A combinação de fibrose pulmonar e enfisema (CFPE) é caracterizada por fibrose nas bases pulmonares e enfisema nos ápices, com espirometria normal ou pouco alterada mas baixa capacidade de difusão alveolo-capilar. Apresenta histórico de tabagismo intenso, dispneia desproporcional à função pulmonar, hipoxemia e estertores em velcro. A radiologia mostra padrões variados de fibrose e enfisema, enquanto a patologia revela diferentes padrões fibrosantes como UIP e NSIP.
7. CFPE
Clínica:
◦história de tabagismo (até 98%)
◦dispneia (desproporcional à PFP)
◦hipoxemia (desproporcional à PFP)
◦estertores em velcro
◦baqueteamento digital
8. Estudos em CFPE
Grubstein, et al. 2004
◦ 8 pacientes
◦ Achados retrospectivos incluindo necrópsia
◦ Enfisema em ápices e UIP, NSIP e GGO nas bases
◦ Obstrução leve, volumes preservados, péssima difusão, HP importante
Cottin, et al. 2005
◦ 61 pacientes
◦ Caracterização clínica e projeção de mortalidade
◦ Corrobora dissociação espirometria-hipoxemia
GRUBSTEIN ET AL. RESP MED 2004
COTTIN, ET AL. EUR RESPIR J 2005
10. Diagnóstico
Uma definição consensual do que é a CPFE ainda não existe.
◦ Apesar de a radiografia poder sugerir o padrão combinado, não há
diagnóstico sem TCAR.
UIP mais comum porém pode outros padrões de doença
fibrosante.
Quanto enfisema? Quanta fibrose?
11. Fatores de Risco
Sexo masculino (9:1)?
◦ Tabaco
◦ Agroquímicos
◦ FPI
Telômero
◦ Componente hTR da telomerase
Genes SFTPC e ABCA3
Câncer de pulmão (8,9%)
AR e esclerose sistêmica na ausência de tabagismo
(melhor DLCO, mais jovens mulheres)
TZOUVELEKIS, ET AL. EUR RESPIR J. 2012
COTTIN ET AL. THORAX, 2011
12. Fatores de Risco
Exposições
◦Enfisema em 10-36% dos pacientes com
asbestose (fumantes ou não)
◦Também em silicose, talcose, solda e minas de
carvão
◦PH (enfisema+NSIP)
BÉGIN ET AL CHEST 1995
ERKINJUNTTI-PEKKANEN ET AL. AM J RESPIR CRIT CARE MED 1998
13. Patogênese
modelos animais
◦ proteína surfactante D, TNF-alfa, IL-1B
◦ elastase de neutrófilo
◦ formação tanto de enfisema quanto de fibrose
◦ tabaco gerou CFPE em cão
relação com auto-anticorpos positivos
◦ mais infiltração de CD20+ B formando folículos linfoides
na fibrose, com melhor sobrevida.
HAMMOND, ET AL. ARCH ENVIRON HEALTH 1970
WERT, ET AL. PROC NATL ACAD SCI U S A . 2000
TZOUVELEKIS, ET AL. EUR RESPIR J. 2012
14. Função Pulmonar
Equilíbrio fibrose-enfisema para preservação da
espirometria e redução da difusão
Lyon, 2011: em 195 pacientes com DLCO<40%, 16% tinham
CPFE.
Hipoxemia de esforço e repouso é comum.
◦ PaO2: 63 (+-14)
◦ Gradiente A-a: 41 (+-16)
◦ Dessaturação de 8,9% no TC6m.
Hipercapnia costuma ser ausente ou insignificante.
KIAKOUAMA, COTTIN ET AL. RESPIR MED 2011
COTTIN, ET AL. EUR RESPIR J 2005
15. Função Pulmonar
Declínio anual da CVF, DLCO e DL/VA foi maior que em
DPOC (16 pac. com CFPE por 5 anos)
Preditores de mortalidade em PFP para FPI não se aplicam
para CFPE
Apenas queda de 10% de VEF1 em 1 ano relacionou-se com
mortalidade em CFPE (HR 3.7, p=0.046)
Queda de VEF1 não se relacionou com mortalidade em
pacientes sem enfisema (CVF, DLCO e CPI sim)
SCHMIDT ET AL EUR RESPIR J 2011
KITAGUCHI ET AL RESPIR MED. 2013
16.
17.
18.
19. Radiologia
Enfisema: parasseptal, centrolobular e inclui também
bolhas.
Extensão do enfisema correlaciona-se com perda de VEF1
Enfisema parasseptal mais comum que na DPOC (33,3% x
8,5%)
Faveolamento é frequente.
Vidro fosco foi observado em 66% com CPFE por Cottin
A alta prevalência de câncer em CPFE traz consigo nódulos e
massas.
SCHMIDT ET AL. EUR RESPIR J 2011
COTTIN, ET AL. EUR RESPIR J 2005
KITAGUCHI ET AL RESPIR MED. 2013
24. Patologia
Entre outros:
UIP
NSIP
PID com fibrose
bronquiolite respiratória com fibrose (DPI-BR)
aumento dos espaços alveolares com fibrose
fibrose intersticial tabaco-relacionada não-classificável
COTTIN ET AL. EUR RESPIR J . 2005
KAWABATA ET AL HISTOPATHOLOGY . 2008
26. Complicações
Hipertensão Pulmonar:
mais frequente e mais grave na CPFE que em FPI
valores médios ao cate de 40(+-9)
IC <2,4 e RVP >485 foram preditores de pior prognóstico
◦ mediana de 7,5 e 6,6 MESES, sobrevida em 1 ano de 60%
quantidade de enfisema na TC se correlaciona com maior
PSAP.
COTTIN ET AL EUR RESPIR J 2010
MEJÍA ET AL CHEST 2009
27. Complicações
Câncer de pulmão:
Triple hit (cigarro, enfisema e fibrose)
maior prevalência comparado a DPOC (46,8% x 7,3%, com
referral bias).
há mais mortes por câncer que em FPI (33% x 12%).
CPFE mais frequente que fibrose em portadores de câncer
(8,9% x 1,3%).
Sobrevida pior em CPFE com câncer que em enfisema
isolado com câncer.
USUI ET AL RESPIROLOGY . 2011
28. Complicações
SDRA e Risco Cirúrgico:
em cerca de 5% de ARDS no pós-operatório de lobectomia
(n=487), 70% tinham CFPE
não há estudos que validem ventilação protetora nesses casos
maior tempo de dreno, reintubação e internação comparando
com enfisema isolado
20% dos CPFE+câncer tiveram ARDS pós-quimioterapia, cirurgia
ou radioterapia.
SAITO ET AL EUR J CARDIOTHORAC SURG . 2011
KAWABATA ET AL HISTOPATHOLOGY . 2008
KELLER ET AL CHEST . 1997
USUI ET AL RESPIROLOGY . 2011
29. Tratamento
Imunossupressão em casos selecionados
Tratamento de HP não surte efeito com as drogas atuais
Oxigenoterapia
◦ Em uma série de 20 pacientes, 80% precisaram de O2
domiciliar ao final de 5 anos.
Transplante de pulmão
◦ transplante uni?
◦ “boa” espirometria pode adiar listagem
JANKOWICH ET AL LUNG 2010
30. Mortalidade e Perspectivas
Causa mortis: insuficiência respiratória crônica, HP, exacerbação
aguda e câncer
Avaliação pré-TxP deve incluir variáveis como piora do DLCO,
PAPm e VEF1
KL-6 e SFPTD são bons indicadores de extensão da fibrose e para
predizer exacerbação aguda
O prognóstico comparado com FPI e DPOC ainda discutível
(vieses de seleção, tempo ganho, etc).