhamento e discussão
• Ampliar aos poucos os níveis de confiabilidade
• Acrescentar novos itens ao código
• Definir ações punitivas.
O Código de Ética trata-se de uma compilação de temas que tratam de regular os deveres de
todos aqueles que estão subordinados a uma empresa, com relação aos superiores hierárquicos,
entre os funcionários, deveres com relação aos clientes ou aos concorrentes da empresa em que
trabalham. Estes deveres relacionam-se, diretamente, aos aspectos de urbanidade e de respeito
para com o próximo e, como se trata de normas sobre disciplina, o estabelecimento de sanções
pela indisciplina também se torna necessário, tanto com finalidade preventiva, como repressiva e
punitiva.
Se houver um procedimento pré-determinado de tomada de decisões e de conduta na empresa e
se este procedimento for observado por todos seus integrantes muito provável será a criação de
um ambiente ético que lhe proporcionará a oportunidade de um desenvolvimento sadio e estável.
Os Códigos de Ética podem trazer contribuição para o desenvolvimento do capital intelectual das
empresas: no sentido de que as empresas enriquecem não somente com o lucro, mas também
com o desenvolvimento das capacidades intelectuais de seus funcionários. A constante revisão e
estudo dos valores envolvidos em um Código de Ética podem ser um importante instrumento
para o desenvolvimento da capacidade intelectiva dos funcionários, beneficiando as empresas.
.........................................................................................................................................................
EXERCÍCIO
CÓDIGO DE ÉTICA DA EMPRESA ( )
Ramo de atividade:
Região de abrangência:
INTRODUÇÃO
27
O Código de Ética Empresarial da ......................, apresenta os princípios direcionadores das
políticas adotadas pela empresa e que norteiam as ações e relações com suas partes interessadas.
Este documento visa formalizar o compromisso ético da organização e suas expectativas quanto
às relações com seus parceiros, facilitando a tomada de decisão nos diversos níveis de seu
processo de gestão.
VALORES QUE CARACTERIZAM O COMPORTAMENTO ÉTICA DA
EMPRESA (em ordem de importância pelo menos 6):
A EMPRESA CONSIDERA COMO PRÁTICAS INACEITÁVEIS: (6 situações)
REGRAS ORIENTADORAS PARA RELACIONAMENTOS ESPECÍFICOS
Cliente Interno:
Clientes/ Consumidores:
Fornecedores:
Concorrentes:
Comunidade e Sociedade:
Governo:
Meio Ambiente:
SANÇÕES DISCIPLINARES:
INTERPRETAÇÃO
Compete aos alunos ( nº , nome e semestre) , a interpretação deste Código, para efeitos de
consultas, informações e emissão de relatórios sobre seu teor. Por intermédio de outros grupos de
alunos, serão canalizadas as consultas e comunicações a que se refere o presente documento.
ENTRADA EM VIGOR
O presente Código de Ética entrará em vigor a partir da data de sua aprovação pelo Professor José
Carlos Clementino, devendo ser comunicado individualmente a todos os integrantes do grupo e
posteriormente aos integrantes da sala.
A Empresa ............................. dará conhecimento do conteúdo do presente código a todas as suas
partes interessadas.
NOTA:
......................................................................................................................................................
CÓDIGO DE ÉTICA DO ADMINISTRADOR
Até agora estudamos o Código de Ética da Empresa, mas é bom lembrar que na profissão de
administrador existe o código de ética, que pode ser entendido como uma relação das práticas de
28
comportamento que se espera que sejam observadas no exercício da profissão. Tendo como
objetivo o de habilitar o administrador de empresas a adotar uma atitude pessoal, de acordo com
os princípios éticos, ou seja, tais princípios dizem respeito à responsabilidade perante a sociedade
e para com os deveres da profissão.
O Código de Ética do Administrador está consubstanciado na Resolução Normativa CFA nº 253,
de 30 de março de 2001. Eis fragmentos do Código:
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ADMINISTRADOR
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º O exercício da profissão de Administrador implica em compromisso moral com o
indivíduo, cliente, a organização e com a sociedade, impondo deveres e responsabilidades
indelegáveis.
...........................................................................................................................................................
CAPÍTULO II
DOS TRIBUNAIS DE ÉTICA DOS ADMINISTRADORES
Art. 2º O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administração manterão o Tribunal
Superior e os Tribunais Regionais, respectivamente, objetivando o resguardo e aplicação deste
Código.
............................................................................................................................................................
CAPÍTULO III
DOS DEVERES
Art. 6º São deveres do Administrador:
I - respeitar os princípios da livre iniciativa e da livre empresa, enfatizando a valorização das
atividades da microempresa, sem desvinculá-la da macroeconomia, como forma de
fortalecimento do País;
II - propugnar pelo desenvolvimento da sociedade e das organizações, subordinando a eficiência
de desempenho profissional aos valores permanentes da verdade e do bem comum;
III - capacitar-se para perceber que, acima do seu compromisso com o cliente, está o interesse
social, cabendo-lhe, como agente de transformação, colocar a empresa nessa perspectiva;
IV - contribuir, como cidadão e como profissional, para incessante progresso das instituições
sociais e dos princípios legais que regem o País;
V - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e
interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua dignidade, prerrogativas e
independência profissional;
VI - manter sigilo sobre tudo o que souber em função de sua atividade profissional;
VII - conservar independência na orientação técnica de serviços e órgãos que lhe forem
confiados;
VIII - emitir opiniões, expender conceitos e sugerir medidas somente depois de estar seguro das
informações que tem e da confiabilidade dos dados que obteve;
IX - utilizar-se dos benefícios da ciência e tecnologia moderna objetivando maior participação
nos destinos da empresa e do País;
X - assegurar, quando investido em cargos ou funções de direção, as condições mínimas para o
29
desempenho ético-profissional;
XI - pleitear a melhor adequação do trabalho ao ser humano, melhorando suas condições, de
acordo com os mais elevados padrões de segurança;
XII - manter-se continuamente atualizado, participando de encontros de formação profissional,
onde possa reciclar-se, analisar, criticar, ser criticado e emitir parecer referente à profissão;
XIII - considerar, quando na qualidade de empregado, os objetivos, a filosofia e os padrões gerais
da organização, cancelando seu contrato de trabalho sempre que normas, filosofia, política e
costumes ali vigentes contrariem sua consciência profissional e os princípios e regras deste
Código;
XIV - colaborar com os cursos de formação profissional, orientando e instruindo os futuros
profissionais;
XV - comunicar ao cliente, sempre com antecedência e por escrito, sobre as circunstâncias de
interesse para seus negócios, sugerindo, tanto quanto possível, as melhores soluções e apontando
alternativas;
.........................................................................................................................................................
CAPÍTULO IV
DAS PROIBIÇÕES
Art. 7º É vedado ao Administrador:
I - anunciar-se com excesso de qualificativos, admitida a indicação de títulos,
cargos e especializações;
II - sugerir, solicitar, provocar ou induzir divulgação de textos de publicidade que
resultem em propaganda pessoal de seu nome, méritos ou atividades, salvo se em
exercício de qualquer cargo ou missão, em nome da classe, da profissão ou de
entidades ou órgãos públicos;
III - permitir a utilização de seu nome e de seu registro por qualquer instituição
pública ou privada onde não exerça pessoal ou efetivamente função inerente à
profissão;
IV - facilitar, por qualquer modo, o exercício da profissão a terceiros, não
habilitados ou impedidos;
V - assinar trabalhos ou quaisquer documentos executados por terceiros ou
elaborados por leigos alheios à sua orientação, supervisão e fiscalização;
VI - organizar ou manter sociedade profissional sob forma desautorizada por lei;
VII - exercer a profissão quando impedido por decisão administrativa transitada
em julgado;
VIII - afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem
razão fundamentada e sem notificação prévia ao cliente;
IX - contribuir para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la, ou
praticar, no exercício da profissão, ato legalmente definido como crime ou
contravenção;
X - estabelecer negociação ou entendimento com a parte adversa de seu cliente,
sem sua autorização ou conhecimento;
XI - recusar-se à prestação de contas, bens, numerários, que lhes sejam confiados
em razão do cargo, emprego, função ou profissão;
XII - revelar sigilo profissional, somente admitido quando resultar em prejuízo ao
cliente ou à coletividade, ou por determinação judicial;
XIII - deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas dos Conselhos
Federal e Regionais de Administração, bem como atender às suas requisições
30
administrativas, intimações ou notificações, no prazo determinado;
XIV - pleitear, para si ou para outrem, emprego, cargo ou função que esteja sendo
ocupado por colega, bem como praticar outros atos de concorrência desleal;
XV - obstar ou dificultar as ações fiscalizadoras do Conselho Regional de
Administração;
XVI - pleitear comissões, doações ou vantagens de quaisquer espécies, além dos
honorários contratados.
CAPÍTULO V
DOS DIREITOS
Art. 8º São direitos do profissional da Administração:
I - exercer a profissão independentemente de questões religiosas, raça, sexo,
nacionalidade, cor, idade, condição social ou de qualquer natureza, inclusive
administrativas;
II - apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições, quando as julgar
indignas do exercício profissional ou prejudiciais ao cliente, devendo, nesse caso,
dirigir-se aos órgãos competentes, em particular ao Tribunal Regional de Ética e
ao Conselho Regional;
III - exigir justa remuneração por seu trabalho, o qual corresponderá às
responsabilidades assumidas a seu tempo de serviço dedicado, sendo-lhe livre
firmar acordos sobre salários, velando, no entanto, pelo seu justo valor;
IV - recusar-se a exercer a profissão em instituição pública ou privada, onde as
condições de trabalho sejam degradantes à sua pessoa, à profissão e à classe;
V - suspender sua atividade individual ou coletiva, quando a instituição pública ou
privada não oferecer condições mínimas para o exercício profissional ou não o
remunerar condignamente;
VI - participar de eventos promovidos pelas entidades de classe, sob suas expensas
ou quando subvencionados os custos referentes ao acontecimento;
VII - votar e ser votado para qualquer cargo ou função em órgãos ou entidades da
classe, respeitando o expresso nos editais de convocação;
VIII - representar, quando indicado, ou por iniciativa própria, o Conselho
Regional de Administração e as instituições públicas ou privadas em eventos
nacionais e internacionais de interesse da classe;
IX - defender-se e ser defendido pelo órgão de classe, se ofendido em sua
dignidade profissional;
X - auferir dos benefícios da ciência e das técnicas modernas, objetivando melhor
servir ao seu cliente, à classe e ao País;
XI - usufruir de todos os outros direitos específicos ou correlatos, nos termos da
legislação que criou e regulamentou a profissão do Administrador.
CAPÍTULO VI
DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS
Art. 9º Os honorários e salários do Administrador deverão ser fixados, por escrito, antes do início
do trabalho a ser realizado...
..........................................................................................................................................................
CAPÍTULO VII
DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO AOS COLEGAS
31
Art. 11 O Administrador deverá ter para com seus colegas a consideração, o apreço, o respeito
mútuo e a solidariedade que fortaleçam a harmonia e o bom conceito da classe.
........................................................................................................................................................
CAPÍTULO VIII
DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO À CLASSE
........................................................................................................................................................
CAPÍTULO IX
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES
Art. 16 Constituem infrações disciplinares sujeitas às penalidades previstas neste Código:
I - a prática de atos vedados por este Código;
II - exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou, por qualquer meio, facilitar
o seu exercício aos não inscritos ou impedidos;
...................................................................................................................................
Art. 17 A violação das normas contidas neste Código importa em falta que,
conforme sua gravidade, sujeita seus infratores as seguintes penalidades:
I - advertência escrita e reservada;
II - censura pública;
III - suspensão do exercício profissional por até noventa dias, prorrogável uma vez
por igual período, se persistirem as condições motivadoras da punição;
IV - cassação do registro profissional e divulgação do fato para o conhecimento
público.
CAPÍTULO X
DAS NORMAS PROCEDIMENTAIS PARA O PROCESSO ÉTICO
...............................................................................................................................................
CAPÍTULO XI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
.........................................................................................................................................................
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. PINHO, Ruy Rebello. INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO : Introdução ao
estudo do direito e noções de ética profissional . 23ª ed. São Paulo. Ed. Atlas. 2002.
2. FONSECA, Eduardo Giannetti da. VÍCIOS PRIVADOS, BENEFÍCIOS PÚBLICOS? : a ética
na riqueza das nações. São Paulo : Companhia das Letras, 2002.
3. SROUR, Robert Henry. ÉTICA EMPRESARIAL. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
4. Internet HOME PAGE: www.planeta.terra.com.br/educacao/clementino
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
5. MOREIRA, Joaquim Manhãs. A ÉTICA EMPRESARIAL NO BRASIL. São Paulo: Pioneira,
1999. 246 p.
32
6. INTERNET. Sites do Conselho Federal de Administração e Conselhos Regionais. 2006.
7. TEIXEIRA, Nélson Gomes. A ÉTICA NO MUNDO DA EMPRESA. São Paulo: Pioneira,
1991.
www.clementino.zip.net
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  • 1. APOSTILA PARCIAL DA DISCIPLINA "ÉTICA PROFISSIONAL E"ÉTICA PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL"ORGANIZACIONAL" PROF. Alexandre Moura
  • 2. ÉTICA PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL INTRODUÇÃO Para que possamos estudar um assunto precisamos de uma noção preliminar. Na nossa disciplina não será diferente. Antes de estudarmos ÉTICA PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL propriamente dita, vamos verificar resumidamente as teorias éticas fundamentais ao longo da antiga Grécia, Idade Média, Moderna e Contemporânea (temas provavelmente já abordados nas aulas de filosofia). Depois, falaremos em ética e seus conceitos atuais, ética profissional, ética organizacional, ética nas empresas, valores, sem deixar de lado a parte prática do futuro administrador de empresas, aquele que deverá ser o guardião da ética na empresa onde estiver. Na condição de professor atuante na área de Direito, a legislação sobre ética, é claro, estará presente nos diálogos de praticamente todas as aulas. AS TEORIAS FUNDAMENTAIS SOBRE A ÉTICA AO LONGO DO TEMPO As teorias éticas nascem e desenvolvem-se em diferentes sociedades como resposta aos problemas resultantes das relações entre os homens. Os contextos históricos são elementos muito importantes para se perceber as condições que estiveram na origem de certas problemáticas morais que ainda hoje permanecem atuais. Vejamos algumas concepções sobre ética ao longo dos períodos históricos: ANTIGA GRÉCIA Sócrates (470-399 a.C). Defende o caráter eterno de certos valores como o Bem, Virtude, Justiça, Saber. O valor supremo da vida é atingir a perfeição e tudo deve ser feito em função deste ideal, o qual só pode ser obtido através do saber. Na vida privada ou na vida pública, todos tinham a obrigação de se aperfeiçoarem fazendo o Bem, sendo justos. O homem sábio só pode fazer o bem, sendo as injustiças próprias dos ignorantes (Intelectualismo Moral). Platão (427-347 a.C.). Defende o valor supremo do Bem. O ideal que todos os homens livres deveriam tentar atingir. Para isto acontecesse deveriam ser reunidas, pelo menos duas condições: 1. Os homens deviam seguir apenas a razão desprezando os instintos ou as paixões; 2. A sociedade devia de ser reorganizada, sendo o poder confiado aos sábios, de modo a evitar que as almas fossem corrompidas pela maioria, composta por homens ignorantes e dominados pelos instintos ou paixões. Aristóteles (384-322 a.C.). Defende o valor supremo da felicidade.A finalidade de todo o homem é ser feliz. Para que isto aconteça é necessário que cada um siga a sua própria natureza, evite os excessos, seguindo sempre a via do "meio termo" (Justa Medida). Ninguém consegue todavia ser feliz sozinho. Aristóteles, à semelhança de Platão coloca a questão da necessidade de reorganizar a sociedade de modo a proporcionar que cada um do seus membros possa ser feliz na sua respectiva condição. Ética e política acabam sempre por estar unidas. IDADE MÉDIA O longo período que se estende entre o século IV e o século XV, é marcado pelo predomínio absoluto da moral cristã. Deus é identificado com o Bem, Justiça e Verdade. É o modelo que todos os homens deviam procurar seguir. Neste contexto dificilmente se concebe a existência de teorias éticas autônomas da doutrina da Igreja Cristã, dado que todas elas de uma forma ou outra teriam que estar de concordo com os seus princípios. 2
  • 3. Santo Agostinho (354-430). Fundamentou a moral cristã, com elementos filosóficos da filosofia clássica. O objetivo da moral é ajudar os seres humanos a serem felizes, mas a felicidade suprema consiste num encontro amoroso do homem com Deus. Só através pela graça de Deus podemos ser verdadeiramente felizes. St. Tomás Aquino (1225-1274). No essencial concorda com Santo Agostinho, mas procura fundamentar a ética tendo em conta as questões colocadas na antiguidade clássica por Aristóteles. IDADE MODERNA Entre os séculos XVI e XVIII, a sociedade Européia é varrida por profundas mudanças que alteram completamente as concepções anteriores. Vejamos as mudanças que ajudaram a definir teorias éticas da época: Renascimento. Na Itália a partir do século XIV desenvolve-se um movimento filosófico e artístico que retoma explicitamente idéias da Antiguidade Clássica. O homem ocupa nestas idéias o lugar central (antropocentrismo). Este movimento acaba por ser difundir por toda a Europa a partir do século XVI. Descobertas Geográficas. A aventura iniciada em 1415 pelos portugueses, teve um profundo impacto na sociedade européia. Em conseqüência destas descobertas as concepções sobre a Terra e o Universo tiveram que ser alteradas. A terra, o Sol, mas também o Homem perderam neste processo a sua importância e significado. As descobertas revelaram igualmente a existência de outros povos, culturas, religiões até aí desconhecidas. A realidade tornou-se muitíssima mais complexa e plural. Divisões na Igreja. O século XVI é marcado por diversos movimentos de ruptura no cristianismo, que provocam o aparecimento de novas igrejas, cada uma reclamando para si a interpretação mais correta da palavra divina. Não admira que este período seja marcado numerosos e sangrentos conflitos religiosos. O resultado global foi o aumento da descrença, o desenvolvimento do ateísmo. Ciência Moderna. O grande critério do conhecimento deixa de ser a tradição, a autoridade e passa a ser a experiência. Fato que coloca radicalmente em causa crenças milenares. É o resultado destes e muitos outros fatores, que assistimos ao longo de toda a Idade Moderna ao desenvolvimento do Individualismo e a afirmação da razão humana. O grande sinal desta mudança foi a multiplicação das teorias éticas, muitas das quais em contradição com os fundamentos do próprio cristianismo. Vejamos: Descartes (1596-1650). Este filósofo simboliza toda a fé que a Idade Moderna depositava na razão humana. Só ela nos permitiria construir um conhecimento absoluto. Em termos morais mostrou-se, todavia, muito cauteloso. Neste caso reconheceu que seria impossível estabelecer princípios seguros para a ação humana. Limitou-se a recomendar uma moral provisória de tendência estóica: o seu único princípio ético consistia em seguir as normas e os costumes morais que visse a maioria seguir, evitando deste modo rupturas ou conflitos. John Locke (1632-1704). Este filósofo parte do princípio que todos os homens nascem com os mesmos direitos (Direito á Liberdade, à Propriedade, à Vida). A sociedade foi constituída, através 3
  • 4. de um contrato social, que visava garantir e reforçar estes mesmos direitos. Neste sentido, as relações entre os homens devem ser pautadas pelo seu escrupuloso respeito. David Hume (1711-1778). Defende que as nossas ações são em geral motivadas pelas paixões. Os dois princípios éticos fundamentais são a utilidade e a simpatia. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), concebe o homem como um ser bom por natureza (mito do "bom selvagem”) e atribui a causa de todos os males à sociedade e à moral que o corromperam. O Homem sábio é aquele que segue a natureza e despreza as convenções sociais. A natureza é entendida como algo harmonioso e racional. IDADE CONTEMPORÂNEA Se quisermos estabelecer um começo para a Idade Contemporânea, temos que recuar até aos finais do século XVIII. O que então se iniciou na Europa veio a contribuir de forma decisiva para formar o mundo em que vivemos. Revoluções. A Revolução Francesa (1789) marcou uma ruptura deliberada e radical com o passado. Depois dela muitas outras ocorreram até aos nossos dias com idênticos propósitos. Quase sempre foram iniciadas em nome da libertação do povo da opressão (ditaduras, regimes colonialistas etc). Prometeram criar novas sociedades e homens, mas o que produziram foi freqüentemente novas matanças. Guerras Mundiais. A partilha do mundo, a conquista de recursos naturais, o saques de riquezas acumulados foram sempre uma constante ao longo da história da Humanidade. A grande novidade na Idade Contemporânea assentou numa aspectos essencial: a crescente eficiência da barbárie praticada por poderosas máquinas de guerra passaram a operar numa escala cada vez mais global. A França napoleônica, no inicio do século XIX, mostrou o caminho que outros países ou alianças de países haviam de prosseguir na guerra e no saque de povos. A dimensão desta barbárie colocou os causa os fundamentos da racionalidade e moralidade do mundo ocidental. Progresso científico e tecnológico. A ciência substituiu o lugar que antes era ocupado pela religião na condução dos homens. Os cientistas foram apontados como os novos sacerdotes. O balanço desta substituição continua a ser objeto de enormes polemicas, mas três coisas são hoje evidentes: a) A ciência e a tecnologia mudaram o mundo possibilitando uma melhoria muito significativa da vida de uma parte significativa da humanidade. Apesar do imenso bem estar por proporcionado, a verdade é que as desigualdades a nível mundial não diminuíram antes se acentuaram. Uns não sabem o que fazer a tanto desperdício, outros lutam diariamente por obter restos que lhes permitam sobreviver. b) Não parecem existir limites para o desenvolvimento da ciência e da técnica.Aquilo que era antes impensável tornou-se hoje banal: manipulações genéticas, clonagem de seres, inseminação artificial, morte assistida etc. Valores tidos por sagrados são agora quotidianamente aniquilados por experiências científicas. 4
  • 5. c) O progresso humano fez-se mais lentamente que o progresso científico e tecnológico, ou dito de outro modo, o progresso moral não acompanhou o científico. Ao longo de todo o século XX inúmeras foram as figuras do mundo da ciência e da técnica envolvidas em intermináveis de atos de pura bárbarie, em nada se distinguindo dos antigos "selvagens". O século XIX e XX foi por tudo isto marcado pelo aparecimento de um enorme número de teorias éticas, mas também pela própria crítica dos fundamentos da moral. Esta pluralidade revela igualmente a enorme dificuldade que os homens têm sentido em estabelecer consensos sobre as normas em que devem de assentar as suas relações. Vejamos: Kant (1724-1804). Partindo de uma concepção universalista do homem, afirma que este só age moralmente quando, pela sua livre vontade, determina as suas ações com a intenção de respeitar os princípios que reconheceu como bons. O que o motiva, neste caso, é o puro dever de cumprir aquilo que racionalmente estabeleceu sem considerar as suas conseqüências. A moral assume assim, um conteúdo puramente formal, isto é, não nos diz o que devemos fazer (conteúdo da ação), mas apenas o princípio (forma) que devemos seguir para que a ação seja considerada boa. Jeremy Bentham(1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873) desenvolveram uma ética baseada no princípio da utilidade. As ações morais são avaliadas em função das conseqüências morais que originam para quem as pratica, mas também para quem recai os resultados. Princípio que deve nortear a ação moral: "A máxima felicidade possível para o maior número possível de pessoas". O Bom é aquilo que for útil para o maior número de pessoas, melhorando o bem-estar de todos, e o Mal o seu contrário. Habermas (1929). Após a 2ª.Guerra Mundial, Habermas surge a defender uma ética baseada no diálogo entre indivíduos em situação de equidade e igualdade. A validade das normas morais depende de acordos livremente discutidos e aceites entre todos os implicados na ação. Hans Jonas (1903-1993). Perante a barbárie quotidiana e a ameaça da destruição do planeta, Hans Jonas, defende uma moral baseada na responsabilidade que todos temos em preservar e transmitir às gerações futuras uma terra onde a vida possa ser vivida com autenticidade. Daí o seu princípio fundamental: "Age de tal modo que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência da uma vida humana autêntica na terra". Novas Problemáticas . As profundas transformações sociais, culturais e científicas das nossas sociedades colocaram novos problemas éticos, nomeadamente em domínios como a tecnociência (clonagem, manipulação genética, eutanásia,etc), ecologia, comunicação de massas, etc. CONCEITOS GERAIS DE ÉTICA - Ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado. - É um modelo de conduta humana que seja capaz de guiar o indivíduo, concomitantemente, ao bem pessoal e ao bem público no sentido de coletivo, do que é bom para a sociedade. - É um conjunto de princípios e valores morais aceitáveis pela sociedade humana num período específico. - A ética brota de dentro do ser humano, daqueles elementos que o caracterizam como ser humano. - Ética é o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade. 5
  • 6. - Ética - princípios ou pautas da conduta humana, também denominada filosofia moral. Como ramo da filosofia, é considerada uma ciência normativa. - Ser ético é fazer o que tem de ser feito dentro dos critérios aceitos pelo grupo humano. Concluindo... - Ética é vida! Sem princípios éticos é inviável a organização social. - Ética empresarial é a alma do negócio. É o que garante o conceito público e a perpetuidade. ÉTICA DA CONVICÇÃO E ÉTICA DA RESPONSABILIDADE Max Weber ensina que há pelo menos duas teorias éticas que configuram dois modos diferentes de tomar decisões, cada qual derivando de uma matriz ética distinta: 1) A Ética da convicção (tratado do deveres) 2) A Ética da responsabilidade (estudo dos fins humanos) Não quer dizer que a ética da convicção seja idêntica à ausência de responsabilidade e a ética da responsabilidade seja com ausência de convicção. Não se trata disso. Todavia as atitudes são diferentes para quem age segunda as máximas da ética da convicção - em linguagem religiosa diremos: ‘O cristão faz o seu dever e no que diz respeito ao resultado da ação remete-se a Deus’ – e a atitude de quem age segundo a ética da responsabilidade, que diz: ‘Devemos responder pelas conseqüências previsíveis de nossos atos’. De forma simplificada, a máxima da ética da convicção diz: ‘cumpra as suas obrigações’ ou ‘siga as prescrições’. Implicitamente celebra impecáveis dicotomias quando advoga: ‘tudo ou nada; sim ou não, branco ou preto’. Argumenta que não há meia gravidez e nem virgindade relativa; descarta meios-tons e não tolera incertezas. É uma teoria que se pauta por valores e normas previamente estabelecidos, cujo efeito primeiro consiste em moldar as ações que deverão ser praticadas. Em um mundo assim regrado, deixam de existir dilemas ou questionamentos, não restam dúvidas a dilacerar consciências e sobram preceitos a serem implementados; tal qual a mãe católica praticante que nega qualquer cogitação de aborto. Essa matriz, todavia, desdobra-se em duas vertentes: 1. A de princípio, que se atém rigorosamente às normas morais estabelecidas, em um deliberado desinteresse pelas circunstâncias, e cuja máxima sentencia: ‘ respeite as regras, haja o que houver’; 2. A da esperança que ancora em ideais, moldada por uma fé capaz de mover montanhas, pois convicta que todas as coisas podem melhorar cuja máxima preconiza: ‘ o sonho antes de tudo’. A ética da responsabilidade, por sua vez, apregoa que somos responsáveis por aquilo que fazemos. Em vez de aplicar ordenamentos previamente estabelecidos, os agentes realizam uma análise situacional: avaliam os efeitos previsíveis que uma ação produz; planejam obter resultados positivos para a coletividade; e ampliam o leque das escolhas ao preconizar que ‘dos males o menor’ ou ao visar ‘fazer mais bem ao número maior de pessoas’. A tomada de decisão deixa de ser dedutiva, como ocorre na teoria da convicção, par a ser indutiva. Ou seja, a ética da responsabilidade: obriga-se ao conhecimento das circunstâncias vigentes; configura uma análise de riscos; supõe uma análise de custos e benefícios; e funda-se sempre na presunção de que serão alcançados conseqüências ou fins muitos valiosos. A ética da responsabilidade não converte princípios ou ideais em práticas do cotidiano, como faz a ética da convicção, nem aplica normas ou crenças previamente estipuladas, independente de impactos que possam ocasionar. Ou seja, ganha legitimidade a ação que produz um bem maior ou evita um mal maior. Assim como ocorre com a ética da convicção, a ética da responsabilidade expressa duas vertentes: 6
  • 7. 1. A utilitarista exige que as ações produzam o máximo de bem para o maior número, isto é, que possam combinar a mais intensa felicidade possível com a maior abrangência populacional: “faça o maior bem para mais gente”. 2. A da finalidade determina que a bondade dos fins justifica as ações empreendidas, desde que coincida com o interesse coletivo, e supõe que todas as medidas necessárias sejam tomadas: “alcance objetivos altruístas, custe o que custar”. O contraponto entre a ética da convicção e a ética da responsabilidade fica claro: as ações cometidas pelos praticantes da ética da convicção decorrem imediatamente da aplicação de prescrições anteriormente definidas (princípios ou ideais) e as ações cometidas pelos praticantes da ética da responsabilidade decorrem da expectativa de alcançar fins almejados (finalidade) ou conseqüências presumidas (utilitarismo). Vejamos algumas ilustrações de diferenças, às vezes sutis, das duas teorias éticas: Ética da convicção a) Como sou aluno, cumpre-me respeitar os meus mestres e seguir as orientações da minha escola. b) Como sou brasileiro, sinto me obrigado a amar a minha pátria e defendê-la se esta for agredida. c) Como sou empregado, tenho de vestir a camisa da empresa. Ética da responsabilidade a) Como sou aluno, é sensato não perturbar as aulas... b) Como sou brasileiro, faz sentido eu ser patriota... c) Como sou empregado, é importante me empenhar com seriedade... 7
  • 8. ÉTICA, ÉTICA PROFISSIONAL e ÉTICA ORGANIZACIONAL Ética de forma simples pode-se definir como sendo um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado. Parece simples, mas é complexo. Os desafios éticos surgem, ás vezes, de uma forma violenta e cruel, e necessitam ser resolvidos, mesmo que, pareçam ser intransponíveis. O uso popular do termo ética implica em diferentes significados. Regras éticas são quebradas a todo o momento. Existem éticas para a sociedade e ética dentro de grupos determinados. Já a ética profissional é a parte da ética que ensina o homem a agir em sua profissão, tendo em vista os princípios da moral. Ela é a aplicação geral no campo das atividades profissionais. Assim, a ética profissional do estudante de Administração, do Contador etc., consiste em conhecer a ética, nela acreditar e viver eticamente, na vida privada como na vida pública. Então, ética profissional trata dos deveres e dos direitos, dos agentes administrativos e contabilistas, entre outros. Assume o compromisso do crescimento ético - retidão de consciência. Do ponto de vista organizacional a ética deve ser vista como um conceito utilitário com o sentido de uma ferramenta útil ao dirigente de qualquer organização. Enquanto a ética profissional está voltada para as profissões e os profissionais do setor correspondente, a ética organizacional atinge as empresas e organizações em geral. Portanto, vamos definir ética organizacional como um comportamento regido por padrões claros, explícitos, que correspondem à postura real dos dirigentes dessa organização. Ou seja, a ética é parte daquilo que se define como cultura ou filosofia organizacional: são padrões de comportamento que correspondem a valores reais, aceitos e assumidos pelos componentes da organização, a partir de sua cúpula. Isso significa que a ética organizacional não corresponde necessariamente a padrões morais ou religiosos, embora seja de esperar e desejar que isso ocorra. Valores são critérios gerais, padrões ou princípios que as pessoas utilizam para determinar quais comportamentos, eventos e situações são desejáveis ou indesejáveis. Temos exemplos de ética organizacional em setores cujos negócios são ilegais ou até amorais. Um exemplo típico são os bicheiros: eles têm a sua ética, um padrão de comportamento claro, que permite que as pessoas apostem usando um pedacinho de papel como comprovante e tenham a certeza de receber seus prêmios. A importância dessa clareza organizacional fica óbvia quando se sabe que a população - e são as pesquisas que indicam - confia mais nos bicheiros do que nos comerciantes, industriais ou banqueiros. Por quê? A resposta é óbvia: há mais clareza nas posições dos bicheiros do que nas dos outros grupos mencionados. Portanto, é preciso não apenas adotar princípios éticos nas organizações, como deixá-los claros aos diversos públicos com que elas se relacionam. 8
  • 9. ÉTICA NAS EMPRESAS Inserido no gênero da “ética organizacional”, vamos abordar um tema atualíssimo e muito importante para o desenvolvimento e a credibilidade de uma empresa no mercado. Atualmente, para que uma empresa possa adquirir e garantir credibilidade junto ao mercado, não basta somente oferecer produtos ou serviços de qualidade, preços competitivos e obter exposição na mídia. Embora estes fatores sejam fundamentais e os consumidores estejam cada vez mais exigentes, a conquista da credibilidade junto ao público exige mais, pois engloba outros fatores tão cruciais quanto os primeiros. A ética é, com certeza, um destes principais itens. O ambiente empresarial se encontra em constante mudança e aqueles empresários mais preparados devem enxergar a necessidade de acompanhar os novos tempos. Passamos por algumas fases, onde a modernidade nos trouxe a necessidade da obtenção da qualidade, através da ISO-9000. Depois, passamos à preocupação com o meio ambiente, que introduziu a ISO- 14000 e chegamos à época da ISO-Ética. É a intenção de se adotar certificados de qualidade ética para as empresas. Analisemos nosso próprio comportamento como consumidores, ao escolher entre adquirir produtos ou serviços de uma empresa que é reconhecida no mercado como detentora de padrões éticos e responsáveis e de outra que fere os princípios da ética e da responsabilidade social para colocar seus produtos ou serviços no mercado. Com quem você negociaria? Enfim, estamos na "Era da Ética" e tal consciência tem feito aumentar o número de causas submetidas à Justiça, o que nos mostra uma cobrança crescente para que se obedeça a parâmetros que suplantem as necessidades imediatas e primárias, instintivas. Por isso a importância da certificação ISO-Ética. Ou seja, a busca de um padrão respeitável, global, vanguardista e lucrativo de atuação nas relações comerciais e, como conseqüência, eleva-se o nível dos relacionamentos, estreitam-se laços de parceria, minimiza-se a desconfiança do consumidor em relação ao produto oferecido e simplificam-se os contratos comerciais. Hoje, para que uma empresa consiga credibilidade junto ao mercado, não basta só auferir qualidade a seus produtos ou serviços. Embora esse fator seja primordial e o público consumidor esteja cada vez mais exigente nesse sentido, a conquista da credibilidade é mais ampla. Ela engloba outros itens – e a ética é, notadamente, um desses principais itens. Não existe, na grande maioria das empresas, a preocupação com a ética sistematizada para a organização. Existe a necessidade da preparação de um Código de Ética, que seja seguido por todos os colaboradores da empresa e seus fornecedores. Exemplo simples de comportamento ético: Imaginemos duas empresas que atuem num mesmo segmento de negócios. Vamos chamar estas empresas de A e B. No nosso exemplo, ambas atuam no segmento de panificação. Na empresa A o empreendedor, zeloso por manter uma postura ética e não apenas comercial, ajusta o layout (as instalações) de seu estabelecimento para permitir livre trânsito a pessoas portadoras de necessidades especiais (deficientes físicos e pessoas da terceira idade), instalando rampas de acesso no interior de sua panificadora, aumentando a distância interna das gôndolas, demarcando vagas preferenciais no seu estacionamento, fazendo a identificação de produtos em braile, demarcando o chão do estabelecimento com sinalizadores especiais para pessoas 9
  • 10. portadoras de deficiência visual, entre outras medidas. Certamente todos estes ajustes e alterações terão um custo financeiro. Por outro lado, a empresa B não adota nenhuma dessas medidas por considerar que a legislação do município onde está instalada não obriga a adoção de tais providências. Qual o resultado prático desses comportamentos diferenciados? O custo adicional suportado pela empresa A será de alguma forma compensado? A resposta a esta pergunta é muito simples. Num mercado saturado, onde a concorrência é acirrada, empresa A com certeza sairá ganhando. Na medida em que os consumidores identificam as alterações promovidas por seu empreendedor para permitir o adequado atendimento de pessoas com necessidades especiais, a mensagem que ficará gravada na mente do consumidor é que se trata de uma empresa ética, que não só respeita as pessoas, mas também se importa com seu bem estar. Dessa forma, a empresa A terá alcançado um diferencial de mercado positivo em relação à empresa B, que, mesmo não agindo contra a lei, terá maior dificuldade em cativar e manter sua clientela (este processo é conhecido como fidelização de clientes). Desta forma, além da possibilidade de atender a demanda de pessoas portadoras de necessidades especiais, ainda manterá sua cliente habitual e terá uma imagem de excelência que certamente atrairá novos consumidores. Este é apenas um dos exemplos que ilustram, de forma clara, que a adoção de comportamentos eticamente responsáveis podem resultar num diferencial positivo em relação ao público consumidor. CONSULTORIA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES O movimento de ética empresarial surgiu nos EUA a fim de reduzir os conflitos existentes entre os valores morais da sociedade e a prática adotada por organizações empresariais na busca de atingir suas metas e objetivos financeiro-econômicos. O que deveria promover uma reflexão sobre a relação entre a sustentabilidade destas organizações e o bem-estar da sociedade, entretanto, terminou por dar à ética o caráter de ferramenta gerencial de controle disciplinar. Como resultado, criou-se um mercado milionário de escritórios de consultoria e firmas que prestam serviços em ética empresarial. Estas empresas oferecem pacotes de serviços que incluem meios de comunicação alternativos e confidenciais para que funcionários possam denunciar comportamentos considerados “antiéticos”, sessões de treinamento, seminários, cartazes e publicações suplementares, revisões periódicas dos códigos de conduta das empresas, exercícios de aplicação hipotética do código com gerentes etc. Outro fenômeno resultante da preocupação com os prejuízos financeiros da conduta antiética em solo norte-americano é a proliferação de cargos e funções hierárquicas de supervisão e controle e a criação de departamentos de ética, com equipes permanentes, objetivos definidos, sistemas de avaliação etc., estruturas que chegam a consumir orçamentos anuais de um milhão de dólares. Enquanto o exercício da ética nas organizações é restrito à descoberta de fraudes, abusos e outros crimes corporativos, raramente parece ser relacionado a efeitos nocivos à sociedade de forma mais global, como problemas causados ao meio ambiente e desemprego. Hoje, as organizações como um todo – incluindo as governamentais e as ONGs – são eticamente corretos, se possuírem, antes de tudo, excelência na 10
  • 11. proteção ambiental, melhoria na educação, assistência médica, políticas internas a respeito de salários justos, condições adequadas de trabalho, respeito às diferenças sociais, intelectuais, de sexo, crença ou raça. Isso não é válido apenas para as instituições que têm como missão o serviço à sociedade. O ACADÊMICO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS E A QUESTÃO DA ÉTICA As universidades têm participado com importantes contribuições às comunidades que as cercam, principalmente pela divulgação do conhecimento e ampliação dos horizontes do pensamento e das oportunidades pessoais e profissionais. Além disso, despertam as práticas da cidadania, possibilitando não somente aos estudantes, mas à comunidade que estes participam, a descoberta de direitos e valores desconhecidos. Observa-se que muitos cursos universitários, preocupados com a conduta dos profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, se preocupam com o estudo da Ética, matéria esta que não se resume, simplesmente, aos ambientes de graduação, mas chegando aos cursos de pós- graduação com uma grande atenção dirigida não só por parte dos professores, mas pelo grande interesse dos alunos. O tema é tão relevante que o MEC - Ministério da Educação e Cultura sugeriu formalmente que todos os cursos de administração, em nível de graduação e pós- graduação, incluíssem em seu currículo a disciplina de ética. O CEUNSP - Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio atende a instrução do MEC ao instituir a disciplina Ética profissional e organizacional, nosso objeto de estudo. O ADMINISTRADOR EMPRESAS Antes de voltarmos para a questão da ética é interessante conhecermos um pouco sobre o Administrador de Empresas. A profissão do Administrador, como profissão regulamentada, surgiu com a promulgação da Lei nº. 4.769, de 09/09/1965, a qual foi regulamentada pelo Decreto nº. 61.934, de 27/12/1967. O dia do Administrador é comemorado em 09 de setembro, pois é a data em que a Lei nº. 4.769/65, que regulamenta a profissão, foi promulgada. Existem órgãos que orientam e disciplinam o exercício da profissão do administrador. Na esfera Federal temos o Conselho Federal de Administração (CFA) que é o órgão normativo, consultivo, orientador e disciplinador do exercício da profissão de Administrador, bem como, controlador e fiscalizador das atividades financeiras e administrativas do Sistema CFA/CRAs. Nos estados temos os Conselhos Regionais de Administração (CRA) como órgão consultivo, orientador, disciplinador e fiscalizador do exercício da profissão de Administrador. O Sistema CFA/CRAs tem como missão promover a difusão da Ciência da Administração e a valorização da profissão do Administrador visando a defesa da Sociedade. Vejamos as Finalidades dos conselhos: CFA: a) propugnar por uma adequada compreensão dos problemas administrativos e sua racional solução; b) orientar e disciplinar o exercício da profissão de Administrador; c) elaborar seu regimento interno; d) dirimir dúvidas suscitadas nos Conselhos Regionais; e) examinar, modificar e aprovar os regimentos internos dos Conselhos Regionais; f) julgar, em última instância, os recursos de penalidades impostas pelo CRA; g) votar e alterar o Código de Deontologia Administrativa, bem como zelar pela sua fiel execução, ouvidos os CRAs; h) aprovar anualmente o orçamento e as contas da autarquia; e i) promover estudos e campanhas em prol da racionalização administrativa do País. 11
  • 12. CRA: a) dar execução às diretrizes formuladas pelo Conselho Federal de Administração; b) fiscalizar, na área da respectiva jurisdição, o exercício da profissão de Administrador; c) organizar e manter o registro de Administrador; d) julgar as infrações e impor as penalidades; e) expedir as carteiras profissionais dos Administradores; e f) elaborar o seu regimento interno para exame. O PAPEL DO ADMINISTRADOR NAS ORGANIZAÇÕES • Cuidar de todas as operações de uma empresa, desde a organização de seus recursos humanos, materiais e financeiros até o desenvolvimento de estratégias de mercado; • Organizar e coordenar as atividades financeiras de um estabelecimento, lidando com patrimônio, capital de giro e análise de orçamentos como: custos, orçamentos e fluxo de caixa; • Gerenciar projetos; • Gerenciar processos de seleção, admissão e demissão de funcionários; • Implantação e implementação de planos de carreira, programas de benefícios, de treinamento e de capacitação de funcionários; • Coordenar a compra de matérias-primas e insumos; • Envolver-se com a publicidade e o marketing promovendo a vinda de produtos ou serviços da empresa; • Gerenciar os sistemas de tecnologia de informação de uma empresa, atualizando seus equipamentos e programas necessários ao negócio; • Gerenciar as atividades comerciais de uma empresa com organizações de outros países, identificando oportunidades de negócios e cuidando dos processos de importação e exportação de mercadorias; • Acompanhar a análise e os exames periciais das operações contábeis de uma organização; Planejar e coordenar as operações de ONGs, gerindo a captação de recursos e sua aplicação em projetos ambientais, educacionais, profissionalizantes ou comunitários; • Supervisionar o processo produtivo em indústrias, da análise da matéria-prima à qualidade do produto final; • Gerenciar hospitais, prontos-socorros e convênios médicos; • Dirigir empresas rurais e agroindustriais, controlando o processo de produção, a distribuição e a comercialização da produção. NOVO CARGO PARA O ADMINISTRADOR: GUARDIÃO DE ÉTICA DAS EMPRESAS Deontologista é o nome de um cargo que está crescendo nos organogramas das principais empresas francesas. O termo deriva de deontologia, que segundo o "Aurélio" é "o estudo dos princípios, fundamentos e sistemas de moral". Logo, por definição, trata-se do executivo que tem a missão de ser o guardião da ética da empresa, formalizando regras de boa conduta e instituindo regulamentos para os funcionários. A novidade foi lançada na França e parte da Europa e deve invadir o mundo. Com tantos papéis importantes o administrador deve se preparar. A questão ética é um bom começo, pois deve ser vista como um conceito utilitário com o sentido de uma ferramenta útil ao dirigente de qualquer organização. 12
  • 13. Uma atuação profissional ética implica sabermos quais são nossos princípios éticos e aqueles das organizações para as quais trabalhamos. É preciso ter respostas claras a perguntas como: • Os empregados sabem como a organização se comporta em casos de corrupção? Oferece suborno? Paga ou não paga a comissão ou o jabaculê solicitado por políticos, fiscais, compradores etc.? Pune ou não pune quem for apanhado aceitando suborno? Ou pagando? • Na postura ambiental, cumpre a legislação, procura ser melhor que a lei ou está preocupada em fazer do jeito mais barato? • E em relação ao consumidor? O código é respeitado? A propaganda, a promoção e a embalagem são leais em relação ao que o consumidor vai receber ou buscam enganá-lo? E a qualidade, corresponde ao preço ou ao serviço? • Em relação à concorrência - ela é limpa ou procura prejudicar os outros sempre que possível? • Se a empresa é monopolista ou oligopolista, até que ponto abusa disso? • A relação com os empregados é aberta ou dissimulada? O que se diz nos comunicados e informes internos é verdade ou tentativa de vender gato por lebre? • Os impostos são pagos ou sonegados? A atuação do administrador no campo da ética empresarial é de extrema importância. Os lideres empresariais descobriram que a ética passou a ser um fator de competitividade. Por isso é crescente a preocupação, entre os empresários brasileiros, com a adoção de padrões éticos para suas organizações. Sem dúvida, os integrantes dessas organizações serão analisados através do comportamento e das ações por eles praticadas, tendo como base um conjunto de princípios e valores. Da mesma forma que o indivíduo é analisado pelos seus atos, as empresas (que são formadas por indivíduos) passaram a ter sua conduta mais controlada e analisada, sobretudo após a edição de leis que visam a defesa de interesses coletivos. A credibilidade de uma instituição é o reflexo da prática efetiva de valores como a integridade, honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito ao consumidor, entre outros. Nessa dimensão ética distinguem-se dois grandes planos de ação que são propostos como desafio às organizações: de um lado, em termos de projeção de seus valores para o exterior, fala-se em empresa cidadã, no sentido de respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho voluntário, realização de algum benefício para a comunidade, responsabilidade social, etc. De outro lado, sob a perspectiva de seu público mais próximo, como executivos, empregados, colaboradores, fornecedores, acionistas, envidam-se esforços para a criação de um sistema que assegure um modo ético de operar, sempre respeitando os princípios gerais da organização e princípios do direito. 13
  • 14. Abre-se aqui uma nova área de atuação para os administradores, que se desenvolverá mediante a assessoria na elaboração e implantação de códigos de ética ou de conduta, criação de comitês de ética, orientação para os que se ocupam com treinamento dos empregados, contribuindo na revisão de critérios e tomadas de decisões, visando auxiliar na solução dos dilemas, respeitando a legislação aplicável e executando um trabalho de consultoria preventiva. São muito pesados os ônus impostos às empresas que, despreocupadas com a ética, enfrentam situações que muitas vezes, em apenas um dia, destroem uma imagem que consumiu anos para ser conquistada. Multas elevadas, quebra da rotina normal, empregados desmotivados, fraude interna, perda da confiança na reputação da empresa, são exemplos desses ônus. Daí o motivo de muitas empresas terem adotado elevados padrões pessoais de conduta para seleção de seus empregados, cientes de que, atualmente, a integridade nos negócios exige profissionais altamente capazes de compaginar princípios pessoais e valores empresariais. É perfeitamente plausível e absolutamente necessário aliar lucros, resultados, produtividade, qualidade e eficiência de produtos e serviços, além de outros valores típicos de empresa, com valores pessoais, tais como: honestidade, justiça, cooperação, tenacidade, compreensão, exigência, prudência, entre outros. Por essa razão muitas empresas de respeito empreenderam um esforço organizado, a fim de encorajar a conduta ética entre seus empregados. Para tanto, implantam códigos de ética, reciclam o aprendizado de seus executivos e empregados, idealizam programas (hoje em dia programas virtuais) de treinamento, criam comitês de ética, capacitam lideres que percorrem os estabelecimentos da organização incentivando a desenvolvimento de um clima ético. Nessa perspectiva servem-se de consultores externos que assessoram na elaboração de códigos de conduta, no desenvolvimento do clima ético, sensibilizando seus integrantes, mediante cursos e palestras, participando ativamente de treinamentos, procurando adequar tudo à legislação aplicável ao assunto. Dentre tantas áreas de especialização que surgiram neste início de milênio, está o vastíssimo campo da ética empresarial. Fica lançado o desafio para aqueles que desejam trabalhar na área de consultoria ética empresarial. VALORES NAS EMPRESAS Os valores são os pilares internos das organizações, são ações que se apresentam em condutas que definem "o caráter da Empresa". Por Exemplo, comprometimento no atendimento ao cliente, respeitando-o, resolvendo e solucionando seu problema ou, ouvindo sua sugestão pode ser definido pelo grupo de executivos como um valor corporativo na empresa, e que deve ser multiplicado no dia-a-dia pelos funcionários no seu relacionamento com o cliente quer seja interno ou externo, quando ele fornece uma resposta, quando é contatado ou presta alguma orientação. Este valor pode ser transportado para outras condutas internas, que deverão refletir no comportamento do funcionário. Comprometimento nas tarefas que desenvolve, nas responsabilidades que assume no atendimento de um problema interno, com a imagem da Empresa, salvaguardando-a de qualquer conduta que venha a denegri-la. 14
  • 15. Outros exemplos de valores: Integridade: pessoas comprometidas a agir com integridade em suas atividades. Justiça: justiça com o significado de "equidade", ou seja, tratar todo mundo de uma maneira justa e igual. Responsabilidade Social: a coisa mais socialmente responsável que uma empresa pode fazer é realizar um trabalho excepcional no atendimento às necessidades da sociedade. Apoiar projetos sociais das comunidades. Ambiente de trabalho: ter um ambiente de trabalho em que possamos usar novos dons e habilidades. Criar um ambiente saudável, requer uma visão positiva da humanidade, que começa com as pessoas que trabalham na empresa. Valorizar a pontualidade, a qualidade de cada serviço e presteza no.atendimento. Comportamento ético e desenvolvido de acordo com a legislação vigente. Lealdade para com a Empresa. Tratamento justo, cortês e respeitoso entre os colegas de trabalho. Justiça e consideração apropriadas aos interesses de outras pessoas vinculadas à Empresa: acionistas, clientes, outros parceiros comerciais, autoridades governamentais e o público em geral. Respeito e proteção ao meio ambiente. Valores no ambiente de trabalho que devemos ter sempre do nosso lado: Dinamismo – Observação – Esperteza – Sensibilidade – Emotividade – Criatividade – Liderança - Espírito de equipe – Humildade - Atualização Lembre-se: a postura ética constrói ou destrói a reputação de uma empresa. A adoção de um comportamento ético consagra valor à imagem da empresa. VALORES – DILEMAS ÉTICOS Valores são princípios, fundações sobre as quais erguemos o edifício de nossas vidas – eles orientam as nossas ações. A maioria dos nossos valores são mitos, tabus que aceitamos como importante e verdadeiro porque herdamos de nossos pais, demais familiares, depois com professores, colegas etc., enfim, surge das nossas relações com outras pessoas. O mundo dos valores é o mundo das escolhas, da apreciação dos atos e objetos em que a ação humana impõe uma demarcação entre o desejável, o bem e o mal, a honestidade e a desonestidade, o amor e o ódio ou a justiça e a injustiça. Exemplos de valores considerados importantes no COTIDIANO: honestidade, responsabilidade, respeito, compaixão, justiça, liberdade, coragem moral, tolerância, lealdade, paz, honra, humildade, generosidade, obediência... Exemplos de valores considerados importantes como bandeiras de luta de UM POVO OU DE UMA NAÇÃO: igualdade, liberdade, justiça, fraternidade, solidariedade, dignidade, tolerância, progresso, ordem, comida... Exemplos de valores considerados importantes para uma EMPRESA: compromisso com a qualidade, defesa ao meio ambiente, respeito mútuo, ética nos negócios, solidez, transparência, empreendedorismo, excelência, união, satisfação do cliente, liderança, respeito à sociedade... 15
  • 16. Os valores devem se apresentar de forma hierárquica subordinando-se uns aos outros segundo o grau de importância que cada um manifesta para nós. Cada indivíduo nas mais diversas circunstâncias orienta-se por uma escala de valores que o leva a realizar determinado ato em vez de outro. Cada sociedade e cultura estabelecem igualmente uma hierarquia de valores e esses valores exercem influências nas nossas preferências podendo causar impactos na conduta individual. Determinadas sociedades apresentam valores que a nós causam estranheza como na Índia que a vaca é venerada sendo inconcebível o sacrifício da espécie tendo até punições. Para outras sociedades essa atitude não tem nenhum significado. CHOQUE DE VALORES Pelo que foi apresentado até o momento já percebemos que cada pessoa apresenta suas próprias crenças e seus valores, buscando alcançar os seus interesses particulares. Vimos ainda que a sociedade como um todo também cultua valores e exige que esses valores sejam respeitados. Em determinados momentos as pessoas precisam decidir qual interesse atender em primeiro plano. A decisão adotada pode trazer prejuízos de seu próprio interesse, do outro, ou para toda a sociedade. Em relação à área da Administração de Empresas existe o risco do choque de valores. Os valores de um indivíduo podem vir a chocar-se com o sistema de valores da empresa e com isso desencadeia-se o conflito. Se as crenças e valores corporativos definidos pela Alta Administração, forem muito diferentes dos valores individuais, a convivência dos empregados no ambiente de trabalho será muito mais difícil, prejudicando o desenvolvimento da organização. Por outro lado, quanto mais próximos forem os valores de um indivíduo daqueles preconizados pela organização maior será a produtividade para a mesma, além da promoção de estado mais elevado de realização das pessoas. Em um enfoque mais cruel, temos o conflito de ‘valores empresariais’ com ‘valores pessoais’ quando certas exigências feitas pelas empresas são antiéticas ou imorais. As empresas devem analisar seriamente suas crenças e valores, já que cada vez mais, as pessoas querem trabalhar com cultura ética e moral, onde encontrem significado para as suas vidas e possam fazer diferença com seu trabalho. Ao se deparar com um conflito existe a necessidade de um ’ponto de entendimento’. Entra em campo a ÉTICA, que tem por objeto o comportamento humano no interior de cada sociedade, o objetivo da ética é entender os conflitos, buscando suas razões e estabelecer tipos de comportamentos que permitam a convivência em níveis aceitáveis na sociedade. Cada um tem a sua própria reação diante de um fato e acha que a sua reação é a ‘certa’. Isso precisa ser organizado. PERFIL DAS POSTURAS MORAIS Qual o seu perfil moral? Para saber, responda ao exercício que segue, obedecendo rigorosamente às instruções. INSTRUÇÕES Logo abaixo estão listadas dez situações em que dois conjuntos de proposições deverão ser classificados. Tente identificar-se melhor com um dos conjuntos. Na coluna à direita, você deverá atribuir a cada conjunto (de cada situação) uma nota. Você dispõe apenas de três pontos para distribuir entre os dois conjuntos, baseado na importância que você atribui a cada um. Assim, as possibilidades são apenas quatro: Letra 3 0 2 1 Letra 0 3 1 2 16
  • 17. Quando você terminar, tabule os resultados. Você deverá computar um total de 30 pontos, ou seja, dez situações multiplicadas por três pontos. • Não existem respostas certas ou erradas; seja então absolutamente sincero. • Não diga o que você gostaria de ser ou de pensar se o mundo fosse diferente, mas como você é e pensa na atual realidade. • Não deixe de classificar conjunto algum. • Não repita nem divida notas. Situação 1 Situação 2 Evito ao máximo subornar fiscais e sonegar impostos. Mas se um fiscal forçar a barra, eu pago, e se minha empresa estiver em dificuldade, sonego e pronto. Nos negócios, bom senso e pragmatismo são fundamentais. A Lamento que muita gente lance mão de expedientes, no velho estilo do Brasil tradicional. Numa economia aberta, quem não fornece qualidade, atendimento personalizado, preços competitivos, garantias pós-venda, está fadado a desaparecer. Minha empresa veio para ficar e não para fazer negócios com uma visão imediatista. A Estou convencido de que um comportamento reconhecido como idôneo pelos clientes traz bons negócios em prazo médio e longo. De modo que a sonegação de impostos ou o suborno de fiscais são práticas difundidas que só merecem repulsa, porque prejudicam a coletividade, bem como a imagem da empresa. B Penso, que não se deve misturar negócios e questões morais. Afinal, quem põe capital de risco quer ganhar dinheiro; não está aí para fazer caridade ou para bancar o missionário. Vamos deixar de hipocrisia: quem faz negócios não pode ser santo. Dadas as muitas complicações que existem no Brasil, é preciso ter jogo de cintura para que as coisas funcionem. Quem tem juízo sabe corno se virar. B Situação 3 Situação 4 Acho que maximizar os lucros dos acionistas não pode ser o único dínamo das empresas: estas precisam agir com claro sentido de responsabilidade social. Por exemplo, devem repartir ganhos com clientes e funcionários, além de respeitar o meio ambiente. A Penso que a única maneira de sobreviver para as empresas é preparar-se para o que der e vier. A concorrência está cada vez mais acirrada e desleal. Seria ingênuo arriscar o negócio bancando o bom-moço. Cabe um acordo entre as empresas para que não haja concorrência predatória e para que não se ponha em perigo o emprego de muita gente. A Creio que a frase anterior só faz sentido se outros agentes forem contidos em seu apetite: as autoridades com seus impostos, os sindicatos com seus pleitos, os ecologistas com suas exigências, os fornecedores com seus preços, os bancos com seus juros e suas taxas. B Não importa o tipo de concorrência, se estrangeira ou nacional. Quem é competente sabe reduzir custos e repensar o próprio negócio, sabe inovar sempre e lançar produtos novos, com qualidade e bom design. Apelar para o vale-tudo é uma atitude desesperada de curto alcance. B Situação 5 Situação 6 Se eu souber que a empresa em que trabalho vai adquirir uma empresa concorrente cujas ações estão a um preço muito baixo, compro um lote de ações, já que seu valor certamente subirá. A Se eu, como presidente de uma empresa, souber que um concorrente acabou de desenvolver uma nova tecnologia que vai lhe garantir boa fatia do mercado, faço com que um dos especialistas deste concorrente me repasse o know-how. Como todo mundo procura se defender, também me adapto às circunstâncias, embora o faça a contragosto. Quem está na chuva é para se molhar. A 17
  • 18. Não compro ação alguma, a não ser que a minha empresa autorize tal procedimento, porque, caso contrário, eu estaria me valendo de informações confidenciais que podem trazer prejuízo à operação como um todo. B Procuro manter-me sempre atualizado e não me deixar surpreender pelos concorrentes. Lanço produtos com inovações, me valendo apenas da inteligência competitiva, e não da espionagem econômica. A meu ver, quem se socorre de manobras escusas não merece o respeito de ninguém e demonstra miopia empresarial. B Situação 7 Situação 8 Acredito que as empresas devem adotar políticas criteriosas na área da publicidade, na qualidade dos produtos ou dos serviços prestados, no atendimento aos clientes e nos preços competitivos. Enganar os clientes ou omitir deficiências pode realmente dar resultados imediatos, mas está errado. Além de poder trazer problemas com o Código de Defesa do Consumidor, o Procon, a mídia e até a Justiça. Não faço negócio com espertezas. A Obedeço à praxe do mercado e considero que oferecer brindes, presentes e gratificações a compradores e gerentes das empresas clientes é uma atitude de boa educação. Danço conforme a música, como todo mundo faz. Aliás, quem deixa de fazê-lo perde negócios e reduz suas próprias oportunidades. A Seria ingenuidade minha lançar um produto e não ressaltar todas as suas qualidades, ao mesmo tempo em que omito naturalmente as possíveis deficiências ou insuficiências. Isso não quer dizer que eu deixe de ter produtos competitivos. O mercado está aberto para qualquer um poder comparar os produtos e os preços, os serviços prestados e o tipo de atendimento. Os clientes não são crianças que devem ser pajeadas. Cabe a eles apreciarem a publicidade que se faz e aquilo que compram. Minha responsabilidade é para com os acionistas em primeiro lugar. B Acho que é preciso estabelecer uma política explícita e restritiva no tocante à aceitação ou à oferta de convites, favores, brindes e presentes. Trata-se de um dos itens que o código de conduta empresarial deve ter, porque deixar cada funcionário orientar-se segundo sua própria consciência é abandoná- lo num mato sem cachorro. B Situação 9 Situação 10 Sendo eu presidente de urna empresa, não vejo miada de errado em possuir ações de uma companhia com a qual minha empresa faz negócios regularmente. É um modo inteligente de estabelecer uma boa parceria. E mais: não vejo por que não sentar juntos para procurar regular o mercado (acabando com a guerra entre os concorrentes) e para descobrir o melhor método de contornar tantos impostos - afinal, a carga tributária mio Brasil é altíssima e bem mal distribuída. A Não basta elaborar um código de conduta, é preciso conscientizar os funcionários a respeito das normas morais neles contidas e controlar o que fazem sem esmorecer. Isso significa que o código de conduta é para valer, devendo corresponder a cada uma das práticas de gestão. A Acho inadequado possuir ações de um concorrente se eu for presidente de uma empresa. Certamente haverá conflito de interesses e eu ficaria impedido de tomar certas decisões. E mais: é um absurdo combinar os preços dos produtos com as empresas concorrentes, porque isso prejudica os clientes. Mas cabe apoiar-se mutuamente no que diz respeito aos interesses do setor para pressionar o Executivo e o Legislativo e conseguir diminuir a carga tributária. B Códigos de conduta acabam servindo para jogar poeira nos olhos do pessoal de fora. Quem conhece a realidade dos negócios sabe disso. Afinal, o que se escreve não é para ser cumprido, caso contrário não se faria mais negócio algum. Felizmente, nós aprendemos a dissociar desde sempre o discurso e os atos. Então, vamos deixar isso para lá e parar com esses modismos tolos. B TABULAÇÃO Cuidado com as letras! 18
  • 19. Identifique as notas que você deu em cada situação, nas colunas à direita, e lance, diante de cada letra, a nota respectiva. No final, some as notas por coluna. Situação COLUNA I COLUNA II 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B = A = A = B = B = B = A = B = B = A = A = B = B = A = A = A = B = A = A = B = TOTAIS = 30 Não alcançando exatamente 30 pontos, reveja sua pontuação: é possível que tenha ocorrido algum erro de lançamento. DUPLA MORAL BRASILEIRA Duas pesquisas de âmbito nacional feitas pelo Ibope recentemente registraram que 64% dos entrevistados consideravam que, no Brasil, quando uma pessoa tem a oportunidade de conseguir uma vantagem fazendo algo errado, e sabe ter poucas chances de ser descoberta, ela age ilegalmente. E mais: • 65% acreditavam que o povo brasileiro é um povo desonesto; • 81% disseram que se os supermercados não vigiassem as prateleiras sofreriam muito mais roubos do que hoje; • 93% afirmaram que a maioria dos brasileiros tenta dar uma “caixinha” para se livrar de multa; • 82% consideraram que a maioria das leis não é obedecida; • 86% acharam que existem certas pessoas que, mesmo que façam coisas erradas, nunca serão punidas pela justiça; • 80% acreditavam que as leis só existem para os pobres e que a Justiça brasileira não trata os pobres e os ricos da mesma maneira; • 59% estavam convencidas de que os advogados não são pessoas honestas; • 64% diziam o mesmo dos policiais; • 63% afirmaram que a maioria dos guardas rodoviários deixa de multar quando recebe uma boa “caixinha”; • 64% disseram o mesmo dos fiscais; mas • 78% dos entrevistados responderam que devem cumprir a lei independentemente de sua opinião sobre ela. Foi feito um exercício/pesquisa em 23 de maio de 2006 pelo prof. José Carlos Clementino com os alunos do 7º Semestre das turmas A e B, da disciplina Ética Profissional e Organizacional, do Curso de Administração de empresas do CEUNSP que revelou o seguinte: Turmas A e B – 94 alunos avaliados 43% - moral do oportunismo 36% - Relações confusas com a moral da integridade – padecem de grande ambigüidade 21% - Moral da Integridade com concessões à moral do oportunismo 0% - Moral da Integridade (pura) 19
  • 20. Podemos enxergar a dupla moral brasileira (moral da integridade e moral do oportunismo). Vejamos em que consiste a Moral da integridade: Trata-se do sistema de normas morais que corresponde ao imaginário oficial brasileiro e configura o comportamento considerado decente e virtuoso. Essa moral é ensinada nas escolas e nas igrejas, serve de pauta aos tribunais e à mídia mais responsável. Enumera as qualidades que moldam as “pessoas de bem” ou distinguem aquelas que possuem “retidão de caráter”. Os chamados rigoristas a praticam - agentes escrupulosos e severos no cumprimento das normas morais, sérios e dignos de confiança. A moral da integridade: 1. Estriba-se nos seguintes valores: honestidade, lealdade, idoneidade, decoro, lisura no trato da coisa pública, fidelidade à palavra empenhada, cumprimento das obrigações, obediência aos costumes vigentes, respeito à verdade e à legalidade, amor ao próximo. 2. Caracteriza a pessoa confiável. 3. Demarca o que faz de alguém um sujeito digno de crédito. 4. Subordina os interesses individuais ao bem comum. 5. Enaltece a probidade como imperativo categórico. 6. Não tolera a desonestidade, o engodo, a fraude, o blefe, a manipulação da inocência dos outros. Em conseqüência, molda-se no cadinho da ética da convicção, vertente de princípio. É uma moral do dever: “Faço algo porque é um mandamento.” E o que vem a ser a segunda moral brasileira- a moral do oportunismo? O sistema de normas morais que corresponde ao imaginário oficioso brasileiro e que configura o comportamento dito esperto: 1. Consiste em que o agente individual se saia bem, ainda que em detrimento dos interesses dos outros. 2. Floresce na sombra da malícia. 3. Nutre-se de franca hipocrisia, pois, em público, todos simulam aderir a da integridade. 4. Pratica-se de modo informal, graças à complacência, ao respaldo ou à cumplicidade dos mais íntimos - sócios, parentes, compadres, amigos, colegas, vizinhos, comparsas. Corresponde ao triunfo da conveniência sobre os princípios ou sobre a responsabilidade social. Suas formas de agir transgridem as normas morais oficiais e são consideradas imorais do ponto de vista da oficial. Mas nem por isso perturbam as consciências daqueles que as adotam. Ao contrário: 1. Desnudam uma face interesseira no burburinho das patotas, das turmas, das igrejinhas, dos clãs familiares. 2. Expõem a compulsão em “levar vantagem em tudo” como uma espécie de vocação. 3. Traduzem uma visão trapaceira e parasitária do mundo que, ao fim e ao cabo, manipula os outros em proveito próprio. 4. Expressam de algum modo a clássica ruptura, tão amplamente detectada em estudos antropológicos, entre o espaço público - em que supostamente primam normas universais e com as quais se mantêm posturas complacentes (a rua) - e o espaço privado - em que reinam a fidelidade e as relações pessoais (a casa). 5. Revivem a velha dicotomia entre conquistadores nômades empenhados em saquear e produtores sedentários empenhados em labutar. A moral do oportunismo repousa no mais estreito interesse pessoal, num egoísmo mesquinho que, na ânsia de obter vantagens e saciar caprichos, despe-se de quaisquer escrúpulos. Os agentes: 1. Fazem o que lhes traz o máximo de bem, independentemente dos efeitos produzidos sobre os outros: “Faço algo porque me convém”. 20
  • 21. 2. Fogem às obrigações ou às responsabilidades. 3. Proferem uma fala que, embora pronunciada em voz baixa, desfruta de larga difusão, e recorta diagonalmente todas as classes sociais. 4. Adotam procedimentos como o jeitinho, o quebra-galho, o calote, o suborno, o engodo, a trapaça, a bajulação, a burla, a manha. 5. Não se furtam a proclamar, com cinismo, que não dão a mínima pelas conseqüências, desde que isso lhes permita “sair-se bem”. Quanto aos outros, sentenciam: “Ninguém mandou ser trouxa”, vale dizer, otário, poeta, caxias, bobo, tolo, panaca, babaca, sonso, banana, bolha, paspalho. Os adeptos do oportunismo exaltam a malandragem ao gosto de Macunaíma, o “herói sem nenhum caráter”, e ludibriam a boa fé dos demais, como se a malandragem não passasse de uma lei da natureza ou de simples travessura. No livro de Mário de Andrade, Macunaíma é um herói ambivalente, por vezes responsável e corajoso, por outras vezes irresponsável, covarde e mau- caráter. Os oportunistas: 1. Celebram o anseio centenário de “ficar à toa por aí”. 2. Apostam na permissividade e na impunidade, esses fatos correntes na sociedade brasileira - “A lei? Ora, a lei”. 3. Lançam mão de argumentos repetidos para justificar seus ardis – “só os espertalhões sobrevivem; “quem não chora não mama”. 4. Alardeiam, com ironia, que “quem segue a linha, é pego pelo trem”. 5. Dão a impressão de que a astúcia tudo move e que a inadvertência de quem é vitima é causa de seus transtornos - “caiu na esparrela e agora vai ficar esperto”. 6. Estão convencidos de que o mundo pertence àqueles que arquitetam artimanhas, têm ginga, são matreiros e “sabem se virar”, num modo específico de vencer na vida, fora do alcance dos coitados que só sabem se lamuriar e que, por isso mesmo, merecem o desprezo dos que “vão à luta”, “põem o pé na estrada”, “botam a cara para bater”. A moral do oportunismo é assumida por aqueles que: 1. Magnificam as próprias conveniências, destituídos de consciência social e de ideais coletivos. 2. Maximizam sua própria utilidade na linguagem dos economistas e glorificam o proveito pessoal acima de qualquer outra consideração. 3. Valorizam o enriquecimento fácil e rápido. 4. Celebram o egotismo aproveitador. 5. Consagram o lema do “cada um por si”. 6. Cultivam a histeria do “salve-se quem puder”. 7. Consideram que tais estipulações se justificam desde que o propósito seja alcançado, não importa a licitude ou a legitimidade dos meios. Assim, no Brasil: • Poucos perdem a oportunidade de beneficiar um amigo ou uma amiga numa seleção entre candidatos por um posto de trabalho. • Poucos deixam de sonegar impostos, se puderem. • Poucos acusam espontaneamente os defeitos de um carro ou de uma casa que colocam à venda. • Raros recusam utilizar os serviços de um despachante para acelerar o andamento de processos em repartições públicas ou para “azeitar a máquina”, numa forma cômoda de terceirizar a consciência. 21
  • 22. • Raros deixam de pagar propinas a fiscais para reduzir ou esquecer uma multa, tirar um alvará, liberar cargas nos portos. • Quase ninguém declara o preço real de um imóvel que foi negociado para pagar menos impostos ou encobrir a posse de “dinheiro frio”. • Quase ninguém deixa de conceder ou de pedir precedência a um parente que esteja aguardando a vez para submeter-se a uma cirurgia de emergência, ainda que a fila de pacientes tenha idêntica urgência. • Muitos desembolsam os honorários de médicos ou dentistas sem a contrapartida de um recibo para poder usufruir o desconto oferecido. • Muitos compram produtos de origem duvidosa das mãos de camelôs, legitimando processos marginais como a informalidade, a sonegação fiscal, o desrespeito à legislação trabalhista, a pirataria de bens simbólicos, o contrabando, o roubo de cargas... Tênue fica então a fronteira que separa o oportunismo da corrupção, num movimento muitas vezes transposto de forma insensível. Diante disso, é importante indagar: manteria esta moral alguma relação com a ética da responsabilidade, na sua vertente da finalidade? A resposta é terminantemente negativa, porque a moral do oportunismo: 1. Centra-se no mais estreito particularismo. 2. Torna absoluto o cálculo de conveniência. 3. Assume uma postura tão ensimesmada que violenta o caráter altruísta da ética da responsabilidade. 4. Constitui o extremo oposto da moral da integridade. 5. Situa-se no limbo da marginalidade ética e configura-se como antiética. Os efeitos da moral do oportunismo apontam para uma situação em que todos desconfiam de todos o tempo todo: • Gestores “ficam de olho” nos subordinados no seio das empresas. • Concorrentes se estranham por dever de ofício. • Clientes “não se deixam levar” pelos fornecedores. • Autoridades governamentais vigiam as empresas, conceituadas como potencialmente trapaceiras. • As empresas vêem aquelas como farsantes e abusivas. Mas não só isso. Pairam ameaças de todo lado, vindas até daqueles de quem não se deveria duvidar, dos que desfrutam de irrestrita confiança e dos que partilham os segredos da intimidade (amigos, parentes, compadres, cônjuges e filhos). Ora, é possível viver acuado com tantas suspeitas rondando? Como segurar este mundo que desaba quando o impossível acontece? Por exemplo, quando: • o amigo rouba a namorada do amigo do peito; • o filho perde uma fortuna no jogo e falsifica os cheques do pai; • o parente dá um desfalque na empresa familiar; • o compadre engravida a filha do compadre; • o colega mais chegado se apropria de um projeto que representa o investimento de uma vida; • o marido trai a mulher com a cunhada... Como deixar de ficar atordoado quando se é “passado para trás”, iludido, enganado, atraiçoado? Como não ficar em pânico quando se verifica que nem mesmo a “integridade particularista” ou o respeito sagrado pelos mais íntimos constituem portos seguros? Embora muitos pratiquem a moral do oportunismo, há também um anseio generalizado por alguns nichos de dignidade, algumas ilhas de honradez em que uns possam confiar nos outros, sem precisar o tempo todo estar alerta, à espreita, adivinhando segundas intenções, desvelando duplicidades e precavendo-se contra ciladas, tramóias e maquinações. 22
  • 23. Existe uma aspiração por um ambiente asseado, asséptico, livre de tantas malvadezas urdidas nas sombras. Há um horror pelo deboche que os oportunistas fazem dos íntegros, num padrão que já foi temido há muitas décadas por Rui Barbosa - o de “ter vergonha de ser honesto”. Os brasileiros não se dividem discretamente em agentes oportunistas e em agentes íntegros. Mesmo que existam alguns visceralmente oportunistas, estranhos a qualquer gesto decente, e outros essencialmente íntegros, que quase nunca prevaricam. A maior parte dos brasileiros vive oscilando entre as duas morais, ora inescrupulosos, ora idôneos. Agentes híbridos. Ambíguos quanto às suas culpas e inseguros quanto às suas razões. Moldados por uma moralidade casuística - tão louvada quanto o são a mistura das comidas, a miscigenação das raças, o sincretismo das religiões, ou o jogo das inversões nos carnavais, em que se confundem hierarquias, gêneros ou papéis. Mas, quando vêm a lume as mil falcatruas que a moral do oportunismo estimula e justifica, quando espocam escândalos - como a denúncia de fiscais que extorquem comerciantes, de vereadores que utilizam funcionários pagos pelo erário para atividades domésticas, de administradores públicos que agem movidos por propinas, de altos funcionários governamentais que usam informações privilegiadas, de juízes venais que mantêm uma tabela para julgar certos processos, de empresários que armam conluios para vencer licitações públicas, de fornecedores que fraudam a qualidade ou o volume dos produtos entregues, de laboratórios que falsificam remédios -, a grita é geral, a mídia fica alvoroçada, os promotores agitam dedos em riste, as polícias entram em alerta, as comissões parlamentaras de inquérito deixam de hibernar sob o calor dos holofotes, a opinião pública procura culpados e torce o nariz de tanto asco. Esquizofrenia? Não. A todo mundo parece intolerável que se estabeleçam vasos comunicantes entre aquilo que medra no escuro dos porões e o que se pode expor à luz do dia. Equivale a mostrar eviscerar o boi que será logo servido... Realismo imperdoável? Equivale a mostrar uma linda moça se depilando... Impostura da beleza? Ninguém consegue orgulhar-se disso em público. “Ser pego com a mão na cumbuca”, na linguagem popular, horroriza a população. De fato, ela fica estarrecida e exausta com suas tripas à mostra; não agüenta mais ver tanta “falta de vergonha” campeando. A duplicidade moral convive contraditoriamente na cabeça de todos nós. Basta que os interesses próprios sejam seriamente ameaçados para que não se cumpram mais promessas, não se respeitem mais acordos, não se sigam mais regras. É como se fosse uma peça de teatro em que os atores, feito demônios multifaces, se revezassem no desempenho de diferentes personagens: íntegros quando nada lhes aperta o calo; anti-heróis quando os acontecimentos assim o exigem; às vezes vilões; quase sempre espertos. Situação que provoca funda ansiedade e que exige de cada qual precauções e salvaguardas que deixam a todos sem fôlego. O senso comum, porém, distingue os oportunistas contumazes, sujeitos intrinsecamente de “mau caráter”, e os oportunistas de ocasião, pessoas em geral “honradas” e que, premidas pelas circunstâncias, eventualmente se desviam do bom caminho. Esses pecadores, tão humanos na sua falibilidade, são vistos com alguma indulgência e passam a gozar de uma condição atenuante, já que, na maioria das vezes, podem ser confiáveis... A LEGISLAÇÃO E A ÉTICA Na “Lei Maior”, além de outros dispositivos constitucionais, onde a ética permeia, verifica-se que é no capítulo VII, do título III da Constituição Federal de 1988, que se encontra de forma mais evidente a imposição da necessidade da ética, no exercício da honrosa função de servir a sociedade, estando esse princípio dentre os mais importantes da Administração Pública, a saber: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 23
  • 24. No âmbito da atividade empresarial, o § 4º, do art. 173, da Constituição Federal de 1988, estabeleceu as práticas que devem ser evitadas na exploração da atividade econômica, por ferir a ética empresarial, dispondo que: "A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros". Verificamos ainda que a Constituição Federal brasileira defende o uso da propriedade em atendimento ao seu fim social e o respeito ao meio ambiente. Tudo isso só tem resultado prático se forem observados os deveres éticos. Na legislação ordinária, existem leis que motivam os empresários a adotarem posturas levando em conta a repercussão social que suas decisões possam gerar, tal como a legislação ambiental, que orienta a empresa para que respeite a natureza que é um bem da coletividade. O Governo Federal regulamentou a participação dos empregados nos resultados gerados pela empresa, o que representa uma possibilidade de distribuição de renda realizada pela iniciativa privada. Desta forma, empresários poderão proporcionar um incentivo incomensurável a seus funcionários, podendo gerar melhoria na produtividade e na qualidade de trabalho. Outra lei importante a ser ressaltada é o Código de Defesa do Consumidor. Na medida em que a ética permear as preocupações dos empresários, o Código de Defesa do Consumidor será utilizado esporadicamente e exatamente para punir os poucos marginais que sobrarem no mercado. É provável que até que tenhamos condições de vivenciar este estágio decorra ainda um longo tempo, mas é importante ter consciência de que é possível o aperfeiçoamento ético das empresas, se dirigentes e funcionários se engajarem nesse processo. Foram citados, de forma esparsa, alguns mandamentos legais apenas para demonstrar que a legislação referente ao tema estudado advém de várias fontes. O Estado de Direito tem como fundamento o cumprimento de leis, que de vem ser observadas e respeitadas. Devemos lembrar que a tradicional ética normativa, na qual a conduta ética está intimamente ligada a obediência às leis, deve acompanhar a ética valorativa, no sentido de se levar em consideração os valores da pessoa humana. Valores são critérios gerais, padrões ou princípios que as pessoas utilizam para determinar quais comportamentos, eventos e situações são desejáveis ou indesejáveis. A empresa goza, através de seus órgãos administrativos, de liberdade para decidir sobre o caminho a trilhar na condução de seus negócios. Dentro do que está permitido por lei, existe uma margem de discricionariedade. A conduta da empresa irá influir não somente na sua imagem perante o mercado, como também, auxiliará no alcance do êxito de suas operações. A empresa tem autonomia para determinar qual será sua conduta e seus dirigentes devem responsabilizar-se pelos atos que venham a praticar. Uma norma importante para organizar tudo isso é o Código de Ética da empresa e os profissionais de administração do Brasil (caso dos alunos do CEUNSP) têm em sua formação a base necessária para implementar e aplicar códigos de conduta nas corporações em que trabalhem, uma vez que recebem já nos cursos de graduação orientações neste sentido. PROGRAMA DE ÉTICA NA EMPRESA – CÓDIGO DE ÉTICA O primeiro passo para estabelecer um programa de ética numa empresa é a criação de um código com a participação de todos os níveis da organização. A segunda etapa é a de treinamento para a aceitação dos valores do código, e, neste caso, para que funcione efetivamente deve ser transmitido pelo chefe direto do funcionário. O compromisso com o código de ética como um 24
  • 25. todo deve valer também para os chefes, que serão avaliados como qualquer funcionário. É bom lembrar que o programa de ética deve vigorar a partir da seleção do pessoal que concorre a uma vaga na empresa – daí o importante papel do setor de RH para captar o histórico dos interessados a um determinado posto na empresa. O último passo para estabelecer um programa de ética numa organização é punir os infratores para que sirvam de exemplo. Uma dica para garantir o funcionamento do programa de ética é a criação de um canal de comunicação interno na empresa, inclusive com a instituição do cargo de "ombudsman interno". O código de ética é uma iniciativa viva, cada vez mais simples de ser cumprida, mas exige uma mudança na cultura da empresa. Alguns exemplos de condutas antiéticas - A empresa diz não ter preconceito, mas não se vê um só negro trabalhando lá dentro. - Suborno indireto: os compradores negociam corretamente, mas aceitam vantagens políticas e às vezes até sexuais de seus fornecedores. - O comprador se envolve com o fornecedor e acaba favorecendo-o mesmo sem a intenção de fazê-lo. - Comprador para fornecedor: ou você aceita o preço ou seu concorrente aceita. Este procedimento acaba liquidando os pequenos. - A empresa ter informantes em Brasília. - A contratação de pessoal do concorrente para obter informações. - Subfaturar o produto: o concorrente A pesquisa o mercado e estima que o valor justo para um determinado produto é de R$ 100,00, computando entre outros itens o seu custo, mão-de-obra e suas vantagens. No entanto, o concorrente B fatura o mesmo produto por R$ 50,00 e paga o restante por fora. - Dois concorrentes combinam abaixar o preço de um produto para liquidar um terceiro. - Violar o meio ambiente. - A empresa que opta por uma publicidade enganosa, abusiva ou escandalosa, uma vez que ela tem responsabilidade nesta escolha e não só a agência. - Vender sonho ao invés de produto: propaganda de um sabão que vende o sonho de uma viagem para a Europa, por exemplo, e não o produto. A quem recorrer para implantar um programa - Fundação e Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (Fides) – entidade privada de caráter educativo e cultural sem fins lucrativos, organiza palestras com o tema "Ética Empresarial" para serem ministradas nas empresas, entre outras atividades. - Centro de Estudo de Ética nas Organizações – composto por alunos e professores da FGV, o órgão ajuda as empresas interessadas em todo processo: da confecção do código de ética à implantação do programa e assessoria para treinamento. - Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social – é uma associação de empresas criada para ajudar as organizações a adotar práticas socialmente responsáveis, junto a trabalhadores, fornecedores, clientes, comunidade onde estão inseridas e o poder público. Apresentamos cinco dicas básicas para a inserção da ética na cultura das empresas: - A primeira é que o exemplo deve vir de cima, com a diretoria e as chefias demonstrando preocupação com o sucesso da empreitada. - A empresa deve definir o que entende por ética, montando um código de conduta (Código de Ética). - A terceira medida é treinar funcionários e dirigentes para a prática da teoria registrada no manual. - Avaliar o histórico dos candidatos a funcionários, para selecionar os mais afinados com o novo padrão. 25
  • 26. - É preciso criar estratégias e mecanismos concretos para a implantação do conceito na empresa. Falhas éticas "arranham" a imagem da empresa e as levam a perder clientes e fornecedores importantes, dificultando o estabelecimento de parcerias, pois na hora de dar as mãos, além de levantar as afinidades culturais e comerciais, as empresas também verificam se existe compatibilidade ética entre elas. Recuperar a imagem de uma empresa é tarefa muito difícil. Quando uma companhia age corretamente, o tempo de vida do fato na memória do público é de cinco minutos, mas a lembrança de uma transgressão à ética pode durar cinqüenta anos. A percepção do público tem um impacto direto sobre os lucros da empresa e a empresa que quiser competir com sucesso nos mercados nacional e mundial, terá que manter uma sólida reputação de comportamento ético. Melhorar a sociedade, é uma questão prática que requer um comportamento ético das empresas, comportamento este plenamente consistente com a estratégica de sobrevivência de qualquer delas e com o enfoque sistêmico que deve nortear um negócio que pretenda ser bem sucedido. Alguns dos valores que caracterizam o comportamento ético são: Para o Empresário, como líder inovador - busca do bem comum; - atuação a nível político; - responsabilidade social; e - visão de futuro; Para a empresa, como comunidade e agente moral - administração participativa; - transparência; - diálogo e negociação; - destino social do lucro (reinvestimento); - respeito ao funcionário e ao consumidor; - preservação do ambiente natural. Se os líderes empresariais não emergirem da rotina, da busca incessante e desesperada do lucro imediatista, da vantagem pessoal pura e simples, e da falta de solidariedade social, suas empresas submergirão no mar de suas contradições morais. Atualmente, se a mídia eletrônica, rápida e global pode ser utilizada para enganar o consumidor incauto e subtrair-lhe alguns trocados pode, também e felizmente, ser o veículo que irá decretar o fim de uma corporação, por práticas anti- éticas, mesmo que levadas a cabo num longínquo lugar do planeta. Seja como preocupação sincera ou como um mero instrumento de marketing, o fato é que a ética entrou na pauta de discussão das empresas. Tal fenômeno pode ter se acelerado com o caso Enron, no final de 2001. A gigante norte-americana de energia pediu concordata após uma série de denúncias de fraudes contábeis e fiscais que envolveram também a firma de auditoria Artur Andersen. CÓDIGO DE ÉTICA A tendência da maioria das organizações quando se decide a implantar programas de ética é criar um código, a partir de idéias e valores copiados de outras empresas ou entidades. O código de ética é um instrumento importante na implantação dos programas, mas só funciona 26
  • 27. se os dirigentes maiores estiverem convencidos de que ele existe para ser aplicado. Não faz sentido ter um código de ética se as pessoas de maior nível aceitam burlá-lo. Um dos papéis do profissional Administração é ajudar na implantação do Código de Ética. Os passos para implantar são: • Identificar os valores reais, praticados • Fazer acordo, consenso geral, sobre os pontos em que não haja dúvidas (mesmo que mínimos). Como? Através de grupos de trabalho • Assunção da responsabilidade, do compromisso pelo acionista (no caso de empresa fechada) ou pelo administrador geral (no caso de empresa aberta ou entidade) • Estabelecer sistemas de acompanhamento e discussão • Ampliar aos poucos os níveis de confiabilidade • Acrescentar novos itens ao código • Definir ações punitivas. O Código de Ética trata-se de uma compilação de temas que tratam de regular os deveres de todos aqueles que estão subordinados a uma empresa, com relação aos superiores hierárquicos, entre os funcionários, deveres com relação aos clientes ou aos concorrentes da empresa em que trabalham. Estes deveres relacionam-se, diretamente, aos aspectos de urbanidade e de respeito para com o próximo e, como se trata de normas sobre disciplina, o estabelecimento de sanções pela indisciplina também se torna necessário, tanto com finalidade preventiva, como repressiva e punitiva. Se houver um procedimento pré-determinado de tomada de decisões e de conduta na empresa e se este procedimento for observado por todos seus integrantes muito provável será a criação de um ambiente ético que lhe proporcionará a oportunidade de um desenvolvimento sadio e estável. Os Códigos de Ética podem trazer contribuição para o desenvolvimento do capital intelectual das empresas: no sentido de que as empresas enriquecem não somente com o lucro, mas também com o desenvolvimento das capacidades intelectuais de seus funcionários. A constante revisão e estudo dos valores envolvidos em um Código de Ética podem ser um importante instrumento para o desenvolvimento da capacidade intelectiva dos funcionários, beneficiando as empresas. ......................................................................................................................................................... EXERCÍCIO CÓDIGO DE ÉTICA DA EMPRESA ( ) Ramo de atividade: Região de abrangência: INTRODUÇÃO 27
  • 28. O Código de Ética Empresarial da ......................, apresenta os princípios direcionadores das políticas adotadas pela empresa e que norteiam as ações e relações com suas partes interessadas. Este documento visa formalizar o compromisso ético da organização e suas expectativas quanto às relações com seus parceiros, facilitando a tomada de decisão nos diversos níveis de seu processo de gestão. VALORES QUE CARACTERIZAM O COMPORTAMENTO ÉTICA DA EMPRESA (em ordem de importância pelo menos 6): A EMPRESA CONSIDERA COMO PRÁTICAS INACEITÁVEIS: (6 situações) REGRAS ORIENTADORAS PARA RELACIONAMENTOS ESPECÍFICOS Cliente Interno: Clientes/ Consumidores: Fornecedores: Concorrentes: Comunidade e Sociedade: Governo: Meio Ambiente: SANÇÕES DISCIPLINARES: INTERPRETAÇÃO Compete aos alunos ( nº , nome e semestre) , a interpretação deste Código, para efeitos de consultas, informações e emissão de relatórios sobre seu teor. Por intermédio de outros grupos de alunos, serão canalizadas as consultas e comunicações a que se refere o presente documento. ENTRADA EM VIGOR O presente Código de Ética entrará em vigor a partir da data de sua aprovação pelo Professor José Carlos Clementino, devendo ser comunicado individualmente a todos os integrantes do grupo e posteriormente aos integrantes da sala. A Empresa ............................. dará conhecimento do conteúdo do presente código a todas as suas partes interessadas. NOTA: ...................................................................................................................................................... CÓDIGO DE ÉTICA DO ADMINISTRADOR Até agora estudamos o Código de Ética da Empresa, mas é bom lembrar que na profissão de administrador existe o código de ética, que pode ser entendido como uma relação das práticas de 28
  • 29. comportamento que se espera que sejam observadas no exercício da profissão. Tendo como objetivo o de habilitar o administrador de empresas a adotar uma atitude pessoal, de acordo com os princípios éticos, ou seja, tais princípios dizem respeito à responsabilidade perante a sociedade e para com os deveres da profissão. O Código de Ética do Administrador está consubstanciado na Resolução Normativa CFA nº 253, de 30 de março de 2001. Eis fragmentos do Código: CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ADMINISTRADOR CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º O exercício da profissão de Administrador implica em compromisso moral com o indivíduo, cliente, a organização e com a sociedade, impondo deveres e responsabilidades indelegáveis. ........................................................................................................................................................... CAPÍTULO II DOS TRIBUNAIS DE ÉTICA DOS ADMINISTRADORES Art. 2º O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administração manterão o Tribunal Superior e os Tribunais Regionais, respectivamente, objetivando o resguardo e aplicação deste Código. ............................................................................................................................................................ CAPÍTULO III DOS DEVERES Art. 6º São deveres do Administrador: I - respeitar os princípios da livre iniciativa e da livre empresa, enfatizando a valorização das atividades da microempresa, sem desvinculá-la da macroeconomia, como forma de fortalecimento do País; II - propugnar pelo desenvolvimento da sociedade e das organizações, subordinando a eficiência de desempenho profissional aos valores permanentes da verdade e do bem comum; III - capacitar-se para perceber que, acima do seu compromisso com o cliente, está o interesse social, cabendo-lhe, como agente de transformação, colocar a empresa nessa perspectiva; IV - contribuir, como cidadão e como profissional, para incessante progresso das instituições sociais e dos princípios legais que regem o País; V - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua dignidade, prerrogativas e independência profissional; VI - manter sigilo sobre tudo o que souber em função de sua atividade profissional; VII - conservar independência na orientação técnica de serviços e órgãos que lhe forem confiados; VIII - emitir opiniões, expender conceitos e sugerir medidas somente depois de estar seguro das informações que tem e da confiabilidade dos dados que obteve; IX - utilizar-se dos benefícios da ciência e tecnologia moderna objetivando maior participação nos destinos da empresa e do País; X - assegurar, quando investido em cargos ou funções de direção, as condições mínimas para o 29
  • 30. desempenho ético-profissional; XI - pleitear a melhor adequação do trabalho ao ser humano, melhorando suas condições, de acordo com os mais elevados padrões de segurança; XII - manter-se continuamente atualizado, participando de encontros de formação profissional, onde possa reciclar-se, analisar, criticar, ser criticado e emitir parecer referente à profissão; XIII - considerar, quando na qualidade de empregado, os objetivos, a filosofia e os padrões gerais da organização, cancelando seu contrato de trabalho sempre que normas, filosofia, política e costumes ali vigentes contrariem sua consciência profissional e os princípios e regras deste Código; XIV - colaborar com os cursos de formação profissional, orientando e instruindo os futuros profissionais; XV - comunicar ao cliente, sempre com antecedência e por escrito, sobre as circunstâncias de interesse para seus negócios, sugerindo, tanto quanto possível, as melhores soluções e apontando alternativas; ......................................................................................................................................................... CAPÍTULO IV DAS PROIBIÇÕES Art. 7º É vedado ao Administrador: I - anunciar-se com excesso de qualificativos, admitida a indicação de títulos, cargos e especializações; II - sugerir, solicitar, provocar ou induzir divulgação de textos de publicidade que resultem em propaganda pessoal de seu nome, méritos ou atividades, salvo se em exercício de qualquer cargo ou missão, em nome da classe, da profissão ou de entidades ou órgãos públicos; III - permitir a utilização de seu nome e de seu registro por qualquer instituição pública ou privada onde não exerça pessoal ou efetivamente função inerente à profissão; IV - facilitar, por qualquer modo, o exercício da profissão a terceiros, não habilitados ou impedidos; V - assinar trabalhos ou quaisquer documentos executados por terceiros ou elaborados por leigos alheios à sua orientação, supervisão e fiscalização; VI - organizar ou manter sociedade profissional sob forma desautorizada por lei; VII - exercer a profissão quando impedido por decisão administrativa transitada em julgado; VIII - afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem razão fundamentada e sem notificação prévia ao cliente; IX - contribuir para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la, ou praticar, no exercício da profissão, ato legalmente definido como crime ou contravenção; X - estabelecer negociação ou entendimento com a parte adversa de seu cliente, sem sua autorização ou conhecimento; XI - recusar-se à prestação de contas, bens, numerários, que lhes sejam confiados em razão do cargo, emprego, função ou profissão; XII - revelar sigilo profissional, somente admitido quando resultar em prejuízo ao cliente ou à coletividade, ou por determinação judicial; XIII - deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Administração, bem como atender às suas requisições 30
  • 31. administrativas, intimações ou notificações, no prazo determinado; XIV - pleitear, para si ou para outrem, emprego, cargo ou função que esteja sendo ocupado por colega, bem como praticar outros atos de concorrência desleal; XV - obstar ou dificultar as ações fiscalizadoras do Conselho Regional de Administração; XVI - pleitear comissões, doações ou vantagens de quaisquer espécies, além dos honorários contratados. CAPÍTULO V DOS DIREITOS Art. 8º São direitos do profissional da Administração: I - exercer a profissão independentemente de questões religiosas, raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, condição social ou de qualquer natureza, inclusive administrativas; II - apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições, quando as julgar indignas do exercício profissional ou prejudiciais ao cliente, devendo, nesse caso, dirigir-se aos órgãos competentes, em particular ao Tribunal Regional de Ética e ao Conselho Regional; III - exigir justa remuneração por seu trabalho, o qual corresponderá às responsabilidades assumidas a seu tempo de serviço dedicado, sendo-lhe livre firmar acordos sobre salários, velando, no entanto, pelo seu justo valor; IV - recusar-se a exercer a profissão em instituição pública ou privada, onde as condições de trabalho sejam degradantes à sua pessoa, à profissão e à classe; V - suspender sua atividade individual ou coletiva, quando a instituição pública ou privada não oferecer condições mínimas para o exercício profissional ou não o remunerar condignamente; VI - participar de eventos promovidos pelas entidades de classe, sob suas expensas ou quando subvencionados os custos referentes ao acontecimento; VII - votar e ser votado para qualquer cargo ou função em órgãos ou entidades da classe, respeitando o expresso nos editais de convocação; VIII - representar, quando indicado, ou por iniciativa própria, o Conselho Regional de Administração e as instituições públicas ou privadas em eventos nacionais e internacionais de interesse da classe; IX - defender-se e ser defendido pelo órgão de classe, se ofendido em sua dignidade profissional; X - auferir dos benefícios da ciência e das técnicas modernas, objetivando melhor servir ao seu cliente, à classe e ao País; XI - usufruir de todos os outros direitos específicos ou correlatos, nos termos da legislação que criou e regulamentou a profissão do Administrador. CAPÍTULO VI DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS Art. 9º Os honorários e salários do Administrador deverão ser fixados, por escrito, antes do início do trabalho a ser realizado... .......................................................................................................................................................... CAPÍTULO VII DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO AOS COLEGAS 31
  • 32. Art. 11 O Administrador deverá ter para com seus colegas a consideração, o apreço, o respeito mútuo e a solidariedade que fortaleçam a harmonia e o bom conceito da classe. ........................................................................................................................................................ CAPÍTULO VIII DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO À CLASSE ........................................................................................................................................................ CAPÍTULO IX DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES Art. 16 Constituem infrações disciplinares sujeitas às penalidades previstas neste Código: I - a prática de atos vedados por este Código; II - exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou, por qualquer meio, facilitar o seu exercício aos não inscritos ou impedidos; ................................................................................................................................... Art. 17 A violação das normas contidas neste Código importa em falta que, conforme sua gravidade, sujeita seus infratores as seguintes penalidades: I - advertência escrita e reservada; II - censura pública; III - suspensão do exercício profissional por até noventa dias, prorrogável uma vez por igual período, se persistirem as condições motivadoras da punição; IV - cassação do registro profissional e divulgação do fato para o conhecimento público. CAPÍTULO X DAS NORMAS PROCEDIMENTAIS PARA O PROCESSO ÉTICO ............................................................................................................................................... CAPÍTULO XI DAS DISPOSIÇÕES FINAIS ......................................................................................................................................................... BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. PINHO, Ruy Rebello. INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO : Introdução ao estudo do direito e noções de ética profissional . 23ª ed. São Paulo. Ed. Atlas. 2002. 2. FONSECA, Eduardo Giannetti da. VÍCIOS PRIVADOS, BENEFÍCIOS PÚBLICOS? : a ética na riqueza das nações. São Paulo : Companhia das Letras, 2002. 3. SROUR, Robert Henry. ÉTICA EMPRESARIAL. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 4. Internet HOME PAGE: www.planeta.terra.com.br/educacao/clementino BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 5. MOREIRA, Joaquim Manhãs. A ÉTICA EMPRESARIAL NO BRASIL. São Paulo: Pioneira, 1999. 246 p. 32
  • 33. 6. INTERNET. Sites do Conselho Federal de Administração e Conselhos Regionais. 2006. 7. TEIXEIRA, Nélson Gomes. A ÉTICA NO MUNDO DA EMPRESA. São Paulo: Pioneira, 1991. www.clementino.zip.net 33