O documento descreve a história de Martinho Sousa, um homem que desenvolveu uma obsessão espiritual e se recusava a aceitar ajuda. Após sofrer uma queda de uma árvore, ficando com as pernas quebradas, ele finalmente pôde receber tratamento espiritual que o libertou da obsessão. A queda, apesar de dolorosa, representou uma benção providencial que abriu caminho para sua cura.
2. Providência Divina
• Identificar nos acontecimentos do cotidiano a
Providência Divina agindo em nosso auxílio.
• Reconhecer que fatos, às vezes despercebidos,
são acontecimentos providenciados pela
espiritualidade para nos ajudar a resgatar
dívidas e também como oportunidade de
progresso e aprendizado.
Objetivo da Aula:
3. Providência Divina
A providência é a solicitude de Deus para com as suas
criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo
preside, mesmo às coisas mais mínimas. É nisto que
consiste a ação providencial.
Allan Kardec: A Gênese. Capítulo 2, item 20.
Solicitude: empenho, cuidado ou zelo com que se pretende fazer ou
obter algo. Demonstração de interesse, de atenção, ao cumprir da
melhor forma possível um pedido ou uma solicitação.
4. Para estender a sua solicitude a todas as criaturas, não precisa Deus lançar o olhar do Alto
da imensidade. As nossas preces, para que ele as ouça, não precisam transpor o espaço,
nem ser ditas com voz retumbante, pois que, estando de contínuo ao nosso lado, os
nossos pensamentos repercutem nele. Os nossos pensamentos são como os sons de um
sino, que fazem vibrar todas as moléculas do ar ambiente.
Allan Kardec: A Gênese. Capítulo 2, item 24.
5. Providência Divina
Nem sempre nos damos conta do quanto Deus atua em nossas vidas,
de como Ele através de nossos companheiros espirituais cuida de nós,
oferecendo oportunidades de aprendizado ou nos livrando de perigos.
6. Providência Divina
Muitas vezes as coisas acontecem contra a nossa vontade e por isso
achamos que é desfavorável ou ruim, mas se pudéssemos observar do
ponto de vista espiritual, veríamos o quanto esse acontecimento foi
benéfico em nossas vidas.
7. Providência Divina
O namorado que foi embora, a
amiga que sumiu sem dar notícias,
uma doença de última hora nos
impedindo de ir a festas, passeios,
etc.; todos acontecimentos
considerados negativos, mas que
na maioria das vezes, é a
Providência Divina atuando a
nosso favor.
8. Devemos, entretanto, considerar que a despeito da ação
providencial de Deus para com todas as suas criaturas, estamos
vinculados aos resultados do nosso livre-arbítrio. Dessa forma,
todas […] nossas ações estão submetidas às leis de Deus. Nenhuma
há por mais insignificante que nos pareça, que não possa ser uma
violação daquelas leis. Se sofremos as consequências dessa
violação, só nos devemos queixar de nós mesmos, que desse modo
nos fazemos os causadores da nossa felicidade, ou da nossa
infelicidade futuras.
• O Livro dos Espíritos questão 964.
9. Providência Divina
Fica claro, portanto, que a Providência Divina se manifesta duplamente: sob
a forma de misericórdia e de justiça, porque a […] compaixão, filha do Amor,
desejará estender sempre o braço que salva, mas a justiça, filha da Lei, não
prescinde da ação que retifica. Haverá recursos da misericórdia para as
situações mais deploráveis. Entretanto, a ordem legal do Universo cumprir-
se-á, invariavelmente. Em virtude, pois, da realidade, é justo que cada filho
de Deus assuma responsabilidades e tome resoluções por si mesmo.
Obreiros a Vida Eterna. Francisco Cândido XAVIER,
pelo Espírito André Luiz
10. Fica claro, portanto, que a Providência Divina se manifesta
duplamente: sob a forma de misericórdia e de justiça, porque a […]
compaixão, filha do Amor, desejará estender sempre o braço que
salva, mas a justiça, filha da Lei, não prescinde da ação que retifica.
Haverá recursos da misericórdia para as situações mais deploráveis.
Entretanto, a ordem legal do Universo cumprir-se-á, invariavelmente.
Em virtude, pois, da realidade, é justo que cada filho de Deus assuma
responsabilidades e tome resoluções por si mesmo
Obreiros a Vida Eterna. Francisco Cândido XAVIER, pelo Espírito
André Luiz
11. Providência Divina
As provações da vida representam, assim, os cuidados de Deus para com
todos os seus filhos, oferecendo-nos benditas oportunidades de progresso
espiritual, como nos esclarece o benfeitor Emmanuel:
Em todas as provas que te assaltem os dias, considera a quota das bênçãos
que te rodeiam, e, escorando-te na fé e na paciência, reconhecerás que a
Divina Providência está agindo contigo e por teu intermédio, sustentando-te,
em meio dos problemas que te marcam a estrada, para doar-lhes a solução.
Rumo Certo. Francisco Cândido XAVIER, pelo Espírito Emmanuel
13. Martinho Sousa era rapaz inteligente, muito culto, mas excessivamente confiado a ideias fixas.
Após firmar esse ou aquele ponto de vista, não cedia a ninguém no campo da opinião.
Renovava os pareceres que lhe eram peculiares somente à força de fatos e, assim mesmo, apenas quando os
acontecimentos lhe ferissem os olhos. Declarava-se absoluto nas interpretações e, rebelde, brandia pesada
argumentação sobre quantos lhe não aderissem ao modo de ver.
Dentro de semelhantes características, foi colhido na trama sutil de terrível obsessão.
A influenciação deprimente das entidades infelizes envolveu-lhe o campo mental em rede extensa de vibrações
perturbadoras. E o desequilíbrio psíquico progrediu singularmente, senhoreando-lhe o sistema nervoso.
O desventurado amigo começou por abandonar o trabalho diuturno, recolhendo-se ao ambiente domestico,
onde se consagrou ao exame particularizado do próprio caso, enquanto se alarmavam a esposa e os filhos
pequeninos do casal…
14. Martinho alimentava conversações estranhas, gesticulava a esmo, esbugalhava os olhos como se fixasse
horrendas paisagens, dominado de incoercível pavor.
Não chegava a identificar as sombras que o cercavam, ameaçadoras e inflexíveis na perseguição sem tréguas;
no entanto, assinalava-lhes a presença e captava-lhes os pensamentos sinistros, em forma de cruéis sugestões.
Atacado de insônia insistente, não se aquietava senão durante alguns minutos, pela madrugada, para o
descanso corporal, gastando as horas em movimentação anormal e excitante, através dos aposentos, ao jardim
e do quintal, errando sempre, obcecado por invisíveis malfeitores.
De quando em quando, alguém comentava a situação, convidando-o a estudar a suposta enfermidade, à luz do
Espiritismo renovador, mas o teimoso doente se retraía nas interpretações científicas.
15. Tratava-se, dizia ele convicto, de choques sucessivos no sistema nervoso, agravados por uma avitaminose
significativa. Além disso, acrescentava, padecia enorme deficiência no pâncreas. Não se lhe processava a
nutrição com a regularidade devida e via-se esgotado em vista da assimilação imperfeita.
Os companheiros de luta, interessados em seu bem-estar, não conseguiam demovê-lo.
O obsidiado tecia longas considerações de natureza técnica e relacionava diagnósticos complicados.
Lia, atencioso, as anotações médicas, referentemente aos sintomas que lhe diziam respeito e, para refutar os
amigos, trazia à conversação, exasperado e irritadiço, textos e gravuras de natureza científica para exaltar os
próprios males.
Agravava-se-lhe o tormento dia a dia.
16. Assim, atingira Martinho perigosa posição mental.
Os adversários de sua paz subtraíram-no, quase totalmente, à alimentação e acentuaram-lhe as preocupações
na vigília enfermiça.
Horas a fio mantinha-se na estranha contemplação de paisagens horríveis, na tela escura do pensamento
atormentado.
Piorando-se-lhe a situação, os benfeitores espirituais, que por ele se interessavam, multiplicaram recursos de
salvação, mobilizando novos colaboradores encarnados, de maneira indireta, que passaram a visitar o enfermo
por verdadeiros emissários da solução indispensável.
17. Eram portadores de consolação, remédio, esclarecimento e luz; entretanto, o doente não se abria ao socorro
que se lhe dispensava.
Bastaria escutar calmamente a leitura de algumas páginas espiritualizantes e encontraria em si mesmo o
recurso à reação; todavia, negava-se ele, impaciente e menos delicado.
– Influências de ordem psíquica? – indagava, exaltado, aos visitantes – é rematada maluquice de vocês. Sou
vítima de exaustão geral por falta de suprimento vitaminoso adequado. Estou arrasado. Tenho o fígado
apático, os rins intoxicados e os intestinos inertes…
E estendendo o braço magríssimo, na direção dum velhinho prestimoso que o visitava com freqüência,
exclamava, estentórico:
– E o senhor, “seu” Luís, ainda me vem falar de atuação do outro mundo?! Não será ironia de sua parte?
Silenciavam os circunstantes, desapontados.
Luís Vilela, o ancião citado nominalmente pelo enfermo, traduzindo o pensamento de
abnegados mentores invisíveis, retrucava sem irritação:
18. – Deveria você, Martinho, acalmar-se convenientemente para o exame das necessidades próprias. Como julgar,
com tanto rigor, princípios edificantes e curativos que você absolutamente não conhece? Não devemos
condenar sem base firme.
Não sabe a quantos distúrbios pode ser conduzido um homem, sob perseguições ocultas.
Sei que o seu estado de agora impede a leitura meditada; entretanto, proponho-me a ler para os seus ouvidos e
a prestar os esclarecimentos que se fizerem indispensáveis. Creio aprenderá você, desse modo, a consolidar as
próprias energias e a refletir com mais clareza, repelindo as sugestões inferiores, mesmo porque, meu amigo,
em qualquer processo de remediar a saúde do corpo, é imperioso sanear a mente.
19. O rebelde obsidiado, porém, não atendia. Não se detinha convenientemente nem mesmo para registrar as
considerações de ordem afetiva. Andava, nervosamente, dum lado para outro, torcendo as mãos ou
gesticulando sem propósito, gritando blasfêmias e queixas. Não aparecia recurso com que se pudesse sossegá-
lo no leito.
Quase desalentados, consultavam-se os amigos entre si.
E não só no círculo dos encarnados sobravam as preocupações. Os enfermeiros espirituais partilhavam aflições
e receios. Martinho não oferecia campo adequado ao entendimento e, por essa razão, os algozes intangíveis
ganhavam terreno franco.
Prosseguia o perigoso impasse, quando, certa noite, um dos verdugos sugeriu ao doente a idéia de galgar a
velha mangueira do quintal, no sentido de respirar atmosfera mais pura.
20. O doente assimilou a idéia, encantado, sem perceber que o inimigo intentava precipitá-la ao solo, em queda
espetacular.
Recebeu o alvitre capcioso e gostou.
Aguardaria as primeiras horas da madrugada, quando a pequena família descansasse nos domínios do sono.
Procuraria o ar rarefeito na copa da árvore antiga. Possivelmente conquistaria forças novas ao contacto das
mais altas correntes atmosféricas.
Reconhecendo-lhe a disposição firme na execução do projeto, alguns colaboradores espirituais buscaram o
diretor de suas atividades, a fim de traçarem normas para socorro urgente.
21. O chefe, contudo, ponderou, muito calmo:
– Não podemos violentar o nosso Martinho no que se reporta à preferência individual. Se ele estima a
orientação dos que lhe tramam a perda, como evitar que sofra as conseqüências justas?
Deixemo-la confiar-se à dolorosa prova. Talvez esteja dentro dela a chave da solução que ambicionamos.
Efetivamente, ao raiar do dia, o enfermo sofreu desastrosa queda de grande altura, após escalar, facilmente, a
velha mangueira escorregadia e muito alta.
22. Aos gritos de dor, foi socorrido pelos familiares e companheiros inquietos. Em seguida, veio o médico que o
amarrou no leito para a restauração de ambas as pernas quebradas.
Foi então que Martinho Sousa, imobilizado no gesso, pôde ouvir a leitura reconfortante de Luís Vilela,
partilhar os serviços de oração e receber passes curativos, libertando-se da obsessão terrível e insidiosa.
Transcorridas algumas semanas, quando conseguiu locomover-se, era outro homem. Sua queda da mangueira
fora o remédio providencial.
Pontos e Contos – Irmão X/Chico Xavier