1) O artigo critica a visão de que o livro "Casa Grande e Senzala" trouxe uma abordagem inovadora sobre as relações raciais no Brasil, apontando que havia pensadores negros anteriores, como Juliano Moreira e Manoel Querino, que já traziam visões revolucionárias sobre a população negra.
2) Argumenta-se que o livro não representa de forma sistemática a realidade da produção escravista no Brasil e que a ideia da casa grande e da senzala não serve para pensar a imensa diversidade
A sessão coordenada 1 aborda ditaduras, memórias e exílios na América Latina no século XX, com apresentações sobre as esquerdas latino-americanas e o direito de asilo, a comunidade de exilados brasileiros em Londres na década de 1970 e a memória do exílio brasileiro na Argélia entre 1964 e 1979.
Este documento apresenta resumos de trabalhos acadêmicos que serão apresentados em um colóquio sobre movimentos sociais e intelectuais. Os resumos discutem tópicos como jornalismo e abolição no Brasil do século XIX, a ópera nacional no Rio de Janeiro oitocentista e o papel de intelectuais na construção da identidade nacional brasileira.
Neste capítulo apresentamos uma visão panorâmica das interpretações do Brasil do final do século XIX e começo do século XX. Vamos analisar o conjunto de intérpretes mais significativos do Brasil dos anos 1930 e sua importância no processo de consolidação da sociologia brasileira; a questão racial, entendida a partir do legado da escravidão; o debate em torno das questões do subdesenvolvimento e da dependência econômica; e, por fim, uma exposição das teses que resgatam contemporaneamente a questão da desigualdade social, especialmente a precarização do trabalho e o trabalho informal.
El presente libro Territorio(s), género, trabajo y políticas públicas en América latina se inscribe en el marco de los trabajos llevados a cabo por la Red Internacional América latina, África, Europa, Caribe (ALEC) « Territorios, Poblaciones vulnerables y Políticas Públicas ». En efecto, en él, autores viviendo en latitudes y continentes diferentes, comparten experiencias y prácticas, animados por un mismo afán de una mejor aprehensión del mundo actual.
En estos diálogos intercontinentales, en los que son privilegiadas las perspectivas antropólogicas y sociológicas, prevalece el análisis de las lógicas sociales y los cambios estructurales que han producido y siguen produciendo las transformaciones sufridas por las mujeres y las luchas que aún ha de enfrentar esta parte de la población en el acceso a un empleo digno y respetuoso de sus derechos.
Los planteamientos e interrogaciones presentados en las diferentes contribuciones propuestas abren nuevas discusiones e hipotésis que responden a la necesidad de construir estrategias y políticas públicas susceptibles de aportar soluciones de desarrollo y de bienestar adecuadas para las mujeres en las esferas laboral y social, en igualdad de trato con los hombres.
Limoges, 04 de diciembre de 2016
Dominique Gay-Sylvestre
Directora EA 6311 FrED
Directora general Red Internacional ALEC
Universidad de Limoges (Francia)
O documento discute a evolução da sociologia brasileira desde as primeiras reflexões sobre a sociedade brasileira nas décadas de 1930 até a consolidação da sociologia como ciência a partir da década de 1940. Destaca autores fundamentais como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Caio Prado Junior e Florestan Fernandes e como eles analisaram temas como raça, estrutura social e classe no Brasil.
O documento discute a sociologia brasileira, abordando suas principais fases e autores. A primeira fase incluiu estudos históricos como Os Sertões de Euclides da Cunha. A segunda fase teve ensaístas como Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior. A terceira fase viu o surgimento de sociólogos como Florestan Fernandes, que fez uma análise crítica da desigualdade racial no Brasil.
Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de hollandaJosé Araujo
1) O documento discute Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Hollanda, dois intelectuais que pensaram a organização social do Brasil. 2) Freyre estudou ciências sociais nos EUA e publicou obras influentes como Casa Grande & Senzala, enquanto Hollanda publicou Raízes do Brasil e desenvolveu o conceito de "Homem Cordial". 3) Ambos analisaram a formação da sociedade brasileira e conceitos como democracia racial, embora Hollanda tenha apresentado uma visão mais crítica.
Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre a imprensa negra brasileira do século XIX. A dissertação reconhece a existência de jornais negros no Brasil do século XIX e sistematiza oito títulos publicados entre 1833 e 1899 nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul. Esses jornais são analisados como espaços de construção de identidade para pessoas negras livres e de debate sobre racismo e democracia no Brasil oitocentista.
A sessão coordenada 1 aborda ditaduras, memórias e exílios na América Latina no século XX, com apresentações sobre as esquerdas latino-americanas e o direito de asilo, a comunidade de exilados brasileiros em Londres na década de 1970 e a memória do exílio brasileiro na Argélia entre 1964 e 1979.
Este documento apresenta resumos de trabalhos acadêmicos que serão apresentados em um colóquio sobre movimentos sociais e intelectuais. Os resumos discutem tópicos como jornalismo e abolição no Brasil do século XIX, a ópera nacional no Rio de Janeiro oitocentista e o papel de intelectuais na construção da identidade nacional brasileira.
Neste capítulo apresentamos uma visão panorâmica das interpretações do Brasil do final do século XIX e começo do século XX. Vamos analisar o conjunto de intérpretes mais significativos do Brasil dos anos 1930 e sua importância no processo de consolidação da sociologia brasileira; a questão racial, entendida a partir do legado da escravidão; o debate em torno das questões do subdesenvolvimento e da dependência econômica; e, por fim, uma exposição das teses que resgatam contemporaneamente a questão da desigualdade social, especialmente a precarização do trabalho e o trabalho informal.
El presente libro Territorio(s), género, trabajo y políticas públicas en América latina se inscribe en el marco de los trabajos llevados a cabo por la Red Internacional América latina, África, Europa, Caribe (ALEC) « Territorios, Poblaciones vulnerables y Políticas Públicas ». En efecto, en él, autores viviendo en latitudes y continentes diferentes, comparten experiencias y prácticas, animados por un mismo afán de una mejor aprehensión del mundo actual.
En estos diálogos intercontinentales, en los que son privilegiadas las perspectivas antropólogicas y sociológicas, prevalece el análisis de las lógicas sociales y los cambios estructurales que han producido y siguen produciendo las transformaciones sufridas por las mujeres y las luchas que aún ha de enfrentar esta parte de la población en el acceso a un empleo digno y respetuoso de sus derechos.
Los planteamientos e interrogaciones presentados en las diferentes contribuciones propuestas abren nuevas discusiones e hipotésis que responden a la necesidad de construir estrategias y políticas públicas susceptibles de aportar soluciones de desarrollo y de bienestar adecuadas para las mujeres en las esferas laboral y social, en igualdad de trato con los hombres.
Limoges, 04 de diciembre de 2016
Dominique Gay-Sylvestre
Directora EA 6311 FrED
Directora general Red Internacional ALEC
Universidad de Limoges (Francia)
O documento discute a evolução da sociologia brasileira desde as primeiras reflexões sobre a sociedade brasileira nas décadas de 1930 até a consolidação da sociologia como ciência a partir da década de 1940. Destaca autores fundamentais como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Caio Prado Junior e Florestan Fernandes e como eles analisaram temas como raça, estrutura social e classe no Brasil.
O documento discute a sociologia brasileira, abordando suas principais fases e autores. A primeira fase incluiu estudos históricos como Os Sertões de Euclides da Cunha. A segunda fase teve ensaístas como Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior. A terceira fase viu o surgimento de sociólogos como Florestan Fernandes, que fez uma análise crítica da desigualdade racial no Brasil.
Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de hollandaJosé Araujo
1) O documento discute Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Hollanda, dois intelectuais que pensaram a organização social do Brasil. 2) Freyre estudou ciências sociais nos EUA e publicou obras influentes como Casa Grande & Senzala, enquanto Hollanda publicou Raízes do Brasil e desenvolveu o conceito de "Homem Cordial". 3) Ambos analisaram a formação da sociedade brasileira e conceitos como democracia racial, embora Hollanda tenha apresentado uma visão mais crítica.
Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre a imprensa negra brasileira do século XIX. A dissertação reconhece a existência de jornais negros no Brasil do século XIX e sistematiza oito títulos publicados entre 1833 e 1899 nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul. Esses jornais são analisados como espaços de construção de identidade para pessoas negras livres e de debate sobre racismo e democracia no Brasil oitocentista.
Sociologia no brasil e seus principais representantesedsonfgodoy
1) Os principais sociólogos brasileiros do século XX estudaram a formação da sociedade e identidade brasileiras, incluindo Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda.
2) Gilberto Freyre analisou a miscigenação como elemento fundamental da identidade nacional brasileira em sua obra Casa Grande & Senzala.
3) Esses sociólogos abordaram temas como a herança colonial, a escravidão, e os desafios para o desenvolvimento do Brasil.
Os principais representantes da sociologia no Brasil.
Geração de 30: Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda.
Segunda Geração: Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes e Paulo Freire.
O documento descreve o desenvolvimento da sociologia no Brasil desde os primeiros relatos sobre os povos nativos até a década de 1950. Destaca os principais pensadores e correntes intelectuais que contribuíram para a formação da sociologia brasileira como disciplina acadêmica, como Gilberto Freyre na década de 1930 e Florestan Fernandes e Celso Furtado na década de 1950.
Este artigo discute o movimento negro organizado no Brasil durante a República (1889-2000) com o objetivo de demonstrar que, ao longo desse período, o movimento desenvolveu diversas estratégias de luta contra o racismo e pela inclusão social dos negros na sociedade brasileira. No início da República (1889-1937), ex-escravos e seus descendentes criaram dezenas de associações negras em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, com foco em assistência, recreação e cultura.
O documento descreve a história da sociologia no Brasil desde o século XIX, quando surgiu juntamente com o capitalismo moderno. Aponta os principais pensadores e correntes teóricas que influenciaram o desenvolvimento da disciplina no país, como o positivismo de Comte, o marxismo e os estudos de pensadores como Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre e Florestan Fernandes. Também aborda a institucionalização da sociologia brasileira a partir da década de 1930.
As três fases da implantação da sociologia no Brasil incluem: (1) Euclides da Cunha e seu livro "Os Sertões" sobre a guerra de Canudos; (2) Gilberto Freyre e Caio Prado Junior, que analisaram, respectivamente, a formação da sociedade brasileira e o atraso do Brasil devido à colonização portuguesa; (3) Florestan Fernandes, que criticou teorias sociológicas clássicas e estudou grupos marginalizados no Brasil como os negros em São Paulo.
O documento apresenta uma introdução sobre o livro "Identidades Brasileiras: Composições e Recomposições" e discute a questão da identidade nacional no Brasil de forma ampla e multitemática, abordando questões raciais, do corpo, da língua, da religião e da cultura ao longo da história do país.
O documento apresenta um resumo do livro "Raízes do Brasil" de Sérgio Buarque de Holanda. O livro analisa a formação da sociedade brasileira a partir de pares conceituais como trabalho e aventura, semeador e ladrilhador. Explora como a herança rural portuguesa e a falta de desenvolvimento urbano influenciaram a cultura brasileira, com traços de patrimonialismo e ausência de espírito democrático.
O documento discute as raízes históricas e sociais do Brasil. Aborda como as fronteiras entre a Europa e o Novo Mundo influenciaram a mentalidade dos portugueses, que valorizavam a ociosidade em vez do trabalho. Também analisa como o princípio da aventura, em vez do trabalho, moldou a colonização portuguesa e a escravidão legou uma herança rural marcada pela ausência de organização social.
Sérgio Buarque de Holanda foi um importante historiador brasileiro do século XX. Seu livro mais conhecido, "Raízes do Brasil", analisa como os traços culturais portugueses influenciaram a formação da sociedade brasileira, incluindo a ênfase no prestígio pessoal, a fraqueza das instituições e a escravidão. Ele também cunhou o termo "homem cordial" para descrever as relações humanas no Brasil. Sérgio permaneceu intelectualmente ativo até sua morte em
1. O documento descreve a evolução histórica e social do Brasil desde o período colonial até a década de 1930, destacando a influência européia, a escravidão, a urbanização e o crescimento da burguesia e da classe média.
2. Na década de 1930, intelectuais como Caio Prado Jr., Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Fernando de Azevedo analisaram o Brasil buscando compreender seu desenvolvimento sob a ótica nacional em oposição à visão européia, valorizando
O documento discute como vários intelectuais brasileiros interpretaram a identidade nacional ao longo do tempo, observando costumes, raça, regiões e estruturas sociais. Oliveira Vianna defendia a imigração europeia para "embranquecer" o país, enquanto Monteiro Lobato e Euclides da Cunha exploraram a cultura do campo e do sertão. Sérgio Buarque de Holanda analisou como a herança portuguesa moldou a sociedade "cordial" brasileira, marcada pela informalidade e emoção
Sérgio buarque de holanda raízes do brasilJorge Miklos
O livro Raízes do Brasil analisa as origens históricas e culturais do Brasil, identificando pares de características opostas como trabalho e aventura, rural e urbano. Essas dicotomias refletem traços ibéricos como a repulsa ao trabalho regular e a preferência por atividades improvisadas. Isso levou a uma sociedade com falta de organização e estrutura estatal fraca.
1) O livro Casa-Grande & Senzala de Gilberto Freyre analisa as relações raciais e sociais entre brancos, índios e negros na formação da sociedade brasileira a partir do século XVI.
2) A obra descreve como a casa-grande dos senhores de engenho simbolizava a estrutura patriarcal da sociedade escravocrata brasileira, na qual a mão de obra negra sustentava a economia de plantação.
3) Freyre argumenta que a miscigenação entre as três raças formou a ident
O documento resume os principais intérpretes da formação da sociedade brasileira entre 1920-1975, incluindo Oliveira Vianna, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr. Aborda suas perspectivas sobre a identidade nacional, o pensamento autoritário e a influência do patriarcalismo na sociedade brasileira.
Texto para apresentação seminário 19 de setembromarinathebaldi
O texto descreve as estratégias de sobrevivência das mulheres em Desterro (atual Florianópolis) no final do século XIX e início do século XX. Elas trabalhavam de forma improvisada para sustentar suas famílias, desafiando o ideal da época de que mulheres deveriam ser apenas esposas e mães. Embora invisíveis nos registros oficiais, elas estiveram presentes e contribuíram para a urbanização, apesar da repressão que sofreram.
1) O documento discute o ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira no Brasil e a importância do uso de imagens em sala de aula.
2) Ele aborda conceitos como discriminação, preconceito e racismo no contexto brasileiro e como esses conceitos foram historicamente construídos.
3) O autor defende que o uso adequado de imagens como filmes, fotos e pinturas pode ajudar os alunos a compreenderem melhor a história e cultura afro-brasileira.
O documento resume o livro "A Integração do Negro na Sociedade de Classes" de Florestan Fernandes. Após a abolição da escravatura, os negros libertos enfrentaram grandes dificuldades para se adaptar à sociedade capitalista emergente e à concorrência dos imigrantes europeus. A falta de preparo dos ex-escravos para o trabalho livre e o preconceito racial dificultaram sua integração social e econômica.
Caio Prado Jr. nasceu em 1907 em São Paulo e foi um historiador, sociólogo, político e escritor brasileiro. Ele analisava a vida rural e do proletariado brasileiro em suas viagens. Participou ativamente da Revolução de 1930 e foi preso após Getúlio Vargas assumir o poder. Exilou-se na França e Itália entre 1937-1939, quando voltou ao Brasil e publicou sua obra prima em 1942. Teve sua carreira política e editorial interrompida diversas vezes pelo governo militar entre 1964-1972. Falece
1) O documento faz uma revisão sistemática da literatura sobre os riscos do consumo de aditivos alimentares à saúde.
2) Estudos mostram que o consumo de alguns corantes artificiais por crianças excedeu os níveis diários aceitáveis estabelecidos, representando riscos à saúde infantil.
3) Crianças são particularmente vulneráveis aos efeitos dos aditivos devido à imaturidade fisiológica e à dificuldade de controlar a ingestão.
Sociologia no brasil e seus principais representantesedsonfgodoy
1) Os principais sociólogos brasileiros do século XX estudaram a formação da sociedade e identidade brasileiras, incluindo Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda.
2) Gilberto Freyre analisou a miscigenação como elemento fundamental da identidade nacional brasileira em sua obra Casa Grande & Senzala.
3) Esses sociólogos abordaram temas como a herança colonial, a escravidão, e os desafios para o desenvolvimento do Brasil.
Os principais representantes da sociologia no Brasil.
Geração de 30: Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda.
Segunda Geração: Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes e Paulo Freire.
O documento descreve o desenvolvimento da sociologia no Brasil desde os primeiros relatos sobre os povos nativos até a década de 1950. Destaca os principais pensadores e correntes intelectuais que contribuíram para a formação da sociologia brasileira como disciplina acadêmica, como Gilberto Freyre na década de 1930 e Florestan Fernandes e Celso Furtado na década de 1950.
Este artigo discute o movimento negro organizado no Brasil durante a República (1889-2000) com o objetivo de demonstrar que, ao longo desse período, o movimento desenvolveu diversas estratégias de luta contra o racismo e pela inclusão social dos negros na sociedade brasileira. No início da República (1889-1937), ex-escravos e seus descendentes criaram dezenas de associações negras em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, com foco em assistência, recreação e cultura.
O documento descreve a história da sociologia no Brasil desde o século XIX, quando surgiu juntamente com o capitalismo moderno. Aponta os principais pensadores e correntes teóricas que influenciaram o desenvolvimento da disciplina no país, como o positivismo de Comte, o marxismo e os estudos de pensadores como Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre e Florestan Fernandes. Também aborda a institucionalização da sociologia brasileira a partir da década de 1930.
As três fases da implantação da sociologia no Brasil incluem: (1) Euclides da Cunha e seu livro "Os Sertões" sobre a guerra de Canudos; (2) Gilberto Freyre e Caio Prado Junior, que analisaram, respectivamente, a formação da sociedade brasileira e o atraso do Brasil devido à colonização portuguesa; (3) Florestan Fernandes, que criticou teorias sociológicas clássicas e estudou grupos marginalizados no Brasil como os negros em São Paulo.
O documento apresenta uma introdução sobre o livro "Identidades Brasileiras: Composições e Recomposições" e discute a questão da identidade nacional no Brasil de forma ampla e multitemática, abordando questões raciais, do corpo, da língua, da religião e da cultura ao longo da história do país.
O documento apresenta um resumo do livro "Raízes do Brasil" de Sérgio Buarque de Holanda. O livro analisa a formação da sociedade brasileira a partir de pares conceituais como trabalho e aventura, semeador e ladrilhador. Explora como a herança rural portuguesa e a falta de desenvolvimento urbano influenciaram a cultura brasileira, com traços de patrimonialismo e ausência de espírito democrático.
O documento discute as raízes históricas e sociais do Brasil. Aborda como as fronteiras entre a Europa e o Novo Mundo influenciaram a mentalidade dos portugueses, que valorizavam a ociosidade em vez do trabalho. Também analisa como o princípio da aventura, em vez do trabalho, moldou a colonização portuguesa e a escravidão legou uma herança rural marcada pela ausência de organização social.
Sérgio Buarque de Holanda foi um importante historiador brasileiro do século XX. Seu livro mais conhecido, "Raízes do Brasil", analisa como os traços culturais portugueses influenciaram a formação da sociedade brasileira, incluindo a ênfase no prestígio pessoal, a fraqueza das instituições e a escravidão. Ele também cunhou o termo "homem cordial" para descrever as relações humanas no Brasil. Sérgio permaneceu intelectualmente ativo até sua morte em
1. O documento descreve a evolução histórica e social do Brasil desde o período colonial até a década de 1930, destacando a influência européia, a escravidão, a urbanização e o crescimento da burguesia e da classe média.
2. Na década de 1930, intelectuais como Caio Prado Jr., Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Fernando de Azevedo analisaram o Brasil buscando compreender seu desenvolvimento sob a ótica nacional em oposição à visão européia, valorizando
O documento discute como vários intelectuais brasileiros interpretaram a identidade nacional ao longo do tempo, observando costumes, raça, regiões e estruturas sociais. Oliveira Vianna defendia a imigração europeia para "embranquecer" o país, enquanto Monteiro Lobato e Euclides da Cunha exploraram a cultura do campo e do sertão. Sérgio Buarque de Holanda analisou como a herança portuguesa moldou a sociedade "cordial" brasileira, marcada pela informalidade e emoção
Sérgio buarque de holanda raízes do brasilJorge Miklos
O livro Raízes do Brasil analisa as origens históricas e culturais do Brasil, identificando pares de características opostas como trabalho e aventura, rural e urbano. Essas dicotomias refletem traços ibéricos como a repulsa ao trabalho regular e a preferência por atividades improvisadas. Isso levou a uma sociedade com falta de organização e estrutura estatal fraca.
1) O livro Casa-Grande & Senzala de Gilberto Freyre analisa as relações raciais e sociais entre brancos, índios e negros na formação da sociedade brasileira a partir do século XVI.
2) A obra descreve como a casa-grande dos senhores de engenho simbolizava a estrutura patriarcal da sociedade escravocrata brasileira, na qual a mão de obra negra sustentava a economia de plantação.
3) Freyre argumenta que a miscigenação entre as três raças formou a ident
O documento resume os principais intérpretes da formação da sociedade brasileira entre 1920-1975, incluindo Oliveira Vianna, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr. Aborda suas perspectivas sobre a identidade nacional, o pensamento autoritário e a influência do patriarcalismo na sociedade brasileira.
Texto para apresentação seminário 19 de setembromarinathebaldi
O texto descreve as estratégias de sobrevivência das mulheres em Desterro (atual Florianópolis) no final do século XIX e início do século XX. Elas trabalhavam de forma improvisada para sustentar suas famílias, desafiando o ideal da época de que mulheres deveriam ser apenas esposas e mães. Embora invisíveis nos registros oficiais, elas estiveram presentes e contribuíram para a urbanização, apesar da repressão que sofreram.
1) O documento discute o ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira no Brasil e a importância do uso de imagens em sala de aula.
2) Ele aborda conceitos como discriminação, preconceito e racismo no contexto brasileiro e como esses conceitos foram historicamente construídos.
3) O autor defende que o uso adequado de imagens como filmes, fotos e pinturas pode ajudar os alunos a compreenderem melhor a história e cultura afro-brasileira.
O documento resume o livro "A Integração do Negro na Sociedade de Classes" de Florestan Fernandes. Após a abolição da escravatura, os negros libertos enfrentaram grandes dificuldades para se adaptar à sociedade capitalista emergente e à concorrência dos imigrantes europeus. A falta de preparo dos ex-escravos para o trabalho livre e o preconceito racial dificultaram sua integração social e econômica.
Caio Prado Jr. nasceu em 1907 em São Paulo e foi um historiador, sociólogo, político e escritor brasileiro. Ele analisava a vida rural e do proletariado brasileiro em suas viagens. Participou ativamente da Revolução de 1930 e foi preso após Getúlio Vargas assumir o poder. Exilou-se na França e Itália entre 1937-1939, quando voltou ao Brasil e publicou sua obra prima em 1942. Teve sua carreira política e editorial interrompida diversas vezes pelo governo militar entre 1964-1972. Falece
1) O documento faz uma revisão sistemática da literatura sobre os riscos do consumo de aditivos alimentares à saúde.
2) Estudos mostram que o consumo de alguns corantes artificiais por crianças excedeu os níveis diários aceitáveis estabelecidos, representando riscos à saúde infantil.
3) Crianças são particularmente vulneráveis aos efeitos dos aditivos devido à imaturidade fisiológica e à dificuldade de controlar a ingestão.
O documento apresenta receitas de antepastos italianos e recheios para massas artesanais. As receitas de antepastos incluem bruschettas, tomates verdes fritos, beringelas assadas e outros. Já os recheios para massa listam ingredientes e modo de preparo para galinha de angola com damasco seco e perdiz.
O documento discute a importância da contação de histórias para o desenvolvimento infantil. A contação de histórias ajuda no desenvolvimento da imaginação, dos sentimentos e da capacidade crítica das crianças. Os pais e educadores devem incentivar a contação de histórias e a leitura para combater os efeitos negativos da mídia moderna e promover o bem-estar das crianças.
Produtos Marilda
Bordados Marilda para Roupas, confecção de peças para Enxoval e Artesanato em Geral.
Modelos de Vestidos para Festa Junina usando os produtos da Marilda.
1) O documento fornece 5 segredos para ter sucesso com artesanato lucrativo, incluindo escolher o nicho certo, analisar o custo-benefício e pesquisar o mercado alvo.
2) É importante escolher um tipo de artesanato que seja rápido de produzir, tenha boa demanda no mercado e valorize o tempo investido.
3) Além disso, o documento ressalta a importância de pensar como um empreendedor e adotar a mentalidade certa para ter êxito com o negócio
A empresa de tecnologia anunciou um novo smartphone com câmera aprimorada, tela maior e bateria de longa duração por um preço acessível. O dispositivo tem como objetivo atrair mais consumidores em mercados emergentes com suas especificações equilibradas e preço baixo. Analistas esperam que as melhorias e o preço baixo impulsionem as vendas do novo aparelho.
Defesa de Doutorado - PROTOCOLO DE SECAGEM DE FRUTOS E ESTABELECIMENTO IN VIT...Alex Tosta
Este documento trata de dois protocolos de secagem de frutos e estabelecimento in vitro de duas palmeiras com potencial oleaginoso. O documento introduz as palmeiras babaçu e macaúba, descreve os objetivos de avaliar a qualidade fisiológica de embriões em função da temperatura de secagem dos frutos, e apresenta resultados mostrando que a secagem a 37°C não diminui a germinação dos embriões de babaçu.
Ultima parte do manual de tricô pra você.
A equipe do Armarinho São José postou esse manual com a intenção de ajudar vc iniciante ou até mesmo vc tricoteira de mão cheia a fazer cada vez mais lindos trabalhos com as lãs e fios da Cisne.
Esse material todo vc tbm encontra no site da coats corrente.
O documento fornece receitas para diversos doces, incluindo bolos, tortas e balas. Entre as receitas destacam-se o Bolo de Frutas, feito com farinha, açúcar, ovos, manteiga e diversas frutas secas e cristalizadas, e o Bolo Chifon Mesclado, um bolo fofo feito com claras em neve, gemas e cacau em pó. O documento também fornece instruções para fazer Panetone, um doce natalino típico da Itália.
O documento descreve um kit para cozinha com tema de galinha, incluindo itens como puxa-saco, cobre-bolo, porta-guardanapos e outros. Ele também fornece detalhes sobre produtos individuais como um cobre-bolo feito de palha e algodão e suas respectivas descrições e preços.
Este documento fornece informações sobre tapetes em crochê, incluindo os contatos de Nilza das Graças F. Silva, que incluem número de telefone fixo, celular e endereço de e-mail.
A cebola é uma planta herbácea originária da Ásia Central. Tem folhas tubulares e flores brancas. Sua parte comestível é formada por bainhas carnudas sobrepostas que contém nutrientes como fósforo, ferro, cálcio e vitaminas C e B. Possui aroma forte e sabor picante e adocicado, com propriedades diuréticas, digestivas e antioxidantes.
Os documentos fornecem instruções para preparar diversos tipos de bolos, incluindo bolo nega maluca, bolo de cenoura, e bolo de maizena da vovó. As receitas variam nos ingredientes e modo de preparo, mas todas envolvem misturar ingredientes secos e úmidos e assar em forno.
Defesa do Mestrado - TOLERÂNCIA AO DÉFICE HÍDRICO E EFICIÊNCIA DO USO DE ÁGUA...Alex Tosta
Este documento descreve um estudo sobre a tolerância ao défice hídrico e eficiência do uso de água em genótipos de cebola. O experimento avaliou oito genótipos de cebola sob cinco níveis de irrigação, correspondentes a 20, 40, 60, 80 e 100% da evapotranspiração da cultura. As variáveis medidas incluíram diâmetro do pseudocaule, área foliar, produção e eficiência do uso da água. Os resultados indicaram diferenças significativas entre genótipos e níveis de
Este documento apresenta um programa de treinamento de 6 semanas para ajudar as pessoas a completar 200 abdominais consecutivos. O programa começa com um teste inicial para determinar o nível atual de condicionamento físico da pessoa. Dependendo dos resultados, a pessoa escolhe uma das três colunas de exercícios para cada semana, começando com séries menores e aumentando gradualmente a quantidade de repetições. O objetivo é melhorar a força do core e a saúde geral através do treinamento abdominal progressivo três vezes por semana.
1) O documento fornece instruções para definir o abdômen em 4 semanas através de uma dieta hipocalórica combinada com treino aeróbico e treino de musculação.
2) A dieta envolve consumir quantidades específicas de proteínas, carboidratos e gorduras dependendo do dia da semana, com o objetivo de ensinar o corpo a queimar gordura como fonte de energia principal.
3) Suplementos como termogênicos naturais, chá verde e cálcio são recomend
Remanescentes Culturais Africanos no BrasilTathy Pereira
O documento descreve a evolução dos estudos sobre a cultura africana no Brasil ao longo dos séculos XIX e XX, destacando os pioneiros na área como Nina Rodrigues e Manuel Querino, assim como os centros de estudos que foram formados nas universidades brasileiras a partir da segunda metade do século XX.
A partir de meados do século XX, a Antropologia concentrou seu interesse nas populações marginalizadas das sociedades nacionais. No Brasil não foi diferente: a Antropologia construiu um acervo de conhecimento sobre populações indígenas, negras, camponesas, entre outras.
Ao contrário das antropologias norte-americana, inglesa e francesa, a antropologia brasileira preocupou-se basicamente em estudar o próprio país. Apenas muito recentemente os antropólogos brasileiros começaram a estudar a diferença em contextos fora do Brasil. Durante praticamente todo o século XX, o principal interesse foi explicar o Brasil, observando as populações marginalizadas do país e também as populações urbanas de classe média e as elites. Este capítulo começa com um breve histórico da Antropologia no Brasil para depois destacar os principais focos e temas da produção antropológica nacional.
O pensamento social e político na obra de Abdias do Nascimento André Luis Pereira
Este trabalho dissertação tem como objetivo analisar o pensamento social e político de Abdias do Nascimento a partir de sua obra. O autor faz uma crítica à estrutura social brasileira baseada no sistema escravagista e propõe o quilombismo como alternativa de organização social mais inclusiva.
O livro analisa como as teorias raciais do século XIX influenciaram o pensamento de cientistas e instituições brasileiras entre 1870-1930. A autora descreve como essas ideias foram apropriadas no Brasil para explicar problemas sociais, ainda que desconsiderando aspectos como a miscigenação. O livro examina também as diferentes visões sobre raça nesse período e como evoluiu o pensamento racial brasileiro.
O documento discute a ideia de raça, seu desenvolvimento histórico e conceitual. Apresenta como a ideia de raça surgiu na Europa no século 19 para justificar a superioridade de certos grupos, e como foi exportada para racializar outros povos. Também define termos como etnia, estereótipo, preconceito e discriminação racial, e discute como o racismo se manifesta de forma ambígua no Brasil.
1. A questão dos direitos humanos no Brasil é marcada pela concepção de que alguns humanos são mais ou menos humanos do outros, levando à naturalização da desigualdade de direitos.
2. Duas matrizes teóricas disputam na sociedade brasileira: o mito da democracia racial, que oculta desigualdades, e a ênfase na luta de classes, que obscurece o papel da raça na estrutura social.
3. Estudos recentes mostram que o Brasil é um país apartado racialmente, com grandes disparidades
O documento discute a ideia de raça, seu desenvolvimento histórico e conceitos relacionados como etnia, estereótipo e preconceito. A ideia de raça surgiu na Europa no século 19 para justificar a desigualdade entre grupos, e foi usada para racializar outros povos. Embora a raça biológica seja um construto, o racismo continua causando discriminação baseada em características fenotípicas.
Diáspora negra, um olhar para além da visão idealizada do africano na bibliog...Silvânio Barcelos
O documento discute a imagem estereotipada do africano escravizado na historiografia tradicional e como novos trabalhos acadêmicos procuram desconstruir essa visão. Aborda como o racismo foi utilizado para legitimar a exploração colonial e como isso contribuiu para a desumanização do africano. Também destaca como a escravidão foi fundamental para a acumulação primitiva de capital e a modernidade ocidental.
Afrobrasileiros e a construção da democracia na década de 1920Carlos Sant'Anna
Este documento discute a participação de afro-brasileiros na construção da ideia de democracia racial nos anos 1920. A peça teatral "Tudo Preto" promovia a visão do Brasil como uma terra de mestiçagem e harmonia racial, destacando a importância da cultura afro-brasileira na identidade nacional. A peça sugeria que afro-brasileiros viam a ideia de democracia racial como uma política para combater a discriminação racial de forma pacífica.
O documento discute as desigualdades raciais no Brasil e as políticas de ações afirmativas nas universidades. Primeiro, revisita o debate sobre as relações raciais brasileiras e a existência do racismo no país. Segundo, analisa como a ideia de raça foi construída no Brasil com base em teorias raciais do século XIX que defendiam a superioridade branca. Terceiro, mostra como essas ideias levaram à imagem do "Brasil sem problemas raciais" mas estudos revelaram profundas desigualdades entre brancos e
NEGRITUDE AFRO-BRASILEIRA: PERSPECTIVAS E DIFICULDADESJosi Rodrigues
Este documento discute a negritude afro-brasileira, suas perspectivas e dificuldades. A negritude surgiu como uma reação racial negra à agressão racial branca e se transformou em um movimento anti-racista e de libertação dos negros. No entanto, existem problemas e contradições, como a visão de que é um movimento elitista. A identidade afro-brasileira é complexa e envolve fatores históricos, culturais e políticos.
O documento discute a educação quilombola e como as escolas nas comunidades quilombolas buscam despertar a consciência sobre a realidade específica dessas comunidades. Apesar dos avanços dos movimentos negros, o racismo ainda é uma realidade para esses povos. A educação quilombola utiliza disciplinas sobre os povos africanos na diáspora para produzir uma visão de mundo baseada nos ideais da negritude.
O texto resume um estudo de Lilia K. M. Schwarcz sobre a questão racial e etnicidade no Brasil nos últimos 20 anos do século XX. O estudo analisa como os debates sobre raça evoluíram desde a independência do Brasil, passando pela ideia da democracia racial até os estudos que mostraram desigualdades raciais. O texto também discute como a identidade racial é construída socialmente e não é fixa.
1. O documento discute a divisão do trabalho entre antropologia e sociologia no estudo das relações raciais no Brasil, com antropologia focando na cultura negra e sociologia nas desigualdades raciais.
2. Uma nova geração de pesquisadores está promovendo uma reconciliação entre esses campos, estudando como cultura e desigualdade social se relacionam.
3. Novos estudos estão explorando identidades negras de forma interseccional e em relação a classe, gênero, sexualidade e outros fatores.
1) O documento discute caminhos para uma educação antirracista, enfatizando a importância de práticas que valorizem a cultura e identidade negras.
2) Ele aborda conceitos como racismo, preconceito e discriminação, explicando suas diferenças, e defende a descolonização do currículo escolar para dar visibilidade a culturas perseguidas.
3) Também apresenta a Lei 10.639 que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas.
O documento discute como o ensino da história no Brasil negligencia a África, a cultura negra e os afro-descendentes. Apresenta o rap como uma forma de os jovens afro-descendentes contemporâneos "rasurarem a história", contando suas próprias narrativas e experiências. Defende que o rap contribui para ampliar a "esfera pública negra" e reconstruir a conexão entre o Brasil e a África.
O documento discute a história da Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas brasileiras. A lei foi criada durante o governo Lula após décadas de debates sobre o reconhecimento do racismo e a necessidade de ações afirmativas. O documento também aborda os dilemas da legislação, a história da África e da cultura afro-brasileira, e inquietações docentes sobre como ensinar esses temas.
O documento discute a identidade nacional brasileira ao longo da história. Aborda temas como o processo de modernização do Brasil, que ocorreu de forma conservadora, mantendo as características originais do país. Também discute a democracia racial e a visão do "homem cordial" como parte da identidade nacional construída.
1) O documento introduz o tema da influência das civilizações africanas nas culturas afro-americanas.
2) Discute a importância do tráfico negreiro para a América, embora os dados sejam incertos, variando de 3 a 12 milhões de escravos transportados.
3) No século 18 e principalmente no 19, com o desenvolvimento da agricultura (algodão e café), o tráfico negreiro se intensificou ainda mais para os Estados Unidos e Brasil.
O documento discute a legislação e currículo para o ensino de história da África em três partes: (1) analisa como as verdades são produzidas e legitimadas em diferentes sociedades; (2) detalha como a verdade é produzida e consumida no Brasil sob o controle de instituições políticas e econômicas; (3) argumenta que a seleção de conteúdo curricular é um ato de poder que privilegia certos grupos.
Semelhante a Críticas ao pensamento das senzalas e casa grande (20)
Bordados com pedrarias- Apostila flores, com passo a passoRossita Figueira
Este documento fornece instruções passo a passo para diferentes tipos de flores bordadas com pedrarias, incluindo:
1) Técnicas básicas como prender o miolo, linhas e nós
2) Flores comuns com variações como adicionar lantejoulas ou miçangas
3) Flores contornadas com miçangas ao redor do miolo
La Unión Europea ha acordado un paquete de sanciones contra Rusia por su invasión de Ucrania. Las sanciones incluyen restricciones a las transacciones con bancos rusos clave y la prohibición de la venta de aviones y equipos a Rusia. Los líderes de la UE esperan que las sanciones aumenten la presión económica sobre Rusia y la disuadan de continuar su agresión contra Ucrania.
O documento apresenta uma coleção de receitas sem glúten, incluindo: abobrinhas recheadas, barquetes, barrinha de frutas secas, batata suíça, biscoitinhos salgadinhos, biscoito de queijo, biscoitos com farinha e óleo de coco, biscoitos da aurora, bolachinhas de natal e bolo com frutas cristalizadas. Todas as receitas foram testadas e aprovadas pela autora Gilda Moreira, que é celíaca e busca ajudar outras pessoas que precisam
Este documento fornece receitas sem glúten para vários tipos de bolos, pães, tortas e doces. A autora Gilda Moreira compartilha suas experiências culinárias sem glúten para ajudar outras pessoas que precisam fazer uma dieta sem glúten. O documento contém 25 receitas diferentes com instruções detalhadas para cada uma.
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Este documento fornece orientações sobre a rotulagem nutricional obrigatória de alimentos e bebidas embalados no Brasil. Ele explica os requisitos para informações nutricionais e como ler e entender os rótulos para fazer escolhas alimentares saudáveis.
Entenda as informações nos rótulos dos alimentos - AnvisaRossita Figueira
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A contação de histórias como arte performática na era digital: convivência em...Rossita Figueira
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A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS: UMA ESTRATÉGIA PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES Rossita Figueira
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1. 84
Críticas ao pensamento das senzalas e casa grande
HENRIQUE CUNHA JUNIOR*
Resumo
As criticas sobre o que é considerada a obra “Casa Grande e Senzala” são
tratadas em diversos aspectos. Como uma ideologia de nação brasileira que tem
origem na mestiçagem, ou como desmandos da informalidade e da
superficialidade. São refutados tanto os argumentos de que a obra seja inovadora
quanto a abordagem das relações socais entre populações negras e brancas, tanto
no âmbito nacional como no panorama internacional. Ainda contestamos a ideia
que o trabalho contenha informações importantes sobre as populações negras
imigradas de maneira forçada para o Brasil. Conclui-se que, para as populações
negras, o trabalho não teve nenhuma importância e apenas serviu como
ideologia para evitar as conseqüências dos protestos dos movimentos negros.
Palavras-chave: africanidades e afrodescendência; mestiçagem; ideologia do
racismo; críticas ao livro Casa Grande e Senzala.
Abstract
Critics on what is considered the social masterpiece “Masters and Slaves”
(literally Big House and Slave Quarters, from Portuguese version and for the
more focused in English The Masters and the Slaves) are treated in several ways.
As an ideology of the Brazilian nation that has its origin in the racial
miscegenation, or as excesses of informality and superficiality. In this paper are
refuted the arguments the book was an innovative approach to social relationship
between black and white populations. This is not really new considering the
literature on this subject in Brazil and Cuba. We still challenged the idea that the
work contains important information about African enslaved in Brazil. We
conclude that for the black population the book does not represent an important
contribution and only served as a base to ideology of racial miscegenation and
democracy to avoid the consequences of the protests of black movements.
Key words: African decendence; racial miscegenation; racism as ideology;
critics on the book Master and Slaves.
*
HENRIQUE CUNHA JUNIOR é Professor Titular da Universidade Federal do Ceara desde
1995. Tese de Livre docente USP - 1993. Professor da USP entre 1985 - 1994. Pesquisador Senior do IPT -
1988 - 1994. Doutor pelo Instituto Nacional Pesquisa de Lorraine - INPL.
2. 85
1. As visões revolucionárias sobre o
negro não estão em Casa Grande e
Senzala
A indignação que move este artigo sobre
os enfoques e o peso dados ao livro
“Casa Grande e Senzala” data desde
meu curso de graduação em ciências
sociais na UNESP de Araraquara na
década de 1970. Esta indignação
remonta às épocas das reuniões na casa
de meu pai e dos seus amigos militantes
dos movimentos negros. A crítica ao
pensamento universitário recebido na
universidade não se restringe ao
pensamento da casa grande e da
ideologia deste, mas a visões filosóficas
eurocêntricas estabelecidas desde o
inicio do século passado, constituído
pelo pensamento republicano brasileiro e
sua decorrências. Em NTU, artigo
publicado pela Revista Espaço
Acadêmico (n. 108, maio de 2010), faço
criticas ao pensamento conservador
brasileiro que, em parte, tem resultado
no fato de os pesquisadores africanos e
da diáspora estarem fora das
bibliografias usuais que tentam pensar o
Brasil. Não existe pluralidade de
opiniões, são de modo geral as
bibliografias eurocêntricas, ocidentais,
tanto entre os marxistas como quanto
aos positivistas funcionalistas.
3. 86
Nas ausências dos africanos e
afrodescendentes das bibliografias se
exclui também aqueles que fazem
propostas revolucionárias sobre o
pensamento brasileiro quanto à
população negra. O professor Doutor
Juliano Moreira, médico negro, um dos
maiores pesquisadores deste país do
inicio do século passado, fundador do
novo pensamento psiquiátrico brasileiro,
grande esquecido e injustiçado da
ciência brasileira, foi um dos primeiros
intelectuais a contestar as premissas da
escola racista baiana de medicina sobre a
suposta maléfica herança da raça negra
para a sociedade brasileira (PASSOS,
1975), (JACOBINA/GELMAN, 2008).
Enquanto a escola racista baiana de
medicina, com destaque para a produção
do médico Nina Rodrigues, fazia uma
ciência de desqualificação social da
população negra, tornado um fator
biológico os problemas de loucura e atos
criminosos incidentes sobre a população
negra, Juliano Moreira, desde 1910,
declarava que estas decorrências eram
apenas resultados das limitadas
condições sociais impostas à população
negra na sociedade brasileira
(MOREIRA, 1910).
A propósito, Juliano Moreira, desde sua
tese de doutoramento em medicina
(1891), denominada “Etimologia da
Sífilis Maligna Precoce”, já contestava
as afirmações da ciência sobre os
determinismos tropicas e raciais sobre
esta doença. A proposta de Juliano
Moreira e os resultados das suas
pesquisas não tiveram impactos na
sociedade e no pensamento brasileiro,
pois condenava a estrutura social racista
e escravista criminosa e não a população
e a cultura negra. Existe até a atualidade
um imenso silêncio sobre a figura de
Juliano Moreira, trata-se de um dos
grandes cientistas e não figura no site do
CNPq.
O intelectual baiano Manoel Querino
(1851-1923), jornalista, escritor, artista
plástico e historiador, fundador do Liceu
de Arte e Oficio e do Instituto Histórico
e Geográfico da Bahia, propositor de
polêmicas que criou para o pensamento
social brasileiro uma analise critica
inovadora e desafiadora para os padrões
de sua época, visto ter pensado o
africano como colonizador do Brasil.
Este personagem foi possivelmente um
dos primeiros a analisar e fazer justiça à
importância da população de africanos e
descendentes na formação histórica do
Brasil (QUERINO, 1980, 1955).
Querino pensava o africano como
colonizador do Brasil e produziu estudos
inovadores e desafiadores sobre a cultura
e a contribuição africana num período
em que não havia interesse dos
estudiosos brasileiros sobre o assunto.
Numa época na qual os pesquisadores,
na sua maioria médicos e etnógrafos, se
interessavam apenas pela população
indígena, este historiador introduziu
estudos sobre a população negra de
forma magistral e despoluída do racismo
científico vigente à época. Viveu e
produziu importantes debates em
ambiente cultural pautado por
fortíssimas teorias racistas contra negros
e descendentes (CORREA, 1998),
(LEAL, 2004). Poderíamos também
fazer referências aos intelectuais negros
de Pelotas, no Rio Grande do Sul, que
no período de 1905 a 1930 imprimiam
no Jornal Alvorada novas visões sobre a
população negra, cultura negra e as
situações de vida desta população
perante o racismo (SANTOS, 2003),
(SILVA, 2001). Embora o jornal tenha
durado até 1957 são importantes as
posições destes intelectuais em período
anterior a publicação de Casa Grande
Senzala em 1933.
Se fizermos a aplicação dos métodos da
história encontraremos significativas e
inovadoras visões sobre a população
4. 87
negra e relativo às teorias racistas que
precedem em pelo menos 20 anos as
pesquisas e a publicação de Casa
Grande e Senzala. Portanto, mesmo que
as análises deste fossem corretas não
cabe o adjetivo de inovadoras no interior
dessa discussão. Pela deficiência do uso
sistemático, senzalas e casa grande
tornaram-se um símbolo impregnado no
pensamento brasileiro. Deficiência em
razão de ser uma simplificação ou uma
quase deformação da realidade histórica.
Sistemático pelo fato de insistência
repetitiva nesta forma de raciocínio
incompleto, aplicando aos cursos de
formação e não examinando outras
possibilidades e propostas a exemplo do
trabalho de Clovis Moura (MOURA,
1990). As afirmações e ponderações
encontradas no clássico “Casa Grande e
Senzala” podem ser questionadas por
diferentes razões: inicialmente porque
não representa o cerne do sistema de
produção escravista criminoso. Os eitos,
os lugares de trabalho, onde se
processam a realização do sistema, onde
os seres e os produtos tomavam formas
diversas, na produção de gado, nos
engenhos de ferro, nos engenhos de
farinha, nos de produção de açúcar, na
mineração e manufaturas, nas atividades
de transporte e portuárias, e não nas
senzalas e nem na casa grande da
produção açucareira do nordeste. A
maior parte do país no período escravista
não possuiu senzala ao estilo da
produção canavieira e açucareira
pernambucana, e nem a casa grande.
Menos ainda, a senzala não foi a única
forma de moradia da população que
trabalhava nos engenhos de cana-de-
açúcar do nordeste brasileiro. Uma parte
significativa de trabalhadores negros
livres e semi-livres, a serviço da
produção do açúcar, de
acondicionamento, de transporte e de
embarque para o exterior, nunca morou
numa senzala, ou pelo menos no que é
interpretado como tal. A realidade da
produção abriga uma complexidade não
tratada na relação das senzalas com a
casa grande na produção escravista
criminosa do açúcar no nordeste
brasileiro; muito menos serve de
referência para pensar o Brasil na sua
imensa diversidade humana, de
produtos, regiões, organizações da
produção e de tempos históricos.
Outro grande erro de interpretação do
livro se estabelece em pensá-lo como um
modelo que descreve as relações
escravistas brasileiras e a formação das
famílias patriarcais de toda a nação,
quando não descreve nem mesmo de
maneira sistemática a forma de vida e de
habitação e relações sociais da fazenda
de produção de açúcar como sistema
produtivo do nordeste. Também não
deixa de ser equivocada a ideia de que a
obra Casa Grande e Senzala traria um
caráter inovador ou revolucionário
quando dito em relação ao cenário
internacional. Na visão nacional, como
já apontamos, muitas leituras
estereotipadas se consolidaram no
imaginário social. Em âmbito
internacional as políticas do café com
leite e da “cubanialidade” mostram que
Cuba precedeu as discussões
conciliadoras sobre mestiçagem devido
às ações política da população negra nos
que culminaram com a repressão
americana de 1912 (TRELLES,
1927:75-78), (DOMÍNGUEZ, 2007). O
mesmo processo de criação da ideologia
da mestiçagem positiva pode ser vista na
Venezuela. Os projetos de estados
nacionais nas Américas, bem com as
políticas de mestiçagem tiveram o
patrocínio do governo e acadêmicos
americanos.
O pensamento cientifico, visto como um
conjunto diverso de ideias e paradigmas
de um tempo e lugar histórico, oscila
entre avanços e retrocessos, entre
5. 88
certezas provisórias e incertezas, tendo
como fonte o provisório. Algumas
contribuições importantes para a
compreensão da formação histórica,
cultural e social do Brasil podem ter sido
noticiadas tardiamente, no entanto os
acréscimos cabem às gerações presentes
e futuras, como é o caso dos anúncios da
superação do passado. Um texto de
reparação do pensamento histórico a ser
incorporado e fonte importante de novas
visões é o “Brasil do Boi e do Couro” de
Jose Alípio Goulart (GOULART, 1966).
Este permitiria, entre outros, a
reformulação do olhar sobre a sociedade
brasileira e sua formação indo em
direção destoante das ideologias das
casas grandes e das senzalas. O texto nos
diz que existe uma organização social
que difere da ideia do engenho como
fator importante da nossa organização
social, política, cultural e econômica.
Completa esta visão o texto recente de
Viviane Lima de Morais (MORAIS,
2009). Podemos também recuperar que
em 1959 o historiador Clovis Moura
publicou Rebeliões na Senzala
(MOURA, 1959), que poderia ter sido o
prenúncio de uma ampla revisão de
conceitos sobre a nossa formação
histórica, visto existirem mais quilombos
que casas grandes e senzalas (MOURA,
1988), sendo reafirmando por pelo
menos dois importantes autores Flavio
dos Santos Gomes (GOMES, 1993) e
Rafael Sanzio Anjos (ANJOS, 2011). A
minha critica “as senzalas e a casa
grande” tem como base a reformulação
do pensamento cientifico nacional que
pareceu não ter existido, visto que tenho
a sensação que o texto de Freyre parece
não ter sido superado pela critica atual
executada pela maioria dos professores
universitários. Caso não tenha
realimente existido a superação do texto
de Freyre, isto não aconteceu por razões
da ausência de novos conhecimentos ou
de não existirem criticas importantes ao
livro. Assim temos como proposta que a
permanência da suposta importância do
livro se deva a existência de razões
ideológicas como veremos mais adiante.
2. O que representou para população
negra a livro de Freyre?
Os cotidianos da população negra são
gerados por um conjunto de
pensamentos presentes no imaginário
social. Não importa como eu esteja bem
vestido ou quem eu seja
profissionalmente, existe um
pensamento sobre um coletivo da
população. As pessoas são vistas
relacionadas com o que sociedade pensa
sobre as culturas de origem,
independente de quem elas sejam. Neste
sentido é que podemos dizer que edição
do livro Casa Grande e Senzala não
representou nenhum impacto positivo
sobre a vida da população negra. Apenas
reforçou e formou de forma renovada
vários conceitos racistas sobre a
inferioridade civilizatória da população
negra. Prega-se que a inovação
fantástica do referido livro é ter saído da
ênfase na raça e ter mudado para cultura,
o que também não foi avanço nenhum
para a população negra, pois o que
ocorreu foi a substituição da
inferioridade pela raça pela inferioridade
pela cultura.
Considero que o livro em nada
contribuiu para o conhecimento sobre a
população negra, funcionou como uma
forma de desqualificação cultural
reafirmando um suposto e controvertido
atraso civilizatório das populações
africanas em relação à portuguesa. Além
do mais o livro retira a força, ou pelo
menos atenua os enfoques que acusavam
a sociedade brasileira de racista.
Funciona como uma negativa à
existência do racismo como forma
estrutural de impedimento da ascensão
social da população negra. Ascensão
social esta que abrange tanto a
6. 89
economia, a política e a cultura. A
população negra ao longo do século XX,
além de ser usurpada do direito de
ascensão social, também perdeu muito
dos campos de trabalho e áreas que era
de sua predominância. Em torno da
mestiçagem se costura uma ideologia da
democracia de igualdade de
oportunidades entre as populações
negras e brancas, um país sem razões
para se falar de racismo antinegro.
Durante o escravismo criminoso, antes
da abolição e da transição do século XX,
e no período anterior aos grandes ciclos
das imigrações europeias, um amplo
conjunto de pequenos comércios e das
profissões artesanais eram ocupados
predominantemente por negras e negros,
majoritariamente livres, mas também
nesse coletivo se incluíam escravizados
de ganhos. Muitos negócios de
escravizados de ganho tinham outros
escravizados trabalhando. Este
predomínio profissional negro foi sendo
substituído paulatinamente e tornado o
trabalhador negro dispensável pelas
mentalidades de desqualificação social
da população negra. A preferência pelo
trabalhador branco, europeu. Sendo que
no século XX a grande contribuição para
este processo racista no mercado de
trabalho foi dado pela ciência que
considerava a população negra inferior,
primeiro pela raça e depois pela cultura,
tendo sido um dos pilares desta força
teórica o livro Casa Grande e Senzala.
Não houve também uma mudança
radical de raça para cultura na totalidade
do texto de Gilberto Freyre. A promessa
não se concretiza visto que falar de
mestiçagem implica em considerar as
raças denominadas por indígena, negra
como o africano e o branco como o
português. Este triângulo perambula pelo
texto todo produzindo as ideias de
mestiçagens biológicas e culturais, mas
nunca teorizando distante das raças de
origem. Ou seja, não existe no texto uma
verdadeira substituição da raça pela
cultura, não aparecem os povos, como
Angolanos, Congoleses, Nigerianos,
Daomeanos e contra cenam com Tupis,
Tapuias, Tabajaras e Portugueses, sim as
raças. Quando se refere aos africanos, as
culturas são sempre tomadas a partir da
lógica dos portugueses, sem considerar
as tecnologias e os feitos realizados no
campo concreto da produção pelos
descendentes no Brasil. Muito menos se
considera o intenso comércio de
produtos africanos que irriga a sociedade
brasileira.
O livro Casa Grande e Senzala é
analfabeto em história e cultura africana.
Quando se refere aos feitos de africanos
e descendentes para nos efeitos que não
vão além dos feitos relativos aos campos
do lúdico e do trivial, das comidas, do
samba, das modinhas e do requebrar das
mulatas. Restritos as estes aspectos
ainda fica na superficialidade dos fatos,
sem uma avaliação profunda e avalizada
também destes aspectos importantes da
cultura. Não existe no trabalho uma
valorização da população negra e muito
menos da cultura negra. Sobre o negro, o
que existe são alguns elogios vazios de
conteúdos e somente de efeito discursivo
sem profundidade no seu
desenvolvimento. Sobre população e
cultura negra, o livro Casa Grande e
Senzala copila os seus antecessores
racistas sem, contudo, usar a palavra
raça negra. Avançando na demonstração
de desconhecimento sobre o continente
africano e sobre as culturas e populações
africanas, o livro comete outros deslizes
racistas quando compara as populações
da África Ocidental como as da África
Austral, ou seja, os denominados
sudaneses com os Bantos. Insiste no
defeito de informação que considera os
negros oriundos da África Ocidental
mais evoluído que os das regiões
Centrais, vindos de Angola, Congo e
7. 90
Moçambique. Deduz que os primeiros
não seriam nem propriamente negróides.
Isto é uma tradução dos mesmos
equívocos que estão presentes nos
trabalhos de Nina Rodrigues, que foi um
dos principais atores da transmissão do
racismo cientifico para a sociedade
brasileira. Então podemos reafirmar que,
para a população negra, a edição da
referida obra literária não representou
avanço algum e nem um processo
concreto de valorização.
Quando nos referimos ao escravismo o
imputamos como um modo de produção
criminoso. Escravismo criminoso. Este
adjetivo criminoso não é aceito pela
maioria dos colegas acadêmicos e
muitos dos revisores dos artigos pedem a
retirada do termo, alguns com certa
irritação. Consideram o termo com
militante, ideológico e nada acadêmico.
Alegam ser a lei e a terminologia de uma
época. Contestamos que a lei pode ser
parte de um sistema criminoso. Usando
o exemplo da Alemanha nazista, onde
leis criminosas permitiram o extermínio
de milhares de pessoas. Depois da
derrubada do nazismo o governo e o
estado nazista foram julgados e
condenados como criminosos. Isto
demonstra que embora seja a lei de um
período histórico cabe retratações
conceituais e julgamentos morais e
legais posteriores. Assim, embora tenha
sido a lei do sistema de produção da
colônia e do império no Brasil, tratava-
se de um sistema criminoso. Na
qualidade de descendente dos africanos
escravizados, necessito deste julgamento
de valor sobre o sistema em que viveram
meus antepassados. Foram vitimas de
um sistema criminoso. Clamo que não
podemos silenciar as histórias sobre os
grandes holocaustos, sob pena de estes
poderem se repetir. Uma das missões do
ensino de história é a formação critica
sobre a vida humana e sobre os seus
condicionantes. Portanto, trabalhar com
o conceito de escravismo criminoso
preenche estes propósitos.
Existe um juízo de valor que diferencia a
opinião de quem sofreu o sistema
escravista e as conseqüências posteriores
dos que o impuseram e usufruem das
heranças deste. A sociedade brasileira
comporta esta diferença e cumprem às
gerações presentes a negociação critica
deste passado e presente histórico.
Existiu no período republicano uma
produção ideológica, tanto no campo das
ciências humanas e biológicas, quanto
na produção literária, para justificar o
escravismo criminoso a partir da
naturalização dos fatos históricos. Tal
ideologia defendia que a naturalização
do sistema é explicada por dois fatores: a
fatalidade econômica e a inferioridade
cultural ou mental da população negra.
Ambas justificativas ganham
legitimidade desde que o leitor se
predisponha a manter-se no campo da
desinformação pela realidade dos fatos
históricos. Esta postura corrobora para
confirmar a hipótese de que a escravidão
foi necessária pela amplitude da terra
brasileira a colonizar e pela ausência de
população em Portugal. Afirma também
que a população africana foi escravizada
devido à superioridade civilizatória do
europeu, do atraso dos africanos e da
existência de escravidão entre os povos
africanos. A importância da força deste
pensamento pseudo naturalizado pode
ser observada na introdução de um
artigo publicado na Revista Cultura do
Ministério da Educação e Cultura, de
autoria de Corcino Medeiro dos Santos,
em 1978:
“A opção da grande empresa
agrícola para a colonização do
Brasil demandava abundante mão-
de-obra. Como resolver o problema
foi a questão que se levantou.
Portugal era um país de população
diminuta e não havia como resolver
a imigração de europeus para atuar
8. 91
e, em desacordo com suas tradições
e aptidões.
A instituição da escravidão foi,
assim, um imperativo econômico. A
montagem dos engenhos e a
implantação da lavoura da cana e
indústria do açúcar só se tornaram
possíveis com a garantia de mão-de-
obra em quantidade e continuidade.
O índio não se prestou a isto por
estarem em estágio de civilização
inferior. Trabalhavam juntos na
caça e na pesca e dividiam os
resultados entre si. Recolhiam e
cumulavam somente o necessário
para sua subsistência diária,
desconhecendo, portanto, a
economia agrícola, e por isso não
poderiam entender o sentido do
cultivo de grandes plantações de
cana, das quais não tinham
necessidade.
Diante da resistência e da
incapacidade do índio para as
grandes plantações tropicais,
recorreu-se à escravidão de negros
africanos, que foram mais
resistentes a adaptáveis. Essa
adaptação ao trabalho escravo, à
grande exploração rural, foi
resultante de dois fatores
fundamentais: primeiro, o negro na
África estava num estágio de
civilização bem inferior ao do índio
brasileiro que já praticava
agricultura; segundo, muitos reinos
africanos viviam a fase do
escravismo e, portanto, muitos
negros que eram negociados no
Brasil já eram escravos em sua
própria terra.
Legitimada a escravidão pelas leis
econômicas e civis, ela veio a ser o
sustentáculo de todo sistema
colonial. Daí afirma Gilberto Freyre
que a grande lavoura tropical só se
tornou possível com a escravidão.
De fato, os holandeses tentaram no
nordeste brasileiro a continuação da
indústria açucareira como o trabalho
livre assalariado. Fracassaram e
tiveram que empregar os mesmos
métodos que os portugueses. Essa
exigência de grande lavoura tropical
tornou indissociável o trinômio
latifúndio-monocultura-escravidão.
A estrutura econômica, social e
política do Brasil colonial terá as
sua bases neste famoso trinômio”
(SANTOS, 1978, p. 66).
O presente texto, popularizado por um
órgão oficial do governo brasileiro, é um
monumento de simplismo e de
desinformação, marcado pela visão
eurocêntrica e racista que coloca sempre
o europeu na posição civilizatória e
cultural superior. Seu conteúdo omite a
existência de escravidão na mesma
época na Europa e da circulação de
escravos de diversas regiões com
predominância de eslavos. Deixa de
dizer que o escravismo de africanos no
Brasil teve origem anterior Portugal
onde o papa já havia autorizado da
escravização dos povos considerados
pagãos, dentro de uma lógica da luta de
cristãos europeus contra mulçumanos
africanos (CUNHA JUNIOR, 2007). O
texto prima pela desinformação em
desconhecer a diversidade das cidades e
das realizações africanas nos vários
campos do conhecimento. Deixa de
dizer que os portugueses conheciam bem
a mão de obra africana e as
competências dos trabalhadores
africanos, pois já utilizavam desde muito
tempo antes da colonização do Brasil,
visto que no século XV grandes ourives,
joalheiros e artesões africanos
trabalhavam em Portugal. A produção de
artefatos de ferro e de tecidos africano
eram de qualidade superior às de origem
europeia (SILVA, 2008).
O artigo da revista do MEC deixa de
informar que parte da população
indígena foi escravizada como negros da
terra, como omite o extermínio de vários
grupos indígenas que reduziu
consideravelmente a possibilidade destes
9. 92
como mão-de-obra intensiva. Mas o
mesmo documento informa o que é
importante para este texto, destacando
que os trabalhos de Gilberto Freyre
servem para cristalizar e confirmar esta
estrutura de pensamento. Uma visão
acrítica sobre um texto como Casa
Grande e Senzala que utiliza os
elementos da naturalidade da história
como argumento, não pode fazer uma
historiografia renovada e nem ser
pensado como marco de ruptura na
historiografia social. Também não deve
representar uma forma coerente com a
realidade para explicar a nossa estrutura
social.
3. O teor das minhas criticas sobre o
livro
As críticas apresentadas até aqui tem
como ponto de partida a análise da
geografia do nordeste e da história da
produção da região. No nordeste
predomina o clima do semiárido, sendo
que as regiões que permitem a produção
de cana-de-açúcar, quer seja para
produção de rapadura ou de açúcar,
ocorre em uma pequena faixa de mata ao
longo do litoral (com largura de 100
Km) e algumas regiões de serra, isto do
Recôncavo Baiano até a Paraíba. A
predominância do clima e da vegetação
deu origem a colonização pela criação
de gado. A maior parte do nordeste se
desenvolveu baseada na criação do gado
e nos produtos obtidos desta cultura. Nas
criações de gado não existiu nem
senzalas e nem casa grande. O
escravismo existiu, mas sob outra forma
de organização. Partindo desta
constatação podemos deduzir que o livro
não expressa nem o processo de
colonização do nordeste, ou a trajetória
histórica de ocupação do nordeste.
Também em outras regiões do Brasil o
escravismo criou formas de organização
muito distintas das do engenho de cana-
de-açúcar, como são os exemplos de
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Também muito distintas da região
Amazônica e da região sul. Portanto o
livro não deveria ser tomado como uma
interpretação da ocupação, povoamento
e produção nem do nordeste e muito
menos do Brasil. No entanto o autor
afirma que o Brasil nasceu na Casa
Grande, argumento este que não se
justifica nem pelo ponto de vista da
geografia, tão pouco da historia ou da
sociologia.
Outra critica que merece atenção é a
forma infantil e descomprometida de
formação universitária ou cientifica que
o autor constrói a ideia de relações
harmônicas entre as mulheres negras e
índias e o português. Diz sem explicar
de onde e como observou que embora os
negros fossem brutamontes, os pênis
eram pequenos como titicas de
moleques. Surgindo desta constatação a
preferência das negras pelos
portugueses. Se qualquer estudante de
mestrado ou doutorado escrevesse tal
absurdo estaria sumariamente reprovado.
No entanto, esta rude e tosca afirmação
não é denunciada e nem criticada pela
maioria dos leitores e admiradores do
livro. A afirmação ingênua e infantil é
estrutural na construção do raciocínio de
Freyre, pois ela leva a crer no interesse
das negras e índias pelo europeu
português, fato que também não tem
nenhuma comprovação histórica,
funciona como uma hipótese, sem
nenhuma análise ou demonstração
histórica convincente. Também as
situações das mulheres africanas
aprisionadas na casa grande não são
percebidas pelo autor como cárcere
privado, sendo então a gênese desta
mestiçagem. O português não figura
como estuprador dessas mulheres. Da
mesma forma imprudente também
explica a preferência das índias pelos
portugueses. Freyre nos diz que os
índios eram pouco interessados pelo
10. 93
sexo e os portugueses bem mais. Assim,
as índias deram preferência aos brancos
“pegadores”. As atrocidades, guerras,
genocídios dos homens e, depois, as
mulheres caçadas como cães nas matas,
nada disto é reportado ou analisado.
Restou no imaginário popular a ideia das
índias bugres caçadas a dente de
cachorro, visto erroneamente como um
ato de benevolência do civilizador
branco em aceitar a incivilizada como
esposa. Este provérbio de ser
descendente de índia bugre caçada a
dente de cachorro é muito comum no
nordeste, em particular no Ceará e em
Pernambucano, entre a população
denominada como morena ou cabocla.
Serve como forma de explicação da cor
da escura de pele.
O terceiro conjunto das críticas vai em
direção ao trabalho na indústria
açucareira do engenho de cana-de-
açúcar, por escravizados, agregados e
meeiros. Trata-se da população de
trabalhadores com variações de status
sociais, não se trata de uma massa
uniforme. A complexidade da produção
do açúcar foi comandada por uma
variedade de profissões e
especializações, compondo um quadro
diversificado de situações de trabalho. O
livro Casa Grande e Senzala não
transcreve esta complexidade, pois ela
não levaria aos trabalhadores serem
tratados apenas como escravos da
senzala e patrões da casa grande. O
trabalho implica na criação de animais
para transporte e tração. Na produção de
oleiros para produção de construções e
vasos cerâmicos para resfriamento do
caldo cristalizado. A realização de fiação
e tecelagem. O trabalho de ferreiros e
produtores de instrumentos de ferro. A
criação das pesas dos engenhos e dos
trabalhos de marcenaria e carpintaria. O
texto de “Casa Grande e Senzala”
desconhece esta complexidade e fazendo
isto impossibilita uma real avaliação da
participação da população negra no
sistema dos engenhos, o que
impossibilita uma tradução das relações
sociais da propriedade na sua amplitude.
Então o livro não tem a capacidade nem
mesmo de refletir as relações existentes
na propriedade regionalista do engenho.
4. Os grandes críticos de Casa Grande
e Senzala
Na literatura universitária brasileira
podemos elencar pelo menos quatro
grandes críticos do livro Casa Grande e
Senzala. Certamente existem vários
outros, estou apenas retomando os que
considero os mais conhecidos. Ficando
em apenas quatro grandes criticas
podemos citar Kabengele Munanga
(2006), como seu livro “Repensando a
mestiçagem”; Dante Moreira Leite
(1969) com “O caráter nacional
brasileiro. História de uma ideologia”;
Carlos Guilherme Mota (2008),
“Ideologia da cultura brasileira”; e,
ainda, o laborioso trabalho recente
“Tempos de Casa-Grande (1930-1940)”
de Silvia Cortez Silva (2010), que faz
uma crítica importante ressaltando
também os problemas do antissemitismo
e outros racismos contidos na produção
Freyreana.
Kabengele Munanga faz uma crítica a
um conjunto de intelectuais que tem a
mesma preocupação e jogam de forma
semelhante com o problema da
mestiçagem com a intenção da
construção da nacionalidade (no sentido
ideológico) do povo brasileiro
(MUNANGA, 2006). Demonstra que a
busca por uma identidade étnica única
para o país tornou-se o foco de vários
intelectuais na primeira república. Esta
identidade única sempre fomentou a
negação da negritude brasileira e das
formas das identidades negras
brasileiras. Contrapõe esta ideologia da
identidade nacional única às identidades
negras. Tece ainda uma crítica ao
11. 94
espírito da mestiçagem colocando no
mesmo projeto Silvio Romero, Euclides
da Cunha, Alberto Torres, Manuel
Bonfim, Raimundo Nina Rodrigues,
João Batista de Lacerda, Edgar Roquete
Pinto, Oliveira Viana e Gilberto Freyre.
Munanga (2006) critica em particular o
livro “Casa Grande e Senzala”, visto
que este se cristaliza o mito da
democracia racial brasileira. Diz que o
livro permitiu completar em definitivo
os contornos de uma identidade
ideológica nacional que há muito vinha
sendo desenhada desde os primórdios da
república. Parte da consolidação do mito
da origem nacional das três raças produz
as descrições das misturas entre os
povos. Passa dos enfoques de raças para
os das culturas que também se tornam
mestiças no campo cultural. Destas
ideias, constrói o conceito da dupla
mistura de onde forma-se a hipótese da
democracia racial. O mito da democracia
racial está expresso na conclusão de
Freyre, reproduzida e criticada por
Munanga: “Somos uma democracia
porque a mistura gerou um povo sem
barreira, sem preconceito”. Esta
conclusão é duramente criticada em
função da realidade em que vivem as
populações negras no país. Portanto,
Munanga conclui que a forma que a
mestiçagem é construída nas ideias de
Freyre estrutura uma ideologia que opera
tanto disfarçando o racismo como
também dificultando as manifestações
públicas dos protestos dos movimentos e
da população negra.
Dante Moreira Leite inaugura um ciclo
de duras críticas ao livro na década de
1950 e 1960. No trabalho deste autor
produzido em 1955 é importante notar
que ele trata de conceitos como
etnocentrismo, sentimento nacionalista e
da relação deste com o nacionalismo.
Reconhece o eurocentrismo como a
expressão de um grupo minoritário
dominante em ver o mundo, a nação,
somente desde si próprio, fazendo-se
como centro de tudo e superior aos
outros. Dante ainda reconhece que o
sentimento nacionalista é imposto pelos
grupos dominantes ao povo. Trata das
diferenças e semelhanças entre o
nacionalismo e o racismo. O
nacionalismo justifica as desigualdades e
hierarquias entre nações que têm
conteúdos históricos, políticos e
culturais, enquanto o racismo justifica as
desigualdades sociais por questões
biológicas e naturais, e existe dentro de
uma nação para justificar a divisão de
classes ou de castas. Entende que o
racismo está próximo do nacionalismo
se for usado para justificar o domínio de
um povo sobre outro, como ocorreu no
expansionismo colonial. Inclui nesta
explanação o darwinismo social que,
respaldado pela ciência, indica que a
evolução natural da humanidade ocorre
pela dominação das raças menos capazes
por raças superiores. Segue afirmando
que a origem do nacionalismo num povo
se caracteriza pela exaltação das suas
qualidades, sendo que as grandezas
afirmadas são comparadas com outros
povos vistos como inferiores. Tal
sentimento nasce nas classes mais
ilustradas e é imposto pelos grupos
dominantes às outras classes através da
educação e dos meios de comunicação.
Assim, Dante reconhece em Freyre a
continuidade deste esquema de
nacionalismo e, nas criticas, indica que
este autor não consegue ultrapassar a
perspectiva do grupo social a que
pertence, ou seja, a elite patriarcal.
Denuncia que somente uma visão
conservadora da história social poderia
imaginar doçura na relação do
escravizador com a escravizada. Assim,
a tese serve como uma ideologia que
justifica a forma de dominação desta
elite patriarcal, através da mestiçagem,
sem, contudo, admitir plenamente a
12. 95
crueldade do sistema de trabalho
escravista colonial. Na crítica ao livro
Casa Grande e Senzala, Dante considera
o método enquanto um enorme processo
de deformação, pois constitui uma teoria
correta quanto a miscigenação, que
produz um disfarce da realidade, sem um
ponto de vista teórico bem definido, sem
método explicativo baseado quer na
historia, na sociologia ou na
antropologia, e que contém as hipóteses
básicas apenas fundamentada nas
intuições pessoais do autor, que padece
de comprovações sistemáticas e
objetivas. Indica e critica existir no texto
um desprezo à cronologia e à precisão
do espaço geográfico em relação aos
fatos descritos, o que prejudica e anula
as qualidades esperadas de um trabalho
cientifico.
Para Carlos Guilherme Mota o livro
Casa-Grande e Senzala é produto do
conservadorismo da República Velha e
indica os esforços de compreensão da
realidade brasileira levados a cabo por
uma elite aristocratizante que
progressivamente perdia poder. Mota
critica a informalidade do texto e indica
que o uso literário funcionam como uma
máscara para encobrir a realidade da
dominação. Realiza no seu ensaio crítico
uma história das “desleituras” da obra de
Freyre e instrui que autor desenvolveu
uma série de “mecanismos e artifícios”
para não ser facilmente localizável na
sua real estrutura de opção e filiação
científica. Diz que Freyre oscila entre se
colocar como sociólogo, mas em
contraposição em se dizer contrário à
ciência na forma que é feita. Ou seja, se
coloca como um reformador ou
inovador. Assume as tarefas e conceitos
liberais e, no entanto, quando critica os
liberais produz uma ilusão de se tratar de
um revolucionário. No entanto como
revolucionário trabalha no campo de
conservadores. De revolucionário
conservador pode ser classificado como
um simples escritor. Mota deduz que
esta trama de escritor serve apenas para
tornar indefinidas as suas verdadeiras
opções e filiações teóricas e conceituais.
Como critico de Freyre, Mota discute o
problema do estilo dito atípico e conclui
que o estilo desenvolvido no livro não é
um produto da personalidade do autor ou
do seu pendor literário, mas a forma de
despistar as verdadeiras intenções. Na
perspectiva de Guilherme Mota o livro
“Casa Grande e Senzala”, devido a sua
forma ensaística, entretêm o leitor, mas,
em muitos casos, não explica os fatos,
mas os lança ingenuamente e forma uma
consciência sobre estes, na qual encobre
o real das relações de dominação entre
brancos e negros no Brasil.
Silvia Cortez Silva trata de outros
aspectos voltados para a análise do mito
da democracia racial e da mestiçagem.
Tempos de Casa-Grande representa uma
reflexão minuciosa sobre o livro, pondo
em evidencia uma das problemáticas que
é a invisibilidade do trabalho e do
racismo. A autora coloca Freyre no
banco dos réus, demonstrando o seu
pensamento racista. Para Silvia Cortez, o
conhecido autor é um intelectual racista,
destacando neste trabalho o viés do
antissemita. Na sua análise, a autora não
se confunde com as ambigüidades
produzidas por Freyre, que criam uma
estratégia de elogios e acusações, e que
funde as acusações num argumento forte
que fica apenas numa das denominadas
marcas mais importantes de Freyre, que
é a mestiçagem e a elaboração do mito
da democracia racial, mas produz um
inventário de outra marca importante: o
racismo e a formação de mentalidade
racista. Demonstra como o racismo e o
racialismo foram naturalizados e
acobertados por interpretações do
próprio Freyre. O pensamento de
mestiçagem de Freyre é um pensamento
evolucionista, o qual pressupõe que, pela
marca do racismo, estaríamos indo em
13. 96
direção a uma sociedade mestiça e cada
vez mais embranquecida, culturalmente
purificada pela europeização. Definindo-
o como criador do maior mito da
sociologia brasileira, que é da
democracia racial, e que se trata antes de
tudo de uma mitologia política que
procura trazer para o centro do
pensamento uma solução para o
problema racial, evidenciado nos anos
1930 com as catastróficas teses
eugênicas, sendo que ele prometia uma
modernidade com atenuações que teria
como resultado o produto da mestiçagem
eugênica. Trata o futuro anunciado por
Freyre como de nítido sentido soreliano,
em referência ao pensador francês
Georges Eugène Sorel (1847-1922) que
acreditava no mito como força capaz de
levar pessoas a agir em prol do triunfo
de uma causa, fosse ela qual fosse, justa
ou não (GUERRA, 1977). Então, o mito
da democracia racial na análise de Silvia
Cortez teria este poder. Ela não deixa de
ironizar o fato de ser Freyre um
descendente de judeus imigrados no
passado para Pernambuco, desfazer dos
judeus no texto.
5. Na cultura científica o difícil não é a
produção do novo e sim a ruptura
com o passado
O problema não é o que está escrito no
texto da casa grande e da senzala, mas as
sérias implicações daquilo que se pensa
sobre o texto e das consequências sociais
destes pensamentos para a população
negra. O pensamento acadêmico, por
vezes clama pelas regras do rigor
acadêmico. O texto é pleno de deslizes
que o rigor acadêmico não deveria
aceitar. No campo das ideologias, uma
bem brasileira é a da mestiçagem. O que
se pensa sobre a casa grande e a senzala
provém das interpretações deste texto
inoportuno para a condição social da
população negra. Coroa a ideologia da
república. Onde era necessário ordem e
progresso, também precisava da unidade
nacional e dos caminhos do progresso. A
ordem de um lado implicou nas
constantes repressões à população negra
oprimida. E dos acordos sobre a unidade
nacional. O progresso pela procura da
europeização do país, nos modelos
europeus de industrialização e da
supressão do que seria o atraso, as
africanidades e afrodescendências, não
apenas no campo da cultura, mas da
configuração da população.
Os genocídios, as repressões policiais e
as obscuras iniciativas do eugenismo,
seguidas das correntes imigratórias
europeias, com a proibição de imigração
de negros da África e do Caribe,
acompanhadas do pensamento da
desaparição do negro pela mestiçagem.
A mestiçagem funcionou como um
argumento importante na ideologia da
unidade nacional dos três povos de
origens e de situação na história nacional
distintas. O amálgama estava na
mestiçagem como proposta da superação
das origens e não nas distinções
históricas. Inexistiram as políticas de
proteção da população negra no mesmo
perfil das de proteção da imigração. Não
houve a mestiçagem do imigrante com o
brasileiro negro como ampla realidade.
Muito menos a mestiçagem do poder
político, das propriedades e das contas
bancarias.
A mestiçagem faz parte da ideologia
unidade nacional que os positivismos
procuravam e também fez parte do ideal
que os marxistas perseguiam. Numa
visão teórica de uma sociedade de duas
classes e com a contradição maior sendo
o capital, não cabe outra forma de pensar
as contradições estruturais. O povo
brasileiro como unidade ideológica é
premissa para adequação das
interpretações marxistas e também para
a revolução das classes populares.
Somente pelo que se pensa
14. 97
ideologicamente é que podemos
compreender como positivistas e
marxistas pensam o Brasil através das
propostas da casa grande e da senzala,
reunidos harmonicamente pela
mestiçagem. Desta maneira, pensam ser
o livro importante para a formação nas
ciências humanas em nosso país, o
adotam e elogiam nas formações. Os
mais cautelosos propõe leituras criticas
sem, contudo, apresentarem os críticos e
muito menos outros autores como
propostas divergentes.
Os absurdos e os erros apontados pelos
críticos são vistos como problemas do
tempo que foi escrito. Afirmam nos
corredores da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Ceará, no
ambiente que convivo e observo, mas
também em outros fóruns, que ele foi
um homem o seu tempo, isto
justificando os problemas que temos
apontado. A minha resposta é lógica,
sim foi um homem do seu tempo, tempo
das teorias racistas e das perseguições
sistemáticas das culturas negras. Tempo
no qual os Babalorixás eram presos e
internados em manicômio na cidade do
Recife, sem nenhum protesto ou linha da
escrita deste herói do pensamento
brasileiro (SILVA, 2008). Mas o que
cabe no presente é concluirmos que as
senzalas e a casa grande não explicam as
relações sociais do Brasil e nem mesmo
as do nordeste. Por outro lado, a
mestiçagem também não teve sua partida
e nem as suas origens de forma pacífica
e ingênua como o texto leva a concluir.
O texto não tem referências que
impliquem em concluirmos que ele
transmita algum conhecimento sobre as
populações africanas e afrodescendentes
e das suas culturas. A conclusão é que
para as populações negras a denominada
obra não traz nenhum avanço e nenhuma
visão progressista sobre a nossa
realidade.
Como a cultura cientifica é muito
repetitiva dos velhos paradigmas e das
formas anteriores, a novidade existente
tem dificuldade de penetração. Assim, a
cultura passada tem dificuldade em
absorver o que existe de novo sobre as
populações negras no Brasil, sobre a
cultura negra e principalmente sobre as
relações sociais entre esta população e as
demais. Sendo assim, sugerimos que os
novos conhecimentos não bastam para
que a cultura da casa grande e da senzala
em termos de cultura universitária seja
abolida e substituída. Continua-se a
conservar as leituras e os elogios ao
texto, sem uma real atenção para as
críticas e mais ainda para as novas
produções. No campo universitário a
produção de conhecimento é
conservadora, como nos indica Thomas
Kuhn (2009) no seu trabalho sobre os
paradigmas científicos e a dificuldade da
sua superação.
No caso brasileiro a produção do
conhecimento universitário é
conservadora e eurocêntrica. Poderia
dizer mais atrasada em relação à própria
produção europeia que tem se renovado
muito nos últimos 40 anos sobre as
visões a respeito das culturas africanas e
as relações entre o pensamento africano
e ocidental. O conservadorismo e
eurocentrismo brasileiro se fundem e
produzem um perfeito campo de
alienação cientifica para justificar o
completo desprezo com a realidade da
população negra, da cultura negra e
africana. População negra que representa
a imensa maioria dos mais pobres e dos
mais excluídos das preocupações gerais
da universidade, enquanto ensino,
extensão e pesquisa. Neste sentido do
conservadorismo cientifico expresso em
Casa Grande e Senzala, o que se
consagra às diversas referências
elogiosas ao mesmo representa um
atraso acadêmico. Para Freyre, e diletos
de forma contundente, não somos
15. 98
racistas devido às características
mestiças do Brasil. Nesta premissa se
apoiaram muito dos argumentos contra
as cotas para a população negra nas
universidades brasileiras. A novidade
que se apresenta desde os anos de 1920 e
que é de difícil aceitação ampla pelas
nossas elites universitárias, tanto
marxistas como positivistas, é que
somos um país mestiço nas relações
biológicas e racistas nas relações que
implicam em poder. A biologia (ou a
mestiçagem), retomando as conclusões
de Kabengele Munanga (2006), não tem
relação com as esferas econômicas,
políticas, culturais e sociais. O racismo,
afirmo, é estrutural, invade as relações
de poder, faz parte do sistema de
dominação entre grupos sociais. Sobre
essas relações sociais acerca da
complexidade que atravessa a história da
população negra é que a universidade
brasileira se recusa discutir. Nesta
recusa, o texto de Freyre funciona como
álibi mitológico na formação de uma
mentalidade sem culpa de não tratar a
realidade como ela se apresenta, mas
como podemos imaginá-la.
Ainda devemos nos localizar numa
premissa importante para a análise de
todos os trabalhos universitários e que
não tem sido aplicado ao livro de Freyre.
O todo não pode ser compreendido sem
as partes e as partes em o todo. O texto
de Freyre é pleno de frases racistas e
sexistas. Afirmações sem referência,
aparentemente soltas ou da observação
do autor sem comprovação da sua
veracidade ou amplitude do fato.
Apresentamos penas alguns exemplos
para ilustrar a precariedade do texto.
O europeu saltava em terra
escorregando em índia nua; os
próprios padres da Companhia
precisavam descer com cuidado,
senão atolavam o pé em carne. (...)
As mulheres eram as primeiras a se
entregarem aos brancos, as mais
ardentes indo esfregarse nas pernas
desses que supunham deuses.
Davam-se ao europeu por um pente
ou um caco de espelho.
São é geral pretalhonas de elevada
estatura – essas negras que é
costume chamar de baianas.
A negra corrompeu a vida sexual da
sociedade brasileira, iniciando
precocemente no amor físico os
filhos-família. Mas essa corrupção
não foi pela negra que se realizou,
mas pela escrava. Onde não se
realizou através da africana,
realizou-se através da escrava
índia.
O que a negra da senzala fez foi
facilitar a depravação com a sua
docilidade de escrava; abrindo as
pernas ao primeiro desejo do sinhô-
moço. Desejo, não: ordem.
Para a população negra a edição do livro
não representou nenhum avanço, pois
não possui nenhuma base na realidade
concreta. Não tem nenhuma base de
informação consistente sobre as origens
africanas e nem sobre a variedade de
contribuições significativas que os
africanos e afrodescendentes deram ao
país. Também não tem elementos que
discutam a realidade de vida da
população e se concentra num passado
imaginado pelo autor, distante da
diversidade de situações que produziram
a constituição da nação. O livro explora
uma grande literatura com fonte baseada
em atores que beberam nas informações
produzidas no período de grande
consistência do racismo cientifico e que
aparecem recopiladas no livro sem uma
reflexão critica dos seus significados e
das condições da produção dos fatos
históricos. O livro produziu um grande
prejuízo político em relação às
reivindicações das populações negras e
dos movimentos negros, visto que
produziu um aparelho ideológico contra
as denúncias de desigualdades entre as
16. 99
populações negra e branca. O
pensamento produzido pelo livro
mascara a desqualificação social da
população negra. As denúncias de
racismo antinegro ficam minimizados,
pois a ideologia da democracia racial
está bastante difundida e teve como base
a estrutura produzida pelo livro Casa
Grande e Senzala.
Para os moldes acadêmicos e científicos
em curso no presente, uma conclusão é
importante: não é um trabalho
sistemático, nem de historiador, devidos
às fontes fluidas, soltas de comprovação
dúbia, nem de sociólogo ou antropólogo.
Poderíamos, em termos técnicos destas
áreas do conhecimento, dizer que não se
trata de um trabalho profissional. Sendo
assim não deveria ter a importância
universitária e bibliográfica que é
atribuído. Como tem uma notaria
importância, visto ser texto da maioria
dos cursos de graduação e pós-
graduação em ciências humanas, então,
estamos diante de um fato importante e
político, a política cultural antinegra da
república velha permanece viva entre
nós. Por mito no cotidiano não
especializado das áreas não técnicas
universitárias e por ideologia para os
especialistas das áreas técnicas das
universidades, mas não por razões de
mérito cientifico.
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Recebido em 2013-06-10
Publicado em 2013-11-