1. Antecedentes da produção do espaço
brasileiro
Éderson Dias de Oliveira
ADAS, M. e ADAS S. Panorama Geográfico do Brasil: contradições, impasses e
desafios socioespaciais. Editora Moderna, São Paulo, 1998.
2. Antecedentes da produção do espaço brasileiro
Para entender as características principais da organização
espacial do BR colônia é necessário uma visão histórica;
Espaço e tempo – organização econômica, administrativa,
politica, religiosa e cultural;
O espaço geográfico é produzido e organizado segundo os
interesses de alguns, e não de todos;
As relações de poder (política, econômica, religiosa e militar)
sempre foram determinantes na produção e organização do
espaço;
3. Produção do espaço geográfico no modo asiático
• Vigorou durante a Antiguidade – Egito e Mesopotâmia;
• Estado absoluto/onipresente – imperador ou déspota;
• Este justamente com a classe privilegiada ditava boa parte
das “regras” de apropriação, produção organização espacial;
• Havia uma sujeição generalizada da sociedade ao Estado –
sem propriedade privada e exploração da força de trabalho;
• Produção do espaço geográfico realizada segundo o interesse
de um pequeno grupo, Ex. as pirâmides;
4. Produção do espaço geográfico no modo escravista
• Caracterizou as civilizações gregas e romanas antigas;
• O espaço também foi definido com base nos interesses da
classe dominante;
• Porém nas relações sociais predominava a relação escravo-
amo;
• “a sociedade inteira interfere na sua produção, mas os
objetos e as necessidades são os da classe dominante”,
(Carlos, 1994);
5. Produção do espaço geográfico no modo feudal
• Vigorou durante a Idade Média - Europa;
• A posse da terra era fonte de riqueza e poder;
• Os senhores feudais donos da terra, cobravam dos servos
pelo uso de suas terras.
• O espaço geográfico produzido expressava a divisão da
sociedade feudal entre senhores e servos;
• Aos senhores pertenciam
- o castelo; as terras e o
poder;
• Aos servos pertenciam - o
trabalho; a subordinação
e a pobreza;
6. • O espaço geográfico do feudo era a expressão visível, das
relações de dominação: vida isolada, autossuficiência e
concentração de poder;
• O clero também era outro agente que participava do processo
de produção/organização do espaço - dono de vastas
propriedades;
• Portanto além das determinações econômicas, os aspectos
culturais (religião, valores éticos e políticos) também
participavam da produção do espaço;
• Numa escala mais ampla
situava os reinos, que
estavam “divididos” como
uma colcha de retalho, e
por conseguinte o poder
real;
7. • A partir do séc. XI, o feudalismo começou a enfrentar crises
de produção;
• O modo de produção feudal era um obstáculo a expansão
comercial, pois mantinha os espaços geográficos
desarticulados entre si;
• A burguesia emergente juntamente com os reis, buscam
derrubar a concentração do poder dos senhores feudais e da
igreja;
• Há um processo de
concentração política,
econômica e administrativa nas
mãos do rei e de suas
respectivas burguesias
8. O aparecimento dos Estados nacionais e do capitalismo e
sua projeção sobre os espaços geográficos do Novo Mundo
• Com a decadência do feudalismo entre os séc. XI e XV se
consolida os Estados nacionais - absolutismo monárquico;
• Há uma
modificação no
arranjo
territorial
europeu – os
arquipélagos
político-
econômicos
feudais deram
lugar a
territórios
centralizados;
9. • Os servos buscam áreas novas para cultivo onde obtém
excedente de produção e potencializam o comércio - há um
renascimento comercial e urbano;
• O modo de produção feudal passa a ser substituído pelo modo
de produção capitalista – servos por assalariados;
• O mercantilismo tornou-se
aos poucos a doutrina
econômica dos Estados
nacionais – acúmulo divisas,
metais e balança comercial
positiva;
• Todavia, o comércio europeu
no séc. XV era monopolizado
pelos árabes e italianos –
Mar Mediterrâneo;
13. História-geográfica do mundo Europeu
Até o início do séc. XV, o horizonte conhecido estava
restrito à adjacência do mar Mediterrâneo;
14. A história do homem nos últimos séculos é,
principalmente, a história da expansão da
Europa ocidental que, ao se constituir em
núcleo de um novo processo civilizatório, se
lança sobre todos os povos em ondas
sucessivas de violência, de cobiça e de
opressão.
15. AS GRANDES NAVEGAÇÕES OU EXPANSÃO MARÍTIMA:
Definição: período em que as nações europeias iniciaram um
processo de exploração e conquistas em novos territórios,
que ampliou o mundo até então conhecido.
Quando: aproximadamente entre os séculos XV e XVI.
• Transição - Idade Média para Idade Moderna
16. • Expansão mercantil europeia
• Época das Grandes Navegações e Descobrimentos
Fatores da Transição
• Econômicos (capitalismo)
• Políticos (absolutismo)
• Socioculturais (burguesia e renascimento)
• Religiosos (reformas religiosas)
17. Razões que levaram à Expansão Marítima
Tentativa de romper o monopólio comercial de Veneza e
Gênova - Mar Mediterrâneo – controlado por Italianos;
Expansão da fé cristã (justificativa);
Necessidade de Mercados Consumidores e Matéria-Prima - a
produção artesanal nas cidades era alta e não encontrava
consumidores na zona rural.
Retomada do lucrativo comércio com o Oriente;
Artigos de luxo e
especiarias: seda,
tapeçarias, objetos
de marfim, joias,
cravo, pimenta,
canela, açúcar,
noz-moscada e etc.
19. Novas Rotas para as Índias - o “Oriente” controlado por
árabes;
Norte da África – dominadas pelos mulçumanos;
Necessidade de metais preciosos - Metalismo e Cunhagem de
moedas para incentivar o comércio - Busca por novas áreas
mineradoras;
Tomada de
Constantinopla
pelos turco-
otomanos em
1453. (queda do
Império
Romano
Oriental);
20. ROTAS DAS ESPECIARIAS
As rotas mais conhecidas para buscar especiarias eram a
rota por terra ou via Mar Mediterrâneo.
A rota por terra era dominada, geralmente, pelos árabes.
Além disso, o percurso era muito grande, o que desestimulava
a burguesia.
Coube aos portugueses buscar uma rota alternativa - a
escolha foi o Oceano Atlântico.
21.
22.
23. Planisfério de 1457, salienta-se a forma correta como a costa
do Mediterrâneo está delineada, enquanto o restante foi
construído de forma um pouco arbitrária.
27. Planisfério Cantino - representa a África com bastante
exatidão e é a mais antiga carta portuguesa que inclui um
trecho de litoral brasileiro
28.
29. Riscos (imaginários) de navegação
Navegar no Oceano Atlântico não era tarefa fácil.
Este oceano era conhecido como Mar Tenebroso, pois havia
a ideia de que era habitado por monstros marinhos.
Além disso, alguns acreditavam na ideia – propagada nas
escrituras bíblicas – da Terra Plana.
Assim, em determinado ponto da viagem, as embarcações
seriam atacadas por monstros ou cairiam em abismos.
Além das crenças e superstições da época, os navegadores
enfrentavam outras ameaças, como: fome, sede, doenças,
tédio, tempestades e etc.
Desta forma, das embarcações que partiam, poucas
retornavam.
30. • Naquela época, havia
lendas que faziam
crer que o mar estava
cheio de monstros,
capazes de engolir
navios.
• Ouvia-se dizer que o
mar engolia os barcos,
que havia monstros...
• Para lá do cabo
Bojador o Sol era
tão quente que a água
fervia...
31. Lendas Ligadas à navegação
• Diz a lenda que o gigante, “Adamastor”
habitava no Cabo das Tormentas e que se
vingava dos navegadores que por ali tentavam
passar.
• Até ao final da Idade Média os conhecimentos
geográficos eram poucos e estavam envolvidos
em imensas lendas.
• Acreditava-se que a Terra era um disco
plano que pairava no espaço, circulando à sua
volta os outros corpos celestes, como a Lua, o
Sol e as estrelas visíveis no céu (Teoria
Geocêntrica).
34. bússola foi uma das
invenções que impulsionou a
Expansão Marítima.
ssim como a bússola, o
astrolábio ajudava nas
navegações, e funcionava
baseado à luz do Sol.
Bússola
38. Por que ?
Quebrar Monopólio
Italiano
Novo Caminho para
as Índias
Necessidade de
Merc. consumidor
Matéria Prima
39. Fatores do pioneirismo de Portugal
Formação de Monarquia Nacional precoce (1385 - Revolução
de Avis);
Centralização Política - poder nas mãos do rei (absoluto);
Apoio do grupo mercantil – desenvolvimento do comércio -
Monarquia aliada à Burguesia;
Paz Interna - Ausência de guerras e estrangeiros
(mulçumanos);
Posição Geográfica
favorável – Atlântico
- Mediterrâneo;
Contato com
navegadores;
41. Príncipe infante D. Henrique (o navegador) criou a “Escola de
Sagres” - Desenvolvimento da empresa náutica - tecnologias
de navegação - Portugal = “meio do caminho” = vira centro
comercial;
Igreja (expansão da fé);
Baixa produção Agrícola –
pequeno território;
Reconquista = expulsão dos
muçulmanos da Península
Ibérica - contatos com
muçulmanos, nórdicos e
italianos;
1453 → queda de
Constantinopla – Turcos
Otomanos - urgência de uma
nova rota para as Índias
42. Etapas da Expansão
Portuguesa
1ª etapa (1415-1460)
- é explorada a costa
atlântica da África até
o golfo da Guiné, dando
acesso às especiarias.
2ª etapa (1460-1498)
Bartolomeu Dias descobre o cabo da Boa Esperança (1488)
e Vasco da Gama atinge a Índia.
3ª etapa (1498-1600) - a partir da expedição de Cabral, os
navegadores lusos foram cada vez mais longe: Groenlândia,
Oceano Pacífico até a circunavegação da Terra;
43.
44. Conquistas Portuguesas:
ciclo oriental (périplo
africano)
Ceuta (1415) -
expedição militar -
cidade onde convergiam
mercadores mulçumanos
- controle político militar
do Estreito de Gibraltar;
Arquipélago da Madeira
(1419) – cana, pecuária,
escravos (capitanias);
Arquipélago do Açores (1431) – idem A. Madeira;
Cabo Bojador (1434);
Cabo Branco (1445) - Fundação da feitoria de Arguim;
45. Arquipélago de Cabo Verde (1445) – idem A. Madeira;
Golfo Guiné e Cabo das Palmas (1452) e linha Equador
(1471);
Rio Congo e Angola (1482) – feitorias S. Jorge da Mina,
Luanda e Cabinda;
Cabo da Boa Esperança (1488) – contorno do litoral
africano - Bartolomeu Dias (POR);
Calicute (1498) – Tentativas de Império Português no
Oriente - (Vasco da Gama) Lucro 6.000%
ROTADEVASCO
DAGAMA
46. Conquistas Portuguesas – “Índias”
Brasil e Índias (1500) - Pedro Álvares Cabral “descobre o
Brasil” e segue para as Índias - Tentativa de se fixar no
oriente (Império)
Índias (1505 - 1515) - Afonso de Albuquerque (fundador
do império Português nas Índias) - Conquistas militares
portuguesas no Oriente
Ilha do Ceilão e Indonésia (ilha de Java)
Índias (Calicute, Goa, Damão e Diu)
Golfo Pérsico (Aden)
Acordos Comerciais (1517 e 1530)
China (Macau)
Japão
47. Até 1530, Portugal esteve mais interessado em explorar as
riquezas do Oriente.
Apenas quando esse comércio parou de gerar tantos lucros
e a posse das terras americanas estava ameaçada, Portugal
iniciou a colonização na América.
48. Império Português durante o reinado de D. João III (1521-1557)
Extensão máxima do Império Português no século XVII
49.
50. Disputa entre
Portugal e Espanha
pelas novas terras:
Para dividir as terras
conquistadas (Novo
Mundo), foram
criados dois
documentos:
Bula Intercoetera (1493): 100 léguas a partir de Cabo
Verde. Terras ao ocidente pertenceriam a Espanha. Terras a
oriente pertenceriam a Portugal (VIANNA, 1948).
Tratado de Tordesilhas (1494): 370 léguas a partir de
Cabo Verde. Idem; Esse tratado substituiu o anterior.
Estes documentos foram questionados por outros países
europeus que não participaram desta divisão.
52. Expansão Marítima Espanhola
A Espanha entrou atrasada em relação à Portugal na
conquista dos mares, pois estava expulsando os mulçumanos
de seu território, na chamada Reconquista.
Enquanto Portugal se lançava ao mar, os reinos de Castela e
Aragão ainda lutavam contra os mouros.
1492 – Colombo chegou a
América.
1519 – Fernão de Magalhães
– primeira viagem em torno
do mundo – circunavegação.
53. Espanha e Portugal -
diferenças
Portugueses: fixavam-
se no litoral das terras
conquistadas.
Espanhóis: procuravam
explorar o interior.
Assim, com o trabalho
forçado da pop. nativa
conseguiram explorar
minas de ouro e prata
para enriquecer a
metrópole.
54. ESPANHA - 1492 → Tomada de Granada, conclusão da
expulsão dos mouros
→ Cristóvão Colombo (Genovês) ( + Isabel de Castela)
→ “volta ao mundo” = Índias (3 navios, 90 homens)
12/outubro: chegam à ilha de San Salvador, nas Bahamas
(“descoberta da América”)
Colombo é glorificado =
péssima administração =
é preso, morre sem
dinheiro
Américo Vespúcio =
navegador, cartógrafo,
homem influente - dá o
nome ao novo continente
55.
56. Expansão Espanhola - atraso devido a expulsão dos árabes
1492 – América (Colombo) - São Domingo; Cuba, San Salvador
1504 – Américo Vespúcio
1508 – México (Pinzón)
1512 – Flórida (Ponce de Leon)
1513 - América Central - (Vasco N. Balboa)
1515 – Rio da Prata (João D. Solis)
1519 – México – Astecas - (H. Cortes)
1519-1522 – Circunavegação - (Fernão de Magalhães)
1531-1533 – Peru, Incas - (F. Pizarro)
1540 – Novo México - (Vasquez de Coronado)
1545 – Potosi (Bolívia)
57. Mapa dos Impérios Espanhol e Português conjuntos
Vermelho - Império Espanhol / Azul - Império Português
58. Conquistas tardias...
No início do séc. XVI, a Espanha controlava quase toda a zona
costeira das Américas, desde a Califórnia à Patagônia, no
ocidente, e desde a Geórgia (EUA) à Argentina – com
exceção do Brasil;
Apenas no séculos XVI, Inglaterra, Holanda e França
começaram a financiar expedições ultramarinas, tornando-se
também grandes metrópoles coloniais;
Questionamento ao domínio ibérico do T. de Tordesilhas
(1494)
Defesa da teoria do uti possideti;
Esta pressão obrigou portugueses e espanhóis a aumentar o
controle de “suas terras” através da colonização;
59. Consequências históricas e geográficas das navegações
• Deslocamento do eixo econômico do Mar Mediterrâneo para o
Oceano Atlântico;
• Extermínio de populações e da cultura de vários povos.
• Conflitos entre países por não aceitarem Tordesilhas;
• Impérios Coloniais - (Portugal e Espanha);
• Afluxo de Metais para a Europa;
• Escravidão - índios e negros;
• Revolução dos Preços;
60. • Consolidação do capitalismo comercial como novo modo de
produção e de organização e produção do espaço geográfico;
• Implantação do Capitalismo Comercial e posteriormente do
Industrial;
• Dinamização e ampliação do comércio em escala mundial;
• Fortalecimento das monarquias europeias;
• Antropocentrismo, Laicização e Ciências;
• Desenvolvimento técnico e científico;
• Difusão do Cristianismo;
61. • Incorporação dos novos territórios, ao mundo europeu e um
novo modo de produção capitalista;
• O comércio europeu conheceu uma grande expansão;
• O novo modo de produção - capitalismo - teve um papel
decisivo no processo de produção/organização dos espaços
geográficos mundiais;
• Colonialismo – mudança dos espaços geográficos africanos,
asiáticos e americanos;
• Há uma imposição do novo
modo de produção, Ex.
antes dos europeus, a
terra era fonte de vida -
cumpria funções sociais;
62. • Com a expansão comercial, a terra passou a ser vista como
fonte de lucro;
• Há um desestruturação dos sistemas produtivos das
sociedades tradicionais; - agricultura de subsistência para
agricultura comercial de exportação;
• O mesmo ocorreu com o artesanato – o colonialismo e
mercantilismo introduzem manufaturas, o que originou a
dependência tecnológica;
• O processo cultural de
europeização do mundo,
teve um peso muito
grande na produção dos
espaços geográficos;