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A POPULAÇÃO INDÍGENA MUNDIAL, BRASIL, MARANHÃO, BOM JARDIM
Adilson Motta, 2014
20.1 População Indígena Mundial
Estima-se que existam hoje no mundo pelo menos 5 mil povos indígenas,
somando cerca de 350 milhões de pessoas, representando 5% da população
mundial.
A população indígena mundial vive em zonas que contém 60% dos
recursos naturais do planeta”. Não admira, portanto, que surjam inúmeros
conflitos pelo domínio das terras. (...) A exploração de recursos naturais
(petróleo e minas) e o turismo são as principais indústrias que ameaçam os
territórios indígenas na América”, segundo a OIT (Organização Internacional do
Trabalho). Estudo das Nações Unidas afirmam também que 80% dos indígenas
da América Latina vivem na pobreza.
2 Panorama Maranhense da População Indígena
No Maranhão existem 16 áreas indígenas habitadas por
aproximadamente 19.000 pessoas pertencentes a 8 povos. São eles:
Awá Guajá Krikati
Guajajara Ramkokam
Kaápor Apaniekiá
Pukobye Krêpum Katoyê
O total das áreas indígena corresponde a 5,8% da superfície do Estado
do Maranhão.
Das 1.908.389 ha. / desse total, 330.000 ha. estão degradadas,
invadidas e destruídas, essa área corresponde a 17,2% do total das superfícies
das áreas indígenas.
Os índios do Estado do Maranhão falam duas línguas: tupi-guarani e o
macrojê.
A educação indígena é destaque no Maranhão. Atualmente, sete dos oito
povos são atendidos por ações que vão desde a construção de escolas indígenas
e implantação de ensino regular bilíngüe. Ao todas são 226 escolas espalhadas
pelas Terras Indígenas presentes no estado, atendendo 11.338 alunos indígenas,
matriculados em 2006.
(Fonte: Jornal Pequeno – redação@jornalpequeno.com.br) in 2006
A POPULAÇÃO GUAJAJARA
Os Guajajara é um povo que, há centenas de anos, batalha para manter-
se vivo, resguardando a essência de sua cultura e conservando a especificidade
que o faz diferente dos outros povos indígenas e da sociedade nacional.
Distribuem-se em 10 localidades pelo Estado do Maranhão.
As áreas habitadas por Guajajara, são:
1- Área Indígena Carú
2- Área Indígena Pindaré
3- Área Indígena Araribóia
4- Área Indígena Bacurizinho
5- Área Indígena Cana Brava
6- Área Indígena Geralda/ Toco Preto
7- Área Indígena Lagoa Comprida
8- Área Indígena Morro Branco
9- Área Indígena Rodeador
10- Área Indígena Governador
Os Tenetehara/ Guajajara são em sua maioria bilíngüe, falam o tupi-guarani e o
português. Sendo a população indígena do estado em número de 19.000
habitantes, desse número, os guajajara são cerca de 14.000 pessoas distribuídas
em dez áreas. Sendo de longe, o povo mais numeroso do Brasil ocupa a região
Centro Sul do Maranhão. É o povo que tem um contato secular com a sociedade
não-indígena. Isto lhe confere uma enorme capacidade de articular, negociar,
reivindicar junto à sociedade como um todo. Tenetehara significa “gente
verdadeira”. Assim se definem os Guajajara do Maranhão, que habitam as dez
áreas, todas regularizadas. Apesar disso, algumas apresentam graves problemas
de invasão.
A POPULAÇÃO INDÍGENA DE BOM JARDIM
Em Bom Jardim vamos encontrar duas reservas indígenas, a do Rio Pindaré e a
do Carú. É uma população bilíngue em sua maioria, falando o tupi-guarani e o
português.
A população indígena dessas duas reservas é de 1.179 habitantes
(2005), correspondendo a 3,42% da população bonjardinense. Ainda não
possuem um vocabulário escrito (mas já estão trabalhando para este fim).
Existem escolas indígenas em Bom Jardim na aldeia. E as aulas são trabalhadas
a base do diálogo. As duas línguas (português e tupi) prevalecem na prática
pedagógica da educação indígena.
Não sendo diferente do que acontece a nível nacional, a população
guajajara de Bom Jardim também passa pelo processo de aculturação, ou seja,
pelo intercâmbio cultural entre a língua deles e seus costumes na relação com o
mundo civilizado através da televisão dentro das aldeias e os contatos que se
processam na língua portuguesa. Isto, ditado pelas necessidades de relações,
que acontecem em nossa língua e nossos costumes, eles vão esquecendo seus
costumes e sua língua e incorporando os nossos e a língua do mundo civilizado.
E para reforçar essa aculturação, segundo Alzenira Guajajara, Professora
indígena, as aulas são ministradas com mais frequência na língua portuguesa.
Em 2002, um grupo de índios formandos em magistério de várias aldeias
elaborou o dicionário da língua tupi-guarani (os guajajara). Pois há muito tempo
são tidos por uma população ágrafa (sem escrita). O dicionário por eles elaborado
ainda não saiu sua publicação. O dicionário conserva a língua, e conservando a
língua conserva a cultura.
Eles têm total assistência médica e os professores são indígenas.
ÁREA INDÍGENA - PINDARÉ
Localiza-se no município de Bom Jardim e tem uma extensão de 15.004
ha. Sendo uma população de 980 habitantes (índios). São compostos por cinco
aldeias. A aldeia corresponde a uma aglomeração de pessoas. Esta reserva foi
demarcada pela firma PLANTEL, foi homologada e, sucessivamente, registrada
no cartório de Bom Jardim em 1982. As aldeias maiores são Januária e sede do
Posto da Funai.
LOCALIZAÇÃO E NOME DAS ALDEIAS INDÍGENAS EM BOM
JARDIM
No sentido Bom Jardim Santa Inês, 08/2013
Bom
Jardim
Santa
Inês
Zé Boeiro
Tirirical
1
2
3
4
5
1- Piçarra Preta
2- Aldeia Novo Planeta
3- Aldeia Areal
4- Aldeia Sede: Januária
5- Aldeia Tabocão
Existem também mais duas aldeias
menores (próximas as citadas):
 Aldeia Nova e
 Areinha
Cada aldeia tem um Cacique, que também
é um representante político.
Ao todos estima-se um total de 1.200
índios, na comunidade onde funciona o
ensino médio e há um ônibus que faz a
nucleação e transporte dos mesmos para a
escola sede, na aldeia Januária.
Além destas aldeias, existem outras, como
a Aldeia Maçaranduba (com cerca de 320
habitantes) – que se localiza entre o
povoado Minerim (do Município de Alto
Alegre do Pinaré e o Povoado Novo Caru
(Bom Jardim). Tal como uma pequena
população AWÁ GUAJÁ que se distribui
ao longo do rio e região Caru.
ÁREA INDÍGENA – CARU
A área Indígena Carú, limitada pelos rios Pindaré e Carú está também situada
no município de Bom Jardim.
Foi demarcada em 1977, homologada e registrada em 1982, com uma
extensão de 175.000 ha. E hospeda cerca de 199 Guajajaras, que permanecem
sob a jurisdição do Posto Indígena do Carú, sediada na aldeia Massaranduba,
além de cerca de 100 Guajás, que vivem nas proximidades do Posto Indígena
AWÁ, e outros grupos de guajás, espalhados na mata sem ter algum contato com
a sociedade.
20.4 Estrutura da Sociedade Guajajara
A capacidade intrínseca de adaptação a novas situações e a novos
ambientes – essa agilidade cultural – é uma característica comum a todas as
cultura tupi-guarani.
O princípio da organização social tupi-guarani são ao mesmo tempo,
ou antes, princípios metafísicos. (Castro, apud Ubialli, 1997).
Há portanto, na cultura tupi-guarani “excesso de cosmologia sobre a
sociologia. (ibidem p. 95). Aparentemente, a sociedade guajajara apresenta-se
mais como um aglomerado de famílias, distribuídas em várias aldeias ou num
determinado território do que como uma organização social, coesa como
instituições estáveis e diferenciadas. O que realmente se constata na sociedade
guajajara é a ausência de um poder central e de um governo. Isso suscita a
impressão de que o anarquismo seja o específico da sociedade guajajara,
caracterizando todo o complexo de suas relações seja interna ou externa.
São famílias que exercem o poder na aldeia.
Certamente a sociedade guajajara está perpassada por uma
ambivalência que parece ser uma contradição intrínseca no sentido de que é uma
sociedade que se denota pela ausência de uma ordem institucionalizada mas que,
contemporaneamente, sente a exigência da presença de uma “autoridade” para
controlar as “desordens”. É uma sociedade em que coexistem a exigência de uma
ordem e de um comando e a negação de um poder institucionalizado.
É preciso destacar que, em compensação à falta de uma organização
social forte, na sociedade guajajara, há uma produção mitológica muito rica e
vasta como expressão da sua visão cosmológica e religiosa.
Ainda hoje a vida dos guajajara é regida por esses princípios
metafísicos. A interferência do sobrenatural é constante e proeminente em todas
as suas atividades – produtivas e culturais – e relações sociais. A cultura
guajajara apresenta a pessoa como uma unidade composta de um corpo e duas
almas. Na cultura guajajara a pessoa se torna o centro e o objeto das atenções
da comunidade desde o nascimento.
A pessoa é o indivíduo concreto com seu nome, com suas especificidades,
que procura realizar sua felicidade pessoal, dentro do sistema organizativo da
família, através da aquisição dos poderes de Ma´íra, (o criador, grande pajé e
grande guerreiro). O guajajara é constantemente incentivado a amadurecer sua
personalidade e a aperfeiçoar suas qualidades.
O pajé e o cantor são os únicos sujeitos que, dentro da comunidade
guajajara, manifestam certa especialização e cumprem o papel específico de
manter vivos os mitos e os conceitos cosmológicos dos quais eles detêm os
conhecimentos.
De fato, para poder curar e cantar precisa conhecer tudo a respeito dos
espíritos, da natureza e dos rituais.
No processo de preservação e manutenção da cultura, as mulheres
desenham uma função fundamental porque elas providenciam e preparam tudo
o que é necessário (enfeites, pinturas, cigarros) para a realização dos rituais e
das festas e acompanham as músicas dos cantores. O canto expressa todo ideário
cosmológico, simbólico e religioso do universo guajajara. O canto é importante
porque manifesta as fontes do poder como conhecimento das forças
sobrenaturais e naturais.
Ávida dos guajajara se balança entre o sobrenatural e o natural. Nessa
peleja de poder dominar e controlar as forças sobrenaturais e naturais, sobressai
a importância da pessoa posta no centro dos dois universos. A figura do pajé
reflete a ambivalência e a tensão contraditória da cultura guajajara: ele é
necessário porque cura; é perigoso porque pode virar feiticeiro e prejudicar os
membros do seu grupo.
O Povo Awá Guajá
Os Awuá Guajás são um povo de língua tupi-guarani presente em três terras
indígenas no estado do Maranhão – TI Caru, TI Awá e TI Alto Turiaçú - , com
uma população considerada de recente contato de mais de 400 pessoas, além de
outros grupos que vivem isolados.
Os Awá-Guajá, segundo reportagem do Jornal O Globo (08-08-2013),
presentam “uma história de resistência contra o desmatamento e o extermínio da
população conhecida como a mais ameaçada do planeta”. Historicamente, toda
a subsistência deles está na caça e na coleta. Eles dependem diretamente da
floresta para viver” (Uirá Garcia, 2013).
Junto com a Reserva Biológica do Gurupi, o território dos Awá-Guajá
forma um mosaico de áreas protegidas, chamado “Mosaico Gurupi”. Mesmo
sendo uma região com alto nível de proteção ambiental, dentro dessa área
também estão grileiros e madeireiros que derrubam inconsequentemente a
floresta, encurralando os índios. “Essa área da Amazônia é única, porque é a
porta de entrada da floresta, e algumas espécies só existem lá”, cita a reportagem.
Eles foram contatados a partir de 1979, e alguns indivíduos permanecem fugindo
do contato com os brancos. Apesar de a sua terra já estar demarcada, homologada
e registrada pela União, eles enfrentam uma ameaça real. Ainda que a justiça já
tenha determinado a retirada dos não-índios de seu território, os Awá temem pela
própria sobrevivência.
Foto: Márcio Gomes, 1981.
Em 1961, o Presidente Jânio Quadros cria a Reserva Florestal do Gurupi,
no estado do Maranhão, com 1,6 milhão de hectares, por meio de Decreto nº
51.026 de 25/07/1961, sendo reconhecido o direito de ocupação dos indígenas
que nela habitavam.
Em 1992 a Terra Indígena Awá é declarada como de posse permanente
dos Awá-Guajá, para efeito de demarcação, por meio da Portaria nº 373 de
27.07.1992 (DOU 29-7-1992, P.10.116), com uma superfície aproximada de
118.000 há (cento e dezoito mil hectares), e perímetro aproximado de 190 km),
considerando que a declaração de ocupação tradicional indígena e definição de
limite propostos visavam assegurar a proteção territorial ao povo indígena Awá-
Guajá.
Na década de 1980, a Funai reconheceu as Terras Indígenas Alto Turiaçu
e Caru, que se encontravam no perímetro da Reserva Florestal do Gurupi, e a
Reserva foi desmembrada. Uma área foi interditada para proteção dos Awá-
Guajá, que já estavam em número bastante reduzido à época, e foi criada a
Reserva Biológica Gurupi. Embora a TI Awá seja a única das três destinada à
posse exclusiva dos Awá-Guajá, há aldeias desse povo na TI Alto Turiaçu,
coabitada por Ka´apor e na Caru com a presença dos Guajajaras. A contiguidade
das terras faz com que elas formem um complexo de áreas disponíveis para a
posse de grupos Awá-Guajá, que dão condições mínimas para manterem as
formas tradicionais de ocupação territorial.
Em 2012, após vários anos de disputa judicial, o Tribunal Regional
Federal da 1ª Região julga todos os recursos improcedentes e confirma a
validade da Portaria 373/92 do Ministério da Justiça, que declarou a Terra
Indígena Awá como de uso permanente do povo Awá-Guajá. A decisão, de
março de 2012, confirma ainda a nulidade de todos os efeitos da sentença e
determinando que a Funai/União promova a retirada de todos os ocupantes não
indígenas da TI Awá.
Segundo Miriam Leitão (08/2013), “Ao ficarem tão aferrados, tão
vinculados à terra, esses índios estão na verdade prestando um serviço ambiental
a todos os brasileiros. Nós precisamos da floresta também, nós precisamos que
eles estejam lá. Precisamos que eles sobrevivam. Precisamos dessa sócio
diversidade que o Brasil tem. O Brasil precisa da sua diversidade – de gente e de
floresta. Eles ajudam”. Eles vivem, ajudam e protegem.
MAPA DA RESERVA INDÍGENA AWÁ GUAJÁ
Fonte: http://www.funai.gov.br 08/2013
Atualmente, as áreas de ocupação pelos não-índios abriga um total de 1.200
famílias que abrangem geograficamente áreas dos municípios na região de São
João do Carú, o Ibama e a Funai juntamente com o Exército Nacional, a Polícia
Federal e Rodoviária e a Força Nacional articularam-se para tomar uma grande
área de terras onde vivem esse contingente para cedê-las a 400 índios.
A área engloba os municípios de São João do Carú, Governador Newton Bello,
Zé Doca e Centro Novo Com e com a desapropriação mais de 40 mil pessoas
serão afetadas indiretamente. O Presidente da Comissão em Defesa dos
Proprietários e Agricultores, Arnaldo Lacerda, afirma que falta atenção com os
proprietários da região por parte do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
já que essa área não foi demarcada como indígena.
Existe na região a denúncia de ação ilegal de madeireiros e, para proteger a mata,
a área estaria sendo reivindicada.
www.bomjardimma.com in 08-2013
20.5 As Crendices Indígenas
Existem várias lendas, entre elas o mito de Ma´íra que os índios
acreditam ser o criador dos fenômenos da natureza como a chuva, o fogo e a
água. Os índios tupi guaranis acreditam que Ma´íra, o seu protetor, é criador
dos índios. Para eles, o sol e a lua são fontes de vidas e procuram sistematizar
suas vidas através desses dois astros. A lua é chamada de Zahy por ter brilho
frio, inexplicável e o sol é chamado de Zai Tata que significa fogo, por ter um
brilho quente. Os índios ainda conservam os rituais como a cura da pajelança
que é feita pelo Pajé, onde ele fala com os espíritos para saber se pode ou não
tratar a pessoa que está doente; um índio só sai para buscar assistência médica
com autorização do Pajé. Outro ritual é quando um curumim começa andar,
organizam uma caçada e todas as caças encontradas são usadas em cerimônia
para pedir proteção. Ao curumim pintam-no com líquido retirado do jenipapo
verde que fica de cor preta e com o urucum, após enfeitado com penas da
ararajuba, do pica-pau do tucano e plumagem de socó; da carne das caças são
feito um angu com farinha azeda que é dada ao curumim. A noite todos cantam
ao som do maracá, o Pajé usa uma liturgia para falar com os antepassados e
pedir proteção ao curumim.
Os casamentos indígenas eram feitos através de uma negociação entre
os pais dos noivos, onde as crianças eram separadas uma para o outro, sendo a
criada pelo pai dos noivos, até a primeira menstruação quando é feita uma grande
festa, onde a moça é pintada todo o corpo e então está pronta para casar. O
homem só está pronto quando muda a voz, após o casamento não pode haver
separação. Um fato curioso é que um homem pode namorar várias mulheres ao
mesmo tempo, convivendo na mesma casa pacificamente.
Anteriormente quando um índio morria era colocado dentro de um
buraco sentado e nunca mais seus familiares passariam por aquele lugar, pois
acreditavam que os espíritos que o matou poderiam matá-los. Este era o motivo
de serem nômades.
Os índios não tiravam fotos, pois acreditavam que a alma das pessoas
fotografadas ficaria presa ao papel, e por este motivo morreriam.
Hoje, a aldeia Januária vive em condições tipicamente normais como os
chamados brancos; ainda conservam muitas lendas e mitos, porém a maior parte
dos valores antigos foram deixados de lado. Já não são nômades, convivendo
assim com seus mortos em suas sepulturas.
Lendas e Mitos dos Guajajara
O Encanto do Ouro
“Havia um casal de índios meus antepassados, que recebeu do Governo
uma fábrica de para fazer dinheiro. Moedas de ouro. Aí os brancos souberam e
começaram a aperrear os índios. Sendo que estava morrendo muita gente por
causa disso, o velho índio, dono da fábrica, e a mulher dele decidiram acabar com
a fábrica e a jogaram num poção chamado de Mineiro Velho. Quanto ao dinheiro,
eles enterraram os dois baús e dois fornos na boca de um igarapé que fica
entre a boca do Carú e o atual povoado Novo Carú.
Os brancos prenderam o casal e o levaram não sei para onde. Mas o
velho índio e a mulher nunca revelaram o segredo e morreram por lá. Alguns
índios foram atrás da velha índia empregada do grande chefe, dono da fábrica.
Ela também conhecia o segredo. Estes índios, novos, (novo não é gente), levaram
a velha, de canoa, próximo do lugar. A velha tinha revelado que os caixões
estavam com armas carregadas de maneira que quem mexesse morreria. Então
precisava uma reza muito forte para poder desarmar os caixões. A velha foi,
rezou, mas escutou os índios, que esperavam na canoa, dizer que iam matá-la
depois de pegar o ouro. Então a velha castigou os moleques. Pronto, nunca mais.
Eles pegavam o ouro lá numa serra do Carú. Havia uma grande pedra
luminosa que clareava as redondezas. E no chão muitas pedras. Eram como
tantas faíscas. Os índios brincavam com as pedras jogando-as um contra o outro.
Os brancos souberam e foram atrás das pedras dos índios. Começaram a trocar
pedras por facas e outras coisas. Um belo dia os brancos quiseram olhar a grande
pedra luminosa. Alguns índios os levaram para ver. Mas a serra encantou-se:
nunca mais a acharam.
Cipriano Viana Guajajara.
Ma´íra, Criador dos Tenetehara
“Os Tenetehara se referem aos sobrenaturais pela designação genérica
karowara, porém os distinguem em menos quatro categorias: criadores ou heróis
culturais, a quem atribuem a criação e transformação do mundo; os “donos” da
floresta e das águas e dos rios; os azang, espíritos errantes dos mortos; espíritos
de animais. Os heróis culturais são sobrenaturais, porém não no sentido de
divindade que seja necessário propiciar e reverenciar - são criadores cujos
efeitos lendários explicam a origem das coisas e do homem. Na mitologia são
descritos como homens dotados de imenso poder sobrenatural. Viveram algum
tempo na terra, que abandonaram pela residência eterna na “aldeia dos
sobrenaturais” (Karowara-nekwawo). Os heróis culturais criaram o homem,
deram-lhe conhecimento das causas e trouxeram-lhe os alimentos. Hoje,
porém, estão demasiado distante e já não dominam o homem e o mundo em que
ele vive.
Ma´íra é o mais importante desses heróis. Segundo a lenda, ele viajou
pela terra em busca da “Terra Bonita” (ywy porang). Onde encontrou o lugar
ideal, aí criou o homem e a mulher. O casal vivia em condições ideais até que
Ywan, o dono da água, atraiu a mulher e copulou com ela. O homem ignorava o
coito até que Ma´íra lhe mandou ver o que acontecia à mulher.
Ma´íra, após o homem e a mulher terem procriado, falou-lhes: “de agora
em diante, vocês terão um filho e morrerão, o filho de vocês terá um filho e
também morrerá”. Ma´íra ensinou ao homem a plantar mandioca e a fazer
farinha. No princípio a mandioca se levantava por si mesma e amadurecia em
um dia; porém a humanidade duvidou de Ma´íra e ele, em represália, fez a
mandioca amadurecer lentamente. Hoje os Tenetehara têm que esperar todo o
inverno para colher as raízes e, para seu plantio, é grande o esforço de derrubar
a mata e preparar a roça. Ma´íra trouxe algodão e ensinou como tecer as redes;
roubou o fogo aos urubus e ensinou o homem a assar carne, ao invés de deixa-
la secar ao sol. Cansado de viajar pela terra, Ma´íra retirou-se para Karaowawo
onde ainda hoje vive uma vida de abundância. Antes de Ma´íra, os Tenetehara
não sabiam nada, eram bestas” (Galvão e Waglei apud Ubialli 1997).
Pelas façanhas, portanto, Ma´íra foi o maior pajé e o maior guerreiro da
terra pois ele possuía poderes imensuráveis, criando e dominando os homens e
a natureza.
Ma´íra ainda representa, talvez a nível de inconsciente, um certo ideal
para os Tenetehara cuja maior aspiração é transferir os poderes dele para seu
próprio domínio. Na festa do “moqueado”,durante a qual os rapazes, que
celebram a passagem da infância para a idade adulta, são iniciados a serem pajés
e guerreiros, transparece o anseio profundo dos Guajajaras de adquirir o domínio
sobre a natureza e os homens.
Coisa que nunca acontecerá de forma perfeita assim como se realizou
em Ma´íra, porém sempre sobejará como ideal a ser alcançado pelos
Tenetehara.

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População Indígena Maranhão

  • 1. A POPULAÇÃO INDÍGENA MUNDIAL, BRASIL, MARANHÃO, BOM JARDIM Adilson Motta, 2014 20.1 População Indígena Mundial Estima-se que existam hoje no mundo pelo menos 5 mil povos indígenas, somando cerca de 350 milhões de pessoas, representando 5% da população mundial. A população indígena mundial vive em zonas que contém 60% dos recursos naturais do planeta”. Não admira, portanto, que surjam inúmeros conflitos pelo domínio das terras. (...) A exploração de recursos naturais (petróleo e minas) e o turismo são as principais indústrias que ameaçam os territórios indígenas na América”, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho). Estudo das Nações Unidas afirmam também que 80% dos indígenas da América Latina vivem na pobreza. 2 Panorama Maranhense da População Indígena No Maranhão existem 16 áreas indígenas habitadas por aproximadamente 19.000 pessoas pertencentes a 8 povos. São eles: Awá Guajá Krikati Guajajara Ramkokam Kaápor Apaniekiá Pukobye Krêpum Katoyê O total das áreas indígena corresponde a 5,8% da superfície do Estado do Maranhão. Das 1.908.389 ha. / desse total, 330.000 ha. estão degradadas, invadidas e destruídas, essa área corresponde a 17,2% do total das superfícies das áreas indígenas. Os índios do Estado do Maranhão falam duas línguas: tupi-guarani e o macrojê. A educação indígena é destaque no Maranhão. Atualmente, sete dos oito povos são atendidos por ações que vão desde a construção de escolas indígenas e implantação de ensino regular bilíngüe. Ao todas são 226 escolas espalhadas pelas Terras Indígenas presentes no estado, atendendo 11.338 alunos indígenas, matriculados em 2006. (Fonte: Jornal Pequeno – redação@jornalpequeno.com.br) in 2006 A POPULAÇÃO GUAJAJARA Os Guajajara é um povo que, há centenas de anos, batalha para manter- se vivo, resguardando a essência de sua cultura e conservando a especificidade
  • 2. que o faz diferente dos outros povos indígenas e da sociedade nacional. Distribuem-se em 10 localidades pelo Estado do Maranhão. As áreas habitadas por Guajajara, são: 1- Área Indígena Carú 2- Área Indígena Pindaré 3- Área Indígena Araribóia 4- Área Indígena Bacurizinho 5- Área Indígena Cana Brava 6- Área Indígena Geralda/ Toco Preto 7- Área Indígena Lagoa Comprida 8- Área Indígena Morro Branco 9- Área Indígena Rodeador 10- Área Indígena Governador Os Tenetehara/ Guajajara são em sua maioria bilíngüe, falam o tupi-guarani e o português. Sendo a população indígena do estado em número de 19.000 habitantes, desse número, os guajajara são cerca de 14.000 pessoas distribuídas em dez áreas. Sendo de longe, o povo mais numeroso do Brasil ocupa a região Centro Sul do Maranhão. É o povo que tem um contato secular com a sociedade não-indígena. Isto lhe confere uma enorme capacidade de articular, negociar, reivindicar junto à sociedade como um todo. Tenetehara significa “gente verdadeira”. Assim se definem os Guajajara do Maranhão, que habitam as dez áreas, todas regularizadas. Apesar disso, algumas apresentam graves problemas de invasão. A POPULAÇÃO INDÍGENA DE BOM JARDIM Em Bom Jardim vamos encontrar duas reservas indígenas, a do Rio Pindaré e a do Carú. É uma população bilíngue em sua maioria, falando o tupi-guarani e o português. A população indígena dessas duas reservas é de 1.179 habitantes (2005), correspondendo a 3,42% da população bonjardinense. Ainda não possuem um vocabulário escrito (mas já estão trabalhando para este fim). Existem escolas indígenas em Bom Jardim na aldeia. E as aulas são trabalhadas a base do diálogo. As duas línguas (português e tupi) prevalecem na prática pedagógica da educação indígena. Não sendo diferente do que acontece a nível nacional, a população guajajara de Bom Jardim também passa pelo processo de aculturação, ou seja, pelo intercâmbio cultural entre a língua deles e seus costumes na relação com o mundo civilizado através da televisão dentro das aldeias e os contatos que se processam na língua portuguesa. Isto, ditado pelas necessidades de relações, que acontecem em nossa língua e nossos costumes, eles vão esquecendo seus costumes e sua língua e incorporando os nossos e a língua do mundo civilizado. E para reforçar essa aculturação, segundo Alzenira Guajajara, Professora indígena, as aulas são ministradas com mais frequência na língua portuguesa. Em 2002, um grupo de índios formandos em magistério de várias aldeias elaborou o dicionário da língua tupi-guarani (os guajajara). Pois há muito tempo são tidos por uma população ágrafa (sem escrita). O dicionário por eles elaborado ainda não saiu sua publicação. O dicionário conserva a língua, e conservando a língua conserva a cultura. Eles têm total assistência médica e os professores são indígenas.
  • 3. ÁREA INDÍGENA - PINDARÉ Localiza-se no município de Bom Jardim e tem uma extensão de 15.004 ha. Sendo uma população de 980 habitantes (índios). São compostos por cinco aldeias. A aldeia corresponde a uma aglomeração de pessoas. Esta reserva foi demarcada pela firma PLANTEL, foi homologada e, sucessivamente, registrada no cartório de Bom Jardim em 1982. As aldeias maiores são Januária e sede do Posto da Funai. LOCALIZAÇÃO E NOME DAS ALDEIAS INDÍGENAS EM BOM JARDIM No sentido Bom Jardim Santa Inês, 08/2013 Bom Jardim Santa Inês Zé Boeiro Tirirical 1 2 3 4 5 1- Piçarra Preta 2- Aldeia Novo Planeta 3- Aldeia Areal 4- Aldeia Sede: Januária 5- Aldeia Tabocão Existem também mais duas aldeias menores (próximas as citadas):  Aldeia Nova e  Areinha Cada aldeia tem um Cacique, que também é um representante político. Ao todos estima-se um total de 1.200 índios, na comunidade onde funciona o ensino médio e há um ônibus que faz a nucleação e transporte dos mesmos para a escola sede, na aldeia Januária. Além destas aldeias, existem outras, como a Aldeia Maçaranduba (com cerca de 320 habitantes) – que se localiza entre o povoado Minerim (do Município de Alto Alegre do Pinaré e o Povoado Novo Caru (Bom Jardim). Tal como uma pequena população AWÁ GUAJÁ que se distribui ao longo do rio e região Caru.
  • 4. ÁREA INDÍGENA – CARU A área Indígena Carú, limitada pelos rios Pindaré e Carú está também situada no município de Bom Jardim. Foi demarcada em 1977, homologada e registrada em 1982, com uma extensão de 175.000 ha. E hospeda cerca de 199 Guajajaras, que permanecem sob a jurisdição do Posto Indígena do Carú, sediada na aldeia Massaranduba, além de cerca de 100 Guajás, que vivem nas proximidades do Posto Indígena AWÁ, e outros grupos de guajás, espalhados na mata sem ter algum contato com a sociedade. 20.4 Estrutura da Sociedade Guajajara A capacidade intrínseca de adaptação a novas situações e a novos ambientes – essa agilidade cultural – é uma característica comum a todas as cultura tupi-guarani. O princípio da organização social tupi-guarani são ao mesmo tempo, ou antes, princípios metafísicos. (Castro, apud Ubialli, 1997). Há portanto, na cultura tupi-guarani “excesso de cosmologia sobre a sociologia. (ibidem p. 95). Aparentemente, a sociedade guajajara apresenta-se mais como um aglomerado de famílias, distribuídas em várias aldeias ou num determinado território do que como uma organização social, coesa como instituições estáveis e diferenciadas. O que realmente se constata na sociedade guajajara é a ausência de um poder central e de um governo. Isso suscita a impressão de que o anarquismo seja o específico da sociedade guajajara, caracterizando todo o complexo de suas relações seja interna ou externa. São famílias que exercem o poder na aldeia. Certamente a sociedade guajajara está perpassada por uma ambivalência que parece ser uma contradição intrínseca no sentido de que é uma sociedade que se denota pela ausência de uma ordem institucionalizada mas que, contemporaneamente, sente a exigência da presença de uma “autoridade” para controlar as “desordens”. É uma sociedade em que coexistem a exigência de uma ordem e de um comando e a negação de um poder institucionalizado. É preciso destacar que, em compensação à falta de uma organização social forte, na sociedade guajajara, há uma produção mitológica muito rica e vasta como expressão da sua visão cosmológica e religiosa. Ainda hoje a vida dos guajajara é regida por esses princípios metafísicos. A interferência do sobrenatural é constante e proeminente em todas as suas atividades – produtivas e culturais – e relações sociais. A cultura guajajara apresenta a pessoa como uma unidade composta de um corpo e duas almas. Na cultura guajajara a pessoa se torna o centro e o objeto das atenções da comunidade desde o nascimento. A pessoa é o indivíduo concreto com seu nome, com suas especificidades, que procura realizar sua felicidade pessoal, dentro do sistema organizativo da família, através da aquisição dos poderes de Ma´íra, (o criador, grande pajé e grande guerreiro). O guajajara é constantemente incentivado a amadurecer sua personalidade e a aperfeiçoar suas qualidades. O pajé e o cantor são os únicos sujeitos que, dentro da comunidade guajajara, manifestam certa especialização e cumprem o papel específico de manter vivos os mitos e os conceitos cosmológicos dos quais eles detêm os conhecimentos. De fato, para poder curar e cantar precisa conhecer tudo a respeito dos espíritos, da natureza e dos rituais.
  • 5. No processo de preservação e manutenção da cultura, as mulheres desenham uma função fundamental porque elas providenciam e preparam tudo o que é necessário (enfeites, pinturas, cigarros) para a realização dos rituais e das festas e acompanham as músicas dos cantores. O canto expressa todo ideário cosmológico, simbólico e religioso do universo guajajara. O canto é importante porque manifesta as fontes do poder como conhecimento das forças sobrenaturais e naturais. Ávida dos guajajara se balança entre o sobrenatural e o natural. Nessa peleja de poder dominar e controlar as forças sobrenaturais e naturais, sobressai a importância da pessoa posta no centro dos dois universos. A figura do pajé reflete a ambivalência e a tensão contraditória da cultura guajajara: ele é necessário porque cura; é perigoso porque pode virar feiticeiro e prejudicar os membros do seu grupo. O Povo Awá Guajá Os Awuá Guajás são um povo de língua tupi-guarani presente em três terras indígenas no estado do Maranhão – TI Caru, TI Awá e TI Alto Turiaçú - , com uma população considerada de recente contato de mais de 400 pessoas, além de outros grupos que vivem isolados. Os Awá-Guajá, segundo reportagem do Jornal O Globo (08-08-2013), presentam “uma história de resistência contra o desmatamento e o extermínio da população conhecida como a mais ameaçada do planeta”. Historicamente, toda a subsistência deles está na caça e na coleta. Eles dependem diretamente da floresta para viver” (Uirá Garcia, 2013). Junto com a Reserva Biológica do Gurupi, o território dos Awá-Guajá forma um mosaico de áreas protegidas, chamado “Mosaico Gurupi”. Mesmo sendo uma região com alto nível de proteção ambiental, dentro dessa área também estão grileiros e madeireiros que derrubam inconsequentemente a floresta, encurralando os índios. “Essa área da Amazônia é única, porque é a porta de entrada da floresta, e algumas espécies só existem lá”, cita a reportagem. Eles foram contatados a partir de 1979, e alguns indivíduos permanecem fugindo do contato com os brancos. Apesar de a sua terra já estar demarcada, homologada e registrada pela União, eles enfrentam uma ameaça real. Ainda que a justiça já tenha determinado a retirada dos não-índios de seu território, os Awá temem pela própria sobrevivência.
  • 6. Foto: Márcio Gomes, 1981. Em 1961, o Presidente Jânio Quadros cria a Reserva Florestal do Gurupi, no estado do Maranhão, com 1,6 milhão de hectares, por meio de Decreto nº 51.026 de 25/07/1961, sendo reconhecido o direito de ocupação dos indígenas que nela habitavam. Em 1992 a Terra Indígena Awá é declarada como de posse permanente dos Awá-Guajá, para efeito de demarcação, por meio da Portaria nº 373 de 27.07.1992 (DOU 29-7-1992, P.10.116), com uma superfície aproximada de 118.000 há (cento e dezoito mil hectares), e perímetro aproximado de 190 km), considerando que a declaração de ocupação tradicional indígena e definição de limite propostos visavam assegurar a proteção territorial ao povo indígena Awá- Guajá. Na década de 1980, a Funai reconheceu as Terras Indígenas Alto Turiaçu e Caru, que se encontravam no perímetro da Reserva Florestal do Gurupi, e a Reserva foi desmembrada. Uma área foi interditada para proteção dos Awá- Guajá, que já estavam em número bastante reduzido à época, e foi criada a Reserva Biológica Gurupi. Embora a TI Awá seja a única das três destinada à posse exclusiva dos Awá-Guajá, há aldeias desse povo na TI Alto Turiaçu, coabitada por Ka´apor e na Caru com a presença dos Guajajaras. A contiguidade das terras faz com que elas formem um complexo de áreas disponíveis para a posse de grupos Awá-Guajá, que dão condições mínimas para manterem as formas tradicionais de ocupação territorial. Em 2012, após vários anos de disputa judicial, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região julga todos os recursos improcedentes e confirma a
  • 7. validade da Portaria 373/92 do Ministério da Justiça, que declarou a Terra Indígena Awá como de uso permanente do povo Awá-Guajá. A decisão, de março de 2012, confirma ainda a nulidade de todos os efeitos da sentença e determinando que a Funai/União promova a retirada de todos os ocupantes não indígenas da TI Awá. Segundo Miriam Leitão (08/2013), “Ao ficarem tão aferrados, tão vinculados à terra, esses índios estão na verdade prestando um serviço ambiental a todos os brasileiros. Nós precisamos da floresta também, nós precisamos que eles estejam lá. Precisamos que eles sobrevivam. Precisamos dessa sócio diversidade que o Brasil tem. O Brasil precisa da sua diversidade – de gente e de floresta. Eles ajudam”. Eles vivem, ajudam e protegem. MAPA DA RESERVA INDÍGENA AWÁ GUAJÁ Fonte: http://www.funai.gov.br 08/2013 Atualmente, as áreas de ocupação pelos não-índios abriga um total de 1.200 famílias que abrangem geograficamente áreas dos municípios na região de São João do Carú, o Ibama e a Funai juntamente com o Exército Nacional, a Polícia Federal e Rodoviária e a Força Nacional articularam-se para tomar uma grande área de terras onde vivem esse contingente para cedê-las a 400 índios. A área engloba os municípios de São João do Carú, Governador Newton Bello, Zé Doca e Centro Novo Com e com a desapropriação mais de 40 mil pessoas serão afetadas indiretamente. O Presidente da Comissão em Defesa dos Proprietários e Agricultores, Arnaldo Lacerda, afirma que falta atenção com os proprietários da região por parte do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já que essa área não foi demarcada como indígena.
  • 8. Existe na região a denúncia de ação ilegal de madeireiros e, para proteger a mata, a área estaria sendo reivindicada. www.bomjardimma.com in 08-2013 20.5 As Crendices Indígenas Existem várias lendas, entre elas o mito de Ma´íra que os índios acreditam ser o criador dos fenômenos da natureza como a chuva, o fogo e a água. Os índios tupi guaranis acreditam que Ma´íra, o seu protetor, é criador dos índios. Para eles, o sol e a lua são fontes de vidas e procuram sistematizar suas vidas através desses dois astros. A lua é chamada de Zahy por ter brilho frio, inexplicável e o sol é chamado de Zai Tata que significa fogo, por ter um brilho quente. Os índios ainda conservam os rituais como a cura da pajelança que é feita pelo Pajé, onde ele fala com os espíritos para saber se pode ou não tratar a pessoa que está doente; um índio só sai para buscar assistência médica com autorização do Pajé. Outro ritual é quando um curumim começa andar, organizam uma caçada e todas as caças encontradas são usadas em cerimônia para pedir proteção. Ao curumim pintam-no com líquido retirado do jenipapo verde que fica de cor preta e com o urucum, após enfeitado com penas da ararajuba, do pica-pau do tucano e plumagem de socó; da carne das caças são feito um angu com farinha azeda que é dada ao curumim. A noite todos cantam ao som do maracá, o Pajé usa uma liturgia para falar com os antepassados e pedir proteção ao curumim. Os casamentos indígenas eram feitos através de uma negociação entre os pais dos noivos, onde as crianças eram separadas uma para o outro, sendo a criada pelo pai dos noivos, até a primeira menstruação quando é feita uma grande festa, onde a moça é pintada todo o corpo e então está pronta para casar. O homem só está pronto quando muda a voz, após o casamento não pode haver separação. Um fato curioso é que um homem pode namorar várias mulheres ao mesmo tempo, convivendo na mesma casa pacificamente. Anteriormente quando um índio morria era colocado dentro de um buraco sentado e nunca mais seus familiares passariam por aquele lugar, pois acreditavam que os espíritos que o matou poderiam matá-los. Este era o motivo de serem nômades. Os índios não tiravam fotos, pois acreditavam que a alma das pessoas fotografadas ficaria presa ao papel, e por este motivo morreriam. Hoje, a aldeia Januária vive em condições tipicamente normais como os chamados brancos; ainda conservam muitas lendas e mitos, porém a maior parte dos valores antigos foram deixados de lado. Já não são nômades, convivendo assim com seus mortos em suas sepulturas.
  • 9. Lendas e Mitos dos Guajajara O Encanto do Ouro “Havia um casal de índios meus antepassados, que recebeu do Governo uma fábrica de para fazer dinheiro. Moedas de ouro. Aí os brancos souberam e começaram a aperrear os índios. Sendo que estava morrendo muita gente por causa disso, o velho índio, dono da fábrica, e a mulher dele decidiram acabar com a fábrica e a jogaram num poção chamado de Mineiro Velho. Quanto ao dinheiro, eles enterraram os dois baús e dois fornos na boca de um igarapé que fica entre a boca do Carú e o atual povoado Novo Carú. Os brancos prenderam o casal e o levaram não sei para onde. Mas o velho índio e a mulher nunca revelaram o segredo e morreram por lá. Alguns índios foram atrás da velha índia empregada do grande chefe, dono da fábrica. Ela também conhecia o segredo. Estes índios, novos, (novo não é gente), levaram a velha, de canoa, próximo do lugar. A velha tinha revelado que os caixões estavam com armas carregadas de maneira que quem mexesse morreria. Então precisava uma reza muito forte para poder desarmar os caixões. A velha foi, rezou, mas escutou os índios, que esperavam na canoa, dizer que iam matá-la depois de pegar o ouro. Então a velha castigou os moleques. Pronto, nunca mais. Eles pegavam o ouro lá numa serra do Carú. Havia uma grande pedra luminosa que clareava as redondezas. E no chão muitas pedras. Eram como tantas faíscas. Os índios brincavam com as pedras jogando-as um contra o outro. Os brancos souberam e foram atrás das pedras dos índios. Começaram a trocar pedras por facas e outras coisas. Um belo dia os brancos quiseram olhar a grande pedra luminosa. Alguns índios os levaram para ver. Mas a serra encantou-se: nunca mais a acharam. Cipriano Viana Guajajara. Ma´íra, Criador dos Tenetehara “Os Tenetehara se referem aos sobrenaturais pela designação genérica karowara, porém os distinguem em menos quatro categorias: criadores ou heróis culturais, a quem atribuem a criação e transformação do mundo; os “donos” da floresta e das águas e dos rios; os azang, espíritos errantes dos mortos; espíritos de animais. Os heróis culturais são sobrenaturais, porém não no sentido de divindade que seja necessário propiciar e reverenciar - são criadores cujos efeitos lendários explicam a origem das coisas e do homem. Na mitologia são descritos como homens dotados de imenso poder sobrenatural. Viveram algum tempo na terra, que abandonaram pela residência eterna na “aldeia dos sobrenaturais” (Karowara-nekwawo). Os heróis culturais criaram o homem, deram-lhe conhecimento das causas e trouxeram-lhe os alimentos. Hoje, porém, estão demasiado distante e já não dominam o homem e o mundo em que ele vive. Ma´íra é o mais importante desses heróis. Segundo a lenda, ele viajou pela terra em busca da “Terra Bonita” (ywy porang). Onde encontrou o lugar ideal, aí criou o homem e a mulher. O casal vivia em condições ideais até que Ywan, o dono da água, atraiu a mulher e copulou com ela. O homem ignorava o coito até que Ma´íra lhe mandou ver o que acontecia à mulher. Ma´íra, após o homem e a mulher terem procriado, falou-lhes: “de agora em diante, vocês terão um filho e morrerão, o filho de vocês terá um filho e também morrerá”. Ma´íra ensinou ao homem a plantar mandioca e a fazer farinha. No princípio a mandioca se levantava por si mesma e amadurecia em um dia; porém a humanidade duvidou de Ma´íra e ele, em represália, fez a mandioca amadurecer lentamente. Hoje os Tenetehara têm que esperar todo o inverno para colher as raízes e, para seu plantio, é grande o esforço de derrubar
  • 10. a mata e preparar a roça. Ma´íra trouxe algodão e ensinou como tecer as redes; roubou o fogo aos urubus e ensinou o homem a assar carne, ao invés de deixa- la secar ao sol. Cansado de viajar pela terra, Ma´íra retirou-se para Karaowawo onde ainda hoje vive uma vida de abundância. Antes de Ma´íra, os Tenetehara não sabiam nada, eram bestas” (Galvão e Waglei apud Ubialli 1997). Pelas façanhas, portanto, Ma´íra foi o maior pajé e o maior guerreiro da terra pois ele possuía poderes imensuráveis, criando e dominando os homens e a natureza. Ma´íra ainda representa, talvez a nível de inconsciente, um certo ideal para os Tenetehara cuja maior aspiração é transferir os poderes dele para seu próprio domínio. Na festa do “moqueado”,durante a qual os rapazes, que celebram a passagem da infância para a idade adulta, são iniciados a serem pajés e guerreiros, transparece o anseio profundo dos Guajajaras de adquirir o domínio sobre a natureza e os homens. Coisa que nunca acontecerá de forma perfeita assim como se realizou em Ma´íra, porém sempre sobejará como ideal a ser alcançado pelos Tenetehara.