O documento discute as responsabilidades e cuidados necessários para os membros encarnados de um grupo de estudos mediúnico. É importante que haja harmonia, afeição e preparação mental e espiritual adequada entre os membros para que o trabalho de desobsessão seja bem-sucedido. Pequenos desentendimentos podem ser explorados por espíritos perturbados e levar à desagregação do grupo.
2. OS ENCARNADOS
O trabalho do grupo mediúnico se desdobra
simultaneamente nos dois planos da vida, num
intercâmbio tanto mais proveitoso quanto
melhor for a afinização entre os diversos
componentes encarnados e desencarnados.
3. OS ENCARNADOS
Estaria completamente equivocado aquele que
julgasse que o trabalho se realiza apenas
durante a sessão propriamente dita; é ocupação
que toma vinte e quatro horas por dia. Muito do
que conseguimos obter, em hora e meia
ou duas horas de sessão, depende de inúmeras
tarefas preparatórias, desenvolvidas em
desdobramento, durante a noite, e
complementadas posteriormente.
4. OS ENCARNADOS
Por isso, o procedimento diário precisa ser
correto, mas não apenas por isso. É que a
“atmosfera” psíquica que carregamos conosco
resulta do nosso pensamento. Somos aquilo
que pensamos, como dizia tão bem o sensitivo
americano Edgar Cayce.
5. OS ENCARNADOS
Toda atenção é pouca. A vigilância dispara o
sinal de alarme: a prece, a defesa e a correção.
Ninguém precisa chegar, porém, aos extremos
do misticismo, a ponto de viver rezando pelos
cantos, de olhos baixos pela rua, temendo o
“contágio” com os pecadores.
6. OS ENCARNADOS
Como seres imperfeitos, temos, pois, de viver
com o semelhante, também imperfeito. Não há
como fugir de ninguém e isolar-se em torres de
marfim, mosteiros inacessíveis, grutas perdidas
na solidão. Nosso trabalho é aqui mesmo, com
o homem, a mulher, o velho, a criança, seres
humanos como nós mesmos, com as mesmas
angústias, inquietações, mazelas e
imperfeições.
7. OS ENCARNADOS
Estas recomendações e sugestões nada têm de
puramente teórico ou acadêmico. São
essenciais, especialmente se o grupo
mediúnico se envolver em tarefas de
desobsessão. Os Espíritos trazidos às reuniões,
para tratamento, apresentam-se hostis,
agressivos, irônicos. Que não se cometa, a
respeito deles, a ingenuidade de pensar que são
ignorantes.
8. OS ENCARNADOS
Com frequência enorme são inteligentes, e mais
bem informados do que nós, encarnados.
Geralmente são trazidos porque foram
incomodados na sua atividade lamentável.
Chegam impetuosos e dispostos a fazer
qualquer coisa, para continuar a proceder como
acham de seu direito e até de seu dever.
9. OS ENCARNADOS
No desespero em que vivem mergulhados, não
hesitarão em promover qualquer medida
defensiva, e essa defesa, geralmente, consiste
em atacar aqueles que interferem com seus
planos. Cuidado, pois. Se em lugar de vigilância
e prece, lhes oferecemos o flanco
desguarnecido, sintonizamo-nos com as suas
vibrações agressivas e acabaremos por ser
envolvidos.
10. OS ENCARNADOS
Daí a advertência de que o trabalho mediúnico,
nesse campo especializado, é tarefa para todas
as horas do dia e da noite. As recomendações
de comportamento adequado são
particularmente rígidas para o dia em que as
sessões se realizam.
11. OS ENCARNADOS
“No dia marcado para as tarefas de
desobsessão” — escreve André Luiz —,
“os integrantes da equipe precisam, a rigor,
cultivar atitude mental digna, desde
cedo.” Resguardarem-se todos na prece, na
vigilância. Fugiremos ao envolvimento em
discussões e desajustes de variada natureza.
12. OS ENCARNADOS
Alimentação sóbria, leve.
Não custa muito, pelo menos nesse dia, abster-
se de carne; e é necessário prescindir do álcool
e do fumo. Sempre que possível, durante o dia
ou nas horas que precedem a reunião, um
pouco de repouso físico e mental, com
relaxamento muscular e pacificação interior.
13. OS ENCARNADOS
Enfrentemos com disposição e coragem os
empecilhos naturais que possam obstar o
comparecimento à reunião: um mal-estar de
última hora, por exemplo. (Muitas vezes,
principalmente no caso dos médiuns, já se trata
de aproximação de Espíritos angustiados, ou
coléricos, que transmitem suas vibrações
depressivas.)
14. OS ENCARNADOS
É possível que, à hora da saída para a reunião,
chegue uma visita inesperada, ou uma criança
se ponha a chorar, inexplicavelmente
agitada ou inquieta. De outras vezes, chove ou
faz muito frio, ou calor excessivo, e um
pensamento de comodismo e preguiça nos
segreda a palavra de desânimo.
15. OS ENCARNADOS
Muitos obreiros promissores têm sido
afastados de tarefas redentoras por pequeninos
incidentes como estes, que se vão somando, até
neutralizá-los de todo. Nem percebem que os
companheiros das sombras souberam tirar
bom partido dos acontecimentos, ou até mesmo
os provocaram, como no caso do súbito mal-
estar próprio ou de um membro da família.
16. OS ENCARNADOS
No dia seguinte, ou horas depois, o mal-estar
terá passado, como por encanto, mas o
trabalho das trevas já está feito: um obreiro a
menos na seara, pelo menos naquele dia. A
grande vitória começa com as pequenas
escaramuças.
Cuidado, atenção, serenidade, firmeza.
17. OS ENCARNADOS
Quanto aos componentes encarnados do grupo,
mais uma vez lembramos: é vital que os unam
laços da mais sincera e descontraída afeição. O
bom entendimento entre todos é condição.
18. OS ENCARNADOS
Desobsessão, Francisco Cândido Xavler e
Waldo Vieira, capitulo 1, 3ª ed. FEB.
indispensável, insubstituível, se o grupo almeja
tarefas mais nobres. Não pode haver
desconfianças, reservas, restrições mútuas.
Qualquer dissonância entre os componentes
encarnados pode servir de instrumento de
desagregação. Os espíritos desarmonizados
sabem tirar partido de tais situações, pois esta
é a sua especialidade.
19. OS ENCARNADOS
Muitos deles não têm feito outra coisa,
infelizmente para eles próprios, ao longo dos
séculos, senão isto: atirar as criaturas umas
contra as outras, dividindo para conquistar.
Nem sempre o fazem por maldade
intrínseca. É preciso entendê-los. Eles vivem
num contexto que lhes parece tão natural,
justificável e lógico, como o de qualquer outro
ser humano. Julgam-se com direito de fazerem
o que fazem, e, por isso, não se detêm diante de
nenhum escrúpulo ou temor.
20. OS ENCARNADOS
Se os componentes do grupo oferecerem
condições de desentendimento,
provocarão a desagregação impiedosamente,
porque para eles isto é questão de vital
importância, a fim de continuarem a agir na
impunidade temporária em que se
entrincheiraram.
21. OS ENCARNADOS
No momento em que o desentendimento e a
desafeição começam a medrar entre os
encarnados, o grupo está em processo de
desagregação. Isto implica dizer que os
elementos perturbadores dessa harmonia
interna devem ser prontamente identificados. O
responsável pelo grupo, ou quem for para isso
designado, deve procurar os desajustados para
entendimento particular, reservado.
22. OS ENCARNADOS
A decisão de afastar alguém não é fácil, e nem
deve ser tomada precipitadamente e por ouvir
dizer, pois é uma ação de natureza grave. Não
apenas o grupo se privará do seu concurso,
qualquer que seja a sua posição, como ele
próprio, sentindo-se como que “expulso”, quase
um “excomungado”, poderá cair numa faixa de
desânimo, quando não de revolta, que o
desprotege espiritualmente e o precipita em
imprevisíveis aflições.