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2. participantes. A produção de texto não ficou atrás desse destaque negativo e seguiu a
tendência das provas objetivas, tanto que apenas 77 pessoas, entre 6,1 milhões que
fizeram a prova (0,001% do total), tiraram a nota máxima: 1.000. É o menor número
desde 2013, quando a redação ficou mais rigorosa e aumentou sua carga de importância
na avaliação. Nesse seleto grupo, uma mineira de Governador Valadares, na Região
Leste do estado, tem na ponta da língua os caminhos para uma redação sem erros.
“É muita leitura e prestar muita atenção na atualidade, algo muito cobrado no Enem. No
cursinho, aprendemos ainda a pôr, no mínimo, uma área do conhecimento em cada
parágrafo, e eu tive a sensibilidade de colocar mais de uma, conectando um tema ao
outro”, afirma a aluna do pré-vestibular Fibonacci Samanta Ferreira, de 22 anos,
candidata a uma vaga em medicina. Para tirar a nota máxima, a jovem não poupou
esforços. Fazia as redações semanais exigidas pelo professor, além da produção de texto
cobrada nos simulados, aplicados também semanalmente. Outra dica de Samanta é
prestar atenção ao comando do tema.
A estudante diz que mal acreditou quando leu o tema da redação, no dia da prova: ela o
havia trabalhado na primeira redação que fez no ano. “Às vésperas do Enem, selecionei
algumas redações para ler e essa eu ia deixar de lado, porque, como tinha sido a
primeira, achava quase impossível cair. Mas peguei e revi. Quando vi o tema me lembrei
da atualidade que usei. Também havia tirado mil nela.”
Os temas das redações do Enem foram “Caminhos para combater a intolerância
religiosa no Brasil”, nos dias 5 e 6 de novembro, quando a maior parte dos candidatos
fez a prova; e “Caminhos para combater o racismo no Brasil”, nos dias 3 e 4 de
dezembro. O segundo exame foi aplicado a alguns alunos por causa das ocupações de
escolas e universidades por grupos contrários ao estabelecimento de teto de gastos
públicos proposto pelo governo federal.
Na entrevista coletiva para a divulgação dos resultados, a secretária-executiva do
Ministério da Educação (MEC), Maria Helena Guimarães de Castro, disse que o
desempenho na redação está também ligado ao desempenho em linguagens. Na edição
de 2016, ela registrou a menor nota mínima (287,5) e a menor nota máxima (846,4).
Maria Helena considera que há um desempenho mais insuficiente em linguagens do que
nas outras áreas, o que reforça o que as avaliações nacionais já indicam. “A enorme
dificuldade de leitura e escrita dos nossos alunos”, disse.
Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/01/22/interna_gerais,841491/estudantes-que-
tiraram-nota-maxima-na-redacao-do-enem-dao-dicas.shtml. Acesso em: 31 jan. 2017.
A REDAÇÃO NOTA 1000
É notória a necessidade de se ir de encontro à intolerância religiosa no país vigente.
Diante disso, averigua-se, desde o período da Colonização brasileira, um esforço
etnocêntrico de catequização dos indígenas nativos, como forma de suprimir a crença
politeísta local. Tal processo de aculturação e subjugo acometeu, sobretudo, os negros
africanos, os quais eram, constantemente, codificados e abominados por suas religiões
e cultos. Por essa razão, faz-se necessário pautar, no século XXI, o continuísmo desse
3. preconceito religioso e os desdobramentos dessa faceta caótica.
Segundo Immanuel Kant, em sua teoria do Imperativo Categórico, os indivíduos
deveriam ser tratados não como coisas que possuem valor, mas como pessoas que têm
dignidade. Partindo desse pressuposto, nota-se que a sociedade brasileira, decerto, tem
ido de encontro ao postulado filosófico, uma vez que há uma valoração negativa das
crenças de caráter não tradicional, conforme a mentalidade arcaica advinda de uma
herança histórico-cultural, como o Candomblé, o Espiritismo e o Islamismo. Tal
realidade é ratificada ao se destacar a agressão física e moral oriunda de um movimento
promovido pelo Pastor Lucinho, no Rio de Janeiro, o qual incitou um levante contra a
manifestação religiosa do Candomblé, segundo notícia da “Folha de S. Paulo”. Por essa
razão, torna-se inegável a discriminação velada e, não raro, explícita às diversas formas
de religião no Brasil.
Como desdobramento dessa temática e da carência de combate às díspares formas de
intolerância religiosa, faz-se relevante ressaltar a garantia de liberdade de culto
estabelecida na Constituição de 1988. Nesse sentido, de acordo com com o Artigo V da
Carta, todos são iguais perante a lei, sem distinção de nenhuma natureza, impondo-se
ao Poder Público e à coletividade o dever de assegurar a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade e à segurança. O que se nota, pois, na contemporaneidade, é a
inoperância desse direito constitucional e o cumprimento da laicidade do Estado, o qual
ainda apresenta-se inexpressivo quanto à proteção dos cidadãos e a legitimidade da
equidade seja social, seja religiosa.
Por tudo isso, faz-se necessária a intervenção civil e estatal. O Estado, nesse contexto,
carece de fomentar políticas públicos, tais como a inserção na grade curricular do
conteúdo Moral e Ética, por meio do engajamento pedagógico às disciplinas de Filosofia
e Sociologia, a fim de que seja debatida a temática do respeito às manifestações
religiosas e que seja ressignificada a mentalidade arcaica no que tange à tolerância às
religiões. É imperativo, ainda, que a população, em parceria com ONGs, lute pela
ampliação e pela fiscalização das conquistas democráticas por intermédio de pressão
aos órgãos ligados ao Judiciário a fim de que se respeite a Constituição. Só assim o país
tornar-se-á mais justo e plural.
ANÁLISE DA INTRODUÇÃO
a) tema: intolerância religiosa, catequização, crença, aculturação, religiões, cultos,
preconceito religioso.
b) tese: é notória a necessidade de se ir de encontro; faz-se necessário pautar, no século
XXI, o continuísmo desse preconceito religioso e os desdobramentos dessa faceta
caótica.
c) contextualização: averigua-se, desde o período da Colonização brasileira, um esforço
etnocêntrico de catequização dos indígenas nativos, como forma de suprimir a crença
politeísta local. Tal processo de aculturação e subjugo acometeu, sobretudo, os negros
africanos, os quais eram, constantemente, codificados e abominados por suas religiões e
cultos;
4. d) articuladores: diante disso [retomada do tema e da tese apresentados na primeira
frase], como forma [sequência que veicula ideia de finalidade], tal processo [retoma o
esforço para catequizar indígenas e suprimir a crença politeísta local], por essa razão
[retoma tudo o que se afirmou na frase anterior].
ANÁLISE DO PRIMEIRO ARGUMENTO
a) frase 01: argumento de autoridade que serve para apresentar o tema e a Outra
Área do Conhecimento: Segundo Immanuel Kant, em sua teoria do Imperativo
Categórico, os indivíduos deveriam ser tratados não como coisas que possuem valor,
mas como pessoas que têm dignidade;
b) frase 02: apresentação da ideia geral do parágrafo [causas da intolerância religiosa]
+ análise da OAC: Partindo desse pressuposto, nota-se que a sociedade brasileira,
decerto, tem ido de encontro ao postulado filosófico, uma vez que há uma valoração
negativa das crenças de caráter não tradicional, conforme a mentalidade arcaica
advinda de uma herança histórico-cultural, como o Candomblé, o Espiritismo e o
Islamismo;
c) frase 03: prova concreta apresentada por intermédio de Dado Bibliográfico (Outra
Área do Conhecimento): Tal realidade é ratificada ao se destacar a agressão física e
moral oriunda de um movimento promovido pelo Pastor Lucinho, no Rio de Janeiro, o
qual incitou um levante contra a manifestação religiosa do Candomblé, segundo notícia
da “Folha de S. Paulo”;
d) frase 04: análise da prova concreta + explicitação de problema: Por essa razão,
torna-se inegável a discriminação velada e, não raro, explícita às diversas formas de
religião no Brasil;
e) substantivos temáticos: crenças, não tradicional, herança histórico-cultural,
Candomblé, Espiritismo, Islamismo, agressão física e moral, levante, manifestação
religiosa, candomblé, discriminação, religião;
f) modalizadores: deveriam, valor, dignidade, decerto, ido de encontro, negativa, não
tradicional, arcaica, é ratificada, destacar, oriunda, incitou, levante, torna-se inegável,
velada, explícita.
g) articuladores: segundo [articulador de natureza conformativa], não como… mas como
[locução conjuntiva que introduz elementos opostos e reforça o último deles], uma vez
que [locução conjuntiva causal], conforme [conjunção conformativa], como [conjunção
que serve para especificar, introduzir exemplos], e [conjunção aditiva], segundo
[conjunção conformativa], por essa razão [expressão de retomada do que se falou
anteriormente que serve para fechar o parágrafo].
ANÁLISE DO SEGUNDO ARGUMENTO
a) frase 01: apresentação da ideia geral do parágrafo [consequências da intolerância
religiosa] + apresentação de Outra Área do Conhecimento: Como desdobramento dessa
temática e da carência de combate às díspares formas de intolerância religiosa, faz-se
relevante ressaltar a garantia de liberdade de culto estabelecida na Constituição de
5. 1988;
b) frase 02: explicitação da OAC: Nesse sentido, de acordo com com o Artigo V da Carta,
todos são iguais perante a lei, sem distinção de nenhuma natureza, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de assegurar a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade e à segurança;
c) frase 03: análise [da ideia geral do parágrafo e da OAC] + explicitação do problema: O
que se nota, pois, na contemporaneidade, é a inoperância desse direito constitucional e
o cumprimento da laicidade do Estado, o qual ainda apresenta-se inexpressivo quanto à
proteção dos cidadãos e a legitimidade da equidade seja social, seja religiosa;
d) substantivos temáticos: intolerância religiosa, liberdade de culto, laicidade, social;
e) modalizadores: desdobramento, díspares, faz-se relevante destacar, inoperância,
inexpressivo, legitimidade da equidade;
f) articuladores: como desdobramento [expressão que indica consequência], nesse
sentido [expressão que serve para introduzir análise de informação apresentada
anteriormente], pois [articulador conclusivo — vem depois de verbo —], ainda
[articulador temporal], e [conjunção aditiva], seja… seja [locução conjuntiva alternativa].
ANÁLISE DA CONCLUSÃO
primeira solução de problemas: O Estado, nesse contexto, carece de fomentar políticas
públicos, tais como a inserção na grade curricular do conteúdo Moral e Ética, por meio
do engajamento pedagógico às disciplinas de Filosofia e Sociologia, a fim de que seja
debatida a temática do respeito às manifestações religiosas e que seja ressignificada a
mentalidade arcaica no que tange à tolerância às religiões;
segunda solução solução de problemas: É imperativo, ainda, que a população, em
parceria com ONGs, lute pela ampliação e pela fiscalização das conquistas democráticas
por intermédio de pressão aos órgãos ligados ao Judiciário a fim de que se respeite a
Constituição.
ANÁLISE DAS COMPETÊNCIAS AVALIADAS NA REDAÇÃO DO ENEM
COMPETÊNCIA 01: ausência de erros gramaticais; respeito às convenções na norma
culta escrita da Língua Portuguesa.
COMPETÊNCIA 02: em todos os parágrafos, a candidata trata do tema; presença de
tema, de tese, de argumento, de problema e de duas soluções de problema; presença
de outra área do conhecimento [ao longo de seu texto, a aluna elencou quatro
informações de fora da coletânea e articulou-as à sua linha argumentativa, o que,
claramente, configura tanto autoria quanto um repertório sociocultural produtivo].
COMPETÊNCIA 03: cada argumento é exposto, analisado e comprovado de forma
bastante clara; ademais, nota-se que os parágrafos são consistentes [totalmente
ancorados em provas concretas, em dados históricos, em conceitos filosóficos e em
argumentos de autoridade]; todos os itens elencados no comando da referida
competência são devidamente desenvolvidos: as informações foram selecionadas,
6. relacionadas ao tema, organizadas dentro do parágrafo e interpretadas/analisadas.
COMPETÊNCIA 04: os mecanismos de coesão textual foram utilizados de forma
excessivamente competente, como se viu na primeira parte deste arquivo; substantivos
temáticos, preposições, expressões de retomada e de referência e conjunções/locuções
conjuntivas asseguram a conexão tanto das palavras quanto das ideias; a presença de
um repertório diversificado de elementos coesivos levou o texto ao nível máximo na
referida competência.
COMPETÊNCIA 05: presença de duas propostas de intervenção muito bem elaboradas e
relacionadas ao tema e à discussão desenvolvida; deve-se atentar para o fato de que é o
detalhamento das intervenções que garante a nota máxima nesta competência; a
especificação da proposta aparece por intermédio da apresentação de agentes [Estado,
população, ONGs], ações [inserção de conteúdo na grade escolar, luta pela ampliação e
pela fiscalização das conquistas democráticas], do modo de realização [engajamento
pedagógico, pressão junto aos órgãos ligados ao Judiciário] e da finalidade [debater
temática, ressignificar mentalidade arcaica, respeitar Constituição].