O documento descreve a transição do feudalismo para o capitalismo na Europa entre os séculos XV e XVIII. Apresenta os principais fatores desta transição como a expansão marítima européia, o Renascimento, a Reforma, o Absolutismo, o Estado Nacional e o Mercantilismo. Também discute a expansão marítima portuguesa e espanhola, os tratados ultramarinos, a expansão de outros países europeus e as consequências desta expansão.
1. IDADE MODERNA I
A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO
1. DEFINIÇÃO:
- Processo conhecido tradicionalmente como “Época Moderna”, estende-se
tradicionalmente do século XV ao XVIII e é assinalado, na Europa Ocidental, por
uma série de transformações que, vistas em conjunto, constituem o momento da
transição, isto é, da passagem do Feudalismo para o Capitalismo.
2. AS TRANSFORMAÇÕES DA TRANSIÇÃO:
+os mecanismos através dos quais a sociedade européia procurou superar a crise dos
séculos XIV/XV.
+ sob a aparência de grandes mudanças, ainda persistia uma estrutura essencialmente
feudal: verifica-se a convivência de uma velha estrutura e de elementos novos,
tipicamente capitalistas, que começam a aflorar:
- Expansionismo Marítimo.
- Renascimento.
- Reforma.
- Absolutismo.
- Estado Nacional.
- Mercantilismo.
- Sistema Colonial.
- Acumulação Primitiva de Capital.
A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL EUROPÉIA (SÉC. XV E XVI)
1. DEFINIÇÃO:
- Processo de expansão ultramarina européia realizada nos séculos XV e XVI em
busca de novas rotas comerciais.
2. FATORES:
- a crise do feudalismo.
- a retração do comércio.
- o monopólio do comércio das especiarias pelas repúblicas italianas.
- a necessidade de novos mercados.
- a falta de metais preciosos.
- fortalecimento do poder real.
- interesse dos Estados nacionais.
- propagação da fé cristã.
- novo caminho para o Oriente (Índias).
- progresso tecnológico: bússola, astrolábio, quadrante, caravela, mapas geográficos
(portulanos: cartas geográficas marítimas), concepção de que a Terra é redonda.
- a Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos.
− reunião de esforços e interesses da burguesia, do rei, da nobreza e da Igreja.
2. 3. EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA:
· Fatores do Pioneirismo Português:
- a precoce centralização política.
- a aliança do rei com a burguesia: Revolução de Avis.
- a presença de uma burguesia forte e ambiciosa.
- a posição geográfica.
- o progresso náutico: Escola de Sagres.
· Périplo Africano ou Rota Oriental (Viagens Portuguesas):
- 1415: Ceuta.
- 1418-32: ocupação das ilhas de Açores: capitanias hereditárias.
- 1434: Gil Eanes dobra o Cabo do Bojador.
- 1460: ilhas de Cabo Verde.
- 1482: Diogo Cão atinge a foz do rio Zaire.
- 1488: Bartolomeu Dias dobra o Cabo das Tormentas (Cabo da Boa Esperança).
- 1498: Vasco da Gama chega a Calicute, na Índia.
- 1500: Pedro Álvares Cabral : tinha por objetivo estabelecer uma sólida relação
comercial e política com os povos do Oriente, mas, também , acabou oficializando a
posse sobre o Brasil.
3. A EXPANSÃO MARÍTIMA ESPANHOLA:
· Fatores do Atraso Espanhol:
- o atraso na centralização política: formação do Estado Nacional.
- a luta para expulsar os muçulmanos: Guerra de Reconquista.
· “El levante por el poniente” (Viagens Espanholas):
- 1492: Cristóvão Colombo descobre a América (ilha de Guanaani, atual San
Salvador, nas Bahamas).
- 1513: Vasco Nunez Balboa alcança o oceano Pacífico.
- 1519-21: Fernão de Magalhães e Sebastião Del Cano realizam a primeira viagem
de circunavegação.
4. OS TRATADOS ULTRAMARINOS:
- resultado da corrida expansionista ibérica, que provocou vários conflitos sobre a
posse das terras descobertas ou a descobrir.
- tinham por objetivo delimitar direitos, áreas de navegação e a posse sobre as
terras: solucionar conflitos e as disputas ibéricas.
- assinados entre Portugal e Espanha.
+ Tratado de Toledo (1480):
- garantiu a Portugal o controle da navegação do Atlântico ao sul das ilhas Canárias.
+ Bula Intercoetera (1493):
- editada pelo papa Alexandre VI.
- estipulava a partilha (divisão) das terras ultramarinas através de um meridiano
localizado a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: as terras a leste
pertenceriam a Portugal e as terras localizadas a oeste caberiam à Espanha.
- Portugal não aceitou tal divisão e reagiu, exigindo sua reformulação.
3. + Tratado de Tordesilhas (1494):
- o meridiano anterior passaria a localizar-se a 370 léguas garantiu a Portugal a
navegação do Atlântico Ocidental.
6. A EXPANSÃO MARÍTIMA DA FRANÇA, INGLATERRA E HOLANDA:
+ motivos do atraso:
- guerras.
- atraso na centralização política.
- inexistência de burguesia forte.
· França:
- contestação ao Tratado de Tordesilhas: rei Francisco I dizia desconhecer a
cláusula do “Testamento de Adão” que teria dividido o mundo entre Portugal e
Espanha.
- ataques piratas.
- invasões ao Brasil: Rio de Janeiro e Maranhão.
- expedições: na América do Norte conseguiram a posse sobre o Canadá e a
Louisiana.
· Inglaterra:
- ataques piratas: com apoio do Estado.
- viagens de reconhecimento: América do Norte.
- tráfico de escravos negros.
· Holanda:
- ocupação da Guiana e das Antilhas.
- fundação na América do Norte da cidade de Nova Amsterdã (Nova York).
- invasão do Nordeste do Brasil.
7. CONSEQUÊNCIAS:
· Revolução Comercial (séc. XVI e XVII):
- aumento da circulação de mercadorias e moedas.
- grande afluxo de metais preciosos.
- acumulação primitiva de capitais.
- a alta geral dos preços.
4. · deslocamento do eixo econômico europeu do Mediterrâneo para o Atlântico: via de
comércio em escala mundial.
· incorporação da América e da Ásia às rotas tradicionais de comércio.
· declínio econômico das repúblicas italianas: perda do monopólio do comércio das
especiarias.
· ascensão das potências mercantis atlânticas.
· fortalecimento dos Estados Nacionais Europeus: política de intervenção na
economia mercantilismo.
· desenvolvimento do tráfico de escravos.
· extermínio de grupos e nações indígenas na América.
· montagem do Antigo Sistema Colonial na América.
· europeização das áreas conquistadas: imposição.
O MERCANTILISMO
1. CONCEITO:
- Política econômica adotada pelos estados absolutistas europeus durante a transição
do feudalismo para o capitalismo.
2. CARACTERÍSTICAS:
- intervenção do Estado na economia.
- não constitui uma doutrina, mas um conjunto de medidas.
- cada Estado europeu aplicou as medidas que mais se adequavam a sua realidade.
3. OBJETIVOS:
- fortalecer o Estado.
- enriquecer a burguesia.
4. PRINCÍPIOS (PRÁTICAS OU MEDIDAS OU IDÉIAS) MERCANTILISTAS:
+ metalismo: acumulação de metais preciosos.
+ balança comercial favorável: exportar mais e importar menos.
+ protecionismo: pesados impostos sobre produtos estrangeiros com o objetivo de
defender a produção nacional.
+ incentivo à produção manufatureira.
+ incentivo à construção naval.
+ colonialismo.
5. TIPOS DE MERCANTILISMO:
· Metalismo ou Bulionismo:
+ Espanha.
- estocagem de ouro e prata.
- restrição das importações.
· Colbertismo ou Industrialismo:
+ França.
- estimula as manufaturas (artigos de luxo).
- companhias de comércio.
5. - limitar as importações e aumentar o valor das exportações.
- Colbert, ministro de Luís XIV.
· Comercialismo ou Industrialismo:
+ Inglaterra.
- desenvolvimento da frota naval e da marinha mercante.
- incentivo à produção manufatureira.
- rígida política alfandegária.
+ Holanda.
- protecionismo alfandegário.
- companhias de comércio.
ּCameralismo
- Sacro-Império ( ligas de cidades mercantis).
- intermediação no comércio de cereais entre a Europa oriental e a ocidental.
O RENASCIMENTO
1. CONCEITO:
- movimento cultural (artístico, literário, filosófico e científico) ocorrido na Europa
Ocidental, principalmente na Itália, na transição do feudalismo para o capitalismo
(séc. XIV, XV e XVI).
2. RENASCIMENTO CULTURAL:
- movimento urbano, comercial e burguês.
- cultura laica (não-eclesiástica), racional, científica e não-feudal.
- negação da cultura medieval: “Idade das Trevas” e “Longa Noite de Mil Anos”.
- anticlerical e antiescolástico.
- oposição à cultura religiosa e teocêntrica medieval.
3. O PIONEIRISMO ITALIANO:
+ Fatores:
- desenvolvimento comercial, urbano e burguês.
- a atuação dos mecenas: patrocinadores das artes e ciências os Médicis
(Florença) e os Sforza (Milão).
- o classicismo: presença da cultura clássica.
- a presença dos sábios bizantinos.
- influência dos árabes.
4. CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO CULTURAL RENASCENTISTA:
· Humanismo: foi uma visão de mundo que, baseada na concepção de que o Homem
é o centro das preocupações intelectuais (construção do mundo centrado no
Homem), permitiu à herança greco-romana adquirir uma importância renovada no
âmbito do movimento renascentista.
· Antropocentrismo: o Homem como centro do universo.
· Racionalismo. explicar o mundo através da razão.
6. · Individualismo: reconhecer e respeitar as diferenças individuais dos homens
associado ao espírito de competição e à concorrência comercial.
· Classicismo: recuperar a tradição clássica (greco-romana), reinterpretando-a à luz
das novas preocupações culturais (valores burgueses).
· Otimismo.
· Naturalismo.
· Hedonismo.
· Heliocentrismo.
· Uso da língua (idioma) nacional.
5. A PRODUÇAO CULTURAL RENASCENTISTA:
· Precursor: Dante Alighieri: “Divina Comédia” dialeto toscano poema
relata a sua viagem imaginária pelo Inferno, Purgatório e Paraíso encontra-se
com mortos ilustres reflexões sobre a fé, razão, religião, ciência, amor, paixões
quadro completo da cultura dos fins da Idade Média apesar de fazer críticas ao
comportamento eclesiástico, ainda apresentava fortes influências medievais.
· Fases:
- Trecento (o século XIV); Quattrocento (o século XV); Cinquecento (o século
XVI).
· Manifestações Culturais:
+ Artísticas:
- mudanças técnicas e temáticas.
- equilíbrio e elegância.
- técnica da perspectiva (ilusão de profundidade).
- pintura a óleo (misturando tintas: cores vivas e atraentes).
- temas: mitologia, cenas do cotidiano, o corpo humano, religião.
- escultura e pintura.
- os artistas passaram a assinar suas obras.
+ Científicas:
- espírito crítico e racionalista.
- desenvolvimento da ciência moderna.
- experimentação e observação.
+ Literárias:
- uso da língua nacional.
- desenvolvimento da imprensa.
- críticas ao mundo feudal.
- maneira moderna de ver o mundo.
· EXPANSÃO DO RENASCIMENTO:
*Itália:
+ Giotto: “São Francisco Pregando aos Pássaros” e “Lamento ante Cristo Morto”.
+ Petrarca: “De África” e “Odes a Laura”.
+ Giovanni Boccaccio: “Fiammetta”, “Filistrato” e “Decameron”.
+ Masaccio: “A Expulsão de Adão e Eva do Paraíso”, “Tributo”, “Distribuição de
Esmolas por São Pedro”, “Histórias de Ananias”.
+ Sandro Botticelli: “Nascimento de Vênus”, “Alegoria da Primavera”, “Fallade e o
Centauro”.
7. + Leonardo da Vinci: atuou em diversos campos do saber (ciências e artes)
pintor, escultor, urbanista, engenheiro, inventor, músico, filósofo, físico, botânico.
- obras: “A Última Ceia” (“Santa Ceia”), “Monalisa” (Gioconda), “A Virgem dos
Rochedos” (“Virgem das Rochas”), esboços de inventos (pára-quedas, escafandro,
canhão, helicóptero).
Monalisa, de Leonardo da Vinci (detalhe).
+ Rafael Sanzio: retratos dos papas Júlio II e Leão X, afrescos de algumas salas do
Vaticano, “Escola de Atenas”, pintura de inúmeras madonas (representação da
Virgem Maria com o menino Jesus), mesclando elementos religiosos e profanos,
“La Donna Velata”.
+ Michelangelo Buonarroti: afrescos pintados na Capela Sistina, esculpiu “Moisés”,
“Pietá”, “Davi”, arquitetura (cúpula de Basílica de São Pedro).
+ Ticiano: “A Fonte do Amor” e “Vênus Deitada”.
Davi, de Michelangelo
*França:
+ François Rabelais: “Gargântua” e “Pantagruel”.
+ Michel de Montaigne: “Ensaios”.
8. *Inglaterra:
+ Thomas Morus: “Utopia”.
+ William Shakespeare: “Ricardo III”, “Sonhos de Uma Noite de Verão”, “O
Mercador de Veneza”, “Romeu e Julieta”, “Macbeth”, “Hamlet”, “Otelo”, “Rei
Lear”, “Júlio César”, “Antonio e Cleópatra”, “As Alegres Comadres de Windsor”.
*Alemanha:
+ Albrecht Durer: “A Adoração dos Magos” e “A Trindade” (Adoração da
Santíssima Trindade), “Auto-retrato”, “Natividade”.
+ Hans Holbein, o Moço: “Henrique VIII”, “Erasmo de Rotterdam”, “Thomas
Morus”, “Cristo na Sepultura”.
*Portugal:
+ Luís Vaz de Camões: “Os Lusíadas”.
+ Gil Vicente: “Auto da Visitação” e “Auto dos Reis Magos”.
*Holanda:
+ Erasmo de Rotterdam: “Elogio da Loucura”.
+ Hubert e Jan Van Eyck: “Adoração do Cordeiro”.
+ Bosch: “As Tentações de Santo Antão”, “Carroça de Feno” e “Jardim das
Delícias”.
+ Pieter Brueghel: “O Alquimista”, “Banquete Nupcial”, “Dança Campestre”, “Os
Cegos”.
*Espanha:
+ Miguel de Cervantes: “Dom Quixote”.
+ El Greco: “O Enterro do Conde Orgaz” e “Vista de Toledo sob a Tempestade”.
+ Tirso de Molina: “Don Juan”.
*Renascimento Científico:
+ Giordano Bruno: heliocentrismo.
+Nicolau Copérnico: “De Revolutionibus Orbium Celestium” heliocentrismo.
9. + Johann Kepler: movimento elíptico dos astros.
+ Miguel Servet e William Harvey: circulação sanguínea.
+ Ambroise Paré: laqueação (ligação das artérias) para deter hemorragias.
+ André Vesálio: anatomia “Sobre a Estrutura do Corpo Humano”.
6. SIGNIFICADOS:
- o Renascimento retirou da Igreja o monopólio da explicação das coisas do mundo.
- o método experimental passou a ser, aos poucos, o meio de se alcançar o saber
científico da realidade.
- empirismo: a verdade racional comprovada na prática, ou seja, empiricamente.
- lançou os fundamentos que derrubariam definitivamente a escolástica
(fundamentada no misticismo).
- as principais barreiras culturais do progresso científico foram abaladas.
- contribuiu para o progresso capitalista burguês.
- abriu espaço para o progresso científico dos séculos XVII e XVIII.
A REFORMA
1. CONCEITO
- Movimento de ruptura da unidade da Igreja Cristã na Europa Ocidental no século
XVI, marcado pelo surgimento de novas religiões cristãs (igrejas protestantes).
2. SIGNIFICADO:
- foi um movimento religioso de adequação aos novos tempos capitalistas.
- representou no campo espiritual um ajustamento de ideais e valores às
transformações socioeconômicas da Europa.
10. 3. PRECURSORES:
+ Movimentos heréticos do século XIV:
- John Wyclif (Universidade de Oxford na Inglaterra).
- John Huss (Universidade de Praga na Boêmia).
+ Humanistas:
- Erasmo de Rotterdam.
- Thomas Morus.
Thomas Morus Erasmo
4. MOTIVOS:
+ A crise do feudalismo.
+ Desenvolvimento dos Estados Nacionais:
- contradições decorrentes do universalismo da Igreja e dos interesses dos nascentes
Estados Nacionais.
- conflito entre o poder temporal e o espiritual.
- excessiva interferência da Igreja nos assuntos internos dos Estados europeus.
+ Interesse da nobreza e da burguesia nas terras da Igreja.
+ Necessidade de uma nova ética econômica mais adequada à época da transição
(nova teologia):
- a ética cristã escolástica condenava a usura, o comércio, o lucro e defendia o “justo
preço”.
+ O confronto entre dois sistemas teológicos:
- o tomismo (São Tomás de Aquino): livre arbítrio, boas obras, o “justo preço”.
- teologia agostiniana (Santo Agostinho): predestinação, fé.
+ Crise moral da Igreja:
- despreparo da maioria dos membros do clero.
- determinados “abusos” do clero: venda de indulgências, relíquias e cargos.
- a opulência e o luxo do alto clero.
+ desenvolvimento do capitalismo e da burguesia.
· Causa Imediata: a venda de indulgências (absolvição papal a pecados cometidos).
11. 5. O INÍCIO DA REFORMA:
· O Luteranismo:
+ Alemanha: parte do Sacro Império Romano Germânico, região feudal, incipiente
comércio, 1/3 do território pertencia à Igreja, desejo de autonomia em relação a
Roma.
· Martinho Lutero: (1483 - 1546)
- monge agostiniano e professor da Universidade de Wittenberg (na Saxônia).
− em 1517, revoltou-se com a venda de indulgências (realizada na Alemanha pelo
dominicano João Tetzel a mando do papa Leão X, que queria recursos para a
construção da Basílica de São Pedro).
− as 95 Teses: condenava a venda de indulgências e alguns dogmas da Igreja e
criticava o sistema clerical dominante.
· Reação da Igreja:
− em 1520, por meio de uma bula, o papa Leão X condenou Lutero e intimou-o a se
retratar: Lutero queimou a bula papal.
− Lutero foi excomungado e obrigado a se submeter a um tribunal secular: o
imperador Carlos V não teve condições de punir Lutero em função de sua
popularidade e do apoio dos príncipes.
− Na Dieta de Worms (1521), Lutero foi condenado como herege: Lutero negou-se a
se retratar e, com o apoio da nobreza, não foi punido (refugiou-se no castelo do
príncipe da Saxônia) e lá traduziu a Bíblia latina para o alemão.
− Na Dieta de Spira (1529), tentou-se conter o luteranismo (tolerar a doutrina
luterana nas regiões convertidas, mantendo, porém,a proibição no restante do país),
havendo protestos (daí o nome de protestantes).
− Na Dieta de Augsburgo (1530), o desacordo originou sérias lutas entre o
imperador (Carlos V) e os nobres (Liga de Smalkalde): guerra de religião.
12. · Confissão de Augsburgo: escrita por Lutero e o teólogo Felipe Melanchton em
1530; fundamentava a doutrina luterana:
− extinção da hierarquia eclesiástica.
− apenas dois sacramentos: batismo e comunhão.
− Bíblia como fonte de fé e livre exame.
− salvação obtida exclusivamente pela fé.
− uso das línguas nacionais.
− supressão do celibato e das imagens (ícones).
− submissão da Igreja ao Estado.
− negação da transubstanciação (transformação do pão e vinho em corpo e sangue
de Cristo) e aceitação da consubstanciação (o pão e o vinho quando abençoados são
as mesmas substâncias, obtendo-se, porém, a presença sagrada, divina).
- Estados do Norte da Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, regiões bálticas.
· Paz de Augsburgo (1555): estabelecia que a religião dos súditos seria aquela
professada pelo príncipe , cujo princípio seria: cujus Regis ejus religio (“tal
príncipe, sua religião”).
· A Revolta Camponesa dos Anabatistas (1524-1525):
− liderada por Thomas Muntzer e Florian Geyer.
− caráter nitidamente antifeudal.
− composta pelos anabatistas influenciados pelas idéias luteranas.
− milenarismo: crença popular que dizia que Cristo voltaria uma segunda vez,
combatendo os males e instituindo o reino de Deus na terra, com a duração de mil
anos, e no fim haveria a ressurreição dos mortos e o Juízo Final.
− os anabatistas acreditavam, também, no estabelecimento de uma sociedade
igualitária, justa e sem hierarquia.
− Lutero condenou violentamente esses camponeses, movendo contra eles uma
guerra sem trégua, o que demonstrava o seu comprometimento com a nobreza
alemã.
− violenta repressão por parte dos príncipes alemães.
Thomas Muntzer
13. 6. A EXPANSÃO DA REFORMA:
· O Calvinismo:
+ a Suíça: região de próspero comércio e independente do Sacro Império Romano
Germânico ; iniciou a Reforma protestante com Ulrich Zwinglio (1484 - 1531),
originando uma guerra civil; a Paz de Kappel (1531) estabeleceu a autonomia
religiosa às regiões do país - "cantões".
+ João Calvino: francês ( 1509 - 1564).
− Obra:
“Instituição da religião cristã”.
− pregação e controle da vida religiosa, moral e política dos cidadãos.
+Doutrina Calvinista:
− extinção da hierarquia eclesiástica.
− apenas dois sacramentos: comunhão e batismo.
− Bíblia como fonte de fé, livre exame.
− salvação obtida através da graça de Deus (predestinação).
− uso das línguas nacionais.
− condenava a adoração de imagens.
− sábado como dia santificado.
− culto: comentário sobre a Bíblia
− aproximava-se da moral burguesa: encorajava o trabalho e o lucro.
− Expansão:
Suíça, Holanda, França (huguenotes), Inglaterra (puritanos), Escócia e Irlanda
(presbiterianos), Dinamarca.
+ Max Weber, um sociólogo alemão, publicou no início do século XX, um estudo
intitulado “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, onde procurava enfatizar
as relações entre a ética calvinista e o início do capitalismo na Europa.
14. · O Anglicanismo:
+ Inglaterra.
+ Líder: o rei Henrique VIII.
− o movimento teve uma característica eminentemente política.
− rompeu com o papado usando problemas pessoais: casamento.
+ Ato de Supremacia (1534): o rei tornava-se chefe da Igreja na Inglaterra.
− excomungado pelo papa, confiscou os bens da Igreja Católica.
+ Elizabeth I:
− mesclou o anglicanismo com os fundamentos calvinistas.
− garantiu a independência diante de Roma.
− o monarca como chefe supremo da nova Igreja.
− manteve a hierarquia eclesiástica.
+ Doutrina Anglicana:
− manutenção da hierarquia eclesiástica.
− apenas dois sacramentos: comunhão e batismo.
− Bíblia como fonte de fé.
− salvação obtida através da graça (predestinação).
−uso da língua inglesa.
7. A CONTRA-REFORMA:
· Conceito: movimento de reação da Igreja Católica diante do avanço do
protestantismo.
− teve um caráter conservador e violento.
− também chamada de Reforma Católica.
· Momentos:
+ Companhia de Jesus (1534):
− criada pelo militar espanhol Inácio de Loyola em moldes militares.
− os jesuítas dedicaram-se a educação e a difusão do catolicismo (América, África e
Ásia).
+ Concílio de Trento (1545):
− negou qualquer valor às doutrinas protestantes.
− criou os Seminários e o Catecismo.
− proibiu a venda de indulgências.
− manteve a doutrina católica: salvação pela fé e boas obras, o culto à Virgem Maria
e aos santos, a existência do purgatório, a infalibilidade do papa, o celibato do clero,
a hierarquia eclesiástica e a indissolubilidade do casamento, 7 sacramentos, Bíblia
como fonte de fé e interpretação pela igreja, uso do latim.
− criou o INDEX: índice de livros proibidos (livros religiosos e obras científicas e
culturais); dificultou o progresso cultural e científico.
15. + Inquisição:
− Tribunal do Santo Ofício.
− criada na Idade Média.
− tinha por finalidade combater as heresias.
− prisões, torturas e mortes.
· Significados:
− não eliminou o protestantismo, mas conseguiu contê-lo.
− anulou as principais causas do movimento reformista.
8. OS REFLEXOS DA REFORMA:
− rompimento da unidade cristã.
− crescente intolerância religiosa.
− ruptura do poder político do papado.
− fortalecimento do poder monárquico.
− guerras provocadas por pretextos religiosos.
− expansão das práticas capitalistas.
− expansão da educação popular.
− retrocesso científico devido à extrema importância à Bíblia e à negação do
racionalismo.