Nos porões da casa. Teologia da Libertação. O que é a Teologia da Libertação, sua originalidade e como e quando sugiu. Os distintos fatores que colaboraram para o seu surgimento.
3. O que é a Teologia da
Libertação
• Teologia da América Latina, que busca viver e
interpretar a fé cristã em perspectiva social. Ela
analisa a realidade, denuncia a injustiça e
anuncia uma sociedade nova, inclusiva,
solidária e sustentável, à luz de Jesus Cristo.
• Tem vertentes:
- teórica (reflexão),
- prática (Igreja-comunidade e transformação da
sociedade)
- Espiritual (jeito de seguir a Jesus)
4. A grande pergunta da TdL
Como ser cristã(o) num continente marcado ao
mesmo tempo pela religiosidade cristã e por
enormes diferenças sociais, a ponto de negar a
milhares de seres humanos sua dignidade de filhos
de Deus? Como transformar esta situação à luz da
fé?
5. Originalidade da TdL
• Pobres: protagonistas da evangelização (Método Paulo
Freire)
• Os pobres nos ensinam -> sabedoria do Espírito.
• Ponto de partida: não os livros, mas o compromisso
de cristãos com a mudança da sociedade.
• Utilizam-se as ciências sociais como Mediação
hermenêutica pré-teológica.
• Introduz-se no pensar teológico a prática
transformadora.
• Igreja-comunidade CEBs e pastorais sociais.
• Redescobrem-se muitos elementos bíblicos para a
espiritualidade.
• Teologia na/para/pela/da práxis.
6. Elementos bíblico-teológicos
*Deus criou este mundo para todos (Gen).
*A libertação do Povo de Deus no Egito e a caminhada no
deserto inspiram a libertação social, política e econômica
(Exodo).
*Os profetas: fidelidade à aliança exige a prática da justiça social
(Is, Jr, Ez, Am).
*A prática libertadora de Jesus é o centro da teologia da
libertação. Jesus cura e liberta os pobres e pecadores, come com
eles (inclusão social), anuncia a vinda do Reino de Deus,
conscientiza, faz pensar (Mt, Mc, Lc).
*A morte libertadora de Jesus anima os cristãos a serem fiéis até
a morte (martírio -> Apdc). A ressurreição de Jesus é a vitória
sobre todas as opressões na história.
*A Igreja, Povo de Deus, continua a missão libertadora de Jesus
(At).
8. Os ventos de mudança na
sociedade nos anos 60
Urbanização e otimismo com o progresso.
Movimento feminista e estudantil: a auge
de 68.
Espírito crítico e valor da subjetividade.
Mundo polarizado: comunismo x
capitalismo.
Mundo dependente: Africa e América
Latina.
9. A Igreja renova sua identidade
O Concílio Vaticano II:
• Abriu as janelas e passou a vassoura...
• Igreja Povo de Deus -> participação
• Diálogo Igreja-Mundo
• Repensou a relação entre Escritura e
Tradição
• Reformou a Liturgia
• Estabeleceu critérios para estudos
teológicos
• Favoreceu o diálogo ecumênico
10. O vento veio de lá, o fogo pegou aqui
A renovação da Igreja teve
dificuldades na Europa:
*Apego à tradição,
*Velocidade das mudanças
culturais,
*Crise de vocações,
*Desânimo no pós 68.
*Adoção de modelos
voltados para o passado.
11. Nasce uma nova identidade...
Na sociedade:
Efervecência política (estudantes,
trabalhadores, partidos),
Método Paulo Freire: educação
como prática de liberdade,
conscientização.
Esperanças de nova sociedade.
Repressão dos regimes militares,
Crescem a riqueza e a pobreza.
Na Igreja: As linhas de Medellín.
Mudanças simultâneas no topo, no
meio e na base da Igreja
12. Fatores eclesiais
No topo: nomeação de bispos; Planos de Pastoral de
Conjunto; consolidação da CNBB; posicionamento
contra o regime militar.
No meio: Vida Religiosa renovada (Capítulos, abandono
de obras, atuação junto à Igreja particular, inserção, estilo de
vida mais simples e fraterno). Batalhão de agentes de
Pastoral.
Grupo de teólogos elaboram a TdL.
Método Paulo Freire na Igreja: povo sujeito do
processo de libertação.
Círculos Bíblicos
Na base: CEBs, Pastorais Populares, Pastoral de
Juventude, Catequese renovada
13. Autores conhecidos
• Leonardo Boff
• João Batista Libanio
• Frei Beto
• Gustavo Gutiérrez
• José Comblin
• Carlos Mesters
• Juan Luis Segundo
• Jon Sobrino
• Segundo Galiléia
14. Mártires da libertação
• Milhares de pessoas
assassinadas
• No Brasil: Santo Dias,
Margarida Alves, Padre João
Bosco Penido Burnier e
muitos líderes comunitários
• Figuras simbólicas: Dom
Oscar Romero e Dorothy
Stang.
15. Alguns bispos brasileiros
• Dom Luciano Mendes de Almeida
• Dom Helder Câmara
• Dom José Maria Pires
• Dom Fernando
• Dom Fragoso
• Dom Pedro Casaldáliga
• Dom Tomáz Balduíno
16. Se a festa estava boa, por que
acabou?
Modernidade líquida:
Predomínio do estético sobre o ético
Cultura da exterioridade (é real o que aparece)
Reinado do individualismo
Despotismo do presente
Crise da razão científica e dos sonhos de libertação
Busca da religiosidade sem religião.
Na Igreja: instituição forte e coesa,
Enfase na Doutrina e na moral
Reafirma o sagrado tradicional,
busca visibilidade midiática.
Um cristianiasmo comunitário, profético, dialogal,
ecumênico e político-social soa como inadequado.
17. Um tempo difícil e esperançoso
• Profetismo cada vez mais exigente e
minoritário
• Envelhecimento e poucas lideranças novas
• Dupla orfandade: da Igreja e do social
• Novas vocações e seus valores: estética,
subjetividade, busca do prazeroso.
• Menos austeridade, maior padrão de
consumo
• Peso institucional: muito trabalho, pouca
reflexão
-> Novos desafios, novas possibilidades...
18. Limites e riscos da TdL
Ao privilegiar a dimensão social da fé, não levou em
conta a subjetividade e suas demandas.
Concentração na práxis transformadora, em
detrimento da reflexão e da espiritualidade.
Apropriação do discurso social por políticos e até
empresas -> desgaste.
Algumas mudanças sociais não levaram à criação de
nova sociedade, e sim à inclusão dependente dos
pobres, como consumidores.
Necessidade de se articular com outras causas
humanistas.
19. Matizes da Libertação hoje
• Minoritária
• Visível e significativa
• Pessoal, comunitária
e institucional
• Feição socioambiental
e planetária.
20. Não sabemos do nosso futuro..
Mas queremos ser
sementes do
amanhã...
(Versão: maio 2015)