O documento discute a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), incluindo sua definição, fatores de risco, sintomas, diagnóstico e tratamentos. A DPOC é um espectro de doenças que danificam os pulmões de forma irreversível, sendo o tabagismo o principal fator de risco. Os sintomas incluem falta de ar progressiva e tosse crônica. O diagnóstico é feito através de exames físicos, espirometria e gases arteriais. O tratamento
2. O que é?
▪ DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) é um espectro de
doenças que inclui a bronquite crônica (estreitamento das vias
aéreas e paralisação da atividade dos cílios) e o enfisema (danos
irreversíveis nos alvéolos).
3. Incidência
▪ Estudo divulgado em 2005 pelo Projeto Latino-americano de
Investigación en Obstrucción Pulmonar (PLATINO), mostrou que as
mortes atribuídas a DPOC na América Latina aumentaram 65%
nos 10 anos anteriores, avaliados na pesquisa. Outra conclusão do
estudo foi que 15% dos indivíduos com mais de 40 anos de idade
da grande área metropolitana de São Paulo tem DPOC. Com base
nestes dados, o médico pneumologista Alberto Cukier, do Instituto
do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo, calcula que
existem cerca de 10 milhões de pessoas com DPOC no Brasil.
▪ Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a novembro de 2011, o
SUS registrou 86.980 internações por bronquite, enfisema
pulmonar e outros tipos de doença pulmonar obstrutiva crônica de
pessoas com 60 anos ou mais, 28% dos casos concentrados nos
idosos a partir de 80 anos.
5. Bronquite
▪ Bronquite é uma inflamação dos brônquios,
canais que conduzem o ar inalado até
os alvéolos pulmonares. Ela se instala quando
os minúsculos cílios que revestem o interior dos
brônquios param de eliminar o muco presente
nas vias respiratórias. Esse acúmulo de secreção
faz com que eles fiquem permanentemente
inflamados e contraídos.
▪ A bronquite pode ser aguda ou crônica. A
diferença consiste na duração e agravamento
das crises, que são mais curtas (uma ou duas
semanas) na bronquite aguda, enquanto, na
crônica, não desaparecem, pioram pela manhã
e se manifestam por três meses ou mais
durante pelo menos dois anos consecutivos.
6. Enfisema
▪ O enfisema pulmonar é uma patologia
caracterizada pela destruição dos septos
alveolares que são, progressivamente
invadidos por tecido fibroso, fazendo
com que ocorram alterações
morfológicas e funcionais, por
consequência, nos alvéolos. Tal lesão
estrutural faz com que o fluxo de
oxigênio no sangue caia
progressivamente fazendo com que a
oxigenação tecidual caia bruscamente o
que, a médio prazo, levará o paciente a
um quadro de descondicionamento
físico grave.
7. Tipos de DPOC
▪ Pink Puffer: "Sopradores róseos". É o estereótipo do enfisematoso.
Paciente magro, consumidos. À inspeção notam-se a pletora facial
e o tórax em tonel. Dispnéia do tipo expiratória, sem sinais de cor
pumonale e hipoxemia significativa. À ausculta, espera-se
diminuição dos murmúrios vesiculares. sem ruídos adventícios.
▪ Blue Bloater: "Inchados azuis". É o estereótipo do bronquítico
grave. Paciente obeso e tem síndrome da apneia do sono. Há
distúrbio grave de trocas gasosas, o que induz hipoxemia
significativa, manifesta como cianose. Espera-se sinais de cor
pumonale e, portanto, manifestações de insuficiência ventricular
direita e de congestão sistêmica. À ausculta pulmonar, encontram-
se ruídos adventícios.
8. Sintomas
▪ A DPOC é uma doença insidiosa de instalação lenta. Geralmente,
o primeiro sintoma é uma discreta falta de ar (dispneia) associada
a esforços como subir escadas, andar depressa ou praticar
atividades esportivas. Com o passar do tempo, a falta de ar vai se
tornando mais intensa e é provocada por esforços cada vez
menores. Nas fases mais avançadas, a falta de ar se manifesta
mesmo com o doente em repouso e agrava-se muito diante das
atividades mais corriqueiras. Tosse produtiva e encurtamento da
respiração são sintomas que também podem estar presentes nos
quadros de doenças pulmonares obstrutivas.
9. Fisiopatologia
▪ As alterações patológicas pulmonares conduzem a alterações
fisiológicas que são características da doença, incluindo
hipersecreção de muco, disfunção ciliar, limitação do débito aéreo,
hiperinsuflação pulmonar, anomalias das trocas gasosas,
hipertensão pulmonar e Cor pulmonale, que geralmente se
desenvolvem por esta ordem no decorrer da doença.
▪ O cor pulmonale é definido como uma alteração na estrutura e no
funcionamento do ventrículo direito causada por uma doença
pulmonar.
12. DPOC Exacerbada
▪ Aumentos agudos nos sintomas respiratórios que excedam a
variação diária normal e que levem a necessidade de mudanças
nas medicações regularmente em uso pelo paciente caracterizam
a exacerbação da DPOC. As exacerbações são características da
história natural desta doença e ocorrem, em média, uma a duas
vezes por ano, embora esta frequência geralmente aumente
conforme a doença progride.
13. Diagnóstico
▪ O diagnóstico baseia-se nos achados do exame físico e na história
do paciente. Como os sintomas podem não ser indicativos da
extensão do dano respiratório, é fundamental realizar um exame
chamado espirometria para avaliar a capacidade ventilatória
pulmonar.
▪ Muitos especialistas recomendam que toda pessoa que fuma há
mais de dez anos faça esse exame para que o diagnóstico seja
feito nas fases iniciais, quando o dano aos tecidos do sistema
respiratório ainda não se tornou irreversível.
14. Diagnóstico
▪ Ter uma história clinica completa e pormenorizada facilita a
comparação necessária com os dados clínicos e de laboratório, e
deve seguir os seguintes aspectos:
1. Hábito de fumar;
2. Contaminação ambiental;
3. História familiar;
4. Tosse;
5. Respiração sibilante.
15. Exame Físico
▪ Inspeção: hiperinsuflação, dispnéia, cianose, respiração com os lábios franzidos, expiração
prolongada, uso de musculatura acessória e movimento paradoxal dos músculos intercostais.
▪ Sinais de cor pumonale: estase jugular, edema em MMII, hepatomegalia e hipertensão pulmonar.
▪ Ausculta: MV + diminuído globalmente (e/ou sibilos).
▪ Percussão: hipertimpânico.
▪ Frêmito: diminuído (ar não reverbera as vibrações).
▪ Tórax em tonel.
▪ Cianose central.
▪ Hipocratismo digital.
▪ Ingurgitamento jugular.
▪ Edema dos membros inferiores.
▪ Emagrecimento/caquexia.
16. Radiografia
▪ A radiografia de tórax pode sugerir sinais da presença de DPOC
(retificação do diafragma, aumento do espaço retroesternal,
aumento do espaço entre os arcos costais) identificar ou sugerir
diagnósticos associados ou alternativos (pneumonia, câncer,
insuficiência cardíaca).
17. Gasometria
▪ Identifica e gradua a hipoxemia e hipercapnia.
▪ Hipercapnia com PH normal: hipoventilação crônica.
▪ Hipercapnia com PH baixo: hipoventilação aguda ou crônica
descompensada.
▪ PH < 7,25 geralmente indica necessidade de VMI/VMNI.
19. Hemograma
▪ Um hemograma completo fornece informações sobre os diferentes tipos de células
do sangue. Numa pessoa com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) , esse
exame pode mostrar:
a) Um aumento do número de células vermelhas do sangue (eritrocitose). Isto ocorre
quando a pessoa tenha tido baixos níveis de oxigênio no sangue ( hipoxemia ) para
um longo período de tempo. Os glóbulos vermelhos transportam oxigênio no
sangue. Por causa de danos nos pulmões , uma pessoa com DPOC muitas vezes
não podem obter ar suficiente. O corpo reage produzindo mais glóbulos vermelhos
para tentar aumentar a quantidade de oxigênio no sangue.
b) Um aumento nos glóbulos brancos que combatem as infecções (neutrófilos) pode
significar que a pessoa tem uma infecção. Um aumento do número de neutrófilos
também pode ocorrer em resposta à utilização de corticosteroides orais ou
intravenosas.
20. Tratamento Médico
▪ Drogas broncodilatadoras e os anticolinérgicos estão indicados
para aliviar os sintomas associados à produção e eliminação das
secreções. Os derivados da cortisona por via inalatória podem ser
úteis, mas seu uso prolongado pode provocar efeitos indesejáveis.
21. Tratamento Fisioterapeutico
▪ O tratamento objetiva a correção da hipoxemia, a melhora da
ventilação e controle dos fatores desencadeantes e o tratamento
das co-morbidades.
▪ O tratamento consiste em:
a) Higiene brônquica;
b) Reexpansão pulmonar;
c) Desinsulflação pulmonar;
d) Cinesioterapia motora;
e) Fortalecimento muscular respiratório.
22. Oxigenioterapia
▪ Geralmente O2 a baixos fluxos (máximo 3l/min) é suficiente para
corrigirmos a hipoxemia. Tem como objetivo manter PaO2>60
mmHg e SaO2>90%.
23. Ventilação Não-invasiva
▪ Padrão ouro em pacientes com exacerbação da DPOC, principalmente
com acidose respiratória + elevação aguda da PaCO2.
a. Melhora gases arteriais e o Ph.
b. Diminui a mortalidade hospitalar.
c. Diminui a necessidade de intubação/ventilação mecânica invasiva.
d. Diminui a duração internamento hospitalar.
24. Ventilação Não-invasiva
▪ Parametros:
a. PSV fornecendo VC 6 a 8ml/kg;
b. PEEP inicial de 6cmH2O;
c. Máscara facial ou nasal;
d. Retentor ou não de CO2;
e. Nível de consciência;
f. Oxigenação (manter menor O2 possível) SatO2 >= 88%
25. Bibliografia
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Decramer M, Ninane V, Delguste P, Muris J, Gosselink R. Guia para prática clínica: Fisioterapia em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva
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Notas do Editor
a identificação dos factores de risco é um passo importante em relação ao desenvolvimento de estratégias e tratamento de qualquer doença.
Pouco se sabe acerca dos muitos factores geneticos que provavelmente aumentam (ou diminuem) o risco de uma pessoa desenvolver DPCO
o factor de risco genetico mais bem documentado é a deficiencia hereditaria severa em a1-antitripsina, um importante inibidor circulante das proteases sericas.
apesar desta deficiencia estar presente apenas numa pequena parte da populaçao, ela mostra a importancia das interações genoma-ambiente na patogénese da DPCO.
todos os doentes com limitação do fluxo aereo e historia familiar de doença respiratoria, bem como doente com limitaçao do fluxo aereo em idades compreendidas entre a 4 e 5 decadas de vida devem fazer um teste para a def de a1-antiT.
o papel do sexo/género na génese da DPCO permanece desconhecido.no passado, a maioria dos estudos mostrava uma maior prevalencia da doença nos homens; estudos realizados em paises desenvolvidos mostram que a prevalencia desta doença é agora quase igual nos dois sexos e que muito provavelmente traduz uma alteração nos padroes de tabagismo.
alguns estudos tem sugerido que os individuos do sexo feminio sao mais susceptiveis aos efeitos do tabaco que os dos sexo masculino. esta questao é relevante dada o aumento de consumo de tabaco nas mulheres dos paises desenv e em vias de desenv. Em doentes com DPCO severa, as mulheres, relativamente aos homens, exibem anatomicamente lumes das vias aereas menores com paredes desproporcionamente mais espessas, e enfisema que é menos extenso e caracterizado por cavidades menores e com menor envolvimento periférico.
a asma pode ser um factor de risco para o desenvolvimeto de DPCO, ainda que nao existam evidencias conclusivas.
num relatorio de uma coorte longitudinal do "Tucson Epidemiological Study of Airway Obstructive Disease" percebeu-se que os adultos com asma tinham um risco 12x superior de desenvolver DPCO ao longo do tempo em relaçao aqueles que nao tem asma.
outro estudo longitudinal de pessoas com asma mostrou que cerca de 20% dos individuos desenvolveram sinais de DPCO, limitação do fluxo aereo irreversivel e coeficiente de transferencia reduzido
qualquer factor que afecte o desenvolvimento pulmonar, quer seja durante a infância, quer seja durante a gestação, tem potencial para aumentar o risco individual de vir a ter COPD
a identificação do tabagismo como o factor de rico para DPCO mais comummente encontrado tem conduzido à incorporação de programas de cessação tabagica como elemento chave na prevenção da DPCO.
o risco para o desenvolvimento de DPCO é dependente da dose. a idade em que se começou a fumar, o nº de UMAs e status de fumador são preditivos na mortalidade da DPCO.
nem todos os fumadores desenvolvem sinais clínicos significativos de DPCO, o que sugere que os factores geneticos possam modificar o risco individual de cada fumador.