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AÇORES, 
O “DESCOBRIMENTO” 
 Quando Diogo de Silves, ao serviço do Infante 
D. Henrique, avistou, em 1427, as ilhas açorianas de 
Sta. Maria e S. Miguel, elas já estariam referenciadas 
em mapas mais antigos, mas não existem certezas, 
apenas teorias sobre esta “descoberta”. 
 O que se sabe com certeza é que, 
a partir de 1430 e até 1452, todas 
as ilhas do arquipélago já se encontram 
descobertas e assinaladas nos mapas.
AÇORES, 
O QUE ENCONTRARAM OS NAVEGADORES 
 Sob a iniciativa do Infante D. Henrique, Gonçalo Velho Cabral e 
Diogo de Teive completaram a descoberta do arquipélago, cujas 
ilhas, de origem vulcânica, eram desertas, com uma vegetação 
abundante, sobrevoadas por muitos pássaros e com um clima ameno.
AÇORES, 
A ORIGEM DO NOME 
 Existem várias teorias sobre a origem do nome do arquipélago, 
no entanto, aquela que é mais aceite pela tradição é a que defende 
que, ao tempo da “descoberta”, os navegadores avistaram muitas 
aves, algumas de rapina, como os milhafres, que terão confundido 
com os açores. Uma outra teoria justifica o nome pela existência, 
na Beira Alta, da Nossa Senhora do Açores, da qual Gonçalo Velho 
Cabral era devoto. 
Milhafre Açor
AÇORES, 
A ORIGEM DO NOME 
 O que dizem os documentos: 
“Em certo tempo o Infante D. Henrique desejando descobrir 
logares desconhecidos no Oceano occidental com o intuito de 
reconhecer se existiam Ilhas ou Terras firmes além das descriptas 
por Ptolomeu, mandou caravellas em busca destas terras. 
Partiram e viram terra (...) e vendo que eram Ilhas entraram na 
primeira, acharam-n'a deshabitada, e andando por ella 
encontraram muitos milhafres ou açôres, e outras aves; e 
passando à segunda que hoje se chama Ilha de S. Miguel (...), 
acharam muitas aves e milhafres (...). D'ali viram outra Ilha que 
ne actualidade se chama Ilha Terceira, a qual á similhança da 
ilha de S. Miguel, estava cheia de (...) muitos açôres.” 
Diogo Gomes, De inventione insularum de Açores, século XV.
AÇORES, 
O POVOAMENTO 
 As ilhas começaram a ser povoadas por volta 1432, com gentes 
oriundas principalmente do Algarve, do Alentejo, da Estremadura 
e do Minho, tendo-se registado, depois, a chegada de flamengos, 
bretões e outros europeus e norte-africanos. 
Uma curiosidade: José de Arriaga Brum da 
Silveira, descendente do imigrante flamengo 
Willem Van der Bruin, foi eleito como o 
primeiro Presidente da República Portuguesa 
(1911-1914). 
Moinho “flamengo” na ilha do Faial.
AÇORES, 
O POVOAMENTO 
 Muitos desses imigrantes que povoaram os Açores eram cristãos- 
-novos, isto é, judeus que, perseguidos pela Igreja Católica, foram 
obrigados a converter-se. 
Portugal tentou povoar o arquipélago, mediante a distribuição de 
terras. 
 D. Catarina de Portugal, irmã de 
D. Henrique, casada com Filipe III, 
Duque da Borgonha e dos Países Baixos, 
foi a responsável pela vinda de muitos 
flamengos para o arquipélago.
AÇORES, 
A COLONIZAÇÃO 
 As ilhas foram divididas em capitanias e a colonização entregue 
a capitães-donatários, com poderes administrativos, judiciais e 
militares. 
João Vaz Corte Real, 
capitão-donatário da ilha Terceira.
AÇORES, 
A EXPLORAÇÃO ECONÓMICA 
 As terras férteis foram aproveitadas para o cultivo de cereais, 
desenvolveu-se a pecuária e foram aproveitadas as plantas tintureiras. 
Phytolaccaceae Vaccinium cylindraceum
AÇORES, 
AS PLANTAS TINTUREIRAS 
 O pastel e a urzela
AÇORES, 
O PAPEL DO ARQUIPÉLAGO NA EXPANSÃO 
 O arquipélago dos Açores, devido à sua situação geográfica no 
Atlântico Norte, passou a ter um importante papel no 
reabastecimento das naus em água e mantimentos. 
 Dada a necessidade de defesa dos habitantes, da manutenção de 
uma posição estratégica portuguesa no meio do Atlântico e da 
imensa riqueza que por esta terra passava vinda do Império 
Português e, mais tarde, do Império Espanhol, as ilhas açorianas 
foram fortemente fortificadas praticamente desde o início do 
povoamento.
AÇORES, 
UM ARQUIPÉLAGO NA ROTA DOS PIRATAS 
 1589 - Sir George Clifford, Conde de Cumberland. 
Este navegador e corsário Inglês, a 6 de setembro de 1589, 
comandou o ataque e saque à ilha do Faial , com uma frota 
de 13 navios corsários ingleses. 
Os corsários ingleses encontravam-se nos 
Açores a aguardar a passagem dos galeões 
provenientes da América espanhola, 
carregados de prata. Os corsários atacaram 
a vila, que foi saqueada, e, durante quatro 
dias, exigiram um resgate de 2000 ducados, 
pago pelas autoridades locais, com a 
prata das igrejas.
AÇORES, 
UM ARQUIPÉLAGO NA ROTA DOS PIRATAS 
Alguns textos historiográficos… 
George Clifford, Conde de Cumberland, corsário inglês (…) navegou 
com assiduidade pelas águas dos Açores (…). Se na quarta viagem 
aos Açores não lhe trouxe proveito apreciável , a seguinte (…) 
permitiu-lhe a captura da carraca* da frota da Índia, Madre de Deus 
e um espólio estimado em mais de meio milhão de libras (…). 
Os galeões espanhóis, que transportavam mercadorias e o produto 
do saque das riquezas do Novo Mundo, foram, desde cedo, um alvo, 
preferencial, da cupidez dos corsários franceses. Em geral, os 
assaltantes aguardavam as frotas provenientes dos portos 
americanos nas imediações dos Açores (…). 
*Carraca - barco 
*Cupidez - cobiça
AÇORES, 
UM ARQUIPÉLAGO NA ROTA DOS PIRATAS 
Alguns textos historiográficos… (cont.) 
Cortés acrescentou a essa quantia um presente para Carlos V , 
constituído por discos de ouro, joias, máscaras (…) pertencentes ao 
imperador asteca Montezuma. Quando a frota navegava nas águas 
dos Açores, foi surpreendida e atacada por piratas. Dois barcos 
foram apresados. O terceiro pôde abrigar-se em Santa Maria (…). 
Luís R. Guerreiro, O Grande Livro da Pirataria e do Corso, 
Lisboa, Temas e Debates, 1997.
AÇORES, 
UMA FAUNA RICA E ÚNICA 
 O isolamento perpetuou e acentuou algumas características da 
fauna açoriana, como é o caso do cão de fila açoriano, um bom 
guardador de rebanhos. 
 Nas aves, destaca-se o priolo, o milhafre, o queimado, o cagarro, 
o melro negro e a gaivota. Os Açores são local de paragem 
obrigatória para muitas aves migratórias que, nas suas 
travessias transatlânticas, aproveitam para descansar e nidificar. 
 A fauna marítima é das mais ricos do oceano Atlântico. O 
destaque vai para os animais de grande porte: a baleia bico-de- 
-garrafa boreal, a baleia-piloto, a orca e a baleia-de-bico-de- 
-sowerby, o cachalote e os golfinhos são as espécies mais 
avistadas no arquipélago.
AÇORES, 
UMA FAUNA RICA E ÚNICA
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  • 1.
  • 2. AÇORES, O “DESCOBRIMENTO”  Quando Diogo de Silves, ao serviço do Infante D. Henrique, avistou, em 1427, as ilhas açorianas de Sta. Maria e S. Miguel, elas já estariam referenciadas em mapas mais antigos, mas não existem certezas, apenas teorias sobre esta “descoberta”.  O que se sabe com certeza é que, a partir de 1430 e até 1452, todas as ilhas do arquipélago já se encontram descobertas e assinaladas nos mapas.
  • 3. AÇORES, O QUE ENCONTRARAM OS NAVEGADORES  Sob a iniciativa do Infante D. Henrique, Gonçalo Velho Cabral e Diogo de Teive completaram a descoberta do arquipélago, cujas ilhas, de origem vulcânica, eram desertas, com uma vegetação abundante, sobrevoadas por muitos pássaros e com um clima ameno.
  • 4. AÇORES, A ORIGEM DO NOME  Existem várias teorias sobre a origem do nome do arquipélago, no entanto, aquela que é mais aceite pela tradição é a que defende que, ao tempo da “descoberta”, os navegadores avistaram muitas aves, algumas de rapina, como os milhafres, que terão confundido com os açores. Uma outra teoria justifica o nome pela existência, na Beira Alta, da Nossa Senhora do Açores, da qual Gonçalo Velho Cabral era devoto. Milhafre Açor
  • 5. AÇORES, A ORIGEM DO NOME  O que dizem os documentos: “Em certo tempo o Infante D. Henrique desejando descobrir logares desconhecidos no Oceano occidental com o intuito de reconhecer se existiam Ilhas ou Terras firmes além das descriptas por Ptolomeu, mandou caravellas em busca destas terras. Partiram e viram terra (...) e vendo que eram Ilhas entraram na primeira, acharam-n'a deshabitada, e andando por ella encontraram muitos milhafres ou açôres, e outras aves; e passando à segunda que hoje se chama Ilha de S. Miguel (...), acharam muitas aves e milhafres (...). D'ali viram outra Ilha que ne actualidade se chama Ilha Terceira, a qual á similhança da ilha de S. Miguel, estava cheia de (...) muitos açôres.” Diogo Gomes, De inventione insularum de Açores, século XV.
  • 6. AÇORES, O POVOAMENTO  As ilhas começaram a ser povoadas por volta 1432, com gentes oriundas principalmente do Algarve, do Alentejo, da Estremadura e do Minho, tendo-se registado, depois, a chegada de flamengos, bretões e outros europeus e norte-africanos. Uma curiosidade: José de Arriaga Brum da Silveira, descendente do imigrante flamengo Willem Van der Bruin, foi eleito como o primeiro Presidente da República Portuguesa (1911-1914). Moinho “flamengo” na ilha do Faial.
  • 7. AÇORES, O POVOAMENTO  Muitos desses imigrantes que povoaram os Açores eram cristãos- -novos, isto é, judeus que, perseguidos pela Igreja Católica, foram obrigados a converter-se. Portugal tentou povoar o arquipélago, mediante a distribuição de terras.  D. Catarina de Portugal, irmã de D. Henrique, casada com Filipe III, Duque da Borgonha e dos Países Baixos, foi a responsável pela vinda de muitos flamengos para o arquipélago.
  • 8. AÇORES, A COLONIZAÇÃO  As ilhas foram divididas em capitanias e a colonização entregue a capitães-donatários, com poderes administrativos, judiciais e militares. João Vaz Corte Real, capitão-donatário da ilha Terceira.
  • 9. AÇORES, A EXPLORAÇÃO ECONÓMICA  As terras férteis foram aproveitadas para o cultivo de cereais, desenvolveu-se a pecuária e foram aproveitadas as plantas tintureiras. Phytolaccaceae Vaccinium cylindraceum
  • 10. AÇORES, AS PLANTAS TINTUREIRAS  O pastel e a urzela
  • 11. AÇORES, O PAPEL DO ARQUIPÉLAGO NA EXPANSÃO  O arquipélago dos Açores, devido à sua situação geográfica no Atlântico Norte, passou a ter um importante papel no reabastecimento das naus em água e mantimentos.  Dada a necessidade de defesa dos habitantes, da manutenção de uma posição estratégica portuguesa no meio do Atlântico e da imensa riqueza que por esta terra passava vinda do Império Português e, mais tarde, do Império Espanhol, as ilhas açorianas foram fortemente fortificadas praticamente desde o início do povoamento.
  • 12. AÇORES, UM ARQUIPÉLAGO NA ROTA DOS PIRATAS  1589 - Sir George Clifford, Conde de Cumberland. Este navegador e corsário Inglês, a 6 de setembro de 1589, comandou o ataque e saque à ilha do Faial , com uma frota de 13 navios corsários ingleses. Os corsários ingleses encontravam-se nos Açores a aguardar a passagem dos galeões provenientes da América espanhola, carregados de prata. Os corsários atacaram a vila, que foi saqueada, e, durante quatro dias, exigiram um resgate de 2000 ducados, pago pelas autoridades locais, com a prata das igrejas.
  • 13. AÇORES, UM ARQUIPÉLAGO NA ROTA DOS PIRATAS Alguns textos historiográficos… George Clifford, Conde de Cumberland, corsário inglês (…) navegou com assiduidade pelas águas dos Açores (…). Se na quarta viagem aos Açores não lhe trouxe proveito apreciável , a seguinte (…) permitiu-lhe a captura da carraca* da frota da Índia, Madre de Deus e um espólio estimado em mais de meio milhão de libras (…). Os galeões espanhóis, que transportavam mercadorias e o produto do saque das riquezas do Novo Mundo, foram, desde cedo, um alvo, preferencial, da cupidez dos corsários franceses. Em geral, os assaltantes aguardavam as frotas provenientes dos portos americanos nas imediações dos Açores (…). *Carraca - barco *Cupidez - cobiça
  • 14. AÇORES, UM ARQUIPÉLAGO NA ROTA DOS PIRATAS Alguns textos historiográficos… (cont.) Cortés acrescentou a essa quantia um presente para Carlos V , constituído por discos de ouro, joias, máscaras (…) pertencentes ao imperador asteca Montezuma. Quando a frota navegava nas águas dos Açores, foi surpreendida e atacada por piratas. Dois barcos foram apresados. O terceiro pôde abrigar-se em Santa Maria (…). Luís R. Guerreiro, O Grande Livro da Pirataria e do Corso, Lisboa, Temas e Debates, 1997.
  • 15. AÇORES, UMA FAUNA RICA E ÚNICA  O isolamento perpetuou e acentuou algumas características da fauna açoriana, como é o caso do cão de fila açoriano, um bom guardador de rebanhos.  Nas aves, destaca-se o priolo, o milhafre, o queimado, o cagarro, o melro negro e a gaivota. Os Açores são local de paragem obrigatória para muitas aves migratórias que, nas suas travessias transatlânticas, aproveitam para descansar e nidificar.  A fauna marítima é das mais ricos do oceano Atlântico. O destaque vai para os animais de grande porte: a baleia bico-de- -garrafa boreal, a baleia-piloto, a orca e a baleia-de-bico-de- -sowerby, o cachalote e os golfinhos são as espécies mais avistadas no arquipélago.
  • 16. AÇORES, UMA FAUNA RICA E ÚNICA