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Embriologia
Capítulo 2 – Fecundação: iniciando um novo organismo
Fecundação é o processo no qual duas células sexuais se fundem para criar um
novo individuo com potencial genético derivado de ambos os pais. A fecundação
realiza, então, duas atividades independentes: sexual (combinação dos genes) e
reprodutiva (criação de novos organismos). Os principais eventos da fecundação são:
• Contato e reconhecimento entre espermatozóide e óvulo;
• Regulação da entrada do espermatozóide no óvulo;
• Fusão do material genético do óvulo e do espermatozóide;
• Ativação do metabolismo do óvulo para iniciar o desenvolvimento.
Estrutura dos gametas – Espermatozóide: Leeuwenhoek acreditava primeiro que os
espermatozóides eram parasitas que viviam no sêmen humano, depois pensou que eram
sementes e a mulher apenas forneciam o “solo”. Hartsoeker desenhou o “homunculus”,
porém essa crença de que o espermatozóide continha um embrião inteiro, nunca foi
muito aceita, pois implicava um enorme desperdício de vida em potencial. Spallazani
demonstrou que filtrado, o sêmen de rã sem espermatozóide, não fecundava os
óvulos(???). Prevost e Dumas descobriram que os espermatozóides não eram parasitas,
mas sim agentes ativos da fecundação (“existe uma íntima relação entre sua presença
nos órgãos e a capacidade fecundante do animal”). Eles propuseram que o
espermatozóide realmente entrava no óvulo e contribuía concretamente para a próxima
geração.
A. von Kolliker descreveu a formação do espermatozóide a partir de células
testiculares, desmentiu que havia algum contato físico entre o espermatozóide e o óvulo
e acreditava que o espermatozóide excitava o óvulo a se desenvolver. Hertwig e Fol
demonstraram a penetração do espermatozóide no óvulo e a união dos núcleos destas
células. Hertwig usou o ouriço-do-mar do mediterrâneo, não apenas por ser comum
nesta região ou por se apresentar sexualmente maduro uma boa parte do ano, mas
também pela grande quantidade de ovos disponíveis. Ele observou que apenas um
espermatozóide podia ser visto penetrando em cada óvulo e que todos os núcleos do
embrião eram derivados daqueles núcleos fundidos durante a fecundação. A fecundação
foi finalmente reconhecida como a união do espermatozóide com o óvulo. Cada
espermatozóide possui um núcleo haplóide, um sistema de propulsão para mover o
núcleo e um saco de enzimas que torna o núcleo apto a penetrar no óvulo. Durante o
processo de maturação o núcleo se torna aerodinâmico e seu DNA firmemente
comprimido. À frente está a vesícula acrossômica que é derivado do complexo de Golgi
e contém enzimas que digerem proteínas e açucares complexos e são usadas para digerir
os envoltórios ovulares.
A principal porção motora do flagelo é denominada AXONEMA, que é formado
por microtúbulos originados do centríolo localizado na base do núcleo do
espermatozóide. O centro do axonema é constituído por dois microtúbulos centrais
rodeados por uma fileira de nove duplas de microtúbulos e são constituídos de uma
proteína chamada tubulina. A dineína está ligada aos microtúbulos, ela pode hidrolizar
moléculas de ATP e converter a energia química em energia mecânica que impulsiona o
espermatozóide. A energia para mover o flagelo é proveniente dos anéis de mitocôndria
localizados na região da peça intermediaria do espermatozóide.
Óvulo: todo o material necessário para iniciar o crescimento e desenvolvimento
deve estar estocado no óvulo maduro. O espermatozóide elimina a maior parte do seu
citoplasma, o óvulo em desenvolvimento não só conserva o seu material como está
ativamente envolvido em acumular mais. Ele tanto sintetiza como absorve proteínas,
como o vitelo, por exemplo, que constitui reserva de alimento para o embrião em
desenvolvimento. Este rico citoplasma inclui:
• Proteínas: são suficientes até o embrião estar pronto pra se alimentar pos si só,
muitas destas proteínas do vitelo são produzidas pelos órgãos da mãe e
transportadas para o óvulo;
• Ribossomos e tRNA: há uma repentina síntese protéica logo após a fecundação
efetuada pelos ribossomos e tRNA que já existem no óvulo. O óvulo em
desenvolvimento tem mecanismos especiais para sintetizar ribossomos;
• RNA mensageiro: as mensagens para a síntese de proteínas, utilizadas durante o
inicio do desenvolvimento, já estão empacotadas no ovócito;
• Fatores morfogênicos: moléculas que dirigem a diferenciação das células em
determinados tipos celulares.
Sobre a membrana plasmática está o envoltório vitelínico. Esta membrana
glicoprotéica é essencial para a ligação espécie-específica do espermatozóide. Em
mamíferos o envoltório é bastante espesso, sendo chamado de zona pelúcida. O óvulo
de mamíferos está também rodeado por uma camada de células, as células do cumulus,
que representam as células foliculares ovarianas que nutrem o óvulo quando este deixa
o ovário. O espermatozóide deverá passar por estas células para fecundar o óvulo.
Abaixo da membrana plasmática há o córtex. O citoplasma dessa região é mais
gelatinoso por causa das altas concentrações de moléculas globulares de actina que
durante a fecundação polimerizam para formar longos fios de actina conhecidos como
microfilamentos. Presentes também no córtex estão os grânulos corticais que são
organelas derivadas do complexo de golgi que contêm enzimas proteolíticas,
mucopolissacarídeos e proteína hialina. As enzimas e os mucopolissacarídeos são ativos
na prevenção da entrada de outro espermatozóide no óvulo, depois que o primeiro tenha
entrado e moléculas de proteína hialina rodeiam o embrião jovem dando-lhe suporte
durante o estagio de clivagem dos blastômeros.
Reconhecimento entre espermatozóide e óvulo: na fecundação externa: (1) como
podem o espermatozóide e o óvulo se encontrarem em concentrações tão baixas?; (2)
que mecanismo impede o espermatozóide da estrela-do-mar de tentar fecundar o óvulo
do ouriço-do-mar?
Ovos secretam um fator quimiotático que atrai o espermatozóide e regulam
também o momento no qual esse fator será liberado (resacina). A fusão da vesícula
acrossômica é causada pela fusão, mediada pelo cálcio, da membrana acrossômica com
a membrana plasmática adjacente do espermatozóide. Além de causar a extensão do
processo acrossômico, este significante aumento do pH é também responsável pela
ativação da dineína ATPase, localizada no pescoço do espermatozóide. Esta ativação
causa uma rápida utilização do ATP e um aumento de 50% na respiração mitocondrial.
A geléia do ovo pode promover um reconhecimento do tipo espécie-específico em
algumas espécies mas não em outras. O processo acrossômico do espermatozóide
contata a camada externa do envoltório vitelínico do óvulo, esse é o principal passo do
reconhecimento espécie-específico e a proteína mediadora é a bindina. Bindinas de
espécies muito próximas são de fato diferentes. Esta descoberta implica na existência de
receptores espécie-específicos para bindina, no envoltório vitelínico.
Mamíferos – reconhecimento e ligação dos gametas – capacitação:
espermatozóides recém-ejaculados são incapazes de sofrer a reação acrossômica sem
que tenham permanecido por um certo tempo no trato reprodutivo feminino. Este pré-
requisito para capacitação varia de espécie para espécie e pode ser mimetizado in vitro.
Ligação primaria do espermatozóide à zona pelúcida: a camada mais externa é
composta pelas células do cummulus e sua matriz, rica em ácido hialurônico. Estas
células do cummulus são remanescentes das células da granulosa do folículo ovariano e
acompanham o óvulo durante a ovulação. Em algumas espécies as células do cummulus
não estão presentes no momento da fecundação, mas elas não constituem barreira para o
espermatozóide mesmo quando estão presentes. A especificidade da ligação do
espermatozóide à zona é relativa, mas não absolutame4nte espécie-específica (em
fecundações internas especificidade desse tipo não deveria ser um grande problema) e a
ligação do espermatozóide de camundongo à zona pelúcida de camundongo pode ser
inibida por uma incubação previa do espermatozóide com glicoproteínas da zona
pelúcida. ZP1 e ZP2 não competem pela ligação com o espermatozóide.
Um conjunto de proteínas no espermatozóide, capazes de reconhecer um
carboidrato especifico e regiões da proteína ZP3 da zona pelúcida do óvulo, parece ser a
hipótese mais provável para a ligação entre os gametas de mamíferos. Existem três
proteínas, no espermatozóide, que são capazes de se ligar à zona pelúcida. (1) proteína
que se liga aos resíduos de galactose da ZP3; (2) enzima presente na membrana celular
do espermatozóide; (3) protease.
Indução da reação acrossômica pela ZP3: a aglutinação dos receptores de
espermatozóides para ZP3 é necessária para a reação acrossômica. A ZP3 poderia
provocar uma liberação de íons cálcio dentro do espermatozóide. O receptor está
acoplado à proteína de ligação ao GTP (proteína- G) que é ativada quando o receptor se
liga ao seu sítio ativo específico. A proteína-G ativada, ativa uma enzima que quebra
um lipídio de membrana e é capaz de liberar íons cálcio ligados a compartimentos da
membrana. Tal proteína-G foi descoberta em espermatozóides de mamíferos e parece
ser ativada pela ligação com ZP3. Além disso, se a ativação da proteína-G é inibida, o
espermatozóide pode se ligar a ZP3, mas não sofre a reação acrossômica.
Ligação secundária do espermatozóide à zona pelúcida: a porção anterior da membrana
plasmática do espermatozóide é desprendida dele. Aí estão localizadas as proteínas de
ligação à ZP3. Porém, o espermatozóide precisa permanecer ligado à zona pelúcida para
lisar um caminho através dela. Esta ligação secundaria à zona é completada por
proteínas na membrana acrossômica interna que se ligam à ZP2. O acrossomo intacto
não poderá se ligar à glicoproteína ZP2, mas o acrossoma do espermatozóide que já
reagiu o fará. A estrutura da zona é constituída por unidades repetidas de ZP3 e ZP2,
ocasionalmente, ligadas pela ZP1. Parece que o acrossoma que já reagiu transfere suas
ligações de ZP3 para ZP2 adjacente. Após a entrada do espermatozóide no óvulo seus
grânulos corticais liberam seu conteúdo e uma dessas proteínas é uma protease que
altera especificamente ZP2. Esta inibiria o espermatozóide que já sofreu reação
acrossômica de entrar mais profundamente no óvulo. Em suínos a proacrosina é uma
proteína que se liga à fucose que mantém a conexão entre o espermatozóide cujo
acrossomo que já reagiu e a zona pelúcida.
Contracepção pelos anticorpos: se animais machos e fêmeas são injetados com
extratos de espermatozóides, muitos produzirão anticorpos e se tornarão inférteis.
Primakoff descobriu uma proteína do espermatozóide de cobaia que poderia induzir este
tipo de esterilidade. O soro desses animais continha altas concentrações de anticorpos
conta a proteína PH-20m que está presente tanto na membrana plasmática como na
membrana interna do acrossomo do espermatozóide de cobaia. Outra forma de
contracepção imunológica por longos períodos foi conseguida produzindo-se anticorpos
contra a zona pelúcida (ZP3).
Fusão dos gametas e prevenção da poliespermia: o reconhecimento é seguido pela
lise de uma porção do envoltório que contata a cabeça do espermatozóide. Esta lise é
seguida pela fusão da membrana celular do espermatozóide com a membrana celular do
óvulo. A fusão espermatozóide-óvulo parece causar a polimerização da actina e
extensão de muitas microvilosidades do óvulo, para formar o cone de fecundação. As
membranas do óvulo e do espermatozóide se fundem e o material da membrana celular
do espermatozóide pode, mais tarde, ser encontrado na membrana do óvulo. Nem todos
os componentes da membrana do espermatozóide podem se misturar com a do óvulo.
Algum material parece estar localizado no ponto de entrada do espermatozóide.
Suspeitam que essa localização dos componentes do espermatozóide em uma área
restrita provoca uma assimetria celular, que auxilia diretamente o plano da primeira
clivagem e os movimentos citoplasmáticos dentro do ovo. Fusão é um processo ativo,
frequentemente mediado por proteínas “fusogênicas” específicas.
A entrada de múltiplos espermatozóides – poliespermia – traz, para a maioria dos
organismos, conseqüências desastrosas. O núcleo triplóide e o par extra de centríolos
causam a distribuição desigual dos cromossomos. Algumas células poderiam receber
cópias extras de certos cromossomos os quais faltariam em outras células. O modo mais
comum é prevenir a entrada de mais de um espermatozóide no óvulo. Existem dois
mecanismos principais para prevenir a poliespermia: uma reação rápida, alcançada
através de uma alteração elétrica na membrana plasmática do óvulo e uma reação mais
lenta, provocada pela exocitose dos grânulos corticais. O bloqueio rápido à
poliespermia: alcança seu objetivo mudando o potencial elétrico da membrana do óvulo.
A concentração iônica do óvulo é deferente da do ambiente, e isso é especialmente
diferente para os íons potássio e sódio. No caso do ouriço-do-mar, a água do mar tem
uma concentração particularmente alta de íons sódio, enquanto que o citoplasma do
óvulo tem relativamente pouco sódio livre. Com os íons potássio acontece o inverso.
Essa condição é mantida pela membrana celular, o potencial de membrana em repouso é
-70mV. De 1 a 3 segundos após a ligação do primeiro espermatozóide, o potencial de
membrana se desloca para um nível positivo. Um pequeno influxo de íons sódio para
dentro do óvulo é permitido, elevando assim a diferença de potencial para +20mV. O
espermatozóide não pode se fundir com membranas que têm uma ddp positiva. A
abertura dos canais de sódio no óvulo parece ser causada pela ligação do
espermatozóide ao óvulo. O bloqueio elétrico à poliespermia provavelmente não ocorre
na maioria dos mamíferos e só é efetivo quando o espermatozóide possui um
componente que é sensível à diferenças de voltagem. Bloqueio lento da poliespermia: a
poliespermia pode ainda ocorrer se os espermatozóides ligados ao envoltório vitelino
não são de alguma forma removidos. Esta remoção é efetivada pela reação dos grânulos
corticais. Estas vesículas contêm a proteína hialina, proteases, uma peroxidase e
mucopolissacarídeos. Após a entrada do espermatozóide, estes grânulos corticais se
fundem com a membrana plasmática do óvulo liberando seu conteúdo na área entre a
membrana e o envoltório vitelínico. As proteínas que ligam o envoltório vitelínico ao
óvulo são dissolvidas pelas enzimas proteolíticas liberadas e os mucopolissacarídeos,
recém liberados, produzem um gradiente osmótico que permite a entrada de água no
espaço entre a membrana celular e o envoltório vitelínico, que é então elevado e passa a
ser denominado membrana de fecundação. Primeiro, as proteases modificam ou
removem o receptor de bindina e algum espermatozóide ligado a ele. Segundo, a
peroxidase endurece a membrana de fecundação pela ligação de resíduos de tirosina às
proteínas adjacentes. A membrana de fecundação começa a se formar no local da
entrada do espermatozóide e se expande ao redor do óvulo. Tão logo o envoltório de
fecundação se forma a proteína hialina é estocada nos grânulos corticais, forma uma
cobertura ao redor do óvulo. A célula estende microvilosidades longas cujas
extremidades se ligam à camada hialina. Este envoltório hialino constitui suporte para
os blastômeros durante a clivagem. Em mamíferos a reação dos grânulos corticais não
produz uma membrana de fecundação, mas o efeito é o mesmo. A liberação de enzimas
modifica os receptores dos espermatozóides na zona pelúcida de tal forma que eles não
podem mais se ligar aos espermatozóides (reação de zona) em seguida à fusão dos
grânulos corticais próximos ao ponto de entrada do espermatozóide, uma onda de
exocitose dos grânulos corticais se propaga ao redor do córtex em direção ao lado
oposto do ovo. Íons de cálcio são diretamente responsáveis pela propagação da reação
cortical e estão estocados no próprio óvulo, dentro do reticulo endoplasmático.
Variações nas estratégias que previnem a poliespermia estão amplamente distribuídas na
natureza.
Fusão do material genético: após a fusão das membranas do espermatozóide e do
óvulo, o núcleo e o centríolo do primeiro se separam das mitocôndrias e do flagelo,
sendo que esses se desintegram dentro do óvulo. O núcleo do óvulo, ainda haplóide, é
denominado pronúcleo feminino. Dentro do citoplasma do óvulo, o núcleo do
espermatozóide de descondensa para formar o pronúcleo masculino. As proteínas
ligadas à cromatina do espermatozóide, em seu estado condensado e inativo, são
trocadas por proteínas semelhantes, derivadas do óvulo. Esta troca permite a
descondensação da cromatina do espermatozóide. Pedaços remanescentes do envoltório
nuclear original do espermatozóide são transportados pela cromatina. Rapidamente
novas vesículas membranosas se agregam ao longo da periferia da massa de cromatina e
se conectam com os fragmentos do velho envoltório para produzir a nova membrana do
pronúcleo masculino. Esse sofre uma rotação de 180º, de tal forma que o centríolo do
espermatozóide fica entre os dois pronúcleos. Os microtúbulos do centríolo do
pronúcleo masculino se estendem e conectam o pronúcleo feminino e ambos migram
para se encontrarem. A fusão forma o núcleo zigótico diplóide. O início da síntese de
DNA pode ocorrer ainda na fase de pronúcleo ou após a formação do núcleo zigótico. O
pronúcleo masculino de mamíferos aumenta em tamanho enquanto o núcleo do ovócito
completa sua segunda divisão de meiose. Então, cada pronúcleo migra para se encontrar
com o outro, replicando seu DNA enquanto viaja. No encontro, os dois envoltórios
nucleares se tocam e rompem. Contudo, em vez de produzir um núcleo zigótico comum,
a cromatina se condensa em cromossomos que se orientam para um fuso mitótico
comum. Então podem ser vistos verdadeiros núcleos diplóides em mamíferos, não no
zigoto, mas na fase de duas células.
A não equivalência dos pronúcleos de mamíferos: os pronúcleos masculino e
feminino e mamíferos são geneticamente equivalentes, porém podem ser
funcionalmente diferentes. A mola hidatiforme é um tumor que se desenvolve a partir
de um espermatozóide haplóide que fecunda um óvulo cujo pronúcleo feminino está
ausente. O desenvolvimento não ocorre nesse caso. Estas diferenças podem estar em
modificações do DNA que são diferentes nos núcleos dos óvulos e dos
espermatozóides.
Ativação do metabolismo do óvulo: o óvulo maduro é uma célula inerte, que é
reativada pela entrada do espermatozóide. Esta ativação é meramente um estímulo,
contudo, transforma em ação um conjunto de eventos metabólicos pré-programados.
As respostas do óvulo ao espermatozóide podem ser: (1) respostas imediatas – muitos
experimentos demonstram que esta liberação de cálcio é essencial para a ativação do
desenvolvimento do embrião. A liberação de cálcio é responsável pela ativação de uma
serie de reações metabólicas. Uma delas é a ativação da enzima NAD+
quinase, que
converte NAD+
em NADP+
. Esta mudança deve ter importantes conseqüências para o
metabolismo da célula. Uma delas envolve o metabolismo dos lipídios. Assim, a
mudança de NAD+
para NADP+
pode ser importante na construção de muitos
componentes das novas membranas celulares. Um outro efeito desta mudança envolve o
consumo de oxigênio. Uma súbita redução do oxigênio é verificada durante a
fecundação. A enzima responsável pela redução do oxigênio é dependente de NADPH.
(2) respostas tardias – acoplado ao aumento intracelular de cálcio livre está um aumento
do pH intracelular. Esse aumento inicia-se com um segundo influxo de íons sódio,
causando a troca de um íon sódio que entra novo por um íon de hidrogênio que vai para
a água do mar. Esta perda de íons de hidrogênio provoca uma alteração no pH que
aumenta de 6,8 para 7,2 e traz enormes mudanças na fisiologia do ovo. Ainda que se
acredite que esta mudança seja causada por uma reação mediada por cálcio, tem sido
verificado que independente da causa, o aumento do pH intracelular pode iniciar muitas
das respostas tardias, essas incluem a ativação da síntese de DNA e da síntese protéica,
para a qual são suados mRNA’s já presentes no citoplasma do ovócito. Agentes que
bloqueiam o aumento do pH também bloqueiam esses eventos tardios da fecundação.
A bioquímica da ativação do óvulo: a ativação do óvulo é causada por uma onda de
liberação de cálcio de compartimentos internos da célula. A ligação do espermatozóide
à membrana celular do óvulo provoca uma serie de reações envolvendo enzimas da
membrana que sintetizam “mensageiros secundários” (inositol 1,4,5 – trifosfato {IP3}
pode liberar íons cálcio). O IP3 liberado nesta reação se liga a uma proteína no reticulo
que libera íons cálcio. A proteína-G está envolvida na liberação dos íons cálcio ligados
e na exocitose dos grânulos corticais. Parece que a mesma química que permite ao
óvulo ativar o espermatozóide também permite ao espermatozóide ativar o óvulo.
Rearranjo do citoplasma do óvulo: a fecundação pode também iniciar o deslocamento
radical do material citoplasmático. Estes arranjos do citoplasma do ovócito são
frequentemente cruciais para a diferenciação celular durante o desenvolvimento. O
citoplasma de óvulo freqüentemente contém determinantes morfogênicos que se
segregam em células específicas durante a clivagem. Esses determinantes conduzem à
ativação ou à repressão de genes específicos e consequentemente conferem certas
propriedades às células que os incorporam. O arranjo espacial correto destes
determinantes é crucial para o desenvolvimento normal. O crescente amarelo, que se
estende do pólo vegetal ao equador traz o plasma amarelo para a área onde futuramente
os músculos serão formados na larva do tunicado. O movimento destas regiões
citoplasmáticas é dependente de microtúbulos que provavelmente são gerados pelo
centríolo do espermatozóide. O citoplasma subjacente, localizado próximo ao equador,
do lado exatamente oposto ao ponto de entrada do espermatozóide é o crescente
cinzento, que marca a região onde a gastrulação é iniciada em embriões de anfíbios. O
motor desses movimentos citoplasmáticos em ovos de anfíbios parece ser o arranjo
paralelo dos microtúbulos que se situam entre o citoplasma cortical e o citoplasma
interno do hemisfério vegetal. A orientação dos microtúbulos é paralela à direção da
rotação do citoplasma. Os microtúbulos paralelos são originários do óvulo, mas parece
que o áster do espermatozóide dá a orientação aos microtúbulos. Esses movimentos
citoplasmáticos iniciam uma cascata de eventos que determinam o eixo dorso-ventral.
Preparação para clivagem: o aumento intracelular de íons cálcio livres também
movimenta a aparelhagem da divisão celular. Os mecanismos através dos quais a
clivagem é iniciada, provavelmente diferem entre as espécies. O ritmo das divisões
celulares é regulado pela síntese e degradação da ciclina, que mantém a célula em
metáfase e a quebra da ciclina permite à célula retornar à interfase. Clivagem, o evento
que separa a fecundação da embriogênese. A posição da primeira clivagem não é ao
acaso, mas, tende a ser determinada pelo ponto de entrada do espermatozóide e a
subseqüente rotação do citoplasma do ovo. A coordenação do plano de clivagem e os
rearranjos do citoplasma são provavelmente mediados pelos microtúbulos do áster do
espermatozóide.
Histologia básica
1 – A histologia e seus métodos de estudo
A histologia estuda as células e o material extracelular que constituem os tecidos
do corpo. O ME que é 1000 vezes mais potente que o MO ampliou bastante o campo de
estudo da histologia, assim como outros instrumentos e técnicas de estudo como a
cultura de células, as técnicas de radioautografia e de imuno-histoquímica.
Como são feitas as lâminas histológicas: o que se deseja é levar ao microscópio um
preparado no qual os tecidos estejam perfeitamente preservados, apresentando a mesma
estrutura e composição química que possuíam quando vivos.
A fixação estabiliza os tecidos: para que a célula não se destrua (autólise), ou bactérias
não a destruam, os tecidos devem ser tratados imediatamente após sua retirada. Esse
tratamento é denominado fixação, cuja principal função é insolubilizar as proteínas do
tecido. Um dos melhores fixadores para o MO é o formaldeído a 4% em solução
tamponada. No ME são usadas duas fixações, primeiro em solução tamponada de
aldeído glutárico, e em seguida, em solução também tamponada, de tetróxido de ósmio.
Etapas Finalidades Durações
1. Fixação em fixador simples
ou em mistura fixadora
(liquido de Bouin, Helly etc.).
Preservar a morfologia e a
composição dos tecidos.
Cerca de 12 hs,
dependendo do fixador
do tamanho da peça.
2. Desidratação em álcool
etílico de concentrações
crescentes, começando com
álcool a 70% e terminando
com álcool absoluto.
Remover a água dos tecidos. 6 a 24hs, dependendo
do tamanho da peça.
3. Clareamento ou
diafanização em benzol, xilol
ou toluol, solventes do álcool
e da parafina.
Embeber a peça em substancia
miscível com a parafina.
1 a 6hs, dependendo o
tamanho da peça.
4. Impregnação pela parafina
fundida, geralmente realizada
em estufa a 60ºC.
A parafina penetra nos vasos,
nos espaços intercelulares e
mesmo no interior das células,
impregnando o tecido e
tornando mais fácil a obtenção
dos cortes no micrótomo.
30 min a 6hs,
dependendo do
tamanho da peça.
5. Inclusão: a peça é colocada
num molde retangular
contendo parafina fundida.
Obtenção do bloco de parafina
de forma regular, para ser
cortado no micrótomo.
Após a fixação os tecidos são impregnados com parafina ou resinas sintéticas a fim
de que possam ser cortados em fatias finas: para a obtenção dos cortes os tecidos tem
que ser embebido e envolvidos em substancias de consistência firme (parafinas ou
resinas plásticas). Há uma série de tratamentos que o tecido deve sofrer antes da
impregnação. Na primeira etapa, a desidratação, a água é extraída dos tecidos pela
passagem dos mesmos em banhos de concentrações crescentes de etanol, geralmente de
70% até o etanol absoluto (ou puro ou 100%). Em seguida, o etanol é substituído por
um liquido miscível como meio de inclusão. Para a inclusão em parafina usa-se o xilol
ou benzol. Os tecidos embebidos nessas substancias tornam-se translúcidos, por isso
essa etapa é chamada diafanização ou clareamento. Mergulha-se o tecido em parafina a
60ºC. Devido ao calor o xilol ou benzol evaporam e os espaços anteriormente ocupados
por eles são ocupados pela parafina. Em seguida coloca-se o tecido num recipiente
contendo um pouco de parafina fundida e deixa solidificar em temperatura ambiente
formando um bloco de parafina como tecido no seu interior, que é seccionado pela
navalha de aço do micrótomo, obtendo-se cortes de 6 a 8 µm de espessura. Esses cortes
são estirados em água quente e colocados nas lâminas. A imersão dos tecidos em etanol
e xilol ou benzol retira os lipídios, quando são eles que se quer estudar usa-se o
micrótomo de congelação.
A coloração facilita a visualização dos componentes teciduais: a maioria dos tecidos
é incolor. A maioria dos corantes utilizados em histologia comporta-se como ácido ou
base e tende a formar ligações salinas com radicais ionizáveis presentes nos tecidos. Os
componentes basófilos têm caráter ácido e se ligam aos corantes com caráter básico, já
os acidófilos têm caráter básico e se ligam aos corantes com caráter ácido. Azul-de-
toluidina, azul-de-metileno e a hematoxilina são corantes básicos, enquanto orange G,
eosina e fucsina ácida são corantes ácidos. O núcleo celular é basófilo e o citoplasma é
quase sempre acidófilo. A coloração dupla pela hematoxilina e a eosina (HE) é a mais
utilizada na rotina em histologia, porem muitos outros corantes são usados. Além dos
corantes usa-se também a impregnação metálica com sais de prata e ouro.
Técnicas Constituintes Núcleos Citoplasma Fibras
colágenas
Fibras
elásticas
Fibras
reticulares
HE Hemalúmen
(hematoxilina)
Azul ---- ---- Irregular ----
Eosina ---- Róseo Róseo Irregular ----
Hematoxilina
férrica
Preto ---- ---- ---- ----
Tricrômico
de Masson
Fucsina ácida
e ponceau de
xilidina
---- Vermelho ---- ---- ----
Verde-luz ---- ---- Verde ---- ----
Fucsina-
resorcina de
Weigert
Fucsina-
resorcina
---- ---- ---- Púrpura ----
Impregnação
argêntica
para fibras
reticulares
Soluções de
sais de prata
---- ---- Castanho-
escuro
---- Preto
O microscópio óptico não permite o estudo de detalhes com menos de 0,2µm: a
parte óptica do microscópio consiste em três sistemas de lentes: condensador, objetiva e
ocular. A ampliação total dada pelo MO é igual ao aumento da objetiva multiplicado
pelo aumento da ocular. O fator mais significativo para uma boa imagem é a resolução,
que é a menor distancia para que duas partículas apareçam como objetos separados. O
limite da resolução dos melhores MO é 0,2µm e ele depende essencialmente da
objetiva, a ocular apenas aumenta de tamanho a imagem projetada de foco pela objetiva.
Os microscópios de contraste de fase facilitam a visualização das células e tecidos
vivos: o estudo de tecidos vivos é difícil, pois a maioria dos seus componentes são
incolores e transparentes. O microscópio de contraste permite o estudo de muitos
detalhes celulares in vivo. A velocidade com que a luz atravessa um corpo transparente
depende da quantidade de matéria presente e determina o índice de refração desse
corpo. Quanto maior a densidade, maior o índice de refração e menor a velocidade da
luz no corpo. Como as diversas estruturas celulares têm índices diferentes, causam
atrasos diferentes nas ondas luminosas dando origem a diferenças de fase entre as ondas
luminosas emergentes, mas essas diferenças ao são visíveis. No microscópio de
contraste de fase existem dispositivos especiais que transformam essas diferenças de
fase em diferenças de amplitude, dando diferenças de intensidade luminosa, para as
quais a retina é sensível.
Cortes ópticos podem ser obtidos com o microscópio confocal: este tipo de
microscópio utiliza raios laser e gera imagens de planos ópticos do tecido em exame.
Isto torna possível imagens muito nítidas porque o material situado abaixo do plano de
foco não contribui para a formação da imagem e, assim, não compromete sua nitidez.
O microscópio de polarização revela a presença de moléculas alongadas e
orientadas: ao atravessar um filtro polariode a luz torna-se polarizada. Colocando-se
um segundo filtro no microscópio, acima do primeiro e com seu eixo perpendicular, a
luz não atravessa o conjunto. O primeiro filtro é colocado no condensador e recebe o
nome de polarizador. O segundo filtro, ou analisador, é colocado entre a objetiva e a
ocular. Quando o polarizador e o analisador estão com seus eixos perpendiculares, o
campo do microscópio aparece escuro, mas se entre os dois filtros existirem estruturas
contendo moléculas orientadas (anisotrópicas ou birrefringentes, modificam o eixo da
luz recebida do polarizador), estas estruturas aparecerão brilhantes contra um fundo
escuro.
Microscopia de fluorescência: quando excitadas por certos comprimentos de onda,
algumas substâncias absorvem energia e emitem luz de maior comprimento de onda.
Em microscopia utiliza-se a citação com radiação ultravioleta, para que a radiação
emitida caia na faixa de luz visível. As substancias fluorescentes aparecem como
substancias brilhantes contra um fundo escuro.
Microscopia eletrônica: os elétrons são produzidos graças ao aquecimento no vácuo de
um filamento que então emite elétrons. Essas partículas são aceleradas devido a uma
ddp de 60 a 100 kV existente entre o filamento e o anodo. Devido ao fato de serem
elétrons facilmente desviados pelo objeto, torna-se necessário utilizar cortes muito finos
de tecido (20 a 100 nm de espessura). Para isso foi necessário desenvolver métodos
especiais de microtomia, os cortes são feitos em um ultramicrótmo, nos quais são
utilizadas navalhas de vidro ou diamante. Enquanto no MO a luz é absorvia pelas
estruturas coradas, no ME os elétrons são desviados por porções do objeto que
contenham átomos de elevado peso atômico. O resultado é que as estruturas que
desviam elétrons aparecem escuras na tela fluorescente e são chamadas de elétron-
densas. A capacidade de desviar os elétrons depende do numero atômico, por isso se
costuma impregnar os cortes de tecidos com metais pesados a fim de aumentar o
contraste, resultando assim uma imagem nítida e bem visível.
A analise dos elétrons refletidos permite o estudo da superfície de células e tecidos
especialmente preparados: alem do ME já descrito, chamado de transmissão, existe
outro tipo, denominado microscópio de varredura aqui, entre lente eletromagnética e o
objeto é interposta uma bobina de varredura que provoca um desvio no feixe de
elétrons, de tal modo que o mesmo vai incidir sobe o objeto ponto por ponto, numa
seqüência determinada. O objeto não se deixa atravessar pelo feixe eletrônico, devido a
sua espessura e a uma cobertura feita por evaporação de metal pesado sobre a sua
superfície. Desse modo, o feixe de elétrons que incide sobre o objeto (feixe primário)
sofre reflexões, originando elétrons secundários, os quais são captados por detectores
especiais que geram um sinal elétrico, transferido para um tubo de vídeo.
O uso combinado de moléculas radioativas e suspensões de brometo de prata em
gelatina (emulsões fotográficas) é a base da técnica radioautográfica: essa técnica
torna possível a localização de substancias radioativas nos tecidos. Cristais de brometo
de prata agem como microdetectores da radioatividade, pois atingidos pela radiação,
depois de revelados, transformam-se em grãos de prata metálica, que aparecem negros
ao microscópio, denunciando a presença de radioatividade nas estruturas com as quais
estão em contato. Esse método tem sido utilizado para o estudo de fenômenos
biológicos. Por exemplo, a síntese de proteínas pode ser estudada pela injeção de
aminoácidos marcados com carbono 14 e hidrogênio 3, as moléculas que se formarem
serão radioativas e poderão ser encontradas pela radioautografia.
A separação , em quantidade, dos componentes celulares é possível pela técnica de
centrifugação fracionada: é um processo físico que aplica a força centrifuga para
separar organelas celulares, de acordo como coeficiente de sedimentação de cada uma,
esse depende do tamanho, forma e densidade da partícula e da densidade e viscosidade
do meio. Submetendo-se uma célula à ação de uma força centrifuga adequada, suas
organelas se distribuirão em diferentes camadas. Utilizando essa técnica pode-se isolar
qualquer organela celular, determinar sua composição química e estudar suas funções in
vitro. Após a homogeneização, inicia-se a centrifugação d sobrenadante, utilizando-se
forças centrífugas cada vez maiores. As partículas mais densas sedimentam primeiro. O
sobrenadante de cada centrifugação é submetido a uma força centrífuga maior, obtendo-
se, desse modo, a separação dos diversos componentes celulares.
Histoquímica e citoquímica: esses termos são usados para indicar os métodos para a
localização de diferentes substancias nos cortes de tecido e eles têm por base reações
químicas especificas, ou a interação macromolecular de alta afinidade. Nos dois casos, o
resultado final é a produção de compostos insolúveis, coados, ou eletrón-densos, que
possibilitam a localização de sustâncias específicas nos cortes de tecidos através do uso
do MO ou ME. Para os lipídios os corantes mais usados são: o Sudan IV e o Sudan
negro, que coram os lipídios respectivamente em vermelho e preto; para os ácidos
nucléicos: a reação de Feulgen; para o RNA: azul-de-toluidina ou azul-de-metileno
(precisa de lâmina controle com ribonuclease); para polissacarídeos: PAS (reação do
acido periódico de Schiff, precisa de lâmina controle com amilase); para enzimas:
produzir um precipitado fortemente corado ou elétron-denso no local da atividade
enzimática.
Interações de alta afinidade entre macromoléculas servem para a realização de
técnicas importantes como a imunocitoquímica, a citoquímica com lectinas e a
hibridização in situ: essas interações são muito especificas, localizando as moléculas
com muita precisão, o exemplo mais bem estudado é a interação antígeno-anticorpo. A
técnica da imunocitoquímica baseia-se no seguinte fato: quando uma macromolécula
estranha denominada antígeno é introduzida em um organismo, este reage produzindo
uma proteína chamada anticorpo, que por sua vez combina-se especificamente com o
antígeno. A técnica consiste em acoplar sustâncias marcadoras a anticorpos sem que
estes percam a capacidade de se combinar como antígeno. Isto é utilizado de duas
maneiras, denominadas técnicas direta e indireta de imunocitoquímica. Três métodos
são muito utilizados para marcar os anticorpos: (1) conjugação com composto
fluorescente; (2) conjugação com uma enzima e (3) conjugação com uma substancia que
não se deixa atravessar pela luz e que dispersa elétrons. TÉCNICA DIRETA: para um
antígeno x tirado de um animal é feito um anticorpo em outro animal, que depois de
purificado e acoplado com um composto fluorescente volta para o animal que tinha o
antígeno X e se liga a ele formando uma estrutura acoplada fluorescente, ficando visível
a localização do antígeno X. TÉCNICA INDIRETA: na primeira etapa faz-se a imersão
do corte histológico em solução com anticorpo não marcado, obtido do sangue de um
animal no qual foi injetado o antígeno cuja localização se deseja determinar. O
anticorpo fixa-se ao antígeno, mas isso não pode ser observado ao microscópio, por isso
o anticorpo não está marcado. Na segunda etapa, imerge-se o preparado em solução
com antigamaglobulina marcada. Esta ultima é, portanto, um anticorpo. A
antigamaglobulina marcada fixa-se à gamaglobulina que já está ligada ao antígeno,
revelando a localização dele. TÉCNICAS DE HIBRIDIZAÇÃO IN SITU: para
entender como a célula funciona é necessário entender o fluxo de informações entre o
DNA e as proteínas sintetizadas na célula. Dentre as técnicas com essa finalidade
encontra-se a técnica de análise Southern, que possibilita caracterizar e quantificar o
DNA de um gene; análise Northern, que identifica e quantifica um RNAm mesmo na
presença dos numerosos outros RNA’s; e a análise Western, para detecção de uma
proteína especifica, dentre as que existem numa célula ou tecido. As análises Southern e
Northern se baseiam na alta afinidade que existe entre segmentos complementares de
ácidos nucléicos, o que torna possível a hibridização. A análise Western se baseia na
alta afinidade e especificidade entre antígenos e respectivos anticorpos.
HISTOQUÍMICA COM LECTINAS: as lectinas são proteínas obtidas de sementes de
vegetais, que se ligam com alta afinidade e especificidade a carboidratos da superfície
celular. As diferentes lectinas ligam-se a segmentos específicos de certos hidratos de
carbono. Caracterizam moléculas da membrana que contêm certos carboidratos, e
geralmente, é marcada com peroxidase, para tornar possível sua localização através da
técnica histoquímica para peroxidase.
Histologia básica
2 – Tecido epitelial
Os tecidos que constituem os diversos órgãos do corpo são constituídos por
células mais a matriz extracelular, que é produzida pelas células. Existem quatro tipos
básicos de tecido: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso.
Os epitélios são constituídos por células, geralmente, poliédricas, justapostas,
entre as quais se encontra pouca substância extracelular. As células epiteliais aderem
firmemente umas às outras, formando camadas celulares contínuas que revestem a
superfície externa e as cavidades do corpo. Além dos epitélios de revestimento, existem
também os epitélios glandulares, formados por células especializadas na produção de
secreção. Há ainda epitélios especializados na captação de estímulos provenientes do
ambiente, são os neuroepitélios.
Geralmente a forma do núcleo acompanha a forma da célula: células cúbicas
apresentam núcleo esférico, ao passo que células prismáticas têm núcleo elíptico. O eixo
maior dos núcleos acompanha o eixo maior das células.
O glicocálice é uma delgada camada glicoprotéica que reveste as células epiteliais
(e outras células também): as glicoproteínas tomam parte nos processos celulares de
pinocitose, de adesão entre as células, em fenômenos imunológicos e em outros
processos vitais.
A lâmina basal separa e prende o epitélio ao tecido conjuntivo adjacente,
permitindo porem a passagem de diversas moléculas: os epitélios apresentam na sua
superfície de contato com o tecido conjuntivo, uma estrutura chamada lâmina basal, que
tem espessura de 20 a 100 nm, é formada principalmente, por colágeno tipo IV, uma
glicoproteína denominada laminina e proteoglicanas, sendo sintetizada pelas células
epiteliais.
Em determinadas regiões do organismo, verifica-se, em continuação à lâmina
basal, um acúmulo de fibras reticulares e complexos de proteínas e glicoproteínas,
formando um conjunto que e visíveis ao microscópio óptico. A associação da lâmina
basal com essa estrutura chama-se membrana basal.
Nos epitélios sujeitos a atritos fortes, a lâmina basal fixa-se ao tecido conjuntivo
subjacente por meio de finas fibrilas de colágeno tipo VII, chamadas fibrilas de
ancoragem.
Quando as células migram para suas localizações corretas, no desenvolvimento
embrionário, apoiando-se nas lâminas basais, as mutações que modificam as proteínas
normais da lâmina basal afetam gravemente a organogênese.
Estruturas diversas, principalmente os desmossomos, asseguram forte coesão entre
as células epiteliais: da aderência das células epiteliais participam proteínas da família
das caderinas, que são proteínas transmembrana, com a função de prender as
membranas de células contíguas. As caderinas perdem sua adesividade na ausência de
Ca+.
As junções celulares servem para a aderência e também para vedar o espaço
intercelular. Certas junções formam canais de comunicação entre as células adjacentes.
Nos epitélios prismáticos com uma única camada de células, frequentemente, as junções
se apresentam numa ordem definida da parte apical para a parte basal da célula.
Nessas células, as zônulas de oclusão são as junções mais apicais. Todas as
zônulas são estruturas em forma de faixa, formando um cinturão em volta da célula. As
zônulas de oclusão são caracterizadas pela íntima justaposição periódica das membranas
celulares das células vizinhas, com fusão dos folhetos externos das membranas e forma
uma barreira que impede a passagem de moléculas por entre as células epiteliais, ou
seja, ela tem um efeito soldador, contribuindo para a formação de compartimentos
funcionais delimitados por células epiteliais.
A junção encontrada a seguir é a zônula de adesão, que circunda toda a volta da
célula e contribui para a aderência entre células vizinhas. Aqui há uma discreta
separação entre as membranas celulares e um pequeno acúmulo de material elétron-
denso na superfície interna dessas membranas. No material elétron-denso se inserem
componentes da trama terminal, uma estrutura localizada no pólo apical das células e
que contém a proteína espectrina, filamentos de actina e filamentos intermediários.
Admite-se que a trama terminal reforça o citoplasma do ápice da célula.
O conjunto formado pelas zônulas de oclusão e de adesão constitui o complexo
unitivo e é responsável por uma estrutura a muito conhecida como rede terminal.
A junção comunicante (gap junction) ou néxus pode ocorrem em qualquer
posição nas membranas laterais das células epiteliais. São encontradas também nos
outros tecidos, menos no muscular estriado esquelético. Caracteriza-se pela aposição
das membranas de células adjacentes, após criofratura observam-se agregados de
partículas formando placas circulares nas membranas. As junções comunicantes são
formadas de hexâmeros protéicos, cada um com um poro hidrofílico central de 1,5 nm.
Cada hexâmero se alinha como da célula adjacente e forma um canal hidrofílico entre as
duas células, esses canais permitem a passagem de moléculas informacionais como
AMP cíclico, GMP, íons etc., e podem propagar informações entre células vizinhas
integrando as funções celulares nos tecidos.
As junções comunicantes se formam rapidamente entre células previamente
isoladas. O fato de inibidores metabólicos, especialmente os que bloqueiam a oxidação
fosforilativa, impedirem a formação dessas comunicações e também promoverem a
desagregação das existentes mostra que elas se mantêm graças a um processo que
consome energia. Como as novas junções comunicantes se formam mesmo que a síntese
protéica seja interrompida, admite-se que elas podem se formar pela aproximação das
moléculas protéicas (unidades do hexâmero) preexistentes e dispersas na membrana
celular.
O desmossomo ou mácula de adesão está relacionado com a aderência
intercelular, ele é uma estrutura complexa, em forma de disco constituído pela
membrana de duas células contíguas. Na região do desmossomo as membranas celulares
se afastam. Desmossomos apresentam rigidez. Proteínas da família das caderinas
participam da aderência proporcionada pelos desmossomos. Na face citoplasmática de
cada membrana existe uma placa circular constituída de ao menos 12 proteínas na qual
se prendem filamentos intermediários de queratina (tonofilamentos).
Na zona de contato entre algumas células epiteliais e a lamina basal,
frequentemente, existem hemidesmossomos. Eles auxiliam a fixação da célula epitelial
à lâmina basal subjacente e são mais freqüentes onde o epitélio está sujeito a atritos
fortes. Aqui a aderência é devido à proteínas da família das integrinas.
As junções intercelulares podem ter três funções: (1) junções de adesão (zônula
de adesão, desmossomos e hemidesmossomos), (2) junções impermeáveis (zônulas de
oclusão) e (3) junções de comunicação (junções comunicantes).
OBS.: a adesão entre as células pode ser aumentada pela grande quantidade de
interdigitacões observadas nas membranas das paredes laterais das células epiteliais
vizinhas.
As células epiteliais geralmente são polarizadas: a maioria das células epiteliais
possui uma estrutura diferente, conforme a extremidade do citoplasma que é observada.
Organelas, vesículas de secreção, material de deposito (inclusões) não se distribuem de
modo uniforme no citoplasma. Certas estruturas predominam num pólo, conforme a
atividade funcional da célula. O pólo basal é aquele em contato com a lâmina basal e o
pólo apical é a direção oposta. A polaridade celular não é exclusiva das células
epiteliais.
As células epiteliais apresentam estruturas para aumentar a superfície ou
movimentar partículas: MICROVILOS: as células epiteliais com função de absorção
apresentam na superfície livre milhares de microvilos (formados por filamentos de
actina). Frequentemente, nos microvilos, o revestimento glicoprotéico (glicocálice)
apresenta-se mais denso. ESTEREOCÍLIOS: são estruturas imóveis, de distribuição
restrita, encontradas na região apical das células de revestimento do epidídimo e do
canal deferente. São constituídos por longos prolongamentos citoplasmáticos, que
podem sofrer anastomose. Aumentam a superfície celular, facilitando o transito de
moléculas para dentro e fora das células. Apesar do nome tem semelhança com os
microvilos e não com os cílios. CÍLIOS E FLAGELOS: os cílios apresentam forma
cilíndrica, revestidos pela membrana celular, contendo no centro um par de
microtúbulos isolados e, na periferia, nove pares de microtúbulos fundidos dois a dois e
dispostos circularmente. Os cílios se inserem nos corpúsculos basais. O movimento
celular é coordenado, provocando uma corrente de fluido em uma só direção. Os
movimentos ciliares resultam da atividade dos microtúbulos, que utilizam a energia
fornecida por moléculas de ATP. Os flagelos, que no organismo humano existem
apenas nos espermatozóides, têm estrutura semelhante à dos cílios, porem são muito
mais longos e, normalmente, cada espermatozóide tem apenas um flagelo.
As funções básicas dos epitélios são de revestir, separando compartimentos, e
secretar: os epitélios estão classificados em dois grandes grupos: de revestimento e
glandulares.
De acordo com as condições funcionais locais, os epitélios de revestimento podem
ter uma ou mais camadas de células: são tecidos cujas células se dispõem em
camadas, recobrindo a superfície externa ou as cavidades do corpo. Estão sempre
apoiados numa camada de tecido conjuntivo que contem os vasos sanguíneos cujo
sangue nutre o epitélio. São classificados tendo em vista o numero de camadas
constituintes e a forma das células na camada mais superficial. Pelo primeiro critério, os
epitélios podem ser simples ou estratificados. Os epitélios simples subdividem-se em
pavimentosos, cúbicos e prismáticos ou cilíndricos. Nos epitélios estratificados, a
classificação baseia-se na forma das células da camada mais superficial do epitélio. O
epitélio estratificado, chamado de transição, que reveste a bexiga, caracteriza-se pelo
fato de suas células superficiais não serem nem pavimentosas nem prismáticas, mas
globosas. Nesse epitélio, o número de camadas e a forma das células superficiais variam
conforme o órgão esteja distendido ou não.
Chama-se mucosa o conjunto constituído por epitélio mais tecido conjuntivo,
que reveste cavidades úmidas, como boca, bexiga, intestino. O conjuntivo das mucosas
recebe o nome de lâmina própria ou córion.
Com raras exceções, os vasos sanguíneos não penetram no epitélio, de modo que
a nutrição é feita por difusão através do tecido conjuntivo.
O tecido epitelial, geralmente, apresenta fibras nervosas sensoriais, que acabam
em terminações nervosas livres, constituindo, às vezes, uma rica rede intra-epitelial,
conferindo grande sensibilidade ao epitélio.
As células epiteliais glandulares se especializam na produção de vários tipos de
secreção: quase sempre os produtos elaborados pelas células glandulares são
acumulados temporariamente no citoplasma, sob a forma de pequenas partículas
envolvidas por membrana, as vesículas ou grânulos de secreção. Os epitélios
glandulares formam órgãos denominados glândulas. Quando cada célula secretora
aparece isolada, a glândula é unicelular. A maioria das glândulas, porém, é pluricelular.
As glândulas originam-se pela proliferação das células de epitélios de revestimento,
com invasão do tecido conjuntivo subjacente e posterior diferenciação.
As glândulas são órgãos envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo que
emite septos, dividindo-as em lobos e lóbulos. Vasos sanguíneos e nervos penetram na
glândula dentro dos septos, fornecendo nutrientes e estímulo nervoso para as funções
glandulares.
De acordo coma maneira pela qual o produto de secreção sai das células, as
glândulas podem ser merócrinas (só saem os produtos de secreção – pâncreas e
glândulas salivares), holócrinas (a célula toda se destaca da glândula, arrastando consigo
o produto de secreção – sebácea) e apócrinas (são intermediárias, o produto de secreção
é eliminado com uma parte do citoplasma apical – sudoríparas).
Glândulas endócrinas:
- tipo cordonal (adrenal, hipófise e paratireóide): células se dispõem em cordões
maciços que sofrem anastomose e ficam separados por capilares sanguíneos, que
recolhem os produtos elaborados pela glândula.
- tipo vesicular (tireóide): células se agrupam formando vesículas, constituídas por uma
só camada de células, limitando o espaço onde a secreção se acumula temporariamente.
Glândulas exócrinas: existe uma porção secretora e o ducto excretor. Quando a
glândula tem um único ducto que não se divide, é uma simples. Quando os ductos se
dividem, a glândula é chamada composta. A forma da porção secretora permite separar
as glândulas em acinosas e tubulosas. Os ácinos de luz ampla são por vezes chamados
de alvéolos. A associação das partes secretoras mencionadas forma as glândulas
tubuloacinosas e as tubuloalveolares. Quanto à parte secretora, as glândulas podem ser
ramificadas ou não.
Renovação das células epiteliais: há uma renovação constante das células graças a
uma atividade mitótica continua.
Metaplasia é a transformação patológica de um tecido em outro: em condições
patológicas, certas células podem sofrer alterações e dar origem a um novo tipo de
tecido. Exemplos: o epitélio pseudo-estratificado da taqueia e dos brônquios, em
fumantes crônicos sob a ação irritante do fumo, pode transformar-se em epitélio
estratificado pavimentoso; na deficiência crônica de vitamina A, o epitélio dos
brônquios, o epitélio de transição da bexiga e vários outros são substituídos por epitélio
estratificado pavimentoso queratinizado.
As glândulas são controladas por mecanismos nervosos e hormonais mediados por
mensageiros químicos: geralmente um fator predomina sobre o outro no controle da
atividade glandular. Tanto o controle nervoso como o hormonal se exercem através de
substancias chamadas mensageiros químicos. Os mensageiros químicos são chamados
neurotransmissores, e os produzidos pelas glândulas endócrinas são os hormônios.
OBS.: a partir de ATP ou GTP formam-se AMP ou GMP cíclicos, pela ação da enzima
adenilato ciclase ativada pelo primeiro mensageiro. A adenilato ciclase está localizada
na membrana e a ela se associa um receptor para o primeiro mensageiro. Os segundos
mensageiros, cAMP ou cGMP, formam-se dentro da célula, enquanto o primeiro
mensageiro permanece na face externa da membrana. Os efeitos de muitos
neurotransmissores e hormônios são mediados por cAMP ou cGMP. A especificidade
dos primeiros mensageiros sobre os diferentes tipos celulares depende dos receptores
específicos.
Os mensageiros químicos agem através de dois mecanismos. No primeiro caso,
o mensageiro penetra na célula, combina-se com receptores intracelulares e o complexo
do mensageiro com o receptor liga-se ao DNA ativando um ou mais genes, iniciando a
produção de proteínas específicas. Os hormônios esteróides que atravessam facilmente a
membrana plasmática, graças a sua grande solubilidade nos lipídios, agem desta
maneira.
O segundo mecanismo depende da interação do mensageiro com receptores
localizados na superfície externa da membrana da célula glandular. Essa molécula
mensageira, chamada primeiro mensageiro, induz o aparecimento dos mensageiros
intracelulares, que iniciam uma serie de eventos culminando com a ativação da
secreção. Os hormônios polipeptídicos e os neurotransmissores, que não são solúveis
nos lipídios e portanto não atravessam facilmente a membrana celular, atuam através
dos mensageiros intracelulares.
O transporte ativo de íons é facilitado pelo aumento da superfície celular e
consome muita energia: nos mamíferos, a concentração de Na+ no liquido extracelular
é de 140 mmol/L, enquanto a concentração intracelular desse íon é de apenas 5 – 15
mmol/L. Acresce que o interior da célula é eletricamente negativo em relação ao meio
extracelular. Nessas condições o íon sódio eletricamente positivo, tende a penetrar na
célula, a favor de um gradiente de concentração e elétrico. A célula usa a energia
acumulada em ATP para expelir Na+ por meio de um sistema conhecido como bomba
de sódio, mantendo assim baixa a concentração de sódio no meio intracelular.
Em muitos epitélios simples pavimentosos é intenso o transporte através de
vesículas de pinocitose: as células utilizam pinocitose para transportar
macromoléculas. Essa atividade observa-se nos epitélios simples dos endotélios e
mesotélios, caracterizados pela forma pavimentosa, presença de grande numero de
vesículas pinocitóticas na membrana e no citoplasma e relativa escassez de organelas. O
material captado por pinocitose numa face da célula atravessa o citoplasma no interior
das vesículas de pinocitose e é descarregado na face oposta da célula.
As células que secretam proteínas são ricas em reticulo endoplasmático rugoso:
todas as células sintetizam proteínas continuamente, para substituir as moléculas gastas
nos processos metabólicos normais. Mas algumas são especializadas, pela
diferenciação, para a produção de grandes quantidades de proteínas. Em células que
produzem enzimas digestivas, como o pâncreas, os grânulos que ficam no ápice da
célula, são chamados de grânulos de zimogênio.
Células epiteliais com função endócrina e parácrina, de localização difusa: muitas
células do sistema secretor difuso, encontrado no revestimento epitelial do estômago e
dos intestinos, são capazes de captar precursores das aminas e de promover a
descarboxilação destes precursores. Por estas razões, estas células secretoras foram
denominadas células APUD (Amine Precursors Uptake and Decarboxylation).
A secreção mucosa contém glicoproteínas complexas, hidrofílicas, viscosas e de
função lubrificante e protetora: a célula caliciforme é um exemplo desse tipo de
célula. Apresentam muitos grânulos de secreção glicoprotéica, grandes e pouco elétron-
densos no seu pólo apical. O núcleo é geralmente achatado e deslocado para a base da
célula. Esta região é rica em REG, o aparelho de Golgi é bem desenvolvido e localizado
logo acima do núcleo. Quando as glicoproteínas são liberadas da célula, tornam-se
muito hidratadas e formam um gel viscoso e elástico chamado muco, que protege e
lubrifica a superfície do epitélio.
Células serosas e mucosas: o termo seroso provém do fato do produto de secreção
dessas células ser um fluido claro, pouco viscoso, rico em proteínas, parecidas como
soro sanguíneo. As células mucosas caracterizam-se pela presença de grânulos de
secreção grandes e pouco corados, que ocupam a maior parte do citoplasma, deslocando
o núcleo, eu é achatado, para a base da célula. As células serosas apresentam núcleo
arredondado e claro, basofilia citoplasmática (REG) localizada principalmente no terço
basal da célula e numerosos grânulos de secreção acidófilos, facilmente visíveis na parte
apical da célula.
As células que secretam hormônios esteróides são ricas em REL e em mitocôndrias
contendo cristas tubulares: essas células são encontradas nos testículos, nos ovários, e
nas glândulas adrenais. Elas distinguem-se pelas seguintes características: são células
poliédricas ou arredondadas, com núcleo central e citoplasma geralmente com
numerosas gotículas de lipídios; o REL é muito desenvolvido; apresentam mitocôndrias
grandes, geralmente esféricas ou ligeiramente alongadas, que contêm parte das enzimas
necessárias para a síntese dos hormônios esteróides. Esta síntese resulta da colaboração
entre o REL e as mitocôndrias.
As células mioepiteliais, contráteis, envolvem ácinos e participam da expulsão da
secreção: em várias glândulas (sudoríparas, mamarias, salivares e lacrimais),
encontram-se células contrateis denominadas mioepiteliais, que se localizam entre a
lâmina basal e as células secretoras. Aumentam o fluxo do produto de secreção das
glândulas através da compressão das unidades secretoras. O citoplasma apresenta
numerosos filamentos de actina e contém também miosina. Apresentam ainda
filamentos intermediários de queratina, o que confirma sua origem epitelial.
Tumores derivados do tecido epitelial: os tumores malignos são os carcinomas,
quando derivados de um epitélio glandular, devem ser denominados adenocarcinomas.
Os tumores malignos são constituídos por células que se proliferam de modo
descontrolado e são capazes de atacar e perfurar a lâmina basal, para se espalharem pelo
organismo, formando as metástases. Como nos tumores dos outros tecidos, também nos
tumores de origem epitelial o grau de diferenciação das células tumorais é variável.
Quanto mais indiferenciado o tumor, maior sua malignidade. Muitas vezes é difícil
identificar a origem dos tumores muito indiferenciados. Como geralmente as células dos
tumores do tecido epitelial contêm proteínas da família das queratinas, a identificação
dessas proteínas, por meio de técnicas imunocitoquímicas, auxilia no diagnostico e no
planejamento do tratamento.
Histologia básica
3 – Tecido conjuntivo
Apresenta diversos tipos de células separadas por abundante material
extracelular, sintetizado por elas. Esse material é representado por uma parte com
estrutura microscópica bem definida, as fibras do conjuntivo, e pela matriz extracelular
ou substância fundamental, um gel viscoso de macromoléculas alongadas
(glicosaminoglicanas, proteoglicanas e glicoproteínas adesivas) muito hidratadas, que
formam um arcabouço entrelaçado e ligado às fibras e a receptores celulares
denominados integrinas. As fibras do conjuntivo são de três tipos principais: colágenas,
reticulares e elásticas. Os tecidos conjuntivos originam-se do mesênquima. As células
mesenquimais possuem núcleos ovóides, com a cromatina fina. O mesênquima deriva,
principalmente, do mesoderma e suas células migram no embrião, envolvendo os órgãos
em formação e neles penetrando.
As fibras do conjuntivo são constituídas por proteínas que se polimerizam
formando estruturas alongadas: os três tipos de fibra se distribuem desigualmente
entre as variedades de tecido conjuntivo. Muitas vezes as fibras predominantes são
responsáveis por certas propriedades do tecido. Como as fibras colágenas e as
reticulares são constituídas por proteínas da família dos colágenos, existem na realidade
dois sistemas de fibras: o sistema colágeno e o sistema elástico.
O colágeno constitui uma família de proteínas que se diferenciaram durante a
evolução, para exercer funções diversificadas: o colágeno é a proteína mais
abundante do corpo humano. Essa família de proteínas é produzida por diversos tipos
celulares e se distingue pela composição bioquímica, características morfológicas,
distribuição, funções e patologia. De acordo com sua estrutura e funções, o colágeno
pode ser classificado em grupos, como descrito a seguir:
• Colágenos que formam fibrilas: as moléculas desse colágeno se agregam sem
gasto de energia, para formar fibrilas bem visíveis no ME. Pertencem a esse
grupo os colágenos I, II, III, V e XI. O tipo I é o mais abundante no corpo
humano, fazendo parte de muitos tecidos, onde ocorre como estruturas que
correspondem ao que classicamente se denomina fibras colágenas.
• Colágenos associados a fibrilas: suas moléculas constituem estruturas pequenas
que ligam as fibrilas colágenas umas às outras e também a outros componentes
da matriz extracelular. Compõem este grupo os colágenos tipos IX e XII.
• Colágenos que forma rede: suas moléculas se associam para formar um feltro ou
rede tridimensional é o tipo IV.
• Colágeno de ancoragem: é o tipo VII, que está presente nas fibrilas de
ancoragem que prendem as fibras colágenas às lâminas basais.
Tipos de
colágenos
Distribuição Célula
produtora
Interações com
glicosaminoglicanas
Principal
função
Organização
molecular
I Derme, tendão,
osso,
fibrocartilagem
Fibroblastos,
odontoblastos,
osteoblastos,
condroblastos
Fraca, com sulfato
de dermatana
Resistência a
trações
Forma fibrilas
II Cartilagem
hialina, disco
intervertebral
Condroblastos Forte, com sulfato
de condroitina
Resistência à
pressão
Forma fibrilas
III Músculo liso,
tecido
conjuntivo
reticular
Células
musculares,
células
reticulares,
Média, com sulfato
de heparana
Manutenção
da estrutura
de tecidos
delicados e
Forma fibrilas
células de
Schwann
expansíveis
IV Lâminas basais Células
endoteliais,
epiteliais, e de
Schwann
Médio, com sulfato
de heparana
Suporte de
estruturas
delicadas,
filtração
Forma rede
tridimensional
(feltro)
V Derme, tendão,
osso,
fibrocartilagem
Fibroblastos Participa das
funções do
colágeno tipo
I
Forma fibrilas
VII Derme Une células
ao tecido
conjuntivo
Colágeno de
ancoragem
IX Cartilagem
hialina
Condroblastos Associação
lateral das
fibrilas
Colágeno
associado a
fibrilas
XI Cartilagem
hialina, disco
intervertebral
Condroblastos Participa das
funções do
colágeno tipo
II
Forma fibrilas
XII Tendão,
ligamentos
Fibroblastos Associação
lateral de
fibrilas
Colágeno
associado a
fibrilas
Os principais aminoácidos encontrados no colágeno são glicina (33,5%), prolina
(12%) e hidroxiprolina (10%). Os AA característicos desta proteína são hidroxiprolina e
hidroxilisina.
A unidade protéica que se polimeriza para formar fibrilas colágenas é uma
molécula alongada denominada tropocolágeno, que consiste em três cadeias
polipeptídicas dispostas em hélice. As diferenças nas estruturas químicas dessas cadeias
são responsáveis pelos vários tipos de colágeno.
Nos colágenos dos tipos I, II e III, as moléculas de tropocolágeno se agregam em
unidade microfibrilares que se juntam para formar fibrilas. Pontes de hidrogênio e
interações hidrofóbicas são importantes para a união dessas unidades que,
posteriormente, são reforçadas por ligações covalentes, catalisadas pela atividade da
enzima extracelular lisil-oxidase, que oxida moléculas do aminoácido lisina,
estabelecendo pontes entre elas.
Nos colágenos tipos I e III as fibrilas formam fibras e no tipo I as fibras podem
formar feixes. O colágenos tipo II, presente nas cartilagens forma fibrilas mas não
forma fibras. O colágeno tipo IV, característico das lâminas basais, não forma fibrilas
nem fibras e, provavelmente, ocorre sob a forma de moléculas de tropocolágeno não
polimerizadas ou muito fracamente polimerizadas.
Fibras colágenas tipo I: as fibra colágenas clássicas são as mais freqüentes. No estado
fresco são brancas. Essas fibras são birrefringentes, pois são constituídas por moléculas
alongadas e paralelas. Desse modo, quando examinadas ao microscópio de polarização,
entre os filtros polaróides cruzados, as fibras colágenas aparecem brilhantes, contra um
fundo escuro. Em muitos tecidos essas fibras aparecem formando feixes. Fibras
colágenas são acidófilas e mostram estriação lateral.
Biossíntese do colágeno tipo I: ocorre de acordo com as seguintes etapas:
• De acordo com a codificação do mRNA, polirribossomos ligados ao REG
sintetizam cadeias polipeptídicas, que crescem para o interior das cisternas.
• À medida que essas cadeias (alfa) se formam, ocorre a hidroxilação da prolina e
da lisina. Hidroxiprolina e hidroxilisina livres não são incorporadas às cadeias
protéicas. A hidroxilação começa com a cadeia ainda presa aos polirribossomos,
mas continua após sua liberação nas cisternas. No processo tomam parte duas
enzimas, a prolina hidroxilase e a lisina hidroxilase.
• Quando a hidroxilisina se forma começa sua glicosilação. Todas as cadeias
colágenas têm galactose ou glicosilgalactose ligadas à hidroxilisina.
• Cada cadeia alfa é sintetizada com dois peptídeos de registro, um em cada
extremidade. Esses peptídeos determinam o alinhamento das cadeias protéicas
em grupos de três, facilitando a combinação dessas cadeias pra formar a
molécula de procolágeno, que é precursora, porém maior que o tropocolágeno.
Outra função dos peptídeos de registro é impedir a formação de fibrilas
colágenas no interior das células, pois as moléculas de procolágeno são solúveis
e não se agregam, como acontece como tropocolágeno.
• No meio extracelular, os peptídeos de registro são separados das cadeias alfa
pela ação das enzimas procolágeno peptidases, que aparentemente são
produzidas pelas mesmas células que sintetizam colágeno. Originam-se, então,
as moléculas de tropocolágeno, que se polimerizam para formar as fibrilas
colágenas. Os resíduos de hidroxiprolina formam pontes de hidrogênio entre as
três cadeias alfa, contribuindo para a estabilidade da hélice tripla do
tropocolágeno.
• Nos colágenos tipos I e III, as fibrilas se agregam espontaneamente, para formar
fibras. Certas proteoglicanas e glicoproteínas estruturais desempenham papel
importante na agregação do tropocolágeno para formar fibrilas e na agregação
da fibrilas para formar fibras.
• A estrutura fibrilar é reforçada para a formação de ligações covalentes entre as
moléculas de tropocolágeno. Este processo é catalisado pela enzima extracelular
lisil-oxidase (enzima que oxida a lisina).
OBS.: a renovação do colágeno é,em geral, muito lenta, e em muitos órgãos, como os
tendões e ligamentos, ele é praticamente estável. A degradação, para renovação, é
iniciada por enzimas específicas, as colagenases. Essas enzimas quebram a molécula em
dois pedaços que são suscetíveis ao ataque das proteases (enzimas que digerem
proteínas) não específicas.
As fibras reticulares são constituídas principalmente de colágeno do tipo II:
formam uma rede extensa em certos órgãos, geralmente apoiando as células. Em virtude
de sua afinidade pelos sais de prata, são chamadas também de fibras argirófilas. São
formadas pelo colágeno tipo III associado a elevado teor de glicoproteínas e
proteoglicanas. As ME exibem estriação transversal típica das fibrilas colágenas.
Constituem o arcabouço de sustentação das células dos órgãos hemocitopoéticos
(baço, linfonodos, medula óssea) das células musculares e das células de muitos órgãos
epiteliais, como o fígado, os rins e as glândulas endócrinas. O pequeno diâmetro dessas
fibras e sua disposição em rede criam um suporte adaptado às necessidades dos órgãos
que sofrem modificações fisiológicas de forma e de volume.
O sistema elástico: fibras elásticas, elaunínicas e oxitalânicas: as fibras elásticas são
facilmente distinguidas por serem mais delgadas que a fibras colágenas e não
apresentarem estriação longitudinal. Ramificam-se e ligam-se umas às outras, formando
uma trama de malhas muito irregulares. Têm coloração amarelada. Cedem facilmente,
mesmo a trações mínimas, porem retornam a sua forma inicial tão logo cessem as forças
deformantes.
Pela técnica HE, as fibras elásticas coram-se mal e irregularmente. O principal
componente das fibras elásticas é a glicoproteína estrutural elastina, que é resistente a
diversas enzimas, mas pode ser digerida pela elastase secretada pelo pâncreas.
As fibras elásticas são formadas por microfibrilas (aparecem primeiro) com 10
nm de espessura, envolvendo uma parte central, amorfa. A elastina constitui o material
amorfo dessas fibras, sendo as microfibrilas formadas por várias glicoproteínas,
incluindo uma cuja molécula é muito grane denominada fibrilina.
OBS.: defeito no gene responsável pela codificação da fibrilina, localizado no
cromossomo 15, resulta na síndrome de Marfan na qual ocorre hiperextensibilidade das
articulações, deslocamento do cristalino e dilatação da aorta.
Alem das fibras elásticas típicas, nas quais existe grande abundancia de elastina
e uma quantidade muito menor de microfibrilas, descreve-se ainda no sistema elástico
as fibras elaunínicas e as oxitalânicas (só possuem microfibrilas, não têm elastina),
encontradas com menor freqüência. As primeiras foram observadas na pele e as
segundas no ligamento periodontal e nos tendões.
As principais células produtoras de elastina são os fibroblastos e as células
musculares lisas dos vasos sanguíneos. Inicialmente, é sintetizada uma molécula de
proelastina que, no espaço extracelular, polimeriza-se para formar elastina. A elastina
contém dois aminoácidos típicos, desmosina e isodesmosina, formados por ligações
covalentes entre resíduos de lisina.
Células do tecido conjuntivo: algumas se originam localmente, enquanto outras, como
os leucócitos, vêm de outros locais e são habitantes temporários desse tecido. As células
do tecido conjuntivo são: fibroblastos, macrófagos, mastócitos, plasmócitos, células
adiposas e leucócitos.
Tipo celular Localização Funções principais
Monócito Sangue Precursor dos macrófagos
Macrófago Tecido conjuntivo, órgãos
linfáticos, pulmão
Secreção de citocinas,
fatores quimiotáticos e
diversas outras moléculas
que participam do processo
defensivo da inflamação
Célula de Kupffer Fígado A mesma dos macrófagos
Célula da micróglia Tecido nervoso do SNC A mesma dos macrófagos
Célula de Langerhans Pele Apresentação de antígenos
Osteoclasto Tecido ósseo Digestão da matriz óssea
Célula gigante
multinucleada
Tecido conjuntivo (fusão
de diversos macrófagos)
Digestão ou segregação de
corpos estranhos
O fibroblasto sintetiza colágeno, elastina, proteoglicanas e glicoproteínas
estruturais: a célula em intensa atividade sintética, tem morfologia diferente do
fibroblasto que já sintetizou muito e que se situa entre as fibras por ele fabricadas. O
fibroblasto tem prolongamentos citoplasmáticos irregulares, seu núcleo é claro, com
cromatina fina e nucléolo evidente. O citoplasma é rico em REG e o aparelho de Golgi é
bem desenvolvido. O fibrócito é uma célula menor, fusiforme, e com menor numero de
prolongamentos. Tem núcleo menor, alongado, e mais escuro, apresentando o
citoplasma acidófilo. Ao ME chama a atenção a deficiência em REG e aparelho de
Golgi.
OBS.: havendo um estímulo adequado, como na cicatrização, o fibrócito pode voltar a
sintetizar fibras, reassumindo a estrutura de fibroblasto.
Os fibroblastos sintetizam as fibras colágenas, reticulares e elásticas, e as
glicoproteínas e proteoglicanas da matriz extracelular. No tecido conjuntivo do adulto
os fibroblastos não se dividem com freqüência, entrando em mitose apenas quando
ocorre uma solicitação.
Macrófago e sistema mononuclear fagocitário: o macrófago é uma célula muito ativa
na movimentação amebóide, com grande capacidade de fagocitose, morfologia variável
conforme seu estado funcional e sua localização, núcleo ovóide ou em forma de rim,
com cromatina condensada, seu citoplasma contém muitos lisossomos que derramam
suas enzimas nos vacúolos que contêm material englobado, formando-se, assim, os
fagossomos, onde se processa a digestão do material fagocitado. Os macrófagos atuam
como elementos de defesa. Fagocitam restos de células, material extracelular alterado,
células cancerosas, bactérias e partículas inertes que penetram no organismo, e secretam
diversas substancias que têm papel importante nos processos imunitários de defesa.
Alem disso, atuam como células apresentadoras de antígenos. Quando encontram
corpos estranhos de grandes dimensões, os macrófagos fundem-se uns com os outros,
constituindo células muito grandes, com 100 ou mais núcleos: as células gigantes
multinucleadas.
Os macrófagos são originários dos monócitos, que são produzidos na medula
óssea. Os monócitos atravessam a parede das vênulas e capilares, penetrando no tecido
conjuntivo, onde adquirem o aspecto morfológico do macrófago. Durante esse processo
de transformação há um aumento da síntese protéica, do tamanho da célula, do tamanho
do aparelho de Golgi e do numero de lisossomos, microtúbulos e microfilamentos. O
conjunto das células da medula óssea que são precursoras dos monócitos, mais os
próprios monócitos e os macrófagos, denomina-se sistema fagocitário mononuclear.
Mastócito participa da inflamação e tem um papel central na alergia: é uma célula
globosa, grande e com o citoplasma carregado de grânulos basófilos que se coram
intensamente, seu núcleo é esférico e central, mas frequentemente não pode ser visto
por estar coberto pelos grânulos citoplasmáticos. São difíceis de serem observados nas
lâminas coradas com HE, porém com azul-de-toluidina os grânulos são corados de
vermelho. A capacidade de modificar a coloração do corante chama-se metacromasia e
é devida à presença de numerosos radicais ácidos nas estruturas. Os grânulos dos
mastócitos são metacromáticos por conterem heparina ou então sulfato de condroitina,
glicosaminoglicanas sulfatadas, eles contêm ainda histamina e o fator quimiotático dos
eosinófilos na anafilaxia, mais conhecido pela sigla ECF-A (Eosinophil Chemotactic
Factor of Anaphylaxis), que atrai eosinófilos. Mastócitos secretam também alguns
leucotrienos (C4, D4 e E4) ou SRS-A (Slow Reacting Substance of Anaphylasis), porém
esses compostos não existem pré-formados na célula. Produzem lentas contrações no
músculo liso. As moléculas produzidas pelo mastócito atuam localmente, caracterizando
uma secreção parácrina.
Embora com a mesma morfologia, há ao menos duas populações diferentes de
mastócitos. Numa delas, encontrada no tecido conjuntivo em geral, os grânulos contêm
heparina, uma substância anticoagulante. Na outra população, presente nas mucosas, os
grânulos contêm sulfato de condroitina.
A superfície do mastócito contém receptores específicos para a imunoglobulina
E (IgE), produzida pelos plasmócitos.
OBS.: a liberação dos mediadores químicos armazenados nos mastócitos promove as
reações alérgicas denominadas reações de sensibilidade imediata. Admite-se que na
anafilaxia ocorra o seguinte: na primeira injeção forma-se IgE que se prende à
membrana dos mastócitos. Numa injeção subseqüente, isto é, na que provoca o choque,
o medicamento reage com as moléculas de IgE presas aos mastócitos, provocando a
extrusão maciça dos grânulos e a liberação de histamina, leucotrienos e ECF-A.
O plasmócito se origina do linfócito B ativado e produz anticorpos: são pouco
numerosos no conjuntivo normal, exceto nos locais sujeitos à penetração de bactérias e
proteínas estranhas, mas aparecem em grande quantidade nas inflamações crônicas. Os
plasmócitos são células ovóides, com citoplasma muito basófilo, graças a sua riqueza
em REG. A área onde está o aparelho de Golgi aparece clara. O núcleo do plasmócito é
esférico com a cromatina em grumos compactos e grosseiros, que se alternam com áreas
claras, o que lhe confere o aspecto de uma roda de carroça. Eles sintetizam e secretam
anticorpos, proteínas específicas também denominadas imunoglobulinas, fabricadas em
resposta ao antígeno. Os efeitos da reação antígeno-anticorpo são variados, podendo
neutralizar as ações prejudiciais que o antígeno teria sobre o organismo.
Células adiposas: é especializada no armazenamento de energia, sob a forma de
triglicerídeos.
O conjuntivo normal contém leucócitos vindos do sangue por diapedese: a
diapedese aumenta muito nas invasões locais de microorganismos, pois os leucócitos
são células cuja função é defesa. Os leucócitos mais freqüentes no tecido conjuntivo
são: neutrófilos, eosinófilos e os linfócitos. Exceto os linfócitos, que circulam essas
células não retornam ao sangue depois que penetram no tecido conjuntivo, onde
permanecem por um período variável e morrem pelo processo de apoptose.
A matriz extracelular é muito hidratada e constituída principalmente de
proteoglicanas e glicoproteínas adesivas: a matriz é formada por proteoglicanas e
glicoproteínas adesivas assim chamadas porque participam da aderência entre as
células, fibras e macromoléculas de matriz extracelular. As proteoglicanas são
compostos macromoleculares, constituídos por glicosaminoglicanas sulfatadas ligadas
por covalência a proteínas. Uma molécula de proteoglicana parece uma escova de
limpar frascos, com uma parte central protéica (cerne protéico) e as glicosaminoglicanas
como os pêlos da escova.
Glicosaminoglicanas (GAGs) são polímeros lineares (não ramificados) de peso
molecular elevado, formados por unidades dissacarídicas constituídas por um ácido
urônico e uma hexosamina. As GAGs eram chamadas mucopolissacarídeos, hoje não
são mais, porém as doenças resultantes de defeitos no metabolismo da GAGs ainda são
chamadas mucopolissacaridoses. O ácido urônico das GAGs é quase sempre o ácido
glicurônico e as hexosaminas são a glicosamina ou a galactosamina. As principais
GAGs são o ácido hialurônico e o dermatansulfato (também chamados sulfato de
dermatana, sulfato de queratana, sulfato de condroitina e sulfato de heparana). A única
GAG não sulfatada é o ácido hialurônico, que apresenta a peculiaridade de não se ligar
por covalência a proteínas, embora possa participar de agregados dos quais participam
moléculas protéicas. Possuindo numerosos grupos carboxila e sulfato em suas
moléculas, as GAGs são poliânions, ligando-se por eletro valência a elevado numero de
cátions, que atraem grande quantidade de moléculas de água. Por sua hidratação, as
moléculas de proteoglicanas ocupam enorme espaço, tornando-se muito eficientes para
resistir a forças de compressão, enquanto as fibras colágenas são muito resistentes a
forças de distensão. Algumas proteoglicanas servem como locais de ancoragem para o
fator do crescimento fibroblástico e para outras proteínas que estimulam a proliferação
celular.
As moléculas das glicoproteínas adesivas contêm uma parte protéica que se
associa a glicídios. Porém, ao contrário das proteoglicanas, há uma predominância da
parte protéica, e as glicoproteínas não apresentam os polissacarídeos lineares. Nas
glicoproteínas a parte glicídica é uma estrutura ramificada. As moléculas dessas
glicoproteínas possuem regiões que aderem a receptores celulares e fibras do
conjuntivo, promovendo a ligação entre esses elementos. A fibronectina e a laminina
são glicoproteínas adesivas. A primeira representa uma família de glicoproteínas, com
sítios de aderência para células, colágeno e glicosaminoglicanas, essa aderência torna
possível a migração das células, que só pode ser feita sobre um substrato, e a fixação
das células em locais determinados. A glicoproteína laminina é encontrada nas lâminas
basais, onde participa da aderência dessas estruturas às células e influencia a filtração de
moléculas através das lâminas basais.
O edema é causado pelo acumulo de água no meio extracelular (excesso de entrada
ou dificuldade de drenagem): há duas forças que atuam sobre a água contida nos
capilares: pressão hidrostática do sangue (pressão arterial – conseqüência da contração
cardíaca) e pressão osmótica do plasma sanguíneo (que atrai água para dentro dos
capilares – deve-se às proteínas do plasma).
Em condições normais, ocorre uma passagem de água para fora dos capilares na
porção arterial deles, pelo fato de que aí a pressão hidrostática vence a pressão
osmótica. Mas a pressão hidrostática decresce ao longo do capilar, sendo mínima na sua
extremidade venosa. Enquanto a hidrostática cai, a osmótica aumenta, em conseqüência
da saída de água. O aumento da concentração de proteínas e a queda da pressão
hidrostática fazem com que, na parte venosa do capilar, a pressão osmótica prevaleça,
atraindo água para o interior do capilar. A quantidade de água que volta aos capilares é
menor do que a que saiu deles. A água que resta na matriz extracelular do conjuntivo
retorna ao sangue por meio dos vasos linfáticos. A linfa movimenta-se em direção ao
sangue, pois os vasos linfáticos desembocam em veias onde toda a linfa é lançada. Os
capilares linfáticos são estruturas em fundo de saco, que drenam o excesso de água
existente no conjuntivo.
Variedades de tecido conjuntivo: os nomes dados aos diferentes tipos refletem o
componente predominante ou a organização estrutural do tecido. São comuns os tecidos
cuja estrutura é intermediaria entre duas variedades típicas da classificação adiante
mencionada.
O tecido conjuntivo frouxo sustenta estruturas normalmente sujeitas a pressão e
atrito pequenos: preenche espaços entre as fibras e feixes musculares, serve de apoio
para os epitélios e forma uma camada em torno dos vasos sangüíneos e linfáticos. Aqui
não há predomínio acentuado de qualquer um dos componentes. As células mais
comuns são os fibroblastos e os macrófagos, mas todos os outros tipos descritos estão
presentes. Esse tecido é de consistência delicada, flexível e pouco resistente às trações.
Tecido
conjuntivo
Tecido
conjuntivo
propriamente
dito
Tecido
conjuntivo de
propriedades
especiais
Tecido
cartilaginoso
Tecido
ósseo
Frouxo Denso
Modelado Não-
modelado
Tecido
adiposo
Tecido
elástico
Tecido
reticular
Tecido
mucoso
O tecido conjuntivo denso é adaptado para oferecer resistência e proteção: formado
pelos mesmos elementos encontrados no tecido frouxo, havendo predominância
acentuada das fibras colágenas. Menos flexível que o frouxo e muito mais resistente às
trações. Quando as fibras colágenas se dispõem em feixes arranjados sem orientação
fixa, o tecido chama-se denso não-modelado, aqui os feixes colágenos formam uma
trama tridimensional, que confere ao tecido resistência à tração exercida em qualquer
direção.
O denso modelado apresenta feixes colágenos paralelos uns aos outros. Trata-se
de um conjuntivo que formou suas fibras colágenas em resposta a trações exercidas num
determinado sentido. Entre os feixes paralelos de fibras colágenas existe pequena
quantidade de substancia fundamental. Seus fibroblastos têm núcleo alongados,
paralelos às fibras, e citoplasma delgado com prolongamentos que tendem a envolver os
feixes colágenos. os feixes colágenos do tendão (feixes primários) formam conjuntos
(feixes secundários) envolvidos por tecido conjuntivo frouxo que contém vasos
sangüíneos e nervos. Finalmente, o tendão é envolvido externamente por uma bainha de
conjuntivo denso. Em alguns tendões essa bainha é dividida em duas camadas: uma
presa ao tendão e a outra ligada às estruturas vizinhas. Forma-se, assim, uma cavidade
revestida por células achatadas e de origem mesenquimatosa, que encera um liquido
viscoso semelhante ao liquido sinovial das articulações, o qual contém água, proteínas,
GAGs, glicoproteínas e íons. Este líquido é lubrificante e facilita o deslocamento do
tendão dentro da sua bainha.
Tecido elástico: formado por feixes paralelos de fibras elásticas grossas. O espaço entre
estas fibras é ocupado por fibras colágenas e fibroblastos achatados. Um tecido rico
nessas fibras tem cor amarela e grande elasticidade, porém ele é pouco freqüente, sendo
encontrado nos ligamentos amarelos da coluna vertebral e no ligamento suspensor do
pênis.
O tecido reticular, muito delicado, forma uma rede tridimensional para
sustentação celular: constituído por fibras reticulares em intima associação com
fibroblastos especializados chamados células reticulares. Encontra-se nos órgãos
formadores de células do sangue (medula óssea hematógena e órgãos linfáticos).
O tecido mucoso é encontrado principalmente no cordão umbilical: tem
consistência gelatinosa e apresenta predomínio da matriz extracelular, constituída
principalmente por ácido hialurônico. Contém poucas fibras colágenas e raras fibras
elásticas e reticulares. As células são principalmente fibroblastos. O tecido mucoso é o
principal componente do cordão umbilical, onde é chamado de gelatina de Wharton,
sendo encontrado também na polpa dental jovem.
HISTOFISIOLOGIA: o tecido conjuntivo desempenha as funções de: sustentação,
preenchimento, armazenamento, transporte, defesa e reparação.
O conjuntivo integra o sistema imunitário de defesa contra proteínas estranhas
presentes nas bactérias, vírus, células tumorais etc.: esse tecido contém células
fagocitárias e células produtoras de anticorpos. O material extracelular, sendo um gel
viscoso, representa uma barreira à penetração da bactérias e partículas inertes. Por isso,
as bactérias que produzem hialuronidase têm acentuado poder invasivo.
Na inflamação, os leucócitos passam em grande quantidade do sangue para
conjuntivo atravessando, por movimento amebóide, a parede das vênulas e capilares,
atraídos por diversas substâncias que se formam na inflamação. As células que se
acumulam na área inflamada fagocitam microorganismos, restos de células e fibras
alteradas pela inflamação e produzem anticorpos contra os invasores.
Células do conjuntivo têm a capacidade de se multiplicar para regenerar o tecido
destruído: esse tipo de tecido é dotado de grande capacidade de regeneração, o que é
muito importante, também, quando ocorre destruição de outros tecidos, pois o espaço é
preenchido pelo conjuntivo, formando as cicatrizes.
O conjuntivo é muito sensível à hidrocortisona e aos hormônios da tireóide:
diversos hormônios influem sobre o metabolismo do tecido conjuntivo. Um exemplo é o
cortisol ou hidrocortisona (córtex da adrenal) que impede a síntese das fibras do
conjuntivo. O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), produzido pela adenoipófise,
tem o mesmo efeito porque estimula a produção de cortisol. Injeções desses hormônios
dificultam a cicatrização e atenuam a resposta inflamatória. A deficiência em hormônio
da tireóide causa um acúmulo excessivo de proteoglicanas no tecido conjuntivo. Por
isso, o hipotireoidismo do adulto é chamado de mixedema, o que significa edema de
muco.
A renovação normal do colágeno varia conforme o tecido, mas em geral é lenta: o
colágeno é uma proteína estável, sendo sua renovação, portanto, um tanto lenta. A
deficiência de vitamina C impede a síntese de colágeno pelos fibroblastos, de modo que
as fibras removidas não podem ser substituídas. A conseqüência é uma degeneração
generalizada do tecido conjuntivo (escoburto), mais acentuada onde a renovação do
colágeno é, mas acelerada.
A destruição fisiológica do colágeno para sua renovação é iniciada pela ação da
enzima específica colagenase, produzida por células do tecido conjuntivo.
Histologia básica
4 – Tecido adiposo
É um tipo especial de conjuntivo onde se observa predominância de células
adiposas (adipócitos), que podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no
tecido conjuntivo comum, porém a maioria delas se agrupa no tecido adiposo espalhado
pelo corpo. O tecido adiposo é o maior depósito de energia (sob forma de triglicerídeos)
do corpo. As células hepáticas e o músculo esquelético também acumulam energia, mas
sob forma de glicogênio. Os triglicerídeos são mais eficientes como reserva de energia
porque fornecem 9,3 kcal/ g contra apenas 4,1 kcal/ g do glicogênio. Outra função do
tecido adiposo é que ele forma coxins absorventes de choques, principalmente na planta
dos pés e na palma das mãos. Como as gorduras são, mas condutoras de calor, o tecido
adiposo contribui para o isolamento térmico do organismo. Alem disso preenche
espaços entre outros tecidos e auxilia a manter certos órgãos em suas posições normais.
Há duas variações de tecido adiposo que apresentam distribuições no corpo,
estrutura, fisiologia e patologia diferentes. Existe o tecido adiposo comum, amarelo ou
unilocular (células com apenas uma gota de gordura) e o tecido adiposo pardo ou
multilocular (células com numerosas gotículas lipídicas e muitas mitocôndrias).
O tecido adiposo unilocular apresenta-se distribuído no corpo humano de acordo
como biótipo, sexo, idade, e constitui reserva de energia contra o frio: a coloração
do tecido adiposo deve-se principalmente, ao acúmulo de carotenóides dissolvidos nas
gorduras. Praticamente todo o tecido adiposo presente no homem adulto é unilocular,
que se distribui por todo o corpo e seu acúmulo em certos locais depende do sexo e da
idade. Esse tecido forma o panículo adiposo, camada disposta sob a pele e que é de
espessura uniforme por todo o corpo do recém-nascido. Com a idade, o panículo
adiposo tende a desaparecer de certas áreas e desenvolver em outras. Essa deposição
seletiva de gordura é regulada pelos hormônios sexuais e os adrenocorticais.
Todas as gotículas das células, independente do tamanho são desprovidas de
membranas envolventes, mas são envoltas por uma rede de filamentos intermediários.
Cada célula adiposa é envolvida por uma lâmina basal. O tecido unilocular apresenta
septos de conjuntivo, que contêm vasos e nervos. Desses septos partem fibras
reticulares que vão sustentar as células adiposas. A vascularização do tecido adiposo é
muito abundante, quando se considera a pequena quantidade de citoplasma funcionante.
Histofisiologia do tecido unilocular: os triglicerídeos existentes originam-se da
seguinte maneira: absorvidos da alimentação e trazidos até as células adiposas como
triglicerídeos dos quilomícrons; oriundos do fígado e transportados até o tecido adiposo,
sob a forma de triglicerídeos constituintes das lipoproteínas de pequeno peso molecular
ou VLDL (Very Low Density Lipoproteins); da síntese nas próprias células adiposas, a
partir da glicose.
Quando é necessária a hidrolise dos triglicerídeos é desencadeada por estímulos
neurogênicos e humorais que promovem a liberação de ácidos graxos e glicerol, os
quais passam para o sangue. A enzima lípase sensível a hormônio é ativada pela adenil-
ciclase, quando o tecido adiposo é estimulado pela noradrenalina. A membrana dos
adipócitos possui receptores para diversos hormônios, e o metabolismo do tecido
adiposo é complexo, nele intervindo o hormônio do crescimento, os glicocorticóides, a
insulina, o hormônio da tireóide e a prolactina.
O tecido adiposo unilocular e o multilocular são inervados por fibras simpáticas
do SN Autônomo. No tecido unilocular as terminações são encontradas somente nas
paredes dos vasos sanguíneos, já no multilocular as terminações nervosas simpáticas
atingem diretamente as células adiposas.
As células adiposas se originam no embrião, a partir de células derivadas do
mesênquima, os lipoblastos. São parecidas com os fibroblastos, porém logo acumulam
gordura no seu citoplasma.
Em humanos o tecido multilocular está presente no recém-nascido, localizado na
porção dorsal do tronco: a cor parda desse tecido é devida à vascularização abundante
e às numerosas mitocôndrias presentes em suas células. O tecido adiposo pardo
apresenta-se abundante nos animais que hibernam e, devido a isso, recebeu o nome
pouco próprio de glândula hibernante. Esse tecido não cresce, por isso no adulto é
extremamente reduzido. No tecido adiposo multilocular as células tomam um arranjo
epitelióide, formando massas compactes em associação com capilares sanguíneos,
lembrando as glândulas endócrinas.
A principal função do tecido adiposo multilocular é produzir calor: esse tecido é
especializado na produção de calor, tendo papel importante nos mamíferos que
hibernam. Na espécie humana, a quantidade deste tecido só é significativa no recém-
nascido, com função auxiliar na termorregulação. Ao ser estimulado pela liberação de
noradrenalina nas terminações nervosas abundantes em torno das suas células, o tecido
adiposo multilocular acelera sua lipólise e oxidação dos ácidos graxos. A oxidação dos
AG produz calor e não ATP, porque as mitocôndrias do tecido multilocular apresentam,
nas suas membranas internas, uma proteína transmembrana chamada termogenina. Esta
proteína permite a volta para a matriz mitocondrial dos prótons transportados para o
espaço intermembranoso, sem que eles passem pelo sistema de ATP sintetase existente
nos corpúsculos elementares das mitocôndrias. Em conseqüência, a energia gerada pelo
fluxo de prótons não é usada para sintetizar ATP, sendo dissipada como calor. O calor
aquece o sangue contido na extensa rede capilar presente no tecido multilocular e é
distribuído para todo o corpo, aquecendo os diversos órgãos.
Nas espécies que hibernam o despertar da hibernação é devido à ação dos
estímulos nervosos sobre o tecido multilocular, que funciona como um acendedor dos
outros tecidos, por distribuir para esses sangue aquecido.
A histogênese do tecido multilocular: sua formação é diferente da do tecido
unilocular. As células mesenquimatosa que vão formar o tecido multilocular tornam-se
epitelióides, adquirindo um aspecto de glândula endócrina cordonal antes de
acumularem gordura. Não há neoformação de tecido adiposo multilocular após o
nascimento nem ocorre transformação de um tipo de tecido adiposo no outro.
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  • 1. Embriologia Capítulo 2 – Fecundação: iniciando um novo organismo Fecundação é o processo no qual duas células sexuais se fundem para criar um novo individuo com potencial genético derivado de ambos os pais. A fecundação realiza, então, duas atividades independentes: sexual (combinação dos genes) e reprodutiva (criação de novos organismos). Os principais eventos da fecundação são: • Contato e reconhecimento entre espermatozóide e óvulo; • Regulação da entrada do espermatozóide no óvulo; • Fusão do material genético do óvulo e do espermatozóide; • Ativação do metabolismo do óvulo para iniciar o desenvolvimento. Estrutura dos gametas – Espermatozóide: Leeuwenhoek acreditava primeiro que os espermatozóides eram parasitas que viviam no sêmen humano, depois pensou que eram sementes e a mulher apenas forneciam o “solo”. Hartsoeker desenhou o “homunculus”, porém essa crença de que o espermatozóide continha um embrião inteiro, nunca foi muito aceita, pois implicava um enorme desperdício de vida em potencial. Spallazani demonstrou que filtrado, o sêmen de rã sem espermatozóide, não fecundava os óvulos(???). Prevost e Dumas descobriram que os espermatozóides não eram parasitas, mas sim agentes ativos da fecundação (“existe uma íntima relação entre sua presença nos órgãos e a capacidade fecundante do animal”). Eles propuseram que o espermatozóide realmente entrava no óvulo e contribuía concretamente para a próxima geração. A. von Kolliker descreveu a formação do espermatozóide a partir de células testiculares, desmentiu que havia algum contato físico entre o espermatozóide e o óvulo e acreditava que o espermatozóide excitava o óvulo a se desenvolver. Hertwig e Fol demonstraram a penetração do espermatozóide no óvulo e a união dos núcleos destas células. Hertwig usou o ouriço-do-mar do mediterrâneo, não apenas por ser comum nesta região ou por se apresentar sexualmente maduro uma boa parte do ano, mas também pela grande quantidade de ovos disponíveis. Ele observou que apenas um espermatozóide podia ser visto penetrando em cada óvulo e que todos os núcleos do embrião eram derivados daqueles núcleos fundidos durante a fecundação. A fecundação foi finalmente reconhecida como a união do espermatozóide com o óvulo. Cada espermatozóide possui um núcleo haplóide, um sistema de propulsão para mover o núcleo e um saco de enzimas que torna o núcleo apto a penetrar no óvulo. Durante o processo de maturação o núcleo se torna aerodinâmico e seu DNA firmemente comprimido. À frente está a vesícula acrossômica que é derivado do complexo de Golgi e contém enzimas que digerem proteínas e açucares complexos e são usadas para digerir os envoltórios ovulares. A principal porção motora do flagelo é denominada AXONEMA, que é formado por microtúbulos originados do centríolo localizado na base do núcleo do espermatozóide. O centro do axonema é constituído por dois microtúbulos centrais rodeados por uma fileira de nove duplas de microtúbulos e são constituídos de uma proteína chamada tubulina. A dineína está ligada aos microtúbulos, ela pode hidrolizar moléculas de ATP e converter a energia química em energia mecânica que impulsiona o espermatozóide. A energia para mover o flagelo é proveniente dos anéis de mitocôndria localizados na região da peça intermediaria do espermatozóide. Óvulo: todo o material necessário para iniciar o crescimento e desenvolvimento deve estar estocado no óvulo maduro. O espermatozóide elimina a maior parte do seu citoplasma, o óvulo em desenvolvimento não só conserva o seu material como está
  • 2. ativamente envolvido em acumular mais. Ele tanto sintetiza como absorve proteínas, como o vitelo, por exemplo, que constitui reserva de alimento para o embrião em desenvolvimento. Este rico citoplasma inclui: • Proteínas: são suficientes até o embrião estar pronto pra se alimentar pos si só, muitas destas proteínas do vitelo são produzidas pelos órgãos da mãe e transportadas para o óvulo; • Ribossomos e tRNA: há uma repentina síntese protéica logo após a fecundação efetuada pelos ribossomos e tRNA que já existem no óvulo. O óvulo em desenvolvimento tem mecanismos especiais para sintetizar ribossomos; • RNA mensageiro: as mensagens para a síntese de proteínas, utilizadas durante o inicio do desenvolvimento, já estão empacotadas no ovócito; • Fatores morfogênicos: moléculas que dirigem a diferenciação das células em determinados tipos celulares. Sobre a membrana plasmática está o envoltório vitelínico. Esta membrana glicoprotéica é essencial para a ligação espécie-específica do espermatozóide. Em mamíferos o envoltório é bastante espesso, sendo chamado de zona pelúcida. O óvulo de mamíferos está também rodeado por uma camada de células, as células do cumulus, que representam as células foliculares ovarianas que nutrem o óvulo quando este deixa o ovário. O espermatozóide deverá passar por estas células para fecundar o óvulo. Abaixo da membrana plasmática há o córtex. O citoplasma dessa região é mais gelatinoso por causa das altas concentrações de moléculas globulares de actina que durante a fecundação polimerizam para formar longos fios de actina conhecidos como microfilamentos. Presentes também no córtex estão os grânulos corticais que são organelas derivadas do complexo de golgi que contêm enzimas proteolíticas, mucopolissacarídeos e proteína hialina. As enzimas e os mucopolissacarídeos são ativos na prevenção da entrada de outro espermatozóide no óvulo, depois que o primeiro tenha entrado e moléculas de proteína hialina rodeiam o embrião jovem dando-lhe suporte durante o estagio de clivagem dos blastômeros. Reconhecimento entre espermatozóide e óvulo: na fecundação externa: (1) como podem o espermatozóide e o óvulo se encontrarem em concentrações tão baixas?; (2) que mecanismo impede o espermatozóide da estrela-do-mar de tentar fecundar o óvulo do ouriço-do-mar? Ovos secretam um fator quimiotático que atrai o espermatozóide e regulam também o momento no qual esse fator será liberado (resacina). A fusão da vesícula acrossômica é causada pela fusão, mediada pelo cálcio, da membrana acrossômica com a membrana plasmática adjacente do espermatozóide. Além de causar a extensão do processo acrossômico, este significante aumento do pH é também responsável pela ativação da dineína ATPase, localizada no pescoço do espermatozóide. Esta ativação causa uma rápida utilização do ATP e um aumento de 50% na respiração mitocondrial. A geléia do ovo pode promover um reconhecimento do tipo espécie-específico em algumas espécies mas não em outras. O processo acrossômico do espermatozóide contata a camada externa do envoltório vitelínico do óvulo, esse é o principal passo do reconhecimento espécie-específico e a proteína mediadora é a bindina. Bindinas de espécies muito próximas são de fato diferentes. Esta descoberta implica na existência de receptores espécie-específicos para bindina, no envoltório vitelínico. Mamíferos – reconhecimento e ligação dos gametas – capacitação: espermatozóides recém-ejaculados são incapazes de sofrer a reação acrossômica sem que tenham permanecido por um certo tempo no trato reprodutivo feminino. Este pré- requisito para capacitação varia de espécie para espécie e pode ser mimetizado in vitro.
  • 3. Ligação primaria do espermatozóide à zona pelúcida: a camada mais externa é composta pelas células do cummulus e sua matriz, rica em ácido hialurônico. Estas células do cummulus são remanescentes das células da granulosa do folículo ovariano e acompanham o óvulo durante a ovulação. Em algumas espécies as células do cummulus não estão presentes no momento da fecundação, mas elas não constituem barreira para o espermatozóide mesmo quando estão presentes. A especificidade da ligação do espermatozóide à zona é relativa, mas não absolutame4nte espécie-específica (em fecundações internas especificidade desse tipo não deveria ser um grande problema) e a ligação do espermatozóide de camundongo à zona pelúcida de camundongo pode ser inibida por uma incubação previa do espermatozóide com glicoproteínas da zona pelúcida. ZP1 e ZP2 não competem pela ligação com o espermatozóide. Um conjunto de proteínas no espermatozóide, capazes de reconhecer um carboidrato especifico e regiões da proteína ZP3 da zona pelúcida do óvulo, parece ser a hipótese mais provável para a ligação entre os gametas de mamíferos. Existem três proteínas, no espermatozóide, que são capazes de se ligar à zona pelúcida. (1) proteína que se liga aos resíduos de galactose da ZP3; (2) enzima presente na membrana celular do espermatozóide; (3) protease. Indução da reação acrossômica pela ZP3: a aglutinação dos receptores de espermatozóides para ZP3 é necessária para a reação acrossômica. A ZP3 poderia provocar uma liberação de íons cálcio dentro do espermatozóide. O receptor está acoplado à proteína de ligação ao GTP (proteína- G) que é ativada quando o receptor se liga ao seu sítio ativo específico. A proteína-G ativada, ativa uma enzima que quebra um lipídio de membrana e é capaz de liberar íons cálcio ligados a compartimentos da membrana. Tal proteína-G foi descoberta em espermatozóides de mamíferos e parece ser ativada pela ligação com ZP3. Além disso, se a ativação da proteína-G é inibida, o espermatozóide pode se ligar a ZP3, mas não sofre a reação acrossômica. Ligação secundária do espermatozóide à zona pelúcida: a porção anterior da membrana plasmática do espermatozóide é desprendida dele. Aí estão localizadas as proteínas de ligação à ZP3. Porém, o espermatozóide precisa permanecer ligado à zona pelúcida para lisar um caminho através dela. Esta ligação secundaria à zona é completada por proteínas na membrana acrossômica interna que se ligam à ZP2. O acrossomo intacto não poderá se ligar à glicoproteína ZP2, mas o acrossoma do espermatozóide que já reagiu o fará. A estrutura da zona é constituída por unidades repetidas de ZP3 e ZP2, ocasionalmente, ligadas pela ZP1. Parece que o acrossoma que já reagiu transfere suas ligações de ZP3 para ZP2 adjacente. Após a entrada do espermatozóide no óvulo seus grânulos corticais liberam seu conteúdo e uma dessas proteínas é uma protease que altera especificamente ZP2. Esta inibiria o espermatozóide que já sofreu reação acrossômica de entrar mais profundamente no óvulo. Em suínos a proacrosina é uma proteína que se liga à fucose que mantém a conexão entre o espermatozóide cujo acrossomo que já reagiu e a zona pelúcida. Contracepção pelos anticorpos: se animais machos e fêmeas são injetados com extratos de espermatozóides, muitos produzirão anticorpos e se tornarão inférteis. Primakoff descobriu uma proteína do espermatozóide de cobaia que poderia induzir este tipo de esterilidade. O soro desses animais continha altas concentrações de anticorpos conta a proteína PH-20m que está presente tanto na membrana plasmática como na membrana interna do acrossomo do espermatozóide de cobaia. Outra forma de contracepção imunológica por longos períodos foi conseguida produzindo-se anticorpos contra a zona pelúcida (ZP3). Fusão dos gametas e prevenção da poliespermia: o reconhecimento é seguido pela lise de uma porção do envoltório que contata a cabeça do espermatozóide. Esta lise é
  • 4. seguida pela fusão da membrana celular do espermatozóide com a membrana celular do óvulo. A fusão espermatozóide-óvulo parece causar a polimerização da actina e extensão de muitas microvilosidades do óvulo, para formar o cone de fecundação. As membranas do óvulo e do espermatozóide se fundem e o material da membrana celular do espermatozóide pode, mais tarde, ser encontrado na membrana do óvulo. Nem todos os componentes da membrana do espermatozóide podem se misturar com a do óvulo. Algum material parece estar localizado no ponto de entrada do espermatozóide. Suspeitam que essa localização dos componentes do espermatozóide em uma área restrita provoca uma assimetria celular, que auxilia diretamente o plano da primeira clivagem e os movimentos citoplasmáticos dentro do ovo. Fusão é um processo ativo, frequentemente mediado por proteínas “fusogênicas” específicas. A entrada de múltiplos espermatozóides – poliespermia – traz, para a maioria dos organismos, conseqüências desastrosas. O núcleo triplóide e o par extra de centríolos causam a distribuição desigual dos cromossomos. Algumas células poderiam receber cópias extras de certos cromossomos os quais faltariam em outras células. O modo mais comum é prevenir a entrada de mais de um espermatozóide no óvulo. Existem dois mecanismos principais para prevenir a poliespermia: uma reação rápida, alcançada através de uma alteração elétrica na membrana plasmática do óvulo e uma reação mais lenta, provocada pela exocitose dos grânulos corticais. O bloqueio rápido à poliespermia: alcança seu objetivo mudando o potencial elétrico da membrana do óvulo. A concentração iônica do óvulo é deferente da do ambiente, e isso é especialmente diferente para os íons potássio e sódio. No caso do ouriço-do-mar, a água do mar tem uma concentração particularmente alta de íons sódio, enquanto que o citoplasma do óvulo tem relativamente pouco sódio livre. Com os íons potássio acontece o inverso. Essa condição é mantida pela membrana celular, o potencial de membrana em repouso é -70mV. De 1 a 3 segundos após a ligação do primeiro espermatozóide, o potencial de membrana se desloca para um nível positivo. Um pequeno influxo de íons sódio para dentro do óvulo é permitido, elevando assim a diferença de potencial para +20mV. O espermatozóide não pode se fundir com membranas que têm uma ddp positiva. A abertura dos canais de sódio no óvulo parece ser causada pela ligação do espermatozóide ao óvulo. O bloqueio elétrico à poliespermia provavelmente não ocorre na maioria dos mamíferos e só é efetivo quando o espermatozóide possui um componente que é sensível à diferenças de voltagem. Bloqueio lento da poliespermia: a poliespermia pode ainda ocorrer se os espermatozóides ligados ao envoltório vitelino não são de alguma forma removidos. Esta remoção é efetivada pela reação dos grânulos corticais. Estas vesículas contêm a proteína hialina, proteases, uma peroxidase e mucopolissacarídeos. Após a entrada do espermatozóide, estes grânulos corticais se fundem com a membrana plasmática do óvulo liberando seu conteúdo na área entre a membrana e o envoltório vitelínico. As proteínas que ligam o envoltório vitelínico ao óvulo são dissolvidas pelas enzimas proteolíticas liberadas e os mucopolissacarídeos, recém liberados, produzem um gradiente osmótico que permite a entrada de água no espaço entre a membrana celular e o envoltório vitelínico, que é então elevado e passa a ser denominado membrana de fecundação. Primeiro, as proteases modificam ou removem o receptor de bindina e algum espermatozóide ligado a ele. Segundo, a peroxidase endurece a membrana de fecundação pela ligação de resíduos de tirosina às proteínas adjacentes. A membrana de fecundação começa a se formar no local da entrada do espermatozóide e se expande ao redor do óvulo. Tão logo o envoltório de fecundação se forma a proteína hialina é estocada nos grânulos corticais, forma uma cobertura ao redor do óvulo. A célula estende microvilosidades longas cujas extremidades se ligam à camada hialina. Este envoltório hialino constitui suporte para
  • 5. os blastômeros durante a clivagem. Em mamíferos a reação dos grânulos corticais não produz uma membrana de fecundação, mas o efeito é o mesmo. A liberação de enzimas modifica os receptores dos espermatozóides na zona pelúcida de tal forma que eles não podem mais se ligar aos espermatozóides (reação de zona) em seguida à fusão dos grânulos corticais próximos ao ponto de entrada do espermatozóide, uma onda de exocitose dos grânulos corticais se propaga ao redor do córtex em direção ao lado oposto do ovo. Íons de cálcio são diretamente responsáveis pela propagação da reação cortical e estão estocados no próprio óvulo, dentro do reticulo endoplasmático. Variações nas estratégias que previnem a poliespermia estão amplamente distribuídas na natureza. Fusão do material genético: após a fusão das membranas do espermatozóide e do óvulo, o núcleo e o centríolo do primeiro se separam das mitocôndrias e do flagelo, sendo que esses se desintegram dentro do óvulo. O núcleo do óvulo, ainda haplóide, é denominado pronúcleo feminino. Dentro do citoplasma do óvulo, o núcleo do espermatozóide de descondensa para formar o pronúcleo masculino. As proteínas ligadas à cromatina do espermatozóide, em seu estado condensado e inativo, são trocadas por proteínas semelhantes, derivadas do óvulo. Esta troca permite a descondensação da cromatina do espermatozóide. Pedaços remanescentes do envoltório nuclear original do espermatozóide são transportados pela cromatina. Rapidamente novas vesículas membranosas se agregam ao longo da periferia da massa de cromatina e se conectam com os fragmentos do velho envoltório para produzir a nova membrana do pronúcleo masculino. Esse sofre uma rotação de 180º, de tal forma que o centríolo do espermatozóide fica entre os dois pronúcleos. Os microtúbulos do centríolo do pronúcleo masculino se estendem e conectam o pronúcleo feminino e ambos migram para se encontrarem. A fusão forma o núcleo zigótico diplóide. O início da síntese de DNA pode ocorrer ainda na fase de pronúcleo ou após a formação do núcleo zigótico. O pronúcleo masculino de mamíferos aumenta em tamanho enquanto o núcleo do ovócito completa sua segunda divisão de meiose. Então, cada pronúcleo migra para se encontrar com o outro, replicando seu DNA enquanto viaja. No encontro, os dois envoltórios nucleares se tocam e rompem. Contudo, em vez de produzir um núcleo zigótico comum, a cromatina se condensa em cromossomos que se orientam para um fuso mitótico comum. Então podem ser vistos verdadeiros núcleos diplóides em mamíferos, não no zigoto, mas na fase de duas células. A não equivalência dos pronúcleos de mamíferos: os pronúcleos masculino e feminino e mamíferos são geneticamente equivalentes, porém podem ser funcionalmente diferentes. A mola hidatiforme é um tumor que se desenvolve a partir de um espermatozóide haplóide que fecunda um óvulo cujo pronúcleo feminino está ausente. O desenvolvimento não ocorre nesse caso. Estas diferenças podem estar em modificações do DNA que são diferentes nos núcleos dos óvulos e dos espermatozóides. Ativação do metabolismo do óvulo: o óvulo maduro é uma célula inerte, que é reativada pela entrada do espermatozóide. Esta ativação é meramente um estímulo, contudo, transforma em ação um conjunto de eventos metabólicos pré-programados. As respostas do óvulo ao espermatozóide podem ser: (1) respostas imediatas – muitos experimentos demonstram que esta liberação de cálcio é essencial para a ativação do desenvolvimento do embrião. A liberação de cálcio é responsável pela ativação de uma serie de reações metabólicas. Uma delas é a ativação da enzima NAD+ quinase, que converte NAD+ em NADP+ . Esta mudança deve ter importantes conseqüências para o metabolismo da célula. Uma delas envolve o metabolismo dos lipídios. Assim, a mudança de NAD+ para NADP+ pode ser importante na construção de muitos
  • 6. componentes das novas membranas celulares. Um outro efeito desta mudança envolve o consumo de oxigênio. Uma súbita redução do oxigênio é verificada durante a fecundação. A enzima responsável pela redução do oxigênio é dependente de NADPH. (2) respostas tardias – acoplado ao aumento intracelular de cálcio livre está um aumento do pH intracelular. Esse aumento inicia-se com um segundo influxo de íons sódio, causando a troca de um íon sódio que entra novo por um íon de hidrogênio que vai para a água do mar. Esta perda de íons de hidrogênio provoca uma alteração no pH que aumenta de 6,8 para 7,2 e traz enormes mudanças na fisiologia do ovo. Ainda que se acredite que esta mudança seja causada por uma reação mediada por cálcio, tem sido verificado que independente da causa, o aumento do pH intracelular pode iniciar muitas das respostas tardias, essas incluem a ativação da síntese de DNA e da síntese protéica, para a qual são suados mRNA’s já presentes no citoplasma do ovócito. Agentes que bloqueiam o aumento do pH também bloqueiam esses eventos tardios da fecundação. A bioquímica da ativação do óvulo: a ativação do óvulo é causada por uma onda de liberação de cálcio de compartimentos internos da célula. A ligação do espermatozóide à membrana celular do óvulo provoca uma serie de reações envolvendo enzimas da membrana que sintetizam “mensageiros secundários” (inositol 1,4,5 – trifosfato {IP3} pode liberar íons cálcio). O IP3 liberado nesta reação se liga a uma proteína no reticulo que libera íons cálcio. A proteína-G está envolvida na liberação dos íons cálcio ligados e na exocitose dos grânulos corticais. Parece que a mesma química que permite ao óvulo ativar o espermatozóide também permite ao espermatozóide ativar o óvulo. Rearranjo do citoplasma do óvulo: a fecundação pode também iniciar o deslocamento radical do material citoplasmático. Estes arranjos do citoplasma do ovócito são frequentemente cruciais para a diferenciação celular durante o desenvolvimento. O citoplasma de óvulo freqüentemente contém determinantes morfogênicos que se segregam em células específicas durante a clivagem. Esses determinantes conduzem à ativação ou à repressão de genes específicos e consequentemente conferem certas propriedades às células que os incorporam. O arranjo espacial correto destes determinantes é crucial para o desenvolvimento normal. O crescente amarelo, que se estende do pólo vegetal ao equador traz o plasma amarelo para a área onde futuramente os músculos serão formados na larva do tunicado. O movimento destas regiões citoplasmáticas é dependente de microtúbulos que provavelmente são gerados pelo centríolo do espermatozóide. O citoplasma subjacente, localizado próximo ao equador, do lado exatamente oposto ao ponto de entrada do espermatozóide é o crescente cinzento, que marca a região onde a gastrulação é iniciada em embriões de anfíbios. O motor desses movimentos citoplasmáticos em ovos de anfíbios parece ser o arranjo paralelo dos microtúbulos que se situam entre o citoplasma cortical e o citoplasma interno do hemisfério vegetal. A orientação dos microtúbulos é paralela à direção da rotação do citoplasma. Os microtúbulos paralelos são originários do óvulo, mas parece que o áster do espermatozóide dá a orientação aos microtúbulos. Esses movimentos citoplasmáticos iniciam uma cascata de eventos que determinam o eixo dorso-ventral. Preparação para clivagem: o aumento intracelular de íons cálcio livres também movimenta a aparelhagem da divisão celular. Os mecanismos através dos quais a clivagem é iniciada, provavelmente diferem entre as espécies. O ritmo das divisões celulares é regulado pela síntese e degradação da ciclina, que mantém a célula em metáfase e a quebra da ciclina permite à célula retornar à interfase. Clivagem, o evento que separa a fecundação da embriogênese. A posição da primeira clivagem não é ao acaso, mas, tende a ser determinada pelo ponto de entrada do espermatozóide e a subseqüente rotação do citoplasma do ovo. A coordenação do plano de clivagem e os
  • 7. rearranjos do citoplasma são provavelmente mediados pelos microtúbulos do áster do espermatozóide.
  • 8. Histologia básica 1 – A histologia e seus métodos de estudo A histologia estuda as células e o material extracelular que constituem os tecidos do corpo. O ME que é 1000 vezes mais potente que o MO ampliou bastante o campo de estudo da histologia, assim como outros instrumentos e técnicas de estudo como a cultura de células, as técnicas de radioautografia e de imuno-histoquímica. Como são feitas as lâminas histológicas: o que se deseja é levar ao microscópio um preparado no qual os tecidos estejam perfeitamente preservados, apresentando a mesma estrutura e composição química que possuíam quando vivos. A fixação estabiliza os tecidos: para que a célula não se destrua (autólise), ou bactérias não a destruam, os tecidos devem ser tratados imediatamente após sua retirada. Esse tratamento é denominado fixação, cuja principal função é insolubilizar as proteínas do tecido. Um dos melhores fixadores para o MO é o formaldeído a 4% em solução tamponada. No ME são usadas duas fixações, primeiro em solução tamponada de aldeído glutárico, e em seguida, em solução também tamponada, de tetróxido de ósmio. Etapas Finalidades Durações 1. Fixação em fixador simples ou em mistura fixadora (liquido de Bouin, Helly etc.). Preservar a morfologia e a composição dos tecidos. Cerca de 12 hs, dependendo do fixador do tamanho da peça. 2. Desidratação em álcool etílico de concentrações crescentes, começando com álcool a 70% e terminando com álcool absoluto. Remover a água dos tecidos. 6 a 24hs, dependendo do tamanho da peça. 3. Clareamento ou diafanização em benzol, xilol ou toluol, solventes do álcool e da parafina. Embeber a peça em substancia miscível com a parafina. 1 a 6hs, dependendo o tamanho da peça. 4. Impregnação pela parafina fundida, geralmente realizada em estufa a 60ºC. A parafina penetra nos vasos, nos espaços intercelulares e mesmo no interior das células, impregnando o tecido e tornando mais fácil a obtenção dos cortes no micrótomo. 30 min a 6hs, dependendo do tamanho da peça. 5. Inclusão: a peça é colocada num molde retangular contendo parafina fundida. Obtenção do bloco de parafina de forma regular, para ser cortado no micrótomo. Após a fixação os tecidos são impregnados com parafina ou resinas sintéticas a fim de que possam ser cortados em fatias finas: para a obtenção dos cortes os tecidos tem que ser embebido e envolvidos em substancias de consistência firme (parafinas ou resinas plásticas). Há uma série de tratamentos que o tecido deve sofrer antes da impregnação. Na primeira etapa, a desidratação, a água é extraída dos tecidos pela passagem dos mesmos em banhos de concentrações crescentes de etanol, geralmente de 70% até o etanol absoluto (ou puro ou 100%). Em seguida, o etanol é substituído por um liquido miscível como meio de inclusão. Para a inclusão em parafina usa-se o xilol ou benzol. Os tecidos embebidos nessas substancias tornam-se translúcidos, por isso essa etapa é chamada diafanização ou clareamento. Mergulha-se o tecido em parafina a
  • 9. 60ºC. Devido ao calor o xilol ou benzol evaporam e os espaços anteriormente ocupados por eles são ocupados pela parafina. Em seguida coloca-se o tecido num recipiente contendo um pouco de parafina fundida e deixa solidificar em temperatura ambiente formando um bloco de parafina como tecido no seu interior, que é seccionado pela navalha de aço do micrótomo, obtendo-se cortes de 6 a 8 µm de espessura. Esses cortes são estirados em água quente e colocados nas lâminas. A imersão dos tecidos em etanol e xilol ou benzol retira os lipídios, quando são eles que se quer estudar usa-se o micrótomo de congelação. A coloração facilita a visualização dos componentes teciduais: a maioria dos tecidos é incolor. A maioria dos corantes utilizados em histologia comporta-se como ácido ou base e tende a formar ligações salinas com radicais ionizáveis presentes nos tecidos. Os componentes basófilos têm caráter ácido e se ligam aos corantes com caráter básico, já os acidófilos têm caráter básico e se ligam aos corantes com caráter ácido. Azul-de- toluidina, azul-de-metileno e a hematoxilina são corantes básicos, enquanto orange G, eosina e fucsina ácida são corantes ácidos. O núcleo celular é basófilo e o citoplasma é quase sempre acidófilo. A coloração dupla pela hematoxilina e a eosina (HE) é a mais utilizada na rotina em histologia, porem muitos outros corantes são usados. Além dos corantes usa-se também a impregnação metálica com sais de prata e ouro. Técnicas Constituintes Núcleos Citoplasma Fibras colágenas Fibras elásticas Fibras reticulares HE Hemalúmen (hematoxilina) Azul ---- ---- Irregular ---- Eosina ---- Róseo Róseo Irregular ---- Hematoxilina férrica Preto ---- ---- ---- ---- Tricrômico de Masson Fucsina ácida e ponceau de xilidina ---- Vermelho ---- ---- ---- Verde-luz ---- ---- Verde ---- ---- Fucsina- resorcina de Weigert Fucsina- resorcina ---- ---- ---- Púrpura ---- Impregnação argêntica para fibras reticulares Soluções de sais de prata ---- ---- Castanho- escuro ---- Preto O microscópio óptico não permite o estudo de detalhes com menos de 0,2µm: a parte óptica do microscópio consiste em três sistemas de lentes: condensador, objetiva e ocular. A ampliação total dada pelo MO é igual ao aumento da objetiva multiplicado pelo aumento da ocular. O fator mais significativo para uma boa imagem é a resolução, que é a menor distancia para que duas partículas apareçam como objetos separados. O limite da resolução dos melhores MO é 0,2µm e ele depende essencialmente da objetiva, a ocular apenas aumenta de tamanho a imagem projetada de foco pela objetiva. Os microscópios de contraste de fase facilitam a visualização das células e tecidos vivos: o estudo de tecidos vivos é difícil, pois a maioria dos seus componentes são incolores e transparentes. O microscópio de contraste permite o estudo de muitos detalhes celulares in vivo. A velocidade com que a luz atravessa um corpo transparente depende da quantidade de matéria presente e determina o índice de refração desse corpo. Quanto maior a densidade, maior o índice de refração e menor a velocidade da
  • 10. luz no corpo. Como as diversas estruturas celulares têm índices diferentes, causam atrasos diferentes nas ondas luminosas dando origem a diferenças de fase entre as ondas luminosas emergentes, mas essas diferenças ao são visíveis. No microscópio de contraste de fase existem dispositivos especiais que transformam essas diferenças de fase em diferenças de amplitude, dando diferenças de intensidade luminosa, para as quais a retina é sensível. Cortes ópticos podem ser obtidos com o microscópio confocal: este tipo de microscópio utiliza raios laser e gera imagens de planos ópticos do tecido em exame. Isto torna possível imagens muito nítidas porque o material situado abaixo do plano de foco não contribui para a formação da imagem e, assim, não compromete sua nitidez. O microscópio de polarização revela a presença de moléculas alongadas e orientadas: ao atravessar um filtro polariode a luz torna-se polarizada. Colocando-se um segundo filtro no microscópio, acima do primeiro e com seu eixo perpendicular, a luz não atravessa o conjunto. O primeiro filtro é colocado no condensador e recebe o nome de polarizador. O segundo filtro, ou analisador, é colocado entre a objetiva e a ocular. Quando o polarizador e o analisador estão com seus eixos perpendiculares, o campo do microscópio aparece escuro, mas se entre os dois filtros existirem estruturas contendo moléculas orientadas (anisotrópicas ou birrefringentes, modificam o eixo da luz recebida do polarizador), estas estruturas aparecerão brilhantes contra um fundo escuro. Microscopia de fluorescência: quando excitadas por certos comprimentos de onda, algumas substâncias absorvem energia e emitem luz de maior comprimento de onda. Em microscopia utiliza-se a citação com radiação ultravioleta, para que a radiação emitida caia na faixa de luz visível. As substancias fluorescentes aparecem como substancias brilhantes contra um fundo escuro. Microscopia eletrônica: os elétrons são produzidos graças ao aquecimento no vácuo de um filamento que então emite elétrons. Essas partículas são aceleradas devido a uma ddp de 60 a 100 kV existente entre o filamento e o anodo. Devido ao fato de serem elétrons facilmente desviados pelo objeto, torna-se necessário utilizar cortes muito finos de tecido (20 a 100 nm de espessura). Para isso foi necessário desenvolver métodos especiais de microtomia, os cortes são feitos em um ultramicrótmo, nos quais são utilizadas navalhas de vidro ou diamante. Enquanto no MO a luz é absorvia pelas estruturas coradas, no ME os elétrons são desviados por porções do objeto que contenham átomos de elevado peso atômico. O resultado é que as estruturas que desviam elétrons aparecem escuras na tela fluorescente e são chamadas de elétron- densas. A capacidade de desviar os elétrons depende do numero atômico, por isso se costuma impregnar os cortes de tecidos com metais pesados a fim de aumentar o contraste, resultando assim uma imagem nítida e bem visível. A analise dos elétrons refletidos permite o estudo da superfície de células e tecidos especialmente preparados: alem do ME já descrito, chamado de transmissão, existe outro tipo, denominado microscópio de varredura aqui, entre lente eletromagnética e o objeto é interposta uma bobina de varredura que provoca um desvio no feixe de elétrons, de tal modo que o mesmo vai incidir sobe o objeto ponto por ponto, numa seqüência determinada. O objeto não se deixa atravessar pelo feixe eletrônico, devido a sua espessura e a uma cobertura feita por evaporação de metal pesado sobre a sua superfície. Desse modo, o feixe de elétrons que incide sobre o objeto (feixe primário) sofre reflexões, originando elétrons secundários, os quais são captados por detectores especiais que geram um sinal elétrico, transferido para um tubo de vídeo. O uso combinado de moléculas radioativas e suspensões de brometo de prata em gelatina (emulsões fotográficas) é a base da técnica radioautográfica: essa técnica
  • 11. torna possível a localização de substancias radioativas nos tecidos. Cristais de brometo de prata agem como microdetectores da radioatividade, pois atingidos pela radiação, depois de revelados, transformam-se em grãos de prata metálica, que aparecem negros ao microscópio, denunciando a presença de radioatividade nas estruturas com as quais estão em contato. Esse método tem sido utilizado para o estudo de fenômenos biológicos. Por exemplo, a síntese de proteínas pode ser estudada pela injeção de aminoácidos marcados com carbono 14 e hidrogênio 3, as moléculas que se formarem serão radioativas e poderão ser encontradas pela radioautografia. A separação , em quantidade, dos componentes celulares é possível pela técnica de centrifugação fracionada: é um processo físico que aplica a força centrifuga para separar organelas celulares, de acordo como coeficiente de sedimentação de cada uma, esse depende do tamanho, forma e densidade da partícula e da densidade e viscosidade do meio. Submetendo-se uma célula à ação de uma força centrifuga adequada, suas organelas se distribuirão em diferentes camadas. Utilizando essa técnica pode-se isolar qualquer organela celular, determinar sua composição química e estudar suas funções in vitro. Após a homogeneização, inicia-se a centrifugação d sobrenadante, utilizando-se forças centrífugas cada vez maiores. As partículas mais densas sedimentam primeiro. O sobrenadante de cada centrifugação é submetido a uma força centrífuga maior, obtendo- se, desse modo, a separação dos diversos componentes celulares. Histoquímica e citoquímica: esses termos são usados para indicar os métodos para a localização de diferentes substancias nos cortes de tecido e eles têm por base reações químicas especificas, ou a interação macromolecular de alta afinidade. Nos dois casos, o resultado final é a produção de compostos insolúveis, coados, ou eletrón-densos, que possibilitam a localização de sustâncias específicas nos cortes de tecidos através do uso do MO ou ME. Para os lipídios os corantes mais usados são: o Sudan IV e o Sudan negro, que coram os lipídios respectivamente em vermelho e preto; para os ácidos nucléicos: a reação de Feulgen; para o RNA: azul-de-toluidina ou azul-de-metileno (precisa de lâmina controle com ribonuclease); para polissacarídeos: PAS (reação do acido periódico de Schiff, precisa de lâmina controle com amilase); para enzimas: produzir um precipitado fortemente corado ou elétron-denso no local da atividade enzimática. Interações de alta afinidade entre macromoléculas servem para a realização de técnicas importantes como a imunocitoquímica, a citoquímica com lectinas e a hibridização in situ: essas interações são muito especificas, localizando as moléculas com muita precisão, o exemplo mais bem estudado é a interação antígeno-anticorpo. A técnica da imunocitoquímica baseia-se no seguinte fato: quando uma macromolécula estranha denominada antígeno é introduzida em um organismo, este reage produzindo uma proteína chamada anticorpo, que por sua vez combina-se especificamente com o antígeno. A técnica consiste em acoplar sustâncias marcadoras a anticorpos sem que estes percam a capacidade de se combinar como antígeno. Isto é utilizado de duas maneiras, denominadas técnicas direta e indireta de imunocitoquímica. Três métodos são muito utilizados para marcar os anticorpos: (1) conjugação com composto fluorescente; (2) conjugação com uma enzima e (3) conjugação com uma substancia que não se deixa atravessar pela luz e que dispersa elétrons. TÉCNICA DIRETA: para um antígeno x tirado de um animal é feito um anticorpo em outro animal, que depois de purificado e acoplado com um composto fluorescente volta para o animal que tinha o antígeno X e se liga a ele formando uma estrutura acoplada fluorescente, ficando visível a localização do antígeno X. TÉCNICA INDIRETA: na primeira etapa faz-se a imersão do corte histológico em solução com anticorpo não marcado, obtido do sangue de um animal no qual foi injetado o antígeno cuja localização se deseja determinar. O
  • 12. anticorpo fixa-se ao antígeno, mas isso não pode ser observado ao microscópio, por isso o anticorpo não está marcado. Na segunda etapa, imerge-se o preparado em solução com antigamaglobulina marcada. Esta ultima é, portanto, um anticorpo. A antigamaglobulina marcada fixa-se à gamaglobulina que já está ligada ao antígeno, revelando a localização dele. TÉCNICAS DE HIBRIDIZAÇÃO IN SITU: para entender como a célula funciona é necessário entender o fluxo de informações entre o DNA e as proteínas sintetizadas na célula. Dentre as técnicas com essa finalidade encontra-se a técnica de análise Southern, que possibilita caracterizar e quantificar o DNA de um gene; análise Northern, que identifica e quantifica um RNAm mesmo na presença dos numerosos outros RNA’s; e a análise Western, para detecção de uma proteína especifica, dentre as que existem numa célula ou tecido. As análises Southern e Northern se baseiam na alta afinidade que existe entre segmentos complementares de ácidos nucléicos, o que torna possível a hibridização. A análise Western se baseia na alta afinidade e especificidade entre antígenos e respectivos anticorpos. HISTOQUÍMICA COM LECTINAS: as lectinas são proteínas obtidas de sementes de vegetais, que se ligam com alta afinidade e especificidade a carboidratos da superfície celular. As diferentes lectinas ligam-se a segmentos específicos de certos hidratos de carbono. Caracterizam moléculas da membrana que contêm certos carboidratos, e geralmente, é marcada com peroxidase, para tornar possível sua localização através da técnica histoquímica para peroxidase.
  • 13. Histologia básica 2 – Tecido epitelial Os tecidos que constituem os diversos órgãos do corpo são constituídos por células mais a matriz extracelular, que é produzida pelas células. Existem quatro tipos básicos de tecido: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Os epitélios são constituídos por células, geralmente, poliédricas, justapostas, entre as quais se encontra pouca substância extracelular. As células epiteliais aderem firmemente umas às outras, formando camadas celulares contínuas que revestem a superfície externa e as cavidades do corpo. Além dos epitélios de revestimento, existem também os epitélios glandulares, formados por células especializadas na produção de secreção. Há ainda epitélios especializados na captação de estímulos provenientes do ambiente, são os neuroepitélios. Geralmente a forma do núcleo acompanha a forma da célula: células cúbicas apresentam núcleo esférico, ao passo que células prismáticas têm núcleo elíptico. O eixo maior dos núcleos acompanha o eixo maior das células. O glicocálice é uma delgada camada glicoprotéica que reveste as células epiteliais (e outras células também): as glicoproteínas tomam parte nos processos celulares de pinocitose, de adesão entre as células, em fenômenos imunológicos e em outros processos vitais. A lâmina basal separa e prende o epitélio ao tecido conjuntivo adjacente, permitindo porem a passagem de diversas moléculas: os epitélios apresentam na sua superfície de contato com o tecido conjuntivo, uma estrutura chamada lâmina basal, que tem espessura de 20 a 100 nm, é formada principalmente, por colágeno tipo IV, uma glicoproteína denominada laminina e proteoglicanas, sendo sintetizada pelas células epiteliais. Em determinadas regiões do organismo, verifica-se, em continuação à lâmina basal, um acúmulo de fibras reticulares e complexos de proteínas e glicoproteínas, formando um conjunto que e visíveis ao microscópio óptico. A associação da lâmina basal com essa estrutura chama-se membrana basal. Nos epitélios sujeitos a atritos fortes, a lâmina basal fixa-se ao tecido conjuntivo subjacente por meio de finas fibrilas de colágeno tipo VII, chamadas fibrilas de ancoragem. Quando as células migram para suas localizações corretas, no desenvolvimento embrionário, apoiando-se nas lâminas basais, as mutações que modificam as proteínas normais da lâmina basal afetam gravemente a organogênese. Estruturas diversas, principalmente os desmossomos, asseguram forte coesão entre as células epiteliais: da aderência das células epiteliais participam proteínas da família das caderinas, que são proteínas transmembrana, com a função de prender as membranas de células contíguas. As caderinas perdem sua adesividade na ausência de Ca+. As junções celulares servem para a aderência e também para vedar o espaço intercelular. Certas junções formam canais de comunicação entre as células adjacentes. Nos epitélios prismáticos com uma única camada de células, frequentemente, as junções se apresentam numa ordem definida da parte apical para a parte basal da célula. Nessas células, as zônulas de oclusão são as junções mais apicais. Todas as zônulas são estruturas em forma de faixa, formando um cinturão em volta da célula. As zônulas de oclusão são caracterizadas pela íntima justaposição periódica das membranas celulares das células vizinhas, com fusão dos folhetos externos das membranas e forma
  • 14. uma barreira que impede a passagem de moléculas por entre as células epiteliais, ou seja, ela tem um efeito soldador, contribuindo para a formação de compartimentos funcionais delimitados por células epiteliais. A junção encontrada a seguir é a zônula de adesão, que circunda toda a volta da célula e contribui para a aderência entre células vizinhas. Aqui há uma discreta separação entre as membranas celulares e um pequeno acúmulo de material elétron- denso na superfície interna dessas membranas. No material elétron-denso se inserem componentes da trama terminal, uma estrutura localizada no pólo apical das células e que contém a proteína espectrina, filamentos de actina e filamentos intermediários. Admite-se que a trama terminal reforça o citoplasma do ápice da célula. O conjunto formado pelas zônulas de oclusão e de adesão constitui o complexo unitivo e é responsável por uma estrutura a muito conhecida como rede terminal. A junção comunicante (gap junction) ou néxus pode ocorrem em qualquer posição nas membranas laterais das células epiteliais. São encontradas também nos outros tecidos, menos no muscular estriado esquelético. Caracteriza-se pela aposição das membranas de células adjacentes, após criofratura observam-se agregados de partículas formando placas circulares nas membranas. As junções comunicantes são formadas de hexâmeros protéicos, cada um com um poro hidrofílico central de 1,5 nm. Cada hexâmero se alinha como da célula adjacente e forma um canal hidrofílico entre as duas células, esses canais permitem a passagem de moléculas informacionais como AMP cíclico, GMP, íons etc., e podem propagar informações entre células vizinhas integrando as funções celulares nos tecidos. As junções comunicantes se formam rapidamente entre células previamente isoladas. O fato de inibidores metabólicos, especialmente os que bloqueiam a oxidação fosforilativa, impedirem a formação dessas comunicações e também promoverem a desagregação das existentes mostra que elas se mantêm graças a um processo que consome energia. Como as novas junções comunicantes se formam mesmo que a síntese protéica seja interrompida, admite-se que elas podem se formar pela aproximação das moléculas protéicas (unidades do hexâmero) preexistentes e dispersas na membrana celular. O desmossomo ou mácula de adesão está relacionado com a aderência intercelular, ele é uma estrutura complexa, em forma de disco constituído pela membrana de duas células contíguas. Na região do desmossomo as membranas celulares se afastam. Desmossomos apresentam rigidez. Proteínas da família das caderinas participam da aderência proporcionada pelos desmossomos. Na face citoplasmática de cada membrana existe uma placa circular constituída de ao menos 12 proteínas na qual se prendem filamentos intermediários de queratina (tonofilamentos). Na zona de contato entre algumas células epiteliais e a lamina basal, frequentemente, existem hemidesmossomos. Eles auxiliam a fixação da célula epitelial à lâmina basal subjacente e são mais freqüentes onde o epitélio está sujeito a atritos fortes. Aqui a aderência é devido à proteínas da família das integrinas. As junções intercelulares podem ter três funções: (1) junções de adesão (zônula de adesão, desmossomos e hemidesmossomos), (2) junções impermeáveis (zônulas de oclusão) e (3) junções de comunicação (junções comunicantes). OBS.: a adesão entre as células pode ser aumentada pela grande quantidade de interdigitacões observadas nas membranas das paredes laterais das células epiteliais vizinhas. As células epiteliais geralmente são polarizadas: a maioria das células epiteliais possui uma estrutura diferente, conforme a extremidade do citoplasma que é observada. Organelas, vesículas de secreção, material de deposito (inclusões) não se distribuem de
  • 15. modo uniforme no citoplasma. Certas estruturas predominam num pólo, conforme a atividade funcional da célula. O pólo basal é aquele em contato com a lâmina basal e o pólo apical é a direção oposta. A polaridade celular não é exclusiva das células epiteliais. As células epiteliais apresentam estruturas para aumentar a superfície ou movimentar partículas: MICROVILOS: as células epiteliais com função de absorção apresentam na superfície livre milhares de microvilos (formados por filamentos de actina). Frequentemente, nos microvilos, o revestimento glicoprotéico (glicocálice) apresenta-se mais denso. ESTEREOCÍLIOS: são estruturas imóveis, de distribuição restrita, encontradas na região apical das células de revestimento do epidídimo e do canal deferente. São constituídos por longos prolongamentos citoplasmáticos, que podem sofrer anastomose. Aumentam a superfície celular, facilitando o transito de moléculas para dentro e fora das células. Apesar do nome tem semelhança com os microvilos e não com os cílios. CÍLIOS E FLAGELOS: os cílios apresentam forma cilíndrica, revestidos pela membrana celular, contendo no centro um par de microtúbulos isolados e, na periferia, nove pares de microtúbulos fundidos dois a dois e dispostos circularmente. Os cílios se inserem nos corpúsculos basais. O movimento celular é coordenado, provocando uma corrente de fluido em uma só direção. Os movimentos ciliares resultam da atividade dos microtúbulos, que utilizam a energia fornecida por moléculas de ATP. Os flagelos, que no organismo humano existem apenas nos espermatozóides, têm estrutura semelhante à dos cílios, porem são muito mais longos e, normalmente, cada espermatozóide tem apenas um flagelo. As funções básicas dos epitélios são de revestir, separando compartimentos, e secretar: os epitélios estão classificados em dois grandes grupos: de revestimento e glandulares. De acordo com as condições funcionais locais, os epitélios de revestimento podem ter uma ou mais camadas de células: são tecidos cujas células se dispõem em camadas, recobrindo a superfície externa ou as cavidades do corpo. Estão sempre apoiados numa camada de tecido conjuntivo que contem os vasos sanguíneos cujo sangue nutre o epitélio. São classificados tendo em vista o numero de camadas constituintes e a forma das células na camada mais superficial. Pelo primeiro critério, os epitélios podem ser simples ou estratificados. Os epitélios simples subdividem-se em pavimentosos, cúbicos e prismáticos ou cilíndricos. Nos epitélios estratificados, a classificação baseia-se na forma das células da camada mais superficial do epitélio. O epitélio estratificado, chamado de transição, que reveste a bexiga, caracteriza-se pelo fato de suas células superficiais não serem nem pavimentosas nem prismáticas, mas globosas. Nesse epitélio, o número de camadas e a forma das células superficiais variam conforme o órgão esteja distendido ou não. Chama-se mucosa o conjunto constituído por epitélio mais tecido conjuntivo, que reveste cavidades úmidas, como boca, bexiga, intestino. O conjuntivo das mucosas recebe o nome de lâmina própria ou córion. Com raras exceções, os vasos sanguíneos não penetram no epitélio, de modo que a nutrição é feita por difusão através do tecido conjuntivo. O tecido epitelial, geralmente, apresenta fibras nervosas sensoriais, que acabam em terminações nervosas livres, constituindo, às vezes, uma rica rede intra-epitelial, conferindo grande sensibilidade ao epitélio. As células epiteliais glandulares se especializam na produção de vários tipos de secreção: quase sempre os produtos elaborados pelas células glandulares são acumulados temporariamente no citoplasma, sob a forma de pequenas partículas envolvidas por membrana, as vesículas ou grânulos de secreção. Os epitélios
  • 16. glandulares formam órgãos denominados glândulas. Quando cada célula secretora aparece isolada, a glândula é unicelular. A maioria das glândulas, porém, é pluricelular. As glândulas originam-se pela proliferação das células de epitélios de revestimento, com invasão do tecido conjuntivo subjacente e posterior diferenciação. As glândulas são órgãos envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo que emite septos, dividindo-as em lobos e lóbulos. Vasos sanguíneos e nervos penetram na glândula dentro dos septos, fornecendo nutrientes e estímulo nervoso para as funções glandulares. De acordo coma maneira pela qual o produto de secreção sai das células, as glândulas podem ser merócrinas (só saem os produtos de secreção – pâncreas e glândulas salivares), holócrinas (a célula toda se destaca da glândula, arrastando consigo o produto de secreção – sebácea) e apócrinas (são intermediárias, o produto de secreção é eliminado com uma parte do citoplasma apical – sudoríparas). Glândulas endócrinas: - tipo cordonal (adrenal, hipófise e paratireóide): células se dispõem em cordões maciços que sofrem anastomose e ficam separados por capilares sanguíneos, que recolhem os produtos elaborados pela glândula. - tipo vesicular (tireóide): células se agrupam formando vesículas, constituídas por uma só camada de células, limitando o espaço onde a secreção se acumula temporariamente. Glândulas exócrinas: existe uma porção secretora e o ducto excretor. Quando a glândula tem um único ducto que não se divide, é uma simples. Quando os ductos se dividem, a glândula é chamada composta. A forma da porção secretora permite separar as glândulas em acinosas e tubulosas. Os ácinos de luz ampla são por vezes chamados de alvéolos. A associação das partes secretoras mencionadas forma as glândulas tubuloacinosas e as tubuloalveolares. Quanto à parte secretora, as glândulas podem ser ramificadas ou não. Renovação das células epiteliais: há uma renovação constante das células graças a uma atividade mitótica continua. Metaplasia é a transformação patológica de um tecido em outro: em condições patológicas, certas células podem sofrer alterações e dar origem a um novo tipo de tecido. Exemplos: o epitélio pseudo-estratificado da taqueia e dos brônquios, em fumantes crônicos sob a ação irritante do fumo, pode transformar-se em epitélio estratificado pavimentoso; na deficiência crônica de vitamina A, o epitélio dos brônquios, o epitélio de transição da bexiga e vários outros são substituídos por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. As glândulas são controladas por mecanismos nervosos e hormonais mediados por mensageiros químicos: geralmente um fator predomina sobre o outro no controle da atividade glandular. Tanto o controle nervoso como o hormonal se exercem através de substancias chamadas mensageiros químicos. Os mensageiros químicos são chamados neurotransmissores, e os produzidos pelas glândulas endócrinas são os hormônios. OBS.: a partir de ATP ou GTP formam-se AMP ou GMP cíclicos, pela ação da enzima adenilato ciclase ativada pelo primeiro mensageiro. A adenilato ciclase está localizada na membrana e a ela se associa um receptor para o primeiro mensageiro. Os segundos mensageiros, cAMP ou cGMP, formam-se dentro da célula, enquanto o primeiro mensageiro permanece na face externa da membrana. Os efeitos de muitos neurotransmissores e hormônios são mediados por cAMP ou cGMP. A especificidade dos primeiros mensageiros sobre os diferentes tipos celulares depende dos receptores específicos. Os mensageiros químicos agem através de dois mecanismos. No primeiro caso, o mensageiro penetra na célula, combina-se com receptores intracelulares e o complexo
  • 17. do mensageiro com o receptor liga-se ao DNA ativando um ou mais genes, iniciando a produção de proteínas específicas. Os hormônios esteróides que atravessam facilmente a membrana plasmática, graças a sua grande solubilidade nos lipídios, agem desta maneira. O segundo mecanismo depende da interação do mensageiro com receptores localizados na superfície externa da membrana da célula glandular. Essa molécula mensageira, chamada primeiro mensageiro, induz o aparecimento dos mensageiros intracelulares, que iniciam uma serie de eventos culminando com a ativação da secreção. Os hormônios polipeptídicos e os neurotransmissores, que não são solúveis nos lipídios e portanto não atravessam facilmente a membrana celular, atuam através dos mensageiros intracelulares. O transporte ativo de íons é facilitado pelo aumento da superfície celular e consome muita energia: nos mamíferos, a concentração de Na+ no liquido extracelular é de 140 mmol/L, enquanto a concentração intracelular desse íon é de apenas 5 – 15 mmol/L. Acresce que o interior da célula é eletricamente negativo em relação ao meio extracelular. Nessas condições o íon sódio eletricamente positivo, tende a penetrar na célula, a favor de um gradiente de concentração e elétrico. A célula usa a energia acumulada em ATP para expelir Na+ por meio de um sistema conhecido como bomba de sódio, mantendo assim baixa a concentração de sódio no meio intracelular. Em muitos epitélios simples pavimentosos é intenso o transporte através de vesículas de pinocitose: as células utilizam pinocitose para transportar macromoléculas. Essa atividade observa-se nos epitélios simples dos endotélios e mesotélios, caracterizados pela forma pavimentosa, presença de grande numero de vesículas pinocitóticas na membrana e no citoplasma e relativa escassez de organelas. O material captado por pinocitose numa face da célula atravessa o citoplasma no interior das vesículas de pinocitose e é descarregado na face oposta da célula. As células que secretam proteínas são ricas em reticulo endoplasmático rugoso: todas as células sintetizam proteínas continuamente, para substituir as moléculas gastas nos processos metabólicos normais. Mas algumas são especializadas, pela diferenciação, para a produção de grandes quantidades de proteínas. Em células que produzem enzimas digestivas, como o pâncreas, os grânulos que ficam no ápice da célula, são chamados de grânulos de zimogênio. Células epiteliais com função endócrina e parácrina, de localização difusa: muitas células do sistema secretor difuso, encontrado no revestimento epitelial do estômago e dos intestinos, são capazes de captar precursores das aminas e de promover a descarboxilação destes precursores. Por estas razões, estas células secretoras foram denominadas células APUD (Amine Precursors Uptake and Decarboxylation). A secreção mucosa contém glicoproteínas complexas, hidrofílicas, viscosas e de função lubrificante e protetora: a célula caliciforme é um exemplo desse tipo de célula. Apresentam muitos grânulos de secreção glicoprotéica, grandes e pouco elétron- densos no seu pólo apical. O núcleo é geralmente achatado e deslocado para a base da célula. Esta região é rica em REG, o aparelho de Golgi é bem desenvolvido e localizado logo acima do núcleo. Quando as glicoproteínas são liberadas da célula, tornam-se muito hidratadas e formam um gel viscoso e elástico chamado muco, que protege e lubrifica a superfície do epitélio. Células serosas e mucosas: o termo seroso provém do fato do produto de secreção dessas células ser um fluido claro, pouco viscoso, rico em proteínas, parecidas como soro sanguíneo. As células mucosas caracterizam-se pela presença de grânulos de secreção grandes e pouco corados, que ocupam a maior parte do citoplasma, deslocando o núcleo, eu é achatado, para a base da célula. As células serosas apresentam núcleo
  • 18. arredondado e claro, basofilia citoplasmática (REG) localizada principalmente no terço basal da célula e numerosos grânulos de secreção acidófilos, facilmente visíveis na parte apical da célula. As células que secretam hormônios esteróides são ricas em REL e em mitocôndrias contendo cristas tubulares: essas células são encontradas nos testículos, nos ovários, e nas glândulas adrenais. Elas distinguem-se pelas seguintes características: são células poliédricas ou arredondadas, com núcleo central e citoplasma geralmente com numerosas gotículas de lipídios; o REL é muito desenvolvido; apresentam mitocôndrias grandes, geralmente esféricas ou ligeiramente alongadas, que contêm parte das enzimas necessárias para a síntese dos hormônios esteróides. Esta síntese resulta da colaboração entre o REL e as mitocôndrias. As células mioepiteliais, contráteis, envolvem ácinos e participam da expulsão da secreção: em várias glândulas (sudoríparas, mamarias, salivares e lacrimais), encontram-se células contrateis denominadas mioepiteliais, que se localizam entre a lâmina basal e as células secretoras. Aumentam o fluxo do produto de secreção das glândulas através da compressão das unidades secretoras. O citoplasma apresenta numerosos filamentos de actina e contém também miosina. Apresentam ainda filamentos intermediários de queratina, o que confirma sua origem epitelial. Tumores derivados do tecido epitelial: os tumores malignos são os carcinomas, quando derivados de um epitélio glandular, devem ser denominados adenocarcinomas. Os tumores malignos são constituídos por células que se proliferam de modo descontrolado e são capazes de atacar e perfurar a lâmina basal, para se espalharem pelo organismo, formando as metástases. Como nos tumores dos outros tecidos, também nos tumores de origem epitelial o grau de diferenciação das células tumorais é variável. Quanto mais indiferenciado o tumor, maior sua malignidade. Muitas vezes é difícil identificar a origem dos tumores muito indiferenciados. Como geralmente as células dos tumores do tecido epitelial contêm proteínas da família das queratinas, a identificação dessas proteínas, por meio de técnicas imunocitoquímicas, auxilia no diagnostico e no planejamento do tratamento.
  • 19. Histologia básica 3 – Tecido conjuntivo Apresenta diversos tipos de células separadas por abundante material extracelular, sintetizado por elas. Esse material é representado por uma parte com estrutura microscópica bem definida, as fibras do conjuntivo, e pela matriz extracelular ou substância fundamental, um gel viscoso de macromoléculas alongadas (glicosaminoglicanas, proteoglicanas e glicoproteínas adesivas) muito hidratadas, que formam um arcabouço entrelaçado e ligado às fibras e a receptores celulares denominados integrinas. As fibras do conjuntivo são de três tipos principais: colágenas, reticulares e elásticas. Os tecidos conjuntivos originam-se do mesênquima. As células mesenquimais possuem núcleos ovóides, com a cromatina fina. O mesênquima deriva, principalmente, do mesoderma e suas células migram no embrião, envolvendo os órgãos em formação e neles penetrando. As fibras do conjuntivo são constituídas por proteínas que se polimerizam formando estruturas alongadas: os três tipos de fibra se distribuem desigualmente entre as variedades de tecido conjuntivo. Muitas vezes as fibras predominantes são responsáveis por certas propriedades do tecido. Como as fibras colágenas e as reticulares são constituídas por proteínas da família dos colágenos, existem na realidade dois sistemas de fibras: o sistema colágeno e o sistema elástico. O colágeno constitui uma família de proteínas que se diferenciaram durante a evolução, para exercer funções diversificadas: o colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano. Essa família de proteínas é produzida por diversos tipos celulares e se distingue pela composição bioquímica, características morfológicas, distribuição, funções e patologia. De acordo com sua estrutura e funções, o colágeno pode ser classificado em grupos, como descrito a seguir: • Colágenos que formam fibrilas: as moléculas desse colágeno se agregam sem gasto de energia, para formar fibrilas bem visíveis no ME. Pertencem a esse grupo os colágenos I, II, III, V e XI. O tipo I é o mais abundante no corpo humano, fazendo parte de muitos tecidos, onde ocorre como estruturas que correspondem ao que classicamente se denomina fibras colágenas. • Colágenos associados a fibrilas: suas moléculas constituem estruturas pequenas que ligam as fibrilas colágenas umas às outras e também a outros componentes da matriz extracelular. Compõem este grupo os colágenos tipos IX e XII. • Colágenos que forma rede: suas moléculas se associam para formar um feltro ou rede tridimensional é o tipo IV. • Colágeno de ancoragem: é o tipo VII, que está presente nas fibrilas de ancoragem que prendem as fibras colágenas às lâminas basais. Tipos de colágenos Distribuição Célula produtora Interações com glicosaminoglicanas Principal função Organização molecular I Derme, tendão, osso, fibrocartilagem Fibroblastos, odontoblastos, osteoblastos, condroblastos Fraca, com sulfato de dermatana Resistência a trações Forma fibrilas II Cartilagem hialina, disco intervertebral Condroblastos Forte, com sulfato de condroitina Resistência à pressão Forma fibrilas III Músculo liso, tecido conjuntivo reticular Células musculares, células reticulares, Média, com sulfato de heparana Manutenção da estrutura de tecidos delicados e Forma fibrilas
  • 20. células de Schwann expansíveis IV Lâminas basais Células endoteliais, epiteliais, e de Schwann Médio, com sulfato de heparana Suporte de estruturas delicadas, filtração Forma rede tridimensional (feltro) V Derme, tendão, osso, fibrocartilagem Fibroblastos Participa das funções do colágeno tipo I Forma fibrilas VII Derme Une células ao tecido conjuntivo Colágeno de ancoragem IX Cartilagem hialina Condroblastos Associação lateral das fibrilas Colágeno associado a fibrilas XI Cartilagem hialina, disco intervertebral Condroblastos Participa das funções do colágeno tipo II Forma fibrilas XII Tendão, ligamentos Fibroblastos Associação lateral de fibrilas Colágeno associado a fibrilas Os principais aminoácidos encontrados no colágeno são glicina (33,5%), prolina (12%) e hidroxiprolina (10%). Os AA característicos desta proteína são hidroxiprolina e hidroxilisina. A unidade protéica que se polimeriza para formar fibrilas colágenas é uma molécula alongada denominada tropocolágeno, que consiste em três cadeias polipeptídicas dispostas em hélice. As diferenças nas estruturas químicas dessas cadeias são responsáveis pelos vários tipos de colágeno. Nos colágenos dos tipos I, II e III, as moléculas de tropocolágeno se agregam em unidade microfibrilares que se juntam para formar fibrilas. Pontes de hidrogênio e interações hidrofóbicas são importantes para a união dessas unidades que, posteriormente, são reforçadas por ligações covalentes, catalisadas pela atividade da enzima extracelular lisil-oxidase, que oxida moléculas do aminoácido lisina, estabelecendo pontes entre elas. Nos colágenos tipos I e III as fibrilas formam fibras e no tipo I as fibras podem formar feixes. O colágenos tipo II, presente nas cartilagens forma fibrilas mas não forma fibras. O colágeno tipo IV, característico das lâminas basais, não forma fibrilas nem fibras e, provavelmente, ocorre sob a forma de moléculas de tropocolágeno não polimerizadas ou muito fracamente polimerizadas. Fibras colágenas tipo I: as fibra colágenas clássicas são as mais freqüentes. No estado fresco são brancas. Essas fibras são birrefringentes, pois são constituídas por moléculas alongadas e paralelas. Desse modo, quando examinadas ao microscópio de polarização, entre os filtros polaróides cruzados, as fibras colágenas aparecem brilhantes, contra um fundo escuro. Em muitos tecidos essas fibras aparecem formando feixes. Fibras colágenas são acidófilas e mostram estriação lateral. Biossíntese do colágeno tipo I: ocorre de acordo com as seguintes etapas: • De acordo com a codificação do mRNA, polirribossomos ligados ao REG sintetizam cadeias polipeptídicas, que crescem para o interior das cisternas. • À medida que essas cadeias (alfa) se formam, ocorre a hidroxilação da prolina e da lisina. Hidroxiprolina e hidroxilisina livres não são incorporadas às cadeias protéicas. A hidroxilação começa com a cadeia ainda presa aos polirribossomos,
  • 21. mas continua após sua liberação nas cisternas. No processo tomam parte duas enzimas, a prolina hidroxilase e a lisina hidroxilase. • Quando a hidroxilisina se forma começa sua glicosilação. Todas as cadeias colágenas têm galactose ou glicosilgalactose ligadas à hidroxilisina. • Cada cadeia alfa é sintetizada com dois peptídeos de registro, um em cada extremidade. Esses peptídeos determinam o alinhamento das cadeias protéicas em grupos de três, facilitando a combinação dessas cadeias pra formar a molécula de procolágeno, que é precursora, porém maior que o tropocolágeno. Outra função dos peptídeos de registro é impedir a formação de fibrilas colágenas no interior das células, pois as moléculas de procolágeno são solúveis e não se agregam, como acontece como tropocolágeno. • No meio extracelular, os peptídeos de registro são separados das cadeias alfa pela ação das enzimas procolágeno peptidases, que aparentemente são produzidas pelas mesmas células que sintetizam colágeno. Originam-se, então, as moléculas de tropocolágeno, que se polimerizam para formar as fibrilas colágenas. Os resíduos de hidroxiprolina formam pontes de hidrogênio entre as três cadeias alfa, contribuindo para a estabilidade da hélice tripla do tropocolágeno. • Nos colágenos tipos I e III, as fibrilas se agregam espontaneamente, para formar fibras. Certas proteoglicanas e glicoproteínas estruturais desempenham papel importante na agregação do tropocolágeno para formar fibrilas e na agregação da fibrilas para formar fibras. • A estrutura fibrilar é reforçada para a formação de ligações covalentes entre as moléculas de tropocolágeno. Este processo é catalisado pela enzima extracelular lisil-oxidase (enzima que oxida a lisina). OBS.: a renovação do colágeno é,em geral, muito lenta, e em muitos órgãos, como os tendões e ligamentos, ele é praticamente estável. A degradação, para renovação, é iniciada por enzimas específicas, as colagenases. Essas enzimas quebram a molécula em dois pedaços que são suscetíveis ao ataque das proteases (enzimas que digerem proteínas) não específicas. As fibras reticulares são constituídas principalmente de colágeno do tipo II: formam uma rede extensa em certos órgãos, geralmente apoiando as células. Em virtude de sua afinidade pelos sais de prata, são chamadas também de fibras argirófilas. São formadas pelo colágeno tipo III associado a elevado teor de glicoproteínas e proteoglicanas. As ME exibem estriação transversal típica das fibrilas colágenas. Constituem o arcabouço de sustentação das células dos órgãos hemocitopoéticos (baço, linfonodos, medula óssea) das células musculares e das células de muitos órgãos epiteliais, como o fígado, os rins e as glândulas endócrinas. O pequeno diâmetro dessas fibras e sua disposição em rede criam um suporte adaptado às necessidades dos órgãos que sofrem modificações fisiológicas de forma e de volume. O sistema elástico: fibras elásticas, elaunínicas e oxitalânicas: as fibras elásticas são facilmente distinguidas por serem mais delgadas que a fibras colágenas e não apresentarem estriação longitudinal. Ramificam-se e ligam-se umas às outras, formando uma trama de malhas muito irregulares. Têm coloração amarelada. Cedem facilmente, mesmo a trações mínimas, porem retornam a sua forma inicial tão logo cessem as forças deformantes. Pela técnica HE, as fibras elásticas coram-se mal e irregularmente. O principal componente das fibras elásticas é a glicoproteína estrutural elastina, que é resistente a diversas enzimas, mas pode ser digerida pela elastase secretada pelo pâncreas.
  • 22. As fibras elásticas são formadas por microfibrilas (aparecem primeiro) com 10 nm de espessura, envolvendo uma parte central, amorfa. A elastina constitui o material amorfo dessas fibras, sendo as microfibrilas formadas por várias glicoproteínas, incluindo uma cuja molécula é muito grane denominada fibrilina. OBS.: defeito no gene responsável pela codificação da fibrilina, localizado no cromossomo 15, resulta na síndrome de Marfan na qual ocorre hiperextensibilidade das articulações, deslocamento do cristalino e dilatação da aorta. Alem das fibras elásticas típicas, nas quais existe grande abundancia de elastina e uma quantidade muito menor de microfibrilas, descreve-se ainda no sistema elástico as fibras elaunínicas e as oxitalânicas (só possuem microfibrilas, não têm elastina), encontradas com menor freqüência. As primeiras foram observadas na pele e as segundas no ligamento periodontal e nos tendões. As principais células produtoras de elastina são os fibroblastos e as células musculares lisas dos vasos sanguíneos. Inicialmente, é sintetizada uma molécula de proelastina que, no espaço extracelular, polimeriza-se para formar elastina. A elastina contém dois aminoácidos típicos, desmosina e isodesmosina, formados por ligações covalentes entre resíduos de lisina. Células do tecido conjuntivo: algumas se originam localmente, enquanto outras, como os leucócitos, vêm de outros locais e são habitantes temporários desse tecido. As células do tecido conjuntivo são: fibroblastos, macrófagos, mastócitos, plasmócitos, células adiposas e leucócitos. Tipo celular Localização Funções principais Monócito Sangue Precursor dos macrófagos Macrófago Tecido conjuntivo, órgãos linfáticos, pulmão Secreção de citocinas, fatores quimiotáticos e diversas outras moléculas que participam do processo defensivo da inflamação Célula de Kupffer Fígado A mesma dos macrófagos Célula da micróglia Tecido nervoso do SNC A mesma dos macrófagos Célula de Langerhans Pele Apresentação de antígenos Osteoclasto Tecido ósseo Digestão da matriz óssea Célula gigante multinucleada Tecido conjuntivo (fusão de diversos macrófagos) Digestão ou segregação de corpos estranhos O fibroblasto sintetiza colágeno, elastina, proteoglicanas e glicoproteínas estruturais: a célula em intensa atividade sintética, tem morfologia diferente do fibroblasto que já sintetizou muito e que se situa entre as fibras por ele fabricadas. O fibroblasto tem prolongamentos citoplasmáticos irregulares, seu núcleo é claro, com cromatina fina e nucléolo evidente. O citoplasma é rico em REG e o aparelho de Golgi é bem desenvolvido. O fibrócito é uma célula menor, fusiforme, e com menor numero de prolongamentos. Tem núcleo menor, alongado, e mais escuro, apresentando o citoplasma acidófilo. Ao ME chama a atenção a deficiência em REG e aparelho de Golgi. OBS.: havendo um estímulo adequado, como na cicatrização, o fibrócito pode voltar a sintetizar fibras, reassumindo a estrutura de fibroblasto. Os fibroblastos sintetizam as fibras colágenas, reticulares e elásticas, e as glicoproteínas e proteoglicanas da matriz extracelular. No tecido conjuntivo do adulto os fibroblastos não se dividem com freqüência, entrando em mitose apenas quando ocorre uma solicitação.
  • 23. Macrófago e sistema mononuclear fagocitário: o macrófago é uma célula muito ativa na movimentação amebóide, com grande capacidade de fagocitose, morfologia variável conforme seu estado funcional e sua localização, núcleo ovóide ou em forma de rim, com cromatina condensada, seu citoplasma contém muitos lisossomos que derramam suas enzimas nos vacúolos que contêm material englobado, formando-se, assim, os fagossomos, onde se processa a digestão do material fagocitado. Os macrófagos atuam como elementos de defesa. Fagocitam restos de células, material extracelular alterado, células cancerosas, bactérias e partículas inertes que penetram no organismo, e secretam diversas substancias que têm papel importante nos processos imunitários de defesa. Alem disso, atuam como células apresentadoras de antígenos. Quando encontram corpos estranhos de grandes dimensões, os macrófagos fundem-se uns com os outros, constituindo células muito grandes, com 100 ou mais núcleos: as células gigantes multinucleadas. Os macrófagos são originários dos monócitos, que são produzidos na medula óssea. Os monócitos atravessam a parede das vênulas e capilares, penetrando no tecido conjuntivo, onde adquirem o aspecto morfológico do macrófago. Durante esse processo de transformação há um aumento da síntese protéica, do tamanho da célula, do tamanho do aparelho de Golgi e do numero de lisossomos, microtúbulos e microfilamentos. O conjunto das células da medula óssea que são precursoras dos monócitos, mais os próprios monócitos e os macrófagos, denomina-se sistema fagocitário mononuclear. Mastócito participa da inflamação e tem um papel central na alergia: é uma célula globosa, grande e com o citoplasma carregado de grânulos basófilos que se coram intensamente, seu núcleo é esférico e central, mas frequentemente não pode ser visto por estar coberto pelos grânulos citoplasmáticos. São difíceis de serem observados nas lâminas coradas com HE, porém com azul-de-toluidina os grânulos são corados de vermelho. A capacidade de modificar a coloração do corante chama-se metacromasia e é devida à presença de numerosos radicais ácidos nas estruturas. Os grânulos dos mastócitos são metacromáticos por conterem heparina ou então sulfato de condroitina, glicosaminoglicanas sulfatadas, eles contêm ainda histamina e o fator quimiotático dos eosinófilos na anafilaxia, mais conhecido pela sigla ECF-A (Eosinophil Chemotactic Factor of Anaphylaxis), que atrai eosinófilos. Mastócitos secretam também alguns leucotrienos (C4, D4 e E4) ou SRS-A (Slow Reacting Substance of Anaphylasis), porém esses compostos não existem pré-formados na célula. Produzem lentas contrações no músculo liso. As moléculas produzidas pelo mastócito atuam localmente, caracterizando uma secreção parácrina. Embora com a mesma morfologia, há ao menos duas populações diferentes de mastócitos. Numa delas, encontrada no tecido conjuntivo em geral, os grânulos contêm heparina, uma substância anticoagulante. Na outra população, presente nas mucosas, os grânulos contêm sulfato de condroitina. A superfície do mastócito contém receptores específicos para a imunoglobulina E (IgE), produzida pelos plasmócitos. OBS.: a liberação dos mediadores químicos armazenados nos mastócitos promove as reações alérgicas denominadas reações de sensibilidade imediata. Admite-se que na anafilaxia ocorra o seguinte: na primeira injeção forma-se IgE que se prende à membrana dos mastócitos. Numa injeção subseqüente, isto é, na que provoca o choque, o medicamento reage com as moléculas de IgE presas aos mastócitos, provocando a extrusão maciça dos grânulos e a liberação de histamina, leucotrienos e ECF-A. O plasmócito se origina do linfócito B ativado e produz anticorpos: são pouco numerosos no conjuntivo normal, exceto nos locais sujeitos à penetração de bactérias e proteínas estranhas, mas aparecem em grande quantidade nas inflamações crônicas. Os
  • 24. plasmócitos são células ovóides, com citoplasma muito basófilo, graças a sua riqueza em REG. A área onde está o aparelho de Golgi aparece clara. O núcleo do plasmócito é esférico com a cromatina em grumos compactos e grosseiros, que se alternam com áreas claras, o que lhe confere o aspecto de uma roda de carroça. Eles sintetizam e secretam anticorpos, proteínas específicas também denominadas imunoglobulinas, fabricadas em resposta ao antígeno. Os efeitos da reação antígeno-anticorpo são variados, podendo neutralizar as ações prejudiciais que o antígeno teria sobre o organismo. Células adiposas: é especializada no armazenamento de energia, sob a forma de triglicerídeos. O conjuntivo normal contém leucócitos vindos do sangue por diapedese: a diapedese aumenta muito nas invasões locais de microorganismos, pois os leucócitos são células cuja função é defesa. Os leucócitos mais freqüentes no tecido conjuntivo são: neutrófilos, eosinófilos e os linfócitos. Exceto os linfócitos, que circulam essas células não retornam ao sangue depois que penetram no tecido conjuntivo, onde permanecem por um período variável e morrem pelo processo de apoptose. A matriz extracelular é muito hidratada e constituída principalmente de proteoglicanas e glicoproteínas adesivas: a matriz é formada por proteoglicanas e glicoproteínas adesivas assim chamadas porque participam da aderência entre as células, fibras e macromoléculas de matriz extracelular. As proteoglicanas são compostos macromoleculares, constituídos por glicosaminoglicanas sulfatadas ligadas por covalência a proteínas. Uma molécula de proteoglicana parece uma escova de limpar frascos, com uma parte central protéica (cerne protéico) e as glicosaminoglicanas como os pêlos da escova. Glicosaminoglicanas (GAGs) são polímeros lineares (não ramificados) de peso molecular elevado, formados por unidades dissacarídicas constituídas por um ácido urônico e uma hexosamina. As GAGs eram chamadas mucopolissacarídeos, hoje não são mais, porém as doenças resultantes de defeitos no metabolismo da GAGs ainda são chamadas mucopolissacaridoses. O ácido urônico das GAGs é quase sempre o ácido glicurônico e as hexosaminas são a glicosamina ou a galactosamina. As principais GAGs são o ácido hialurônico e o dermatansulfato (também chamados sulfato de dermatana, sulfato de queratana, sulfato de condroitina e sulfato de heparana). A única GAG não sulfatada é o ácido hialurônico, que apresenta a peculiaridade de não se ligar por covalência a proteínas, embora possa participar de agregados dos quais participam moléculas protéicas. Possuindo numerosos grupos carboxila e sulfato em suas moléculas, as GAGs são poliânions, ligando-se por eletro valência a elevado numero de cátions, que atraem grande quantidade de moléculas de água. Por sua hidratação, as moléculas de proteoglicanas ocupam enorme espaço, tornando-se muito eficientes para resistir a forças de compressão, enquanto as fibras colágenas são muito resistentes a forças de distensão. Algumas proteoglicanas servem como locais de ancoragem para o fator do crescimento fibroblástico e para outras proteínas que estimulam a proliferação celular. As moléculas das glicoproteínas adesivas contêm uma parte protéica que se associa a glicídios. Porém, ao contrário das proteoglicanas, há uma predominância da parte protéica, e as glicoproteínas não apresentam os polissacarídeos lineares. Nas glicoproteínas a parte glicídica é uma estrutura ramificada. As moléculas dessas glicoproteínas possuem regiões que aderem a receptores celulares e fibras do conjuntivo, promovendo a ligação entre esses elementos. A fibronectina e a laminina são glicoproteínas adesivas. A primeira representa uma família de glicoproteínas, com sítios de aderência para células, colágeno e glicosaminoglicanas, essa aderência torna possível a migração das células, que só pode ser feita sobre um substrato, e a fixação
  • 25. das células em locais determinados. A glicoproteína laminina é encontrada nas lâminas basais, onde participa da aderência dessas estruturas às células e influencia a filtração de moléculas através das lâminas basais. O edema é causado pelo acumulo de água no meio extracelular (excesso de entrada ou dificuldade de drenagem): há duas forças que atuam sobre a água contida nos capilares: pressão hidrostática do sangue (pressão arterial – conseqüência da contração cardíaca) e pressão osmótica do plasma sanguíneo (que atrai água para dentro dos capilares – deve-se às proteínas do plasma). Em condições normais, ocorre uma passagem de água para fora dos capilares na porção arterial deles, pelo fato de que aí a pressão hidrostática vence a pressão osmótica. Mas a pressão hidrostática decresce ao longo do capilar, sendo mínima na sua extremidade venosa. Enquanto a hidrostática cai, a osmótica aumenta, em conseqüência da saída de água. O aumento da concentração de proteínas e a queda da pressão hidrostática fazem com que, na parte venosa do capilar, a pressão osmótica prevaleça, atraindo água para o interior do capilar. A quantidade de água que volta aos capilares é menor do que a que saiu deles. A água que resta na matriz extracelular do conjuntivo retorna ao sangue por meio dos vasos linfáticos. A linfa movimenta-se em direção ao sangue, pois os vasos linfáticos desembocam em veias onde toda a linfa é lançada. Os capilares linfáticos são estruturas em fundo de saco, que drenam o excesso de água existente no conjuntivo. Variedades de tecido conjuntivo: os nomes dados aos diferentes tipos refletem o componente predominante ou a organização estrutural do tecido. São comuns os tecidos cuja estrutura é intermediaria entre duas variedades típicas da classificação adiante mencionada. O tecido conjuntivo frouxo sustenta estruturas normalmente sujeitas a pressão e atrito pequenos: preenche espaços entre as fibras e feixes musculares, serve de apoio para os epitélios e forma uma camada em torno dos vasos sangüíneos e linfáticos. Aqui não há predomínio acentuado de qualquer um dos componentes. As células mais comuns são os fibroblastos e os macrófagos, mas todos os outros tipos descritos estão presentes. Esse tecido é de consistência delicada, flexível e pouco resistente às trações. Tecido conjuntivo Tecido conjuntivo propriamente dito Tecido conjuntivo de propriedades especiais Tecido cartilaginoso Tecido ósseo Frouxo Denso Modelado Não- modelado Tecido adiposo Tecido elástico Tecido reticular Tecido mucoso
  • 26. O tecido conjuntivo denso é adaptado para oferecer resistência e proteção: formado pelos mesmos elementos encontrados no tecido frouxo, havendo predominância acentuada das fibras colágenas. Menos flexível que o frouxo e muito mais resistente às trações. Quando as fibras colágenas se dispõem em feixes arranjados sem orientação fixa, o tecido chama-se denso não-modelado, aqui os feixes colágenos formam uma trama tridimensional, que confere ao tecido resistência à tração exercida em qualquer direção. O denso modelado apresenta feixes colágenos paralelos uns aos outros. Trata-se de um conjuntivo que formou suas fibras colágenas em resposta a trações exercidas num determinado sentido. Entre os feixes paralelos de fibras colágenas existe pequena quantidade de substancia fundamental. Seus fibroblastos têm núcleo alongados, paralelos às fibras, e citoplasma delgado com prolongamentos que tendem a envolver os feixes colágenos. os feixes colágenos do tendão (feixes primários) formam conjuntos (feixes secundários) envolvidos por tecido conjuntivo frouxo que contém vasos sangüíneos e nervos. Finalmente, o tendão é envolvido externamente por uma bainha de conjuntivo denso. Em alguns tendões essa bainha é dividida em duas camadas: uma presa ao tendão e a outra ligada às estruturas vizinhas. Forma-se, assim, uma cavidade revestida por células achatadas e de origem mesenquimatosa, que encera um liquido viscoso semelhante ao liquido sinovial das articulações, o qual contém água, proteínas, GAGs, glicoproteínas e íons. Este líquido é lubrificante e facilita o deslocamento do tendão dentro da sua bainha. Tecido elástico: formado por feixes paralelos de fibras elásticas grossas. O espaço entre estas fibras é ocupado por fibras colágenas e fibroblastos achatados. Um tecido rico nessas fibras tem cor amarela e grande elasticidade, porém ele é pouco freqüente, sendo encontrado nos ligamentos amarelos da coluna vertebral e no ligamento suspensor do pênis. O tecido reticular, muito delicado, forma uma rede tridimensional para sustentação celular: constituído por fibras reticulares em intima associação com fibroblastos especializados chamados células reticulares. Encontra-se nos órgãos formadores de células do sangue (medula óssea hematógena e órgãos linfáticos). O tecido mucoso é encontrado principalmente no cordão umbilical: tem consistência gelatinosa e apresenta predomínio da matriz extracelular, constituída principalmente por ácido hialurônico. Contém poucas fibras colágenas e raras fibras elásticas e reticulares. As células são principalmente fibroblastos. O tecido mucoso é o principal componente do cordão umbilical, onde é chamado de gelatina de Wharton, sendo encontrado também na polpa dental jovem. HISTOFISIOLOGIA: o tecido conjuntivo desempenha as funções de: sustentação, preenchimento, armazenamento, transporte, defesa e reparação. O conjuntivo integra o sistema imunitário de defesa contra proteínas estranhas presentes nas bactérias, vírus, células tumorais etc.: esse tecido contém células fagocitárias e células produtoras de anticorpos. O material extracelular, sendo um gel viscoso, representa uma barreira à penetração da bactérias e partículas inertes. Por isso, as bactérias que produzem hialuronidase têm acentuado poder invasivo. Na inflamação, os leucócitos passam em grande quantidade do sangue para conjuntivo atravessando, por movimento amebóide, a parede das vênulas e capilares, atraídos por diversas substâncias que se formam na inflamação. As células que se acumulam na área inflamada fagocitam microorganismos, restos de células e fibras alteradas pela inflamação e produzem anticorpos contra os invasores. Células do conjuntivo têm a capacidade de se multiplicar para regenerar o tecido destruído: esse tipo de tecido é dotado de grande capacidade de regeneração, o que é
  • 27. muito importante, também, quando ocorre destruição de outros tecidos, pois o espaço é preenchido pelo conjuntivo, formando as cicatrizes. O conjuntivo é muito sensível à hidrocortisona e aos hormônios da tireóide: diversos hormônios influem sobre o metabolismo do tecido conjuntivo. Um exemplo é o cortisol ou hidrocortisona (córtex da adrenal) que impede a síntese das fibras do conjuntivo. O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), produzido pela adenoipófise, tem o mesmo efeito porque estimula a produção de cortisol. Injeções desses hormônios dificultam a cicatrização e atenuam a resposta inflamatória. A deficiência em hormônio da tireóide causa um acúmulo excessivo de proteoglicanas no tecido conjuntivo. Por isso, o hipotireoidismo do adulto é chamado de mixedema, o que significa edema de muco. A renovação normal do colágeno varia conforme o tecido, mas em geral é lenta: o colágeno é uma proteína estável, sendo sua renovação, portanto, um tanto lenta. A deficiência de vitamina C impede a síntese de colágeno pelos fibroblastos, de modo que as fibras removidas não podem ser substituídas. A conseqüência é uma degeneração generalizada do tecido conjuntivo (escoburto), mais acentuada onde a renovação do colágeno é, mas acelerada. A destruição fisiológica do colágeno para sua renovação é iniciada pela ação da enzima específica colagenase, produzida por células do tecido conjuntivo.
  • 28. Histologia básica 4 – Tecido adiposo É um tipo especial de conjuntivo onde se observa predominância de células adiposas (adipócitos), que podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no tecido conjuntivo comum, porém a maioria delas se agrupa no tecido adiposo espalhado pelo corpo. O tecido adiposo é o maior depósito de energia (sob forma de triglicerídeos) do corpo. As células hepáticas e o músculo esquelético também acumulam energia, mas sob forma de glicogênio. Os triglicerídeos são mais eficientes como reserva de energia porque fornecem 9,3 kcal/ g contra apenas 4,1 kcal/ g do glicogênio. Outra função do tecido adiposo é que ele forma coxins absorventes de choques, principalmente na planta dos pés e na palma das mãos. Como as gorduras são, mas condutoras de calor, o tecido adiposo contribui para o isolamento térmico do organismo. Alem disso preenche espaços entre outros tecidos e auxilia a manter certos órgãos em suas posições normais. Há duas variações de tecido adiposo que apresentam distribuições no corpo, estrutura, fisiologia e patologia diferentes. Existe o tecido adiposo comum, amarelo ou unilocular (células com apenas uma gota de gordura) e o tecido adiposo pardo ou multilocular (células com numerosas gotículas lipídicas e muitas mitocôndrias). O tecido adiposo unilocular apresenta-se distribuído no corpo humano de acordo como biótipo, sexo, idade, e constitui reserva de energia contra o frio: a coloração do tecido adiposo deve-se principalmente, ao acúmulo de carotenóides dissolvidos nas gorduras. Praticamente todo o tecido adiposo presente no homem adulto é unilocular, que se distribui por todo o corpo e seu acúmulo em certos locais depende do sexo e da idade. Esse tecido forma o panículo adiposo, camada disposta sob a pele e que é de espessura uniforme por todo o corpo do recém-nascido. Com a idade, o panículo adiposo tende a desaparecer de certas áreas e desenvolver em outras. Essa deposição seletiva de gordura é regulada pelos hormônios sexuais e os adrenocorticais. Todas as gotículas das células, independente do tamanho são desprovidas de membranas envolventes, mas são envoltas por uma rede de filamentos intermediários. Cada célula adiposa é envolvida por uma lâmina basal. O tecido unilocular apresenta septos de conjuntivo, que contêm vasos e nervos. Desses septos partem fibras reticulares que vão sustentar as células adiposas. A vascularização do tecido adiposo é muito abundante, quando se considera a pequena quantidade de citoplasma funcionante. Histofisiologia do tecido unilocular: os triglicerídeos existentes originam-se da seguinte maneira: absorvidos da alimentação e trazidos até as células adiposas como triglicerídeos dos quilomícrons; oriundos do fígado e transportados até o tecido adiposo, sob a forma de triglicerídeos constituintes das lipoproteínas de pequeno peso molecular ou VLDL (Very Low Density Lipoproteins); da síntese nas próprias células adiposas, a partir da glicose. Quando é necessária a hidrolise dos triglicerídeos é desencadeada por estímulos neurogênicos e humorais que promovem a liberação de ácidos graxos e glicerol, os quais passam para o sangue. A enzima lípase sensível a hormônio é ativada pela adenil- ciclase, quando o tecido adiposo é estimulado pela noradrenalina. A membrana dos adipócitos possui receptores para diversos hormônios, e o metabolismo do tecido adiposo é complexo, nele intervindo o hormônio do crescimento, os glicocorticóides, a insulina, o hormônio da tireóide e a prolactina. O tecido adiposo unilocular e o multilocular são inervados por fibras simpáticas do SN Autônomo. No tecido unilocular as terminações são encontradas somente nas
  • 29. paredes dos vasos sanguíneos, já no multilocular as terminações nervosas simpáticas atingem diretamente as células adiposas. As células adiposas se originam no embrião, a partir de células derivadas do mesênquima, os lipoblastos. São parecidas com os fibroblastos, porém logo acumulam gordura no seu citoplasma. Em humanos o tecido multilocular está presente no recém-nascido, localizado na porção dorsal do tronco: a cor parda desse tecido é devida à vascularização abundante e às numerosas mitocôndrias presentes em suas células. O tecido adiposo pardo apresenta-se abundante nos animais que hibernam e, devido a isso, recebeu o nome pouco próprio de glândula hibernante. Esse tecido não cresce, por isso no adulto é extremamente reduzido. No tecido adiposo multilocular as células tomam um arranjo epitelióide, formando massas compactes em associação com capilares sanguíneos, lembrando as glândulas endócrinas. A principal função do tecido adiposo multilocular é produzir calor: esse tecido é especializado na produção de calor, tendo papel importante nos mamíferos que hibernam. Na espécie humana, a quantidade deste tecido só é significativa no recém- nascido, com função auxiliar na termorregulação. Ao ser estimulado pela liberação de noradrenalina nas terminações nervosas abundantes em torno das suas células, o tecido adiposo multilocular acelera sua lipólise e oxidação dos ácidos graxos. A oxidação dos AG produz calor e não ATP, porque as mitocôndrias do tecido multilocular apresentam, nas suas membranas internas, uma proteína transmembrana chamada termogenina. Esta proteína permite a volta para a matriz mitocondrial dos prótons transportados para o espaço intermembranoso, sem que eles passem pelo sistema de ATP sintetase existente nos corpúsculos elementares das mitocôndrias. Em conseqüência, a energia gerada pelo fluxo de prótons não é usada para sintetizar ATP, sendo dissipada como calor. O calor aquece o sangue contido na extensa rede capilar presente no tecido multilocular e é distribuído para todo o corpo, aquecendo os diversos órgãos. Nas espécies que hibernam o despertar da hibernação é devido à ação dos estímulos nervosos sobre o tecido multilocular, que funciona como um acendedor dos outros tecidos, por distribuir para esses sangue aquecido. A histogênese do tecido multilocular: sua formação é diferente da do tecido unilocular. As células mesenquimatosa que vão formar o tecido multilocular tornam-se epitelióides, adquirindo um aspecto de glândula endócrina cordonal antes de acumularem gordura. Não há neoformação de tecido adiposo multilocular após o nascimento nem ocorre transformação de um tipo de tecido adiposo no outro.